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DIREITO DIGITAL E CRIMINALÍSTICA 
COMPUTACIONAL 
 
Aula 01 – Direito Constitucional – Privacidade, Liberdade de Expressão, 
Direitos da Personalidade, Direito de Propriedade, Direitos Autorais 
Constitucionais 
 
1.1 – NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
1.2 – Princípios e Garantias Fundamentais 
 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
 
No Brasil, a forma de estado adotada é a de uma Federação, que significa a 
coexistência pacífica em um mesmo território de unidades dotadas de autonomia 
pública, possuindo tipos de competências exclusivas e discriminadas no texto 
constitucional. 
 
O Brasil tem como forma de governo a República, forma adotada desde 1889, e 
continuou por todas as consequentes Cartas Magnas. 
 
Uma das principais características dessa forma de governo é a obrigatoriedade de 
alternância de poder. Em relação ao regime político, o caput do artigo 1º da 
Constituição versa: “constitui-se um Estado Democrático de Direito...”. 
 
A concepção de “Estado Democrático de Direito” é indissociável do conceito de 
“Estado Democrático”, o que nos leva a concluir que a expressão “Estado 
Democrático de Direito” vem traduzir a ideia de um Estado em que todas as 
pessoas e todos os poderes estão sob o manto do império da Lei e do Direito. 
 
Nele, os poderes públicos têm de ser exercidos por representantes do povo, 
visando à tentativa de assegurar às pessoas uma igualdade em termos materiais, 
ou seja, condições materiais mínimas necessárias a uma vida digna. 
 
A Carta Magna determina que os alicerces da República Federativa do Brasil são: 
 a) A soberania; 
 b) A cidadania; 
 c) A dignidade da pessoa humana; 
 d) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e 
 e) O pluralismo político. 
 
 III - a dignidade da pessoa humana; 
 
Dita nossa Carta Magna que o Estado está centrado no ser humano, e não em 
qualquer outro referencial. 
 
A razão de o Estado Brasileiro não estar consubstanciado na propriedade, em 
classes, em corporações, em organizações religiosas, muito menos em si mesmo 
— como ocorre em regimes totalitários —, mas sim na pessoa humana; esta 
concepção afasta a possibilidade de predomínio das ideias transpessoalistas do 
Estado e Nação, em detrimento da liberdade pessoal. 
 
Do ideal de “dignidade da pessoa humana”, vários outros valores constitucionais 
decorrem deste, como por exemplo, o direito à vida, à intimidade, à honra, a 
imagem etc. 
 
Duas posições jurídicas consubstanciam a questão da dignidade humana. A 
primeira apresenta-se como direito de proteção individual, não só em relação ao 
Estado, mas também frente aos demais indivíduos. A segunda constitui dever 
fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. 
 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
 
Nosso Estado fundamenta-se, também, no valor social do trabalho e da livre 
iniciativa. Nosso constituinte determinou que o Estado brasileiro configura-se como 
obrigatoriamente capitalista e, ao mesmo tempo, nas relações entre capital e 
trabalho, será, sempre, reconhecido o valor social do último. 
 
No artigo 170, CF, a Constituição reforça e apresenta esse fundamento, ao estatuir 
que a ordem econômica esta fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tendo pior fim assegurar a todos uma existência digna, conforme os 
ditames da justiça social. 
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo 
e o Judiciário. 
 
Nesse artigo, temos a visão do legislador ao consagrar o princípio da separação 
dos poderes ou princípio da divisão funcional do poder do Estado. Esta divisão 
funcional consiste em atribuir independência entre estes órgãos, junto ao exercício 
das suas funções estatais essenciais. 
 
Nesse caso, cabe ao Poder Executivo, tipicamente, exercer as funções de governo 
e administração; ao Poder Legislativo cabe principalmente a elaboração das leis; 
ao Poder Judiciário atribui-se o exercício da jurisdição, significando dizer qual o 
direito aplicável ao caso concreto, na hipótese de litígio. 
 
1.3 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
Este artigo enumera a maior parte dos direitos fundamentais constantes em nosso 
ordenamento jurídico constitucional — embora alguns não sejam somente 
individuais, mas também coletivos. 
 
Direito à Vida – O direito à vida é o mais elementar dos direitos fundamentais, 
pois, sem à vida nenhum outro direito pode ser cogitado. A Constituição protege a 
vida de forma genérica, não só a extrauterina, mas também a intrauterina. 
 
A proteção que o ordenamento jurídico brasileiro concede à vida intrauterina tem 
como exemplo principal a proibição da prática do aborto, somente permitido em 
casos de aborto terapêutico — que é o caso de se tentar salvar a vida da gestante, 
ou o chamado aborto humanitário, no caso de gravidez resultante de estupro — 
Código Penal, artigo 128. 
 
Assim, esse direito individual fundamental à vida possui dois aspectos importantes: 
sob a ótica da biologia, ele traduz o direito à integridade física e psíquica, no 
direito a saúde, na vedação a pena de morte etc. 
 
Em outra ótica, em um sentido mais amplo, significa o direito e condições 
materiais e espirituais mínimas necessárias a uma existência com dignidade 
referente à natureza humana. 
 
Torna-se oportuno frisar que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela legalidade 
de pesquisas com a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões 
humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados, nos termos do 
artigo 5º da Lei 11.105/2005. 
 
Na ocasião, entendeu a Corte Suprema que essas pesquisas não ofendem o direito 
à vida, tampouco violando a dignidade humana constitucionalmente assegurada. 
— VIDE ADI 3510 — relator Ministro Carlos Brito, de 29/05/2008. 
 
Direito à liberdade – Trata os doutrinadores este direito como à própria essência 
dos direitos fundamentais de primeira geração — por isso mesmo também 
denominado liberdades públicas. 
 
A ideia de liberdade de atuação do indivíduo perante o Estado vem carregada da 
ideologia liberal, na qual temos como expoentes as revoluções do final do século 
XVIII e do início XIX. 
 
Uma doutrina se destaca neste âmbito, a chamada “laissez faire”, que exigia a 
redução da atuação do Estado e de sua ingerência nos negócios privados a um 
mínimo absolutamente necessário. 
 
A Revolução Francesa — com seu lema liberdade, igualdade e fraternidade — tem 
na liberdade seu axioma mais nítido junto ao Liberalismo. 
 
Essa liberdade determinada no caput do artigo deve ser analisada da forma mais 
ampla possível; ela compreende não só a liberdade física, de locomoção, mas 
também de crença, de convicções, de expressão de pensamento, de reunião, de 
associação etc. 
 
 I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição. 
 
A base fundamental do princípio republicano é a igualdade e a democracia. A 
abrangência deste princípio é tão importante que dele inúmeros outros decorrem 
diretamente, como por exemplo, a proibição ao racismo, a proibição de diferença 
de salário, de exercício de funções e de critério de admissão por motivos de sexo, 
idade, cor ou estadocivil, a proibição de qualquer discriminação no tocante a 
salário e critérios de admissão do trabalho do portador de deficiência física, a 
exigência de aprovação prévia em concurso público para investidura em cargo ou 
emprego público etc. 
 
O princípio constitucional da igualdade determina que se dê tratamento igual aos 
que se encontram em situação equivalente e que se dê tratamento desigual, na 
medida de suas desigualdades. 
 
Esse princípio não proíbe que a lei estabeleça tratamento diferenciado entre 
pessoas que tenham distensões de grupo social, de sexo, de profissão, de 
condição econômica ou de idade, não se admitindo o parâmetro diferenciador seja 
de critério arbitrário, desprovido de razoabilidade. VIDE Sumula 683-STF. 
 
Detalhe importante é observar que não se pode cogitar de ofensa ao princípio da 
igualdade quando as discriminações são previstas no próprio texto da carta 
magna. 
 
Existem hipóteses que o próprio legislador constituinte determinou, de forma 
bastante clara, que um dado critério deve ser adotado para efeito de desigualdade 
jurídica entre as pessoas. 
 
Temos como exemplo o artigo 7º da Constituição Federal, em seu inciso XX, 
aposentadoria da mulher com menor tempo de contribuição — CF, artigo 40, 
reserva de certos cargos públicos para brasileiros natos — CF, artigo 12, §3º, 
previsão de favorecimento às micro e pequenas empresas — CF, artigo 179. 
 
 II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei. 
 
Trata-se, nesse inciso, do princípio da legalidade, uma das bases da própria noção 
do Estado de Direito, implantada com o advento do constitucionalismo, porquanto 
acentua a premissa de “governo das leis”, sendo assim a expressão da vontade 
geral, e não mais apenas o “governo dos homens”, em que o capricho e o arbítrio 
de um governante seria a vontade predominante. 
 
Dessa forma, o citado inciso, em relação aos particulares, com como corolário a 
afirmação de que somente a lei pode criar obrigações. 
 
 III – ninguém poderá ser submetido à tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante. 
 
- Liberdade de expressão 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem. 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional. 
 
Nesses incisos, analisaremos suas referências sobre a questão do direito a 
liberdade de expressão. 
 
No inciso IV do artigo 5º da CF, está consagrado que “é livre a manifestação do 
pensamento, sendo vedado o anonimato”; trata-se de regra de grande amplitude e 
não dirigida a destinatários específicos. 
 
Toda e qualquer pessoa, a princípio, pode manifestar sua opinião, desde que não o 
faça sobre o manto do anonimato; esta proteção constitucional engloba não só o 
direito a expressar-se, oralmente, ou por escrito, mas também o direito de ouvir, 
assistir e ler. 
 
A proibição ao anonimato, que está ligada a todos os meios de comunicação, tem 
o cerne de possibilitar a responsabilização de quem cause danos a terceiros em 
decorrência da expressão de juízo ou opiniões ofensivas, levianas, caluniosas, 
difamatórias etc. 
 
Essa proibição impede, também, como regra geral, o acolhimento de denúncias 
anônimas. Vide voto do Ministro, do STF, Celso de Mello no inquérito 1957/PR. 
 
Em aresto, que acompanhou a orientação anterior — HC 84.827 de 07/08/2007 — 
o Supremo Tribunal Federal, ao deferir habeas corpus, para trancar, por falta de 
justa causa, notícia-crime instaurada, por requisição do Ministério Público, com 
base unicamente em denúncia anônima. 
 
Determinou a Corte Suprema que a instauração de procedimento de caráter 
criminal, tendo como ponto de partida apenas uma denúncia anônima, seria 
contrária a ordem jurídica constitucional, ofendendo o princípio basilar da 
dignidade da pessoa humana, que poderia permitir a prática de inescrupulosos 
denuncismos e a eventual impossibilidade de indenizações por danos morais ou 
materiais, contrariando, assim, princípios consagrados no artigo 5º, incisos V e X, 
CF. 
 
Os direitos da pessoa que possa vir a sofrer um dano em razão de manifestação 
indevida por parte de outrem estão elencados no inciso V do artigo 5º da CF, nos 
seguintes termos: 
 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por 
dano material, moral ou à imagem; 
Em complemente ao inciso transcrito acima, acerca do direito de liberdade de expressão, 
outro inciso, do mesmo artigo 5º, estabelece a garantia de vedação à censura prévia: 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença. 
 
É importante ressaltar que a liberdade de expressão, mesmo com o fim de censura 
prévia, não dispõe de caráter absoluto, ou seja, pode encontrar limites em outros 
institutos protegidos constitucionalmente, sobretudo na inviolabilidade da 
privacidade e da intimidade do cidadão e, completando, por exemplo, na vedação 
ao racismo. 
 
Merece igual importância comentar o inciso XIV do artigo 5º, que versa: 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional. 
 
Esse inciso nos remete ao direito constitucional do direito a informação, mas, como 
outros, esse direito não é absoluto. 
 
Sua real importância está ligada essencialmente a informações que possam ser de 
interesse público ou geral, não cabendo dele cogitar quando se trate de 
informações de caráter particular, que digam respeito à intimidade e à vida privada 
da pessoa; as informações que são objeto de proteção estão elencadas — 
proteção constitucional — no artigo 5º, X. 
 
Sendo assim, todos têm o direito de acesso à informação que possa ser de 
interesse geral, mas existe, juridicamente falando, um tipo de direito que permitiria 
acesso a informações que só interessem à esfera privada. 
 
A citada informação ao sigilo da fonte da informação — aquela de interesse público 
ou geral — está assegurada na parte final do inciso XIV do artigo 5º, tendo relação 
direta com a atividade jornalística, uma vez que possibilita a estes profissionais 
obter informações que, sem essa garantia, certamente não seriam reveladas. 
 
É importante ressaltar que a garantia do sigilo da fonte não abre o conflito com o 
princípio constitucional à vedação do anonimato. 
 
O jornalista ou profissional que trabalhe com divulgação de informações, ao 
veicular a informação (notícia) em seu nome, está sujeito a responder pelos 
eventuais danos indevidos que ela possa vir a causar; apesar da fonte ser sigilosa, 
a divulgação da informação não será feita de forma anônima. 
 
- Liberdade de crença religiosa e convicção pública e filosófica 
 
 VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades 
civis e militares de internação coletiva; 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica 
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei. 
 
O inciso VIII determina e consagra o direito à denominada “recusa de 
consciência”, possibilitando que a pessoa possa recusar-se a cumprir determinadas 
obrigações ou praticar atos que possam conflitar com suas convicções de caráter 
religioso, público ou filosófico, sem que essa recusa impliqueem algum tipo de 
restrição a seus direitos. 
 
Esse instituto — “recusa de consciência” não permite, entretanto, que a pessoa 
simplesmente deixe de cumprir a obrigação legal a todos imposta e nada mais 
faça. 
 
Nessa situação — quando existe uma obrigação legal geral, cujo cumprimento 
afronta convicção religiosa, filosófica ou política — o Estado poderá impor a quem 
alegue imperativo de consciência uma prestação alternativa, compatível com suas 
crenças ou convicções, fixadas em lei. 
 
No caso do indivíduo que se recusar a cumprir esta prestação alternativa, 
estabelecida pela lei, estará sujeito à suspensão de seus direitos políticos, nos 
termos do artigo 15, inciso IV da Constituição Federal. 
 
É importante salientar que, tratando-se da questão referente ao serviço militar 
obrigatório, o artigo 143, §1º, CF determina: 
 
 Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. 
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em 
tempo de paz, depois de alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o 
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades 
de caráter essencialmente militar. 
 
A análise desses dispositivos reporta ao fato de que o Brasil é um Estado laico, 
conforme determinado no inciso I do artigo 19 da Constituição Federal, que veda à 
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios subvenção junto a cultos 
religiosos ou igrejas. 
 
- Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem 
das pessoas 
 
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 
 
No quesito indenização, na hipótese de violação a um desses bens da pessoa, 
poderá ser cumulativo, o que significa que poderá ser reconhecido o direito de 
indenização pelo dano material e moral, casa a situação ensejar tal 
comprometimento. 
 
Um exemplo é a situação da perda de um ente querido; a dor sofrida por esta 
perda também é indenizável a título de danos morais, visto que a expressão 
“danos morais” não se restringe as hipóteses de ofensa à reputação, dignidade e 
imagem da pessoa. 
 
Cumpre destacar que, segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o 
sigilo bancário é espécie do direito à privacidade, inerente à personalidade — VIDE 
RE 219.780/PE, relator ministro Carlos Velloso; MS 22.801, relator Carlos Alberto 
Menezes Direito. 1712/2007. 
 
Importa salientar que, considerando a inexistência de direitos absolutos em nosso 
ordenamento jurídico constitucional, o Supremo Tribunal Federal afirmou que o 
sigilo deve ceder diante do interesse público, do interesse social e do interesse da 
justiça, sendo possível a quebra do sigilo bancário, observando os procedimentos 
estabelecidos em lei e com respeito ao princípio da razoabilidade — VIDE RMS 
23302/RJ, relator ministro Ilmar Galvão. AI-Agr 541.265/SC, relator ministro Carlos 
Velloso, 04/10/2005. 
 
Em resumo, na análise do texto constitucional, a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal e a Lei Complementar que regula a matéria — Lei Complementar 
nº 105/2001 — são as seguintes hipóteses em que a garantia de inviolabilidade do 
sigilo bancário pode ser afastada: 
 
a) Por determinação judicial; 
 
b) Por determinação do Poder Legislativo, mediante aprovação pelo 
Plenário da Câmara dos deputados, do Senado Federal, ou do Plenário 
de suas respectivas comissões parlamentares de inquérito – CPI; 
 
c) Por determinação do Ministério Público, desde que no âmbito de 
procedimento administrativo visando a defesa do patrimônio público; 
 
d) Por determinação das autoridades e agentes fiscais tributários da União, 
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, quando houver 
processo Administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e 
tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade 
administrativa competente — Lei Complementar nº 105/2001 — Artigos 
5º e 6º. 
 
- Inviolabilidade domiciliar – Artigo 5º, XI 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento 
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o 
dia, por determinação judicial. 
 
Essa inviolabilidade não alcança somente a “casa”, a residência do indivíduo. Ele 
compreende também qualquer outro recinto fechado, não aberto ao público, ainda 
que de natureza profissional — ex.: escritório de advocacia, consultório médico, 
dependências privadas de empresas etc. 
 
Esse dispositivo colocou por terra a possibilidade de determinações administrativas 
de busca e apreensão de documentos; prática, hoje, absolutamente 
inconstitucional. 
 
 
 
 
- Inviolabilidade de correspondência — Artigo 5º, XII 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a 
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (Vide Lei nº 9.296, 
de 1996). 
 
Esse inciso nos remete à inviolabilidade do sigilo da correspondência e das 
comunicações telefônicas, salvo, em último caso, por ordem judicial, nas hipóteses 
e na forma que a lei estabelecer. 
 
Embora a autorização expressa para a violação excepcional refira-se tão-somente 
às circunstâncias telefônicas, a garantia da inviolabilidade das correspondências 
também não é absoluta, visto que não existem direitos e garantias fundamentais 
de caráter absoluto no Estado brasileiro. 
 
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgado, determinou ser possível, 
respeitados certos parâmetros, a interceptação das correspondências e 
comunicações telegráficas e de dados sempre que tais liberdades públicas 
estiverem sendo utilizadas no instrumento de salvaguarda para práticas ilícitas — 
VIDE HC 70.814/SP, relator ministro Celso de Mello, 01/03/1994. 
 
Nesses termos, uma “carta confidencial” remetida por um sequestrador à família 
do sequestrado certamente poderá ser violada e utilizada em juízo como prova, 
sem se considerar esta atitude um desrespeito ao sigilo das correspondências, 
pois, neste caso, quem desrespeitou primeiro os direitos fundamentais do 
sequestrado e de sua família foi o sequestrador, não merecendo assim a tutela da 
ordem jurídica. 
 
Outro exemplo de circunstância excepcional que merece destaque em nosso texto 
constitucional e que admite a restrição dessas garantias são os chamados Estados 
de Defesa e Estado de Sítio – CF, artigos 136, §1º e 1391, III. 
 
- Direito a propriedade – Artigo 5º, XXII e XXXI 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
A Constituição Federal, no que se refere ao direito de propriedade, consagrou o 
Brasil como um Estado capitalista. 
 
Assim, o inciso XXII do Artigo 5º tem como mensagem clara sobre o instituto: “é 
garantido o direito de propriedade”. Da mesma forma, o inciso II do artigo 170, 
CF, enumera como princípio fundamental da ordem econômica do país a 
“propriedade privada”. 
 
Na época do Liberalismo, a propriedade privada era considerada um dos mais 
importantes direitos fundamentais; era o direito a propriedade então, visto como 
um direito absoluto, consubstanciado nos poderes de usar, fruir, dispor da coisa, 
bem como reivindicá-la de quem indevidamente a possuísse e oponível a todas as 
demais pessoas.Entretanto, no âmbito do nosso Direito Constitucional, não é mais cabível essa 
concepção de propriedade como um direito absoluto. 
 
 
 
Por isso, nossa Constituição consagra o Brasil como um estado Democrático Social 
de Direito, o que implica dizer que a propriedade deve atender a uma função 
social. 
 
Por esse parâmetro, o ordenamento constitucional impõe ao proprietário deveres 
de exercitar o uso adequado da propriedade — mormente no que concerne a sua 
exploração econômica. Assim, não pode o proprietário de um terreno urbano 
mente-lo não edificado, ou seja, subutilizado — CF, Artigo 182, §4º. 
 
Por tudo isso, o direito de propriedade deverá ceder quando for necessário à tutela 
do interesse público, como ocorre nas hipóteses de desapropriação por utilidade 
ou necessidade pública, de aquisição administrativa — Artigo 5º, XXV — e de 
requisição de bens no Estado de Sítio — Artigo 139, VII, CF. 
 
- Os Direitos Autorais são referidos nos incisos XXVII e XXVIII, Artigo 5º, 
CF 
 
 XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de 
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz 
humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que 
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas. 
 
A proteção dos chamados Direitos Autorais tem sua regulamentação junto à Lei 
9610 de 1998, que no seu artigo 7º determina: 
 
 Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por 
qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente 
no futuro (...) 
 
Dentre elas, os textos e obras literárias, artísticas e científicas, composições 
musicais, as obras áudios-visuais, os programas de computador (grifo nosso) 
etc. Já a proteção à propriedade industrial está contida no inciso XXIX, do artigo 
5º, CF. 
 
 XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua 
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de 
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País. 
 
A regulação dos direitos de propriedade industrial está fundada na Lei 9.279, de 
1996, que no seu artigo 2º assegura: 
 
Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse 
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 02 – Direito Penal Digital e Criminal I e II - Inviolabilidade de 
Informação, segredo pessoal e segredo profissional. - furto e roubo de 
informação, crimes contra a honra praticados em ambiente virtual. 
 
Presidência da República 
 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 
 
Código Penal 
 
2.1 – Do Crime – Artigo 18, I (crime doloso) e II (crime culposo) 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
O conceito de dolo esta ligado à vontade e consciência do agente, dirigidas a 
realizar a conduta prevista no Artigo 18, I; toda ação consciente é conduzida pela 
decisão da ação, quer dizer, pela real consciência do que se quer pela decisão de 
realizar um ato. 
 
Conduta é um comportamento voluntário que tem como fim causar um resultado, 
sendo indispensável a verificação do conteúdo da vontade do autor do fato, ou 
seja, o fim que estava contido na ação. Toda ação está intimamente ligado à 
realização de uma vontade, vontade este dirigida pela consciência. 
 
 
 Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
A conduta humana que interessa ao Direito Penal só pode ocorrer de duas formas: 
ou o agente atua com a intenção, ou seja, dolosamente, desejando e assumindo 
todos os riscos de produzir o resultado, ou, ele se comporta culposamente e causa 
esse mesmo resultado, agindo com imprudência, imperícia ou negligência. 
 
A imperícia caracteriza-se quando o agente atua com precipitação, afoitamente, 
sem as devidas cautelas. 
 
A negligência é a inércia psíquica, a indiferença do agente, que, mesmo podendo 
tomar os cuidados e cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça 
mental. 
 
Já a imperícia é a falta de conhecimento teórico ou prático no exercício de arte ou 
profissão. 
 
Exemplos: 
Imprudência – Motorista que acelera de forma excessiva em seu veículo ou que 
desrespeita o sinal vermelho em um cruzamento. A imprudência está condicionada 
a uma ação, um fazer; 
 
Negligência – Neste caso, é o deixar de fazer que o cuidado normal impõe. É o 
caso do motorista que tem os cuidados necessários com os freios já gastos de seu 
automóvel; é o pai que deixa uma arma de fogo ao alcance de seus filhos 
menores. 
 
Imperícia – Ocorre a imperícia quando há o caso de uma inaptidão, momentânea 
ou não, do agente para com suas atribuições e no exercício de arte, ofício ou 
profissão, assim, basicamente ligada à atividade profissional do agente. 
 
Uma situação hipotética seria o caso de um cirurgião plástico, durante o ato 
cirúrgico, realizar procedimentos fora de sua especialidade. Outra situação seria o 
de um motorista que goza de excelente reputação, conceito profissional, mas, em 
determinada manobra, pode ter atuado sem sua reconhecida habilidade. 
 
2.2 – Da Ação Penal – Artigo 100, §1º e §2º 
 Ação pública e de iniciativa privada 
 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do 
ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, 
de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
 § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem 
tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
O Código Penal — e subsidiariamente o Código de Processo penal — prevê duas 
formas de ação penal: a ação penal pública e ação penal privada. Em linhas gerais 
previstas no artigo 100, CP, determina que toda a ação penal é pública, salvo 
quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
Ação penal pública – É a hipótese em que são lesados direitos dos indivíduos e da 
sociedade, assim devendo ser o crime reprimido, cabendo ao Estado e exercício do 
“jus puniendi”, ou seja, o direito de punir. 
 
A ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal 
objetivo. No caso de praticado algum ilícito, o Estado fica investido do direito de 
acusação, assim, em regra toda ação penal é pública. 
 
Na Constituição Federal, encontramos um mandamento que diz competir 
privativamente ao Ministério Público promover a ação penal pública — Artigo 129, 
I, CF, mediante denúncia. 
 
Ação Penal Privada – Embora o direito de punir seja exclusivo do estado, este 
casuisticamente possibilita, transfere, ao particular o “jus acusationis” (direito de 
acusar), quando o direito do ofendido se sobrepõe ao interessepúblico. 
 
As ações penais de iniciativa privada são aquelas promovidas mediante queixa do 
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. Exemplo de 
representantes do ofendido: os pais, tutores e curadores, segundo dispõe 
legislação civil. 
 
2.3 – Dos crimes contra a Honra – Artigos 138, 139 e 140 do Código 
Penal 
 
 Calúnia 
 Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
 § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
 
Calúnia – Sujeito do delito – Crime comum, podendo ser praticado por qualquer 
pessoa, nada impedindo a coautoria ou participação. 
 
O sujeito passivo é o ser humano, pois apenas ele pode praticar fato definido 
como crime e a ele se imputar falsamente essa conduta delituosa. Desta forma, 
não existe a possibilidade de se praticar o crime de calúnia contra pessoa jurídica. 
 
O crime é praticado por quem imputa a outrem, ou seja, afirma, falsamente, que o 
sujeito passivo praticou determinado delito. 
 
Esse crime tem ação livre, pois pode ser cometido por meio de palavra escrita ou 
oral, por gestos e até meios simbólicos. 
 
Outro detalhe importante é que quem sabe ser falsa a imputação pratica o crime 
quando propaga (espalha, propala) ou divulga (torna pública) a calúnia; mas, com 
um detalhe: é importante que o agente tenha consciência de que a imputação é 
falsa. 
 
Difamação 
 Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Difamação – Assim como a calúnia, a difamação é um crime comum, podendo ser 
praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é qualquer pessoa, inclusive 
menores e doentes mentais. 
 
Em relação ao texto legal, a questão referente a “alguém”, o entendimento é de 
que não é abrangida pelo Código Penal a difamação contra a pessoa jurídica. 
 
Não há crime de difamação quando a ofensa atinge pessoalmente dirigentes da 
pessoa jurídica. A principal característica do crime de difamação consiste na 
atribuição a alguém de um fato danoso, mas não constante da lei como crime. 
 
Diferentemente do crime de calúnia, na difamação não é necessário que haja a 
falsidade da imputação. Mesmo assim, é necessário que seja feita uma imputação 
de um fato determinado, embora não seja necessário um detalhamento minucioso 
do fato. 
 
O dolo do crime de difamação é imputar, por qualquer forma — pela palavra oral, 
escrita, por meio simbólico etc. — um fato desonroso a alguém, seja ele 
verdadeiro ou não. 
 
Diferentemente da calúnia, não se exige que o agente tenha a consciência da 
falsidade da imputação na difamação; o que se procura punir é tão-somente aquilo 
que é chamado popularmente de “fofoca”, imputando a alguém fato que pode vir a 
denegrir sua reputação, sendo falso ou verdadeiro o fato. 
 
A difamação ocorre quando um indivíduo atribui a outro fato ofensivo à sua 
reputação; não precisa ser definido como crime. 
 
Exemplo: Se “A” disser que “B” foi trabalhar bêbado estará afetando sua 
reputação. 
 
Difamação é um termo jurídico que consiste em atribuir a alguém fato 
determinado ofensivo à sua reputação, honra objetiva, e se consuma quando um 
terceiro toma conhecimento do fato. 
 
Injúria 
 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
 I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
 II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio 
empregado, se considerem aviltantes: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
A injúria, de todas as infrações penais tipificadas no Código Penal que visam 
proteger a honra, é considerada a menos grave. 
 
Mas a injúria poderá se transformar na mais grave infração penal contra a honra 
quando consistir na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, 
origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, tendo a 
denominação de “injúria preconceituosa”. 
 
A injúria está diretamente ligada à palavra ou gesto de ultraje com que o agente 
ofende o sentimento de dignidade do outro. 
 
Essa dignidade é definida como o sentimento que tem o indivíduo do seu próprio 
valor social, de seu decoro e de sua respeitabilidade perante terceiros. Por 
exemplo: dizer que uma pessoa é trapaceira seria ofender sua dignidade; já 
chamá-lo de burro ou de corno seria atingir seu decoro. 
 
O crime de injúria é considerado um crime comum, pois pode ser praticado por 
qualquer pessoa; por exemplo, afirmar que alguém é um marido traído, filho de 
prostituta etc. 
 
Qualquer pessoa pode ser vítima da ação de injúria, apenas excluídas aquelas que 
não têm capacidade de entender e, também, de injúria contra pessoa jurídica, já 
que a esta está totalmente despida de sentimento pessoal; somado a isso, não 
devemos esquecer que este crime está inserido no capítulo dos crimes praticados 
contra a pessoa. 
 
Não há crime de injúria contra pessoa morta. A pratica da injúria pode ser 
praticada de forma imediata, sendo proferida pelo agente diretamente; ou 
mediata, quando este se vale de uma forma de reprodução (criança, gravação, 
papagaio etc.); não é necessária a presença física da vítima; o crime ocorrerá se o 
agente faz com que o insulto a ela seja comunicada. 
 
2.4 – Dos crimes contra a inviolabilidade de Segredo – Artigos 153, §1º, 
§1º-A; violação de segredo profissional – Artigo 154 
 
 Divulgação de segredo 
 Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de 
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir 
dano a outrem: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 § 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
 § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em 
lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Esse tipo penal — crimes contra a inviolabilidade de segredos — encontra-se na 
seção II do capítulo VI do Título I. 
 
O Artigo 153 responsabiliza criminalmente aquele que divulga, sem justa causa, 
conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é 
destinatário ou detentor, que tenha a possibilidade de produzir dano a outrem. 
 
Temos como sujeito ativo do delito o destinatário ou detentor, e atenção, legítimo 
ou ilegítimo, da correspondência ou do documento. 
 
Sujeito passivo é o remetente, o autor do documento, o destinatário. A conduta 
típica é divulgar, por qualquer forma, o segredo inscrito no documento ou 
correspondência. 
 
O objeto material é o documento particular, qualquer escrito fixado por uma 
pessoa para transmitir algo juridicamente relevante; exige-se que trate de matéria 
de caráter confidencial, um segredo, algo sigiloso a um número limitado de 
pessoas. 
 
É necessário que a divulgação possa acarretar dano material ou moral à pessoa; 
importante é que não é necessário que o dano se efetive. 
 
No parágrafo §1º-A, passou a incriminar a conduta de divulgação de informações 
sigilosas ou reservada da administração pública. Trata-se de crime comum, 
podendo o sujeito ativo ser qualquer pessoa,servidor público ou não. O sujeito 
passivo é sempre o Estado. 
 
Violação de Segredo Profissional – Artigo 154 
 
Violação do segredo profissional 
 Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
Esse artigo tipifica o comportamento do agente que, sem justa causa, revela a 
alguém um segredo de que teve ciência em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão; sendo que esta revelação tenha a capacidade de produzir dano a 
outrem. 
 
Algumas atividades profissionais, conforme as descritas pelo reproduzido artigo, 
requerem uma relação de confiança entre as pessoas. Quando esta confiança é 
quebrada sem motivo justo, abre-se a possibilidade de se responsabilizar 
criminalmente aquele que não cumpriu com os seus deveres de fidelidade e 
lealdade. 
 
São vários os dispositivos legais que resguardam o dever de sigilo, por exemplo: 
Artigo 207 do Código de Processo Penal, o Artigo 406 do Código de Processo Civil, 
o Artigo 229 do Código Civil, o Artigo 7º, XIX do Estatuto da Advocacia e a Ordem 
dos Advogados do Brasil (OAB). 
 
Assim, podemos extrair os seguintes elementos da redação contida no Artigo 154 
do Código Penal, que constituem o delito de violação de segredo profissional: 
 
1) A existência de um segredo; 
2) O fato de ter esse segredo chegado ao conhecimento do agente 
em virtude de função, ministério, ofício ou profissão; 
3) Revelação a alguém; 
4) Ausência de justa causa; 
5) Potencialidade de dano a outrem. 
 
Entende-se por função toda determinação de encargos imposta pela lei a uma 
pessoa, esteja ou não ligada ao exercício de um cargo, haja ou não remuneração. 
 
Assim, o tutor, o curador, e escrevente de sala de juiz que “toma conhecimento, 
em razão de sua função”, de segredos narrados durante uma audiência de 
divórcio, que corre em segredo de justiça, revelando-os a terceiros, estará 
cometendo o tipo penal. 
 
Por ministério, como regra, entende-se aqueles que exercem atividades religiosas, 
a exemplo dos pastores e padres. Entendem-se por ofício aquelas atividades 
habituais, consistentes na prestação de serviços manuais ou mecânicos, como 
acontece com os empregados domésticos, costureiras etc. 
 
Profissão diz respeito a toda atividade que, como regra, tenha finalidade de lucro, 
exercida por quem tenha habilitação. 
 
Dissemos “em regra”, pois em algumas situações, mesmo que o trabalho seja 
voluntário, aquela determinada atividade somente poderá ser exercida por um 
profissional, como é o caso dos médicos e advogados. 
 
No artigo estudado, dita a expressão “sem justa causa”, querendo demonstrar que 
a revelação não foi amparada por um motivo que possa ser justificado. 
 
Em regra, a justa causa fundamenta-se na existência de estado de necessidade, é 
a colisão de dois ou mais interesses, devendo um ser sacrificado em benefício do 
outro; no caso, a inviolabilidade dos segredos deve ceder a outro bem ou interesse 
mais importante, de caráter público. 
 
O dolo é a vontade de revelar o segredo, tenha o agente conhecimento da 
possibilidade de dano a qualquer pessoa. Não contempla a lei a forma culposa, 
não praticando o crime o profissional que, por negligência, deixa o documento à 
vista de terceiros. 
 
2.5 – Dos crimes contra o patrimônio – Artigo 155, §3º e Artigo 157 
 
Furto 
 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor 
econômico. 
 
O Artigo 155 do Código Penal prevê o delito de furto, isto é, a subtração 
patrimonial não violenta. 
 
O crime de furto pode ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo qualquer 
circunstância especial ou específica. Só não pode praticar o furto o proprietário, 
que pode ser responsabilizado pelo crime previsto no Artigo 346, CP, se a posse 
estiver com outrem, e legítimo detentor da coisa. 
 
É essencial para o estudo da infração que o seu objeto seja coisa alheia móvel. Ao 
contrário do Direito Civil, o Direito Penal trabalha com o conceito natural de coisa 
móvel. Coisa móvel, portanto, será tudo aquilo passível de remoção, ou seja, tudo 
o que puder ser removido, retirado, mobilizado. 
 
Assim, até mesmo uma casa poderá ser subtraída, desde que possível a sua 
locomoção, ou seja, a sua retirada do local na qual estava afixada, como é a 
hipótese das casas de madeira, que podem ser transportadas de um lugar para 
outro, sem que ocorra sua destruição. 
 
Os animais também são considerados coisa móvel para efeito de aplicação da lei 
penal, da mesma forma que os cadáveres que estiverem sendo utilizados em 
pesquisas em universidades. 
 
O ser humano vivo jamais poderá se amoldar ao conceito de coisa, razão pela qual 
qualquer remoção forçada pode configurar crime de sequestro ou cárcere privado. 
 
Além de móvel, ou seja, passível de remoção, a coisa obrigatoriamente deverá ser 
considerada “alheia”, ou seja, pertencente a alguém que não aquele que a subtrai. 
Desta forma, não se configurará no delito de furto a subtração de: 
 
1) Coisa de ninguém, que jamais teve dono; 
2) Coisa abandonada; 
3) Coisa de uso de todos. 
 
Por exemplo: aquele que, percebendo que numa lata de lixo deixada do lado de 
fora de uma residência se encontrava um guarda-chuva, o retira daquele lugar, 
levando-o consigo, não pratica crime de furto, uma vez que se cuida de coisa 
abandonada. 
 
Coisa de uso de todos, como o ar, a luz ou o calor do sol, a água dos mares e rios, 
não são suscetíveis de ocupação na sua totalidade. 
 
Entretanto, parcialmente captada e aproveitada como força ou energia, neste 
caso, incidindo essa parte especializada na propriedade de alguém, pode se tornar 
objeto adequado de furto. 
 
Outra situação é a chamada “coisa perdida”. Imagine a hipótese em que o agente, 
no interior de um veículo coletivo, encontre, caído próximo ao seu assento, um 
relógio de pulso. Aproveitando-se da oportunidade, o agente toma o relógio e o 
coloca no bolso, apropriando-se dele. 
 
Poderia o sujeito, nesse caso, responder por delito de furto? A resposta só pode 
ser negativa, pois que, aqui, seu comportamento se enquadra no inciso II, do 
Artigo 169 do CP, que prevê o delito de apropriação de coisa achada. 
 
Furto de energia - § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que 
tenha valor econômico. 
 
Com essa redação, ficam eliminadas as discussões sobre a não possibilidade de 
subtração de energia, não somente a elétrica, como também a térmica, a sonora, 
atômica, mecânica etc.; ou seja, qualquer energia que tenha valor econômico 
poderá ser objeto de subtração, nos moldes preconizados pelo mencionado 
parágrafo. 
 
Merece destaque, no que diz respeito à energia elétrica, que o fato poderá se 
configurar no delito de furto, ou mesmo no crime de estelionato. Desta forma, 
aquele que desvia corrente elétrica antes que ela passe pelo relógio comete o 
crime de furto. 
 
É o que ocorre normalmente naquelas hipóteses em que o agente traz a energia 
para sua casa diretamente do poste, fazendo aquilo que popularmente é chamado 
de “gato”. 
 
Se, ao contrário, a ação do agente consiste em modificar o medidor, para acusar 
um resultado menor do que é consumido, há fraude, e o crime é de estelionato. 
 
Roubo 
 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
 Afigura típica do roubo é composta pela subtração, característica do crime de 
furto, conjugada com o emprego de grave ameaça ou violência à pessoa, portanto, 
são os elementos que compõem a figura típica do roubo: 
 
1) O núcleo subtrair; 
2) O especial fim de agir caracterizado pela expressão para si ou para 
outrem; 
3) Coisa alheia móvel; 
4) Emprego de violência ou grave ameaça. 
 
O núcleo subtrair diz respeito a retirar, tomar de alguém a coisa alheia móvel, que 
deve ser conjugado com a finalidade especial do agente de retê-la para si ou para 
outrem. 
 
A violência deve ser empregada contra a pessoa, por isso denominada física, que 
se consubstancia na prática de lesão corporal ou mesmo vias de fato, como por 
exemplo: empurrões, tapas etc. 
 
A violência pode ser entendida, ainda, como direta ou imediata e indireta ou 
mediata. Direta é a violência física exercida contra a pessoa de quem se quer 
subtrair os bens. Assim, por exemplo, o agente agride violentamente a vítima com 
socos para que possa levar a efeito a subtração de seu relógio. 
 
Indireta é a violência empregada contra pessoas que são próximas da vítima. Na 
verdade, a violência entendida como indireta se configura mais como “grave 
ameaça” do que propriamente violência, pois sua prática interfere no espírito da 
vítima, fazendo que se submeta por medo, pavor, receio de também ser agredida. 
 
Grave ameaça é aquela capaz de determinar temor à vítima, permitindo que seja 
subjugada pelo agente que, assim, subtrai-lhe os bens. 
 
A ameaça deve ser verossímil, vale dizer, o mal proposto pelo agente, para fins de 
subtração dos bens da vítima, deve ser crível, razoável, capaz de infundir temor. 
Sujeito ativo do roubo é qualquer pessoa, trata-se de crime comum e não especial. 
O dolo é a vontade de subtrair, com o emprego de violência ou grave ameaça. 
 
2.6 – Dos Crimes Contra Propriedade Intelectual – Artigo 184 
 
Violação de direito autoral 
 Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, 
de 1º.7.2003) 
 Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Redação dada pela Lei nº 
10.695, de 1º.7.2003) 
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, 
por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem 
autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, 
ou de quem os represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 
1º.7.2003) 
 § 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, 
vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia 
de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista 
intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia 
de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem 
os represente. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) 
 § 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, 
ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção 
para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, 
com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do 
artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: (Redação 
dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 
1º.7.2003) 
 
Para que se possa compreender não somente a conduta prevista no caput do 
Artigo 184, bem como seus parágrafos, será preciso que o intérprete, 
obrigatoriamente, recorra à Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que teve por 
finalidade alterar, atualizar e consolidar a legislação sobre os Direitos Autorais; 
tratando-se, portanto, de norma penal em branco. 
 
A Constituição Federal, a seu turno, ressaltou, por intermédio do inciso XXVII, do 
seu Artigo 5º, que: 
 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de 
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. 
 
O núcleo “violar” é utilizado pelo texto legal no sentido de transgredir, infringir. Os 
direitos autorais possuem a natureza jurídica de bens móveis, conforme salienta o 
Artigo 3º da Lei 9610/88. 
 
É considerado autor a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica 
— vide artigo 11, Lei 9.610, pertencendo-lhe os direitos morais e patrimoniais 
sobre a obra que criou, Artigo 22, Lei 9.610, cabendo-lhe o direito exclusivo de 
utilização, fruir e dispor das mencionadas obras, Artigo 28, Lei 9610. 
 
Os direitos de autor poderão, entretanto, ser total ou parcialmente transferidos a 
terceiros, por ele (autor) ou seus sucessores, a título universal ou singular, 
pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de 
licenciamento, concessão ou por outros meios admitidos em direito, obedecidos as 
limitações constantes dos incisos previstos no Artigo 49 da Lei 9610. 
 
A transgressão ao direito contratual pode dar-se de variadas formas, desde a 
simples reprodução não autorizada de um livro por fotocópias até a 
comercialização de obras originais, sem a permissão do autor. 
 
Uma das mais conhecidas formas de violação do direito de autor é o “plágio”, que 
significa tanto assinar como sua obra alheia como também imitar o que outra 
pessoa produziu. 
 
O plágio pode dar-se de maneira total (copiar e assinar como sua a obra de 
terceiro) ou parcial (copiar ou dar como seus apenas trechos da obra de outro 
autor). 
 
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que viole o direito autoral de outrem. 
Sujeito passivo é o autor da obra, seus herdeiros ou sucessores, ou seja, o 
detentor da obra autoral. 
 
O dolo do delito é a vontade de violar o direito autoral. O erro do agente, supondo, 
por exemplo, supondo que a obra estivesse em domínio público, exclui o dolo. 
 
 
 
2. 7 – Criminal de delitos informáticos; - “Lei Carolina Dieckmann” 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
 
LEI Nº 12.737, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2012. 
 
 
Dispõe sobre a tipificação criminal de delitos 
informáticos; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras 
providências. 
 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos e dá outras 
providências. 
Art. 2o O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, fica acrescido 
dos seguintes art. 154-A e 154-B: 
 
“Invasão de dispositivo informático 
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à 
rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de 
segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou 
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo 
ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou 
difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir 
a prática da conduta definida no caput. 
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta 
prejuízo econômico. 
§ 3o Se da invasão resultara obtenção de conteúdo de comunicações 
eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações 
sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do 
dispositivo invadido: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta 
não constitui crime mais grave. 
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se 
houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer 
título, dos dados ou informações obtidos. 
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado 
contra: 
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; 
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de 
Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal ou de Câmara Municipal; ou 
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, 
municipal ou do Distrito Federal.” 
O agente ativo dessa conduta pode ser uma pessoa física ou jurídica. 
Apesar de a lei não tratar essa matéria de forma especial, pois em nosso 
entender, deve haver uma legislação especial sobre o assunto, 
acreditamos ser esta uma espécie de crime próprio, pois para o 
cometimento de crimes eletrônicos, cibernéticos, exige-se do agente ativo 
que tenha certa habilidade no campo da informática, por mínima que 
seja, por isso esse não é um crime comum. Não é qualquer pessoa que o 
pratica, o chamado “analfabeto digital”, aquele que não tem contato 
algum com aparelhos eletrônicos. Sem conhecimento técnico, mesmo que 
seja o simples fato de saber ligar e desligar um dispositivo informático, a 
conduta se torna impossível. 
 
O agente passivo é o proprietário do aparelho. Também poderá ser pessoa física ou jurídica. A 
administração pública também pode figurar como agente passivo. Não esquecendo que a sociedade 
será sempre a vítima permanente dessas condutas, portanto o Estado estará sempre presente 
como agente passivo, já que ele é o titular do direito de punir (jus puniendi). 
 
Ação penal 
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede 
mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a 
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da 
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas 
concessionárias de serviços públicos. 
 
Art. 3o Os art. 266 e 298 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
passam a vigorar com a seguinte redação: 
 
“Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, 
informático, telemático ou de informação de utilidade pública 
Art. 266. ........................................................................ 
§ 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de 
informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o 
restabelecimento. 
§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião 
de calamidade pública.” (NR) 
“Falsificação de documento particular 
Art. 298. ........................................................................ 
Falsificação de cartão 
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a 
documento particular o cartão de crédito ou débito.” (NR) 
 
 
 
 
Aula 03 – Direito Civil e do Trabalho – Contratos, Teletrabalho e e-mail 
funcional 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 
 
3.1 – Definição de Empregador – Artigo 2º 
 
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da 
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. 
 
A expressão “empregador a empresa, individual ou coletiva“ é muito criticada. 
Empresa é o conjunto de bens materiais, imateriais e pessoais para a obtenção de 
certo fim. 
 
Juridicamente, a empresa é uma universalidade, compreendendo duas 
universalidades parciais, a de pessoa e a de bens, funcionando em direção a um 
fim. 
 
Individual e coletiva - A primeira é a pessoa física ou material, que não se constitui 
em sociedade com outrem mediante patrimônio diferenciado; a coletiva — de 
direito público ou privado, a de direito privado pode ser sociedade anônima 
limitada, em comandita etc. 
 
As de direito público são a União, Estados, municípios, autarquias e os partidos 
políticos. Assumindo o risco da atividade econômica — que não trabalha por conta 
alheia; o quer arca com os lucros e perdas do empreendimento. 
 
Definição de empregado – Artigo 3º 
 
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual 
a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. 
 Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de 
trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. 
 
a) Considera-se empregado: ou seja, sujeito de uma relação de trabalho 
subordinado, protegido pelo Direito do Trabalho; 
 
b) Pessoa física – O direito social ampara apenas o trabalho humano 
pessoal, os serviços prestados por pessoa jurídica não podem ser objeto 
de um contrato de trabalho. 
 
c) Prestação de serviço – Para que se inicie a aplicação de todas as 
consequências jurídicas previstas, não é suficiente a celebração do 
contrato de trabalho (verbal ou escrito); é necessário o efetivo trabalho. 
 
d) Não eventual – Permanente ou por tempo determinado. Eventual: 
ocasional, esporádico. 
 
e) Sob dependência – A subordinação do empregado às ordens do 
empregador, colocando à disposição deste sua força de trabalho. 
 
f) Mediante salário – O salário, basicamente, pode ser por unidade de 
tempo (por hora, dia, semana, quinzena ou mês). 
 
3.2 – Questões relativas ao e-mail funcional – Desídia, Artigo 482, alínea 
“e” e “g” 
 
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: 
e) desídia no desempenho das respectivas funções; 
g) violação de segredo da empresa; 
 
Justa causa: efeito emanado de ato ilícito do empregado que, violando alguma 
obrigação legal ou contratual, explicita ou implícita, permite ao empregador a 
rescisão do contrato sem ônus (pagamento de indenizações ou percentual sobre o 
depósito do FGTS, 13º salário e férias, estes últimos proporcionais). 
 
Desídia – É a falta culposa, e não dolosa, ligada à negligência; costuma 
caracterizar-se pela prática ou omissão de vários atos (comportamento 
inadequado, ausências, produção imperfeita). 
 
Excepcionalmente poderá estar configurada em um só ato culposo muito grave, se 
doloso ou querido, pertencerá a outra das justas causas. 
 
Violação de Segredo - Segredo é todo fato, ato ou coisa que, de uso ou 
conhecimento exclusivo da empresa, não possa ou não deva ser tomado tornado 
público, sob pena de causar um prejuízo. É desnecessário seja declarado como 
segredo, basta que assim possa ser deduzido. 
 
Vide decisão judicial (Fonte: PROC. Nº TST-RR-613/2000-013-10-00.7). 
 
3.4 – Lei do Teletrabalho 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
LEI Nº 12.551, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2011. 
 
Altera o art. 6o da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei 
no 5.452, de 1o de maio de 1943, para equiparar 
os efeitos jurídicos da subordinação exercida por 
meios telemáticos e informatizados à exercida por 
meios pessoais e diretos. 
 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
 
Art. 1o O art. 6o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei 
no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com a seguinte redação:Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do 
empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a 
distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação 
de emprego. 
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, 
controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, 
aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do 
trabalho alheio. (NR) 
 
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 15 de dezembro de 2011; 190o da Independência e 123o da República. 
 
3.4 – Direito Civil – Código Civil, Contratos – Lei 10406, de 10 de janeiro 
de 2002 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. 
 
3.5 - Dos Contratos em geral – Artigo 421 
 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato. 
 
A “função social do contrato” acentua a diretriz de “sociedade de direito” e, por 
identificação dialética, guarda intimidade com o princípio da “função social da 
propriedade”, prevista na Constituição. 
 
A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares 
da teoria contratual. 
 
A moldura limitante do contrato tem o escopo de acautelar as desigualdades 
substanciais entre os contratantes, valendo como exemplo os contratos de adesão. 
 
Por sua função social, o contrato é submetido a novos elementos integradores de 
relevância à sua formação, existência e execução, superando a esfera consensual. 
 
Esse documento fica em condições de prestar relevantes serviços ao progresso 
social, desde que sobre as vontades individuais em confronto, se ausente o 
interesse coletivo, através das regras de ordem pública, inafastável pelo querer de 
ambos ou de qualquer dos contratantes, com o propósito menor de evitar o 
predomínio do econômico forte sobre o economicamente fraco. 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em 
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
Cuida-se de dispositivo específico sobre os princípios da propriedade e da boa-fé. 
O primeiro princípio versa sobre um conjunto de deveres, exigidos nas relações 
jurídicas, em especial os de veracidade, integridade, honradez e lealdade. 
 
O princípio da boa-fé não apenas reflete uma regra de conduta, consubstancia a 
eticidade orientadora da construção do Código Civil. É, em verdade, o preceito 
paradigma na estrutura do negócio jurídico, da qual decorrem diversas teorias, 
dentre elas as quais a teoria da confiança. 
 
O dispositivo apresenta insuficiências e deficiências na questão objetiva da boa-fé 
nos contratos. 
 
As principais insuficiências convergem às limitações junto ao período de conclusão 
do contrato até a sua execução, não valorando a necessidade de aplicação da boa-
fé as fases pré-contratual ou pós-contratual. 
 
As deficiências decorrem da ausência de duas funções, para a cláusula geral de 
boa-fé: a supplendi e a corrigendi; no que diz respeito, fundamentalmente, aos 
diversos anexos ao vínculo principal, cláusulas faltantes e abusivas. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
 
A referência a contrato de adesão sugere, por conceituação legal, espécie, e não 
gênero. Em verdade, porém, não existe um contrato de adesão, existem contratos 
celebrados por adesão. 
 
O mesmo ocorre com relação aos contratos aleatórios e os atípicos, que se 
pretendem regular em seções da parte geral deste código. 
 
Nessa categoria, existem diversos contratos por adesão, caracterizados por 
técnicas comuns de contratação de massa, com visível desequilíbrio de força dos 
contratantes, e forte atenuação na liberdade de contratar diante de cláusulas pré-
elaboradas. 
 
Não foi dispensada, todavia, regulação própria aos contratos de adesão, tal como 
observada pela Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 — o Código de Defesa do 
Consumidor — a crítica de eminentes juristas que apontam o tratamento tímido 
dado pelo Código Civil de 2002 a essa técnica de formação dos contratos ao 
dispensar-lhe apenas dois dispositivos — vide Artigo 54, CDC. 
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
 
O dispositivo resulta do preceito fundamental segundo o qual a liberdade de 
contratar só pode ser exercida em razão e nos limites da função social do contrato, 
implicando os princípios definidos pelo Artigo 422, do CC, já citado. 
 
O ofertante não pode privar o aderente de direito resultante da natureza do 
negócio ao qual este aderiu. A justiça contratual impõe a efetividade dos negócios 
jurídicos seguindo os princípios da probidade e da boa-fé. 
 
Essas cláusulas opressivas estão presentes, notadamente, em contratos de trato 
sucessivo, complexo e de longa duração, não podendo o aderente resultar 
desprovido de segurança contratual. 
 
O caráter abusivo da cláusula situa-se em face de tratar-se de uma cláusula de 
exclusão ou de exoneração, frustrante aos interesses do aderente colocado diante 
da própria motivação ou necessidade de adesão. 
 
O Artigo 25 do CDC não permite cláusulas que impossibilitem, exonerem ou 
atenuem a obrigação de indenizar previstas na lei consumerista, e que se 
compatibiliza com a necessidade de garantia de direito básico do consumidor no 
tocante a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais 
individuais, coletivos e difusos — Artigo 6º, VI, CDC. 
 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas 
neste Código. 
 
O dispositivo trata dos contratos atípicos ou inominados, sendo lícito que as partes 
os ajustem, verificando, para esse fim, as normas que disciplinam os contratos 
típicos. 
 
Contratos atípicos são os que não dispõem de regramento próprio, embora quanto 
à eficiência e validade assumam os requisitos ao Artigo 104 do Código Civil de 
2002. 
 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
A lei proíbe a estipulação de pacto sucessório, ou seja, o contrato não pode ter 
como objeto a herança de pessoa viva, não se permitindo cogitar de sucessão 
futura. Cuida-se de preceito de ordem pública, com origem no direito romano. 
 
3.6 – Da formação dos Contratos 
 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos 
dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
 
O dispositivo acompanha a doutrinado Direito alemão: a proposta é uma 
declaração unilateral de vontade, produzindo, desde logo, os seus efeitos jurídicos 
entre proponente e o preposto. 
 
A proposta assume, em princípio, caráter de obrigatoriedade, salvo cláusula 
expressa, não poderá retirá-la nos termos e prazos definidos, sob pena de sujeitar-
se a perdas e danos pelo importuno arrependimento do proponente — alteração 
da própria vontade — que venha a causar prejuízo ao destinatário da oferta — 
Artigo 389 do Código Civil. 
 
Se a proposta é a força, psíquica embora, que vai determinar uma série de 
movimentos por parte do solicitado, movimentos que podem ir até alterar o estado 
de seu patrimônio, é óbvio que não deve ser recusada, arbitrariamente, da parte 
de quem a fez. 
 
A proposta não adquire a qualidade obrigatória em duas hipóteses: 
 
a) Se formulada sem a necessária intenção vinculativa ao ato obrigacional da 
oferta, resumindo-a a uma simples tratativa de negociação (convite a contratar), 
em face dos próprios termos em que foi apresentada; 
 
b) Quando a natureza do negócio ou as circunstâncias do caso propostoevidenciarem a falta da obrigatoriedade. 
 
A proposta, segundo a Lei 8.078, CDC, face aos contratos de consumo, tem relevo 
jurídico mais abrangente, diante do disposto no Artigo 35 do diploma 
consumerista. 
 
O dever de prestação traz como consequência a execução específica, restando 
cabível a conversão da obrigação em perdas e danos somente por opção do credor 
ou por impossibilidade da tutela específica ou da obtenção do resultado prático — 
Artigo 84, §1º, CDC. 
 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também 
presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a 
resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação 
do proponente. 
 
O dispositivo enumera os casos excludentes da obrigatoriedade da proposta, 
considerando determinadas circunstâncias em que esta se operou, com ou sem 
prazo. 
 
Nas propostas sem prazo, entre presentes, a não aceitação imediata conduz a não 
obrigatoriedade da oferta, desobrigando o proponente. Entre ausentes, o elemento 
da desoneração situa-se no tempo hábil para que a proposta seja recebida pelo 
oblato, por ele respondida e recepcionada pelo proponente. 
 
A suficiência do tempo é juridicamente indeterminada para ser apurada a 
imediatividade da aceitação. Nas respostas com prazo, cessa a obrigatoriedade 
findo o prazo assinado. 
 
Entre ausentes, tem-se atendido o prazo, quando a resposta é expedida dentro do 
período de tempo fixado. 
 
Outra circunstância impeditiva da obrigatoriedade ocorre quando a convergência 
volitiva não é alcançada por retratação oportuna do proponente, ou seja, quando a 
proposta é desfeita a tempo, implicando o arrependimento daquele a inexistência 
jurídica da oferta. 
 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao 
contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que 
ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
O novo Código Civil reconhece a relevância jurídica da oferta ao público ou oferta 
ad incertam personam para os efeitos da formação do contrato, tendo em conta a 
moderna sociedade de consumo e, no particular, o impacto das técnicas de 
comunicação mercadológica. 
 
Entretanto, ao estabelecer a equivalência, não avançou satisfatoriamente ao 
alcance do tratamento dado pelo Código de Defesa do Consumidor — Artigo 30, 
por exigir os requisitos essenciais ao contrato, inerentes à oferta clássica, ou seja, 
a oferta somente equivale à proposta quando o seu conteúdo oferece elementos 
essenciais à contratação, de modo a criar o vínculo obrigacional. 
 
O dispositivo não adota o princípio da suficiência precisa da informação 
consagrada pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 
Por esse princípio, a oferta de massa torna-se vinculante, obrigando o proponente, 
quando suficientemente precisa a informação ou a publicidade, a tornar eficiente à 
realidade negocial. 
 
Nesse sentido, a publicidade, nos termos do Artigo 30 do CDC, constitui fonte de 
obrigação para o fornecedor, com os mesmos efeitos jurídicos de uma oferta, 
integrando o contrato futuro. 
 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do 
proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e 
danos. 
 
 A recepção tardia pelo proponente da oportuna aceitação da oferta acarreta perda 
da obrigatoriedade da proposta, uma vez findo o prazo nela contido ou concluído o 
tempo suficiente para resposta. 
 
A circunstância imprevista e superior às forças do aceitante, decisiva ao 
retardamento, exigirá, todavia, por parte do proponente, imediata comunicação ao 
aceitante acerca do atraso verificado, sob pena daquele responder por perdas e 
danos. 
 
É que a manifestação extemporânea diz respeito apenas ao momento da ciência 
pelo proponente, quando o aceitante a supõe válida, para a conclusão do contrato, 
tornando imperativo vir o proponente, mediante comunicado de conhecimento do 
fato, afirma-se desobrigado à proposta, em face da demanda, para o devido efeito 
liberatório. 
 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova 
proposta. 
 
A hipótese do artigo é a aceitação tardia ou, ainda, daquelas aditivas, restritivas ou 
modificativas, importando, daí, em contrapartida por parte do solicitado a 
aceitação. 
 
As mudanças sugeridas pela pretendida aceitação a tornam condicionada e 
refletem, por isso mesmo, uma não aceitação integral dos termos da proposição 
inicial, representando, por consequência, uma nova proposta. 
 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o 
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 
 
A norma institui presunção legal de aceitação tácita, dispensando, para a 
conclusão do contrato, formalidades expressas, seja em razão da natureza do 
negócio em face ao próprio costume, seja em virtude da dispensa pelo 
proponente, da aceitação expressa. 
 
A recusa tardia implicará ao recusante a sua vinculação ao negócio havido por 
concluído, com sujeição aos efeitos jurídicos decorrentes e respondendo por 
perdas e danos. 
 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao 
proponente a retratação do aceitante. 
 
O dispositivo cuida da retratação do aceitante em contraponto ao inciso IV do 
Artigo 428, CC, que, por sua vez, trata da retratação do proponente. 
 
Ambos versam sobre a perda da validação positiva, ou arrependimento eficaz, 
diante de retratação oportuna, não alcançando, para a conclusão do contrato, a 
convergência de interesses. 
 
Assim, se a retratação é recepcionada ou simultaneamente com esta, ter-se-á por 
inexistente a aceitação. A retratação do aceitante feita a destempo o mantém 
vinculado ao contrato. 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, 
exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
A hipótese é a do contrato entre ausentes, tendo-se, este por concluído quando 
expedida a aceitação (sistema da declaração ou ignição). 
 
As exceções comportam as hipóteses de inexistência da aceitação decorrente de 
retratação hábil, (I) quando o proponente se compromete a aguardar a resposta 
(II), ou quando a resposta não é recebida no prazo assinalado (III). 
 
Em se tratando de proposta entre ausentes, de prazo certo, somente ter-se-á por 
atendido o prazo quando a resposta é expedida dentro do período de tempo fixado 
no Artigo 428, CC: 
 Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado. 
 
Este dispositivo cogita apenas da expedição da resposta para o efeito da 
obrigatoriedade da proposta não tornando o ato complexo, de modo a exigir, um 
mesmo prazo, a recepção da resposta, ou seja, aclama o sistema da declaração ou 
ignição, ou mais precisamente da expedição da aceitação, dispensando que a 
resposta chegue ao proponente para aperfeiçoar o contrato. 
 
Entretanto, o inciso III do artigo em comento elege o sistema da informação ou 
cognição, tornando obrigatória a ciência da resposta pelo proponente para efetivar 
o contrato. Nesta última hipótese, a exceção decorre

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