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Suporte básico de Vida – Ingrid C. Santos Feito a partir de anotações das aulas desta disciplina, sem revisão por professores. Trauma Térmico Queimadura trauma causado por cauterização, fricções, explosões, eletricidade, radiações e agentes químicos. Ocorre um impulso doloroso por parte do sistema nervoso autônomo, a mudança de temperatura e de pH e radiação leva à desnaturação protéica e queimaduras de grande extensão levam a problemas sistêmicos. Anatomia da pele Órgão que cobre a área de 2m² e é dividida em duas camadas: Epiderme: camada não vascularizada, que possui células produtoras de queratina Derme: camada vascularizada que possui função mecânica, sensorial e homeostática. Dividida em derme papilar e reticular. Características da queimadura A queimadura vai formar zonas de lesão tecidual: Zona de coagulação: área onde vai ocorrer a maior destruição tecidual, gerando necrose irreversível. Zona de estase: área intermediária onde as lesões são reversíveis Zona de hiperemia: zona mais externa que possui um maior fluxo sanguíneo. As queimaduras podem ser classificadas quanto a sua extensão/profundidade: Grau Área atingida Achados clínicos Primeiro Epiderme Vermelhidão e dor Segundo superficial Epiderme e derme papilar Hiperemia intensa, dor, edema, hipersensibilidade ao estimulo a exsudação Segundo Profunda Epiderme, derme papilar e reticular Bolhas, hiperemia e baixa exsudação. (pode evoluir para 3º grau) separação da derme e da epiderme, extravasamento de líquido dos vasos adjacentes. Terceiro Toda a espessura da pele é destruída Área espessa, seca com aspecto de couro, esbranquiçadas, carbonizadas, trombose de vasos sanguíneos. (maior risco de infecção) Quarto Toda pele mais tecido adiposo, órgãos, músculos e ossos carbonização Abordagem Inicial Verificar se a cena é segura para PDS, deve-se interromper o processo de queimadura com lençol com água ou água corrente em grande quantidade e evitar hipotermia. Suporte básico de Vida – Ingrid C. Santos Feito a partir de anotações das aulas desta disciplina, sem revisão por professores. Avaliação primária A - Via aérea (Airway) Manter vias aéreas pérvias com mecanismos usuais, sempre reavaliando para a descoberta de edema de via aérea tardia. Em casos de queimaduras, a intubação é perigosa e difícil e ocorrendo erro forma-se edema traqueal. B - Ventilação (Breathing) No trauma térmico ocorre o estreitamento de vias aéreas e especialmente em queimaduras circunferenciais a capacidade de ventilação sofre déficit, porém a ventilação com ambu é difícil ou impossível na maioria dos casos. C - Circulação (Circulation) Na medição da PA ocorre imprecisão ou impossibilidade. Nas queimaduras circunferenciais deve-se elevar o membro para evitar a síndrome compartimental. Deve-se ministrar acesso intravenoso para a reposição volêmica, o acesso deve ser feito longe da região traumatizada (fitas nas queimaduras), uma alternativa para o acesso é o acesso intraósseo. D - Incapacidade / Estado Neurológico (Disability) Avaliação de déficit neurológico com AVDI e déficit motor. Também deve se identificar lesões secundárias na coluna vertebral, fraturas ósseas e traumatismo craniano. E - Exposição / Controle do ambiente (Expose / Enviroment) Exposição completa do paciente, inspecionando-o com cuidado à procura de lesões secundárias, retirando roupas e jóias, mas sempre evitando hipotermia pois a vítima de trauma térmico tem uma maior incapacidade de reter calor corpóreo. Avaliação secundária Estimativa da extensão da queimadura para administração de reposição volêmica: - Regra dos nove Não indicado para uso pediátrico pela proporção variável com a idade - Tabela de Lund Brownder Mais recomendada para pacientes pediátricos. Suporte básico de Vida – Ingrid C. Santos Feito a partir de anotações das aulas desta disciplina, sem revisão por professores. - Regra da Palma Palma da mão = 1% da superfície corporal Os curativos devem ser de tecidos ou toalhas estéreis com uma maior concentração de prata (acticoat). O transporte para um centro especializado deve ser rápido para que a sobrevida do paciente aumente. A reposição volêmica deve ser mais agressiva do que em outros tipos de trauma, pela perda de fluido provocada pela queimadura. Deve se evitar ao máximo o choque hipovolêmico, pois ele pode gerar edema e evaporação, porém a reposição muito agressiva pode piorar os ferimentos. A reposição é feita com o Ringer lactato. Queimaduras especiais - Queimaduras elétricas: Lesões com maior grau de morbidade e representam de 3% a 5% das internações nos centros de queimados. Ela pode se apresentar de forma isolada ou associada a um politrauma, geralmente como quedas aliadas à falta de EPI’s. Ocorre necrose abrangente, porém os maiores danos são “internos” pois a eletricidade é conduzida internamente causando destruição muscular, liberando potássio, que gera arritmia e mioglobina que por ser nefrotóxica gera insuficiência renal aguda. A causa mais freqüente de morte nesse tipo de queimadura é fibrilação ventricular. Para determinar a lesão muscular deve se analisar sua contratilidade. O tratamento diferencial é feito com transporte com sonda urinária, manitol e NAHCO3. - Queimadura química Sua gravidade depende da natureza da substância que provocou a queimadura, da concentração aplicada, da duração do contato da sustância com a pele e do mecanismo de ação da queimadura. As principais substâncias que produzem essas queimaduras são: Fósforo branco, cimento, hidrocarbonetos, ácido, álcalis, enxofre e hipoclorito O tratamento diferencial é feito com a escovação cuidadosa para retirada da substância química com o auxilio de água corrente. Em lesões oculares deve se usar lente de Morgan e fazer uma irrigação constante do local. NÃO USAR AGENTES NEUTRALIZANTES, pois irão gerar reações exotérmicas que agravarão a situação. - Lesões por inalação de fumaça É a maior causa de morte em incêndios (vapores transmitem 4000x mais calor) e ocorre por contato com gases superaquecidos, tóxicos e particulados. Apresenta como sintomas e sinais: Queimadura em espaço confinado em face ou tórax Confusão e agitação Chamuscamentos de sobrancelhas e vibrissas Fuligem no escarro Rouquidão, perda de voz e estritor Em casos de inalação de gases asfixiantes como butano, monóxido de carbono e cianeto, podem aparecer sinais adicionais como mudança da voz e salivação excessiva. Suporte básico de Vida – Ingrid C. Santos Feito a partir de anotações das aulas desta disciplina, sem revisão por professores. O tratamento diferencial é a suplementação com oxigênio umidificado e ventilação com intubação orotraqueal. Transporte Critérios para transferência de queimados em unidade de Queimados: Lesão por inalação 2º grau>10% ACST Terceiro grau Queimaduras elétricas Queimaduras químicas Doenças preexistentes Trauma concomitante Pacientes pediátricos em hospitais não preparados Lesão por queimadura em doentes especiais Face, mãos, pés, genitália PHTLS 2007 PHTLS 2011 Parar a queimadura não significa resfriar a queimadura Novas experiências constatam : água a temperatura ambiente – melhora a progressão do tratamento Não enfatiza a verificação de vias aéreas. Enfatiza a verificação das vias aéreas – edema tardio de VA Coloração vermelho-cereja da pele: envenenamento por CO É um sinal tardio no envenenamento por CO. Melhor forma: oxímetro portátil
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