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A sociologia compreensiva 
Podemos dizer que Max Weber (1864-1920) é o principal representante da sociologia compreensiva. Nesta perspectiva teórica o pesquisador entende a sociedade através das várias manifestações culturais, essas podem influenciar, por exemplo, a esfera econômica da vida em sociedade. 
A religião corresponde a uma manifestação cultural e de algum modo pode influenciar questões ligadas à economia. Tal aspecto acontece na vida social porque as ações ou os comportamentos dos indivíduos são carregados de sentido e finalidade, muitas vezes agimos pensando em algum objetivo, em alcançar alguma meta, realizar alguma coisa.
À medida que orientamos nossa vida e ações com outras pessoas pensando na relação entre meios e fins, estamos exercitando nossa racionalidade. A propósito, já ouviram a frase: “os fins justificam os meios”, então ela se aproxima dessa explicação sociológica.
No entanto, é verdade que não agimos assim o tempo todo, nossa conduta e nossas ações também são influenciadas pela afetividade, solidariedade e, mesmo quando a emoção está influenciando fortemente nossas ações não deixamos de ser racional. Pois, aquilo que sentimos é também resultado de uma construção social, pois a sociedade o tempo inteiro nos influencia, somos por essência seres sociais, escolhemos, direcionamos ações, aceitamos, repudiamos comportamentos, enfim o que somos é reflexo do que a sociedade é.
Desta forma, a sociologia compreensiva tem como propósito entender o significado das ações dos indivíduos, entendo essas ações como manifestações culturais e assim, com significados culturais.
A sociologia compreensiva pode ser entendida como uma ciência cultural, pois considera que o comportamento humano revela, em algum momento, “conexões e regularidades”. Isso que dizer que nossas ações podem se assemelhar às ações de outras pessoas, daí a ideia de regularidade e assim está presente na sociedade. Os comportamentos dos indivíduos são semelhantes em determinadas situações, apresentam-se com certa regularidade (WEBER, 2001, p.313).
As ações são muitas vezes conseqüências de outras ações. Pensem no caso de um acidente de trânsito, em função dele o que pode acontecer entre os motoristas? Eles podem agir de forma cooperada um com o outro para resolver a problema, mas podem também diante da situação agir com intolerância e, portanto, terem uma atitude violenta por causa do ocorrido. Vejam que nesse exemplo nos estamos prevendo as reações dos indivíduos diante de uma situação real da sociedade.
Nesse sentido, a sociologia compreensiva busca compreender os significados das ações dos indivíduos agrupando-os, aproximando-os, relacionando-os para investigar as conexões dos comportamentos e a regularidade com a qual eles se apresentam na vida em sociedade.
O pesquisador deve elaborar uma tipologia, ou seja, uma espécie de tabela de classificação para interpretar as ações dos indivíduos, o que resulta na construção do tipo ideal, necessário para chegar à compreensão dos significados e dos sentidos das ações dos indivíduos.
Cabe ressaltar que o tipo ideal é uma construção hipotética, elaborado pelo pesquisador que parte da observação de algum acontecimento da vida em sociedade, da história e vai percebendo que tal ação se repete, está ligada a outras ações. 
Então, são definidas pelo pesquisador algumas variações de comportamento dos indivíduos e tais definições são aproximadas às ações sociais ao que os indivíduos fazem ou não na vida em sociedade. 
Vamos voltar no exemplo do acidente de trânsito.
O pesquisador pode se perguntar como agem as pessoas diante de um acidente de trânsito? O pesquisador influenciado pela sociologia compreensiva não vai responder de imediato a tal questionamento. Ele vai prestar atenção na realidade e vai elaborar algumas possibilidades de comportamento que se espera que uma pessoa tenha diante de um acidente de trânsito. Depois disso, ele elabora intelectivamente ou hipoteticamente as possibilidades de reação, quer dizer ele constrói respostas de reações esperadas dos indivíduos diante de tal acontecimento.
Elaborado o tipo ideal que corresponde a uma classificação de variações de comportamentos, o pesquisador verifica o quanto o tipo ideal se aproxima ou não ações dos indivíduos diante do acidente de trânsito, compara as possibilidades de cidades diferentes, países diferentes e vai explicando como agimos e reagimos diante dessa situação.
É importante pensar que a realidade social se apresenta como um processo de desenvolvimento dos indivíduos e por isso suas ações são repletas de significados e para compreender a sociedade é necessário compreender as ações dos indivíduos, examinando seus significados. Weber justificou sua perspectiva teórica afirmando que “não é preciso ser César para compreender César” – aquele personagem importante da história da humanidade.
Na tentativa de compreender aspectos que caracterizam a sociedade moderna Weber desenvolveu conceitos como tipo ideal, ação social, vocação, carisma, racionalidade e burocracia, entre outros. 
As noções de ação social e relação social.
Weber considera a sociologia como uma “ciência que pretende entender pela interpretação a ação social para desta maneira explicá-la causalmente no seu desenvolvimento e nos seus efeitos”. Portanto, o objeto de estudo da sociologia compreensiva é a ação social e o pesquisador interpretá-la, buscando a relação entre a própria ação, sua regularidade ou desenvolvimento e os efeitos dessa ação, pois uma ação social pode desencadear outra ação social ou ainda uma relação social (WEBER, 2001, p.400).
Figura 4: manguevirtual.blogspot.com
A ação social é uma “ação na qual o sentido sugerido pelo sujeito ou sujeitos refere-se ao comportamento de outros e se orienta nela no que diz respeito ao seu desenvolvimento”. Ele pode envolver um indivíduo ou vários, mas o importante é pensar que ela está associada ao comportamento de outras pessoas ou é consequência de uma outra ação social. Pode-se afirmar que uma ação com sentido significa dizer uma “ação compreensível”, envolvendo uma ou mais pessoas.
A ação é compreensível porque tem um significado e esse está ligado ao fato da ação ser efeito de outra ação. Vamos voltar ao exemplo do acidente de trânsito, um comportamento hostil de um dos motoristas pode causar uma situação violente, porque o outro motorista pode reagir com intolerância diante da hostilidade. A violência no trânsito terá ainda consequências judiciais. Por esse exemplo podemos afirmar que uma ação é desdobramento ou consequência de outra ação.
O exemplo citado remete à noção de relação social. Para Weber ela envolve um “comportamento de vários”, ou seja, “consiste, pois, plena e exclusivamente, na probabilidade de que se agirá socialmente numa forma indicável”. Diante de um acidente de trânsito o comportamento socialmente esperado consiste em diálogo das duas partes e tomada das devidas providências dependendo da gravidade do acidente. Além disto, outras motoristas ou transeuntes podem estar envolvidos como testemunha, prestando algum tipo de ajuda, profissionais do trânsito ou prestadores de serviços podem ser acionados (WEBER, 2001, p.419).
Virão como um acidente de trânsito pode revelar uma relação social e, ao mesmo tempo envolve várias ações, ou seja, o comportamento de várias pessoas. Assim, Weber classificou as ações sociais em quatro tipos:
A ação social, como toda ação, pode ser: 1) racional com relação a fins: determinada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens, e, utilizando essas expectativas, como “condições” ou “meios” para o alcance de fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos. 2) racional com relação a valores: determinada pela crença consciente no valor – interpretável como ético, estético, religioso ou de qualquer outra forma – próprio e absoluto de um determinado comportamento, considerado como tal, sem levar em consideração as possibilidades de êxito. 3) afetiva, especialmente emotiva, determinadapor afetos e estados sentimentais atuais; e 4) tradicional: determinada por costumes arraigados (WEBER, 2001, p.417). 
Segundo Weber, orientamos nossas ações geralmente pela prevalência da racionalidade, ao percorrermos nos nossos interesses e em função disto elaboramos estratégias para alcançarmos nossos objetivos, estamos em uma ação social racional com relação a fins. Porém, se transformamos nossa conduta naquilo que entendemos como o que é certo ou fazemos determinada coisa porque julgamos ser o melhor a ser feito, estamos agindo orientados por uma ação social racional com relação a valores.
Várias vezes na vida em sociedade agimos não apenas orientados pela racionalidade. Há momentos em que deixamos nossos sentimentos falarem mais alto e somos tomados pela emoção, quando isto acontece nossa ação social é a afetiva.
Ás vezes o comportamento humano reflete pura e simplesmente um costume, não importa se gostamos dele ou não apenas fazemos porque corresponde a um hábito que esperam que façamos, neste momento nossa ação social é a tradicional.
As ações sociais entre os indivíduos revelam muitos aspectos da vida em sociedade o que justifica a importância de compreender as várias ações entre os indivíduos. Desta forma, a vida em sociedade pressupõe formas ou tipos de dominação, ou seja, de exercício do poder. 
O tipo ideal e a burocracia. 
Na tentativa de compreender as formas de dominação na vida em sociedade Weber elaborou Os Três Tipos Puros de Dominação Legítima, aproximando a elaboração teórica, ou seja, a construção hipotética com a legitimidade do exercício do poder em momentos diferentes de nossa história e em situações diferenciadas na vida em sociedade, realizando comparações entre a sociedade moderna e períodos diferentes da nossa história, conforme propõe a sociologia compreensiva. 
A dominação para Weber indica a “probabilidade de encontrar obediência a uma determinada ordem”, ela pode acontecer “determinada diretamente de uma constelação de interesses”, quer dizer de considerações racionais que envolvem situações de vantagens e desvantagens. Além disto, a dominação pode acontecer como afirmação ou continuidade de um “costume” ou pela tradição e ainda pode acontecer pelo “afeto”, o que significa uma relação de dominação baseada na “inclinação pessoal do dominado” (WEBER, 2001, p.349).
A estabilidade da dominação, ou seja, a regularidade nas relações entre dominantes e dominados pode depender de um “apoio em bases jurídicas nas quais se fundamenta a sua “legitimidade”. Assim, Weber busca compreender as relações de dominação entre os homens e identifica que a regularidade da dominação não depende apenas da sua característica, mas também de como o direito de dominar foi instituído na relação entre os indivíduos e como isso é afirmado legalmente.
As ”bases de legitimidade” da dominação são três, elas são definidas, explicadas no seu “tipo puro”, o que corresponde à construção hipotética do pesquisador, no caso Weber.
A dominação carismática se caracteriza pela “devoção afetiva à pessoa do senhor”, essa espécie de líder se afirma pelo uso do carisma e aquele que o obedece é o “apóstolo”. A dominação se faz pelas “qualidades excepcionais” do dominador que aparecem em um discurso ou ações carregados de emoção, de “faculdades mágicas”, de caráter ou conotação heróica de capacidade intelectual (WEBER, 2001, p.354).
Vamos assemelhar à esse tipo de dominação figura de algum político conhecido que tem capacidade de prender atenção pelo seu discurso.
A dominação tradicional acontece pela “crença na santidade das ordenações” e dos “poderes senhoriais” que perduram ao longo de anos, seu “tipo mais puro” é a “dominação patriarcal”. A obediência se legitima pela fidelidade, pela crença no costume (WEBER, 2001, p.351).
Podemos ilustrar tal tipo de dominação pela figura do pai que exerce uma autoridade na tarefa de educar os filhos.
A dominação legal se legitima pelo exercício do estatuto, da lei, das regras e por isso seu “tipo mais puro” é a “dominação burocrática”.para que essa dominação se legitime considera-se o seguinte princípio: “qualquer direito pode ser criado e modificado mediante estatuto sancionado corretamente no que diz respeito à sua forma” (WEBER, 2001, p.349). 
A obediência se faz pela regra instituída que pode ser a lei ou um regulamento. A liderança é exercida na figura do superior, do chefe que muitas vezes na escala burocrática, hierarquizada se submete à chefia de outra pessoa. Pensem na organização das grandes empresas e mesmo na organização das esferas do poder político, no chefe de Estado, por exemplo.
Na sociedade moderna, a “burocracia constitui o tipo tecnicamente mais puro da dominação legal, porque se associa com o formato das instituições da modernidade, embora uma dominação não seja sempre burocrática:
Toda a história do desenvolvimento do Estado moderno, particularmente, identifica-se com a moderna burocracia e da empresa burocrática, da mesma forma que toda a evolução do grande capitalismo moderno se identifica com a burocratização crescente das empresas econômicas. As formas de dominação burocrática estão em ascensão em todas as partes (WEBER, 2001, p. 351).
 Cabe ressaltar que os tipos puros de dominação não de identificam com as lideranças presentes na vida em sociedade, apenas se assemelham, se aproximam. Além disso, uma liderança pode se aproximar dependendo do momento com mais de um tipo ideal de dominação.
Vimos aqui como os principais autores clássicos da sociologia interpretaram a sociedade moderna, enfatizando mais um aspecto que outro, cada elaboração de alguma forma continua explicando aspectos que constituem a sociedade de nosso tempo.
 
Referências bibliográficas
WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais. São Paulo/ Campinas: Cortez/ Editora da UNICAMP, 3ª Ed., 2001 (Parte 2).
VIEIRA, Evaldo. Sociologia da educação: reproduzir e transformar. São Paulo: FTD, 1996 (coleção aprender e ensinar).

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