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Sabedoria e Ignorância em Sócrates

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FACULDADE SÃO BASÍLIO MAGNO
Disciplina: História da Filosofia Antiga
Curso: Bacharelado em Filosofia
Professor: Rogerio Miranda de Almeida
Ano: 1º Ano 
Semestre: 1º Semestre
Bimestre: 2º Bimestre
Aluno: Edson Alves de Sousa
Ignorância e Sabedoria em Sócrates
Curitiba – PR
2018
Introdução 
	Esse trabalho tem a intenção de levar o leitor a refletir sobre as várias definições de ignorância e sabedoria, e tentar leva-lo a sua própria definição de ignorância e sabedoria. Será abordado a definição de ignorância e sabedoria de acordo com a visão de dicionários, tais como, o de filosofia de Nicola Abbagnano e o da língua portuguesa, o dicionário Aurélio e claro, na visão de Sócrates. Eu escolhi colocar essas visões diferentes de cada termo, para que o leitor possa se dar conta como cada qual interpreta estes termos de modo diferente. 
	O assunto abordado sobre os termos se divide em três partes: primeiro e segundo capítulos e a conclusão. O primeiro capítulo vai abordar o significado dos termos. Onde vai definir os termos de acordo com os dicionários de filosofia e da língua portuguesa, mais especificamente o português brasileiro. Já o segundo capítulo vai abordar a visão de Sócrates sobre ignorância e sabedoria, onde ele cita vários exemplos em sua defesa no julgamento. E através desses exemplos tentarei explicar um pouco sobre o que Sócrates pensava sobre ignorância e sabedoria. E por fim, a conclusão, onde dei minha opinião sobre ignorância e sabedoria com base na visão de Sócrates.
	Quando abordo o dicionário da língua portuguesa, tento mostrar como os termos, ignorância e sabedoria, são empregados na língua portuguesa. Minha intensão foi de mostrar como uma cultura interpreta estes termos. Já o dicionário de filosofia apresenta os termos mais com uma visão filosófica, destacando que os dois termos estão ligados ao homem. Aqui minha intenção é clara, é mostrar a dimensão filosófica dos termos. E a visão socrática, onde ele vai dizer que um homem é ignorante quando não assume a sua ignorância.
	Por fim, espero que o leitor faça bom proveito desse trabalho e espero que chegue ao objetivo deste, que é, como falei no início, fazer com que o leitor reflita sobre ignorância e sabedoria, e que se possa chegar a uma definição própria.
Outros Olhares Sobre Ignorância e Sabedoria 
Neste primeiro capitulo, será apresentado a definição de ignorância e sabedoria, na visão de alguns dicionários. 
De acordo com o Abbagnano, “ ignorância é a imperfeição do saber; e exatamente a imperfeição do defeito, inseparável do ser humano, e devida aos limites próprios do homem. ” Assim, pode se dizer que, a ignorância se manifesta quando há uma falha no saber, não há sabedoria por completo sobre um determinado assunto. Ele também fala que ignorância é exatamente a imperfeição do defeito. Sabendo que defeito é sinônimo de imperfeição, então pode se dizer que, ignorância também é a imperfeição da imperfeição humana. Ele continua, e diz que, não tem como separar a ignorância do ser humano, pois faz parte das limitações do homem. [1: N.ABBAGNANO, Dicionário de filosofia, São Paulo; Martim Fontes, 1984. ART.: Ignorância]
Dicionário Aurélio fala, que a ignorância acontece, quando uma pessoa não é instruída a aprender algo. Com isso, gera a falta do saber, a ausência de conhecimento. Ignorância é quando uma pessoa desconhece algo ou não tem conhecimento sobre ela. Se diz que esta pessoa não tem educação, é estupido e grosseira.[2: Cf. FERREIRA, AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA, Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, Curitiba; Ed. Positivo, 2009. ART.: Ignorância]
Por fim, para que se possa ser concluído a definição de ignorância nesta primeira parte do capitulo, a intenção foi definir ignorância em um dicionário de filosofia (primeira definição) e um em dicionário de língua portuguesa (segunda definição) para saber o que fala a filosofia e a nossa língua portuguesa, mais especificamente o português brasileiro, sobre a ignorância. Assim, fazendo uma comparação entre as duas definições, conclui-se que, ignorância apresenta-se como uma imperfeição do saber ou ausência do saber, o fato é que a ignorância se manifesta na falta do saber. E como se isso não já fosse o suficiente, a ignorância não pode ser separada do homem, pois faz parte das limitações humanas.
Agora tratarei da questão da sabedoria. De acordo com Abbagnano, “sabedoria é a disciplina racional das atividades humanas: isto é, o comportamento racional em todo domínio ou a virtude que determina aquilo que é bom e aquilo que é mau para o homem: o conceito de sabedoria refere-se tradicionalmente à esfera própria das atividades humanas, e expressa a conduta racional no interior desta esfera, isto é, a possibilidade de dirigi-la da melhor maneira. ” Segundo Abbagnano sabedoria é quando o homem tem plena consciência em distinguir aquilo que é mau e aquilo o que é bom. E esta distinção também pode ser chamada de virtude. Ele continua dizendo que sabedoria, tradicionalmente, refere-se as atividades humanas no ambiente em que estão inseridos. E a possibilidade de dirigi-la da melhor maneira possível, é expressando uma conduta racional sobres este ambiente. [3: N.ABBAGNANO, Dicionário de filosofia, São Paulo; Martim Fontes, 1984. ART.: Sabedoria]
Conforme o dicionário Aurélio, “ sabedoria é o grande conhecimento; erudição saber, ciência: qualidade de sábio. Prudência, moderação, temperança, sensatez, reflexão. Conhecimento justo das coisas; razão. Qualidade de sabido, esperteza, astúcia, manha. ” Portanto, sabedoria é qualidade daquele que possui o saber, é aquilo que ordena todas as qualidades do homem que o leva a refletir. Leva o homem a ter um conhecimento justo das coisas. E também pode ser usada para enganar as pessoas, levando-as ao erro.[4: FERREIRA, AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA, Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, Curitiba; Ed. Positivo, 2009. ART.: Sabedoria]
Conclui-se que a sabedoria é expressada na capacidade racional de interpretar as coisas. É através dela que podemos identificar que algo é bom ou mau para nós. Com a sabedoria podemos analisar a força em que um ambiente tem sobre cada um de nós e como podemos agir, transformar e controlar este ambiente. A sabedoria em si não faz distinção de valores, não julga, não condena. Depende de cada um de nós como vamos utilizar a nossa sabedoria, pois ela é um instrumento que pode ser utilizada tanto para o bem como para o mau.
Nesse capítulo mostrei duas visões sobre a ignorância e a sabedoria. A primeira definição fala com um olhar mais filosófico, como a filosofia trata desses dois assuntos. Enquanto a segunda defini com um olhar mais gramatical, como a nossa língua portuguesa, mais especificamente o português brasileiro, define cada termo abordado. Assim, conclui-se este primeiro capítulo.
No próximo capítulo será falado sobre a visão de Sócrates a respeito da ignorância e sabedoria. Quais os conceitos, definições que Sócrates dá para estes termos. Tudo isso será abordado no próximo capítulo.
O Olhar Reflexivo de Sócrates Sobre Ignorância e Sabedoria
Na Apologia de Sócrates escrita por Platão, em uma parte de seu discurso, Sócrates fala o seguinte: “ Mais sábio que este homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouquinho mais sábio que ele justamente em não supor que saiba o que não sei. ”[5: PLATÃO, Apologia de Sócrates, São Paulo; Nova Cultural, 1999, P. 45]
Sócrates afirma que ele é mais sábio que o homem em questão. Porque este homem, quer levar em consideração que, sabe de tudo, mas na realidade, de acordo com Sócrates este mesmo não sabe. Mas veja que no início da frase, Sócrates afirma que nenhum dos dois não sabe nada de bom, mas aí existe uma diferença. O homem em questão não admite que não sabe algo de bom e, Sócrates, muito pelo contrário, assume quenão sabe, e mais, ele admite que tão pouco supõe saber, pois não tem como falar sobre aquilo que não se sabe. E é justamente por isso que Sócrates se considera mais sábio do que este homem, pois Sócrates admite que não sabe de todas as coisas, e se não sabe, não tem como supor que saiba. Já o homem cria a resposta sobre o que vai falar, assim não se pode caracteriza esta resposta como sendo verdadeira, pois foi criada e não é aquilo que realmente é. Ou não consegue explicar o que de fato é aquilo, então parte para o campo da invenção.
O filosofo fala que “ encontrou pessoas de boa reputação em relação a sabedoria, mas na verdade eram desprovidos de sabedoria. Enquanto os que eram vistos como pessoas sem o saber, estes se aproximavam mais da sabedoria. ” Para ele, não bastava que alguém fosse reconhecido pela sua sabedoria, fosse ovacionado pelo povo. Isso não era o suficiente, ou até mesmo, nem era requisito para identificar uma pessoa possuidora do saber. Pois aquele que realmente fosse possuidor da sabedoria devia provar que a possuía.[6: Cf. ibid., P. 46]
No decorrer do texto, Sócrates “ vai conversar com outras pessoas para saber se elas realmente são sábias como se dizem ser. Algumas dessas pessoas são os artesãos, ele diz que os artesãos possuem o mesmo defeito dos poetas, por praticar bem sua arte, cada um imagina ser instruidíssimo nos demais assuntos, os mais complicados, e esse engano ofuscava-lhes aquela sabedoria. De maneira que ele perguntou a si mesmo se preferia ser como é, sem a sabedoria deles, sem a ignorância deles. Ou possuir, como eles, uma e outra. E respondeu para si que desejava mais ser como é ”.[7: Cf. ibid.]
Nesta passagem Sócrates utiliza as palavras sabedoria e ignorância pela primeira vez. Ele observou que o fato de os artesãos serem muitos bons em fazer o seu trabalho, eles achavam que sabiam de todos os outros assuntos. Chegando até se acharem pessoas bem instruídas a falar sobre determinado assunto que não fosse sobre o seu trabalho. Não tem como alguém se tornar um grande conhecedor sobre tudo, sendo que, é especialista só em um determinado assunto. Pois não tem como saber de tudo dominando um único assunto. Na medida em que se especializa em algo, as outras coisas vão ficando para traz. Não tem como abraçar tudo ao mesmo tempo. Portanto, isso se caracteriza ignorância para Sócrates, pensar que sabe sobre determinado assunto, mas na verdade não o sabe. 
Por outro lado, também há sabedoria neles, pois ninguém sabe melhor que eles, como fazer artesanato. Mas como eles igualmente praticam a ignorância, essa sabedoria fica ofuscada, perdendo o destaque. A sabedoria dos artesoes fica ofuscada, não se consegue ver direito, a sua ignorância está colocando um véu sobre sua sabedoria, a qual, não se pode enxergar. Sabedoria também é admitir que não sabe tudo e reconhece aquilo que sabe, no caso dos artesãos, ninguém fazia artesanato melhor que eles. “ Sócrates se pergunta se deveria ser como os artesãos e ele responde dizendo que lhe é mais preferível ser como ele é. ” Não se pode ser como o outro, pois não vai conseguir ser igual ao outro e nem ser como si mesmo. Deve-se reconhecer suas capacidades e limitações, isso também é sabedoria. Além disso, ao meu ver, Sócrates percebe que as pessoas, por terem muito conhecimento sobre alguma coisa, acham que estão aptas para falarem sobre qualquer coisa. E acabam falando o que não deviam, provavelmente até criando a sua verdade e não falando o que de fato é.[8: Cf. ibid.]
	Sócrates também se utiliza da morte como exemplo, para explicar mais claramente possível, o que para ele, é ignorância e sabedoria. Ele diz que “ temer a morte é uma grande ignorância, pois como se pode chegar a essa conclusão se não se conhece a morte? Ora, se não se conhece, como posso julgar que saiba sobre alguma coisa? ” Para ele isso seria aquele que juga saber o que não sabe. Isso seria a pessoa ignorante. Sócrates continua e “ fala que se considera o mais sábio de todos pois assume a sua ignorância. ” Ele se considera mais sábio que os outros pois sabe das suas limitações, reconhece que não sabe de tudo, e se não sabe, não tem como supor saber. Mas também reconhece aquilo que sabe. Uma pessoa que é capaz de reconhecer tudo isso em si, é considerado por Sócrates, uma pessoa possuidora da sabedoria. [9: Cf. ibid., P. 55][10: Cf. ibid.]
	Em Mênon, um dos diálogos de Platão, “ Sócrates e Mênon estão discutindo sobre a virtude. E Sócrates quebra todo o conceito de Mênon sobre a virtude. E leva Mênon a se questionar que não se dá para procurar aquilo que não se sabe, e sim, só o que se sabe. E depois Sócrates vai explica-lo que este seu questionamento, a seu ver, está incorreto e aplica a teoria da reminiscência. ” Mas isso é outro assunto para outro momento, agora, vamos ficar com o questionamento de Mênon. Veja como este questionamento parece abrir os nossos olhos, não se pode procurar aquilo que não se sabe sobre ele, pois assim, não sabendo o que procurar, não acontece o ato, a ação de busca por algo. Mas quando se sabe sobre alguma coisa, então posso procurar por ela. Pois a conhecendo, posso reconhece-la quando me encontrar com o que busco. Assim, conclui-se que só podemos procurar por aquilo que já conhecemos, porque é impossível procurar por aquilo que não se conhece. [11: Cf. PLATÃO, Platão diálogos - Mênon, Rio de Janeiro; Edições de Ouro, 1994, 79 – 80]
	Agora façamos uma junção do pensamento de Sócrates a respeito da ignorância com o questionamento de Mênon. Sócrates diz que uma pessoa ignorante é aquela que supõem saber, mas na verdade não sabe. Bom, se não se sabe, agora entro com o questionamento de Mênon, como poderia estar falando sobre aquilo que não se sabe? Agora entro com o que já se foi mencionado no texto. Então não estaria criando um conceito sobre determinada coisa, sendo que este conceito é verdadeiro somente para aquele que criou, e assim não diria o que de fato realmente é?
	Concluo este capítulo dizendo que Sócrates cita todos esses acontecimentos para dizer somente uma coisa. O homem não pode alcançar a sabedoria, se ele não se voltar para a sua ignorância e aceita-la, reconhecê-la. Pois a partir do momento em que se percebe a ignorância que está presente em si, é que se pode buscar pela sabedoria para manter um equilíbrio entre sabedoria e ignorância. Pois Sócrates admiti ter os dois, então, o caminho não seria manter um equilíbrio entre os dois? Ou um crescer mais que o outro?
Aqui termino o segundo capitulo, onde tentei expressar o que ignorância e sabedoria significa para Sócrates. Agora no próximo capítulo que será o capitulo de conclusão, tentarei mostrar a minha opinião sobre tudo o que já foi abordado.
Conclusão 
Agora vamos recapitular um pouco do que já foi apresentado. Vimos que ignorância, para os dicionários, é quando alguém está ausente de sabedoria, pois uma pessoa ignorante é aquela que não tem nenhum tipo de conhecimento sobre qualquer coisa. E Sócrates vem e diz algo um pouco diferente, ele nos diz que ignorante é aquele que não reconhece a sua ignorância. É aquele que, por saber bem sobre algo, pensa que sabe muito bem sobre as outras coisas as quais ele não domina. É aquele que quer demonstra a sua sabedoria diante do povo, falando sobre assuntos que este não conhece. 
E aqui entra um problema, que é o questionamento de Mênon. Como buscar por algo que não se conhece? Só buscamos pelo que já conhecemos. Assim surge outra pergunta: se só buscamos o que já sabemos, então, só falamos sobre algo que também já sabemos. Então como se pode falar sobre aquilo que não se sabe? Aqui eu tenho uma resposta: invenção, inventa alguma coisa sobre determinado assunto, assim, não condiz com a verdade sobre este determinado assunto. Quando falo verdade quero dizer que é, aquilo que é aceito por todos e não só pelo que fala.
	Vimos também em sabedoria que os dicionários a define como aquele que porta o saber, sabendo distinguir o que bom para o homem e o que é mal. Já para Sócrates a sabedoria équando se admiti a ignorância presente em si e também reconhece o conhecimento presente em si. 
Enquanto lia o livro de Platão A Apologia de Sócrates, me perguntava o porquê de Sócrates colocar esta questão de ignorância e sabedoria em seu julgamento. A conclusão que cheguei foi que Sócrates queria mostrar para os seus acusadores que eles eram todos ignorantes. Pois eles o denunciava sem saber se suas acusações realmente teriam acontecido, pois suas acusações não tinham fundamento nenhum. E Sócrates quer mostrar isso para eles. Agora eu peço perdão pela minha ousadia em colocar algumas palavras na boca de Sócrates. Talvez Sócrates dissesse isso: Vocês me acusam de coisas que não sabem se realmente aconteceu, e de fato, não aconteceram, vocês falam sobre algo que não sabem, por isso digo que vocês são todos ignorantes.
Compreendo que podemos fazer outra reflexão sobre ignorância e sabedoria em Sócrates. Ele vem nos alertar que não podemos ir ao encontro da sabedoria se não nos encontrarmos primeiro com a nossa ignorância. Pois, a partir do momento em que reconhecemos que somos ignorantes, é que podemos ir atrás da sabedoria. Se ficarmos presos a nossa ignorância, pensando que sabemos de tudo, não podemos nos encontrar com a sabedoria. Porque quando um copo com água está cheio ele precisa se esvaziar para caber mais água e se o homem não se esvaziar, reconhecendo a sua ignorância, ele não conseguirá alcançar a sabedoria, pois está cheio de ignorância. Ignorância e sabedoria estão mergulhados no homem, depende dele qual dos dois ele deixa emergir.
Por fim, creio que sabedoria é apenas um instrumento que pode ser conquistado pelo homem e depende dele como vai usar este instrumento. Veja só, a pessoa ignorante passa a ter sabedoria quando reconhece a sua ignorância e, a partir daí, busca por conhecimento, para que possa ter domínio sobre coisas novas. Assim passa a ter um domínio sobre o saber a respeito destas coisas, construindo em si a sabedoria. Mas é através de sua razão que ele vai determinar se vai utilizar este seu conhecimento para o bem ou para o mal.
Acredito que a ignorância é uma limitação permanente no homem. Pois bem, se a ignorância, de um jeito ou de outro é a ausência de conhecimento, do saber. Então como saber de todas as coisas para que essa ignorância seja eliminada? Isso é possível? Saber de todas as coisas? Creio que não. Pois se sei sobre algo foi por que me especializei em algo. E não tem como saber de tudo se conhece somente uma parte do tudo. Não tem como conhecer tudo se não assume que não conhece nada. Portanto, não tem como arrancar a ignorância de nós.
Agora sim, para finalizar, eu digo que a ignorância é uma força natural presente no homem. Veja bem, o homem nasce sem saber de nada e ao passar do tempo ele vai aprendendo o necessário para sobreviver. E quando o homem cresce, alguns vão encontrando dificuldades na sua busca pela sabedoria, justamente por estar indo contra esta força. Digo alguns porque uns tem mais facilidades que outros para lhe dar com esta força, pois aceitou a sua ignorância. Sendo assim, se a busca pela sabedoria está indo contra a força da ignorância em nós, podemos dizer que ignorância e sabedoria são opostos. E que sabedoria se conquista e a ignorância já está em nós, na forma de uma limitação humana.

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