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TABAGISMO IRCE III – 01/10/2014 Exige resiliência do profissional de saúde. CONDIÇÃO CRÔNICA Dependência à nicotina O aconselhamento profissional aumenta as taxas de cessação (A). O uso de medicamentos também pode auxiliar em menor grau. EPIDEMIOLOGIA 1,3 bilhões de fumantes no mundo Consumo anual de 7 trilhões e 30 bilhões de cigarros. 73 mil toneladas de nicotina por ano; NO BRASIL 27,9 milhões de fumantes (11%) Consumo anual: 110 bilhões de cigarros no ano + 48 bilhões contrabandeados; MORTALIDADE ANUAL RELACIONADA AO TABACO Mundo: 5,4 milhões Brasil: 200 mil. A relação entre câncer de pulmão está bem relacionada ao tabagismo em muitos estudos internacionais, contudo, a relação causa-efeito não foi comprovada ainda; DOENÇAS RELACIONADAS AO TABAGISMO PULMONARES: DPOC – Doença pulmonar obstrutiva crônica: o ar fica retido no pulmão, destrói o alvéolo e fibrosa o tecido > diminui a capacidade de troca gasosa, ocorre aumento do volume residual (ar que fica no pulmão entre uma respiração e outra), este volume em pessoas hígidas permite troca gasosa, em portadores de DPOC não ocorre a troca. A obstrução ocorre a partir do nível de brônquio primário até nível dos bronquíolos (porção condutora). Doença intersticial: do parênquima pulmonar > ocorre destruição de alvéolos e fibrose do tecido funcional. CARDIOVASCULARES: Aterosclerose Acidente Vascular Encefálico Aneurismas Tromboangeíte obliterante: ocorre em pequenos vasos periféricos > redução de fluxo > gangrena > amputação. A medicina não tem recursos para intervir em patologias que acometem pequenos vasos. Trombose venosa e arterial DIGESTÓRIAS Esofagites Úlcera gástrica e duodenal: o cigarro aumenta a produção de ácidos gástricos. O paciente tabagista com úlcera deve passar por biópsia. Doença de Crohn: doença inflamatória do intestino. Está relacionada à predisposição genética. São formadas úlceras nos colos (ascendente, transverso, descendente e sigmoide) – Diverticulite é uma evaginação do interstício intestinal. Cirrose hepática: alteração da arquitetura do tecido hepático devido à fibrose GENITOURINÁRIAS Disfunção erétil Infertilidade Nefrites NEOPLASIAS MALIGNAS Cavidade oral Faringe Esôfago Estômago Pâncreas Cólon e Reto Fígado Vias biliares Rins Bexiga Mamas Colo de útero Vulva Leucemias GRAVIDEZ E FETO Infertilidade Abortamento Descolamento prematuro da placenta Placenta prévia Pré-eclampsia Baixo peso ao nascer- ALTO GRAU DE ASSOCIAÇÃO Mal-formações congenitas OUTRAS Psoríase Artrite reumatoide Osteoporose Doença periodontal Cárie Estomatite – inflamação da boca. Halitose REPERCURSSÕES SÓCIO-ECONÔMICAS Desvio de renda Perda de produtividade: retenção no leito, absenteísmo, acidentes, invalidez... CONTROLE DO TABAGISMO EDUCAÇÃO Nível fundamental Nível superior - Escolas de ciências médicas - Conscientização dos profissionais de saúde. LEGISLAÇÃO Restrição em ambientes fechados. Proibição de propaganda e promoção Restrição do acesso dos jovens ao tabaco Regulamentação dos produtos derivados do tabaco Advertência nas embalagens ECONÔMICAS Aumento dos impostos Substituição e diversificação da cultura ao tabaco Eliminação do contrabando AÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE AO TABAGISMO Objetivo: Reduzir a prevalência de fumantes. Estratégias: Prevenção contra o início do tabagismo, Proteção contra à exposição de pessoas não tabagistas Promoção e apoio ao parar de fumar – aqui entram as equipes de saúde. Mobilização de políticas públicas e iniciativas legislativas e econômicas. Ações: Descentralização e parcerias com secretarias estaduais e municipais de saúde Capacitação de profissionais Financiamento Elaboração de consensos sobre métodos eficazes na cessação Disque pare de fumar com inserção do número nas embalagens de cigarro. 136 PORTARIA GM/MS 1575/02 Criação dos centros de referência, abordagem e tratamento do fumante. Inclusão no Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) do SUS da abordagem e tratamento do fumante. TRATAMENTO AO TABAGISMO - Condição crônica devida à dependência à nicotina. É uma doença classificada pelo CID-10 ABORDAGEM AO PACIENTE TABAGISTA PAAPA - Perguntar e Avaliar (PA) - Aconselhar e preparar (AP) - Acompanhar (A) * PeAvaAconsPreA PERGUNTAR E AVALIAR Você fuma? Há quanto tempo? Informa sobre a condição do fumante e o tempo de exposição ao tabaco. Diferencia a experimentação do uso regular 5 cigarros/dia e 15 dias de tabagismo: experimentação. Quantos cigarros você fuma por dia? Quando tempo após acordar você acende o primeiro cigarro? Informam sobre o grau de dependência à nicotina Pacientes que fumam 20 cigarros/dia e/ou acendem o primeiro cigarro até 30 minutos após acordar. Dependência mais intensa. 4. O que você acha de marcar uma data para deixar de fumar? (Se afirmativo) Quando? 5. Você já tentou parar de fumar? (Se afirmativo, pergunta 6) Informam sobre o grau de motivação sobre o parar de fumar Servem para adequar as mensagens motivacionais 6. O que aconteceu? FASES MOTIVACIONAIS Pré-contemplação: não está pensando em parar de fumar Contemplação: pensando em parar de fumar algum dia Preparação: pensando em marcar uma data de parada sem data definida Pronto para ação: quer parar de fumar nas próximas 4 semanas. Manutenção: Parou de fumar. Recaída: parou, mas voltou a fumar. ACONSELHAR E PREPARAR (AP) Situação 1: O fumante não deseja parar de fumar A motivação deve ser dirigida aos fatores que tornam a cessação relevante para o paciente Firmeza sem agressividade ou preconceito Evitar frases como “Falta de vontade”, “Falta de vergonha”, “Falta de caráter”, “Vício”, “Viciado”. Identifique RAZÕES e MEDOS que impedem o parar de fumar Estimule o pensar no assunto Forneça material educativo Sempre abordar o assunto nas consultas – depende de cada paciente, se ele aceita ou não essa conversa. DESCREVER RISCOS – Se for relevante para o paciente Riscos para a própria saúde: – Curto Prazo: Baixa resistência física Impotência Para a gravidez Exacerbação de bronquite ou asma – muito comum. Aumento do nível de monóxido de carbono no sangue – compete com o oxigênio e se liga a hemoglobina. – Longo Prazo Infarto agudo do miocárdio Acidente vascular encefálico Cânceres DPOC: Doença pulmonar obstrutiva crônica. Riscos do tabagismo passivo: – Crianças pequenas, especialmente bebês: Aumenta em 50% o risco de infecções respiratórias baixas; Aumenta em 60% o risco de morte súbita – Aumenta em 30% o risco de câncer – Aumenta em 25% o risco de infarto agudo do miocárdio – A fumaça da ponta do cigarro tem concentração maior de substâncias tóxicas RISCO E NÚMERO DIÁRIO DE CIGARROS Não existe nível de segurança para o número de cigarros fumados ao dia. Risco de desenvolver câncer de pulmão é 6 vezes maior em fumantes entre 1 e 9 cigarros por dia. RISCO E CIGARRO LIGHT Não elimina os riscos relacionados ao tabaco. DESCREVER BENEFÍCIOS DA CESSAÇÃO – Se for relevante para o paciente Benefícios para a saúde: Após 3 semanas a respiração e a circulação melhoram Após 1 anos reduz em 50% o risco de Infarto Agudo do Miocárdio Após 10 anos risco igual ao dos que nunca fumaram para IAM, após 20 anos risco igual para câncer de pulmão. Benefícios econômicos Calcule os gastos mensais e anuais Outros benefícios: Fortalecimento da auto-estima Melhora do hálito e do cheiro Melhora da coloração dos dentes e da vitalidade da pele Bom exemplo paras as crianças Deixar de incomodar os outros Melhora desempenho de atividades físicas Redução de danos ao meio ambiente Situação 2: O fumante deseja parar de fumar mas não está pronto para a ação IDENTIFICAÇÃO DE BARREIRAS SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA Informe que os sintomas duram no máximo 1-3 semanas e nem todos apresentam. Sintomas: Dor de cabeça Tonteira Irritabilidade Alteração do sono FISSURA Informe que ela tende a se tornar esparsa com o passar do tempo, depois desaparece;Existem estratégias para lidar com os sintomas e medicamentos capazes de reduzi-los MEDO DO GANHO DE PESO – principal queixa entre as mulheres. Há probabilidade de ganho moderado de peso Média 2 a 4 kg Nos primeiros 6 meses após a cessação. MEDO DE NÃO CONSEGUIR OU RECAIR Reforce o apoio Enfatize que a maioria dos fumantes tentam em média 3 a 4 vezes antes de parar definitivamente. – Deve existir resiliência. FALTA DE APOIO NA FAMÍLIA E NO TRABALHO Importante identificar e reforçar o apoio. DEPRESSÃO E OUTRAS CO-MORBIDADES PSIQUIÁTRICAS Identificar e encaminhar ao especialista AMBIVALÊNCIA Forte ligação afetiva com o cigarro: Momentos de prazer Momentos de estresse e dificuldades. Procure sinalizar que o elo poderá ser rompido e que existem alternativas para substituir o cigarro. Situação 3: O fumante em recaída. O tabagismo é uma condição crônica onde remissões ou recidivas estão previstas O processo de cessação envolve várias tentativas Aceite o fato sem recriminar IDENTIFICAR LAPSO E RECAÍDA Lapso: Episódio isolado de consumo, sem que o paciente volte a fumar novamente Recaída: retorno ao consumo regular de cigarro, mesmo em quantidades menores que o padrão anterior de cessação. PERGUNTAR Que situação o fez reacender o cigarro? O que você estava fazendo quando acendeu o primeiro cigarro da recaída? O que aconteceu depois? Quantos cigarros você está fumando atualmente? Identifique se fumante está pronto para reiniciar o processo Nova tentativa procurando trabalhar habilidades com o fumante para lidar com os fatores que o levaram à recaída ou lapso. Avalie se a situação de recaída exige abordagem especializada. Situação 4: O paciente está pronto para parar de fumar PLANO DE AÇÃO Planeje uma data na qual não fumará mais. Informe sobre a síndrome de abstinência Informe sobre a fissura Abordagem dos medos MÉTODOS DE PARADA Parada abrupta Redução gradual: Fumar um número cada vez menor de cigarros até parar definitivamente Adiamento gradual: Adia a hora em que fuma o primeiro cigarro, progressivamente até a hora em que não fuma mais. FARMACOTERAPIA Terapia de reposição de nicotina: goma de mascar, adesivos, inalador e aerossol. Bupropiona – 150mg/dia, pode aumentar. (Antidepressivo com efeito ansiolítico) * Principal, fornecida pelo MS. Nortriptilina - (antidepressivo com efeito ansiolítico) Clonidina. CRITÉRIOS PARA O INÍCIO DA FARMACOTERAPIA 20 ou mais cigarros por dia Primeiro cigarro até 30 min após acordar, e 10 cigarros por dia. Escore acima de 5 no teste de dependência de Fagerstrom. Fumantes que já tentaram parar anteriormente com abordagem cognitivo-comportamental, mas tiveram síndrome de abstinência. ACOMPANHAR (A) Retorno na primeira ou segunda semana após a parada. Consultas mensais até 3 meses sem fumar Consultas de 6 em 6 meses.
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