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1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE Bom pessoal, vamos à luta?! Sou o professor Leandro Ravyelle e vamos embarcar nesse mundo que é a nossa disciplina de Administração Financeira e Orçamentária -AFO. Cursei bacharelado em matemática na Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente sou servidor público no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, lotado na Diretoria de Programação e Orçamento, ou seja, estou diariamente trabalhando com o nosso objeto de estudo: orçamento público. Leciono nossa matéria desde 2016 e farei o máximo para trazer todo o meu conhecimento sobre o conteúdo para facilitar o seu aprendizado. Este é um resumo teórico compilado, ou seja, um material mais sintético e mais enxuto (enxuto no quesito visual, mas a teoria é a mesma do material completo) e é direcionado aos alunos que buscam algo mais sucinto, resumido e sem deixar qualquer detalhe de fora! Sou concurseiro, assim como vocês, e prometo trazer todas as dicas e macetes que aprendi ao longo dos meus anos de luta para facilitar o nosso estudo. Já fui aprovado em alguns concursos, dentre eles: • SEDUC-CE (Professor do Estado) - 2013 • Banco do Brasil (Escriturário) - 3º Lugar - 2015 (Assumi e trabalhei por 1 ano e 9 meses. • Tribunal de Justiça do Estado da Bahia - 2015 - 22º lugar (Técnico Judiciário) - Atual cargo • Tribunal Regional Federal 1ª Região - Analista Judiciário (Área Administrativa) - 34º lugar • Tribunal Regional Federal 5ª Região - 2017 - Analista Judiciário (Área Administrativa) - 6º lugar • Tribunal Regional Federal 5º Região - 2017 - Técnico Judiciário (Área Administrativa) - 92º lugar Na página seguinte, trarei o MAPA DA MINA: a transcrição dos tópicos do edital associados diretamente com os capítulos deste material. Agora, meu querido (a), é bunda na cadeira e correr para o abraço! Avante! 2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE VAGAS E FORMAÇÃO DE CADASTRO DE RESERVA EM CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR E DE NÍVEL MÉDIO EDITAL Nº 1 – MPPI, DE 11 DE JULHO DE 2018 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (MAPA DA MINA) NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA: 1. Orçamento público. 1.1 Conceito 1.2 Técnicas orçamentárias. - CAPÍTULO 1 2. O orçamento público no Brasil & 2.2 Plano plurianual. 2.3 Diretrizes orçamentárias. 2.4 Orçamento anual. - CAPÍTULO 2 1.3. Princípios orçamentários. - CAPÍTULO 3 1.4. Ciclo orçamentário. 1.5 Processo orçamentário. - CAPÍTULO 4 2.1 Sistema de planejamento e de orçamento federal. 2.5 Sistema e processo de orçamentação. 3.2 Acompanhamento da execução. 3.3 Sistemas de informações. - CAPÍTULO 12 3.1 Descentralização orçamentária e financeira. - CAPÍTULO 11 2.8 Créditos ordinários e adicionais. 3.4 Alterações orçamentárias. - CAPÍTULO 7 4 Receita pública. 4.1 Conceito e classificações. 4.2 Estágios. 4.3 Fontes. 4.4 Dívida ativa. CAPÍTULO 5 5 Despesa pública. 5.1 Conceito e classificações. 5.2 Estágios. 2.6 Classificações orçamentárias. 2.7 Estrutura programática. 3 Programação e execução orçamentária e financeira. - CAPÍTULO 6 5.3 Restos a pagar. - CAPÍTULO 8 5.4 Despesas de exercícios anteriores. - CAPÍTULO 9 5.6 Suprimento de fundos. - CAPÍTULO 10 6 Lei Complementar nº 101/2000 e suas alterações (Lei de Responsabilidade Fiscal). 5.5 Dívida flutuante e fundada. - CAPÍTULO 13 7 Lei nº 4.320/1964 e suas alterações. - TRABALHADA NOS CAPÍTULOS SUPRACITADOS 3 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO, TIPOS DE ORÇAMENTO E TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS 1. INTRODUÇÃO O Direito financeiro compreende a disciplina jurídica da atividade financeira do Estado, envolvendo receita, despesa, orçamento e crédito público. Ele disciplina a organização e a administração das finanças públicas, ou seja, disciplina a atividade financeira do Estado: é mais amplo que o Direito tributário. Já o Direito tributário trata da disciplina jurídica apenas dos tributos (receitas tributárias: impostos, taxas e contribuições). Compreende o conjunto de normas que regulam a instituição e arrecadação desses tributos e a relação jurídica do Estado com os contribuintes. A atividade pública é aplicada no âmbito Federal, estadual e municipal, e, segundo Aliomar Baleeiro (1973), consiste em: Obter recursos Receita pública Despender recursos Despesa pública Gerir e planejar recursos Orçamento público Criar crédito Empréstimo público 2. DIMENSÕES DO ORÇAMENTO • DIMENSÃO JURÍDICA- o Orçamento Público tem caráter e força de lei, e enquanto tal define limites a serem respeitados pelos governantes e agentes públicos, no tocante à realização de despesas e à arrecadação de receitas. A elaboração e a aprovação do Orçamento Público seguem o processo legislativo de discussão, emenda, votação e sanção presidencial como qualquer outra lei. • DIMENSÃO ECONÔMICA- o Orçamento Público é basicamente o instrumento por meio do qual o Governo extrai recursos da sociedade e os injeta em áreas selecionadas. Esse processo redistributivo não é neutro do ponto de vista da eficiência econômica e da trajetória de desenvolvimento de longo prazo. Tanto os incentivos microeconômicos e setoriais quanto as variáveis macroeconômicas relativas ao nível de inflação, endividamento e emprego na economia são diretamente afetados pela gestão orçamentária. • DIMENSÃO POLÍTICA- é corolário da dimensão econômica. Se o Orçamento Público tem um inequívoco caráter redistributivo, o processo de elaboração, aprovação e gestão do orçamento embute, necessariamente, perspectivas e interesses conflitantes que se resolvem em última instância no âmbito da ação política dos agentes públicos e dos inúmeros segmentos sociais. Atualmente, o orçamento deixou de ser mera peça orçamentária e tornou-se um poderoso instrumento de intervenção na economia e na sociedade. O orçamento tem aspecto político, porque revela ações sociais e regionais na destinação das verbas. Tem também 4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE características econômicas, porque manifesta a realidade da economia. É técnico, porque utiliza cálculos de receita e despesa e tem, ainda, aspectos jurídicos, porque atende às normas da Constituição Federal e de leis infraconstitucionais. 1.1 NATUREZA JURÍDICA A Lei Orçamentária Anual é uma lei formal ou material? Não há consenso entre os doutrinadores com relação à natureza jurídica do orçamento. Segundo Paludo (2017), a o orçamento é uma lei no que se refere ao aspecto formal, visto que passa por todo o processo legislativo (discussão, votação, aprovação, publicação), mas não o é em sentido material. Esse posicionamento é coerente com a maioria dos autores e com o entendimento do próprio STF, assim resumido: "o orçamento é lei formal que apenas prevê receitas e autoriza gastos, sem criar direitos subjetivos e sem modificar as leis tributárias e financeiras". Professor, cabe, então, fiscalização abstrata de constitucionalidade de normas orçamentárias? De início, sob o fundamento de que as leis orçamentárias se revelam como atos normativos de efeitos meramente concretos, sendo lei apenas em sentido formal, entendia-se serem incabíveis as ações de controle concentrado que impugnavam este tipo de lei. Entendia-se, nesse primeiro momento, que a impugnação de lei orçamentária não representaria, a rigor, o ataque a um ato normativo, mas a um ato político-administrativo concreto de destinaçãode recursos, que apenas formalmente se reveste como lei. Seria descabido o controle de constitucionalidade, portanto, por não se tratar de ato normativo. Foi o que restou assentado, verbi gratia, no julgamento da ADI 1.640, ReI. Min. Sydney Sanches, DJ de 03.04.1998. Uma nova interpretação judicial do texto constitucional, porém, passou a ser amplamente afirmada pelo Tribunal em estágio posterior, superando aquele restritivo entendimento inicial. Um importante marco neste processo foi a ADI 4.048-MC, reI. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe de 21.08.2008, quando se impugnava Medida Provisória que abria crédito extraordinário. Logo, o entendimento que atualmente predomina é o da possibilidade de impugnação, por meio das ações de controle de constitucionalidade abstrato e concentrado, das leis orçamentárias. Embora, ainda hoje, é comum que, nas informações que as autoridades do Executivo prestam nessas ações, seja alegada a impossibilidade de controle judicial da matéria, postulando -se um retomo àquele primeiro entendimento jurisprudencial. Entretanto, tais pedidos têm restado rechaçados. Também em sede da doutrina constitucionalista, tem se defendido amplamente a possibilidade de que leis orçamentárias sejam objeto da fiscalização abstrata de constitucionalidade, quando houver, em suas impugnações, questão constitucional suscitada em abstrato, independentemente de seu caráter geral e abstrato, ou específico e concreto. O STF, ao julgar a ADI 2925, em 2003, mudou o seu posicionamento acerca da possibilidade de controle de constitucionalidade de leis orçamentárias. Até então o posicionamento era pela impossibilidade devido a natureza de lei formal destas normas. Contudo, na ADI 2925, vislumbrou-se a existência de NORMAS ABSTRATAS inseridas na lei orçamentária de 2003, o que abriu, assim, espaço para controle de constitucionalidade. 5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE Registre-se que, atualmente, o STF admite o controle de constitucionalidade de lei, independentemente de ser apenas lei em sentido formal - ADI 4048 e ADI 4049. (VER TAMBÉM A ADI 5449-MC DE 10.03.2016). Conforme Teori Zavascki, “leis orçamentárias que materializem atos de aplicação primária da Constituição Federal podem ser submetidas a controle de constitucionalidade em processos objetivos.” Segundo a decisão da ministra Rosa Weber nos dois mandados de segurança, o Executivo somente está autorizado a promover ajustes nas propostas enviadas pelos demais poderes quando as despesas estiverem em desacordo com os limites estipulados pela lei de diretrizes orçamentárias. Inexistindo incompatibilidade, não há amparo no ordenamento jurídico para a sua alteração, ainda que sob o pretexto de promover o equilíbrio orçamentário ou obtenção de superávit primário. Ainda segundo a ministra, concluída a fase de apreciação legislativa e submetido o projeto de lei orçamentária anual à Presidência da República há possibilidade de veto total ou parcial. Em suma, o Executivo somente está autorizado a promover ajustes nas propostas enviadas pelos demais poderes quando as despesas estiverem em desacordo com os limites estipulados pela lei de diretrizes orçamentárias. 1.2 ORÇAMENTO AUTORIZATIVO X IMPOSITIVO No Brasil, o Orçamento Público tem caráter autorizativo, e não impositivo. Quando o orçamento anual é aprovado, transformando-se na Lei Orçamentária Anual (LOA), apenas contém a autorização do Poder Legislativo para que, no decorrer do exercício financeiro, o gestor público verifique a real necessidade e utilidade de realização da despesa autorizada, e, sendo ela necessária, proceda a sua execução. Portanto, ele não é obrigatório, visto que compete ao gestor público analisar a conveniência e oportunidade de realização da despesa autorizada pela LOA. Com relação às despesas obrigatórias estabelecidas pela Constituição ou mediante lei, no entanto, não há falar em caráter autorizativo do orçamento. Para essas, o caráter será sempre obrigatório, e, portanto, impositivo. Mas com relação às despesas não obrigatórias, a sua execução insere-se na discricionariedade do gestor. Cuidado!!! Em geral, mesmo depois da EC-86/2015 (execução obrigatória de 1,2% da RCL), o Orçamento Público brasileiro ainda é considerado autorizativo. 1.3 ORÇAMENTO EXECUTIVO X LEGISLATIVO X MISTO ORÇAMENTO LEGISLATIVO a elaboração, a votação e o controle do orçamento são competências do Poder Legislativo. Normalmente ocorre em países parlamentaristas. Ao Executivo cabe apenas a execução. Exemplo: Constituição Federal de 1891 ORÇAMENTO EXECUTIVO a elaboração, a votação, o controle e a execução são competências do Poder Executivo. É típico de regimes autoritários. Exemplo: Constituição Federal de 1937 ORÇAMENTO MISTO a elaboração e a execução são de competência do Executivo, cabendo ao Legislativo a votação e o controle. Exemplo: a atual Constituição Federal de 1988 6 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE 1.4 FUNÇÕES DO ORÇAMENTO PÚBLICO Por meio do Orçamento Público e das funções orçamentárias o Governo intervém na economia para conseguir estabilidade, crescimento e correção das falhas de mercado. As três funções orçamentárias clássicas apontadas pelos autores (PALUDO, 2013) são: A FUNÇÃO ALOCATIVA está ligada à alocação de recursos por parte do Governo, que oferece bens e serviços públicos puros (ex.: rodovias, segurança, justiça), os quais não seriam oferecidos pelo mercado, ou o seriam em condições ineficientes. Oferece também bens meritórios ou semipúblicos (ex.: educação e saúde). E ainda cria condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores, corrige imperfeições no sistema de mercado (como oligopólios) e corrige os efeitos negativos relacionados a externalidades. Esta função diz respeito a promover ajustamentos na alocação de recursos e se justifica quando o funcionamento do mecanismo de mercado (sistema de ação privada) não garante a necessária eficiência na utilização desses recursos. Portanto, a utilização desse instrumento de atuação se efetiva em situações de falha de mercado, como, por exemplo, na presença de externalidades ou de bens públicos. A função alocativa é motivada quando não há oferta eficiente de infraestrutura econômica ou provisão de bens públicos e bens meritórios por parte do setor privado. Os investimentos na infraestrutura econômica, tais como energia, transportes e comunicações, impulsionam o desenvolvimento regional e nacional, e os altos investimentos necessários, aliados ao longo período para obtenção de retorno do investimento, desestimulam a iniciativa do setor privado nesses setores. Já a demanda por bens públicos e bens meritórios possui características peculiares que tornam inviável seu fornecimento pelo sistema de mercado. Os bens meritórios são bens que, apesar de possuírem natureza de bem privado, predomina a sua característica de possuírem utilidade social, justificando assim sua provisão (financiamento) pelo Governo. É o caso dos subsídios ao trigo e ao leite, serviços de saúde e educação, etc. A FUNÇÃO DISTRIBUTIVA objetiva promover ajustamentos (correções) na distribuição de renda devido às falhas de mercado (desigualdades sociais, monopólios empresariais, etc.), inerentes ao sistema econômico capitalista. É uma função que busca tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, por meio da tributação e de transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população etc. (ex.: Fome Zero, Bolsa Família, destinação de recursos para o SUS, que é utilizado por indivíduos demenor renda). Assim, o governo tributa e arrecada de quem pode pagar e os distribui (ou redistribui) a quem tem pouco ou nada tem, através de programas sociais. Como exemplo de medidas distributivas, temos o imposto de renda progressivo para financiar programas de alimentação, transporte e moradia populares. Ou ainda, concessão de subsídios aos bens de consumo popular financiado por impostos incidentes sobre os bens consumidos pelas classes de mais alta renda. Justifica-se seu emprego nos casos em que o resultado distributivo do mecanismo de ação privada não seja considerado socialmente justificável ou desejado. Mais uma vez a justificativa está ligada à correção das falhas de mercado. A FUNÇÃO ESTABILIZADORA trata da aplicação das diversas políticas econômico- financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível de emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limitação etc.). É uma função associada à manutenção da estabilidade econômica, justificada como meio de atenuar o impacto social e econômico na presença de inflação ou depressão. Portanto, seu emprego gera estabilidade dos níveis de preço (combate às pressões inflacionárias), diminui os potenciais efeitos da de pressão e mantém o nível de 7 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE emprego (combate ao desemprego). A função estabilizadora adquiriu especial importância como instrumento de combate à depressão dos anos 30 e a partir daí esteve sempre em cena contra pressões inflacionárias e contra o desemprego, fenômenos estes recorrentes nas economias capitalistas do pós-guerra. Em qualquer economia, os níveis de preços e de emprego resultam dos níveis da demanda agregada, isto é, da disposição de gastar dos consumidores, das famílias, dos capitalistas, enfim, de qualquer tipo de comprador. Se a demanda for superior à capacidade nominal (potencial) da produção, os preços tenderão a subir; se for inferior, haverá desemprego. O mecanismo básico da política de estabilização é, portanto, a ação estatal sobre a demanda agregada, aumentando-a ou reduzindo-a conforme as necessidades. Assim, o orçamento público atua fortemente na estabilização econômica. Por exemplo, as compras do governo produzem grande impacto sobre a demanda agregada, assim como o poder de consumo da grande massa de funcionários públicos. Já as mudanças nas alíquotas tributárias produzem reflexos na quantidade de recursos disponíveis junto ao setor privado. Logo, ajustando os níveis de demanda agregada e de recursos, o governo promove a política de estabilização. 1.5 TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS / TIPOS DE ORÇAMENTO O conceito tradicional/clássico de orçamento destaca a lei orçamentária como a lei que abrange a previsão da receita e a fixação de despesa para determinado período de tempo. Nesse conceito, não há preocupação com o planejamento, com a intervenção na economia ou com as necessidades da população - o orçamento é apenas um ato que aprova previamente as receitas e despesas públicas. Numa visão moderna, o orçamento é um programa de governo proposto pelo Executivo à aprovação do Legislativo. É um plano político de ação governamental para o exercício seguinte. É um espaço de debate e decisão em que os atores envolvidos revelam seu poder, suas preferências, definem as realizações pretendidas e reservam os recursos para a execução. 1.5.1 ORÇAMENTO TRADICIONAL/CLÁSSICO O Orçamento Tradicional era um documento de previsão de receitas e autorização de despesas com ênfase no gasto, no que se comprava. É um processo orçamentário em que apenas uma dimensão do orçamento é explicitada, qual seja, o objeto de gasto. Esse orçamento refletia apenas os meios que o Estado dispunha para executar suas tarefas. Sua finalidade era ser um instrumento de controle político do Legislativo sobre o Executivo, sem preocupação com o planejamento, com a intervenção na economia ou com as necessidades da população. O Legislativo queria saber apenas quanto o Executivo pretendia arrecadar e quanto seria gasto, e não se questionavam objetivos e metas do Governo. Percebe- se que o aspecto jurídico do orçamento era mais valorizado que o aspecto econômico. O critério utilizado para a classificação dos gastos era a Unidade Administrativa (classificação institucional) e o elemento de despesa (objeto do gasto), e as projeções eram feitas em função dos orçamentos executados nos anos anteriores, recaindo nas mesmas falhas e na perpetuação dos erros. O professor James Giacomoni (2013) ensina que, no Orçamento Tradicional, "o aspecto econômico tinha posição secundária e as finanças públicas caracterizavam-se por sua 'neutralidade', pois o equilíbrio financeiro impunha-se naturalmente e o volume dos gastos públicos não chegava a pesar significativamente em termos econômicos". “Foi baseado no Orçamento Tradicional que surgiu o rótulo de “lei de meios”, haja vista que o orçamento era classificado como um 8 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE inventário dos meios” com os quais o Estado contava para levar a cabo suas tarefas- sem preocupação com os fins (resultados). 1.5.2 ORÇAMENTO DE DESEMPENHO/FUNCIONAL O Orçamento de Desempenho representou uma evolução do Orçamento Tradicional; buscava saber o que o Governo fazia (ações orçamentárias) e não apenas o que comprava (elemento de despesa). Havia também forte preocupação com os custos dos programas. A ênfase era no desempenho organizacional, e avaliavam-se os resultados (em termos de eficácia, não de efetividade). Procurava- se medir o desempenho por meio do resultado obtido, tornando o orçamento um instrumento de gerenciamento para a Administração Pública. Era um processo orçamentário que se caracterizava por apresentar duas dimensões do orçamento: o objeto do gasto e um programa de trabalho, contendo as ações a serem desenvolvidas. Ainda não havia, no entanto, a estreita vinculação com o planejamento, e o critério de classificação foi alterado para incorporar o programa de trabalho e a classificação por funções. Segundo James Giacomoni (2013), o "Orçamento de Desempenho é aquele que apresenta os propósitos e objetivos para os quais os créditos se fazem necessários, os custos dos programas propostos para atingir aqueles objetivos e dados quantitativos que meçam as realizações e o trabalho levado a efeito em cada programa". 1.5.3 ORÇAMENTO BASE-ZERO OU POR ESTRATÉGIA O Orçamento Base-Zero surgiu no Texas, Estados Unidos, na década de 1970, e nele não há direito adquirido no orçamento. Cada despesa é tratada como uma nova iniciativa de despesa, e a cada ano é necessário provar as necessidades de orçamento, competindo com outras prioridades e projetos. Inicia-se todo ano, partindo do "zero" - daí o nome Orçamento Base-Zero. Memorizem que no orçamento Base Zero toda despesa é considerada uma despesa nova, independentemente de tratar-se de despesa continuada oriunda de período passado ou de uma despesa inédita/nova. O Orçamento Base-Zero exige que o administrador justifique, a cada ano, todas as dotações solicitadas em seu orçamento, incluindo alternativas, análise de custo, finalidade, medidas de desempenho, e as consequências da não aprovação do orçamento. A ênfase é na eficiência, e não se preocupa com as classificações orçamentárias, mas com o porquê de se realizar determinada despesa. O Orçamento Base-Zero surgiu para combater o aumento dos gastos e a ineficiência na utilização/alocação dos recursos. Sua filosofia é romper com o passado: ele deixa de lado os dados históricos de receitas e despesas e exige nova análise e justificativa para os gastos, de forma anão perpetuar erros históricos. O Orçamento Base-Zero proporciona informações detalhadas quanto aos recursos necessários para atingir os fins desejados, além de identificar os gastos excessivos e as duplicidades: permite selecionar as melhores alternativas, estabelece uma hierarquia de prioridades, reduzir despesas e aumentara eficiência na alocação dos recursos. No entanto, sua elaboração é trabalhosa, demorada e mais cara, além de desprezar a experiência acumulada pela organização (DESVANTAGEM). Exige maior comprometimento do gestor e proporciona mais chances de atingir objetivos e metas - visto que seleciona as melhores alternativas e equilibra as realizações pretendidas com os recursos disponíveis. Essas alternativas agrupam um conjunto de gastos denominados "pacotes de decisão", relacionados em ordem de prioridade, de forma a facilitar a tomada de decisão. Pacotes de decisão são alternativas que contêm custos, benefícios e metas. Cada pacote deve ter seu dono/gestor, que deverá justificar, executar e se responsabilizar pelos resultados, sem extrapolar os custos autorizados. Pacotes de decisão são criados para facilitar a análise das 9 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE alternativas e a tomada de decisão pela autoridade superior. São criados diversos pacotes de decisão, que devem conter: objetivos/metas, custos, medidas de avaliação, alternativas, análise custo-benefício. Tomem cuidado e atentem para o fato de que esse tipo de orçamento é incompatível com qualquer planejamento de médio ou longo prazos. 1.5.4 ORÇAMENTO PROGRAMA Esse orçamento foi determinado pela Lei nº 4.320/1964, reforçado pelo Decreto-lei nº 200/1967, e teve a primeira classificação funcional-programática em 1974, mas foi apenas com a edição do Decreto nº 2.829/1998 e com o primeiro PPA 2000-2003 que se tornou realidade. O Orçamento Programa é o atual e mais moderno Orçamento Público. Está intimamente ligado ao planejamento, e representa o maior nível de classificação das ações governamentais: ele expressa o compromisso e as ações do governo para a sociedade, pois indica com clareza os objetivos da nação. O Orçamento Programa é um plano de trabalho que integra – numa concepção gerencial - planejamento e orçamento com objetivos e metas a alcançar. A ênfase do orçamento-programa é nas realizações, e a avaliação de resultados abrange a eficácia (alcance das metas) e a efetividade (análise do impacto final das ações). É a única técnica que integra planejamento e orçamento e, como o planejamento começa pela definição de objetivos, não há Orçamento Programa sem definição clara de objetivos. Essa integração é feita através dos "programas", que são os ''elos de união" entre planejamento e orçamento. Levem para a prova que, atualmente diz-se que o Orçamento Programa é o elo entre planejamento, orçamento e gestão, portanto, no Orçamento Programa a ênfase é no que se realiza e não no que se gasta. Segundo James Giacomoni (2013), são características do Orçamento Programa: O ORÇAMENTO É O ELO ENTRE O PLANEJAMENTO E O ORÇAMENTO A ALOCAÇÃO DE RECURSOS VISA À CONSECUÇÃO DE OBJETIVOS E METAS AS DECISÕES ORÇAMENTÁRIAS SÃO TOMADAS COM BASE EM AVALIAÇÕES E ANÁLISES TÉCNICAS DE ALTERNATIVAS POSSÍVEIS NA ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO SÃO CONSIDERADOS TODOS OS CUSTOS DOS PROGRAMAS, INCLUSIVE OS QUE EXTRAPOLAM O EXERCÍCIO A ESTRUTURA DO ORÇAMENTO ESTÁ VOLTADA PARA OS ASPECTOS ADMINISTRATIVOS E DE PLANEJAMENTO O PRINCIPAL CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO É O FUNCIONAL- PROGRAMÁTICO UTILIZAÇÃO SISTEMÁTICA DE INDICADORES E PADRÕES DE MEDIÇÃO DO TRABALHO E DE RESULTADOS O CONTROLE VISA AVALIAR A EFICIÊNCIA, A EFICÁCIA E A EFETIVIDADE DAS AÇÕES GOVERNAMENTAIS Os programas são organizados no PPA, após a etapa de elaboração da "Dimensão Estratégica'' que define diretrizes, objetivos e metas. No orçamento anual poderá haver revisão da estrutura programática no âmbito de programas e ações, desde que seja autorizado pelo Poder Executivo a revisão do PPA. O PPA 2016-2019 manteve apenas dois programas, mas alterou suas nomenclaturas e conceitos: • PROGRAMAS TEMÁTICOS: retratam no Plano Plurianual a agenda de Governo organizada pelos Ternas das Políticas Públicas e orientam a ação governamental. Sua abrangência deve ser a necessária para representar os desafios e organizar a gestão, o monitoramento, a avaliação, as transversalidades, as multissetorialidades e a territorialidade. O Programa Temático se desdobra em objetivos e iniciativas. • PROGRAMAS DE GESTÃO, MANUTENÇÃO E SERVIÇOS AO ESTADO: são instrumentos do Plano que classificam um conjunto de ações destinadas ao apoio, à gestão e à 10 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE manutenção da atuação governamental, bem como as ações não tratadas nos Programas Temáticos por meio de suas iniciativas. A Lei do PPA 2016-2019 foi elaborada como um instrumento mais estratégico, no qual seja possível ver com clareza as principais diretrizes de governo e a relação destas com os Objetivos a serem alcançados nos Programas Temáticos. Com base nessas diretrizes, o PPA 2016-2019 contempla os Programas Temáticos e os de Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado: ✓ PROGRAMA TEMÁTICO: aquele que expressa e orienta a ação governamental para a entrega de bens e serviços à sociedade; ✓ PROGRAMA DE GESTÃO, MANUTENÇÃO E SERVIÇOS AO ESTADO: aquele que expressa e orienta as ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuação governamental. 1.5.5 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO O Orçamento Participativo é uma técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no Orçamento Público é decidida com a participação direta da população, ou por meio de grupos organizados da sociedade civil, como a associação de moradores. Até o momento, sua aplicação restringe-se ao âmbito municipal, e, excepcionalmente, estadual. É um importante espaço de debate e decisão político-participativa. Nele, a população interessada decide as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados, a cada ano, com os recursos do orçamento. Essa técnica orçamentária estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população como bem público, e gera corresponsabilização entre Governo e sociedade sobre a gestão dos recursos públicos. O principal benefício do Orçamento Participativo é a democratização da relação do Estado - sociedade com fortalecimento da democracia. Nesse processo, o cidadão deixa de ser um simples coadjuvante para ser protagonista ativo da gestão pública. 1.5.6 ORÇAMENTO INCREMENTAL Segundo o glossário da STN, Orçamento Incremental é o orçamento feito por meio de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa. O Orçamento Incremental é aquele que, a partir dos gastos atuais, propõe um aumento percentual para o ano seguinte, considerando apenas o aumento ou diminuição dos gastos, sem análise de alternativas possíveis. Quem utiliza essa técnica rudimentar, por meio de negociação política, procura aumentar o orçamento obtido no ano anterior. Compõe-se de elementos como receitas e gastos de anos anteriores, que serão ajustados por algum índice oficial para se chegar aos valores atuais. Pode haver pequenas alterações quanto às metas. Como aspecto positivo, esse orçamento exige pouco tempo e pouco esforço para sua elaboração, pois basta comparar os itens atuais com as informações do exercício anterior. Como aspecto negativo, ele impossibilita a correção de falhas existentes no processo, repetindo, assim, os mesmos erros. É possível identificar algumas características desse tipo de orçamento: as ações não são revisadas anualmente, logo não se compara com alternativas possíveis; é baseado no orçamento do último ano, contendo praticamente osmesmos itens de despesa, com aumentos e diminuições de valores; o incremento de valores ocorre mediante negociação política; é uma técnica rudimentar que foca itens de despesas em vez de objetivos de programas. Analisamos esse orçamento somente no final do item porque não se considera o Orçamento Incremental uma técnica orçamentária – visto que um servidor inexperiente, com pequeno treinamento, poderia elaborar esse tipo de orçamento com a mesma precisão de um profissional experiente. Tomem cuidado e 11 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE atentem para o fato de que, com exceção dos orçamentos Tradicional e Incremental, os demais são considerados orçamentos/técnicas modernos. 1.5.7 PLANNING PROGRAMMING BUDGETING SYSTEM (PPBS) Como o orçamento de desempenho ainda era falho, faltando-lhe a vinculação com o planejamento governamental, partiu-se para uma técnica mais elaborada, que foi o orçamento-programa, introduzido nos Estados Unidos da América, no final da década de 50, sob a denominação de PPBS (Planning Programning Budgeting System). Este orçamento foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64 e do Decreto-Lei 200/67. Segundo Giacomoni (2012, 16ª edição) “Em 1950, o Congresso aprovou a Lei do Processo do orçamento e da Contabilidade, que não mencionava expressamente a expressão orçamento desempenho, mas autorizava o presidente a apresentar, no orçamento, as funções e atividades do governo a partir das classificações que julgasse mais apropriadas. (...) A nova técnica ficou conhecida pelo rótulo de PPBS (Planning, Programming and Budgeting System) – Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento – constituindo-se no coroamento de uma série de estudos e aplicações práticas realizadas nos órgãos militares pela empresa de consultoria Rand Corporation. O PPBS foi adotado, então, numa fase em que a economia americana apresentava grande vitalidade e estimulava programas públicos especialmente ambiciosos.” Como o orçamento de desempenho ainda era falho, faltando-lhe a vinculação com o planejamento governamental, partiu-se para uma técnica mais elaborada, que foi o orçamento-programa, introduzido nos Estados Unidos da América, no final da década de 50, sob a denominação de PPBS (Planning Programning Budgeting System). Este orçamento foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64 e do Decreto-Lei 200/67. Ressalto ainda que, apesar de Giacomoni citar o PPBS como tendo surgido à época do Orçamento-desempenho, diversos autores mencionam, também, que o era o Orçamento-Programa que originalmente, integrava o PPBS, introduzido nos Estados Unidos, no final da década de 1950. Logo, não há um consenso na doutrina sobre o assunto, mas a banca CESPE já cobrou recentemente que integrava, originalmente, o orçamento-programa! Siga essa linha de entendimento. 1.5.8 ORÇAMENTO POR RESULTADOS (OpR) O Orçamento por Resultados é um método para elaboração, execução e avaliação de programas governamentais com o objetivo de contribuir para que o Estado implemente políticas públicas que atendam aos interesses e às expectativas da sociedade, criando valor público. Segundo artigo exposto no VIII Congresso CONSAD de Gestão Pública, “o OpR compreende um conjunto de medidas voltadas a subsidiar a decisão sobre alocação de recursos públicos com base em informações qualificadas sobre o desempenho dos programas. O ponto de partida do Orçamento por Resultados é desenhar e planejar os programas do Plano Plurianual e dos orçamentos anuais a partir de uma metodologia baseada em resultados. Essa etapa é de extrema importância, pois apenas a partir de uma estrutura de programa já construída, focando os resultados que se pretende alcançar, é que será possível a geração de informações úteis e qualificadas sobre a gestão dos programas.” O OpR é uma metodologia para elaboração, execução e avaliação de Programas orientados para 12 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE Resultados, cujas principais características são: COLOCA EM DESTAQUE OS RESULTADOS, DE INTERESSE DA SOCIEDADE, QUE UM ÓRGÃO OU ENTIDADE BUSCA ATINGIR POR MEIO DE SUA ATUAÇÃO TORNA EXPLÍCITO O VÍNCULO ENTRE OS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS A SEREM ALOCADOS NOS PROGRAMAS E ESSES RESULTADOS UTILIZA INDICADORES PARA ACOMPANHAMENTO DOS PROGRAMAS, COM VISTAS A APRIMORÁ-LOS E A SUBSIDIAR O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO Em síntese, a metodologia focaliza na definição clara dos resultados da atuação governamental e no acompanhamento dos programas, com vistas a aprimorá-los e a qualificar as informações oriundas de sua elaboração e execução, tornando-as mais aderentes às necessidades de planejamento, gestão e alocação de recursos orçamentários. Diversos países adotam o Orçamento por Resultados como método de gestão do ciclo de planejamento e orçamento governamental. Entre eles, destacam-se Alemanha, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Coréia, Dinamarca, Estados Unidos da América, França, Holanda, Japão, México, Nova Zelândia, Reino Unido e Suécia. Contudo, não há um modelo único e padronizado. Os conceitos, ferramentas e processos do OpR são adaptados e ajustados ao contexto normativo e institucional de cada país. Podemos citar, por exemplo, o caso do Estado de São Paulo. No artigo chamado “A EXPERIÊNCIA EM ORÇAMENTO POR RESULTADOS DO ESTADO DE SÃO PAULO”, no caso do piloto com a Secretaria da Educação, aplicação da metodologia OpR permitiu a reorganização de seus Programas com base nos objetivos e resultados estabelecidos em seu processo de planejamento setorial. Essa reorganização se refletiu em ganhos de racionalização e simplificação da sua estrutura de programática, que passou de 12 Programas, em 2013, para sete Programas (cinco finalísticos e dois de apoio administrativo) na LOA de 2014. A figura a seguir sintetiza a lógica descrita. A Cadeia de Resultados é utilizada pelo método do OpR para representar o encadeamento lógico-causal entre a intervenção e o resultado do programa. Os dois primeiros níveis – Resultado e Impactos – correspondem, respectivamente, ao objetivo do programa e aos objetivos estratégicos de governo e para os quais o programa contribui. Os níveis seguintes representam os produtos (bens ou serviços) que devem ser gerados por meio das ações do programa (que detalham os processos e insumos) para o alcance do resultado. Cada Impacto, Resultado e Produto é mensurado por um ou mais indicadores, a fim de que seja possível aferir tanto a situação atual, como os avanços obtidos ao longo da execução. A ferramenta utilizada para elaborar a Cadeia de Resultados e facilitar o processo de desenho e planejamento de programas é o Quadro Lógico ou Marco Lógico. O enfoque do Quadro Lógico foi originalmente desenvolvido pela Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency for Internacional Developments, Usaid), no início dos anos 70. Mais tarde, foi adotado, com algumas modificações, pela agência de cooperação alemã GTZ, em seu método de planejamento de projetos conhecido como ZOPP. A metodologia é atualmente utilizada por muitas agências internacionais de desenvolvimento. É uma ferramenta útil para orientar a concepção geral de um projeto ou programa e a sua gestão. Dentre as vantagens do método do marco lógico, destacam-se: 13 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE PROVÊ UMA PADRONIZAÇÃO DE CONCEITOS E TERMINOLOGIAS SOBRE O PROGRAMA E SEUS COMPONENTES, QUE FACILITA A COMUNICAÇÃO E CONTRIBUI PARA REDUZIR IMPRECISÕES E INCERTEZAS PROPORCIONA UMA ESTRUTURA PARA EXPRESSAR, NUM ÚNICO QUADRO, AS INFORMAÇÕES MAIS IMPORTANTES SOBRE UM PROGRAMA PROVÊ UM FORMATO PARA APOIAR A TOMADA DE DECISÃO ACERCA DOS OBJETIVOS,METAS E RISCOS DO PROGRAMA FORNECE INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA PREPARAR A EXECUÇÃO DO PROGRAMA E PARA O MONITORAMENTO E A AVALIAÇÃO APRESENTA UM REFERENCIAL ANALÍTICO QUE PODE SER UTILIZADO PELO EXECUTOR DO PROGRAMA, PELOS ÓRGÃOS CENTRAIS DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO E PELA SOCIEDADE 14 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE QUESTÕES COMENTADAS 1. AUDITOR/TCM-BA/2018 A sistemática de elaboração orçamentária que exige a justificativa de cada recurso solicitado, sem fixar de antemão um valor orçamentário inicial e sem considerar os valores previstos no orçamento anterior, denomina-se a) orçamento base zero. b) orçamento participativo. c) orçamento-programa. d) orçamento tradicional. e) orçamento de desempenho. Comentários: O Orçamento Participativo é uma técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no Orçamento Público é decidida com a participação direta da população, o que não é tratado no enunciado. O Orçamento Tradicional era um documento de previsão de receitas e autorização de despesas com ênfase no gasto, no que se comprava. É um processo orçamentário em que apenas uma dimensão do orçamento é explicitada, qual seja, o objeto de gasto. Já o Orçamento de Desempenho representou uma evolução do Orçamento Tradicional; buscava saber o que o Governo fazia (ações orçamentárias) e não apenas o que comprava (elemento de despesa). O orçamento base-zero é incompatível com planos de longo prazo. Sua filosofia é romper com o passado: ele deixa de lado os dados históricos de receitas e despesas e exige nova análise e justificativa para os gastos, de forma a não perpetuar erros históricos, totalmente oposto ao que trata o orçamento programa. ALTERNATIVA A 2. ANALISTA/STM/2018 Acerca de administração financeira e orçamentária e do orçamento público no Brasil, julgue o próximo item. Os programas executados de acordo com a técnica do orçamento-programa devem ser zerados ao final do exercício financeiro, a fim de que os órgãos públicos sejam obrigados a demonstrar os custos e benefícios de cada programa, sob pena de descontinuidade dos programas. CERTO ERRADO Comentários: Esse seria o orçamento base-zero, que exige que o administrador justifique, a cada ano, todas as dotações solicitadas em seu orçamento, incluindo alternativas, análise de custo, finalidade, medidas de desempenho, e as consequências da não aprovação do orçamento. ALTERNATIVA ERRADA 3. ANALISTA/TCE-PE/2017 15 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE Em relação às técnicas e aos princípios do orçamento público, julgue o item a seguir. O orçamento base-zero facilita o processo de revisão da decisão a respeito da alocação dos recursos públicos, sendo, por essa razão, adequado às situações em que as despesas públicas são limitadas por um teto de gastos. CERTO ERRADO Comentários: Perfeito! O orçamento base-zero exige que o administrador justifique, a cada ano, todas as dotações solicitadas em seu orçamento, incluindo alternativas, análise de custo, finalidade, medidas de desempenho, e as consequências da não aprovação do orçamento. ALTERNATIVA CERTA. 4. ANALISTA/TCE-PE/2017 Com relação ao orçamento participativo e à gestão por resultados na administração pública, julgue o próximo item. O orçamento participativo é fundamentado na discussão de prioridades com a população organizada, por isso se contrapõe ao orçamento-programa, que é construído com base em preceitos racionais-legais que não contemplam a participação popular. CERTO ERRADO Comentários: A primeira parte da assertiva está correta, pois realmente o Orçamento Participativo é uma técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no Orçamento Público é decidida com a participação direta da população, ou por meio de grupos organizados da sociedade civil, como a associação de moradores, porém não se contrapõe ao orçamento-programa por inteiro, uma vez que este não impede a participação popular. Entendam que não há uma ruptura entre um tipo de orçamento e outro. ALTERNATIVA ERRADA. 5. ANALISTA/TCE-PE/2017 Acerca do orçamento participativo, da transparência na administração pública, da gestão por resultados e do neocorporativismo, julgue o próximo item. O orçamento participativo é uma técnica orçamentária caracterizada pela participação da sociedade, em substituição ao poder público, como agente elaborador da proposta orçamentária que é posteriormente enviada ao Poder Legislativo. CERTO ERRADO Comentários: O orçamento participativo é uma técnica orçamentária caracterizada pela participação da sociedade, mas não caia na pegadinha de achar que isso se dá em substituição ao poder público, como agente elaborador da proposta orçamentária que é posteriormente enviada ao Poder Legislativo, pois isso está equivocado. Há, na verdade, uma participação popular no processo de elaboração dos orçamentos e não uma substituição à atribuição devida pelo poder público. ALTERNATIVA ERRADA. 6. ANALISTA/TRE-PE/2017 16 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE Ao oferecer ensino público e gratuito a amplos setores da população — ação estatal que promove um ajuste na oferta de bens e serviços à sociedade, permitindo, entre outros benefícios, o acesso à educação para os setores mais carentes da sociedade —, o Estado brasileiro a) acentua o desequilíbrio de mercado, pois concorre em condições desiguais com a iniciativa privada. b) produz um serviço público, fato que caracteriza a função alocativa. c) promove um ajustamento na distribuição de renda, atendendo à função distributiva. d) cumpre sua função estabilizadora, pois estimula a manutenção do nível de emprego. e) atende a uma necessidade social da população, porém sem interferência na função econômica. Comentários: No item (a) temos um grave erro ao afirmar que as ações mencionadas no enunciado acentuam o desequilíbrio de mercado. Ao promover ajustes na oferta de bens e serviços à sociedade, o Estado não exerce a função alocativa, mas sim, distributiva. A função distributiva objetiva promover ajustamentos (correções) na distribuição de renda devido às falhas de mercado (desigualdades sociais, monopólios empresariais, etc.), inerentes ao sistema econômico capitalista. É uma função que busca tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, por meio da tributação e de transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população etc. Além disso, todas essas funções se dão com interferência econômica, o que torna o item (e) incorreto. ALTERNATIVA C. 7. ANALISTA/TCE-PR/2016 O orçamento de determinado país, que expressa, financeira e fisicamente, os programas de trabalho de governo, possibilita • a integração do planejamento com o orçamento; • a quantificação de objetivos e a fixação de metas; • as relações insumo-produto; • as alternativas programáticas; • o acompanhamento físico-financeiro; • a avaliação de resultados; • a gerência por objetivos. Com base nessa informação, é correto afirmar que a técnica orçamentária que melhor se aproxima da utilizada pelo referido país denomina-se orçamento a) de base zero. b) de desempenho. c) programa. 17 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE d) tradicional. e) clássico. Comentários: Temos claramente todas as características do orçamento programa, que está intimamente ligado ao planejamento,e representa o maior nível de classificação das ações governamentais: ele expressa o compromisso e as ações do governo para a sociedade, pois indica com clareza os objetivos da nação. O Orçamento Programa é um plano de trabalho que integra – numa concepção gerencial - planejamento e orçamento com objetivos e metas a alcançar. A ênfase do orçamento-programa é nas realizações, e a avaliação de resultados abrange a eficácia (alcance das metas) e a efetividade (análise do impacto final das ações). É a única técnica que integra planejamento e orçamento e, como o planejamento começa pela definição de objetivos, não há Orçamento Programa sem definição clara de objetivos. Essa integração é feita através dos "programas", que são os ''elos de união" entre planejamento e orçamento. Levem para a prova que, atualmente diz-se que o Orçamento Programa é o elo entre planejamento, orçamento e gestão, portanto, no Orçamento Programa a ênfase é no que se realiza e não no que se gasta. ALTERNATIVA C. 8. AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/TCE-PA/2016 A respeito do orçamento público, instrumento de gestão de maior relevância da administração pública, julgue o item a seguir. A técnica orçamentária na qual a estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos contábeis de gestão é a do orçamento tradicional. CERTO ERRADO Comentários: Dizer que a técnica dá ênfase aos aspectos contábeis de gestão é afirmar que o Orçamento Tradicional era puramente um documento de previsão de receitas e autorização de despesas com ênfase no gasto, no que se comprava. É um processo orçamentário em que apenas uma dimensão do orçamento é explicitada, qual seja, o objeto de gasto. ALTERNATIVA CERTA. 9. ANALISTA/TCE-SC/2016 Com relação à gestão por resultados e à gestão de pessoas no serviço público, julgue o item seguinte. O orçamento por resultados melhora a aceitação dos governos, reforça a confiança nas instituições públicas estabelecidas e contribui para o desenvolvimento socioeconômico, bem como para a eficiência, a eficácia e a efetividade da gestão pública. CERTO ERRADO Comentários: O Orçamento por Resultados (OpR) é um método para elaboração, execução e avaliação de programas governamentais com o objetivo de contribuir para que o Estado implemente políticas públicas que atendam, a cada dia, mais e melhor, aos interesses e às 18 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – AFO (RESUMO TEÓRICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE expectativas dos cidadãos, criando valor público e, além disso, compreende um conjunto de medidas voltadas a subsidiar a decisão sobre alocação de recursos públicos com base em informações qualificadas sobre o desempenho dos programas. ALTERNATIVA CERTA
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