Buscar

Construção de Projetos Pedagógicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

l 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSTRUÇÃO DE PROJETOS 
PEDAGÓGICOS E TECNOLOGIAS 
 APLICADAS A EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
2 
Sumário 
 
MÓDULO 1- Planejamento Educacional 
1.1 Percurso Histórico 
1.2 A Construção do Planejamento Educacional 
 
MÓDULO 2-. Projeto Político Pedagógico (PPP) 
2.1 O Projeto Político Pedagógico como Inovação Emancipatória 
2.2 Princípios Norteadores do Projeto Político Pedagógico 
2.3 A Identidade da Escola 
2.4 Currículo Escolar 
 
MÓDULO 3 - Metodologia de Trabalho para a Elaboração do 
Projeto Político Pedagógico 
 
3.1 Planejamento Pedagógico na Perspectiva da Gestão Democrática 
3.2 A Construção da Proposta Pedagógica 
 
MÓDULO 4 - Da Educação Tradicional às Novas Tecnologias 
Aplicadas à Educação: percurso histórico 
4.1 A Mudança de Tempos, Espaços e Relações na Escola a Partir do uso 
de Tecnologias e da Inclusão Social 
 
 
 
 
 
 
 
3 
MÓDULO 5 - Universidade, Políticas Públicas e Novas 
Tecnologias Aplicadas à Educação a Distância 
 
5.1 Políticas Públicas Neoliberais e a Expansão da EAD 
5.2 A EAD e as Políticas Públicas de Democratização e “Inclusão” Digital 
 
MÓDULO 6 - Alternativas e Estratégias das Instituições de 
Ensino Superior (IES) Frente às Transformações do 
Paradigma Educacional Contemporâneo 
 
6.1 Alterações no Contexto Educacional em Função da Incorporação da 
Tecnologia 
6.1.1 Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica 
6.2 Perfil do Professor e as Exigências de Formação 
6.2.1 Habilidades Docentes para o Uso das Novas Tecnologias 
6.3 A Colaboração em uma Rede de Aprendizagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 Apresentação 
 
 MÓDULO 1 – Planejamento Educacional 
 
 
 
 
MÁRCIA REGINA BARRELLI 
Disciplina: Construção de Projetos Pedagógicos e 
Tecnologias Aplicadas à Docência 
Módulo 1 – Planejamento Educacional– Faculdade 
Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 1– Planejamento 
Educacional.1.Planejamento 2.Projeto Pedagógico 
3.Gestão Democrática 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 Conversa Inicial 
 
 
No primeiro módulo, discutiremos sobre planejamento educacional. Iniciaremos 
por uma conceituação de planejamento, planejamento educacional e breve histórico 
deste movimento no Brasil, refletindo sobre a questão do Estado como instituição que 
planeja. Finalizaremos com a reflexão de planejamento educacional participativo, 
apontando para a necessidade, a relevância, os limites e as possibilidades do 
planejamento e da participação no processo de tomada de decisões. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de 
estudos. 
 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 1. Introdução ao conceito de Planejamento 
As circunstâncias nas quais vivemos e das quais fazemos parte no século XXI, 
entre desafios, conflitos, as tecnologias da comunicação, o tempo e o espaço digital, 
o complexo de elementos que constituem nossa realidade, lugares, objetos, ações, 
palavras, significados, intencionalidades, movimentos, as relações (sociais, 
humanas, políticas, culturais, de poder), as divergências, a diversidade, estando o 
ser humano, ser racional, buscando processos de transformar suas ideias em 
realidade - nos coloca diante de uma necessidade: 
- Planejar ações mediante objetivos - organizar, conhecer, educar, separar, 
juntar, construir, ordenar, comparar, relacionar, qualificar, ampliar nosso viver. 
Esta atividade surge desde o aparecimento do homem no universo, já que nós 
humanos dotados da capacidade de pensar, elaborar e reelaborar organizamos a 
prática de uma ação, e, historicamente, desde o “homem das cavernas”, 
constatamos, por analogia, a atividade de planejar. O homem planejava sua ação 
de caça para alimentar-se, produzia e usava suas ferramentas, com pedras, 
madeiras, aproveitava o couro e a pele de suas caças para proteger-se do frio, e a 
descoberta do fogo, ampliou ainda mais seu poder de planejamento, ação, 
sobrevivência, criação, mudanças e transformação de ideias. 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em estudo e 
desdobramentos - “Superando sua condição natural e criando um mundo 
cultural, o homem se torna senhor de seu destino, escolhe as alternativas que 
mais satisfação lhe proporcionem, renuncia a outras que lhe pareçam mais 
custosas, abre caminhos para atingir metas” FONSECA, NASCIMENTO, SILVA, 
J.M. (1995) 
 
 
 
 
 
7 
Assim, podemos caracterizar o planejamento como uma atividade humana, 
pela qual são estabelecidos objetivos, metas, fins, a serem alcançados, com 
estratégias e métodos definidos, cuja principal característica é a flexibilidade, ou 
seja, possibilita, ação, reflexão, mudanças no percurso e novas tomadas de decisão. 
 
Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre 
recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, 
instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades 
humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de 
decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização 
de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando 
à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a 
partir dos resultados das avaliações (PADILHA,2001, p.30) 
Planejar é definir objetivos e escolher o melhor curso de ação para alcançá-
los. O planejamento define onde se pretende chegar o que deve ser feito, 
quando, como e em que sequência. (CHIAVENATO, 1993, p 367) 
 
 
Segundo Evangelista, o processo de evolução do planejamento, desde o seu 
surgimento até a atualidade, apresentou fases definidas que acompanhou a 
organização da História da humanidade, passando pelo período racionalista, 
antiguidade e idades média, moderna e contemporânea. 
Da revolução industrial, das guerras mundiais, da invenção da bomba atômica, 
a modernização das guerras, a corrida espacial, os avanços das tecnologias da 
informação e da comunicação. 
No entanto, verificamos que as concepções de planejamento recaem em uma 
abordagem tecnicista, que historicamente, desde a Antiguidade apontou o Estado 
como instituição, utilizando-se de estratégias de organização de ações em 
determinadas áreas para alcançar objetivos. 
Como cita Scaff, em seu artigo, Coombs (1970, p.17) apontou que na 
Constituição espartana, indícios de planificação da educação aparecem para 
adaptar aos objetivos militares, sociais e econômicos daquele modelo de sociedade. 
Também, Platão sugere um plano de educação apropriado à sociedade ateniense. 
E consequentemente, motivadas por ideologias próprias, as sociedades 
capitalistas, socialistas, os modelos socialdemocratas, socioliberais, liberais, 
neoliberais, vêm utilizando, de forma explícita, o planejamento ou a planificação, 
como uma intervenção sócio política econômica institucionalmente legalizada. É 
compreensível que além de ser uma questão técnica, o planejamento 
 
 
 
 
8 
governamental é uma questão política, relacionando-se assim com o exercício de 
poder, que sugere ou não, um instrumento que se transforme em ameaça à 
liberdade e à democracia. Esta reflexão, faremos na sequência deste módulo, 
quando discutiremos aspectos históricos do planejamento educacional no Brasil e 
planejamento educacional participativo. 
Síntese 
 
 Oprincipal elemento do planejamento: a racionalidade que é também 
principal elemento distintivo da condição humana. Pensar antes de agir. 
Organizar a ação. Adequar meios a fins e valores. Estas expressões 
sintetizam o conceito de planejamento, considerando-o uma técnica, uma 
ferramenta para a ação, de natureza flexível, possibilitando alterações no 
percurso. Coloca-se esta questão dentro do que se convenciona chamar de 
visão instrumental do planejamento, destacando-se seu aspecto utilitário, a 
partir das necessidades, anseios, ideias, desejos e transformações, com a 
previsão de meios e recursos disponíveis para atingir os objetivos. 
 
 
1.1.1- Planejamento: elementos, modalidades e procedimento 
Vimos que o planejamento é uma ação pensada pelo homem que busca alterar, 
modificar e interagir nos múltiplos ambientes, para atingir determinados objetivos. 
Segundo Evangelista, o planejamento muitas vezes é confundido com um plano, um 
programa, um projeto, sendo que a diferença é perceptível na realização, nos 
resultados, na tomada de decisões, no acompanhamento e na avaliação. Existem 
diferentes conceitos e teorias sobre as formas de planejamento, plano, projeto e 
programa. Para clarearmos nosso debate, descrevemos alguns elementos do 
planejamento e na sequência uma breve conceituação que nos guiará na 
compreensão dos diferentes termos utilizados. 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - “O planejamento é um processo 
contínuo de conhecimento e análise da realidade escolar em suas 
condições concretas, busca de alternativas para soluções de 
problemas e de tomadas de decisões” LIBÂNEO,J.C.(2001) 
 
 De acordo com a citação de Evangelista em seu artigo para Néreci “todo 
planejamento, para ser consequente, preciso ser unitário, flexível, exequível, realístico 
e claro”, constituindo-se de três fases: previsão, programação e avaliação. Em geral 
todo planejamento das atividades constam dos seguintes itens ou elementos: 
 O que - O problema. O que se pretende fazer ou pesquisar? 
 Por que – A justificativa. As razões, a relevância do plano ou projeto. 
 Para que – Objetivos que se pretende alcançar. 
 Para quem – Público a quem se destina o trabalho. 
 Com quem – Recursos humanos. 
 Com que – Recursos materiais e financeiros. 
 Como – Metodologia explica os procedimentos adotados para o alcance dos 
objetivos. 
 Quando – Período de realização. 
 Onde – Local de realização. 
Quanto – Avaliação dos resultados. 
 Quanto às definições de plano, projeto, programa, Evangelista, em seu artigo, 
esclareceu a diferenciação: 
Plano – é o documento, a materialização do planejamento, o registro da escrita 
dos elementos e objetivos a serem alcançados. 
 Projeto – do latim projectu, significa lançar para frente uma ideia. O projeto é a 
menor unidade do planejamento, com fins, objetivos e metas a serem alcançados em 
função de uma necessidade, um problema. 
 
 
 
 
10 
 Programa – é um conjunto de projetos, de propostas operacionalizadas, 
desenvolvidos para o alcance de metas. 
 Esclarecida a diferença entre os conceitos: planejamento, plano, projeto, 
programa, ainda podemos caracterizar e definir algumas modalidades de 
planejamentos/planos: 
 Planejamento ou plano curricular – é a sistematização, no âmbito escolar, do 
currículo a ser desenvolvido a partir de referenciais definidos para o sistema em função 
dos objetivos e dos alunos que são atendidos. 
 Planejamento ou plano escolar – é a sistematização de todo planejamento 
para a escola, englobando todos os elementos necessários. 
 Planejamento ou plano de ensino – é a sistematização das atividades a serem 
desenvolvidas, elaborado pelo professor responsável, embasado no plano curricular. 
Planejamento ou plano de disciplina – é a sistematização e organização de 
atividades a serem desenvolvidas ao longo do bimestre, semestre, de uma 
determinada disciplina. 
 Planejamento ou plano de unidade – é a sistematização dos elementos de 
uma disciplina, organizados por um determinado período ou por temas geradores. 
 Planejamento ou plano de aula – é a sistematização das aulas e atividades a 
serem desenvolvidas em sala de aula, organizando o dia letivo, com objetivos, 
conteúdos, estratégias e avaliação. 
 
O planejamento se concretiza em planos e projetos, tanto da escola e do 
currículo quanto do ensino. Um plano ou um projeto é um esboço, um 
esquema que representa uma ideia, um objetivo, uma meta, uma sequência 
de ações que irão orientar a prática. A ação do planejar subordina-se à 
natureza da atividade realizada (LIBÂNEO, 2001, p.83). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Síntese 
 
 Reafirmamos o conceito de planejamento, considerando-o um 
instrumento para organização da ação escolar e educativa, de natureza 
participativa, flexível, possibilitando alterações no percurso. Fizemos, 
então, esclarecimentos sobre os conceitos planejamento, plano, programa, 
projeto, discutindo sobre os elementos constitutivos, e ainda descrevemos 
sobre as modalidades de planejamentos/planos (curricular, escolar, de 
ensino, de disciplina, de unidade, de aula). 
 
 
 1.2. Planejamento educacional no Brasil 
Como nos referimos no item anterior, sob uma dimensão técnica, o conceito de 
planejamento nos remete à ideia de organização, otimização de recursos, 
intencionalidade e qualidade. De acordo com Baffi, planejamento é: “o processo de 
busca de equilíbrio entre os meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor 
funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e 
outras atividades humanas”. 
Assim, o conceito de planejamento para a educação foi se transformando num 
processo de estruturar objetivos, traçar metas, organizar conteúdos, a partir das 
necessidades da sociedade e do capital. 
Entende-se que a política educacional passa a conceber o planejamento como 
cumprimento das propostas, e metas, por exemplo, nos sistemas de ensino, 
determinando essa situação a política está respaldada pelos interesses das classes 
dominantes e a garantia do cumprimento de leis. 
 
 
 
 
 
 
12 
De acordo com a citação de Oliveira e Cypriano (2014): 
 
[...] uma forma especifica de intervenção do Estado em educação, que se 
relaciona, de diferentes maneiras, historicamente condicionadas, com as 
outras formas de intervenção do Estado em educação (legislação e publica), 
visando a implantação de uma determinada política educacional do Estado, 
estabelecida com a finalidade de levar o sistema educacional a cumprir 
funções que lhe são atribuídas enquanto instrumento deste mesmo Estado 
(HORTA,1987) 
 
Com a preocupação em relação às principais necessidades a serem 
alcançadas e qual o caminho a seguir para atingir estes objetivos, lança-se ao ato de 
planejar, e como instrumento mediador entre a política educacional, o planejamento 
assume suas funções seja na sociedade ou entre o poder e o saber. 
No Brasil, para compreendermos como se deu o planejamento educacional no 
século XX e no primeiro decênio do século XXI, é necessário entender a função social 
da educação, atrelada historicamente, 
ao desenvolvimento econômico e social, e aos movimentos de centralização e 
descentralização que condicionaram as formas de participação na ação de planejar a 
educação no país. 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - “Sob esta ótica, o planejamento 
educacional encontra-se não subordinado à política, mas entendido 
como instrumento de poder (...) um meio pelo qual o Estado reforça 
suaintervenção na sociedade como um todo.” Oliveira e Cypriano 
(2014) 
 
Podemos inferir que a preocupação com o sistema educacional e com uma 
política de educação estatal no Brasil surge no final do Império e início da República, 
pois até então a educação estava sob a intervenção e organização da Igreja. A 
educação destinada às minorias, às classes sociais mais privilegiadas que tinham 
 
 
 
 
13 
acesso à educação/escolarização, tida como instrumento de ascensão social e de 
poder. 
Com a Revolução de 1930, o país, na era de Vargas, caracteriza-se pelo 
fortalecimento do poder estatal centralizado, permeado pela passagem de uma 
economia baseada na agricultura para industrialização. Foi criado o Ministério da 
Educação e Saúde Pública. O primeiro esboço de um plano de educação nacional, o 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, sinalizando a necessidade de 
organização de um sistema nacional de educação pública. 
Promulgada a Constituição Federal de 1934 houve a elaboração de um Plano 
Nacional de Educação, implantando a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário 
e, em 1937, com uma nova Constituição previu-se a introdução do ensino 
profissionalizante, para atender às novas necessidades da sociedade no que diz 
respeito ao desenvolvimento econômico. 
O período compreendido entre 1940 a 1950, percebemos o planejamento 
educacional organizado para promover o crescimento e reduzir a pobreza, e 
considerava o analfabetismo como responsável pela situação de subdesenvolvimento 
do país. Porém, alguns aspectos eram esquecidos, como por exemplo a educação 
como direito de todos, as formas de vinculação do financiamento da educação, a 
descentralização por meio da criação dos sistemas educacionais. 
A partir da década de 1960, surgem mais indícios e ações concretas de 
planejamento educacional no país, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases 
4024/61 e da Lei da Lei de Diretrizes e Bases 5692/71, seguindo a lógica de que o 
planejamento educacional é concebido dentro de uma perspectiva centralizadora, 
racionalista e tecnocrata, prevalecendo a continuidade do Estado no controle das 
políticas educacionais e da organização curricular. 
Durante o período da Ditadura Militar (1964 a 1985), o planejamento da 
educação brasileira, predominantemente ligado ao controle do sistema autoritário, 
burocrático e centralizado, visando que a educação acompanhasse as mudanças 
econômicas e sociais do país, para atender as necessidades de mercado e aos 
interesses de determinados grupos econômicos. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Com o fim da ditadura militar e o processo de abertura democrática, bem com 
a promulgação da Constituição de 1988 aponta-se para o surgimento de diversos 
movimentos sociais, e no âmbito educacional, o espaço escolar foi aberto para a 
participação social dentro da lógica de uma educação democrática e de qualidade para 
todos. 
Nos anos de 1990, embora a democratização da educação e da escola sejam 
fortes e importantes processos para descentralização do planejamento da educação 
brasileira, no que se refere à participação, autonomia (pedagógica, administrativa e 
financeira), gestão democrática, organização curricular, como traz a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação nacional 9394/96, o Estado ainda aparece como organizador de 
uma política educacional, pautada na globalização, no neoliberalismo, segundo o que 
citam Oliveira e Cypriano, (2014) em seu artigo, Saviani aponta o planejamento 
educacional brasileiro, subordinado às condições internacionais, para a obtenção de 
recursos financeiros. 
Entre os anos 1990 até os dias atuais a descentralização, o financiamento, a 
avaliação e autonomia passam a fazer parte da realidade dos estados e municípios, 
no entanto, esta autonomia está ligada ao grau de dependência financeira e na gestão 
de políticas públicas desenvolvidas, destacando que, no século XXI, o Estado 
brasileiro aparece na esfera educacional, como aquele que planeja e avalia, sendo 
que esta avaliação assume papel de controle do que ocorre no sistema educativo. 
No entanto, nós educadores precisamos estar atentos, questionando o exagero 
no enfoque técnico pedagógico do planejamento educacional, que visa elevar a 
produtividade do sistema educacional, buscando sua adequação à estrutura 
socioeconômica, sem novos ônus financeiros, não correspondendo a uma visão 
qualitativa, que considere as especificidades da área educacional e que permita a 
efetiva participação dos mais diversos segmentos da comunidade escolar nas 
decisões coletivas. 
Assim, com este breve histórico, nós lançamos ao debate do planejamento 
educacional participativo. 
 
 
 
 
 
 
15 
Síntese 
 Na história da educação brasileira, o planejamento educacional, 
apresenta indícios a partir da década de 1930, apresentam-se elementos 
de planificação e sistematização da educação pelo poder estatal, 
considerando que anteriormente a este período cabia à Igreja a intervenção 
e organização da educação no país. Destaca-se ainda que o principal mote 
do planejamento educacional no Brasil é considerar a educação como 
instrumento de controle, de desenvolvimento econômico e social, voltado 
para os interesses da política vigente e das classes e grupos dominantes. 
Após iniciativas e medidas legais que evidenciaram o planejamento 
educacional no Brasil, a partir de 1988, verifica-se a lógica da 
descentralização e da gestão democrática por uma educação de qualidade 
para todos, apontando para o planejamento participativo. No entanto, a 
globalização e a política neoliberal continuarão influenciando diretamente 
no planejamento e organização do sistema educacional brasileiro. 
 
 
 1.3. Planejamento Educacional Participativo 
 
 Definimos e conceituamos planejamento e suas modalidades, discutiremos a 
seguir um dos principais valores na ação do planejamento: a participação dos 
envolvidos no processo. 
 O planejamento participativo é, de fato, uma tendência no campo educacional, 
visto como um conjunto de propostas de ferramentas de intervenção na realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
O planejamento participativo pretende ser mais do que uma ferramenta para 
a administração; parte da ideia que não basta uma ferramenta para “fazer bem 
as coisas” dentro de um paradigma instituído, mas é preciso desenvolver 
conceitos, modelos, técnicas, instrumentos para definir “as coisas certas” a 
fazer, não apenas para o crescimento e a sobrevivência da entidade 
planejada, mas para a construção da sociedade; neste sentido, inclui como 
sua tarefa contribuir para a construção de novos horizontes, entre os quais 
estão, necessariamente, valores que constituirão a sociedade. (GANDIN, 
2001, p.87) 
 
Com esta afirmação de Gandin, podemos inferir que nas escolas o 
planejamento participativo não se encerra por definir coletivamente a organização dos 
conteúdos, mas se refere principalmente à organização coletiva e sistematização dos 
resultados que pretender buscar, em relação aos seus alunos, às suas realidades 
sociais, e a partir disto a avaliação detalhada da prática educativa e docente, seja 
propositiva para práticas alternativas influentes na construção e transformação social. 
Segundo Fonseca, Nascimento, Silva (1995), valorizar a participação é 
considerar importante o próprio processo de planejamento e não apenas o produto 
final, e quem inicia o processo de planejamento deve prever a participação dos 
envolvidos, e que muitas vezes não ocorre espontaneamente, exige esforço, 
dedicação, ações mobilizadoras, exercício de poder descentralizado, partilhado. Os 
gestores do plano precisam estar cientes que enfrentarãocontradições, tensões e 
conflitos. 
Os participantes nas tomadas de decisões, por sua vez, cientes da 
manifestação individual e coletiva, de seu comprometimento e responsabilização. 
Podemos considerar que o planejamento participativo é um instrumento eficaz, 
no princípio da gestão democrática, na construção dos ideais coletivos da escola, no 
entanto, os líderes da gestão e os envolvidos devem estar atentos às formas que 
ocorrem a participação. 
 
A principal característica do que hoje se chama Planejamento Participativo 
não é o fato de nele se estimular a participação das pessoas. Isto existe em 
quase todos os processos de planejamento: não há condições de fazer algo 
na realidade atual sem, pelo menos, pedir às pessoas que tragam sugestões. 
Usa-se esta “participação” até para iludir e/ou cooptar. (GANDIN, 2001, p.82) 
 
Surge, então, a necessidade de esclarecer a questão dos âmbitos de 
participação. De acordo com FONSECA, NASCIMENTO, SILVA (1995), é importante 
 
 
 
 
17 
a fixação de regras claras e democraticamente definidas que organizem os processos 
decisórios e as formas de execução e avaliação do planejado, para tanto, alguns 
mecanismos da própria instituição educacional – colegiado, conselhos de escola, 
grêmios, associações, equipes de trabalho, grupos de estudo de horário coletivo, 
reuniões pedagógicas – podem favorecer a participação dos envolvidos no 
planejamento pensado coletivamente e para coletividade. Criar espaços para as 
diversas vozes, para o exercício da participação e da democracia, atingindo as 
relações que se dão cotidianamente em todos os âmbitos sociais, é reconhecer que 
cada pessoa, cada envolvido no processo de planejamento de um projeto político 
pedagógico é um sujeito de direitos e deveres, com imensas potencialidades e 
corresponsáveis na tomada de decisões. Como Vasconcellos (2016) cita Paulo Freire, 
“a boniteza não tem de estar tanto no produto, mas sobretudo no processo”. 
 
O texto que vai surgir talvez não tenha o mesmo brilho de outro produzido por 
um pequeno grupo, todavia, manifesta a realidade do grupo naquele momento 
(podendo vir a ser aperfeiçoado nas próximas edições). O Projeto deve 
expressar de maneira simples (o que não significa dizer simplista) as opções, 
os compromissos, a visão de mundo e as tarefas assumidas pelo grupo; de 
pouco adianta um projeto com palavras “alusivas”, chavões, citações e mais 
citações, quando a comunidade sequer se lembra de sua existência. 
(VASCONCELLOS, 2006, p.25) 
 
Para Vasconcellos, (2006) a elaboração e o desenvolvimento dos Projetos 
Políticos Pedagógicos, na perspectiva do planejamento participativo têm duas grandes 
contribuições: 1- o rigor teórico metodológico (qualidade formal) e 2- a participação 
(qualidade política). Quanto à participação, nas instituições educativas, Vasconcellos 
(2006) descreve ser frequente ouvir expressões de descontentamento relativo à falta 
de participação no projeto, e em suas indagações, considera que isto ocorre, pois, há 
casos em que o educador sequer tem a oportunidade de participar da elaboração do 
projeto. Forma-se um pequeno grupo (alguns professores com a direção e 
coordenação pedagógica), que elabora o texto e leva para apreciação do coletivo, que, 
muitas vezes aprova sem questionar (para não “sobrar” tarefas e responsabilidades). 
Outra situação pode se dar mesmo quando o sujeito está presente nos vários 
momentos da construção, mas sem acreditar no processo, não se envolve, não se 
sente pertencente, não questiona, ou seja, não participa efetivamente. 
 
 
 
 
 
18 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos. 
“A principal característica do que hoje se chama Planejamento 
Participativo não é o fato de nele se estimular a participação das 
pessoas. (...) Usa-se esta “participação” até para iludir e/ou cooptar”. 
GANDIN, 2001. 
 
Assim, para que a participação, como um dos anseios mais fundamentais do 
humano - ser levado em conta, tomar parte, ser incluído, ser respeitado - tenha sentido, 
é necessária uma disposição em mudar realmente, os envolvidos precisam estar 
sensibilizados na decisão de fazer, de como e quando fazer, assumindo a condição 
de sujeito e não de objeto do processo de planejamento. A participação aumenta o 
grau de consciência política, de responsabilidade, reforça o controle sobre a 
autoridade, potencializando a legitimidade das intenções planejadas e realizadas. 
Seguindo a crença que o planejamento participativo é a ferramenta mais eficaz, 
dentro da lógica da gestão democrática, na construção de ideais coletivos em escolas 
e outros espaços educativos, Gandin, D. e Gandin, L.(2003) apresentam a proposta 
de três momentos distintos, porém integrados, na elaboração do plano/projeto: 1. a 
indicação de um horizonte ou referencial (definição de um ideal social e educacional 
em que o coletivo quer chegar, ações voltadas numa mesma direção); 2. a construção 
de um diagnóstico que julgue a prática à luz do referencial (não deve ser confundido 
com um levantamento de problemas, mas sim das necessidades da escola e seus 
sujeitos); 3. programação das ações concretas (definidas as necessidades e a 
distância entre o real e o ideal, pode-se elaborar a programação, ou seja, as ações 
concretas a serem realizadas). 
 
 
Concluímos, com a certeza que ação do planejamento participativo na 
elaboração dos planos/projetos das instituições educativas é uma tarefa complexa, 
mas necessária, já que buscamos uma educação balizada na construção e/ou 
 
 
 
 
19 
transformação de uma sociedade de fato democrática, mais justa, mais humana, e que 
acolha e respeite as diferenças e a diversidade. 
 
Síntese 
 
O planejamento participativo é, de fato, uma tendência no campo educacional, 
visto como um conjunto de propostas de ferramentas de intervenção na 
realidade. O planejamento participativo não se encerra por definir coletivamente a 
organização dos conteúdos, mas se refere principalmente à organização 
coletiva e sistematização dos resultados que pretender buscar, em relação aos 
seus alunos, às suas realidades sociais, e a partir disto a avaliação detalhada 
da prática educativa e docente, seja propositiva para práticas alternativas 
influentes na construção e transformação social. 
 
 Considerações Finais 
 
Finalizando o Módulo 1, esperamos que você tenha compreendido as 
concepções em estudo do planejamento educacional, sua conceituação, elementos, 
modalidades e procedimentos, bem como um breve histórico da educação brasileira 
no que diz respeito às iniciativas e às ações concretas de planejamento educacional. 
Discutimos também sobre o planejamento participativo, suas contribuições, bem como 
sobre as dificuldades e desafios enfrentados para realizá-lo nos espaços educativos. 
No próximo Módulo, aprofundaremos a discussão sobre a temática projeto político 
pedagógico, utilizando elementos e aprendizados do Módulo1. 
Até lá! 
 
 
 
 
 
 
20 
 Apresentação 
 
 MÓDULO 2 
 
 Projeto Político Pedagógico 
 
 
 
MÁRCIA REGINA BARRELLI 
 
Disciplina: Construção de Projetos Pedagógicos e Tecnologias Aplicadas à 
Docência 
Módulo 2 – Projeto Político Pedagógico– Faculdade Campos Elíseos (FCE) 
– São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 2– Projeto Político Pedagógico 1.Planejamento 
participativo 2.Projeto Pedagógico 3.Gestão Democrática 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 Conversa Inicial 
 
No segundo módulo, discutiremos sobre projeto político pedagógico e sua 
materializaçãoexpressa no cotidiano das unidades educacionais e espaços 
educativos, na perspectiva participativa, democrática, coletiva, emancipadora. 
Iniciaremos por uma revisão de conceitos referentes ao planejamento educacional, 
refletindo sobre as dimensões indissociáveis do instrumento projeto político 
pedagógico, as características de inovação reguladora e emancipatória. Finalizaremos 
revisitando as contribuições da LDBEN 9394/96 para o projeto político pedagógico. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de 
estudos. 
 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 2. Revisando Conceitos 
No primeiro módulo aprendemos sobre as concepções e definições da ação de 
planejar, do planejamento educacional participativo, bem como sobre os elementos 
e modalidades do planejamento. 
Caracterizamos o planejamento como uma atividade humana, pela qual são 
estabelecidos objetivos, metas, fins, a serem alcançados, com estratégias e 
métodos definidos, cuja principal característica é a flexibilidade, ou seja, possibilita, 
ação, reflexão, mudanças no percurso e novas tomadas de decisão. Segundo 
Padilha, planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre 
recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, 
setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de 
planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; 
processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios 
(materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, 
em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações. 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em estudo e 
desdobramentos - 
“(...) a esse pano de fundo que proponho discutir o planejamento participativo 
com base na escola, tratando-o como instrumental teórico prático capaz de 
facilitar a convergência entre o refletir e agir no espaço escolar. Como 
ferramenta capaz de vitalizar experiências educativas e instituições e de 
respaldar a construção, com democracia, do projeto político pedagógico da 
escola. Nessa perspectiva, o planejamento participativo poderá constituir-se 
num instrumento pedagógico e político mudança.” (FALKEMBACH, 1996, p. 
131). 
 
 
 
 
 
23 
 
Refletimos também que, em contraposição aos modelos burocratizados de 
planejamento, que se sustentam na divisão de tarefas, na fragmentação da ação 
educativa e em concepções de caráter instrumental e técnico do planejamento, a 
gestão democrática da educação e o planejamento participativo implicam no 
fortalecimento da gestão e decisões coletivas, assumindo, assim, a função de 
mediador e articulador do trabalho coletivo na educação. 
 
Quanto às definições de plano, projeto, programa, Evangelista (2010), em seu 
artigo, esclareceu a diferenciação: 
 
Plano – é o documento, a materialização do planejamento, o registro da escrita 
dos elementos e objetivos a serem alcançados. 
 
Projeto – do latim projectu, significa lançar para frente uma ideia. O projeto é a 
menor unidade do planejamento, com fins, objetivos e metas a serem alcançados 
em função de uma necessidade, um problema. 
 
Programa – é um conjunto de projetos, de propostas operacionalizadas, 
desenvolvidos para o alcance de metas. 
 
Esclarecidos estes conceitos e definida desde o módulo 1 qual concepção de 
planejamento educacional que iremos trilhar e compartilhar – perspectiva 
democrática, participativa e coletiva -, na sequência da discussão seguiremos com 
a caracterização do projeto político pedagógico e suas implicações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
Síntese 
Neste item revisamos os conceitos do módulo 1 referentes às definições 
de planejamento, plano, programa, projeto, ação. Reiteramos que a 
concepção que vamos seguir é a de planejamento educacional participativo 
democrático e coletivo, e assim poderemos aprofundar nossa discussão de 
projeto político pedagógico como instrumento de transformação e mudança 
nas unidades educacionais brasileiras. 
 
 
2.1- Projeto Político Pedagógico – Conceito e Dimensões 
 
Projeto – do latim projectu, significa lançar para diante. 
Partindo do sentido etimológico do termo projeto, podemos dizer, que ao 
construirmos os projetos das unidades educacionais, planejamos o que temos 
intenção de fazer. Segundo Veiga (1995, p.12), lançamo-nos para diante, com base 
no que temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente. Nas 
palavras de Gadotti e Vasconcellos: 
 
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. 
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, 
atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em 
função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o 
presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a 
determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação 
possível, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI,1994) 
O projeto político pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser 
entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de 
planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, que 
define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir de 
um posicionamento quanto á sua intencionalidade e de uma leitura da 
realidade. Trata-se de um importante caminho para a construção da 
identidade da instituição. É um instrumento teórico metodológico para 
transformação da realidade. (VASCONCELLOS, 2002) 
 
 
 
 
 
 
25 
Podemos assim, nessa perspectiva, relembrar das reflexões do módulo 1, 
quando caracterizamos o ato de planejar como processo de ação reflexão ação sobre 
a realidade diagnosticada, então o projeto político pedagógico vai além de um simples 
agrupamento de planos de ensino e atividades diversas. Portanto, projeto não é um 
documento a ser construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades 
educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. O projeto é 
processo vivido, é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os 
envolvidos como o processo educativo da unidade educacional. 
Para tanto, acredita-se, que o projeto político pedagógico deve se constituir na 
referência norteadora de todos os aspectos da ação educativa da unidade 
educacional. Por isso, sua elaboração requer, para ser expressão viva de um projeto 
coletivo, a participação de todos os que compõem a instituição, mapeando o 
diagnóstico do que a escola é hoje, e também apontando o que se pretende ser, com 
organização e sistematização, desencadeando mudanças na direção de uma 
formação educativa e cultural, de qualidade, para todas as crianças e jovens que 
frequentam a escola pública e popular. 
 Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“A implementação de projeto político pedagógico é condição para 
que se afirme (ou se construa simultaneamente) a identidade da 
escola, como espaço pedagógico necessário à construção do 
conhecimento e da cidadania”. (BUSSMANN,. in VEIGA, 1995) 
 
Então, com esta ideia de participação, as dimensões do projeto político 
pedagógico não se esgotam apenas no conceito da palavra projeto, mas ampliamos 
nosso debate para o entendimento e discussão destas dimensões (político e 
pedagógica). 
 
 
 
 
26 
Podemos elucidar e nos posicionar compreendendo que não se constrói um 
projeto sem objetivos,sem direção sem intenções; é uma ação orientada pela 
intencionalidade, tem um sentido explícito, de um compromisso coletivamente firmado 
ideologicamente, com práticas pedagógicas também escolhidas intencionalmente. 
Assim, entende-se que as dimensões política e pedagógica do projeto são 
indissociáveis, caminham juntas, pois as escolhas não são neutras. 
No processo de compreensão das dimensões política e pedagógica do PPP, é 
preciso considerar dois aspectos: 
• A função social da educação e da escola – a educação numa sociedade 
cada vez mais excludente, definir a educação e a escola como um 
espaço de emancipação, de transformação; 
• A organicidade entre o PPP e os anseios e necessidades da comunidade 
escolar – o projeto deve propiciar todas a dimensões da vida escolar, 
não se reduzindo a uma somatória de planos ou sugestões copiadas, e 
esquecidos nas gavetas ou prateleiras, mas um documento vivo, 
elaborado, acompanhado, avaliado e repensado. 
Assim, conforme o documento MEC Projeto Vivencial p.3 3 4: 
(...) é na ação pedagógica da escola que se torna possível a efetivação de 
práticas sociais emancipatórias, da formação de um sujeito social, crítico, 
solidário, compromissado, criativo, participativo. É nessa ação que se cumpre, 
se realiza, a intencionalidade orientadora do projeto construído. (Projeto 
Vivencial) 
 
Compreender essa dialética entre político e pedagógico torna-se imprescindível 
para que o PPP não se torne um documento pleno de intenções e vazio de ações; de 
pouco adianta declarar que a finalidade da escola é forma um sujeito crítico, criativo, 
participativo, ou anunciar sua vinculação às teorias críticas se, nas suas práticas 
pedagógicas cotidianas, perduram estruturas de poder autoritárias, currículos 
engessados, experiências culturais empobrecidas. 
As colocações até aqui feitas parecem ser suficientes para esclarecer que um 
projeto político pedagógico, “corretamente” elaborado não traz garantias para que a 
instituição educativa se transforme repentinamente, num passe de mágica, numa 
escola de melhor qualidade, mas traz aos seus participantes, a oportunidade de 
construírem coletivamente o seu caminhar conscientemente, interferindo nos limites e 
 
 
 
 
27 
possibilidades, com propostas democráticas, significativas, pensando em um processo 
educativo e de ensino aprendizagem de melhor qualidade, que promova a mudança e 
que, portanto, esteja voltado para a maioria das pessoas. 
 
Síntese 
Aprendemos que projeto, do latim projectu, significa lançar para diante. 
Projeto político pedagógico é o plano global da instituição, elaborado a partir 
da perspectiva democrática com a participação de toda a comunidade 
educativa, ação intencional, que visa a construção do conhecimento e da 
cidadania, bem como a expressão e efetivação de práticas sociais 
emancipatórias. 
 
 2.1.1- Inovação regulatória e inovação emancipatória 
 
 Estudamos que o projeto político pedagógico é um instrumento da ação 
educativa que pode trazer mudanças, inovações, transformações. No entanto, estas 
mudanças, inovações, nem sempre, são emancipatórias. 
Inovação regulatória (ou técnica) caracteriza-se por ser mudança instituída 
formalmente, organizacional, descontextualizada, temporária e parcial, 
descomprometida com os sujeitos protagonistas envolvidos, desprezando as 
diferenças, as relações de conflito, de força. Nega a diversidade de interesses, pois é 
uma ação sem a participação de todos e não compartilham da mesma concepção de 
homem, de sociedade, de educação. 
Nesta perspectiva regulatória, o projeto político pedagógico pode ser uma 
novidade, uma inovação, assumido como um instrumento organizacional, quantitativo, 
de padronização, de controle burocrático, um conjunto de atividades que vão gerar um 
produto: um documento encadernado, pronto e acabado, elaborado, por tecnocratas, 
 
 
 
 
28 
ou por um pequeno grupo da instituição, não coadunando com a concepção de projeto 
que estudamos e acreditamos: planejamento educacional participativo. 
 Segundo Veiga, assumir a característica da inovação regulatória é deixar de 
lado o processo de produção coletiva, integral, priorizando, por exemplo, inovar para 
melhorar parcialmente alguns resultados da aprendizagem, da aprendizagem, do 
laboratório, da biblioteca, voltando-se assim, para um currículo burocratizado, de 
controle, de cumprimento de metas e índices. 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos – inovação regulatória e emancipatória 
“As ações na escola transformaram-se em procedimentos 
pulverizados e desconectados. O poder conjunto perde sua força e 
descaracteriza-se pela fragmentação. Não se discutem ideias, 
contradições, mas, ao contrário, foge-se dos debates numa 
preocupação contraditoriamente apaziguadora, visto que essa 
postura fortalece ou a hostilidade ou a indiferença.” BUSSMANN, In: 
VEIGA, (1995). 
 
Já a inovação emancipatória corresponde às concepções que estudamos no 
módulo 1 e no presente módulo. O projeto político pedagógico não é um fim em si 
mesmo, um documento encadernado na gaveta. Na perspectiva emancipatória a 
inovação e o PPP estão organicamente articulados, integrando-se fins e meios, 
pautados por processos de ruptura com as normas conservadoras já instituídas, 
cristalizadas. É de natureza democrática, coletiva, ético social e cognitivo instrumental, 
visando à eficácia dos processos formativos sob o olhar da ética, referenciada ao 
contexto social. 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Baseia-se em processos dialógicos e não impositivos, mobilizando todos os 
sujeitos envolvidos, protagonizando vozes antes silenciadas, valorizando os diversos 
tipos de saberes e necessidades, construindo assim a proposta pedagógica educativa 
significativa para a unidade educacional. 
 
 
Síntese 
 
Esclarecemos sobre a inovação regulatória e emancipatória, como 
características que podem acompanhar o projeto político pedagógico. 
Diferenciando-as, resumidamente, a primeira está ligada à inovação técnica 
que o projeto político pedagógico pode representar, considerando este 
como um documento organizado, pronto e acabado sem a participação de 
seus atores. Já a segunda refere-se à inovação que o projeto político 
pedagógico pode oportunizar se for considerado como o plano integral da 
instituição, elaborado a partir da perspectiva democrática com a 
participação de todos os sujeitos envolvidos, bem como a expressão e 
efetivação de práticas sociais transformadoras. 
 
 2.2. As contribuições da LDB 9394/96 para o PPP 
 
Conforme vimos no módulo 1, nos anos de 1990, a democratização da 
educação e da escola, consistiram em fortes e importantes processos para 
descentralização do planejamento da educação brasileira, no que se refere à 
participação, autonomia (pedagógica, administrativa e financeira), gestão 
 
 
 
 
30 
democrática, organização curricular, como traz a Constituição Federal do Brasil de 
1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. 
A Constituição de 1998, ao incorporar a gestão democrática da educação como 
princípio em atendimento aos movimentos sociais intensos à época, garantiu novas 
formas de organização e administração dos sistemas de ensino, tendo como principal 
objetivo a universalização do ensino no país. Nos artigos 205 a 210, destinados à 
Educação, verificamos princípios de igualdade de condições de acesso à educação, 
liberdade de aprender e ensinar, pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, 
gratuidade e gestão democrática do ensino público, o que consideramos um grande 
avanço, no processode democratização na história do país e na história da educação 
brasileira, seja no aspecto político pedagógico e social, como no aspecto da gestão 
financeira. 
Podemos afirmar assim, que os debates e as reflexões constantes sobre a 
democratização da escola, e a promulgação da Constituição de 1998 oportunizaram a 
instituição do princípio da gestão democrática no ensino público, com enfoque na 
autonomia dos sistemas e instituições, bem como a criação de mecanismos para a 
participação de diversos segmentos da sociedade e das comunidades locais. 
Na sequência, como reflexo e produto do processo de democratização, a 
publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96) 
expressou a síntese dos debates e exigências sociais e legais dos sistemas de ensino 
e trouxe com a gestão escolar democrática o fortalecimento do processo pedagógico, 
como o caminho mais viável para a participação corresponsável de todos os sujeitos, 
autores e atores, nas decisões da organização coletiva dos projetos das escolas, com 
vistas à igualdade de condições, respeito ao pluralismo e às diferenças, aos resultados 
efetivos de qualidade e significativos à emancipação e transformação social. 
Mais especificamente, relacionado ao projeto político pedagógico, a LDBEN, 
concedeu às escolas e, consequentemente aos segmentos envolvidos, “progressivos 
graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira”, “incumbência 
de elaborar e executar sua proposta pedagógica”, “incumbência de informar os pais e 
responsáveis sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução 
de sua proposta pedagógica”, aos professores “incumbência em participar da 
 
 
 
 
31 
elaboração da proposta pedagógica e do projeto pedagógico do estabelecimento de 
ensino e elaborar e cumprir plano de trabalho estabelecido”. 
 
 Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“É preciso fazer um problema do óbvio, daquilo que se forma o 
cotidiano, como meio de ressaltar, de sentir o mundo mais vivamente 
e de poder voltar a encontrar o significado daquilo que nos rodeia”. 
(SACRISTAN, In: Veiga 1995) 
 
Embora, tenhamos presenciado os avanços e conquistas com processo de 
democratização balizado também pela promulgação de leis que favoreceram a gestão 
democrática da educação brasileira, vale ressaltar que a legislação por si só não 
garante a implantação e implementação de mudanças visando a gestão financeira, 
administrativa, política e pedagógica. Assim, como afirmam GANDIN e GANDIN 
(2003) [...] pensam muitos que a lei vai mudar a realidade e transformar escolas em 
instituições competentes (...). Pensar e colocar em práticas as inovações propostas 
pelas determinações legais requer discussão e cautela. Convém ressaltar ainda algo 
muito positivo: o planejamento educacional, produzido na modalidade de projeto 
político pedagógico, é considerado como ferramenta para implementação de 
processos pedagógicos. No entanto, é necessária cautela para não incorremos na 
inovação regulatória, tomando a introdução das novidades da LDBEN 9394/96, 
legitimadora de um controle tecnicista e burocrático. Mas podemos, sim, com reflexão 
crítica, utilizar a ferramenta do projeto político pedagógico, como inovação 
emancipatória, visando o engajamento coletivo rumo às transformações significativas. 
Concluímos assim, que as considerações e discussões sobre a implantação da 
LDB, ressaltam que as legislações e prescrições oficiais não se incorporam à escola 
tal e qual foram pensadas e formuladas, mas são percebidas e interpretadas dentro 
 
 
 
 
32 
de uma determinada ordem escolar existente, muitas vezes a partir de praticadas 
consolidadas, costumes instalados e valores estabelecidos pela sociedade. Conforme 
Machado, que cita Rockwell em seu artigo: 
 
[...] não se trata simplesmente de que existam algumas práticas 
que correspondam a normas e outras que se desviam delas. 
Toda experiência escolar participa nesta dinâmica entre normas 
oficiais e a realidade cotidiana [...] O conjunto de praticas 
cotidianas resultantes deste processo é o que constitui o 
contexto formativo real tanto para professores como para alunos 
[...]. (MACHADO, apud, Rockwell, 1995, p.14). 
 
Síntese 
 
 No Brasil partir de 1988, com a promulgação da Constituição verifica-
se a lógica da descentralização e da gestão democrática. Em decorrência 
a LDBEN 9394/96, pautada em princípios democráticos, aponta por uma 
educação de qualidade para todos. Uma das novidades da LDB estudadas 
neste módulo foi a introdução do projeto político pedagógico, como 
ferramenta do planejamento educacional participativo, visando maior 
autonomia às unidades educacionais brasileiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 Considerações Finais 
 
Finalizando o Módulo 2, esperamos que você tenha compreendido as 
concepções em estudo do projeto político pedagógico, sua conceituação, dimensões 
e características, bem como as contribuições da LDBEN 9394/96 para o projeto 
político pedagógico. No próximo Módulo, aprofundaremos a discussão sobre a 
metodologia de trabalho para a elaboração do projeto político pedagógico, 
referenciada a uma proposta concreta de planejamento e currículo, que vem sendo 
construída e vivenciada por coletivos humanos singulares, na perspectiva da gestão 
democrática, utilizando elementos e aprendizados do Módulo2. 
Até lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 Apresentação 
 
 MÓDULO 3 
 Metodologia de trabalho para a elaboração do Projeto Político 
Pedagógico 
 
 
 MÁRCIA REGINA BARRELLI 
 
 Disciplina: Construção de Projetos Pedagógicos e Tecnologias Aplicadas 
à Docência 
Módulo 3 – Metodologia de trabalho para a elaboração do Projeto Político 
Pedagógico– Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 3– Metodologia de trabalho para a elaboração 
do Projeto Político Pedagógico 1.Currículo 2.Projeto Pedagógico 
3.Proposta Pedagógica 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 Conversa Inicial 
 
 
No terceiro módulo, discutiremos sobre a metodologia de trabalho para a 
elaboração do projeto político pedagógico das unidades educacionais e espaços 
educativos, na perspectiva participativa, democrática, coletiva, emancipadora. Para 
tanto, utilizaremos o conteúdo aprendido e refletido nos módulos 1 e 2, conceitos 
referentes ao planejamento educacional participativo, projeto político pedagógico. 
Durante o percurso do módulo 3 estudaremos os princípios norteadores do projeto 
político pedagógico, linhas de construção de proposta pedagógica, finalizando nossa 
reflexão sobre a identidade da escola expressa no currículo. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de 
estudos. 
 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 3. Princípios norteadores do projeto político pedagógico 
 
No primeiro módulo aprendemos sobre as concepções e definições da ação de 
planejar, do planejamento educacional participativo, bem como sobre os elementos 
e modalidades do planejamento. Trilhamos o segundo módulo caracterizando o 
projeto político pedagógico como uma modalidade de planejamento, na perspectiva 
da gestão democrática, coletiva, como inovação emancipadora. Segundo 
Vasconcellos: 
 
Projeto político pedagógico é um instrumento teórico metodológico que visaajudar enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de forma refletida, 
consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma 
metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os 
agentes da instituição. (VASCONCELLOS, C.S. 2006, p.143) 
 
Esclarecidos estes conceitos e definida desde o módulo 1 qual concepção de 
planejamento educacional que iríamos trilhar e compartilhar – perspectiva 
democrática, participativa e coletiva -, seguiremos nossa discussão com a 
caracterização do projeto político pedagógico e suas implicações, relativos aos 
princípios norteadores. Veiga (2002 p.16), cita Saviani, que define quais seriam 
estes princípios norteadores, que segundo este autor são “os arcabouços para a sua 
efetivação processual [...] proporcionam ambientes favoráveis ás discussões e 
debates.” 
 
São os princípios: 
▪ Igualdade de condições para acesso e permanência na escola – o projeto 
político pedagógico, expresso na ação educativa, em seu conjunto, pode 
propiciar, democraticamente a igualdade de condições a todos os atores, 
ingressantes na escola pública, sujeitos de direitos de nela permanecerem; 
 
 
 
 
37 
▪ Qualidade – aspecto que não privilegia minorias econômicas e sociais. Está 
associada ao princípio da igualdade, considerando que é do interesse da 
sociedade que seus cidadãos sejam educados, instruídos e formados, e que esta 
é a principal função da escola, administrá-la de modo eficiente e eficaz, o desafio 
do PPP é o de propiciar uma qualidade para todos. Quando assim administrada, 
a escola oferece condições para a permanência dos que nela ingressarem e o 
direito à aprendizagem. 
 
▪ Gestão democrática – a gestão democrática constitui-se no princípio de 
discussão para participação ampla de autores e atores do projeto político 
pedagógico das unidades educacionais, abrangendo as dimensões pedagógica, 
administrativa e financeira, implicando no repensar da estrutura de poder da 
escola, da compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática 
pedagógica, num compromisso e na construção coletiva. 
 
▪ Liberdade- está associada ao princípio da autonomia, à capacidade da escola de 
delinear sua própria identidade, possibilitando as escolhas do projeto político 
pedagógico. Estas escolhas envolvem as dimensões políticas, administrativas e 
pedagógicas, evidenciando a escola que temos e a escola que queremos. A ideia 
de autonomia está ligada à concepção emancipadora da educação. 
 
▪ Valorização do magistério – princípio central na discussão do PPP. A formação 
continuada dos profissionais da escola, compromissada com construção do PPP 
não deve limitar-se aos conteúdos curriculares, mas se estender à discussão da 
escola como um todo e suas relações com a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com princípios 
norteadores do projeto político pedagógico - “O planejamento 
dialógico é alternativa porque, com a ampliação da comunicação 
pelo diálogo coletivo e interativo desde a formulação das questões 
relacionadas, por exemplo, às questões orçamentárias, pedagógicas 
ou administrativas das escolas e das políticas públicas 
educacionais, vai acontecendo num processo de participação, de 
envolvimento [...] É essa a grande vantagem do planejamento 
dialógico, organizado, democraticamente sistematizado e voltado 
para o respeito à autonomia dos sujeitos partícipes do processo.” 
(PADILHA, P.R. 2002, p.26) 
 
 
Seguindo, podemos perceber que a construção do projeto político pedagógico, 
na perspectiva dos princípios norteadores acima arrolados – igualdade de condições 
de acesso e permanência, qualidade, gestão democrática, liberdade, valorização do 
magistério - fundamentam-se nos mesmos princípios que balizam a escola pública e 
democrática, de qualidade. 
No documento MEC Escola de gestores - projeto político pedagógico: dimensões 
conceituais – Projeto vivencial, o autor Gimeno Sacristan é citado ao discutir um projeto 
de escola pública da modernidade, destacando, seus objetivos e finalidades 
(SACRISTAN, 2001, p.24): 
▪ Fundamentação da democracia; 
▪ Estímulo ao desenvolvimento da personalidade do sujeito; 
▪ Difusão e incremento do conhecimento e da cultura em geral; 
 
 
 
 
39 
▪ Inserção dos sujeitos no mundo; 
▪ Custódia, cuidado dos mais jovens; 
Assim, podemos dizer que os princípios norteadores somados aos objetivos e 
finalidades apontadas por Sacristan, se relacionam e se condicionam, evidenciando 
inclusive nossas concepções de planejamento educacional participativo e projeto 
político pedagógico, pois expressam uma crença numa educação democrática, que 
inclui sujeitos, que transforma, emancipa, através do cuidado, do desenvolvimento e 
difusão de conhecimento e de cultura, com liberdade, participação, autonomia. 
 Trata-se de aprender para conhecer e transformar o mundo em que se vive. 
[...] aluno aprende apenas quando se torna sujeito de sua aprendizagem. E 
para ele tornar-se sujeito de sua aprendizagem ele precisa participar das 
decisões que dizem respeito ao projeto de escola que faz parte também do 
seu projeto de vida. Não há educação e aprendizagem sem sujeito da 
educação e da aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do 
ato pedagógico. (GADOTTI, 2000, p.36) 
 
Síntese 
 
Neste item refletimos sobre os princípios norteadores do projeto político 
pedagógico. São eles: 
- igualdade de condições de acesso e permanência, qualidade, gestão 
democrática, liberdade, valorização do magistério. E também sobre os 
objetivos e finalidades da escola públicas propostos por Sacristan: 
fundamentação da democracia, estímulo ao desenvolvimento da 
personalidade do sujeito, difusão e incremento do conhecimento e da 
cultura em geral, inserção dos sujeitos no mundo e custódia, cuidado dos 
mais jovens. 
 
 
 
 
 
 
40 
3.1 Construção do Projeto Político Pedagógico 
 
Retomando o módulo 1, e, portanto, seguindo a crença que o planejamento 
participativo é a ferramenta mais eficaz, dentro da lógica da gestão democrática, na 
construção de ideais coletivos em escolas e outros espaços educativos, GANDIN, e 
GANDIN, (2003) L., apresentam a proposta de três momentos distintos, porém 
integrados, na elaboração do plano/projeto: 
1. A indicação de um horizonte ou referencial (definição de um ideal social e 
educacional, em que o coletivo quer chegar, ações voltadas numa mesma direção); 
2. A construção de um diagnóstico que julgue a prática à luz do referencial (não 
deve ser confundido com um levantamento de problemas, mas sim das necessidades 
da escola e seus sujeitos); 
3. Programação das ações concretas (definidas as necessidades e a distância 
entre o real e o ideal, pode-se elaborar a programação, ou seja, as ações concretas a 
serem realizadas). 
A adoção da metodologia condizente aos fins que se deseja alcançar é critério 
essencial para o êxito do projeto político pedagógico. A legitimidade e a racionalidade 
do projeto político pedagógico vinculam-se à metodologia usada na sua construção. 
São variados os caminhos da elaboração e implementação do projeto político 
pedagógico da escola. Nós escolhemos trilhar nossos estudos no âmbito do 
planejamento dialógico/participativo, então o princípio metodológico da formulação de 
perguntas e questionamentos para problematizar a realidade, como proposta de 
trabalho na elaboração do projeto. 
 
3.1.1- Elementos do Projeto Político Pedagógico 
 
Acolhendo as propostas de Gandim e Gandim (2003), quando se inicia o 
processo de construção coletiva do projeto político pedagógico,indica-se um marco 
referencial – a escola que queremos -, e durante esta indicação o grupo de atores e 
 
 
 
 
41 
autores o projeto da escola vão levantando o diagnóstico e as necessidades, definindo 
as ações para alcançar o lugar aonde se quer chegar. E neste processo de construção 
e organização do trabalho pedagógico da escola, entendido, então, como o próprio 
projeto político pedagógico, apontam-se elementos básicos constitutivos, segundo 
Veiga (2002, p.22): 
 
 
 
▪ Finalidades da escola – há necessidade de se refletir sobre a ação 
educativa que a escola desenvolve com base em finalidades e objetivos 
definidos no coletivo. As finalidades podem ser de cunho social, político, 
cultural, humanístico. 
▪ Estrutura organizacional – compreende a estrutura administrativa e 
pedagógica. A estrutura administrativa refere-se a gestão de recursos 
humanos, físicos e financeiros. Equipamentos, prédio escolar, 
distribuição das dependências, todas as instalações físicas, 
caracterização local. A estrutura pedagógica envolve todos os aspectos 
que referem às ações educativa e do ensino aprendizagem. 
▪ Currículo – é um importante elemento constitutivo do projeto político 
pedagógico, e implica, a interação entre os sujeitos do processo 
educativo, pressupondo a produção, a transmissão e assimilação de 
conhecimentos historicamente produzidos. Em uma determinada 
concepção o currículo, pode se referir à organização do conhecimento 
escolar, mas não é uma mera simplificação de rol de conteúdos. O 
currículo não é um instrumento neutro, expressa uma ideologia, uma 
cultura, não pode ser separado do contexto social. No próximo item 
vamos discutir mais sobre a identidade da escola quando expressamos 
o currículo “escolhido” com o projeto político pedagógico, lembrando aqui 
que balizamos nosso estudo de planejamento e de projeto político 
pedagógico na inovação emancipatória, então, portanto, o currículo 
definido terá papel fundamental para contestar, resistir e transformar. 
 
 
 
 
42 
▪ Tempo escolar – calendário escolar, horário escolar, são exemplos que 
levam à compartimentalização do tempo. É importante que os 
educadores percebam e criem novos espaços e tempos para 
conhecerem melhor seus estudantes como e o que estão aprendendo, 
quais as dificuldades e necessidades. Exemplos: espaços e projetos 
extras, além dos horários de aula já previstos. 
 
▪ Processo de decisão – criação e previsão de mecanismos de 
participação de todos os envolvidos no processo educativo, avaliando e 
acompanhando, assim, o projeto político pedagógico. Exemplos destes 
mecanismos, como já vimos no módulo 1: colegiados, conselhos de 
escola, grêmios, associações, equipes de trabalho. 
 
 
▪ Relações de trabalho – baseadas em princípios democráticos, assim 
também será a construção do projeto político pedagógico, com atitudes 
de participação coletiva e dialógica, de solidariedade, reciprocidade, de 
descentralização do poder, articulando práticas emancipatórias. 
 
▪ Avaliação – a avaliação neste contexto, compreende as contradições e 
os conflitos. Envolve três momentos: a descrição e da problematização 
da realidade, a compreensão crítica desta realidade, e a proposta de 
ações coletivas, a serem constantemente avaliadas e retomadas, para 
um novo processo de tomadas de decisões. É o exercício: AÇÃO – 
REFLEXÃO - AÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
Síntese 
 
Aprendemos neste item - marco referencial - a escola que queremos -, e durante esta 
indicação o grupo de atores e autores o projeto da escola vão levantando o diagnóstico 
e as necessidades, definindo as ações para alcançar onde se quer chegar. 
Começamos a delinear uma estrutura de projeto político pedagógico ao conhecermos 
os elementos constitutivos do projeto, segundo VEIGA (2002, p.22): 
- finalidades da escola 
- estrutura organizacional 
- currículo 
- tempo escolar 
- processo de decisão 
- relações de trabalho 
- avaliação 
 
 
Reflita sobre as questões: 
O projeto político pedagógico é um modismo, um antídoto, ou uma 
ação necessária para uma educação de qualidade? 
Em que direção caminhar para provocar a construção coletiva de um 
projeto político pedagógico capaz de atender de um lado às 
necessidades dos alunos e de outro a escolha dos conteúdos e à 
mediação do saber? 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
É importante destacar no âmbito do planejamento dialógico/participativo é 
necessário explicitar as articulações entre os diversos tipos de planos (plano de 
trabalho docente, plano de curso, plano de disciplina, plano de aula, plano de ensino, 
plano curricular), conceitos que aprendemos do módulo 1, tendo como eixo norteador 
o projeto político pedagógico. Nessa mesma perspectiva as instâncias colegiadas 
(conselho de escola, conselhos de séries, ciclos ou classes, grêmio estudantil e 
associações de pais e mestres) também comportam seus respectivos planos de 
trabalho cujas metas e objetivos são frutos da análise da realidade escolar e do campo 
de atuação de cada segmento. 
Destacamos, mais uma vez, que o projeto político pedagógico deve ser a 
referência para a reflexão e ação de todas essas instâncias colegiadas. 
Não pretendemos aqui estudar e apresentar receitas e modelos de projetos, 
nem mesmo de esgotar o assunto sobre a metodologia de elaboração do projeto 
político pedagógico, mas acreditamos que durante nossa jornada de estudos durante 
os módulos 1, 2 e este em questão, fica evidente nossa preocupação em provocar 
reflexões no sentido da prática democrática, participativa, dialógica, coletiva na 
construção dos projetos das escolas públicas de qualidade. 
Apresentamos a seguir, de forma sucinta, como sugestão a ser discutida e 
refletida, uma proposta de organização, com componentes fundamentais de um 
projeto político pedagógico baseado em Padilha, (2003 p.90): 
1. Identificação do projeto – nome do projeto, identificação geral da escola, 
período de duração do projeto (ano letivo, por exemplo), número de alunos, 
professores, funcionários, caracterização da escola, localização situação física 
da escola, recursos humanos e materiais, gestão da escola. 
2. Histórico e justificativa – registrar as articulações entre os segmentos escolares, 
incluindo a síntese do marco referencial – diagnóstico, a escola que temos e a 
escola que queremos. 
3. Objetivos gerais e específicos – o que se pretende alcançar em linhas gerais, 
ao sistema de ensino que a escola está ligada, e os específicos em cada plano 
de cada segmento e modalidades de plano. O desdobramento do objetivo em 
geral em específico traduz-se na definição da proposta curricular. 
 
 
 
 
45 
4. Metas – mais concretas que os objetivos devem ser quantificadas e detalhadas 
(onde e quando vai ocorrer a ação). As metas devem ser enumeradas em 
consonância com as atividades que serão desenvolvidas durante a execução 
do projeto. 
5. Desenvolvimento metodológico e Recursos – escolha de estratégias de ação e 
previsão da disponibilidade de recursos físicos, materiais, humanos e 
financeiros. 
6. Cronograma – previsão da distribuição ordenada das ações cronologicamente. 
7. Avaliação – momentos de verificação da concretização parcial e total dos 
objetivos e metas, com previsão dos instrumentos de avaliação. 
8. Conclusão – o projeto político pedagógico deverá oferecer elementos para 
discussão, elaboração e divulgação do Regimento Escolar ou Regimento 
Educacional, onde estarão dispostos todas as decisões dos segmentos 
participantes do processo educativo em relação às atribuições e competênciasadministrativas e pedagógicas da escola. 
 
Reflita sobre as questões: 
A escola por meio de seu projeto político pedagógico pode mobilizar 
forças para processos qualitativos. É nessa perspectiva que fazem 
sentido problematizações como 
- quais finalidades da escola? 
- que cidadãos queremos formar? 
- que sociedade queremos construir? 
- quais conhecimentos, quais escolhas curriculares? 
- como mobilizar e efetivar a participação do coletivo? 
- e a sistemática de avaliação e retomada do projeto? 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Sem dúvida, o processo de planejamento, de estruturar e organizar o projeto 
político pedagógico é complexo. Não é banalizando esta complexidade que 
resolveremos os grandes desafios colocados aos educadores. No entanto, como já 
falamos o projeto político pedagógico é uma potente ferramenta de transformação da 
realidade educacional, ou seja, é uma mediação que ajuda organizar e estabelecer o 
desejado e o vivido, diminuindo esta distância. Fechamos este item com a citação de 
Vasconcellos, para reflexão: 
O grande potencial transformador do Planejamento Participativo está em 
articular os vários níveis de reflexão (para onde queremos ir, onde estamos e 
o que fazer para chegar lá) e em oferecer estes instrumentos de passagem 
do desejado - Marco Referencial – à Realidade: o Diagnóstico e a 
Programação. (VASCONCELLOS2006, p.49) 
 
Síntese 
 
Apresentamos neste item uma sugestão de proposta de organização de 
projeto político pedagógico, segundo Padilha. São os componentes desta 
proposta: 
- identificação do projeto. 
- histórico e justificativa. 
- objetivos gerais e específicos (proposta curricular). 
- metas. 
- desenvolvimento metodológico e recursos. 
- cronograma. 
- avaliação. 
- conclusão. 
 
 
 
 
 
 
47 
 3. 2. A Identidade da Escola e o Currículo 
 
 Estudamos que o projeto político pedagógico é um instrumento da ação 
educativa que pode trazer mudanças, inovações, transformações. No entanto, estas 
mudanças, inovações, nem sempre são emancipatórias. 
 Inovação regulatória (ou técnica) caracteriza-se por ser mudança instituída 
formalmente, organizacional, descontextualizada, temporária e parcial, 
descomprometida com os sujeitos protagonistas envolvidos, desprezando as 
diferenças, as relações de conflito, de força. Nega a diversidade de interesses, pois é 
uma ação sem a participação de todos e não compartilham da mesma concepção de 
homem, de sociedade, de educação. 
 Nesta perspectiva, regulatória, o projeto político pedagógico pode ser uma 
novidade, uma inovação, assumido como um instrumento organizacional, quantitativo, 
de padronização, de controle burocrático, um conjunto de atividades que vão gerar um 
produto: um documento encadernado, pronto e acabado, elaborado, por tecnocratas, 
ou por um pequeno grupo da instituição, não coadunando com a concepção de projeto 
que estudamos e acreditamos: planejamento educacional participativo. 
 Já a inovação emancipatória corresponde com as concepções que estudamos 
no módulo 1 e neste módulo. O projeto político pedagógico não é um fim em si mesmo, 
um documento encadernado na gaveta. Na perspectiva emancipatória a inovação e o 
PPP estão organicamente articulados, integrando-se fins e meios, pautados por 
processos de ruptura com as normas conservadoras já instituídas, cristalizadas. É de 
natureza democrática, coletiva, ético social e cognitivo instrumental, visando à eficácia 
dos processos formativos sob o olhar da ética, referenciada ao contexto social. 
Baseia-se em processos dialógicos e não impositivos, mobilizando todos os 
sujeitos envolvidos, protagonizando vozes antes silenciadas, valorizando os diversos 
tipos de saberes e necessidades, construindo assim a proposta pedagógica educativa 
significativa para a unidade educacional. 
 
 
 
 
48 
Então, um projeto político pedagógico baseado em princípios democráticos, 
como inovação emancipatória, expressará uma identidade de escola através de sua 
proposta, coerente, cumprindo sua função social de propiciar a efetiva aprendizagem 
e desenvolvimento por parte de todos os alunos. 
 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a 
temática em estudo e desdobramentos 
A escola coloca-se como agenciadora do saber; no entanto, o 
processo de aquisição desse saber pode se dar tanto de maneira 
opressiva, tendo como centro a indisciplina do aluno suas possíveis 
limitações individuais e sociais como, também, centrar-se na 
concepção transformadora, dialógica e, neste caso, o aluno deixa de 
ser domesticado para assumir o importante papel de autor de sua 
história. (RESENDE, In: VEIGA, 2002 p. 73). 
 
 
Toda escola deve ter uma alma, uma identidade, uma qualidade que a faz ser 
única para todos que nela passam uma parte de suas vidas. Esse vínculo cognitivo 
e afetivo deve ser construído a partir das vivências propiciadas a toda a 
comunidade escolar. Já vimos e discutimos que o projeto político pedagógico, em 
construção coletiva, dialógica e participativa deve contribuir para criar ou fortalecer 
a identidade da escola. 
A comunidade escolar deve levantar: 
▪ as características atuais da escola; 
▪ suas limitações e possibilidades; 
▪ os seus elementos identificadores; 
▪ a imagem que se quer construir quanto a seu papel na comunidade em que 
está inserida. 
 
 
 
 
 
49 
Ao delinear o horizonte, onde se quer chegar – o desejo, o coletivo da escola, 
elabora, entre outros elementos constitutivos do projeto político pedagógico, a 
Proposta Pedagógica, que vai englobar o conjunto de experiências e práticas 
pedagógicas educativas, que convencionaremos chamar de Currículo, salvo melhores 
ou diferentes definições, já que o conceito de currículo não é de simples formulação. 
Tomaz Tadeu da Silva, em sua obra Documentos de identidade – uma introdução às 
teorias do currículo -, percorre este árduo caminho de definição de currículo, e revela 
logo na introdução que: 
 
(...) a questão central que serve de pano de fundo para qualquer teoria do 
currículo é a de saber qual conhecimento deve ser ensinado. De uma forma 
mais sintética questão central é: o quê? Para responder a essa questão as 
diferentes teorias podem recorrer a discussões sobre a natureza humana, 
sobre a natureza da aprendizagem ou sobre a natureza do conhecimento, da 
cultura e da sociedade. (Silva, 1999, p.14). 
 
Entretanto, salientamos que a questão básica do currículo: o que os alunos 
devem saber? Qual o conhecimento deverá fazer parte do currículo? Percebemos 
então, o momento e os critérios das escolhas, que não serão neutros, e se 
relacionarão com as concepções e necessidades da sociedade e da comunidade, das 
relações de poder, das contradições, das tensões, dos conflitos, dos autores e atores 
do processo educativo, e todo o envolvimento na discussão e engajamento com 
projeto político pedagógico com vistas à emancipação. 
 
Vale ressaltar que nas discussões cotidianas, quando pensamos em currículo, 
não podemos pensar apenas em conhecimento, pois currículo é uma questão de 
identidade. Portanto, o currículo é um meio de atribuição de sentido às diversas 
atividades realizadas no interior da escola, por ser intencional e sistemático, 
implicando na elaboração e realização de todo o programa de experiências 
pedagógicas, incluindo a avaliação a serem vivenciadas em sala de aula e demais 
espaços da escola. Pensando assim, a pratica educativa escolar, dependerá, da 
concepção de currículo expressa na proposta pedagógica da escola. Tradicionalmente 
– escolas públicas têm a sua prática pedagógica determinada ou por orientações 
oriundas das secretarias

Outros materiais