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resumo - Degredados, soldados e renegados. História do Brasil-1

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Resenha: “Degredados, soldados, renegados. A realidade imperial do exílio”.
A coroa portuguesa utilizava o nome soldado aqueles que partiam de Portugal tentando com essa designação escamotear os termos mais preciso: exilados, criminosos ou condenados.
Na verdade, os indivíduos que partiam de Portugal (degredados) em muitos casos eram ameaças para a sociedade lusitana. Esses iam para outras partes da colônia portuguesa para atuar como soldados. Em síntese, a coroa ao mesmo tempo que utilizava dessa política, tinha como objetivo também melhorar o procedimento dessas pessoas, a suas más inclinações. Esses homens eram pobres, não tinham posses nenhuma para subornar a burocracia real. Alguns familiares vendiam tudo que podiam para impedirem a partida de um ente querido, mas as vezes as medidas não surtiam efeito.
A coroa portuguesa precisava de pessoas para se alistarem como soldado, e utilizou um órgão para isso, que se chamava na época conselho de guerra. Esse conselho designava funcionários para exercerem os procedimentos de alistamento em todos os locais de Portugal. No entanto havia vários desertores, e aqueles que tentavam esconder os soldados desertores seriam punidos, tendo que pagar tributos; o tributo variava conforme a classe social que era o indivíduo que escondia o desertor. Os que se apresentavam normalmente seriam compensados com apenas um ano de serviço obrigatório. Claro que a coroa portuguesa usava as pessoas solteiras e pobres, aqueles que não possuíam famílias, como condição primeira do seu intuito: o recrutamento. Mas como o texto afirma essa teoria de que a preferência da coroa era por solteiro, por indivíduos que não possuíam famílias? Ele utiliza de uma lista de deserdados do ano de 1755, na qual diz que de 100 degredados, 72 eram solteiros, sendo que o restante não se tem registro. Ainda utilizando desses materiais, o texto menciona que a média de idade dos solteiros é de 21 anos, e os casados em torno de 28 anos. A um dado interessante nisso tudo. Em um lista de 100 exilados da Madeira para Angola, 15 deles tem experiência militar e sete são apenas voluntários, sendo o restante, ou seja 78, são composto por criminosos, ladrões e desordeiros. Havia também recrutamento de pessoas em tenra idade, e o texto utiliza como amostra Bernardo Tavira de Sousa que com 9 anos deixou Portugal rumo a Índia no ano de 1680. 
Na verdade a política de degredo era utilizada muito para suprir as demandas do exército luso, e ao mesmo tempo controlar:
Bandos de rapazes vaidavam também pelas ruas de Lisboa em números que a coroa e o senado da Câmara consideravam alarmantes. Em 1625, a câmara sugeriu que fossem detidos, internados num edifício usado como hospital durante as epidemias, e treinados como soldados. (pág. 120)
O serviço prestado pelos soldados tornou-se um problema para a coroa portuguesa pelo simples fato de que ela já não sabia mais quem era o soldado voluntariado do soldado condenado. E muitas vezes os soldados pediam recompensas sendo que a coroa não sabia quem era realmente o soldado voluntariado. Provavelmente muitos soldados condenados aproveitaram dessa lacuna deixada pela burocracia imperial, e se fizeram como soldados voluntariados.
Os soldados condenados eram enviados geralmente para as Índias. A viagem levava em torno de cinco à seis meses, variando conforme o tempo que os tripulantes enfrentavam durante o percurso. A volta demorava geralmente um mês a mais, o que provavelmente estava ligada ao tempo e o navio que vinha carregado de quinquilharias.
 A viagem para as Índias e outros lugares, tais como paradas em Angola ou Moçambique, era perigosa. Cerca de 30% à 50 % dos tripulantes morriam por causa do escorbuto e outras formas de subnutrição.
Sempre havia demanda por soldados na Índia, uma vez que quando alistados para ir a Goa, muitos mudavam de ideia e partiam para outro caminho, quando não mudavam de caminho quando chegavam nas Índias. Outra possibilidade para esse déficit de soldado era, como vimos mais acima, as mortes causadas durante a viagem. Outro fator que ocasionava esse prejuízo da mão de obra(visto aqui pela ótica do Estado) era que muitos desses degredados acabam entrando, assim que chegavam em Goa, para alguma ordem religiosa, fugindo assim do compromisso militar. Embora o Estado luso e a igreja havia promulgado leis para impedir esse ato, isso não surtiu muito efeito.
A cidade de Goa era bem conhecida pelo número e pela riqueza da suas igrejas e mosteiros. A Coroa e a Igreja aprovaram uma série de leis para impedir a entrada de mais soldados para esses mosteiros, mas, em 1672, o vice rei Luis de Mendonça Furtado e Alburqueque escreveu para Lisboa que “sinto que devo informar Vossa Majestade de que as ordens religiosas se encontram cheias de soldados, apesar das muitas leis que os prelados promulgaram.. sei que têm mais de duzentos soldados em todos os mosteiro”. Não apenas degredados de Portugal, mas também condenados locais, escapavam deste modo à sua pena. [...] Entrar para esses mosteiros era apenas uma das várias estratégias seguidas pelos degredados-soldados para fugirem ao serviço militar. (pág.126)
Em muitos casos o fornecimento de roupas e alimentos para os soldados que chegavam em Goa era feito pelos capitães que possuíam sua própria companhia. Esses capitães geralmente eram nobres, tinham recursos para prover os soldados durante o período das chuvas. A Coroa portuguesa via com bons olhos essa medida, mas em parte sofreu um pouco com essa política, uma vez que os capitães, ao lidarem com esse tipo de situação, resolvem utilizar sua companhia - claro que isso em muitos casos não podemos generalizar – para assuntos particulares. E isso de certa forma dava resultado, pois as tropas muitas vezes era totalmente dependente economicamente dos capitães, sendo leais a ele.[1: A estação das chuvas era o tempo de licença dos soldados e muitos deles permaneciam em Goa durante as chuvas abundantes de Junho a Agosto. (pág.127)]
A cidade de Goa era vista como cosmopolita, sendo o centro econômico, cultural, religioso e administrativo do Estado da Índia. Segundo o texto muitos dos homens que chegavam em Goa casavam-se novamente, embora já tenham sido casado em Lisboa. A medida era devido ao fato de que uma lei isentava eles de cumprirem o serviço militar e de vários impostos municipais. 
Em relatos de uma carta do vice-rei em Goa a Lisboa, percebe-se também uma nítida insatisfação com a falta de um capitão-mor e de engenheiros(militares), dos quais, em muitos dos casos, conforme escreve o vice-rei, são mandados para o interior do Brasil mas não para Goa. Havia também carência de arquiteto em Goa, e isso é mostrado no texto quando as autoridades de Lisboa solicitam a construção de um novo forte para dar segurança as crianças e mulheres. Como resposta, as autoridades de Goa responderam que não havia ninguém para dirigir tal obra.
O tribunal de inquisição de Goa foi criado no ano de 1543. E muito dos soldados que foram julgados eram enviados para Siri-Lanka, local preferido das autoridades por ser carente de soldados e de outras questões críticas. O autor estabelece um paralelo com os presídios no norte da África. Ou seja, Siri-Lanka está para as autoridades de Goa, o mesmo que os presídios norte-africanos estão para os tribunais europeus no século XVI. Na verdade os enviados para Siri-Lanka eram culpados de crimes menores ou médios. A natureza dos crimes eram pequenas, mas a partir do momento que a situação militar se agrava, as autoridades de Goa tenderam a aumentar o exílio para Siri-Lanka, uma vez que havia o desespero. Outra região que Goa escolhe para mandar seu exilados, agora por pena de crime mais graves(criminosos) é as ilhas de Mameluco(Indonésia Oriental). Muitas pessoas que iam para essas ilhas, e até mesmo aquelas que ficavam em Goa, seguiam costumes mouros e judeus, o que deixava os jesuítas empertigados a ponto de solicitar as autoridades de Lisboa um tribunal de inquisição. Os costumes eram desordeiros, os maus exemplos enormes, eos padres diziam que os portugueses eram uma obstrução na divulgação do cristianismo perante os gentios. De uma certa forma ou outra, a língua continuava se manter nos séculos XVI e XVII, ou seja, era portuguesa, o que deixava os holandeses enfurecidos com esse ato. Formas portuguesas (língua) se manteram em Malabar, Malaca e Siri Lanka até o século XIX. Naturalmente que a ocupação dos holandeses na maior parte das regiões ocupadas antes pelos portugueses vão reduzindo seu poder de influência. 
O texto mostra também que os exílios não eram efetuados apenas no continente asiático, mas também no africano, tendo como pontos referentes Moçambique e Zimbabué. Para esses locais eram mandados pessoas com crimes graves, sendo grande maioria de homicidas. O estado português, visando combater as tropas holandesas que já estavam entrincheiradas nessas regiões, concede perdão a esses exilados, sendo que em troca eles teriam que servir no exército português. Com o passar do tempo, e as necessidades da coroa, ela começa a substituir o crime de exilado para apenas uma multa.
No Brasil a primeira política de degredado utilizada por Portugal data do ano de 1535. Somente no ano de 1549 quando o primeiro governador geral do Brasil veio para cá, que iremos presenciar vários grupos de degredados vindo parar nessas paragens. Há uma coisa interessante nisso tudo. Quando o primeiro donatário veio para o Brasil, ou seja o Martim Afonso, com ele veio cerca de 400 pessoas, sendo que não se sabe, segundo o texto, quantas pessoas eram degredadas. Uma coisa não tem como contestar. Os degredados faziam parte da população europeia no século XVI, logo podemos concluir que muitos vieram para cá. Muitos desses degredados que vieram para o Brasil desempenhavam cargos, inclusive na magistratura, apesar das restrições que as autoridades faziam contra isso. Essa ideia foi tirada de Pedro Borges, um ouvidor-geral, que fez uma inspeção ao sul no ano de 1549.
Na página 139, o autor questiona que a maioria desses degredados poderiam ter vindo do tribunal da inquisição de Portugal, uma vez que fora nesse período – final da década de 1530, década de 1540 – que surgiu o tribunal da inquisição em Portugal. Teria a Coroa portuguesa, juntamente com a igreja, interesses escusos de povoar América com vários degredados vindos para cá? 
Somente no ano de 1549 que os jesuítas vieram para o Brasil, e nesse período se tem muitas cartas deles reclamando para a Coroa que os degredados que vieram para cá são pessoas que não davam exemplo, pessoas de envergadura imoral, e que era inútil povoar o Brasil com essa gente tem escol tão pueril. Mas engana-se que os degredados vieram apenas de Portugal. Segundo o autor, vieram degredados de Goa e da África, todos com culpa no cartório, conforme nosso jargão popular atual. Era pessoas com más tendências. 
Assim como Goa, no Brasil os degredados podiam ser exilados para outros lugares dependendo do crime cometido. Havia também um certo contraste na recepção dos degredados conforme a região. São Paulo pelo menos era mais receptivo quanto à vinda deles, enquanto Recife reclamava nas suas cartas a Coroa. Em síntese, Bahia e Olinda diziam nas suas cartas que nessas regiões já havia muita gente, e que se viesse mais degredado para o Brasil, que eles fossem para a região Sul. 
No século XVIII a descoberta do ouro modifica o quadro do exílio dos degredados para o Brasil. O cerco se fecha, e a Coroa implanta uma política de cerceamento dos exilados, de estrangeiros, ordenando a partir de 1709, através de uma lei que: 
[...] apenas marinheiros, missionários, ou aqueles que tivessem terra ou cargos no Brasil, poderiam emigrar para esse território. Aqueles que obtivessem as necessárias licenças de partida não seriam autorizados a levar criados consigo. Todos deveriam partir do Porto ou de Viana com os seus passaportes passados pela Relação do Porto. Aqueles que tentassem escapar a este procedimento deveriam ser condenados a seis meses na cadeia, uma multa de 100 mil réis e exílio em África por três anos. (Pág. 143) 
Seria uma forma de conter o fluxo de pessoas que viriam só para se aproveitar do ciclo do ouro no Brasil, afinal, como vimos aqui, a maioria das pessoas que aportaram eram degredadas, tendo um histórico não muito bem aceito pelas cortes europeias portuguesas e pelos capitães? 
Seguindo o texto, o autor menciona que a colonização forçada nas regiões do norte, ou seja, Maranhão e Pará, foi devido uma política de marginalização dessas áreas pela Coroa portuguesa, e ela agora, obrigava-se em si a patrocinar a ida de muitos degredados para aqueles lugares distante, sendo que ambas foram fundadas no século XVII. Nesse período o texto mostra que Maranhão e Pará tiveram profundas relações com os açores, devido a um intenso processo de emigração vindo dessa ilha para os dois estados do norte brasileiro. Estava o Brasil maduro para a colonização se solidificar, e a coroa percebeu isso, fixando seus pontos no norte do país, culminando com grande envio de mulheres para o Ceará. 
Embora muitas possam ter sido exiladas para a Índia numa época anterior, parece que, ao longo do século XVII, as mulheres culpadas de crimes foram deportadas de uma forma crescente para o Brasil. (Pág. 146)
Esse número de mulheres enviadas ao Brasil estava ligado, segundo o texto, ao tribunal de inquisição em Portugal, sendo que dos 100% das mulheres condenadas, 62% vieram para o Brasil.
Os renegados são mencionados no texto como os lançados, aqueles que eram arremessados na costa da África Ocidental pelos portugueses, servindo de intermediários para os mercadores indígenas e os mercadores em si. Eles acabam se tornando membros das próprias tribos, muitos até mesmo se casando com as indígenas, abarcando para si o seus costumes e hábitos, dos mais variados. Muitos renegados, aqui falando não apenas estes que eram deixados na África, mas em outros lugares pelos quais tinha uma ligação com a Coroa portuguesa, acabavam se convertendo seja na forma das tribos vista aqui em cima pelos lançados, ou se convertendo no judaísmo ou islamismo, o que deixava a coroa super preocupada. Em vista disso, ela desencadeia uma política de perdão a esses infiéis, tendo em vista o único e real objetivo de trazer de volta os renegados que estavam tomando outros caminhos.
A deserção dos degredados era em vista que muitos foram enviados para colônias remotas de Portugal com o objetivo de servir como soldados da coroa, sendo que grande maioria, como vimos aqui eram solteiros. Eles eram pagos pela coroa, mas muitas vezes ficavam um bom tempo sem receber, quando não ficava apenas nas promessas. Isso era um motivo de descaso da coroa para com eles, e isso facilitava sua fuga para outros serviços que possibilitariam um rendimento, colocado pelo autor como contrabando ou comércio.
O exército português era indisciplinado, segundo o autor, pelo fato de ser composto por grande maioria de solteiros, sendo em pouco caso composto de soldados voluntários, pois a maioria era formada por degredados.

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