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Direito Aula 1

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AULA 1
1.1 Narração
1.1 Narração
Othon Garcia (2012) define narrativa como o relato de um episódio real ou fictício que implica interferência de elementos, como: fato ou ação [ o quê ]; personagens [ quem ]; o modo como a ação/fato é desenvolvido [ como ]; o momento em que o fato ocorreu [ quando ]; o lugar do ocorrido [ onde ]; o motivo do acontecimento [ por quê ]; e o resultado da ação [ por isso ]. 
Garcia (2012, p.254) explica ainda que há três ou quatro estágios progressivos no enredo. O primeiro é a exposição, na qual o narrador explica certas circunstâncias da história, situando o fato em época e ambiência, e onde se faz a apresentação/introdução de algumas personagens. O segundo estágio é a complicação – fase em que o conflito é iniciado. Logo após aponta o clímax (ápice da história) como fator progressivo da narração. Finalmente, o quarto estágio é o desfecho/desenlace, no qual se dá a solução do conflito.
ANALISE TEXTUAL
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Leia, agora, o poema narrativo de Manuel Bandeira e perceba mais uma vez como a Literatura pode auxiliar na compreensão do Direito, proporcionando resultados mais satisfatórios na compreensão do fenômeno jurídico.
ANALISE TEXTUAL
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Tragédia Brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
ANALISE TEXTUAL
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Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
ANALISE TEXTUAL
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. Logo, ao se ler o poema do poeta Bandeira, embora feito em versos, vê-se que se trata de um poema narrativo, por possuir todos os elementos da narrativa, como: enredo, personagens, espaço, tempo. O poema responde às seguintes perguntas essenciais da narrativa: 
•  O quê? Romance conturbado, que resulta em crime passional. 
•  Quem? Misael e Maria Elvira. 
•  Como? O envolvimento de um homem de 63 anos com uma prostituta. 
•  Onde? Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros lugares. 
•  Quando? Duração do relacionamento: três anos.
 •  Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira.
ANALISE TEXTUAL
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Em síntese, o poema narrativo relata um assassinato e suas causas e as personagens dessa Tragédia Brasileira têm nome e características sociais bem definidas, a saber: personagem de classe média, Misael, e de classe baixa, Maria Elvira, apresentando todos os elementos da narrativa jurídica.
ANALISE TEXTUAL
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1.1.1 Narrativa Jurídica e seus Elementos Constitutivos: O Quê? Quem? Como? Onde? Quando? Por quê?
Toda narrativa refaz os fatos a partir do ponto de vista do autor. Uma das características da “verdade” jurídica é construir uma narrativa dos fatos, que podem ser descritos, por exemplo, por um tipo penal – da infração penal – que nada mais é do que a descrição do crime. Para construir a verdade de que determinado fato é crime, o caso passa por uma transformação progressiva, daquilo que no início era uma "trama de vida" para um "fato jurídico".
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O tempo e narrativa encontram-se imbricados, pois tudo aquilo que pode ser contado em forma de histórias sucede-se no tempo, arraiga-se no próprio tempo, desenvolve-se temporalmente; e o que se desenvolve temporalmente pode ser narrado. Assim, ao se contar uma história, reordena-se o tempo, articulam-se os eventos em uma sucessão, dando contorno ao vivido de forma a garantir que o narrador se identifique ao contá-la e que o leitor se reconheça ao interpretá-la.
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Nesse contexto, a narrativa só poderá ser entendida como a arte de tecer intrigas (enredo), o que significa dizer que contar uma história é “agenciar fatos”, compondo junto o que está separado. “Agenciar fatos” é organizar sucessivamente os eventos da experiência temporal humana de forma a dar sequência à história e, por isso, fazer surgir o tempo.
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Pois bem, na Petição Inicial, por exemplo, a narrativa jurídica não poderia fugir ao que já foi posto, e é produzida no elemento denominado DOS FATOS, iniciando-se sempre pelo autor dessa peça processual, fazendo-se uso do padrão culto da língua portuguesa. A narrativa jurídica tem como ponto de partida a narração dos fatos que geraram a situação fática, começando sempre pela causa de pedir mais remota (origem do negócio jurídico/relação com Direito material) e terminando com a causa de pedir próxima (descumprimento da obrigação pelo réu), indicando o porquê de seu pedido.
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Sendo assim, o advogado do autor deverá narrar e descrever, primeiramente, os fatos que originaram o seu direito (causa de pedir remota/ nascimento do Direito material). Exemplo:
“O autor celebrou contrato de locação com o réu, em 29 de setembro de 2014, por prazo indeterminado, do imóvel localizado na Rua Francisco Rocha, nº 49, em Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, pagando aluguel de R$2000,00 (dois mil reais) com vencimento todo dia 20 de cada mês (doc.1). ”
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Em seguida, o advogado deverá narrar que houve violação ou ameaça de violação ao direito do autor (causa de pedir próxima), descrevendo os fatos e encerrando a sua narrativa jurídica. E
“O réu deixou de pagar os aluguéis dos meses de abril, maio e junho de 2015, perfazendo o total de R$ 6.000,00 (seis mil reais), conforme demonstrativo em anexo (doc.2).”
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Nos parágrafos apresentados, podem ser destacados os seguintes elementos da narrativa, tão essenciais ao contexto jurídico ou ao mundo real: 
•  O quê? Contrato de locação 
•  Quem? Partes processuais: Autor 
•  Como? Modo como os fatos aconteceram: narrativa propriamente dita 
•  Onde? Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro
 •  Quando? 29 de setembro de 2014 
•  Por quê? Inadimplência do réu
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O advogado não pode se esquecer de que da narrativa lógica dos fatos que advém a conclusão, ou seja, dos fatos narrados decorre logicamente o pedido. Leia a narrativa jurídica a seguir (OAB-FGV-2014) para melhor compreensão de suas características estruturais ou metodologia:
	“O autor comprou um aparelho de ar condicionado fabricado pela ré “G” S. A., empresa sediada no Rio de Janeiro, em função da chegada do verão, em15 de janeiro de 2015. Contudo o referido produto, apesar de devidamente entregue, desde o momento de sua instalação, passou a apresentar problemas, desarmando e não refrigerando o ambiente.ANALISE TEXTUAL
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	Em virtude dos problemas apresentados, o autor entrou em contato com o fornecedor, em 25 de janeiro de 2013, que prestou devidamente o serviço de assistência técnica. Nessa oportunidade, foi trocado o termostato do aparelho; todavia, apesar disso, o problema persistiu, razão pela qual o autor, por diversas outras vezes, entrou em contato com a ré “G” S. A. a fim de tentar resolver a questão amigavelmente. Porém, tendo transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias sem a resolução do defeito pelo fornecedor, o autor requereu a substituição do produto; mas, para a surpresa do autor, a empresa negou a substituição do aparelho, afirmando que enviaria um novo técnico à sua residência para analisar novamente o produto. 
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	A assistência técnica informou ao autor, ainda, que a troca do produto só poderia ser realizada após 15 (quinze) dias, devido à grande quantidade de demandas naquela empresa no período do verão. “
Note-se que, no corpo da narrativa jurídica, basta identificar as partes como autor e réu, não havendo, pois, necessidade de escrever os seus nomes e prenomes, pois já constam do início da Petição Inicial no elemento chamado Qualificação das Partes. A narrativa jurídica deve ser clara em relação ao pedido e a causa de pedir, pois, somente, assim, o réu terá condições de compreender qual é a exata pretensão do autor e exercer o contraditório. Além disso, sabe-se que o autor deve narrar e descrever todos os fatos relevantes exaustivamente para que o juiz possa dar-lhe o Direito.
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Muitos fatos importantes constantes da narrativa têm pouca importância jurídica, mas lá estão para fornecer um contexto aos fatos jurídicos mais relevantes, pois sem aqueles o restante não faria sentido. É preciso, então, distinguir fato importante de fato jurídico: fato jurídico são os fatos fundamentais dos quais decorre o direito de que pensa ter o autor; importante são os fatos secundários que compõem o fato jurídico ou que auxiliam na comprovação da sua existência, propiciando maior clareza à situação fática.
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Na narrativa jurídica é de grande importância a seleção dos fatos e a ordenação do tempo, antes de eles serem narrados; lembrando-se sempre de que a narração dos fatos deve ser concisa e eficaz, seguir sempre a ordem linear ou cronológica (= calendário, relógio), deter-se apenas no essencial, em um raciocínio lógico, coeso e coerente.
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A narrativa dos fatos tem o conteúdo informativo porque assume a função de esclarecer uma situação sobre a qual ainda se vai tirar o processo argumentativo, mas é certo que esse conteúdo informativo não é imparcial, porque está contaminado pela constante vontade do representante legal da parte (advogado) de persuadir; razão por que traz sempre um ponto de vista implícito no ato de narrar que será a baliza de sustentação dos fundamentos jurídicos do pedido, daí afirmar-se que a narrativa jurídica é sempre marcada pela parcialidade de ambas as partes nestas peças: Petição Inicial, Contestação, Queixa-Crime, dentre outras similares. A narrativa jurídica tem estrutura que oscila entre a narração e a descrição, por narrar e descrever os fatos, conforme apresentados pela parte, ou seja, aquilo que é significativo para o mundo jurídico e que merece análise e julgamento do judiciário.
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A narrativa jurídica apresenta fatos em sequência e decorrentes de uma relação de causa consequência, isto é, um fato causa uma consequência que dá origem a outro fato, e assim por diante. Isso significa dizer que entre uma ação e outra, entre um fato e outro, há um lapso temporal, e é a indicação de transcurso do tempo a tarefa principal do autor da narrativa, depois de selecionar os fatos narrados.
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	Os parágrafos da narrativa jurídica são dinâmicos, pois os acontecimentos são narrados em uma linha lógica de raciocínio, não havendo, sequer, uma quebra de raciocínio no curso do discurso narrativo.
 	É fundamental a diferenciação entre o ato de argumentar e o ato de narrar, porque a argumentação feita no momento em que se busca uma compreensão do caso concreto é fator que pode vir a confundir e prejudicar a compreensão da narrativa jurídica. 
	É muito comum o aluno de Direito ler o caso concreto e já partir para a argumentação, em vez de atentar para o ato de narrar. Não é incomum, o professor solicitar aos alunos uma narrativa jurídica, e, no momento da correção, deparar-se com um texto misto, em que o aluno narra e argumenta ao mesmo tempo, sem perceber que está se posicionando diante do caso dado e formulando argumentos para defesa de seu ponto de vista ou tese.
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Deve-se ficar bastante atento a essa postura diante desse tipo de texto porque a narrativa dos fatos (“Dos Fatos”) precede à argumentação jurídica (“Do Direito”) e só traz a situação fática: fatos, provas e as circunstâncias em que o fato ocorreu.
Petição inicial:
Qualificação das partes
Dos fatos
Do direito
Do pedido
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1.1.2 Narrativa Jurídica: Raciocínio lógico na seleção e organização dos fatos.
	Os fatos devem ser narrados em um raciocínio lógico, coeso e coerente, na ordem linear ou cronológica (= calendário, relógio), pois é da narrativa lógica dos fatos que advém a conclusão, ou seja, dos fatos narrados decorre logicamente o pedido. 
	Em outros dizeres, começa-se a narrar da causa de pedir mais remota (contrato de compra e venda entre A e B – relação com Direito material) e fecha-se esse texto com a narrativa da causa de pedir mais próxima (lesão do direito do autor/ descumprimento da obrigação pela empresa G.S.A.). Não basta a mera descrição de fatos de forma aleatória, sendo indispensável uma coerência lógica e verossímil entre os fatos narrados. O advogado deve selecionar os fatos que justificarão o pedido, portanto antes de se iniciar a narrativa, é importante que se tenha claro o pedido que será formulado.
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A narrativa dos fatos contém as causas de pedir da parte autora da Inicial- são os fatos que expressarão ao juiz, se, de fato, o autor é detentor do direito subjetivo que ele considera possuir. Caso da narrativa dos fatos não se extraia a razão de pedir, a Inicial será declarada inepta, isto é, não apta para dar prosseguimento ao processo, em virtude de haver ausência de correlação entre fundamentos fáticos e jurídicos expostos e o pedido final formulado, julgando-se extinto o processo sem exame de mérito.
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1.1.3 Narrativa Jurídica: Ordem Linear ou Cronológica
	A estrutura da narrativa é uma sequência de fatos relacionados entre si de forma coerente, em que há uma ordem temporal e uma causal. A ordem temporal trata da cronologia dos fatos, sucessão de acontecimentos no decorrer do tempo, e a causal estabelece a relação de causa e consequência (conduta humana) ou causa e efeito (fenômeno da natureza).
	 Na narrativa jurídica prioriza-se sempre a sequência lógica e linear de tempo e espaço, em que os fatos se passam em um determinado tempo e lugar, segundo a ordem cronológica ou linear- tudo conforme ou enquanto o tempo passa (antes-durante- depois). 
ANALISE TEXTUAL
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Narra-se, portanto, a situação fáticana ordem rigorosamente linear (= relógio, calendário), ou seja, na ordem natural do tempo: começo, meio, fim. Leia a narrativa jurídica abaixo (OAB-RJ 2008.1) e observe o transcurso do tempo entre os fatos, os quais se apresentam, rigorosamente, na ordem linear:
	“A autora, vendedora domiciliada na cidade de São Paulo – SP, alegou ter engravidado, após relacionamento amoroso exclusivo com o réu, representante de vendas de empresa sediada em Porto Alegre – RS.
	No entanto, o réu se negou a reconhecer a paternidade ao argumento de que tem dúvidas acerca da fidelidade da mãe, já que ele chegava a ficar um mês sem ir a São Paulo durante o relacionamento que teve com a autora. 
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	O réu recebe o salário bruto de R$ 5.000,00 mensais e arca com o sustento de uma filha, estudante de 22 anos, e ele não tem domicílio fixo em razão de sua profissão demandar deslocamentos constantes entre São Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS. 
	A autora ganha, no presente momento, cerca de dois salários mínimos e as despesas mensais de João totalizam R$ 1.000,00.”
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	Como se nota, houve uma seleção prévia dos fatos relevantes que compõem a narrativa jurídica e eles foram, em seguida, ordenados cronologicamente (= relógio). Assim, a narrativa se apresenta na ordem linear (fato anterior/causa x fato posterior/consequência), partindo da causa de pedir remota para a causa de pedir próxima, em uma linha de raciocínio lógica, clara, concisa e objetiva, sem nenhuma alusão às normas jurídicas, trazendo somente a narração dos fatos e a descrição das circunstâncias em que ocorreram (fato, prova, circunstância) e as provas. 
	Observa-se, também, que a cada parágrafo foi narrado e descrito apenas um fato.
ANALISE TEXTUAL
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	Os fatos são narrados e situados no tempo, isto é no passado, as datas têm também como referência um marco temporal, fixado no próprio texto. 
	Destaca-se que os advérbios e as expressões adverbiais são também fatores importantes para situar a narração no transcurso do tempo. 
	Por conseguinte, pode-se afirmar que a narrativa se desenvolve da seguinte forma: ações determinadas, em ordem preferencialmente linear, havendo um lapso temporal entre um fato e outro, indicando o transcurso do tempo e com precisa marcação de tempo, seja pelo uso do tempo verbal, seja por outras marcações, como os advérbios ou as expressões adverbiais.

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