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XIV Congresso Brasileiro de Sociologia 28 a 31 de julho de 2009, Rio de Janeiro (RJ) GT 19 Saúde e Sociedade A família como alvo de intervenções estatais e médicas: uma perspectiva histórica Daniela Resende Archanjo Universidade Federal do Paraná A família como alvo de intervenções estatais e médicas: uma perspectiva histórica Para melhor compreendermos porque a família vem ganhando destaque enquanto objeto de atenção de políticas públicas de saúde torna-se relevante recuperarmos historicamente a importância da atuação do saber médico – aqui entendido como todo o conhecimento baseado no cientificismo das ciências médicas, difundido em todas as categorias profissionais da área da saúde - no processo de reprodução ou de transformação dos modelos de organização familiar. Sem perder de vista que nenhum dos modelos é estanque, e que as passagens de um a outro não se deram de forma linear, podemos distinguir três grandes períodos na história da família no Brasil. Sobrepujando até o final do século XVIII, tivemos o chamado modelo “tradicional” de família; iniciado no século XIX e predominante até meados do século XX, destacou-se o modelo de família “moderna”; e, por fim, desde os anos de 1960 até os dias de hoje, sobressai a chamada família “contemporânea” ou “pós-moderna”, também denominada por “arranjos familiares”1. Mais do que demonstrar que não existe um modelo “natural” de família, mas que o que se entende por família é produto cultural - atrelado a um tempo e a um lugar determinados -, o resgate histórico das transformações na organização familiar nos fornece elementos para refletirmos sobre a influência ainda exercida pelo saber médico sobre a família brasileira, nos instrumentalizando para uma análise crítica da prática profissional das Equipes de Saúde. Respondendo à necessidade política de conformação às normas neoliberais de desoneração estatal, e, também, tendo como objetivo promover a recuperação da família enquanto célula mater da sociedade e instituição de normalização social, o Programa Saúde da Família, implantado em 1994 pelo 1 Sobre arranjos familiares ver BERQUÓ, Elza. Arranjos familiares no Brasil: uma visão demográfica. In NOVAIS, Fernando A. (coord.); SCHWARCZ, Lilia Moritz (org.). História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. V.4. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. A denominação “arranjos familiares” visa romper com a idéia de predominância de um modelo com características destacáveis. Diante da grande diversidade de configurações familiares que marcam a contemporaneidade, o uso do termo “arranjos familiares” destaca a inexistência de um padrão de organização e de relações no que ainda insistimos em chamar de família. Ministério da Saúde, convocou os profissionais da área da saúde para, através de seu conhecimento técnico-científico e de uma visão contemporânea sobre a instituição, atuarem sobre a família. Mas, conforme salienta COSTA (1999), esta não foi a primeira vez na história do Brasil, que os agentes educativo-terapêuticos se debruçam sobre a família. Para ressaltar a importância histórica da intervenção dos profissionais da saúde na regulamentação da família e na própria configuração das relações familiares, nos fixaremos na história da família no Brasil, e, mais do que isso, na história da vivência da elite e da constituição do ideário popular das famílias brasileiras, estabelecendo como recorte temporal o período compreendido entre o início do século XIX e o início do século XXI.2 A referência ao início do século XIX se deve ao fato de que foi a partir da chegada da Corte Portuguesa ao solo brasileiro que a família3 passou a sofrer a intervenção médica, visando adequar a vida familiar à necessidade de centralização do poder e ao ideal de organização social importado da Europa. Quando os portugueses desembarcaram no Brasil, encontraram uma sociedade rural e escravocrata, baseada no poder de famílias extensas organizadas sob o regime patriarcal. O poder das famílias da elite senhorial, fundado na posse de terras e de escravos, estava concentrado nas mãos do patriarca, que era visto como legítimo representante dos interesses familiares. A família era dita extensa, pois, além daquelas pessoas que estavam ligadas por vínculos de consangüinidade, eram também considerados familiares aqueles com os quais se 2 O marco teórico que orienta este texto foi propiciado pelos estudos de Jurandir Freire Costa, psicanalista brasileiro, que trata, sob uma perspectiva histórica, a questão da intervenção médica sobre a família. Refiro- me, aqui, sobretudo, ao livro “Ordem Médica e Norma Familiar” (1983), devendo também ser referenciado o livro “Sem fraude nem favor” (1998). 3 É importante registrar que a historiografia se baseia em documentos que registravam a forma de viver, sobretudo, da elite, única capacitada para patrocinar esses registros (fotos, cartas, etc). Mas, a maior parte da população brasileira, iletrada, destituída de poder econômico e de poder político, estava excluída deste grupo. THERBORN (2006, p. 232), cita alguns autores que indicam que nas classes populares eram corriqueiras as famílias não formalizadas/legalizadas. “A família baseada no casamento formal era a exceção e não a regra, na Bahia”, escreveu um historiador (Borges 1991:46), referindo-se à situação em um grande centro mundial de cento e cinqüenta a duzentos anos atrás. Isso pode incluir um pouco de licença poética, mas foi bastante significativo. Uma pesquisa parcial sobre a família de 1855 demonstrou que metade dos domicílios era formada por uniões de coabitação. E realmente chamava a atenção de um sensível viajante britânico na metade do século XIX, Richard Burton, que os brasileiros tivessem uma “estranha aversão ao casamento”, referindo-se mais diretamente a Minas Gerais, outro grande estado brasileiro (Freyre 1933/1970:309)”. estabeleciam vínculos de parentesco fundados em outros elementos, como o religioso e o sentimental. Assim, eram considerados integrantes da família, sob a proteção e as ordens do patriarca, não apenas a esposa e os filhos, mas também afilhados, compadres, agregados, e outros. A extensão garantia a dominação política por parte das famílias proprietárias, que monopolizavam os meios formais e informais de controle político. Os representantes políticos, eleitos para ocupar os assentos nas Câmaras e nas Juntas Gerais, tinham sempre relações estreitas com os patriarcas, representando os seus interesses no espaço formal de poder. Além disso, através do estabelecimento de vínculos de solidariedade com a comunidade circundante, as famílias reforçavam e legitimavam seu poder. Através do domínio destes mecanismos de controle político, as famílias senhoriais exerciam, na prática, o poder do Estado, posto que “a cidade funcionava (...) como extensão da propriedade e das famílias rurais. Não apenas em sua ordenação econômica, arquitetônica e demográfica, mas também na regulação jurídica, política e administrativa” (COSTA,1999, p. 39). Mas, se até o final do século XVIII a falta de controle de Portugal sobre a Colônia era um inconveniente suportado pela Metrópole, a partir do século XIX, quando território e governo se encontraram sobre o mesmo solo, foram necessárias medidas que enfraquecessem o poder das famílias e fortalecessem o poder centralizado do Estado. Em síntese: a família real precisava efetivamente governar o Brasil. A implantação das novas regras se efetivouna medida em que a elite brasileira absorveu os ideais europeus de vida. A chegada da Corte ao Rio de Janeiro, em 1808, além de aumentar em quase 1/3 a população da cidade, produziu importantes transformações sociais, com a criação de novas necessidades no plano político, material e social. No âmbito político, conforme já anunciado, era necessário promover a centralização do poder, reduzindo o poder das famílias; no âmbito material, foi introduzido o desejo pelos produtos europeus (como vidraças, cortinas, tapetes e louças); por fim, no âmbito social, a legitimação do poder passou a exigir um certo tipo de refinamento. Para participar dos favores da Corte “já não bastavam dinheiro, escravos, terras, brancura de pele, catolicismo da alma ou outra qualquer tradição de importância ligada aos costumes locais. A condição para introduzir-se junto à aristocracia era aristocratizar-se” (COSTA, 1999, p. 106). O processo de aristocratização passava pela higienização das práticas e dos comportamentos, resultando em uma maior disciplina sobre os corpos e as mentes. Aristocratizar-se significava enquadrar-se aos ideais burgueses - urbanos e higiênicos -, que foram sendo apropriados e ressignificados pelo saber médico. Vale ressaltar que a parceria medicina/Estado obteve êxito pois era benéfica para os dois. Enquanto interessava ao Estado encontrar um discurso "científico" que legitimasse as transformações sociais por ele desejadas - visando a centralização do poder em suas mãos -; à medicina interessava se firmar enquanto um conhecimento superior e irrefutável, sendo o respaldo estatal um aliado significativo. As regras higienistas abrangiam diversos aspectos, prescrevendo ensinamentos que iam desde aqueles da competência de um engenheiro civil ou de um arquiteto (indicando materiais a serem usados na construção das casas, recomendando a posição e tamanho dos cômodos, especificando quantidade e posição ideais de portas e janelas), até as normas de etiqueta social (como as referentes à apresentação pessoal, ao oferecimento de festas, ao uso de louças e talheres). A introjeção dos padrões desejados de práticas e comportamentos tinha por objetivo constituir um modelo de organização familiar mais adequado ao ideal liberal-burguês, tendo como conseqüência (ou causa) a desestruturação da família patriarcal e a promoção da centralização do poder do Estado. Diante da família tradicional, em que o pai monopolizava o poder, havendo uma relação de submissão e de invisibilidade de todos os demais membros em relação a ele, o enfraquecimento deste patriarca era fundamental para romper com o poder familiar. Um meio importante utilizado pelo saber médico para promover este enfraquecimento foi a valorização da distinção entre os integrantes da família, com o distanciamento daqueles parentes sem vínculos de consangüinidade em relação aos consangüíneos, assim como com o enaltecimento das diferenças existentes entre homens, mulheres e crianças. A separação entre consangüíneos e não-consangüíneos, com a destituição destes últimos do lugar reservado aos parentes, somada à difusão da idéia de que homens, mulheres e crianças tinham funções distintas e interdependentes que deveriam ser desempenhadas para o bem da família, produziu nestes integrantes do núcleo familiar a sensação de que tinham muito mais em comum entre si do que com as demais pessoas, levando-os a constituir uma “preciosa fortaleza emocional” (ARIÈS, 1981, p. 221), a “nova” família. Dentro desta ideologia, prevaleceu a noção de que “o ‘lar’ veste-se de todas as virtudes, em oposição ao mundo exterior, que encarna as desordens humanas e sociais” (SEGALEN, 1999, p. 23). Além da restrição do número de pessoas consideradas membros da família, o processo de individualização, com a valorização de lugares específicos para mulheres e crianças na família, foi fundamental para ofuscar o poder do patriarca. Dentro do “lar doce lar”, cada um passou a ter valorizado um papel que lhe cabia enquanto membro da família, havendo rigorosa divisão dos papéis sexuais (POSTER, 1979, p. 187). O novo modelo pressupunha a instalação do núcleo reservado constituído de pai, mãe e filhos numa habitação aconchegante onde o marido saía para trabalhar, a fim de obter os meios de subsistência da família, enquanto a esposa ficava responsável pela organização da vida doméstica, cuidando da limpeza da casa, do preparo dos alimentos, da educação dos filhos. Em síntese, na família moderna o papel do homem, enquanto marido e pai, era o de provedor, enquanto a mulher, esposa e mãe, figurava como a “rainha do lar”, a “dona-de-casa-mãe-de-família”. Haveria uma complementaridade entre as funções masculinas e femininas. A mulher era responsável pela vida doméstica, poupando o homem dos problemas presentes no cotidiano familiar. E o homem, com a vida voltada para os negócios e para a realização profissional, deveria proteger a mulher dos complicados problemas do mundo fora de casa para que ela pudesse ter melhor desempenho em seu trabalho no lar (ARCHANJO, 1997, p. 165). É preciso perceber que esta visibilidade da mulher se sustenta na construção de um estereótipo feminino tributário da ideologia patriarcal. O poder do patriarca não foi simplesmente negado, mas sim ressignificado. Assim, ao mesmo tempo em que decretou a existência e a importância da mulher na família e na sociedade, a divisão sexual de tarefas foi acompanhada pela desvalorização das funções femininas em relação às masculinas. A identificação simbólica da mulher, “baseada na excessiva importância que se dá à função puramente fisiológica de procriação”, a coloca “numa categoria com afinidade mais direta com a natureza”, servindo como argumento “científico” para justificar a manutenção de sua inferioridade em relação ao homem (VERUCCI, 1987, p. 13). “As ciências biológicas, encabeçadas pela anatomia e a fisiologia, lançaram-se na busca das diferenças sexuais que deviam fundamentar e justificar as desigualdades de gênero na vida pública e privada” (MARTINS, 2004, p. 31). Para tanto, o saber médico dissecou os corpos e os sentimentos de homens e mulheres, e pautando-se nos legitimados métodos científicos, os nomeou e os classificou como próprios (naturais) de cada sexo. Como resultado desta empreitada, teve-se a conversão das diferenças sexuais em profundas diferenças de personalidade. “A masculinidade é definida como a capacidade para sublimar, para ser agressivo, racional e ativo; a feminilidade é definida como a capacidade para expressar emoções, para ser fraca, irracional e passiva” (POSTER, 1979, p. 196). Ao mesmo tempo em que era valorizava a singularidade da mulher, havendo a exaltação da necessidade de que a mesma se enquadrasse no padrão burguês de feminilidade (consumindo produtos de uso pessoal e doméstico, aprendendo a receber pessoas em casa e a se comportar fora de casa, apoiando o marido, preocupando-se com a casa e os filhos, etc) também havia a preocupação em controlar a porosidade desta nova sociabilidade. É possível ressaltar como uma das formas de exercer este controle sobre a nova sociabilidade, a valorização atribuída pelo saber médico à maternidade. Entendida como função natural da mulher, importantíssima para a perpetuação da espécie humana, o ideal de maternidade serviu também como instrumento de disciplinarização da mulher. A “nova mãe” passa a desempenhar um papel fundamental no nascimento da família nuclear moderna. Vigilante, atenta, soberana no seu espaço de atuação, ela se torna a responsável pela saúde das crianças e do marido, pela felicidade da família e pela higienedo lar, num momento em que cresce a obsessão contra os micróbios, a poeira, o lixo e tudo o que facilita a propagação das doenças contagiosas. A casa é considerada como o lugar privilegiado onde se forma o caráter das crianças, onde se adquirem traços que definirão a conduta da nova força de trabalho do país. Daí, a enorme responsabilidade moral atribuída à mulher para o engrandecimento da nação (RAGO, 1985, p. 80). A importância atribuída à mãe – que ganhou o status de mediadora entre seus filhos e o Estado -, esteve diretamente relacionada com a valorização das crianças. Enquanto no modelo tradicional de família as crianças eram consideradas um “mal necessário”, restando aos pais esperar que crescessem para que daí sim pudessem auxiliar no progresso econômico e na conseqüente manutenção do status social da família; no modelo moderno, o poder médico redefine o estatuto social da criança, elevando-a à condição de figura central da família nuclear.4 O discurso médico-científico afirmava que a maneira como o indivíduo tinha sido tratado na sua infância era determinante de suas qualidades corporais e morais quando adulto. Uma 4 Sobre a ressignificação da infância recomendo a leitura de ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC. criança submetida a uma má amamentação; a uma alimentação insuficiente; à falta de exercício; a um regime anti-higiênico do vestuário; ou, ainda, a castigos brutais, à falta de amor paterno e materno; ao medo provocado por histórias de “fantasmas, duendes, lobisomens”, etc... seria um adulto fraco de caráter, pusilânime, possuidor de uma saúde física e moral extremamente precária. Uma criança bem cuidada, pelo contrário, tornar-se-ia o perfeito adulto higiênico (COSTA, 1999, p. 144). Como os pais, a princípio, não estariam ainda devidamente qualificados para exercer o relevante papel social de educadores, posto que ainda estariam presos às práticas tradicionais, a solução médica foi a valorização da escola. A partir do argumento de que pais e mães, por ignorância, eram involuntariamente nocivos à criança, os filhos foram mandados para o espaço higienizado da escola e, assim, afastados dos vícios familiares. Além da valorização das individualidades, com a visibilização social de mulheres e crianças, outra importante interferência do saber médico foi a difusão de uma nova forma de se pensar a sexualidade, na qual se congregavam sexo, amor, matrimônio e procriação. Na vigência da família patriarcal, o casamento era na maior parte das vezes tratado como um negócio, sendo as uniões matrimoniais decididas pelo patriarca, segundo seus interesses enquanto representante do grupo familiar. Numa sociedade estratificada e com poucas camadas sociais, a necessidade de preservação do patrimônio e do status social fazia com que fosse considerado ideal o casamento realizado entre “iguais”, ou seja, entre pessoas que compartilhassem dos mesmos valores, interesses e gostos. Como salienta TRIGO (1989, p. 88), “o casamento não deixava espaço para interesses pessoais. Bem ao contrário, a finalidade primeira da aliança matrimonial era de ordem social, ou seja, de fortalecimento de grupos de parentesco e de status, preservação da herança e do poder econômico”. Assim, o casamento era, no mais das vezes, objeto de estratégias políticas e econômicas, sendo arranjado de modo a fortificar os interesses das famílias, não se cogitando da necessidade de amor entre os cônjuges5, sendo desnecessária até mesmo qualquer simpatia entre eles. Inclusive, como o interesse pessoal inerente a uma paixão amorosa poderia colocar em risco os interesses do grupo familiar, muitas vezes os cônjuges eram apresentados um ao outro somente no dia do casamento. Contrapondo-se ao modelo tradicional, na família moderna os elementos considerados fundantes da união matrimonial passam a ser outros: os sentimentos compartilhados pelos cônjuges passaram a ter grande importância e a constituição da família deixou de ser apenas um negócio para o patriarca, passando a ser entendida como a realização de um desejo dos cônjuges. A construção higienista das individualidades, com a atribuição de práticas e comportamentos distintos para cada um dos sexos, somado ao aumento quantitativo de candidatos aptos ao casamento6, produziu a necessidade de que os jovens casadoiros investissem na apresentação de qualidades pessoais que despertassem o interesse do sexo oposto e contribuíssem para a obtenção de um “bom” casamento. Neste processo de apresentação de qualidades, rapazes e moças se conheciam e a empatia passou a fazer parte das escolhas matrimoniais. A introdução deste novo elemento, que foi denominado pela historiografia por "amor romântico", mudou a visão do casamento não apenas em relação à sua origem, mas também no seu modus operandi, aumentando o grau de intimidade compartilhado pelos membros do núcleo familiar. Conforme saliente SHORTER (1975, p. 162), “As pessoas começaram a colocar o afeto e a compatibilidade pessoal ao alto da lista de critérios de escolha de parceiros conjugais”. E, além disso, “mesmo os que continuaram a empregar os critérios tradicionais de prudência e riqueza na seleção de parceiros começaram a ter um comportamento romântico dentro destes limites”. 5 Como se pode notar, pouco se sabe sobre os sentimentos dos casais “vítimas” destes casamentos arranjados. Isto não significa que os cônjuges não sentiam nada um pelo outro, e nem que estes sentimentos eram “negativos” ou “ruins”, significa apenas que seus sentimentos não eram levados em conta, não sendo considerados importantes quando o assunto era casamento. 6 É preciso lembrar aqui que a vinda da Corte para o Brasil ocasionou um aumento considerável da população, aumentando significativamente o número de membros da elite e, conseqüentemente, dos considerados “aptos” para o casamento. Os casamentos passaram a ser precedidos por um período em que os noivos se preocupavam em se conhecer melhor, em compartilhar momentos e sentimentos, enfim, um período em que os nubentes se preparavam para o casamento. As famílias dos jovens passaram a respeitar e até incentivar este período e este processo pré-casamento. A partir da visão de que o casamento implicava em viver junto e de que as pessoas tinham o direito de ser felizes, rapazes e moças passaram a ter maior liberdade para escolher o seu par, a sua “outra metade”, e, nesta empreitada, passaram a sentir-se guiados única e exclusivamente pelo coração (VINCENT-BUFFAULT, 1996, p. 152). Em resumo, na família moderna “a escolha matrimonial deixa de ser, fundamentalmente, assunto familiar para se tornar “teoricamente” livre e, mais do que isso, com expectativa de ter o amor como base” (TRIGO, 1989, p. 89). A idéia de que o casamento se fundava no amor que unia os cônjuges teve como conseqüência a simbolização dos filhos enquanto frutos desse amor, reafirmando os ideais higienistas de valorização da criança e de responsabilização dos pais em garantir aos filhos o que houvesse de melhor (amor, cuidados, escolarização, etc). Por fim, outra medida propalada pelo saber médico e que serviu à constituição da família moderna, foi a colocação, em um primeiro momento, de escravos7, loucos, mendigos, prostitutas e demais “sem-família” na categoria de antinorma, ou seja, como exemplo daquilo que não deveria ser seguido. A princípio, todos aqueles que não tinham condições de realizar o modelo burguês de organização familiar (que era a maioria da população brasileira), foram excluídos,sendo o modelo burguês de família prescrito apenas para a elite brasileira. Conforme visto anteriormente, a realização do modelo burguês de família implicava em ter, necessariamente, uma moradia que comportasse de forma 7 Como a elite brasileira dependia dos escravos para o bom funcionamento do sistema doméstico, não sendo possível, em um primeiro momento, simplesmente desfazer-se deles, a estratégia higienista foi, inicialmente7, transformar o significado atribuído ao escravo, sem alterar a sua posição social. “De "animal" útil ao patrimônio e à propriedade tornou-se "animal" nocivo à saúde”. (COSTA, 1999, p. 121). A higiene exigia o afastamento dos escravos do núcleo familiar, e com isso reforçava os laços estabelecidos entre os membros da família nuclear e contribuía para a construção e o fortalecimento da intimidade entre eles, despertando cada vez mais o gosto pela privacidade, pela domesticidade, pelo “lar doce lar”. adequada os membros da família e possibilitasse, a cada um, os meios necessários para exercer seus respectivos papéis. Todavia, de forma bastante sintética, tinha-se que a “desproporção entre os preços das moradias e os vencimentos” (CANEVACCI, 1985, p. 198) inviabilizavam a consumação deste requisito para as classes populares. A idéia de cada grupamento de pai, mãe e filhos ter a sua própria casa, não condizia com a realidade econômica da classe operária. Além disso, “os salários fabris eram tão baixos que, tipicamente, toda a família tinha que trabalhar para garantir a subsistência” (POSTER, 1979, p. 209), desmontando a possibilidade de o pai prover as necessidades de sua família e a mãe se limitar a cuidar da casa e dos filhos. Sob a perspectiva do Estado e dos industriais, as contradições inerentes à expansão do modelo burguês de família para a classe operária inviabilizavam a expansão da industrialização – o progresso - no Brasil de meados do século XX e se tornavam “objeto de profunda preocupação de médicos-higienistas, de autoridades públicas, de setores da burguesia industrial, de filantropos e reformadores sociais” (RAGO, 1985, p. 12). Visando suplantar este problema, diferentes agentes, embasados pelo saber médico, engendraram diversos e simultâneos meios de introjeção do modelo moderno como ideal de organização familiar8. Dentre os mecanismos utilizados para “fabricar a classe trabalhadora desejada”, RAGO (1985) destaca a introdução dos regulamentos internos de fábrica e a construção das "vilas operárias". A introdução de regulamentos internos de fábrica, que estabeleciam horários (de trabalho, descanso e refeições), uniformes, códigos (de penalidade, punições e prêmios), dentre outras regras, higienizava o operário através da disciplinarização de suas condutas dentro do espaço fabril. A construção das "vilas operárias", visando a desodorização do 8 O uso da palavra “ideal” visa ressaltar ao leitor que, mesmo não sendo possível ao operariado realizar o modelo burguês, o que interessava, sobretudo ao Estado e aos industriais, era despertar o gosto do trabalhador por este modelo. Ou seja, o objetivo era implantar no trabalhador o espírito burguês-liberal, mesmo que este regime significasse a sua própria exclusão o trabalhador deveria deseja-lo e trabalhar muito para nele integra- se e “progredir”. Outra questão importante quando tratamos da expansão da ideologia burguesa às classes populares é a falta de opção que cercava o trabalhador. Não é possível romanciar este processo pensando que o trabalhador foi facilmente enfeitiçado pelas promessas burguesas do trabalho e da ordem como garantidores da paz e da felicidade. A não conformação do trabalhador implicava em medidas repressivas como a perda do emprego e restrições civis e políticas. espaço urbano, estendia a vigília sobre os corpos e as mentes dos trabalhadores e de seus familiares até o espaço reservado das “habitações higiênicas e baratas” destinadas aos operários.9 Aos industriais interessava ter um operário ordeiro, ciente de suas responsabilidades e empenhado em garantir o seu posto de trabalho, distanciando-se de qualquer reivindicação de caráter trabalhista. Ao Estado era fundamental garantir a ordem, exercendo controle sobre a sociedade. E, por fim, como vimos anteriormente, o status de distinção do saber médico era almejado pelas categorias profissionais que dominavam estes conhecimentos. Assim, com o objetivo de redefinir a “maneira de pensar, de sentir, de agir e erradicar práticas e hábitos considerados perniciosos e tradicionais” (RAGO, 1985, p. 12), através de diferentes estratégias, “os valores do amor monogâmico, privacidade, individualismo, domesticidade, assistência materna aos filhos e conforto emocional” (POSTER, 1979, p. 157) foram apresentados à classe operária como o modelo ideal de comportamento e de vida. Os estudiosos da história da família ocidental defendem diferentes teses para explicar o porquê de a organização familiar ter sofrido estas transformações. ARIÈS (1981) credita à escolarização das crianças o mote das mudanças, STONE e BURGUIÈRE (1998) apontam os novos comportamentos religiosos como fator preponderante e SHORTER (1975, p. 273) defende que “o capitalismo de mercado esteve provavelmente na raiz da revolução no sentimento.” Certamente todos têm razão, já que, como vimos, a transformação da família foi o resultado da introjeção de uma nova ideologia, uma nova forma de ver e de viver o mundo, forma esta que se apropriou dos corpos e das mentes dos indivíduos arrombando todas as portas e janelas por onde podia entrar. Todavia, a tese de SHORTER é a que melhor responde às transformações familiares ocorridas no Brasil. Não apenas em relação à passagem do modelo tradicional ao moderno, mas também no que concerne à ruptura deste modelo e a constituição da família contemporânea. Se não, vejamos. 9 Sobre o processo de higienização da classe operária e os mecanismos de controle e vigilância criados pelo poder público e pelos industriais sobre os trabalhadores, ver RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar (Brasil 1890-1930). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. De acordo com a hipótese que vê no processo de industrialização e na consolidação do capitalismo o fio condutor das transformações na família, a substituição da economia tradicional pela economia moderna mudou a lógica que regia o mercado, o que, conseqüentemente, ocasionou uma profunda mudança nos valores e nos comportamentos das pessoas, transformando as relações familiares e os sentimentos estabelecidos no seio da família. A ideologia capitalista de mercado, calcada em valores individualistas, favoreceu as transformações familiares, que também priorizaram cada vez mais o indivíduo, ressaltando as individualidades e exaltando o desenvolvimento de qualidades pessoais (adstritas aos padrões aceitos socialmente). Enquanto na sociedade tradicional não era nítida a distinção entre o que estava na esfera pública (sujeito ao escrutínio público) e o que estava na esfera privada (resguardado do escrutínio público), havendo uma mistura entre estas duas ordens e uma certa publicização de tudo, já que não se valorizava a individualização e a distinção entre homens, mulheres, crianças, parentes próximos, escravos, etc; na sociedade moderna houve a higienização destes espaços – público e privado – que foram rigidamente separados.10 Na sociedade moderna a esfera privada é privilegiada na defesa da consecução dos desejos e prazeres pessoais. Tendo redefinido esses domínios da vida, a privatização característicada modernidade se fez presente tanto no espaço público quanto no espaço privado: de um lado marcou sua presença na esfera pública, influenciando o comportamento dos indivíduos enquanto trabalhadores, consumidores, produtores11; de outro lado marcou sua presença na esfera privada, no âmbito das relações pessoais, e, em especial, no âmbito da família. 10 Vale ressaltar que, quando se diz que o espaço público e o espaço privado foram rigidamente separados, busca-se salientar que passaram a ser acentuadas as diferenças características de cada um deles, não significando dizer que sejam campos isolados, pois, pelo contrário, eles se relacionam profundamente, “como as faces de uma mesma moeda” (DAMATTA, 1997, p. 90). 11 Como exemplo da presença do individualismo na esfera pública pode-se resgatar a questão da concorrência no mercado (as indústrias buscando produzir mais e melhor para dominar o mercado consumidor e, se possível, superar as indústrias concorrentes); e a questão da divisão do trabalho dentro das fábricas (cada trabalhador tem uma atividade determinada devendo exercê-la da melhor forma possível para garantir seu espaço de trabalho e, estando limitado ao exercício daquela tarefa, desconhece as demais atividades que fazem parte da produção). Seguindo esta mesma tese, que credita ao incremento da ideologia capitalista as transformações na família, percebe-se que durante a segunda metade do século XX, quando o sistema capitalista de produção avançou no Brasil, foram sentidas novas transformações nas relações familiares, marcadas, sobretudo, pelo acentuado distanciamento entre as pessoas, inclusive entre as que compunham o núcleo familiar. Na contemporaneidade, “no interior da vida privada da família surge (...) uma vida privada individual” (PROST, 1992, p. 61). Não basta estar somente dentre o grupo de mãe, pai e filhos, longe do restante da comunidade circundante; cada um busca o seu próprio espaço dentro desse pequeno grupo. Apesar de não servir como referência para todos os grupos sociais, restringindo-se à classe burguesa, a descrição das mudanças arquitetônicas ocorridas nas casas e apontadas por TREVELYAN (citado por HABERMAS, 1984, p. 61), representam bem este novo nível de privatização que se perpetua até o tempo presente. Nas modernas mansões privadas das grandes cidades, todas as peças que servem “para toda a família” estão reduzidas às mais miseráveis dimensões: os espaçosos vestíbulos reduziram-se a uma entradinha pobre e estreita; ao invés da família e dos deuses do lar, somente criadas e cozinheiras movimentam-se pela cozinha profanada; mas especialmente os pátios (...) transformaram-se em recantos estreitos, úmidos, mal-cheirosos (...) Caso olhemos para o interior de nossas moradias, então se descobre que o “espaço familiar”, o local de permanência em comum para o homem, a mulher, as crianças e a criadagem tornou-se cada vez menor ou desapareceu por completo. Em compensação, os quartos privados de cada um dos membros da família tornaram-se cada vez mais numerosos, sendo decorados de modo característico. O isolamento do membro da família, mesmo no interior da casa, passa a ser considerado como algo positivo. O desejo de cada um dentro do seu quarto, do seu espaço, protegido não só da sociedade como um todo, mas também da sociedade familiar. No espaço privado do quarto, os bens, a arrumação, os detalhes são característicos de cada um. Cada um dos membros da família deseja sua autonomia e independência, longe dos demais membros, sob a égide de um individualismo absoluto. Aqueles que não dispõem de condições econômicas para promover esta divisão no espaço físico da casa, realizam-na por outros meios. Os espaços dos grupos: dos jovens, das mães, das crianças, dos trabalhadores, reúnem os pares, fortalecem as identidades de grupos que não são familiares mas se constituem por outras razões, por razões que marcam suas individualidades. Uma divisão espacial (feita na casa ou na rua) que preserva a individualidade, protegendo e mantendo todas as peculiaridades que distinguem uma pessoa da outra, desmembrando, espacial e sentimentalmente, a comunidade familiar. O enfraquecimento dos laços que unem os membros do núcleo familiar tem produzido transformações no tipo de sentimento estabelecido entre esses membros e também na forma como eles se organizam. Marcada pela diversidade de configurações e relações (nuclear, ampliada, monoparental, homossexual) e pela flexibilização dos papéis sexuais, a família vive um novo processo de transformação. Com freqüência, vemos famílias de pais separados, onde pai, mãe e filhos não vivem sob o mesmo teto; vemos famílias compostas por casais homossexuais com filhos (adotados ou gerados em laboratório); famílias compostas por irmãos e sobrinhos, avós e netos, entre outras; coexistindo atualmente diversas composições familiares. A diversidade dos arranjos e a impossibilidade de adequá-los aos modelos familiares historicamente conhecidos tem levado os estudiosos a se debruçarem sobre a existência de uma crise da instituição e “os analistas indagam se a família está se desintegrando ou meramente evoluindo para uma nova forma” (POSTER, 1979, p. 157). Discutindo esta crise da família, COSTA (1999, p.15) chama a atenção para a responsabilidade do saber médico neste processo de mudança, alertando para o fato de que “muitos dos fenômenos apontados, hoje em dia, como causas da desagregação familiar, nada mais são que conseqüências históricas da educação higiênica. Em outros termos, as famílias se desestruturaram por terem seguido à risca as normas de saúde e equilíbrio que lhes foram impostas”. A exacerbação do individualismo, tributária da higienização e distinção dos papéis, somada ao desenvolvimento do capitalismo de mercado calcado na concorrência, no consumismo e no hedonismo, deixaram pouco tempo e espaço para a vivência do “compartilhar” inerente ao que nos acostumamos a chamar de família - núcleo familiar -. Isto nos obrigou (e ainda nos obriga) a ressignificar este símbolo. A atual preocupação com a família deixa claro que o referencial burguês de relações familiares ainda é muito forte no imaginário social. A idéia de que se deve casar por amor, a busca pelo “príncipe encantado”, a sensação de dívida constante em relação aos filhos, os estereótipos de masculinidade e feminilidade, constantemente reforçados pela mídia e por outros meios, são alguns exemplos de quão presente ainda é o ideal de família moderna na contemporaneidade. Além disso, os esforços governamentais no sentido de formular políticas públicas voltadas para a organização familiar, evidenciam a persistência da crença de que a família é a célula mater da sociedade. Entendendo a família “como lugar de busca de condições materiais de vida, de pertencimento na sociedade e de construção da identidade” (MIOTO, citado por RIBEIRO, 2004, p. 661), o Estado aposta suas fichas nesta instituição, adotando estratégias para fazer dela uma aliada importantíssima na luta por melhores níveis de vida, incluindo aí, melhores níveis de saúde. Apesar de não definir a que modelo de família se destina, e nem propor diretamente uma padronização das organizações familiares, a Estratégia Saúde da Família, enquanto política de intervenção estatal na esfera privada/doméstica da vida, se configura, sem dúvida, como um mecanismo de controle da sociedade, comandado, novamente, pelo saber médico. Todavia, o que se propõe hoje (e o estudo da história das intervenções higienistas sobre a família nos auxilia a refletir sobre isso) não é apenas conceber a existência, ou não,de novos modelos de grupos familiares originados das transformações tecnológicas, científicas, culturais e humanas, e nem discutir a viabilidade, ou não, de tais formas de organização. Entendendo que a família “é, acima de tudo, a instituição a que é atribuída a responsabilidade por tentar superar os problemas da passagem do tempo tanto para o indivíduo como para a população” (BERQUÓ, 1998, p. 414), o que se requer dos profissionais das Equipes de Saúde da Família é a constante reflexão sobre os seus saberes e suas práticas, crítica facilitada pela interdisciplinaridade e pelo multiprofissionalismo exigidos pela Estratégia Saúde da Família. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARCHANJO, Léa Resende. Ser mulher na década de 50: representações sociais veiculadas em jornais. In TRINDADE, Etelvina e MARTINS, Ana Paula. 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