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Questionario de Literatura Parte superior do formulário (ENADE 2005) Segundo Martín-Barbero, é preciso falar sobre o estudo dos gêneros, a história social e cultural dos gêneros. Os gêneros aparecem não como propriedades dos textos. O gênero não é algo que passa ao texto, mas algo que passa pelo texto. (...) o gênero é uma estratégia de comunicação ligada aos vários universos culturais. Leia os trechos abaixo adaptados de “Gêneros ficcionais: materialidade, cotidiano, imaginário”, de Silvia Helena S. Borelli: I. O gênero é considerado como um agrupamento ou filiação de obras literárias a uma classe ou espécie, subordinadas por sua vez a artifícios de normatização e classificação. II. O gênero é uma categoria abrangente, e serve como elo entre os diferentes momentos da cadeia que une espaço de produção, anseios dos produtores culturais e desejos do público receptor. III. O gênero é um modelo dinâmico, com repertório variado de estruturas resultantes de conexões entre um ou mais gêneros e da relação com novos recursos que, introduzidos, transformam ou recriam padrões mais ou menos abertos. Identifica-se com a posição de Martín-Barbero SOMENTE o que se afirma em Escolha uma: a) I e II apenas. b) II e III apenas. c) I e III apenas. d) I apenas. e) II apenas. Resposta Correta: B) II e III Questão 2 Texto da questão Aponte a alternativa falsa a respeito da conceituação de gênero literário: Escolha uma: a) os gêneros literários são divididos em poesia e prosa; a poesia se subdivide em espéciese formas; a prosa, apenas em formas; b) a formação dos gêneros é uma obra coletiva, que se efetua por etapas sucessivas; c) a poesia possui as espécies: lírica e épica; d) os gêneros literários designam família de obras dotadas de atributos iguais ou semelhantes; e) os gêneros possuem características consolidadas e definitivas; Resposta Correta: E) os gêneros possuem características consolidadas e definitivas; Questão 3 Texto da questão Leia atentamente “Fita verde no cabelo”, de Guimarães Rosa para responder à questão: FITA VERDE NO CABELO (Nova velha estória) Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo. Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas. Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dizia: - “Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou”. A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são. E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeiínhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente. Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu: - “Quem é?” - “Sou eu...”, e Fita-Verde descansou a voz. ¾ “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.” Vai, a avó, difícil, disse: - “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.” Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: - “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.” Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou: - “Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!” - “É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta...”, a avó murmurou. - “Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!” - “É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta...”, a avó suspirou. - “Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?” - “É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha...”, a avó ainda gemeu. Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: “Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!” Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo. Considerando as formas de prosa de ficção, como podemos classificar esse texto? Escolha uma: a) poema; b) ensaio; c) teatro; d) conto; e) romance; Resposta Correta: D) Conto Questão 4 Texto da questão Veja o poema abaixo: Desfolha-se a rosa Parece até que floresce O chão cor-de-rosa Ele é exemplo de: Escolha uma: a) gênero lírico, espécie lírica e forma “simples”; b) gênero poesia, espécie lírica e forma “haicai”; c) gênero prosa e forma “micro-conto”; d) gênero prosa e forma “conto”; e) gênero poesia, espécie lírica e forma “canção” Resposta Correta: B) gênero poesia, espécie lírica e forma “haicai”; Questão 5 Texto da questão Leia a canção “Para todos”, de Chico Buarque: Para todos O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Meu maestro soberano Foi Antonio Brasileiro Foi Antonio Brasileiro Quem soprou esta toada Que cobri de redondilhas Pra seguir minha jornada E com a vista enevoada Ver o inferno e maravilhas Nessas tortuosas trilhas A viola me redime Creia, ilustre cavalheiro Contra fel, moléstia, crime Use Dorival Caymmi Vá de Jackson do Pandeiro Vi cidades, vi dinheiro Bandoleiros, vi hospícios Moças feito passarinho Avoando de edifícios Fume Ari, cheire Vinícius Beba Nelson Cavaquinho Para um coração mesquinho Contra a solidão agreste Luiz Gonzaga é tiro certo Pixinguinha é inconteste Tome Noel, Cartola, Orestes Caetano e João Gilberto Viva Erasmo, Ben, Roberto Gil e Hermeto, palmas para Todos os instrumentistas Salve Edu, Bituca, Nara Gal, Bethania, Rita, Clara Evoé, jovens à vista O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Vou na estrada há muitos anos Sou um artista brasileiro. Quanto à construção identitária do “eu-lírico”, é correto afirmar que: Escolha uma: a) o “eu-lírico” considera-se superior às outras “raças” regionais, demonstrando seu caráter totalmente etnocêntrico; b) o “eu-lírico” julga-se brasileiro por apresentar características consideradas exóticas e excêntricas de determinadas regiões do país; c) o “eu-lírico” orgulha-se de ser brasileiro por não apresentar nenhum traço hereditário e artístico europeus; d) o “eu-lírico” deseja ser o “outro” e, por sua posição etnocêntrica, recusa-se a aceitar-se como brasileiro de uma determinada região brasileira; e) o “eu-lírico” relativiza seus traços hereditários e artísticos, admitindo-se heterogêneo por se considerar brasileiro; Resposta Correta: E) o “eu-lírico” relativiza seus traços hereditários e artísticos, admitindo-se heterogêneo por se considerar brasileiro; Questão6 Texto da questão Atente-se ao poema de Paulo Leminski: leite, leitura, letras, literatura, tudo que passa, tudo o que dura tudo que duramente passa tudo o que passageiramente dura tudo, tudo, tudo, não passa de caricatura de você, minha amargura de ver que você não tem cura (LEMINSKI, Paulo. O ex-estranho. São Paulo: Editora Iluminuras Ltda, 1996, p. 26) É incorreto afirmar que: Escolha uma: a) o poema pertence ao gênero poesia e apresenta características como ritmo, rimas (ura e assa) e figuras de linguagem (aliteração e assonância); b) o poema exemplifica o gênero poesia, porque constrói uma expressão subjetiva, metafórica e contundente sobre as ações contraditórias do tempo no percurso da vida; c) o poema caracteriza o gênero poesia, porque possui uma visão subjetiva sobre realidade por meio da linguagem conotativa; d) o poema pode ser considerado do gênero poesia, porque expõe conceitos universais e/ou particulares da vida em versos simples e prosaicos; e) o poema é expressão do gênero poesia, uma vez que possui musicalidade da linguagem, composta em versos; Resposta Correta: D) O poema pode ser considerado do gênero poesia, porque expõe conceitos universais e/ou particulares da vida em versos simples e prosaicos. Questão 7 Texto da questão O gênero épico é formado por obras que, geralmente produzidas em versos, possuem um narrador preocupado em apresentar um evento histórico e/ou mitológico majestoso de maneira objetiva, vivido por personagens exemplares. Assinale a alternativa que expõe um texto representativo desse gênero: Escolha uma: a) Canto I, Estrofes 1 a 3 As armas e os barões assinalados Que da ocidental praia lusitana Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Trapobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana Entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram E também as memórias gloriosas Daqueles reis que foram dilatando A Fé, o Império, as terras viciosas De África e Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando: Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. b) Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro! E ai Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amado, por que hei gran cuidado! E ai Deus, se verrá cedo. c) Autopsicografia (Fernando Pessoa) O poeta é um fingidor finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. d) Desfolha-se a rosa Parece até que floresce O chão cor-de-rosa e) As patentes militares no Brasil até 1918 Para preservar a posse do Brasil, da investida dos concorrentes, era indispensável ocupar e, para ocupar, era necessário produzir. O gênero escolhido para se produzir foi o açúcar, do qual os portugueses já eram produtores tradicionais e com boa aceitação no mercado consumidor europeu. Para produzir para o exterior, para grande numero de consumidores, de forma a alcançar lucro, é necessário produzir um grande excedente o que requer força de trabalho numerosa, resultando que só a escravidão do africano poderia suprir esta necessidade. A escravidão do indígena não atendia por este não ser numeroso nem acomodado ao trabalho sedentário. A Coroa Portuguesa estabelece então que o produtor é livre na área da produção, em que a metrópole não interfere; mas esta se reserva, sob regime de monopólio, a área da circulação, em que o produtor não interfere. Não são apenas econômicos os poderes transferidos, são também políticos. O senhor de terras será, consequentemente, a autoridade pública. Investido, inclusive, do poder militar, salvo no mar, que é área de circulação e portanto monopólio da Coroa Portuguesa Resposta Correta: A) Canto I, Estrofes 1 a 3 As armas e os barões assinalados Que da ocidental praia lusitana Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Trapobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana Entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram E também as memórias gloriosas Daqueles reis que foram dilatando A Fé, o Império, as terras viciosas De África e Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando: Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Questão 8 Texto da questão Indique a resposta falsa: Escolha uma: a ) Na Teoria Literária, os nomes classificatórios dos gêneros literários nem sempre são convergentes e imutáveis; b) “Conto”, “Teatro” e “Romance” são algumas formas do gênero prosa. c. “Epopeia”, “Poemeto” e “Poema” são formas da espécie épica do gênero poesia; d) O gênero prosa de ficção é conhecido por agrupar as formas literárias, como, por exemplo, o romance, a novela e o conto; e) Os gêneros literários podem ser divididos em “espécies” e “formas”, sendo que o termo “espécies” designa uma subcategoria de “formas”; Resposta Correta: E) Os gêneros literários podem ser divididos em “espécies” e “formas”, sendo que o termo “espécies” designa uma subcategoria de “formas”;
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