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* Terapia Existencial e Humanista: Fundamentos Filosóficos Professor Paulo Cogo, Doutor * CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Unidade 1 - FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA 1.1. O Pensamento Humanista. 1.2.As Filosofias Existenciais. 1.3. A Fenomenologia. 1.4.Convergências e divergências entre as Terapias Humanista, Existencial e Fenomenológica. * Unidade 2 - PSICOTERAPIA HUMANISTA 2.1. A contribuição de Abraham Maslow e a auto realização. 2.2. Psicoterapia Centrada na Pessoa - Vida e obra de Carl Rogers. 2.3. Tendência Atualizante, o Processo Terapêutico e as Atitudes facilitadoras. * Unidade 3 - PSICOTERAPIAS EXISTENCIAIS 3.1. Terapia Existenciais e as influências de Kierkegaard, Heidegger, Merleau-Ponty e Sartre. 3.2 Gestalt Terapia. 3.3 Psicodrama. 3.4 Intervenções na prática terapêutica. * * 1596 – 1650 = Descartes – Razão Séc. XVII = 1632 – Galileu – corte epistemológico -------------------------------------------- Retorno ao séc. III A.C. = Aristóteles / Physis ciência “antiga” tudo o que se move é movido por um tipo de motor, senão a coisa não se move, fica em repouso. Pensando assim, tudo dependia de um motor e isso ficava na dependência de um outro motor para mover o motor... Tem um 1º motor fixo que move o restante. * Mundo supra-lunar X mundo sub-lunar Supra-lunar = perfeito, movimento eterno, ordenado, sem altos e baixos. Sub-lunar = da mudança, da transformação, da bagunça, onde as coisas procuram seus lugares com movimentos imperfeitos, tudo muda, morre, se decompõe. Se algo cai é porque procura o seu lugar (visão estática). * Séc. XII / XIII = Sto Tomás de Aquino O 1º motor fixo = DEUS Toda cosmologia Aristotélica é pintada com as tintas da ideologia cristã, da fé católica. Esta afirmação se manteve por mais de 2000 anos e só foi verdadeiramente derrubada com Galileu e a descoberta do telescópio. Quando a Idade Média começa a ir à falência. Um grande leque de mudanças ocorrem neste período e surge o Renascimento. * Todos os aspectos da vida eram explicados pelo prisma Divino – TEOCENTRISMO. I.M. = feudalismo Trabalho = castigo Cultura = padres Economia de trocas Medicina = astrologia * Séc. XIV ao XVI = Renascimento O mundo medieval começa a mudar: Nasce o comércio Política = reinado Artesãos = será o burguês do séc. XVII Valorização do trabalho = meio para melhorar de vida Invenção da imprensa Descobertas – navegação (contato com outros povos). O mundo é muito grande, muito diferente, contatos com outras línguas; * Séc. XVI para o XVII Corte epistemológico = estudo do conhecimento Surge Galileu e sua física – pai da ciência “moderna” - telescópio - manchas na lua - a produção cultural teocêntrica passa a antropocêntrica (a reconciliação do homem com ele mesmo- o homem passa a ser a medida de todas as coisas); - religião – grandes acontecimentos: a reforma e contra-reforma * cai toda uma visão de divindade celeste e tem início a sistematização da natureza. O mundo não é finito. Não há perfeição nos céus. Nesse clima o homem perde seu lugar no universo, perde a certeza dos céus após a morte, perde a certeza da sua medicina (baseada na perfeição dos astros) e perde a segurança de seu mundo ordenado. * * 1596 – 1650 Descartes – Razão O homem é um ser dotado de razão; Discernir o verdadeiro do falso; Método para encontrar a verdade; Rígido, seguro, certo; Dualismo Alma X Corpo * * (1724 – 1804) Kant - Alemanha Crítica da razão pura (questiona a tradição metafísica); O que podemos saber? O que devemos fazer? O que temos o direito de esperar? O que é o homem? A verdade só vale se puder ser experienciada; São 2 as fontes do conhecimento humano: a sensibilidade e o entendimento; Percepção e conceito devem estar relacionados; * Vamos lembrar que estamos no séc. XVIII; 1789 = revolução francesa; Nascimento da burguesia; Era do “iluminismo” = contra a fé e o dogma religioso; O “Humanismo” é herdeiro de Kant. * * (1770–1831) – Alemanha - Hegel A verdade precisa ser experimentada (Kant).Tudo bem, mas tem que ter uma teoria! Ruptura com a filosofia transcendental de Kant; A análise da consciência na perspectiva transcendental ignora a origem e a formação dessa consciência – é uma análise abstrata; Racionalismo, determinismo lógico; * (1770–1831) – Alemanha - Hegel Tudo está logicamente determinado a acontecer; Hegel quer explicar tudo; Em 1807 escreve a “fenomenologia do espírito”; O percurso da consciência humana até chegar ao espírito absoluto - a si mesmo. * * (1804 – 1855) – Dinamarca Kierkegaard Nasce o “Existencialismo” Tudo está logicamente determinado? Mas, e o sentimento? É ele que nos diferencia; A proposta existencial vem contra a filosofia de Hegel: Não existe qualquer predeterminação; É a indeterminação, é a liberdade que geram a angústia; Diante dela o homem foge para os papéis sociais, se escondendo! * A verdade não está no raciocínio lógico, mas na paixão com que se sustenta os fatos: a verdade é SUBJETIVA. Não há verdade absoluta. Ela existe na medida em que o indivíduo a vivencia; Toda verdade é apaixonada. Do apaixonado ninguém duvida, do racional ficamos desconfiados, porque sabemos que a mente, mente. Rompe com a razão: - O homem é acima de tudo “passional”. Substitui o “penso, logo existo” por “sinto, logo sou”. Pensar é tornar-se um expectador da vida. Ataca a pretensão de explicar tudo; * Ataca o Cristianismo; Vida pessoal e sentimentos trágicos; Pensamento marcado pela angústia. O homem se caracteriza pelo desespero que se origina das contradições de sua existência e de sua distância de Deus; A angústia é a luta do ser vivo contra o não-ser e deixa o indivíduo impotente; O verdadeiro terror na angústia não é a morte em si mesma, mas o fato de que cada um de nós, dentro de si mesmo, está em ambos os lados da luta. Seu pensamento vai influenciar Heidegger. * * (1844-1900) – Alemanha Nietzsche É um dos precursores do Existencialismo. Nega os dogmas cristãos: A moral cristã é a moral dos escravos! Na verdade somos abandonados, ninguém nos criou! “Deus está morto” - não há outro lugar para se voltar a não ser para dentro, para o eu. * A realidade é feita de oposições e conflitos; Qualquer afirmação provoca uma negação; Por isso, devemos aceitar ser o que se é! Assumir a responsabilidade de sua existência tal qual como se apresenta. Em 1879 fica doente e abandona a vida acadêmica; Em 1889, sofre uma crise de loucura, da qual não se recupera mais. * * (1859-1938) – Tcheco-Eslováquia Husserl – pai da “Fenomenologia” Por essa época entra em cena Wundt; 1879 – nasce a Psicologia Científica; Husserl Cria a “Fenomenologia” contra a Psicologia Experimental; E vai dizer que a PERCEPÇÃO é também uma fonte para entender o fenômeno tanto quanto a experiência; * Husserl – pai da “Fenomenologia” “A Fenomenologia é um método originário da Filosofia, adotado na Psicologia que procura elucidar os fenômenos do comportamento tal como se manifestam na percepção imediata.” A Psicologia Existencial emprega o método fenomenológico, porém o hermenêutico. * * (1889-1976) – Alemanha - Heidegger 1914 – vamos lembrar que estamos na época onde estoura a 1ª guerra Mundial e 1945 a 2ª guerra mundial. Foi sucessor de Husserl; E foi o primeiro a usar o método fenomenológico na análise existencial; Heidegger sofreu influência de Kant; “Ser e tempo” = Faz uma reflexão profunda da existência humana; E vai dizer que o homem é um ser lançado no mundo a partir do nada: o “dasein” (ser-aí);A partir do tempo, o homem constrói a sua história e encontra a autenticidade; Ele constrói a sua história e é! * (fazendo um retorno ao pensamento de Kierkegaard – que falava sobre a angústia gerada pela indeterminação e liberdade) Para Heidegger, o homem está só, abandonado no mundo (lembrar de Nietzsche) e é obrigado a construir-se. Esse abandono gera angústia = de assumir a responsabilidade de seus atos (+ uma vez Nietzsche); Toda a angústia do ser é diante da morte! Assumir a angústia é assumir a morte. Esse é o 1º passo e o mais responsável para uma existência autêntica e criativa. * O homem ao assumir sua condição de “indivíduo” encontra autenticidade, estabelece projetos e cria possibilidades – que serão realizadas ou não! A morte é um modo de ser que põe fim ao projeto; A angústia da morte se repete em cada situação de escolha! (vamos lembrar que ele vive na época da guerra e que é influenciado por todos os pensadores anteriores que perdem a crença na fé religiosa e no céu como prêmio e salvação); * * (1905-1980) – Paris Sartre – principal representante do existencialismo Filósofo e romancista; Chegou a fascinar-se por Freud, mas logo foi marcado pela Fenomenologia de Husserl; Define o homem pela AÇÃO; O importante não é o se é, mas o que se faz! Nossos atos nos definem! * Era ateu: Se Deus não existe, tudo é permitido! (Dostoievski) Se Deus não existe para desculpar nossos erros, estamos sós e sem desculpas! Esse é o ponto de partida para o Existencialismo; Tudo é lícito – consequentemente o homem está abandonado porque a possibilidade de achar-se não está em si nem fora de si (alusão a Deus). Lembramos que aqui já estamos na década de 50/60 – período marcado por revoluções. * Então o homem é LIVRE! Na verdade, ele está CONDENADO a ser livre. O homem é um ser “finito”, é marcado pela morte. Tem que buscar um sentido para sua existência; É por isso que deve viver autenticamente seu projeto de vida (influência de Heidegger); * “A existência precede a essência” = o homem é um ser cuja essência não se pode garantir (lógica matemática/verdade), pois tal essência introduzirá um elemento permanente e contraditório no poder que o homem tem de se transformar indefinidamente. As “essências” não devem ser descartadas, mas fica difícil encontrar os aspectos da verdade quando são dependentes de capricho individual – nunca poderemos entender um ser existente em tais bases. * A natureza particular do homem é o seu poder de criar a si mesmo. Nós somos nossa escolha. “Nós somos aquilo que fazemos com o que fazem de nós!” -crítica às normas sociais que nos deixam inautênticos. Foi o apogeu do existencialismo, depois da 2ª guerra, com Heidegger e Sartre – anos 50/60 época marcada pelas mudanças sociais – contra-cultura. * A questão existencialista alcança as raízes da vida do homem e desafia-o exatamente aí. Cada grupo é ou a favor ou contra a teoria, mas nunca neutro. (Rollo May) Existencialismo – envolve a centralização na pessoa existente e enfatiza o ser humano como emergente, em evolução. Existência = existere = surgir, salientar-se. Existência sempre confrontada com Essência (princípios imutáveis, verdade, leis lógicas). * O existencialismo não é um sistema de terapia, mas uma “atitude” para com a terapia. Muito embora tenha conduzido a muitos avanços na técnica, não é um conjunto de técnicas por si mesmas, É um interesse pela compreensão da estrutura do ser humano e sua experiência que deve sustentar todas as técnicas. * “Todo psicoterapeuta é existencial na medida em que é um bom psicoterapeuta.” (Rollo May)
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