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Hermeneutica juridica

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Hermenêutica Jurídica
O Instituto IOB nasce a partir da 
experiência de mais de 40 anos da IOB no 
desenvolvimento de conteúdos, serviços de 
consultoria e cursos de excelência.
Por intermédio do Instituto IOB, 
é possível acesso a diversos cursos por meio 
de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
As obras que compõem os cursos preparatórios 
do Instituto foram desenvolvidas com o 
objetivo de sintetizar os principais pontos 
destacados nas videoaulas.
institutoiob.com.br
Hermenêutica Jurídica / Obra organizada pelo Insti-
tuto IOB – São Paulo: Editora IOB, 2013.
ISBN 978-85-8079-030-6
Informamos que é de inteira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei nº 
9.610/1998 e punido pelo art. 184 
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 – Introdução, 5
1. Introdução Etimológica, 5
2. Finalidade da Interpretação, 6
3. Interpretação do Direito e a Hermenêutica Jurídica, 7
4. Interpretação Cognoscitiva, Interpretação Representativa e 
Interpretação Normativa, 8
5. Resultado da Interpretação do Direito, 9
Capítulo 2 – Estrutura Silogística, 11
1. Silogismo Jurídico, 11
2. As Funções da Atividade Jurisdicional, 12
Capítulo 3 – Método de Interpretação, 14
1. Considerações Introdutórias sobre Metodologia da Interpretação, 14
2. Método Gramatical, 16
3. Método Lógico e Sistemático, 17
4. Método Histórico-Evolutivo e Teleológico, 18
5. Métodos Clássicos: Distinção, 20
Capítulo 4 – Hermenêutica, 22
1. Superação dos Métodos de Interpretação pelo Método Lógico- 
-Dedutivo, 22
2. Distinção entre a Velha e a Nova Hermenêutica, 24
3. Método de Interpretação sobre a Perspectiva da Lógica do 
Razoável, 25
Capítulo 1
Introdução
1. Introdução Etimológica
1.1 Apresentação
Nesta unidade, serão explicadas a interpretação do direito e sua origem 
etimológica.
1.2 Síntese
Sobre a interpretação do Direito, há distinção entre sua interpretação, que 
pode ser feita enquanto método, técnica de apreensão de sentido e compreen-
são das normas jurídicas ou como hermenêutica, ou seja, a ciência elaborada a 
propósito da modalidade técnica de compreensão das normas jurídicas.
A palavra “Hermenêutica” relaciona-se ao deus grego Hermes, que era um 
deus alado, mediador entre as linguagens divina e humana, esclarecendo aos 
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homens o sentido daquilo que diziam os deuses. Hermes faz a transposição da 
linguagem complexa para a linguagem simplificada.
A Hermenêutica aparece em um primeiro momento na Grécia, como uma 
necessidade de clarificação de uma linguagem não compreensível, obscura, 
para um momento de compreensão dessa linguagem por alguém que não é o 
autor da linguagem como um mediador, que é Hermes.
Há uma simbologia mística em torno da atividade de clarear conceitos que 
não são compreensíveis inicialmente por não haver entre os interlocutores uma 
dinâmica simbólica imediata.
Termo utilizado no meio jurídico é o in claris cessat interpretatio que sig-
nifica que, na clareza da lei, não há o que se interpretar. Hoje essa expressão é 
considerada descredibilizada porque após a evolução da Hermenêutica, che-
gou-se à conclusão de que não é possível não interpretar.
Sobre a Hermenêutica, além da versão grega existe também a versão ro-
mana, referente à interpretatio. Deriva da atividade do áugure romano, que 
era uma espécie de conselheiro daquele que era detentor do poder, Repúbli-
ca, Imperador. Era o intérprete que orientava as autoridades aconselhando-as. 
Especula-se que o áugure lia o que deveria ser feito a partir da disposição das 
vísceras de um animal. Acredita-se que a palavra interpretatio surge exatamente 
dessa leitura que o áugure fazia das vísceras de um animal, ao encontrar senti-
dos inter partes – entre as partes.
Inter partes é aquele que se coloca entre as partes para solucionar um con-
flito, um terceiro imparcial que atualmente denomina-se juiz. Interpretar é se 
colocar entre dois momentos: o momento da construção do texto e o momento 
de sua aplicação.
O intérprete ou o hermeneuta enxergam além do texto, sua atividade é 
conseguir explorar o máximo possível do texto.
2. Finalidade da Interpretação
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será explicada a finalidade da interpretação.
2.2 Síntese
Interpretar traz a ideia de levar à compreensão. Compreensão não pode 
ser confundida com explicação. Para a Hermenêutica, essa distinção é muito 
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importante, enquanto uma ciência que visa ser metodológica das ciências do 
espírito, ou seja, que tratam da espiritualidade humana. Exemplo: um intérpre-
te atuante do plano cultural que observa as pirâmides do Egito não questionará 
o que é a pirâmide, qual sua constituição física, mas perguntará o porquê deste 
objeto; para que tal construção. Não importa explicar a pirâmide, mas com-
preender o que culturalmente foi transmitido pela construção das pirâmides. 
O ato de explicar não se confunde com o ato de interpretar.
Finalidade da interpretação: a compreensão, por meio da linguagem, da-
quilo que se construiu em outra mente (autor da obra), em que o intérprete se 
apropria daquele conteúdo.
Compreender é apreender de forma acompanhada, compartilhada. A par-
tir do dado objetivo, se faz contato com a espiritualidade de modo que não 
agrida essa manifestação.
No âmbito jurídico, a argumentação, que é construída por meio das apos-
tas de compreensão, não é relevante do ponto de vista normativo, mas sim da 
fundamentação.
A interpretação jurídica é considerada um paradigma, um modelo quanto 
ao alcance da finalidade que é a melhor compreensão possível.
É relevante para a área jurídica buscar métodos que possam controlar ao 
máximo o rigor relativo ao contato com o legislador (autor da obra).
A interpretação enquanto método visa à finalidade da compreensão.
3. Interpretação do Direito e a Hermenêutica 
Jurídica
3.1 Apresentação
Nesta unidade, serão explicadas a interpretação do direito e a hermenêu-
tica jurídica.
3.2 Síntese
A expressão Hermenêutica é uma ciência da interpretação. Interpretação 
do Direito se refere à atividade própria de quem está em contato com obras 
jurídicas e textos dogmáticos, ou seja, as doutrinas e o conteúdo das leis. A 
doutrina do direito é um conjunto elaborado de compreensões a propósito de 
ramos do direito. Ao atuar tecnicamente, se exerce a interpretação.
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O texto que elabore essa atividade, que esclareça o que está sendo feito, é 
chamado texto de Hermenêutica, é uma teoria a propósito da interpretação.
A Hermenêutica Jurídica é o trabalho doutrinário geral sobre as formas pos-
síveis que estão à disposição do intérprete para a compreensão dos conteúdos 
jurídicos.
Segundo o hermeneuta do século XX, Francesco Ferrara, não é possível ser 
um bom hermeneuta sem conhecer bem os seus conceitos.
A Hermenêutica Jurídica é uma ciência que visa encontrar mecanismos de 
interpretação que possam ser usados em quaisquer áreas segundo a principiolo-
gia, tutela e detalhamento de cada área. É uma ciência genérica situada dentro 
da Filosofia do Direito.
Na Hermenêutica Jurídica, é utilizada uma definição importante para in-
terpretação: definição do sentido e do alcance das normas jurídicas.
O sentido da norma é teórico, o que significa determinada palavra. Já o 
alcance diz respeito à extensão do conceito para a realidade fática, procura-se 
enquadrar circunstâncias que podem ser catalogadas dentro de determinado 
conceito.
A finalidade da interpretação jurídica é a decidibilidadede conflitos. Sem 
conflitos, não há o que se dizer juridicamente.
O que a Hermenêutica Jurídica apresenta como finalidade da interpreta-
ção do direito é dizer seus conceitos com maior rigor possível e qual é o alcance 
fático desses conceitos.
A Hermenêutica Jurídica se ocupa então da metodologia da compreensão 
apresentando para o intérprete quais as possibilidades que são construídas tanto 
na prática quanto na teoria.
4. Interpretação Cognoscitiva, Interpretação 
Representativa e Interpretação Normativa
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas as três modalidades da interpretação: 
cognoscitiva, representativa e normativa.
4.2 Síntese
Segundo o jurista italiano Emilio Betti, as interpretações podem ser classi-
ficadas por tipo e cada tipo com uma finalidade: cognoscitiva, recognoscitiva 
ou representativa e normativa.
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Assim, ele denomina interpretação meramente cognoscitiva aquela ativida-
de que visa apenas à compreensão de uma obra de cultura. Assim, é o método da 
História, da Filologia, etc.
A interpretação representativa ou recognoscitiva visa a algo mais: com-
preender para tornar compreensível a outrem, por meio de uma transposição 
simbólica. Aqui se destaca mais aquela atividade, em que o deus grego Hermes 
se empenhava, de transposição. Assim, procede a tradução, transpondo con-
ceitos de uma língua para outra, a representação teatral, que representa, torna 
presente uma base simbólica textual em gestuais, expressões corporais e faciais, 
etc., que dão vida ao texto escrito, por intermédio de personagens que o repre-
sentam, e ainda a reprodução musical de partituras (signos escritos) em sons.
E, por fim, a interpretação normativa, que não só visa a compreender um 
objeto de cultura, as normas de comportamento, mas a retirar delas máximas 
de decisão. A finalidade é a solução de um conflito. O jurista não interpreta a 
lei para conhecer seu conteúdo, todavia, visa à normatização de condutas, ou 
a aplicabilidade delas. É o termo final da interpretação normativa, passa pela 
cognoscidade, recognoscidade e termina em uma norma para ser aplicada.
A Hermenêutica Jurídica é normativa; só se interpretam normas jurídicas 
não vigentes se for para comparar com as vigentes.
A interpretação jurídica tem como missão, termo último, a construção de 
uma regra para a solução de conflitos.
5. Resultado da Interpretação do Direito
5.1 Apresentação
Nesta unidade, continuará o estudo da interpretação do direito e também 
seu resultado.
5.2 Síntese
As expressões interpretação extensiva, restritiva ou declarativa se referem 
ao resultado da interpretação. Essas distinções são didáticas. Na prática, não é 
possível separar o caminho do resultado.
Resultados da interpretação não se confundem com métodos de interpre-
tação, para fins didáticos.
Os romanos separavam a lei em três partes:
– corpus: a letra da lei, o texto, o símbolo de seu conteúdo;
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– mens: o espírito da lei, seu sentido.
– ratio: razões pelas quais a lei foi posta no sistema jurídico, é a finalidade 
da lei.
Método de interpretação teleológica: a racionalidade é a que diz para que 
a norma se presta, ajudando na fixação do sentido. Sob o ponto de vista do re-
sultado da interpretação, é possível a ampliação ou diminuição do rol de signi-
ficações com base no corpo estabelecido, de modo a não violentar esse corpo.
Quando se tem um grave atentado contra os direitos humanos, a possibi-
lidade de fixação de sentidos é muito maior e o resultado pode ser menos ou 
mais do que a palavra comporta.
O resultado da interpretação do direito é o que se obtém como rol mais 
amplo ou mais restrito de significações a partir daquilo que o corpo do texto 
abarca. Assim, pode-se chegar a um resultado de maior ou menor significação, 
de maior ou menor compreensão, a partir de uma base simbólica que traz mais 
ou menos significados dentro do contexto analisado.
Ao se ultrapassar os limites que a palavra comporta, parte-se para o ato de 
criação.
Capítulo 2
Estrutura Silogística
1. Silogismo Jurídico
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será explicado silogismo jurídico.
1.2 Síntese
A Hermenêutica Jurídica Clássica estrutura o raciocínio jurídico segundo 
uma forma silogística. O silogismo parte de uma metodologia lógico-dedutiva 
ou de uma metodologia de indução ou de indução amplificadora.
A palavra silogismo é típica da lógica clássica e significa partir-se de deter-
minadas premissas e, por ocasião delas, chegar a conclusões verdadeiras. 
Exemplo: a sereia é bela.
– Premissa maior: toda sereia é bela.
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– Premissa menor: x é sereia.
– Dedução imediata: toda sereia é bela e x é sereia, logo x é bela.
Nesse caso, se a premissa maior implica numa catalogação geral e a premis-
sa menor tem uma especificidade, a conclusão é a de que a especificidade se 
enquadra necessariamente na premissa maior. O silogismo parte do raciocínio 
de uma ideia preestabelecida, da qual se deduz a conclusão.
A Hermenêutica Jurídica, enquanto metodologia da interpretação, se colo-
ca dentro de uma estrutura silogística, chamada silogismo jurídico.
Ao observar, na prática, tanto a peça inaugural quanto a peça final possuem 
estrutura silogística, por isso, se comunicam.
O silogismo é a forma de organização das ideias jurídicas que, em última 
instância, são tomadas, tais como fatos, causa de pedir, conclusão e pedido; da 
mesma forma, no julgado, haverá a descrição, fundamentação e conclusão que 
é a decisão.
O silogismo jurídico é uma modalidade de silogismo prático. O silogismo 
prático é aquele que não procede por dedução, mas sim por subsunção, ou 
seja, acoplamento de fato que trará significado e definirá o alcance do que está 
previsto na norma.
A norma não descreve a realidade; ela determina, impõe o comportamento.
No silogismo jurídico, a premissa maior é a determinação da norma aplicá-
vel a um fato hipotético qualquer que seja inspiração para a concepção abstrata 
da norma.
A premissa menor é a averiguação fática detalhada, pois sem ela não há 
como o intérprete colocar a questão diante de uma norma aplicável poten-
cialmente.
A conclusão é a extração pela subsunção de um dispositivo que regulamen-
ta a situação concreta, a sentença.
2. As Funções da Atividade Jurisdicional
2.1 Apresentação
Nesta unidade, continuará o estudo da estrutura silogística e as funções 
da atividade jurisdicional.
2.2 Síntese
A estrutura silogística é modelarmente posta nas atividades jurisdicionais, 
pois nelas encontrar-se-ão a descrição fática, a determinação da norma aplicá-
vel e a conclusão.
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Premissa menor: é a averiguação do fato, a cargo das partes, sob condução 
do julgador.
Conclusão: é o pronunciamento do resultado jurídico decorrente do pro-
cesso de subsunção da circunstância fática às normas jurídicas, trazida na parte 
dispositiva da sentença.
Premissa maior: é a determinação da norma que pode ser aplicada ao caso 
concreto, a partir da investigação de:
– verificação da existência válida da norma;
– fixação do sentido e o alcance da norma;
– decisão hipotética sobre a possível aplicação da norma ao caso concreto 
(aplicabilidade) no momento da conclusão.
A investigação então tem o momento de conhecimento do dado fático nor-
mativo, do reconhecimento de sua validade e visa-se uma decisão hipotética.
O princípio que rege a determinação da norma aplicável é o Iura Novit 
Cura, que significa o juiz conhece o direito.
Os métodos clássicos de interpretação do Direito buscam a fixação de sen-
tido e alcance da norma aplicável ao caso concreto. O último momento dessa 
busca ocorre com a aplicaçãoda regra concreta construída ao caso analisado, 
quando se pode falar propriamente em aplicação.
Capítulo 3
Método de Interpretação
1. Considerações Introdutórias sobre 
Metodologia da Interpretação
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará os métodos clássicos na interpretação do direito.
1.2 Síntese
É importante considerar que a metodologia hermenêutica receberá fortes 
críticas, por causa da estrutura do passo a passo que o intérprete deve seguir 
para extrair a melhor concepção das normas jurídicas. A ideia da possibilidade 
de guiar as formas de compreensão viáveis recebe críticas na Teoria Pura do 
Direito de Kelsen, em que contesta inúmeras concepções estabilizadas tanto 
sobre os fundamentos do direito quanto das descrições dos institutos jurídicos e 
também sobre a hermenêutica jurídica.
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O desafio kelseniano diz respeito aos símbolos linguísticos que são por si 
só polissêmicos, significando que possuem mais semântica do que signos. Isso 
significa que a linguagem jurídica sofre dispersão semântica por duas razões:
– não conseguiu atingir um patamar técnico que poderia trazer suporte 
terminológico para que esse arsenal técnico pudesse ser veiculado a leis;
– com um arsenal técnico à disposição dos operadores do direito, os sujei-
tos do direito não terão acesso a esse arsenal técnico.
Conforme a Lei Complementar nº 95/1998, nos textos normativos, deve-se 
dar preferência ao uso do jargão comum, vulgar, deixando o jargão técnico para 
áreas específicas.
Desta forma, não há como livrar a linguagem jurídica da dispersão semânti-
ca, em que uma mesma palavra pode ter sentidos diferentes se usada em textos 
normativos.
Os atos da fala compõem uma construção linguística, é uma atividade es-
pontânea onde não há controle científico prévio.
A Hermenêutica Jurídica dotada de mecanismos metodológicos para com-
preensão não faz sentido; não há uma autêntica Hermenêutica Jurídica en-
quanto ciência, o que existe é uma ciência do Direito que explica mecanismos 
de relação e escalonamento do direito positivo e qualquer ato de intelecção dos 
intérpretes desse sistema é ato intelectual. Para Kelsen, todo labor intelectivo só 
tem sentido para sua aplicação concreta, que é um ato de vontade.
Com maior ou menor, mais sofisticada ou menos sofisticada compreensão, 
aquele que tem competência determinada dentro do direito positivo para cons-
truir norma concreta em uma decisão específica vai exarar seu ato de vontade 
independentemente do ato intelectual de formação de sua compreensão. Para 
Kelsen, isso é uma questão de enquadramento das normas gerais e abstratas: 
quanto maior for a elasticidade do quadro (moldura), mais possibilidades de 
articulação de compreensão o intérprete terá.
Assim, uma ciência metodológica como a Hermenêutica Jurídica perde o 
sentido por não fazer diferença para o operador que tem poder decisional se a 
melhor ou menos habilitada compreensão de um texto se presta a uma melhor 
decisão.
O ato de conhecimento não gera necessariamente o ato de vontade e o ato 
de vontade ocorre por autorização normativa, independentemente da atividade 
intelectual, se mais ou menos elaborada.
Os métodos apresentados pela Hermenêutica Jurídica clássica servem 
como ponto de partida para que o intérprete se situe diante de problemas que 
possam ocorrer no contato com as normas jurídicas, que são textos com signifi-
cações amplas, com os quais ele deve trabalhar.
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2. Método Gramatical
2.1 Apresentação
Nesta unidade, continuará a explicação sobre os métodos clássicos da 
interpretação do direito, o método gramatical.
2.2 Síntese
Método gramatical também é chamado de método exegético ou literal. 
Visa um contato imediato com o texto normativo. Introduz a atividade herme-
nêutica porque o intérprete precisa se apropriar das situações semânticas ini-
cialmente propostas em um texto normativo a fim de deflagrar obscurantismos 
e eventuais dubiedades.
É considerado o mais simples de todos os métodos. Também é considerado 
pobre, pois pode gerar um vício da Hermenêutica, a interpretação in fraudem 
legis que frauda o espírito da lei para se apegar excessivamente a uma primeira 
denotação da palavra em questão.
A interpretação gramatical procura uma espécie de argumento de autorida-
de para simplificar possibilidades de compreensão mais extensas.
Utiliza-se a expressão literal ou exegético como sinônimos de método 
gramatical.
A palavra exegese significa explicação, comentário ou interpretação de textos.
Juridicamente, existe a dificuldade da fixação de palavras em contextos 
diferentes. Exemplo: a expressão “molestar” é encontrada na Lei de Contra-
venções Penais no sentido de “molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquili-
dade por acinte ou motivo reprovável” (art. 65). Por outro lado, a expressão 
“molestar” aparece no art. 1º da Lei nº 7.643/1987 no sentido de “molesta-
mento de animais ou de cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras é crime”. 
Nos exemplos, molestar uma pessoa tem sanção menor (contravenção), já 
molestar cetáceo tem sanção maior (crime). O sentido do molestamento nos 
dois casos é considerado algo diverso; mesma palavra com sentidos e conse-
quências diferentes.
A interpretação gramatical pode levar à fraude da normatividade em questão.
A literalidade da norma não pode ser a priori, um veículo de compreensão 
mais satisfatória dela.
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3. Método Lógico e Sistemático
3.1 Apresentação
Nesta unidade, continuará a explicação sobre os métodos clássicos da 
interpretação do direito, método lógico e sistemático.
3.2 Síntese
O método lógico busca um sentido mais adequado e consistente a ser dado 
a uma palavra.
O método lógico examina não as palavras do texto normativo, mas as pro-
posições que elas enunciam, focando na análise do todo.
Um problema de ordem lógica aparece na interpretação quando, em um 
mesmo texto legal, a mesma palavra ou expressão aparece empregada em nor-
mas distintas com consequências diferentes, como no caso da “competência 
privativa” nos dispositivos da CRFB/1988, que ora significa delegável, ora, ex-
clusivo. A ambiguidade só se resolve a partir da estrutura textual em que se 
encontra imersa a expressão.
O método lógico busca salvar a coerência sistêmica, portanto, não se pode 
deixar, no plano da interpretação, escapar uma incoerência significativa com 
consequências jurídicas diversas.
A característica do ordenamento jurídico que é preservada com a utilização 
do método lógico é a coerência lógica do sistema.
O método sistemático é um tipo de processo lógico, vale dizer, parte do mé-
todo lógico para se realizar, mas se diferencia do método lógico por introduzir 
no exame dos textos elementos estranhos, ao confrontar um texto com outro 
texto da mesma lei, o que se chama exame de contexto da lei, ou com outros tex-
tos de outros sistemas jurídicos (direito comparado) que versem sobre o mesmo 
instituto ou sobre a mesma relação.
O doutrinador Zaffaroni realiza uma nova leitura sobre a tipicidade penal, 
que inclui o conceito de tipicidade conglobante como correção da tipicidade 
legal clássica, utilizando-se do método sistemático de interpretação dos tipos 
penais, de forma conjugada, resultando num conceito mais preciso e consisten-
te de tipicidade (que exclui, do âmbito do típico, aquelas condutas que apenas 
aparentemente estão proibidas). A construção dessa tipicidade mais precisa se 
dá pelo método sistemático, numa análise detida das circunstâncias normativas 
que pode ter como resultado a incriminação ou não de uma conduta, pois “as 
normas jurídicas não ‘vivem’ isoladas, mas num entrelaçamento em que umas 
limitam as outras, e não podem ignorar-se mutuamente”.H
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Exemplo: o art. 70, caput, do CPC, prevê claramente que a denunciação da 
lide é obrigatória. Ao se observar os incisos do artigo, verifica-se que somente no 
inciso I encontra-se a obrigatoriedade da denunciação da lide.
O método lógico sistemático deve ser a primeira tentativa de solução dos 
dramas trazidos à colação pelo método gramatical. Embora não haja uma hie-
rarquia entre os métodos, esses serão utilizados na medida em que o intérprete 
necessitar de um passo a mais na fixação do sentido da norma.
Utilizando-se desse método, não haverá necessidade de buscar outras for-
mas de justificação para aquela compreensão que parece coerente, satisfatória 
e justa.
Existe ainda o método histórico ou histórico evolutivo, pois em alguns casos 
o intérprete se depara com normas jurídicas que já não correspondem às deman-
das, às necessidades daquilo que se exige juridicamente no atual momento.
Buscar o conceito no tempo pode servir para uma clarificação melhor do 
conceito no momento atual.
O método histórico evolutivo visa entender o conceito na sua origem, bus-
cando os elementos que formam a occasio legis, momento da confecção da lei.
4. Método Histórico-Evolutivo e Teleológico
4.1 Apresentação
Nesta unidade, continuará a explicação sobre os métodos clássicos da 
interpretação do direito, o método histórico-evolutivo e teleológico.
4.2 Síntese
O método histórico-evolutivo é a junção de dois métodos tradicionalmen-
te encontrados nos textos de Hermenêutica Jurídica e em julgados das mais 
variadas instâncias. O método histórico é aquele que consiste na busca do sig-
nificado original do conceito utilizado numa determinada norma e com suas 
consequências jurídicas.
A interpretação histórica, por si só, não resolve o problema da atualidade do 
conceito jurídico, que seja apta a resolver questões postas pelo Direito.
O método histórico-evolutivo é a junção do método histórico e do método 
sociológico.
Cabe ao intérprete trazer um conceito atual e supor que o legislador teria 
entendido de determinada forma se estivesse presente para ser consultado. A 
interpretação atual busca a voluntas legis.
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O intérprete tem que confrontar o texto daquele momento histórico com 
o momento atual.
O método teleológico é uma espécie de pré-compreensão de que no sis-
tema jurídico todas as previsões têm que buscar um fim. Ainda que pareça ao 
intérprete que não há um fim expresso, ele tem que buscar esse fim.
A palavra teleologia decorre da palavra grega telos que significa fim.
No método teleológico, o intérprete constrói com muito mais vigor e atua-
ção o conceito que gera um problema jurídico qualquer.
A doutrina menciona que o método teleológico está descrito no art. 5º da 
LICC, segundo o qual o aplicador deve sempre encontrar um fim na legislação 
e aplicá-la segundo esse fim, que deve necessariamente ter cunho social.
O Direito que não responde às demandas sociais não satisfaz sua finalidade.
A interpretação teleológica é regida pelo brocardo latino ubi eadem ratio, 
ibi eadem legis dispositio (onde existe a mesma razão fundamental, prevalece a 
mesma regra de direito).
No método teleológico, há uma aposta maior do intérprete no sentido de 
fixar o sentido do conceito em questão.
O art. 225 da CF em seu § 3º prevê que as condutas e atividades con-
sideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas 
ou jurídicas, às sanções penais administrativas independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. É necessária a verificação sobre a 
adequação da sanção de acordo com a pessoa (física ou jurídica). Ao ana-
lisar o art. 173, § 5º, da CF, é possível verificar que a lei, sem prejuízo da 
responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá 
a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua na-
tureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra 
a economia popular.
Se é admitido que a pessoa jurídica tenha natureza diversa da pessoa física, 
porque em algum momento o texto constitucional trouxe essa distinção, pode 
ser lícito concluir que no art. 225 as sanções penais e administrativas são coe-
rentes respectivamente com pessoas físicas e jurídicas.
O método teológico e o método histórico evolutivo caminham juntos, 
pois buscam significações temporais e atuais para encontrar um fim na lei 
que, de imediato, não fica explícito pelo método gramatical e o método lógi-
co-sistemático.
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5. Métodos Clássicos: Distinção
5.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados os métodos clássicos da interpretação do 
direito e serão analisadas a interpretação, a integração e a aplicação da 
norma jurídica interpretativa.
5.2 Síntese
É importante ressaltar a distinção entre interpretação, integração do direito 
e aplicação da norma jurídica interpretada.
A teoria geral da interpretação jurídica abrange tanto o conceito de inter-
pretação e seus mecanismos quanto de integração e aplicação que seria o re-
sultado final do processo de interpretação ou vislumbrando-se a ausência de 
norma específica no processo de integração para a concretização desses enun-
ciados teóricos em uma norma que não é abstrata, é particular e concreta em 
um dispositivo final decisional.
Interpretar é buscar o sentido, fazer com que algo seja compreensível. A 
lei pode apresentar vários sentidos, mas um deles deve ser escolhido, pois a 
aplicação só se dá com um dos sentidos possíveis da lei.
A doutrina afirma que a interpretação jurídica caminha para uma aplica-
ção. Toda norma jurídica se destina a uma solução de conflitos.
A interpretação não se restringe somente à operação do direito. Não só a 
operação do direito maneja a interpretação de suas normas.
A aplicação no sentido técnico-jurídico é o ato de formulação concreta de 
uma norma que vai responder ao caso apresentado.
Applicare dá a ideia de enroscar, de juntar, é colocar a norma em contato 
com um objetivo. A aplicação do direito consiste na subsunção de fatos a dispo-
sições normativas por meio de uma atividade que correlaciona aspectos norma-
tivos, fáticos e axiológicos e que leva à qualificação jurídica de uma conduta.
A palavra equidade significa o processo de adaptação do abstrato ao concre-
to, sob pena de se eleger um tipo de norma abstrata que não corresponde ao 
concreto e, portanto, injusta.
Segundo Joaquim Carlos Salgado: 
“A interpretação é momento intelectivo do processo de aplicação, pelo 
qual se arma a conclusão da argumentação jurídica. A aplicação avança mais: 
inclui o momento volitivo, a decisão enquanto ato de vontade e de eleição da 
norma concreta. De qualquer modo, a decisão, embora esteja na esfera volitiva, 
é como decisão jurídica, sempre fundamentada.”
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A aplicação consiste na subsunção de fatos das disposições normativas por 
meio de uma atividade complexa que correlaciona aspectos normativos, fáticos 
e valorativos, como uma coordenação axiológica de fato a norma de que resulta 
a qualificação jurídica da conduta.
A interpretação pode levar o intérprete a deflagrar a existência de uma la-
cuna. Lacuna é uma incompletude insatisfatória dentro de um sistema que se 
pretende completável.
O art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil prevê que o juiz, na ausên-
cia da lei, deverá proceder por analogia, costumes e princípios gerais de direito.
Os princípios não devem aparecer somente nos momentos de lacuna, mas 
também conduzir as soluções ainda que haja lei.
A interpretação com resultado extensivo pressupõe que há uma previsão 
implícita. Na analogia, não há previsão nem de forma implícita, o julgador 
constrói mantendo aracionalidade da norma.
Capítulo 4
Hermenêutica
1. Superação dos Métodos de Interpretação 
pelo Método Lógico-Dedutivo
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será explicado o método de interpretação na perspectiva 
da lógica do razoável.
1.2 Síntese
O raciocínio é o encadeamento de juízos para se chegar a uma conclusão. 
Pode ser construído por inferência em que, a partir da premissa lançada, juízos 
são encadeados para que se conclua alguma questão referente à realidade ou 
até mesmo hipotética.
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Raciocínio lógico-dedutivo hoje não é um bom padrão argumentativo.
A Hermenêutica Jurídica é considerada uma teoria regionalizada da in-
terpretação.
No século XIX, surgiu um movimento chamado desregionalização das 
hermenêuticas particulares ou regionalizadas, representado por dois autores: 
Wilhelm Dilthey e Ernst Schleiermacher.
Esses autores empregaram uma tarefa de desregionalizar as hermenêu-
ticas particulares partindo do pressuposto de que deveria haver uma meto-
dologia própria para as ciências do espírito. Esses autores procuraram fazer 
no plano da história o que Kant já havia feito no plano das discussões das 
ciências naturais.
Kant, aplicando uma metodologia cartesiana, descreveu quais são ativida-
des do intelecto, tanto no plano da observação da natureza quanto no plano 
da dedução lógica do raciocínio, bem como justificou a moralidade no ser 
humano.
Essa empreitada da hermenêutica geral traz a regra de que não se deve 
interpretar o parágrafo independentemente do caput. Se o fizer, será possível 
que seja cometido um equívoco. A parte da obra só pode ser interpretada em 
relação ao todo e vice-versa.
A empreitada de metodologia das hermenêuticas regionalizadas na forma 
de uma ciência geral para qualquer interpretação das ciências do espírito foi 
criticada pela hermenêutica filosófica inaugurada na obra de Martin Heideg-
ger, filósofo alemão, onde é promovida uma revolução no pensamento her-
menêutico ocidental em que passa a denunciar a impossibilidade de regras 
metodológicas com o espírito humano.
Compreender o mundo historicamente é compreender-se nele. No orde-
namento atual, não se usa a expressão terceiro neutro, mas sim imparcial ou 
equidistante.
A Hermenêutica Filosófica promove a fundamentação para as críticas à 
Hermenêutica Jurídica tradicional.
Para Gadamer, o afastamento na história promove uma espécie de assepsia, de 
neutralização da própria subjetividade, em face do objeto estudado; no entan-
to, não é possível a verdade exuberante do ocorrer histórico se há um afasta-
mento no tempo.
A verdade histórica é diversa da verdade das ciências naturais. Não é possí-
vel que o sujeito não seja objeto de suas próprias investigações.
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2. Distinção entre a Velha e a Nova 
Hermenêutica
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será avaliada a distinção entre a expressão Velha Herme-
nêutica e a chamada Nova Hermenêutica.
2.2 Síntese
A Velha Hermenêutica é a hermenêutica jurídica tradicional, que apre-
senta os métodos que variam de acordo com as propostas dos vários autores 
hermeneutas.
A Nova Hermenêutica é posta como um passo dado à frente, sem a des-
construção total da Velha Hermenêutica.
A grande falácia da Hermenêutica Jurídica Tradicional é supor que o juiz 
seja como um autômato de métodos por ela ofertados para melhor fixação de 
sentidos de textos legais, para que deles extraia a melhor compreensão e a mais 
justa decisão. Antes de se deixar conduzir por métodos, o juiz está compreen-
dendo o texto da lei, lançou-se nele, antes de pensar em qualquer metodologia 
que pudesse conseguir introduzir o lançar-se no texto.
É usual haver uma tese sobre a nova postura do julgador diante dos textos 
jurídicos, antes decide para depois buscar os fundamentos.
O juiz que julga em um estado democrático de direito obviamente terá 
uma postura diferente da de um juiz em um estado autoritário.
Falar-se em uma Nova Hermenêutica é compreender o que a Hermenêuti-
ca Atual acresce à Hermenêutica Jurídica Tradicional, após a crítica ao método 
da Hermenêutica Filosófica.
A Nova Hermenêutica propõe que a Velha Hermenêutica não está com-
pletamente superada, pois os métodos de interpretação ainda são trazidos à 
colação.
Propõe uma releitura da Velha Hermenêutica à luz de novos paradigmas.
O movimento de codificação se torna insatisfatório porque os códigos ou 
preveem regras detalhadas ou detalham princípios em códigos, o que não é 
possível.
No século XIX, apostou-se no Poder Legislativo, onde as leis trariam tudo o 
que fosse necessário ao direito.
No século XX, tem-se o Poder Judiciário atuante, possibilitado pela Nova 
Hermenêutica que possibilita fundamentos diversos.
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O método ainda deve ser utilizado, pois as decisões devem ser fundamen-
tadas, sob pena de nulidade. É importante trazer à tona todos os argumentos 
possíveis para fundamentar a decisão.
A construção desses argumentos pode partir de princípios e não de regras 
específicas e métodos que conduzam à compreensão dessas regras.
O juiz utiliza da metodologia para justificar a decisão, mas traz princípios.
As questões complexas do direito não têm respostas nas regras abstratas; 
o juiz exerce um juízo de equiprobabilidade. Aquele que está diante de uma 
questão complexa não vai se socorrer da norma que é um ponto de partida, terá 
que formular possibilidades para chegar a uma decisão.
Segundo Klaus Günther, o juízo de justificação é diverso da formulação do 
juízo de aplicação no caso concreto.
3. Método de Interpretação sobre a 
Perspectiva da Lógica do Razoável
3.1 Apresentação
Nesta unidade, será explicada a interpretação sobre a perspectiva da 
lógica do razoável.
3.2 Síntese
A distinção da lógica do razoável para a lógica de inferência é que a lógica 
de inferência é própria das ciências lógico-dedutivas. A lógica do razoável é 
estimativa, não há dedução.
O autor que traz essa teoria é Luis Recaséns Siches. Ele deflagra que o juiz, 
quando está diante de uma situação concreta, acopla a norma geral e abstrata 
de detalhamentos para conseguir a concretude da mesma.
A lógica do razoável tem um sentido muito expressivo para a Hermenêutica 
Contemporânea.
A tese da lógica do razoável aplicada à interpretação jurídica propõe a supe-
ração dos métodos de interpretação mediante puro raciocínio lógico-dedutivo. 
A tese da interpretação pelo razoável ou por estimativa propõe uma condução 
do silogismo jurídico segundo uma lógica de raciocínio que seja razoável, que 
será produto do logos (da razão) assim como é a lógica do racional, porém, com 
mais pertinência.
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A lógica do razoável supera a lógica dedutiva porque é impossível deduzir 
no Direito. Normas de direito são voltadas para condutas, em que há eticidade 
humana e são trazidos naturalmente juízos de valor.
Ainda que a Hermenêutica Tradicional tenha pensado na forma silogística 
dedutiva, tal método não é possível.
François Gény já advertia que o proposto da obra era substituir o método 
silogístico e dogmático por um método histórico, pois que aquele deduz dos 
códigos uma vida fictícia, irreal, e este se apresenta como método de vida or-
gânica, interno e não externo, alheio a esta. Sua missão está em vivificar os 
códigos, não por seus conteúdos, mas por elementos da vida ulterior externa, 
tais como as orientações científicas mais diversas, a sociologia, a filosofia, as 
valorações diversas, etc.
A norma não pode ser tomada por sua internalidade.
Siches afirma que o jurista sentia necessidade de invocar os métodos literal, 
histórico, analógico, subjetivo, etc. por sentir-se obrigado a legitimar aquela 
soluçãoque já estimava ser a mais justa, fazendo uso dos artifícios da lógica 
apenas para demonstrar que sua estimativa estava de acordo com a lei.
O juiz ao julgar sempre desenvolve juízos estimativos e não meramente 
cognitivos, e com tais juízos estimativos é que ele expressa o que se deve fazer 
em casos controversos, formulando uma norma concreta, mas não uma norma 
autêntica à norma geral, como se fosse a repetição dela, aquela norma abstrata-
mente formulada pelo legislador.
A sentença em sua parte substancial não é mera declaração de realidade, 
descrição de fatos; não se trata de atos de narração das condições que se aco-
plam ao comando legal geral, mas sim de estimação normativa. A declaração 
de fatos e as constatações das normas jurídicas que regulam esses fatos são 
elementos inseparáveis e necessários à estimação do juízo de valor que serão 
veiculados na sentença, mas o juiz não é historiador de fatos e normas, ele é 
julgador que só pesa fatos e normas e constrói uma norma singular e concreta.

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