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O direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo
Isabel Cristina Silva Neves
A instituição familiar sofreu inúmeras transformações e processos evolutivos durante a história. Atualmente, as noções sobre família baseiam-se em conceitos antigos e situações inovadoras, contempladas gradativamente em novos instrumentos legais, adotados pelos países, como é o caso do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a respectiva constituição de ambiente familiar.
Devido às novas estruturas modernas de formação social, o meio judiciário adapta-se para confirmar tudo que o conhecimento humano alcança na forma de novos saberes. Para a Constituição Federal, as uniões estáveis são reconhecidas como famílias constituídas, determinando ao Estado o reconhecimento desta formação.
No Brasil, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo, por unanimidade, em sessões realizadas nos dias 04 e 05 de maio de 2011. As ações foram ajuizadas na Corte, respectivamente, pela Procuradoria-Geral da República e pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, inciso IV, da Constituição Federal veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual.
Em 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça emitiu a Resolução n. 175, proibindo a recusa da celebração de casamentos civis de casais ou a conversão em casamento a união está homoafetiva. A Resolução foi aprovada durante a 169ª Sessão Plenária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A Resolução foi publicada em momento de intensos debates no país, envolvendo o casamento entre casais homossexuais. Algumas matérias são debatidas no Congresso Nacional, as discussões envolvem diversos setores da sociedade, com vieses múltiplos, com predominância de tensões no confronto entre concepções laicas e religiosas.
Na prática, as modificações na legislação brasileira, garantindo o direito e o reconhecimento oficial das uniões homoafetivas, representa a concretização de regras constitucionais que determinam o respeito à dignidade humana, baseada em princípios que garantam a igualdade jurídica para a população, superando as antigas estruturas que hoje se configuram como preconceito e segregação. Assim, as regras para a união estável, no sentido antigo entre heterossexuais, se estendem para as uniões entre homossexuais.
Esta situação substituiu o antigo ordenamento jurídico, garantindo aos parceiros do mesmo sexo direitos previdenciários, sucessórios, seguros de saúde ou qualquer outra garantia legítima em uma união estável tradicional, conforme enumera Dias (2011).
a) comunhão parcial de bens: conforme o Código Civil, os parceiros em união homoafetiva, assim como aqueles de união estável, declaram-se em regime de comunhão parcial de bens; b) pensão alimentícia: assim como nos casos previstos para união estável no Código Civil, os companheiros ganham direito a pedir pensão em caso de separação judicial;c) pensões do INSS: atualmente, o INSS já concede pensão por morte para os companheiros de pessoas falecidas, mas a atitude ganha maior respaldo jurídico com a decisão; d) planos de saúde: as empresas de saúde em geral já aceitam parceiros como dependentes ou em planos familiares, mas atualmente, se houver negação, a Justiça pode ter posição mais rápida; e) políticas públicas: os casais homossexuais tendem a ter mais relevância como alvo de políticas públicas e comerciais, embora iniciativas nesse sentido já existam de maneira esparsa; f) imposto de renda: por entendimento da Receita Federal, os homossexuais já podem declarar seus companheiros como dependentes, mas a decisão ganha maior respaldo jurídico; g) sucessão: para fins sucessórios, os parceiros ganham os direitos de parceiros heterossexuais em união estável, mas podem incrementar previsões por contrato civil; h) licença-gala: alguns órgãos públicos já concediam licença de até 9 dias após a união de parceiros, mas a ação deve ser estendida para outros e até para algumas empresas privadas; i) adoção: a lei atual não impede os homossexuais de adotarem, mas dá preferência a casais, logo, com o entendimento, a adoção para os casais homossexuais deve ser facilitada. (DIAS, 2011).
As modificações legais são instrumentos importantes, no entanto, é necessário que novas noções se consolidem no meio social, para que o aparato legal em vez punir, passe a funcionar como orientador de posturas. Para Monteiro (2008, p. 17): “Enquanto houver segmentos alvos da exclusão social, tratamento desigualitário entre homens e mulheres, a homossexualidade for vista como crime, castigo ou pecado, não se está vivendo em um Estado Democrático de Direito”.
No mesmo sentido, Chaves (2010, p. 22), comenta:
“Ainda que se conceitue família como uma relação interpessoal entre um homem e uma mulher, tendo por base o afeto, necessário reconhecer que há relacionamentos que, mesmo sem a diversidade de sexos, são cunhados também por um elo de afetividade. Os relacionamentos afetivos, independentemente da identificação do sexo do par – se formados por homens e mulheres, ou só por mulheres, ou só por homens – são alvos de proteção, em razão da imposição constitucional do respeito à dignidade humana.”
Depreende-se que a ausência de entendimento e reconhecimento sobre os direitos que garantem as uniões homoafetivas, configura como discriminação sobre relacionamentos que se estruturam por vínculos afetivos, cooperação e companheirismo que definem entrelaçamentos de vidas.
Roweder, pesquisando opiniões religiosas sobre o casamento entre homossexuais, apresenta pronunciamentos de entidades e personalidades do meio religioso brasileiro. O autor informa que a Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), manifesta-se de forma contrária aos temas relativos aos direitos dos homossexuais, ao casamento homoafetivo e à adoção de crianças por estes casais.
Roweder mostra, também, pronunciamento da Federal Espírita Brasileira (FEB), através do seu Diretor Geraldo Campetti:
O espiritismo é uma doutrina de liberdade e de respeito a todos os posicionamentos. Em relação aos homoafetivos, considera-se importante que num relacionamento haja amor e afetividade, independente da opção sexual. Não se adentra no mérito de qual sexo, não havendo nenhum problema na união estável entre pessoas homossexuais e na adoção. Deve-se ter respeito pelo semelhante. Qual o problema de um casal de mulheres adotar uma criança? O importante é fazê-lo com amor. O espiritismo defende a liberdade, com responsabilidade. 
Roweder traz a posição contrária das igrejas evangélicas cristãs, sobre os direitos dos homossexuais, enfatizando que os seus representes, no Congresso Nacional, atuam firmemente na defesa dos seus postulados. Transcreve pronunciamento do Pastor Luciano Camargo, da Igreja Batista Vida:
“Os parâmetros bíblicos e a união entre pessoas homossexuais, no máximo, configura um casal, mas não um seio familiar. Quando concorda-se ou permite-se uma união deste tipo, se coloca em questão a garantia da família e de sua continuidade. Pessoas do mesmo sexo não terão filhos e no máximo poderão adotar crianças. Não se opõe à pessoa, mas sim, a prática do homossexualismo. Assim como um marido ou uma esposa infiéis, os seres humanos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo precisam de ajuda para encontrar redirecionamento em suas vidas. “
A pesquisa demonstra que no meio religioso, há diferentes posições, condenando ou aceitando a união homoafetiva, o casamento e a adoção de crianças por casais homossexuais.
No livro Justiça, o que é fazer a coisa certa, Michael Sandel, apresenta uma análise sobre os vários pontos e vista e vieses ideológicos e religiosos, que envolvem as discussões sobre união estável entrehomossexuais. Para o autor, as discussões dificilmente poderão ocorrer isentas de fatores religiosos, um fato que vem largamente demonstrado nas discussões no Brasil.
Como base para sua argumentação, Sandel cita o pronunciamento de Margaret Marshall, Presidente da Suprema Corte de Massachusetts, nos Estados Unidos. A magistrada, ao julgar um casamento entre pessoas do mesmo sexo, considera que negar o direito de casamento legal aos homossexuais, significa agredir o princípio da igualdade do direito à justiça a todos os cidadãos e cidadãs, pois o direito à escolha individual deve superar as questões morais e religiosas.
Sandel cita conclusões de Marshall, ao expor o seu voto a favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: “A essência do casamento, sustenta ela, não é a procriação, e sim um comprometimento exclusivo e de amor entre dois parceiros – sejam hetero ou homossexuais” (SANDEL, 2012, p. 345)
Referências
DIAS, Maria Berenice. Uniões homoafetivas: uma realidade que o Brasil insiste em não ver. 2002. Disponível em: . Acesso em 20 de maio de 2010. Disponível em: www.conjur.org.br
ROWEDER, Rainner Jerônimo. União homoafetiva: uma realidade no ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em: www.ordenamentojurídico.org.br
SANDEL, Michael. Justiça – o que é fazer a coisa certa. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

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