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Aula 7 - Direito das obrigações

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 
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11
AULA 07 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
= PARTE GERAL = 
 
 (arts. 233 a 420 CC) 
Meus Amigos e Alunos. Iniciamos agora uma nova etapa em nossos 
estudos. Até agora analisamos a Parte Geral do Código Civil. Lógico que no 
decorrer da exposição da matéria já adiantamos muitos assuntos da Parte 
Especial. Sempre fizemos questão de dizer que ao analisarmos a Parte Geral já 
estávamos vendo muita coisa referente à Parte Especial do Código. E Dizíamos 
que iríamos aprofundar mais determinados temas em aulas vindouras. Pois 
agora é hora de entrarmos nestes assuntos em definitivo. Entraremos, pois, na 
Parte Especial do Código Civil, formada pelo: Direito das Obrigações (onde 
veremos também os contratos), Direito das Coisas, Direito de Família e Direito 
das Sucessões. Lembrem-se que o Código Civil possui mais um item importante, 
o Direito de Empresa. Porém esse tema, apesar de estar contido no Código Civil, 
pertence ao Direito Comercial e não é aprofundado neste nosso curso. 
Iniciaremos, então, a análise da Parte Especial com a aula: Direito das 
Obrigações – Parte Geral, até porque estamos seguindo a ordem do Código 
Civil. Para isso é necessário que o aluno tenha uma boa base do que foi falado 
anteriormente. Vejamos: quem pode assumir uma Obrigação? – As Pessoas! – 
Quais as pessoas que podem assumir estas obrigações? – Para saber isso 
devemos estar “afiados” com o que foi visto na aula referente às Pessoas 
(Naturais e Jurídicas)! Depois: o que pode ser objeto de uma Obrigação? – Os 
Bens! Que tipos de bens? Para responder a isso devemos estar “afiados” com o 
que foi visto na aula referente aos Bens - Objeto do Direito. E, finalmente: 
Como as pessoas podem se relacionar para criar as Obrigações? – Para 
responder a isso devemos ter, “na ponta da língua”, as aulas sobre Fatos e 
Atos Jurídicos. E olhe que foram duas aulas sobre este importante tema. 
Hoje trataremos de um ponto importante. Tanto para concursos, como 
para nossa vida prática. Trata-se de uma aula longa. Com muitos pontos a 
serem abordados. No entanto ela está completa; abordando tudo que vem 
caindo nos concursos. Confiram depois... Não é uma aula difícil. Mas o aluno 
deve ter uma boa base dos temas tratados anteriormente. Portanto se o aluno 
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tiver qualquer dúvida, retorne às aulas anteriores, analise os quadros sinóticos 
fornecidos e revejam os testes fornecidos. 
Comecemos. 
Todo direito encerra sempre uma idéia de obrigação. Podemos dizer que 
não existe direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. 
Podemos assim, conceituar obrigação como sendo a relação jurídica, de 
caráter transitória, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste 
numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro 
ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu 
patrimônio. Confere-se assim ao sujeito ativo o direito de exigir do sujeito 
passivo o cumprimento de determinada prestação. Vejam que o conceito dado é 
muito longo, possuindo diversos elementos. Portanto vamos analisar cada um 
desses elementos do conceito de obrigação. Com isso ficará mais fácil o 
entendimento da matéria. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
Observem que no conceito fornecido citei as expressões: devedor e 
credor; sujeito ativo e passivo; prestação pessoal; adimplemento, etc. Estes são 
os componentes de uma Obrigação. De uma forma técnica, podemos dizer que 
são Elementos Constitutivos das Obrigações: 
• Subjetivo (Ativo e Passivo) 
• Objetivo 
• Vínculo 
1 – Elemento Subjetivo – são os sujeitos (ou as partes) de uma Obrigação: 
• Sujeito Ativo ⎯ é o credor, o beneficiário da obrigação; é a pessoa (física 
ou jurídica) a quem a prestação (positiva ou negativa) é devida, tendo, 
para isso, o direito de exigi-la. 
• Sujeito Passivo ⎯ é o devedor; aquele que deve cumprir a Obrigação, 
efetuar a prestação. 
Observação – é possível que os pólos (passivo e/ou ativo) sejam ocupados 
por uma ou várias pessoas (naturais ou jurídicas). Exemplo: “A” pode fazer um 
contrato de locação com “B”. Neste caso há um Sujeito Ativo e um Passivo. Mas 
“A” e “B” (que são casados) podem fazer um contrato de locação com “C” e “D” 
(que também são casados). Continua havendo dois pólos (Ativo e Passivo); mas 
em cada pólo, há uma pluralidade de pessoas. Pode ocorrer também que haja 
alteração de um dos sujeitos (Exemplo: sub-rogação, ou seja, transferência do 
crédito ou da dívida, de uma pessoa para outra, conforme veremos adiante). 
2 – Elemento Objetivo (ou material) – é o objeto de uma obrigação: 
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• O objeto da obrigação é a prestação (positiva ou negativa), que pode 
consistir em dar, fazer ou não fazer. Veremos melhor esta classificação logo 
adiante. Deve ser lícita, possível (física e juridicamente), determinada ou 
determinável e economicamente apreciável. Também veremos isso logo 
adiante. É admissível a obrigação que tenha por objeto um bem não 
econômico, desde que seja digno de tutela o interesse das partes. Veremos 
isso mais adiante. 
3 – Vínculo Jurídico 
• É o elo que sujeita o devedor a determinada prestação (positiva ou 
negativa) em favor do credor. É o liame legal que une o devedor ao credor. 
Abrange o dever da pessoa obrigada (chamamos isso de debitum) e sua 
responsabilidade em caso de não cumprimento (chamamos de obligatio). 
(Obs. - nunca digam “elo de ligação”. Isto é errado; se é elo, está implícito 
que é de ligação. Basta dizer elo). 
Exemplo: podemos dizer que um contrato de locação de uma casa (ou 
qualquer outro contrato) é o vínculo. É este contrato que irá ligar o locador 
(proprietário), o locatário (inquilino) e o bem que está sendo alugado. Vejam 
que locador e locatário fazem parte do Elemento Subjetivo. Já a casa é o 
Elemento Objetivo. E o contrato, propriamente dito é o Vínculo. 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
Fonte é uma expressão figurada, indicando o elemento gerador, no caso, 
fato jurídico que deu origem ao vínculo obrigacional. Podemos reconhecer como 
fontes de obrigações: 
• Lei – fonte primária ou imediata de obrigações (como sabemos: 
“Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude da... Lei”). 
• Negócio Jurídico Bilateral – duas pessoas criam obrigações entre si. O 
exemplo clássico, que veremos em uma aula especial, é o contrato; qualquer 
contrato. Exemplo – na compra e venda uma pessoa se obriga a pagar o 
preço e a outra a entregar a coisa; na troca, na locação, etc. ocorre o 
mesmo: duas pessoas se obrigam. 
• Negócio Jurídico Unilateral – é o ato unilateral de vontade. Apenas 
uma pessoa se obriga. Exemplo: na promessa de recompensa, eu coloco 
uma faixa na rua “perdeu-se cachorrinho... recompensa-se bem” (quem já 
não viu uma faixa dessa? – pois isso é uma declaração unilateral de 
vontade; é uma promessa de recompensa; apenas uma pessoa está se 
obrigando). Outros exemplos: o testamento, um título ao portador, etc. 
• Atos Ilícitos – é o dever de reparar eventuais prejuízos sofridos. 
Exemplo: obrigação de reparar os danos causados por um acidente de 
veículos. Já vimos isso na aula passada. Apenas para recordar: quem comete 
ato ilícito (arts. 186 e 187 CC) fica obrigado a reparar o dano (art. 927 CC). 
Portanto o ato ilícito também é fonte de obrigação. 
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CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
De acordo com a importância e aplicabilidade prática, podemos classificar 
asobrigações em diversas categorias. Como vocês já puderam perceber, gosto, 
inicialmente, de fazer a classificação geral. Depois vou explicando item por item, 
bem devagar. E é o que faremos com esta enorme classificação das obrigações: 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 
I – QUANTO AO OBJETO 
A) Positivas 
1 – Obrigação de Dar 
a) coisa certa 
b) coisa incerta 
 2 – Obrigação de Fazer 
a) fungível 
b) infungível 
B) Negativas 
 1 – Obrigação de Não Fazer 
 
II – QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
 A) Simples – um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. 
 B) Compostas – pluralidade de objetos ou de sujeitos. 
 1 – Pluralidade de Objetos 
a) cumulativa 
b) alternativa 
 2 – Pluralidade de Sujeitos 
 - Solidariedade 
a) ativa 
b) passiva 
III – Quanto aos Elementos Acidentais 
• puras e simples 
• condicionais 
• a termo 
• modais 
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IV – Outras Modalidades 
• líquidas ou ilíquidas 
• divisíveis ou indivisíveis 
• de resultado, ou de meio, ou de garantia 
• instantâneas, fracionadas, diferidas ou de trato sucessivo 
• principais ou acessórias 
• propter rem 
• naturais 
 
De toda esta vasta classificação, eu diria que a Obrigação quanto ao 
Objeto (Positiva – dar e fazer e Negativa – não fazer) é a principal; é a mais 
importante em termos de concursos. Comecemos por ela então: 
 
I - OBRIGAÇÃO POSITIVA DE DAR 
Obrigação de dar é aquela pela qual o devedor se compromete a 
entregar alguma coisa (transferindo a propriedade, a posse ou apenas o uso de 
uma coisa). Também é chamada de obrigação de prestação de coisa. Ela pode 
ser dividida em dar a coisa certa (ex: uma jóia, um carro, um livro, etc.) ou 
incerta (ex: a obrigação de dar um boi, dentre uma boiada). Vejamos cada 
uma delas. 
 
A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233/242 CC) 
 
O devedor se obriga a dar uma coisa individualizada (ex: a vaca 
Mimosa ou o cavalo Furacão), podendo ser móvel ou imóvel. A regra básica é a 
de que o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. 
Se foi estipulada a entrega de um determinado bem, o devedor somente se 
desonera da obrigação com a entrega deste bem que foi contratado. Abrange a 
obrigação de transferir a propriedade (ex: compra e venda), entregar a posse 
(ex: locador ou comodante que deve entregar a coisa) e restituir (ex: locatário 
ou comodatário de devolver a coisa quando termina o contrato). 
Se a coisa a ser entregue tiver um acessório, a obrigação abrange os 
acessórios também (lembrem-se da regra de que “o acessório acompanha o 
principal”), salvo se as partes estipularem de modo diverso (art. 233 CC). 
Cumpre-se a obrigação mediante a tradição (que significa entrega da coisa na 
compra e venda ou restituição no caso do comodato ou da locação). Até a 
entrega da coisa esta ainda pertence ao devedor. 
Conseqüências jurídicas da perda da coisa antes da tradição: 
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a) sem culpa do devedor (caso fortuito, força maior) – resolve-se a 
obrigação, para ambas as partes, que voltam à situação primitiva; se o 
vendedor já recebeu o preço da coisa que pereceu, sem culpa sua, deve 
devolvê-lo com correção monetária. 
b) com culpa do devedor – indenização pelo valor da coisa mais perdas e 
danos. 
 Conseqüências jurídicas da deterioração (destruição parcial) da 
coisa antes da tradição: 
a) sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação, com restituição do preço 
mais correção monetária ou abatimento proporcional no preço. 
b) com culpa do devedor – resolve-se a obrigação em perdas e danos; 
recebimento da coisa no estado em que se achar mais abatimento 
proporcional no preço. 
No caso de devolução de bens (que se encontram com outrem – ex: 
comodato), aplica-se a regra res perit domino (a coisa perece para o dono). Esta 
é uma frase em latim muito conhecida no mundo jurídico. Se a obrigação for de 
restituir coisa certa e esta se perder antes da tradição, sem culpa do devedor, 
sofrerá o credor a perda e a obrigação se extinguirá, ressalvados os seus 
direitos até o dia da perda. 
Cômodos – é um termo usado pela doutrina. Cômodos são as vantagens 
produzidas pela coisa. Como vimos, até a tradição (entrega) a coisa pertence ao 
devedor, com seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá pedir 
aumento no preço. Exemplo: uma pessoa vende uma vaca, que antes da 
entrega deu uma cria; neste caso o devedor tem duas opções: ou não entrega o 
filhote, ou entrega o filhote, podendo exigir um aumento no preço (este é um 
exemplo clássico que costuma cair em concursos). Neste caso não podemos 
dizer que o bezerro é um acessório; ele não acompanha o principal. Confira o 
art. 237 CC. Quanto aos frutos, os percebidos pertencem ao devedor; os 
pendentes pertencem ao credor. 
 
B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (arts. 243/246 CC) 
 
 Coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado (o objeto 
é indicado de forma genérica no início da obrigação), no entanto deve ser 
indicada, ao menos pelo gênero e quantidade, faltando determinar a 
qualidade. Exemplo: entregar dez bois; é uma obrigação de dar coisa incerta. A 
princípio parece uma obrigação de dar coisa certa. No entanto eu tenho uma 
boiada de mil bois e devo entregar dez! Quais os dez bois que eu irei entregar? 
Eles ainda não foram individualizados! Por isso chamados de obrigação incerta. 
Observem que já há determinação quanto ao gênero = bois e quanto à 
quantidade = dez. Falta individualizar quais os bois que serão entregues. 
Assim, coisa incerta não quer dizer qualquer coisa. Trata de uma coisa ainda 
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indeterminada, porém suscetível de determinação futura. Por isso a 
indeterminação é relativa. Não se admite a indeterminação absoluta, pois 
inviabilizaria o futuro cumprimento da obrigação. Lembrem-se de que qualquer 
vício no objeto (objeto impossível, ilícito, etc.) torna nulo o contrato. Reveja isso 
na aula de Fatos e Atos Jurídicos. 
 Se o bem ainda não foi determinado, um dia haverá a sua 
individualização. Essa individualização se faz pela escolha. O ato unilateral de 
escolha chama-se concentração (trata-se de mais um termo que não está 
previsto expressamente no Código, mas que costuma cair em concursos), que 
se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc. Notem: escolha e 
concentração são termos sinônimos. A lei fala em escolha, mas costuma cair 
concentração nos concursos (para que facilitar se eu posso complicar??). A 
escolha cabe, em regra ao devedor, salvo se for estabelecido de modo diverso 
no contrato (neste caso, por exceção, a escolha caberá ao credor ou a uma 
terceira pessoa estranha ao negócio). Realizada a escolha acaba a incerteza; a 
obrigação de dar a coisa incerta transforma-se em obrigação de dar a coisa 
certa, com todas as suas regras, que vimos acima. No momento da escolha o 
devedor (ou quem o contrato determinar) pode escolher qualquer bem? 
Resposta: Não! Vejam a regra que nosso Código estabeleceu: 
Na falta de disposição contratual, estabelece a lei que o 
devedor não poderá dar a coisa pior, nem ser obrigado a 
prestar melhor (art. 244 do CC). Ficamos, assim, num meio termo. 
Obrigação Pecuniária 
Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro é uma 
espécie de obrigação de dar que abrange prestação em dinheiro, reparação de 
danos e pagamento de juros. O pagamento em dinheiro será feito em moeda 
corrente no lugar do cumprimento da obrigação e pelo valor nominal, ou seja, 
em real (que é nossa unidade monetária atual), segundo o art.315 do CC. São 
nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira 
(chamamos isso de obrigação valutária – valutaria = valuta = divisa, moeda 
estrangeira), salvo os contratos e títulos referentes à importação e exportação 
(art. 318 do CC). Assim, se cair alguma questão da possibilidade de pagamento 
de dívidas em dólar ou ouro, a resposta é que não pode, sob pena de nulidade 
(salvo, como vimos, nos contratos especiais, contratos estes que não estão 
previstos no Código Civil). 
Na obrigação pecuniária o devedor sofrerá com as conseqüências da 
desvalorização da moeda, mas pode-se incluir em algumas convenções cláusula 
de atualização da prestação. 
 
II - OBRIGAÇÃO POSITIVA DE FAZER (arts. 247/249 CC) 
 
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Obrigação de Fazer consiste na prestação de um serviço ou ato 
positivo (material ou imaterial) do devedor (ex: trabalho manual, intelectual, 
científico ou artístico, etc.). Também é chamada de obrigação de prestação de 
fato. 
A impossibilidade do devedor de cumprir a obrigação de fazer, bem como 
a recusa em executá-la, acarretam o inadimplemento contratual (que significa o 
não cumprimento do contrato). Se o próprio devedor criou a impossibilidade, 
responderá ele por perdas e danos. A recusa voluntária induz culpa. Se não 
houver culpa (força maior ou caso fortuito) resolve-se a obrigação sem 
indenização (ex: cantor que ficou afônico). Repõem-se as partes no estado 
anterior da obrigação. 
Espécies: 
• Obrigação de Fazer Fungível – lembrem-se da aula sobre bens; fungível 
quer dizer que pode haver a substituição do bem. No caso das obrigações 
quer dizer que a prestação do ato pode ser realizada pelo devedor ou por 
terceira pessoa (ex: obrigação de pintar um muro – em tese qualquer pessoa 
pode pintar um muro, por isso é uma obrigação fungível). Se houver recusa 
ou mora (que á a demora) no cumprimento da obrigação, sem prejuízo da 
cabível ação de indenização por perdas e danos, o credor pode mandar 
executar o serviço à custa do devedor. O credor está interessado no 
resultado da atividade do devedor, não se exigindo capacidade especial deste 
para realizar o serviço. 
• Obrigação de Fazer Infungível – a prestação só pode ser executada pelo 
próprio devedor; não há a possibilidade de substituição da pessoa que irá 
cumprir a obrigação, pois esta pessoa, contratualmente falando, é 
insubstituível (ante a natureza da prestação ou disposição contratual). 
Exemplo: contrato um artista famoso para pintar um quadro; ou um cirurgião 
famoso para realizar uma operação, ou um advogado famoso para fazer um 
Júri, etc. A obrigação de fazer infungível também é chamada de prestação 
intuitu personae. A recusa ao cumprimento da obrigação resolve-se, 
tradicionalmente, em perdas e danos (art. 247 CC), pois não se pode 
constranger fisicamente o devedor a executá-la. No entanto, atualmente, 
admite-se a execução específica da obrigação. Isto é, pode ser imposta 
pelo Juiz, uma multa periódica (chamada de astreinte – trata-se mais uma 
expressão criada pela doutrina e não prevista no Código, mas que pode cair 
em concursos; aliás, já vi cair muito, mas em Processo Civil). 
Astreinte é uma expressão francesa; trata-se de uma multa. Lembrando 
que este é um tema do Direito Processual Civil e não do Direito Civil, 
propriamente dito. Mas como já vi cair em concursos e sempre alguém me 
pergunta algo sobre ele, vamos falar um pouquinho deste instituto. Podemos 
conceituá-lo com sendo uma penalidade imposta ao devedor, mediante ação 
(daí ser processual civil), consistente em uma prestação periódica, que vai 
sendo acrescida enquanto a obrigação não é cumprida, ainda que não haja no 
contrato a cláusula penal. Está previsto no artigo 461 e seu §4º do C.P.C. 
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Exemplo – Você deseja que alguém faça um determinado serviço e ela, 
apesar de aceitar a obrigação, não faz o que deveria fazer. Você entra com uma 
ação judicial em face desta pessoa. O Juiz concede prazo para o devedor 
cumpra a obrigação. Não o fazendo deverá pagar multa diária até o seu 
cumprimento. Pela recente reforma do Código de Processo Civil, atualmente há 
a possibilidade do juiz fixar astreintes ou preceito cominatório nas obrigações de 
fazer, não fazer e também para a obrigação de dar coisa certa. Esta é uma 
conclusão retirada dos artigos 461-A e seu §3º e 621, parágrafo único, do 
C.P.C. em vigor. Tal regra, segundo a melhor doutrina, não vale para a 
obrigação de dar coisa incerta, para a obrigação de pagar quantia em dinheiro e 
para a obrigação de restituir dívida em dinheiro, isso por falta de previsão legal 
no caso concreto. 
O inadimplemento de emitir declaração de vontade (ex: compromisso de 
compra e venda) dá ensejo à propositura de ação de adjudicação 
compulsória. A decisão judicial supre a vontade da parte inadimplente. 
Observação: As diferenças entre a obrigação de dar e fazer repousam no 
fato de que na obrigação de dar o devedor não precisa fazê-la previamente, 
enquanto na obrigação de fazer o devedor deve confeccionar a coisa para 
depois entregá-la. Além disso, na obrigação de dar, que requer a tradição, a 
prestação pode ser fornecida por terceiro, estranho aos interessados, enquanto 
nas de fazer, em princípio, o credor pode exigir que a prestação seja realizada 
exclusivamente pelo devedor. 
 
III - OBRIGAÇÃO NEGATIVA DE NÃO FAZER (arts. 250/251 CC) 
Obrigação de não fazer é aquela pela qual o devedor se compromete a 
não praticar certo ato que poderia livremente praticar se não houvesse se 
obrigado (ex: proprietário se obriga a não edificar a certa altura para não 
obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não trazer animais domésticos 
para o cômodo alugado, etc.). Se praticar o ato que se obrigou a não praticar, 
tornar-se-á inadimplente e o credor pode exigir o desfazimento do que foi 
realizado. Há casos em que somente resta o caminho da indenização (ex: 
pessoa se obriga a não revelar um segredo industrial). É sempre pessoal e só 
pode ser cumprida pelo próprio devedor. 
 
IV - OBRIGAÇÕES QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
Trata-se de uma outra espécie de classificação das Obrigações. 
Aconselho neste momento a voltarem ao gráfico fornecido atrás sobre a 
classificação geral das obrigações para melhor situar a presente matéria. No 
tocante a esta classificação as obrigações podem ser divididas em: 
 
 1 – OBRIGAÇÕES SIMPLES (ou singulares) – são as que se apresentam 
com um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único objeto, destinando-se a 
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produzir um único efeito. É bem simples = um credor, um devedor e um 
objeto. Exemplo: “A” empresta para “B” a quantia de cem reais. Só isso! Por 
causa de sua simplicidade, é muito raro cair em um concurso. 
 
2 – OBRIGAÇÕES COMPOSTAS (complexas ou plurais) – são as que 
apresentam uma pluralidade de objetos (obrigações cumulativas ou 
alternativas) ou uma pluralidade de sujeitos (obrigações solidárias – ativa ou 
passiva). Vamos falar das duas situações: 
 
a) OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (ou conjuntivas) – são as 
compostas pela multiplicidade de objetos; o devedor deve entregar dois ou 
mais objetos, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título (ex: obrigação 
de dar um carro e um apartamento). O inadimplemento de uma prestação 
envolve o descumprimento total da obrigação; o devedor só se desonera dela 
cumprindo todos os objetos. 
 
b) OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (ou disjuntivas – arts. 
252/256) – também são compostas pela multiplicidade de objetos, porém estes 
estão ligados pela disjuntiva “ou”, podendohaver duas ou mais opções. O 
devedor se desonera com o cumprimento de qualquer uma das prestações. 
Deve-se entregar uma coisa ou outra (ex: obrigo-me a entregar um touro ou 
dois cavalos). Há uma variante, não prevista pela lei, mas aceita pela doutrina, 
que é a obrigação facultativa (já vi cair recentemente em um concurso), em que 
a obrigação inicialmente é simples, mas há a possibilidade para o devedor em 
substituir o objeto (ex: agência de viagens que oferece determinado brinde, mas 
se reserva no direito de substituí-lo por outro). 
Nas obrigações alternativas, a escolha, em regra, pertence ao 
devedor, se o contrário não for estipulado no contrato. Comunicada a escolha 
(lembrem-se que o ato de escolha também é chamado de “concentração”), não 
se pode mais modificar o objeto. Se uma das prestações não puder ser objeto 
de obrigação, ou se tornar inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Exemplo: devo entregar um touro ou quatro cavalos; o touro morreu sem culpa 
das partes; deve-se então cumprir a obrigação que restou: a entrega dos 
cavalos. Se a impossibilidade for de todas as prestações (sem que haja culpa do 
devedor), resolve-se (extingue-se) a obrigação. E se houver culpa do devedor? 
Neste caso, depende: Se a escolha cabia ao devedor, ficará ele obrigado a pagar 
o valor da que por último se impossibilitou (mais perdas e danos). Mas se a 
escolha pertencia ao credor, pode ele (credor) exigir o valor de qualquer das 
prestações (mais perdas e danos). 
 
c) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS (arts. 264 a 285 CC) – ocorrem 
quando há pluralidade de credores ou devedores (ou de ambos), sendo que eles 
têm direitos ou obrigações pelo total da dívida. Havendo vários devedores cada 
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um responde pela dívida inteira, como se fosse um único devedor. O credor 
pode escolher qualquer um e exigir a dívida toda. Mas se houver vários 
credores, qualquer um deles pode exigir a prestação integral, como se fosse 
único credor (art. 264 CC). Nota-se, portanto, três espécies de solidariedade: 
• Solidariedade Ativa – pluralidade de credores. Exemplo: 
conta bancária “e/ou” qualquer correntista é credor solidário dos valores 
depositados e pode exigir do banco a entrega de todo o numerário; mandato 
outorgado a vários advogados, sendo que qualquer um deles pode exigir os 
honorários integralmente do cliente. 
• Solidariedade Passiva – pluralidade de devedores. 
Exemplo: o credor pode demandar tanto o devedor principal, como o seu 
avalista, pois ambos são devedores solidários. 
• Solidariedade Mista (ou recíproca) – neste caso há uma 
pluralidade de devedores e de credores. 
Regra básica – Isso é muito importante!! Vejo a frase seguinte 
cair com muita freqüência nos concursos: 
“A solidariedade não se presume, resultando da lei ou da 
vontade das partes” (art. 265 CC). 
 Tanto a solidariedade ativa, quanto a passiva, possuem regras especiais 
de aplicação. Devido a sua importância, vamos estudá-las uma a uma. 
1 - Solidariedade Ativa 
Aplicam-se as seguintes regras na solidariedade ativa: 
• cada um dos credores pode exigir a prestação por inteiro (art. 267 
CC); também poderá promover medidas assecuratórias do direito do 
crédito e constituir o devedor em mora (vamos analisar este tema 
melhor logo adiante) sem o concurso dos demais credores. 
• qualquer co-credor poderá ingressar em juízo; mas só poderá 
executar a sentença o próprio credor-autor, e não outro estranho á 
lide. 
• se um dos credores se tornar incapaz, este fato não influenciará a 
solidariedade. 
• enquanto não for demandado por algum dos co-credores, o devedor 
pode pagar a qualquer um (art. 268 CC). 
• o pagamento feito a um dos credores extingue inteiramente a dívida, 
o mesmo ocorrendo em caso de novação, compensação e remissão 
(estes temas também serão vistos ainda hoje, logo adiante). 
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• a conversão da prestação em perdas e danos não extingue a 
solidariedade; ela continua existindo para todos os efeitos (art 271). 
Os juros de mora revertem em proveito de todos os credores. 
• o credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o 
pagamento responde aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272 
CC). 
• o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os 
demais, entretanto o julgamento favorável aproveita-lhes, exceto 
baseado em exceção pessoal ao credor que o obteve (art. 274). 
• não importará renuncia à solidariedade a propositura de ação pelo 
credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo 
único CC). 
Extinção 
• Se os credores desistirem dela (da solidariedade) pactuando que o 
pagamento da dívida será pro rata (ou seja, por rateio), cada credor será 
responsável por sua quota. 
• Se um dos credores falecer seu crédito passará a seus herdeiros sem a 
solidariedade (salvo se a prestação for indivisível). 
2 - Solidariedade Passiva 
Aplicam-se as seguintes regras na solidariedade passiva: 
• o credor pode escolher qualquer devedor para cumprir a prestação; 
pode exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente o valor da dívida comum; no primeiro caso, os demais 
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275 
CC). 
• morrendo um dos devedores, a dívida se transmite aos herdeiros, 
mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se 
indivisível a obrigação; no entanto, todos os herdeiros reunidos são 
considerados como um devedor solidário em relação aos demais 
devedores (art. 276 CC). 
• o pagamento parcial feito por um devedor ou a remissão (perdão da 
dívida) obtida só aproveitam aos demais devedores pelo valor pago 
ou relevado (art. 277 CC). 
• nenhuma cláusula estipulada entre um devedor e o credor pode 
agravar a situação dos demais devedores, sem o consentimento 
deles (art. 278 CC). 
• impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores → 
extingue a obrigação; b) por culpa de um devedor → a solidariedade 
continua para todos, que continuam com a obrigação de pagar; mas 
só o culpado responde pelas perdas e danos (art. 279 CC). 
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• todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a 
ação tenha sido proposta contra um, mas o culpado responde aos 
outros pelo acréscimo (art. 280 CC). 
• propondo a ação contra um devedor, o credor não fica inibido de 
acionar os demais (art. 281 CC). 
• o devedor pode opor as exceções pessoais e as comuns a todos; não 
pode opor as pessoais de outro devedor. 
• se o credor renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns 
devedores, só poderá acionar os demais abatendo o valor do débito 
a parte ou àqueles correspondentes, entretanto, se um dos co-
obrigados for insolvente, o rateio da obrigação atingirá também o 
exonerado da solidariedade. 
• o devedor que paga toda a dívida tem o direito de regresso, isto é, 
pode exigir a quota dos demais, rateando-se entre todos o quinhão 
do insolvente, se houver; presumem-se iguais as partes de cada 
devedor; essa presunção admite prova em contrário. 
• se a dívida interessa apenas a um dos devedores, responde este 
perante quem a paga. 
Extinção 
• Morrendo um dos co-devedores, desaparece a solidariedade em relação a 
seus herdeiros, embora continue a existir quanto aos demais co-
obrigados. 
• Renúncia total do credor. 
Observação – Se um devedor solidário for demandado sozinho em um 
processo de conhecimento, poderá trazer os demais devedores a este 
processo, utilizando-se do instituto do chamamento ao processo, que é 
uma formade intervenção de terceiros em um processo a fim de que a 
sentença disponha sobre a responsabilidade de todos os envolvidos. Este 
instituto (chamamento ao processo), na verdade é matéria de Direito 
Processual Civil; estamos apenas fornecendo ao aluno uma visão do que um 
devedor solidário pode fazer para que os outros devedores sejam, também, 
demandados. 
V - OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO 
 
Obrigações de Resultado – quando só se considera cumprida com a 
obtenção de um resultado (ex: contrato de transporte - levar o passageiro a seu 
destino são e salvo). É possível a demonstração de que o resultado não foi 
alcançado por fator alheio à atuação do devedor (ex: caso fortuito, força maior, 
culpa exclusiva do credor, etc.). 
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Obrigações de Meio – quando o devedor só é obrigado a empenhar-se 
para conseguir o resultado, mesmo que este não seja alcançado (ex: o 
advogado em relação ao cliente; ele deve se esforçar ao máximo para ganhar a 
causa; mas nem sempre ganha a ação. Portanto ele não se obriga a vencer a 
causa, mas trabalhar com empenho para ganhá-la). Se o resultado visado não 
for alcançado só poderá ser considerado o inadimplemento do devedor se se 
provar a sua falta de diligência. O mesmo ocorre com um médico para salvar a 
vida do paciente. 
Obrigações Líquidas – são aquelas certas quanto à existência e 
determinadas quanto ao objeto (ex: entregar uma casa; entregar R$100, 00, 
etc.). Nelas se acham especificadas, de modo expresso, a quantidade, a 
qualidade e a natureza do objeto devido. O inadimplemento de obrigação 
positiva e líquida constitui o devedor em mora. 
Obrigações Ilíquidas – são aquelas incertas quanto à sua quantidade; 
dependem de apuração prévia, posto que o montante da prestação é incerto. 
Quando o montante da prestação for incerto ou indeterminado, não podendo ser 
expressa por algarismo ou cifra, a obrigação é chamada de ilíquida. Para que a 
obrigação ilíquida seja cobrada, é necessário que antes seja tornada líquida 
(certa e determinada). Sem a liquidação o credor não terá como cobrar seu 
crédito. Para tornar-se a obrigação líquida, mister se faz que haja uma 
apuração antecipada. Esta apuração realiza-se através de liquidação de 
sentença que fixa o respectivo valor, em moeda corrente, a ser pago ao credor. 
A liquidação das obrigações pode ser realizada por convenção das partes, por 
disposição legal ou de forma judicial. Esta última é a forma mais comum para a 
apuração do montante devido pelo obrigado. 
Obrigações Divisíveis (art. 257 CC) – são as que comportam 
fracionamento, quer quanto a prestação, quer quanto ao próprio objeto sem 
prejuízo de sua substância ou de seu valor. 
Obrigações Indivisíveis (art. 258 CC) – ocorrem quando a prestação é 
única. Devido à convenção das partes (ex: pagamento à vista) ou, dada a 
natureza do objeto (ex: um cavalo, um touro), não admitem cisão na prestação. 
Ainda que o objeto seja divisível (ex: dinheiro), não pode o credor ser obrigado 
a receber em partes, se assim não se ajustou. Atenção quanto a esta espécie 
de obrigação!! Relativo a este tema é uma das maiores incidências em 
concursos públicos. O examinador gosta muito de exigi-la, pois pode confundir 
com a obrigação solidária (já analisada anteriormente). Por este motivo citamos 
abaixo algumas regras especiais quanto à indivisibilidade. Mais adiante daremos 
um exemplo clássico, que vem caindo muito nos exames. 
 
Regras aplicáveis às obrigações indivisíveis: 
• Havendo dois ou mais devedores cada um será obrigado pela dívida toda. O 
devedor que paga a dívida inteira sub-roga-se no direito do credor, havendo 
ação de regresso em relação aos demais co-obrigados. 
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• Havendo pluralidade de credores, o devedor ou devedores somente se 
desobrigarão pagando a todos conjuntamente ou a um dos credores, dando 
este caução (garantia) de ratificação dos outros credores. 
• Caso somente um dos credores receba toda a dívida, os demais poderão 
exigir deste a parte que lhes cabia. 
• No caso de remissão (perdão) por parte de um dos credores, a obrigação não 
ficará extinta em relação aos demais, que poderão exigir as suas cotas, 
descontada a parte remitida. 
• Caso a obrigação seja convertida em perdas e danos perderá o seu caráter 
de indivisível. 
• As obrigações de dar e fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis. As de não 
fazer somente indivisíveis. 
Exemplo clássico – Imaginem que “A” e “B” se obrigam a entregar a “C” um 
touro reprodutor, premiado em exposições. Esta é uma obrigação divisível ou 
indivisível? É indivisível, claro! Pois o touro não pode ser dividido. E a obrigação 
de entregar o touro é solidária? Como vimos anteriormente a solidariedade não 
se presume! Ela deve estar expressa na lei ou no contrato (vontade das 
partes). Como a pergunta nada menciona sobre a solidariedade, devemos 
entender que a obrigação é apenas indivisível (e não solidária). Desta forma, se 
o examinador deseja perguntar algo sobre a solidariedade, deve deixar isto bem 
claro na questão. Confiram os testes sobre o assunto no final da aula. 
 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
Obrigações Puras e Simples – não estão sujeitas a nenhum elemento 
acidental, como a condição, o termo ou o encargo. 
Obrigações Condicionais – são as que contêm cláusula que subordina 
seu efeito a evento futuro e incerto. 
Obrigações a Termo – são aquelas que contêm cláusula que subordina 
seu efeito a evento futuro e certo. 
Obrigações Modais – são as oneradas de um encargo, um ônus à pessoa 
contemplada pela relação jurídica (ex: dou-lhe dois terrenos, mas em um deles 
deve ser construída uma escola). 
Obrigações Principais – são as que independem de qualquer outra para 
ter validade (ex: compra e venda, locação, etc.). 
Obrigações Acessórias – são as que têm sua existência subordinada a 
outra relação jurídica (ex: a fiança é uma obrigação acessória em relação ao 
contrato de locação; da mesma forma a multa contratual é acessória em relação 
a uma obrigação, etc.). A extinção, ineficácia, nulidade ou prescrição da 
obrigação principal reflete-se na acessória. Lembre-se da regra segundo a qual 
o acessório segue a sorte do principal (princípio da gravitação jurídica). O 
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inverso, porém, não é verdadeiro, pois se houver algum vício na obrigação 
acessória, em nada afetará a principal. 
Obrigações Instantâneas – são as que são cumpridas no momento em 
que o negócio é celebrado (ex: compra e venda à vista). 
Obrigações fracionadas – quando o objeto do pagamento é fracionado 
em prestações. A obrigação de pagar o preço é uma só, mas a execução de cada 
uma delas é feita ao longo do tempo (ex: compro um terreno por 10 mil, 
pagando mil por mês, durante dez meses). 
Obrigações diferidas – quando a execução é realizada por um único ato, 
em momento posterior ao surgimento da obrigação (ex: compra e venda com 
pagamento à vista, mas a entrega da coisa se dará em 30 dias). 
Obrigações de trato sucessivo (ou periódicas) – são as que se 
resolvem em intervalos regulares ou não de tempo (ex: obrigação do inquilino 
em pagar aluguel; do condômino em pagar as despesas condominiais). Quando 
uma parcela é paga a obrigação está quitada. Mas neste instante inicia-se a 
formação de outra prestação que deverá ser paga no fim do período. 
Obrigações Propter Rem – são obrigações híbridas, ou seja, parte 
direito real, parte direito pessoal. Melhor explicando: elas recaem sobre uma 
pessoa (daí direto pessoal), por força de um direito real (como por exemplo,a 
propriedade). Exemplos: obrigação de um proprietário de não prejudicar a 
segurança, sossego e saúde dos vizinhos; a do condômino de contribuir para a 
conservação da coisa comum ou de não alterar a fachada externa do edifício; 
adquirente de imóvel hipotecado de pagar o débito que o onera, etc. Um 
exemplo muito comum e mais visado em concursos é o do condômino que, 
devendo contribuições condominiais, vende sua unidade; a pessoa que adquiriu 
o apartamento não devia nada ao condomínio, mas quando se torna proprietário 
assume as dívidas do bem, inclusive as contribuições passadas e não pagas pelo 
antigo proprietário (art. 1.345 do CC). O adquirente, no entanto, tem direito de 
regresso contra o alienante. Trata-se, portanto de obrigação que acompanha a 
coisa (daí real, “res” = coisa). Vai aqui um conselho de ordem prática, para 
nosso dia-a-dia. Se você for comprar um apartamento, exija do vendedor uma 
declaração do síndico do prédio de que ele (vendedor) está quite com as 
obrigações condominiais. Essa simples declaração pode evitar grandes 
dissabores no futuro. 
 
Obrigações Naturais (também chamadas de imperfeitas ou 
incompletas) – são aquelas em que o credor não pode exigir judicialmente a 
prestação do devedor; não há direito de ação para isso, por lhe faltar a garantia, 
a sanção. No entanto, em caso de pagamento por parte do devedor capaz, é 
considerado válido e irretratável. Exemplo: dívida prescrita (já vimos isso: se 
alguém pagar uma dívida prescrita, valeu o pagamento); dívidas resultantes de 
jogo e apostas não permitidas legalmente (arts. 814 e 815 CC – trata-se da 
mesma regra: não é obrigatório o pagamento de dívida do jogo; mas se pagar... 
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valeu); mútuo feito a menor sem a prévia autorização daquele sob cuja guarda 
estiver, etc. 
CLÁUSULA PENAL 
Cláusula Penal é a penalidade imposta pela inexecução parcial ou total 
da obrigação (infração contratual) ou pela mora (demora) no cumprimento da 
obrigação. É pactuada pelas partes no caso de violação do contrato, motivo pelo 
qual é também chamada de multa contratual (ou pena convencional). Trata-se 
de obrigação acessória que visa garantir o cumprimento da obrigação 
principal, bem como fixar o valor de eventuais perdas e danos em caso de 
descumprimento. Por ser acessória, no caso de nulidade do contrato principal, 
ela também será considerada nula (lembrem-se mais uma vez: o acessório 
acompanha o principal). Mas se somente ela for nula, não atinge o contrato 
principal. 
Funções 
• Coerção – intimida o devedor a saldar a obrigação principal para não 
ter que pagar a acessória; possui caráter preventivo, pois reforça o 
vínculo obrigacional. 
• Ressarcimento – pré-fixação das perdas e danos no caso de 
inadimplemento da obrigação; caráter repressivo. 
Espécies 
A cláusula penal pode se classificada em: 
• Compensatória – estipulada para a hipótese de total inadimplemento 
(inexecução) da obrigação – art. 410 CC. 
• Moratória – destinada a evitar o retardamento culposo no cumprimento 
da obrigação ou em segurança especial de outra cláusula determinada – 
art. 411 CC. 
 
Limite 
 O limite da cláusula penal é o valor da obrigação principal. Tal valor 
não pode ser excedido e se isso acontecer o Juiz determina a sua redução. No 
entanto algumas leis limitam o valor da cláusula penal moratória: 10% da dívida 
ou do valor da prestação em atraso no compromisso de compra e venda de 
imóveis loteados; 2% da dívida em contratos sob a égide do Código de Defesa 
do Consumidor. 
 Se houver cumprimento parcial da obrigação, a pena também pode ser 
reduzida proporcionalmente (art. 413 - Princípio da Função Social do Contrato). 
Cláusula Penal X Perdas e Danos 
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 Diferem-se porque na cláusula penal o valor é antecipadamente pactuado 
pelos próprios contratantes. Nas perdas e danos o valor será fixado pelo Juiz 
com base nos prejuízos alegados e provados (dano emergente e lucro cessante). 
Cláusula Penal X Arras 
 Cláusula penal é exigível em caso de inadimplemento ou mora; as arras 
(vamos ver melhor esse assunto de arras na próxima aula – por enquanto 
fiquem com um sinônimo de arras = sinal) são pagas por antecipação, servindo 
para garantir o cumprimento do contrato. A cláusula penal pode ser reduzida 
pelo Juiz; o valor das arras pode ser pactuado livremente pelas partes. 
Cláusula Penal nas Obrigações Indivisíveis e Divisíveis 
Referindo-se à obrigação indivisível, e existindo mais de um devedor, 
incorrendo um devedor em falta, todos estarão incorrerão na pena (ex: dois 
locatários do mesmo imóvel; se um deles infringir o contrato, os dois serão 
penalizados). 
Referindo-se à obrigação divisível, e existindo mais de um devedor, 
incorrendo um em falta, só ele responde e incorre na pena (ex: dois 
compradores de uma boiada, metade para cada um, atrasando um no 
pagamento quanto a sua cota, só ele responde pela penalidade). 
 
PERDAS E DANOS (arts. 402/405 CC) 
Constituem o equivalente do prejuízo ou dano suportado pelo credor, em 
virtude do devedor não ter cumprido, total ou parcialmente a obrigação, 
expressando-se em uma soma de dinheiro correspondente ao desequilíbrio 
sofrido pelo lesado. Aquele que causa prejuízo a alguém pelo descumprimento 
de um contrato ou pela prática de um ato ilícito, deve reparar o dano. A 
indenização por perdas e danos abrange: 
• Dano Positivo ou Emergente – prejuízo real e efetivo no patrimônio do 
credor. 
• Dano Negativo ou Lucro Cessante ou Frustrado – lucro que ele deixou 
de auferir, em razão do descumprimento da obrigação pelo devedor. 
• Nexo de Causalidade entre a inexecução da obrigação pelo devedor e o 
prejuízo; assim é necessário que haja uma relação de causa e efeito entre o 
fato e os danos sofridos. 
Exemplo clássico: o condutor de um veículo particular abalroa um outro 
veículo, dirigido por um taxista. Este pode reclamar não só os danos no veículo 
(danos emergentes), como o que deixou de ganhar com as eventuais “corridas” 
que faria enquanto seu carro foi para a oficina (lucros cessantes). 
As perdas e danos também incluem atualização monetária segundo índices 
oficiais, cláusula penal (se houver previsão no contrato), juros, custas, despesas 
processuais e honorários advocatícios. Os juros de mora devem ser contados 
desde a citação inicial no processo. 
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DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES 
Constituída a obrigação, deverá ser cumprida, de modo que o credor 
poderá exigir a prestação e o devedor terá o dever de efetuá-la. 
O Código Civil estabelece algumas regras gerais sobre a extinção das 
obrigações, e sobre as conseqüências de sua inexecução, que é o 
descumprimento da obrigação ou inadimplemento. 
Regra geral: “A obrigação, não sendo personalíssima, opera 
entre as partes e entre seus herdeiros”. 
Isto quer dizer que, como regra, as obrigações se transferem aos 
herdeiros (se transmitem aos sucessores em caso de morte do devedor) que 
deverão cumpri-las, salvo quando se tratar de obrigação 
personalíssima, isto é, contraída em atenção às qualidades especiais do 
devedor (exemplo: obrigação de um pintor famoso que faleceu sem realizar a 
obra – é uma obrigação personalíssima que não se transmite aos herdeiros). 
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 As obrigações se extinguem, em regra, pelo seu cumprimento. Com ele o 
sujeito passivo se libera da obrigação. O Código chama esse ato de 
pagamento, ou seja, execução voluntária da obrigação. O pagamento não 
consiste apenas na satisfação de uma obrigação em dinheiro;o conceito de 
pagamento abrange qualquer cumprimento voluntário da obrigação. 
O pagamento pode ser direto ou indireto (exemplos: dação em 
pagamento, novação, compensação, etc, conforme veremos adiante). Além 
disso, também pode ser por via judicial (execução forçada). Finalmente pode 
haver a extinção da obrigação sem pagamento (ex: prescrição, remissão 
(perdão), implemento de condição ou advento de termo). Vamos fazer aqui um 
gráfico sobre a Extinção das Obrigações e iremos apreciar item por item bem 
devagar, como temos feito desde o início de nossas aulas. 
Extinção das Obrigações 
1 – Pagamento Direto – Execução Voluntária 
2 – Formas Especiais de Pagamento 
a) Pagamento por Consignação 
b) Pagamento com Sub-rogação 
c) Imputação ao Pagamento 
3 – Pagamento Indireto 
a) Dação em Pagamento 
b) Novação 
c) Compensação 
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d) Confusão 
e) Transação * 
f) Compromisso (arbitragem)* 
 
* Observação – O atual Código Civil não considera mais a Transação e o 
Compromisso (arbitragem) como formas de pagamento indireto, mas sim 
como contratos típicos ou nominados. No entanto, feita a advertência e para fins 
didáticos, continuamos tratando do assunto neste tópico, posto que continuam 
sendo formas de extinção de obrigações. 
 
4 – Extinção sem Pagamento 
a) Prescrição 
b) Advento do Termo 
c) Implemento de Condição 
d) Remissão (perdão) 
 
5 – Judicial – Execução Forçada 
1 – PAGAMENTO DIRETO (arts. 304 e seguintes CC) 
As obrigações extinguem-se normalmente pelo pagamento direto. 
Pagamento (do latim pacare, que significa apaziguar) é sinônimo de solução, 
cumprimento, adimplemento, implemento, execução, satisfação de qualquer 
espécie de obrigação. Vejam a quantidade de expressões que podem ser usadas 
pelo examinador para se referir à mesma situação. O pagamento deve ser 
realizado no tempo, forma e lugar previstos no contrato. Vejamos os elementos 
que compõe o Pagamento: 
 
A) SOLVENS - É a pessoa que deve pagar; é o devedor. Mas o pagamento 
pode ser realizado por outras pessoas que não o devedor propriamente dito. 
Assim, podem efetuar o pagamento, além do devedor: 
• qualquer pessoa interessada na extinção da dívida (ex: fiador, avalista, 
herdeiro, etc.). Essa pessoa se sub-roga nos direitos do credor, sendo-lhe 
transferidos todos os direitos, ações e garantias do primitivo credor. 
• terceiro não interessado (juridicamente), se o fizer em nome e por conta do 
devedor (ex: eu viajo e deixo uma pessoa encarregada de pagar o 
condomínio em meu nome; o procurador de uma forma geral). Terceiro não 
interessado é aquele que não está vinculado à relação obrigacional 
existente entre credor e devedor (embora possa ter interesse moral – como 
o pai que paga a dívida do filho). Se o terceiro pagar em nome próprio, tem 
direito de reembolso pelo devedor (ação de in rem verso). O credor não 
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pode recusar o pagamento de terceiro, mesmo o desinteressado (salvo 
se houver cláusula expressa proibindo, ou nas obrigações intuitu personae, 
ou seja, personalíssimas). Também é inoperante a oposição do devedor ao 
pagamento de sua dívida por terceiros. 
 
B) ACCIPIENS - É a pessoa a quem se deve pagar; é o credor. O credor não 
é obrigado a aceitar pagamento parcial. O pagamento deve ser feito ao: 
• credor 
• representantes do credor (ex: pais, tutores, curadores, mandatários, 
etc.) 
• sucessores do credor (ex: herdeiros, legatários, etc.). 
Fora daí, o pagamento só vale se o credor ratificar (confirmar) o 
recebimento ou se este, comprovadamente, reverter em seu proveito. O 
pagamento também não valerá se: a) o devedor efetua o pagamento a credor 
incapaz de quitar (ex: absolutamente incapaz); b) o credor estiver impedido 
legalmente de receber (ex: crédito penhorado). 
Lembrem-se do brocardo: 
"Quem paga mal ... paga duas vezes" 
 No entanto, há uma exceção a esta regra: o pagamento feito de boa fé 
ao credor putativo é válido, ainda que provado depois que não era credor (art. 
309 CC). Ou seja, se o devedor, agindo de boa fé, paga para uma pessoa a 
quem aparentava ser credor (mas não o era), o pagamento, ainda que feito de 
forma errônea, é considerado válido. 
Objeto e Prova do Pagamento (arts. 313/326 CC) 
O objeto do pagamento é a prestação. A entrega, quando é feita em 
dinheiro faz-se em moeda corrente e pelo valor nominal (art. 315 CC – princípio 
do nominalismo). Para se evitar os efeitos da inflação antigamente era muito 
comum aos credores a aplicação de índices de correção monetária que podiam 
ser aplicados sem limite temporal. O art. 318 do CC determina que são nulas as 
convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para 
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados 
os casos previstos na legislação especial (ex: contratos referentes a importação 
e exportação de mercadorias). Antes disso, era comum e até admitida por 
nossos Tribunais a estipulação contratual em moeda estrangeira (dólar), 
devendo ser efetuada a conversão de seu valor para moeda nacional na ocasião 
do pagamento. Atualmente qualquer convenção neste sentido torna nulo o 
contrato. 
No entanto, pelo princípio da justiça contratual pode o Juiz corrigir o valor 
da prestação, para mais ou para menos, quando verificar que há uma 
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desproporção significativa entre o valor vigente quando do negócio e aquele 
verificado quando do cumprimento da obrigação. 
O devedor que paga tem direito à quitação (recibo), fornecida pelo credor 
(art. 319 CC). A quitação é prova de pagamento; é um documento pelo qual o 
credor reconhece que recebeu o pagamento e exonera o devedor da obrigação. 
Se o credor promover a cobrança judicial da dívida, cabe ao devedor o ônus de 
demonstrar que o pagamento foi realizado. A quitação deve ter os elementos do 
artigo 320 do CC. Se o credor não der a quitação, o devedor pode exigi-la 
judicialmente. Cabe ação de consignação em pagamento (veremos isso logo 
mais adiante) quando o credor se recusa ou dificulta o cumprimento da 
prestação, quando o credor for desconhecido ou ausente, ou quando ocorrer 
dúvida sobre quem deva receber. 
A quitação da última prestação ou quota periódica faz presumir a quitação 
das anteriores, salvo prova em contrário (art. 322 CC). Exemplo: o pagamento 
da despesa condominial do último mês não presume a quitação dos meses 
anteriores. 
Lugar do Pagamento (arts. 327/330 CC) 
Lugar do Pagamento é o local do cumprimento da obrigação. Em regra o 
lugar do pagamento é estipulado no próprio título constitutivo do 
negócio jurídico (princípio da liberdade de escolha). Ou seja, o próprio 
contrato estipula o domicílio onde devem se cumprir as obrigações e se 
determina a competência do juízo onde eventual ação será proposta em caso de 
descumprimento do contrato. O pagamento reiteradamente feito em outro local 
faz presumir que o credor renunciou ao previsto no contrato. Se o pagamento 
consistir na entrega de imóvel (ou em prestações relativas a imóvel), este 
deverá ser feito no lugar onde estiver situado o bem. Sobre o local do 
pagamento existem duas situações. Uma quando se paga no domicílio do 
devedor (quérable) e outra quando se paga no domicílio do credor (portable). 
1 - Quérable (ou quesível – do verbo latino quaerere – procurar – o 
credor “procura” o devedor para receber) - quando o pagamento se faz no 
domicílio do devedor. Quando não houver nada estipulado, há uma presunção 
de que o pagamento é quesível (é a regra geral), umavez que deve ser 
procurado pelo credor no domicílio do devedor, salvo se o contrato, nas 
circunstâncias, a natureza da obrigação ou a lei impuserem em contrário. 
2 - Portable (portável) – quando se estipula expressamente que o local 
do cumprimento da obrigação é o domicílio do credor; o devedor deve levar e 
oferecer o pagamento nesse local (o devedor porta o título e o paga no domicílio 
do credor). 
 
Observação – Meus amigos e alunos. Eu também já fui aluno. Já prestei 
alguns concursos de grande porte. Por isso também senti certa dificuldade 
quanto a este tema. Fazia muita confusão entre “quérable” e “portable”. Por isso 
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comecei a fazer o seguinte “esqueminha”, que ajuda a memorizar melhor as 
hipóteses e não confundi-las: 
= Q.D. - P.C. = 
(quérable → devedor; portable → credor). 
 
Tempo do Pagamento (arts. 331/333 CC) 
O momento em que se pode reclamar a dívida chama-se vencimento, 
que é o momento a partir do qual se verifica a exigibilidade da obrigação 
(princípio da pontualidade). A data do pagamento pode ser fixada livremente 
pelas partes. O credor não pode cobrar antes, nem o devedor pagar após a 
data prevista (sob pena de mora). O devedor também não pode forçar o credor 
a receber antes do vencimento. 
Salvo disposição em contrário, não se ajustando época para pagamento, o 
credor pode exigi-lo imediatamente. 
O Código Civil prevê algumas hipóteses em que o credor pode cobrar a 
dívida antes de vencida. Assim: 
• abertura de concurso creditório (ou seja, uma ação de execução contra o 
devedor). Exemplo: “A” deve para diversas pessoas. As dívidas começaram 
a vencer. O primeiro credor ingressa com uma ação. A dívida de “A” para 
com você é a última a vencer. Não é razoável esperar que todas as dívidas 
vençam para só aí você também entrar com ação. Neste caso, você pode 
cobrar essa dívida, mesmo que ainda não vencida. 
• se os bens dados em garantia real para você (ou seja, hipoteca, penhor e 
anticrese) forem penhorados em execução por outro credor. Se isso 
ocorrer, você perdeu a garantia, por isso você também pode cobrar a dívida 
de forma antecipada. 
• cessarem ou tornarem-se insuficientes as garantias reais ou fidejussórias e 
o devedor se negue a reforçá-las. Lembrando: Garantia Real é o Penhor, 
Hipoteca e Anticrese (veremos melhor este tema na aula sobre Direito das 
Coisas). Garantia Fidejussória é o mesmo que garantia pessoal, ou seja, a 
fiança e o aval. Também Falaremos melhor desses temas em outras aulas 
adiante. 
 
Mora (arts. 394/401 CC) 
Uma obrigação surge para ser cumprida. O modo normal de seu 
cumprimento é o pagamento. Havendo o pagamento, extingue de forma normal 
a obrigação. 
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No entanto, às vezes, a obrigação não se desenvolve normalmente e o 
devedor deixa de cumprir a prestação devida. Trata-se do inadimplemento da 
obrigação. Esse inadimplemento (que é o não cumprimento da obrigação) pode 
ser de duas espécies: 
 a) absoluto ou definitivo (arts. 389 e 395, parágrafo único do CC), 
quando o cumprimento se torna impossível ou houve a perda do interesse do 
credor, já que se tornou inútil para ele; 
b) relativo, quando ainda é possível e útil a realização da prestação. 
Neste caso estamos diante da mora. 
Assim, mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da 
obrigação, desde que não tenha ocorrido caso fortuito ou força maior. Dispõe o 
artigo 394 do CC: 
“Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento 
e o credor que não o quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a 
lei ou a convenção estabelecer”. 
O não cumprimento de obrigação positiva (dar ou fazer) no dia do 
vencimento constitui em mora o devedor. Não havendo um prazo determinado é 
necessária uma interpelação (judicial ou extrajudicial). Nas obrigações 
provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, no momento em 
que o ato ilícito foi praticado. Já na hipótese de obrigação negativa (não fazer) 
considera-se o devedor em mora no dia em que executar o ato de que deveria 
se abster. 
Tanto o devedor, quanto o credor podem incidir em mora: 
 1 – Mora do Devedor – Também chamada de mora solvendi (lembrem-
se que “solvens” significa devedor) – ou debitoris. Ocorre quando o devedor não 
cumpre, por culpa sua, a prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados. 
Neste caso, os principais efeitos da mora são: responsabilização por todos o 
prejuízos causados ao credor, que pode exigir além da prestação propriamente 
dita, também os juros moratórios, a correção monetária, a cláusula penal (se 
houver previsão expressa) e a reparação de qualquer outro dano ou prejuízo 
que porventura tenha sofrido. Pode ser dividida em: 
a) mora ex re – se decorrer de fato previsto em lei ou em contrato; 
quando a obrigação é positiva (dar, fazer) e líquida (valor determinado), 
com data fixada para o pagamento, o seu não cumprimento implica na 
mora do devedor de forma automática, sem necessidade de qualquer 
outra providência do credor. O simples não-pagamento no dia 
determinado já é o suficiente para a caracterização da mora. Exemplo: o 
dia de pagamento do aluguel é todo dia 10 de cada mês. Estamos no dia 
12 e não houve o pagamento. Automaticamente o devedor já está em 
mora. 
b) mora ex persona – se não houver estipulação de uma data 
certa para a execução da obrigação, a mora depende de providência (ex: 
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a interpelação, a notificação, etc.) do credor. Exemplo: no comodato sem 
prazo de duração a mora do comodatário somente se configurará depois 
de notificado pelo comodante, com o prazo de 30 dias. Caso não cumpra 
após o vencimento do prazo incorrerá em mora e será considerado como 
esbulhador. Observação – se o comodato for com prazo determinado, a 
mora se configura no vencimento deste prazo – portanto mora ex re. 
2 – Mora do Credor – Também chamada de mora accipiendi (lembrem-
se que accipiens é o credor) ou creditoris – Como vimos, o credor também pode 
incidir em mora. Neste caso é a injusta recusa de aceitar o adimplemento 
(cumprimento) da obrigação no tempo, lugar e forma devidos. A mora do credor 
subtrai o devedor, isento de dolo, à responsabilidade pela conservação da coisa. 
Isto é se credor não quiser aceitar a coisa e esta vier a estragar o devedor não 
responde por estes danos. Além disso, obriga o credor a ressarcir as despesas 
empregadas na conservação da coisa, e o sujeita a recebê-la pela sua mais alta 
estimação, se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento. 
Acrescente-se que a mora do credor possibilita a ação de consignação judicial 
(falaremos sobre isso logo adiante, ainda na aula de hoje) da coisa pelo 
devedor. 
Observação – quando as moras são simultâneas, ou seja, mora do 
devedor e mora do credor ao mesmo tempo (ex: nenhum dos contratantes 
comparece ao local escolhido para o pagamento), uma elimina a outra, como se 
nenhuma das partes houvesse incorrido em mora. 
 
Juros Moratórios (arts. 406/407) 
 Juros são os frutos ou rendimentos do capital empregado. Como vimos 
anteriormente, são bens acessórios (frutos civis). No entanto, há duas espécies 
de juros: 
a) Juros Compensatórios – decorrem de uma utilização consentida do 
capital alheio. Normalmente é objeto de convenção (contrato) entre os 
interessados, como ocorre no mútuo feneratício (que é o empréstimo de 
dinheiro a juros – veremos isso na aula sobre contratos). Ainda que o 
mutuário pague em dia, quando devolver o empréstimo deve pagar os juros 
pela remuneração do uso do dinheiro.Exemplo: o art. 591 do CC estatui que 
se o mútuo tiver fins econômicos, os juros presumir-se-ão devidos, mas não 
poderão exceder à taxa legal. 
b) Juros Moratórios – constituem uma pena imposta ao devedor pelo atraso 
no cumprimento da obrigação, atuando como se fosse uma indenização. 
São devidos a partir da constituição em mora, independentemente da 
alegação de prejuízo. Podem ser Convencionais ou Legais. Ocorrem os Juros 
Moratórios Convencionais no caso em que as partes estabelecem a taxa de 
juros (até 12% anuais ou 1% ao mês – era a sistemática do art. 192, §3º da 
Constituição Federal, que foi revogado pela Emenda Constitucional nº 40/03). 
Já os juros Moratórios Legais ocorrem quando as partes não os 
convencionam. Mas, mesmo não convencionados os juros moratórios são 
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devidos, na taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de 
impostos devidos à Fazenda Nacional (art. 406 CC – trata-se da taxa SELIC). 
Seja em um caso, seja noutro, ainda não há um consenso sobre qual o 
critério a ser utilizado diante da redação do art. 406 do CC. Saliente-se que o 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem entendido que o critério correto é o 
que consta do art. 161, §1º do Código Tributário Nacional (1% ao mês). Por 
isso entendemos que esta questão não pode cair em concurso por ser muito 
polêmica. Se cair a sugestão é de se adotar a posição do STJ. 
Observação. – Juros compostos são os que se verificam quando houver 
capitalização. Isto é, soma-se ao capital os juros. E a nova incidência do cálculo 
se faz sobre os acréscimos dos juros anteriores, ou seja, “juros sobre juros”. 
Isto é chamado de anatocismo e somente é admitido em casos especiais, 
expressamente autorizados pela lei, como no contrato de mútuo. Já vi esta 
expressão (anatocismo) cair muito em concursos. 
Purgação da Mora (art. 401) 
 Purgar (ou emendar) a mora é neutralizar os seus efeitos. A parte que 
incorreu em mora, corrige, sana a sua falta, de forma voluntária, cumprindo 
a obrigação que foi descumprida. Deve ressarcir, também, os eventuais 
prejuízos causados à outra parte. 
A Purgação da mora feita pelo devedor é a oferta da prestação (ou seja, o 
pagamento da dívida principal), acrescida da importância dos prejuízos ocorridos 
até o dia deste pagamento (ou seja, juros, correção monetária, multa, 
honorários, etc.). 
Dá-se a purgação da mora do credor quando este se oferece para receber 
o pagamento, sujeitando-se aos efeitos da mora já ocorridos. Há casos em que 
a lei permite ao devedor a purgação da mora para impedir que o contrato seja 
resolvido (extinto), desde que o faça durante o prazo de resposta da ação 
judicial proposta pelo credor. Exemplo: Ação de Despejo – art. 62 da Lei do 
Inquilinato. 
Devedor e credor podem conjuntamente purgar a mora se ajustarem a 
renúncia de ambos os prejuízos decorrentes dos efeitos da mora. 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO 
O enriquecimento sem causa é proibido em nosso direito, baseado no 
princípio da eqüidade. Atualmente várias ações têm o objetivo de evitar o 
locupletamento (este é o termo mais usado nos concursos para se referir ao 
enriquecimento ilícito) de coisa alheia. Uma delas é a ação de repetição de 
indébito no caso de pagamento indevido, como veremos logo abaixo. Repetir, 
em Direito, é pedir devolução ou restituição do indevido. 
São pressupostos dessa ação: 
a) enriquecimento do accipiens (de quem recebe – do credor) 
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b) empobrecimento do solvens (de quem paga – do devedor) 
c) relação de causalidade entre o enriquecimento de um e o 
empobrecimento de outro 
d) inexistência de causa jurídica (contrato ou lei) 
e) inexistência de ação específica 
PAGAMENTO INDEVIDO 
Pagamento indevido é uma forma de enriquecimento ilícito, pois uma 
pessoa paga para a outra erroneamente, pensando estar extinguindo a 
obrigação. Quem paga o indevido pode pedir restituição desde que prove que 
pagou por erro. No entanto não libera a pessoa de pagar novamente à pessoa 
certa (quem paga mal paga duas vezes). Quem recebeu é obrigado a restituir. 
Como vimos, repetir é pedir devolução ou restituição do indevido (ação de 
repetição do indébito – ou ação in rem verso). 
Hipóteses: devedor paga dívida inexistente; ou existente, mas que já foi 
extinta; dívida é paga por quem não é o devedor ou recebida por quem não é o 
credor, etc. 
Não se pode repetir (pedir de volta) o que se pagou para solver dívida 
prescrita, nem o que se deu para obter fim ilícito ou imoral. Também não se 
pode repetir se houve pagamento de dívida ainda não vencida. 
 
2 - FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO (arts. 334 a 355 CC) 
 
A) PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO (arts. 334/345 CC) – 
(consignar = consignare = tornar conhecido; pôr em depósito) - Consiste no 
depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da 
obrigação líquida e certa. A consignação pode ser de bens móveis e imóveis. Na 
consignação de dinheiro, pode o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou 
pelo ajuizamento de ação de consignação em pagamento. A consignação libera o 
devedor do vínculo obrigacional, isentando-o do risco e de eventual obrigação 
de pagar os juros. Não cabe a consignação nas obrigações de fazer e nem nas 
de não fazer. A consignação tem lugar (art. 335 CC): 
• se o credor não puder, ou, sem justa causa, se recusar a receber o 
pagamento, ou dar quitação na devida forma. 
• se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e 
condições devidas. 
• se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, estiver declarado 
ausente, ou residir em lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil. 
• se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do 
pagamento. 
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• se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
• se houver concurso de preferência aberto contra o credor. 
 
B) PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (arts. 346/351 CC) – Sub-
rogação (subrogatio = substituição, transferência) é a substituição de uma coisa 
por outra, com os mesmos ônus e atributos (sub-rogação real) ou de uma 
pessoa por outra (sub-rogação pessoal). 
Nosso Código trata da sub-rogação pessoal que vem a ser a substituição, 
nos direitos creditórios, daquele que solveu (pagou) a obrigação alheia. 
Efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito e não mais poderá 
reclamar a obrigação. No entanto, como o devedor não pagou a obrigação, 
continuará obrigado ante o terceiro. Não se tem a extinção da obrigação, mas 
substituição do sujeito ativo, pois a terceira pessoa (estranha na relação 
negocial primitiva) passará a ser o novo credor. Exemplo: o avalista que paga 
uma dívida pela qual se obrigou, sub-roga-se nos direitos do credor; o avalista 
paga a dívida do devedor principal, mas se torna o novo credor do mesmo. 
A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, 
privilégios e garantias do primitivo credor em relação à dívida contra o devedor 
principal e os fiadores (art. 349 CC). 
Costuma-se classificar a sub-rogação pessoal em: 
1 - LEGAL (art. 346 CC): 
• do credor que paga a dívida do devedor comum ao credor, a quem 
competia direito de preferência (solvens e accipiens são credores da 
mesma pessoa). 
• do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário. 
• do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser 
obrigado, no todo ou em parte. 
2 - CONVENCIONAL (art. 347 CC): 
• quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe 
transfere todos os seus direitos.• quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para 
solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-
rogado nos direitos do credor satisfeito. 
 
C) IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (arts. 352/355 CC) – Uma pessoa 
obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o 
direito de escolher qual deles oferece em pagamento, se todos forem líquidos 
e vencidos. Há uma identidade de devedor, de credor e a existência de dois ou 
mais débitos da mesma natureza. O efeito é extinguir o débito para o qual é 
dirigido. 
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A imputação do pagamento visa favorecer o devedor, ao lhe possibilitar 
escolher o débito que pretende extinguir. Se o devedor não fizer qualquer 
declaração, transfere-se o direito ao credor. Se nenhum deles se manifestar 
será feito por determinados critérios estabelecidos pela Lei. A saber: 
- Havendo capital e juros, o pagamento será feito primeiro nos juros vencidos 
e depois o capital; 
- A imputação se fará nas dívidas líquidas que venceram primeiro (dívidas 
mais antigas); 
- Se todas as dívidas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, será feita a 
imputação na mais onerosa, etc. 
 
3 - PAGAMENTO INDIRETO (arts. 356 a 388 CC) 
Como vimos no gráfico inicial, há algumas maneiras indiretas de se pagar 
a dívida. Elas são chamadas de “modos indiretos de extinção das obrigações”. 
Vamos analisá-las uma a uma: 
 
A) DAÇÃO EM PAGAMENTO (arts. 356/359 CC - datio in solutum) – 
Tratas de um acordo de vontades entre credor e devedor em que há a entrega 
de coisa em substituição da prestação devida e vencida. Em outras palavras: o 
credor concorda em receber outra coisa que não seja dinheiro. Exemplo: Uma 
pessoa deve certa importância em dinheiro. No dia do pagamento ela diz ao 
credor que não tem dinheiro para pagar a dívida. No entanto ela diz que tem 
uma chácara (ou um carro, outra coisa) no valor da dívida e oferece esta coisa 
para quitar a dívida. Já vimos que o credor não é obrigado a aceitar outra coisa, 
mesmo que ela seja mais valiosa. Mas ele (o credor) pode aceitar que em vez 
de ser entregue o dinheiro (conforme o combinado inicialmente), seja a 
prestação substituída pela coisa oferecida. 
A substituição pode ser de dinheiro por um bem móvel ou imóvel; pode 
ser de uma coisa por outra coisa; de dinheiro por título; de uma coisa por fato, 
etc. O accipiens (o que recebe o pagamento) poderá receber coisa mais valiosa 
ou não. Se o credor for evicto (perda da propriedade em virtude de sentença 
judicial – veremos esse tema na próxima aula = evicção) da coisa recebida, a 
obrigação primitiva será restabelecida. O devedor responde por eventual vício 
redibitório (trata-se de um defeito oculto na coisa, conforme veremos também 
na aula seguinte). 
 
B) NOVAÇÃO (arts. 360/367 CC - novatio) – Trata-se da criação de 
obrigação nova (daí nova ação - novação), para extinguir uma anterior; é a 
substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Trata-se, ao 
mesmo tempo, de causa extintiva e geradora de obrigações. Só haverá novação 
se houver um acordo, ou seja, vontade das partes (e nunca por força de lei). Ela 
extingue os acessórios e também as garantias da dívida, sempre que não 
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3300
houver estipulação em contrário. A novação não produz, como no pagamento 
direto, ou mesmo na dação, a satisfação imediata do crédito. 
Há três espécies de novação (com subdivisões). Observem esta 
classificação. Tem caído com certa freqüência em concursos, em especial a 
Subjetiva Passiva e as suas duas modalidades: 
 
I – Objetiva ou Real – quando o devedor contrai com o credor nova 
dívida para extinguir a primeira. Há a substituição do objeto da relação jurídica. 
Exemplo: substituição da dívida em dinheiro por prestação de serviços; 
“rolagem” da dívida em bancos (trata da “renegociação” de uma dívida; no caso 
seria substituição de dinheiro por dinheiro mesmo, mas com valores diferentes), 
etc. 
II – Subjetiva ou Pessoal – quando se dá a substituição dos sujeitos 
(de uma das partes) da relação jurídica. Divide-se em: 
a) Ativa – Substituição do credor. Novo credor sucede ao antigo, 
extinguindo o primeiro vínculo. Exemplo: A é credor de B, mas devedor de C. As 
dívidas são equivalentes. A pede a B que pague a C, em vez de lhe pagar. Na 
relação primitiva o credor foi substituído: era A e passou a ser C. É 
indispensável a presença de alguns elementos: consentimento do devedor 
perante o novo credor; consentimento do antigo credor que renuncia o crédito; 
e a anuência do novo credor que aceita a promessa do devedor. Essa forma de 
novação vem sendo substituída pela cessão de crédito (veremos mais adiante). 
b) Passiva – Substituição do devedor. Um novo devedor sucede ao 
antigo, ficando este quite com o credor. Se o novo devedor for insolvente, não 
tem o credor que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este 
obteve de má-fé a substituição. A novação subjetiva por substituição do devedor 
pode ser subdividida em: 
1 – por expromissão – uma terceira pessoa assume a dívida 
do devedor originário, substituindo-o sem o consentimento deste, mas desde 
que o credor concorde com a mudança. Exemplo: A deve 100 a B. C, que é 
muito amigo de A e sabe do débito, pede ao credor que libere A, ficando C 
como novo devedor. Observem que C não pediu para A para substituí-lo. Ele 
simplesmente o substituiu sem a ter a sua anuência; sem perguntar ao mesmo 
se ele admitia ser substituído. 
2 – por delegação – a substituição do devedor será feita com 
o consentimento do devedor originário, pois é ele quem indicará uma terceira 
pessoa para resgatar o seu débito. Neste deve haver também o aceite do 
credor. Exemplo: A deve 100 a B e lhe propõe que C fique como seu devedor. 
Observem que neste caso A é consultado antes da substituição. Além disso, B 
também deve ser consultado. Se ele aceitar extingue-se a dívida de A. 
III – Mista – quando, ao mesmo tempo, substitui-se o objeto e um dos 
sujeitos da relação jurídica. 
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3311
Obs: 1 - Não se podem validar por novação as obrigações nulas ou 
extintas, uma vez que não se pode novar o que não existe, nem extinguir o que 
não produz efeitos jurídicos. Já uma obrigação anulável pode ser confirmada 
pela novação. Revejam as hipótese de atos nulos e anuláveis na aula de Fatos e 
Atos Jurídicos. 
A nova obrigação deve ser válida. Se for nula, a novação será ineficaz e 
prevalecerá a antiga. Se anulável e vier a ser anulada, também restabelecida 
ficará a anterior. No caso de novação subjetiva, a insolvência do novo devedor 
não dá ao credor regresso contra o antigo. 
Obs: 2 - Importa em exoneração do fiador a novação feita sem o seu 
consenso com o devedor principal. Da mesma forma, quando a dívida novada 
for solidária, os devedores solidários que não tiverem participado da novação 
ficarão exonerados da dívida (art. 365 CC). 
Novação X Pagamento com Sub-rogação 
Trata-se de uma confusão muito que o aluno faz. O pagamento com 
sub-rogação não deve ser confundido com a novação (na espécie subjetiva por 
substituição de credor), posto que o pagamento com sub-rogação promove 
apenas uma alteração da obrigação, mudando o credor. Ocorre a extinção da 
obrigação somente em relação ao credor. O vínculo original não se desfaz. O 
devedor continua obrigado em face do terceiro, sub-rogado no crédito 
(exemplo: se o fiador pagar no lugar do devedor nenhuma nova relação se 
formará; o que ocorre é a substituição do fiador no lugar do antigo credor, 
sucedendo-lhe

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