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Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 AULA 02: Limitações ao Poder de Tributar (Imunidades) SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Imunidades 02 Espécies de Imunidades Tributárias 14 Outras Espécies de Imunidades Tributárias 51 Lista das Questões Comentadas em Aula 61 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 76 Observações sobre a Aula Olá, amigo (a), tudo bem? Está pronto para mais uma aula? O assunto a ser tratado hoje é continuidade do que vimos na aula anterior. Dando prosseguimento ao estudo das limitações ao poder de tributar, estudaremos as imunidades tributárias. Fiz o máximo possível para tornar o conteúdo bastante claro, sem exigir conhecimento prévio de outros temas do Direito Tributário. Quando isso se fizer necessário, fazemos uma breve explicação do assunto. Caso você sinta dificuldade em compreender algum conceito, não deixe de nos notificar. O objetivo é trazer a você uma aula 100% compreensível! Chega de papo! Vamos começar? Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 1 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 1 - IMUNIDADES O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para concursos públicos. As bancas adoram cobrar imunidades tributárias nas provas de Direito Tributário. Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele merece, com o intuito de deixá-lo totalmente preparado para qualquer prova sobre o assunto. Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não incidência. Posteriormente, serão abordadas as classificações doutrinárias das imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie! Vocês verão que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência. Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, embora se trate de uma dispensa constitucional do pagamento de tributos, a imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela legislação tributária. Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), "exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade tributária (...)". A manutenção de livros fiscais é um exemplo de obrigação acessória. A grosso modo, podemos dizer que as obrigações acessórias são condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário, criando obrigações de "fazer" ou "deixar de fazer" algo no interesse da arrecadação e fiscalização. Não se preocupe com detalhes por hora, pois isso é tema de outra aula. Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. Vamos, então, estudar o tema "Imunidades". 1.1 - Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos de imunidade, isenção e não incidência, é necessário que entendamos primeiramente o que vem a ser incidência tributária. Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível sua cobrança (hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota). Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 2 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no mundo real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária (ocorre o fato gerador). Nós já vimos superficialmente isso na aula anterior, você se lembra? Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? Podemos citar três situações: • A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida. Podemos dizer que seria o caso de um tributo instituído "pela metade", em que o ente não prevê todas as hipóteses de incidência capazes de gerar a tributação; • A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas situações fáticas como hipótese de incidência. Esta hipótese se refere a situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por exemplo, o IPVA não pode incidir sobre bicicletas; • A pessoa política é "barrada" pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo constitucional que inibe a possibilidade de o ente prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo. Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição aos entes federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre por meio de lei. Como a CF não cria tributos, é o exercício da competência tributária que torna possível a cobrança dos tributos. O tema será estudado em outra aula. Todas as três situações acima se referem à não incidência tributária. Contudo, a última pode ser considerada como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é denominada IMUNIDADE. ^ ^ ^ te n cã o A imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária. Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade propriamente dita como nas demais situações que de não incidência, não há a ocorrência do fato gerador. Guarde isso! Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo ente político, por intermédio de lei. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 3 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo considerada uma decisão política. De acordo com o autor Roque Antônio Carraza, "a isenção pode ser definida como iimitação legal do âmbito de validade da norma jurídica tributária, que impede que o tributo nasça ou faz com que ele surja de modo mitigado1 Explicando melhor: no primeiro caso, temos isenção total; no segundo, isenção parcial. Nesse caso, há uma hipótese de incidência prevista na lei que instituiu o tributo, e, por esse motivo, o fato gerador ocorre. Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário. Não iremos nos aprofundar neste conceito por enquanto, para não ter o risco de confundirmos. O momento irá chegar. O que importa, por enquanto, é saber que a isenção decorre do exercício da competência tributária e o fato gerador chega a ocorrer. Isto é, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes, mediante a edição de uma lei. Por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar, posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não pode tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador neste caso. Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das imunidades, visto que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade. Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra "isentas", a interpretação que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade. Repare que, embora diferenciamos não incidência de imunidade, esta está inserida dentro do conceito daquela, com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente. Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que dissemos até agora. 1 CARRAZA, Roque Antônio. ICMS. 9- Edição. Editora Malheiros.2003 Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 4 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Não Incidência • Situação não prevista na lei instituidora ou impossível; • Não há norma que preveja; • Não ocorre fato gerador; Imunidade • Limitação ao poder de tributar; • Previsão no texto constitucional; • Não ocorre fato gerador; Isenção • Opção política do ente tributante; • Previsão em norma infraconstitucional; • Ocorre fato gerador; Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma hipótese em que o tributo acaba não sendo cobrado. Nesse caso, ocorre o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é zero. Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota de Imposto de Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao País. 1.2 - Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades adotadas pela doutrina. À medida que expusermos uma classificação, traremos exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de facilitar a absorção do assunto. 1. Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas, objetivas ou mistas A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como parâmetro tanto as pessoas (imunidade subjetiva) quanto as coisas (imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas e as pessoas ao mesmo tempo, sendB) estas denominadas imunidades mistas. As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade recíproca. De acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas políticas, mas não o é às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica clara a importância que tem a "pessoa" para se definir se haverá ou não imunidade. Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela abrangidas da responsabilidade pela retenção de tributos, caso estejam designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo, Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 5 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os rendimentos de seus servidores, pois estes não são imunes. Observação: Responsável tributário, como veremos em momento oportuno, é a pessoa que, embora não tenha relação pessoal com a situação que fez surgir o fato gerador, está a ela ligada por expressa disposição legal. Ainda que esteja imune, a "pessoa" pode estar sujeita por meio de lei a fazer retenção e recolhimento dos tributos devidos por outrem. Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória: o fato de a empresa estar obrigada a descontar os tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não há encargo financeiro, mas tão somente a obrigação de "fazer algo". No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente utilizado é o da imunidade cultural. De acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88, é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não importa qual pessoa esteja vendendo um jornal, por exemplo. O que é relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo objeto de comercialização. Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade que impede a incidência do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural sobre as pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais constituem o aspecto objetivo, e o fato de seu proprietário não poder possuir outro imóvel revela o aspecto subjetivo da referida imunidade. Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda classificação. 2. Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da isonomia e do pacto federativo. Ou seja, são imunidades que, ainda que não houvesse sua previsão constitucional, existiriam. Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. Repare que tal imunidade busca preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo. Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem por decisão expressa do legislador constituinte. Isso não quer dizer que Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 6 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo a imunidade cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 3. Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio texto constitucional. Trata-se das hipóteses que o legislador já previu, no momento da elaboração da Constituição Federal. É possível também que algumas imunidades não tenham sido reconhecidas expressamente, mas, por decorrerem de princípios constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as que estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina denominou implícitas. Até o momento, não temos exemplos de imunidades implícitas. Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e o que vimos na classificação quanto à origem das imunidades. As imunidades políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar previstas no texto da Constituição. Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não fossem previstas na CF, existiriam. Desta maneira, podemos afirmar que tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas. 4. Classificação quanto à necessidade de regulamentação: incondicionadas e condicionadas Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para surtir efeitos no mundo concreto, esteja regulamentada por norma infraconstitucional, ou seja, por leis. Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por exemplo, a imunidade recíproca, não há necessidade de edição de lei, produzindo efeitos imediatamente. Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são aquelas que dependem de regulamentação por lei, para que possam produzir efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse constitucional, caso haja regulamentação legal. Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer que as imunidades condicionadas constituem normas de eficácia limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 7 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 5. Classificação quanto ao alcance: gerais e específicas Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários tributos e todos os entes federativos dentro de certas imunidades. Por exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos (sobre patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios. Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou genérica. Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88 são consideradasgenéricas. Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, alcançando tributos específicos e, por consequência, apenas o ente competente para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade concedida ao IPI sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser denominada específica, tópica ou especial. HORA DE praticar! Questão 01 - ESAF/ISS-RJ-Agente de Fazenda/2010 Analisando os institutos da imunidade e da isenção, julgue os itens a seguir: I. a isenção é uma limitação legal do âmbito de validade da norma jurídica tributária, que impede que o tributo nasça ou faz com que surja de modo mitigado (isenção parcial); II. a imunidade é o obstáculo criado por uma norma da Constituição que impede a incidência de lei ordinária de tributação sobre determinado fato, ou em detrimento de determinada pessoa, ou categoria de pessoas; III. ambos os institutos, imunidade e isenção, levam ao mesmo resultado: o não pagamento de tributo. Porém, os meios pelos quais isso ocorre são totalmente diferentes. A imunidade dá-se por meio da Constituição, a isenção por meio de lei (ordinária ou complementar); IV. a violação de dispositivo que contém isenção importa em ilegalidade e não em inconstitucionalidade; V. é incorreto afirmar-se que a imunidade é uma forma qualificada de não incidência. Estão corretos apenas os itens: Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 8 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 a) I e II. b) I, II, III e IV. c) II, IV e V. d) I, II e IV. e) III, IV e V. Comentário: Item I: A isenção, como aprendemos, é benefício fiscal, concedido pelo próprio ente competente para instituir o tributo. A consequência da isenção é que o tributo não é exigido ou o é parcialmente. É, portanto, limitação legal do âmbito de validade da norma tributária. Item correto. Item II: A imunidade é uma delimitação da competência tributária, imposta pela própria Constituição Federal. Portanto, o item está correto. Item III: De fato, em ambos os casos a consequência é o não pagamento de tributo. Contudo, a imunidade é sempre prevista em norma constitucional, ao passo que a isenção advém de lei (ordinária ou complementar) ou até mesmo medida provisória, embora o examinador não a tenha citado. Item correto. Item IV: A violação a uma regra prevista em lei (isenção) acarreta ilegalidade. Item correto. Item V: A imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada. Portanto, o item está errado. Gabarito: Letra B Questão 02 - ESAF/AFRFB/2009 Diversos fatos podem resultar na desoneração tributária. Assinale, entre as que se seguem, a forma de desoneração tributária pela qual não nascem nem a obrigação tributária, nem o respectivo crédito por força do não-exercício da competência a que tem direito o poder tributante. a) Imunidade. b) Não-incidência. c) Isenção. d) Alíquota zero. e) Remissão. Comentário: Vimos que quando o ente federado não faz uso da competência que foi a ele atribuída pelo legislador constituinte, ocorre a não incidência. Veja que a decisão é política, tendo em vista que há a possibilidade de cobrança, desde que haja previsão legal do fato gerador. Sendo assim, a alternativa correta é a Letra B. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 9 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 03 - FCC/Ass. Jur.-TCE-PI/2009 Sobre imunidade tributária é correto afirmar que só alcança impostos federais. Comentário: O conceito de imunidade na CF/88 não se restringe a impostos federais. Tome-se, como exemplo, a imunidade recíproca, que se estende aos impostos sobre patrimônio, renda e serviços de todos os entes federativos. A questão está errada. Questão 04 - CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011 Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. Comentário: Conforme entendimento esposado pelo STF, o fato de a pessoa jurídica gozar de imunidade tributária não a exime da obrigação de cumprir obrigações acessórias. Questão correta. Questão 05 - INÉDITA/2014 De acordo com o STF, o fato de uma entidade de educação sem fins lucrativos estar imune, por expressa disposição constitucional, não a exime do dever de recolher o tributo, caso seja eleita, por lei, como responsável pela obrigação tributária. Comentário: A questão aborda o entendimento do STF sobre o tema. O fato de estar imune não elide a necessidade de recolher o tributo, na condição de responsável tributário. Para relembrar o conceito de responsável tributário, leia o art. 128 do CTN. Questão correta. Questão 06 - FCC/Ass. Jur.-TCE-PI/2009 Sobre imunidade tributária é correto afirmar que equivale a incompetência tributária. Comentário: Sabemos que a imunidade tributária é uma limitação constitucional ao poder de tributar. O legislador constituinte desenhou os limites fora dos quais os entes não poderiam tributar. Dessa forma, podemos dizer que o que está fora dos limites da competência tributária (as imunidades) pode ser considerado incompetência tributária. Portanto, correta. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 10 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 07 - FCC/Ass. Jur.-TCE-PI/2009 Sobre imunidade tributária é correto afirmar que difere da isenção, que pressupõe competência do ente para sua concessão. Comentário: Exatamente. A isenção consiste no exercício da competência tributária, pois o ente tributante, podendo cobrar o tributo, abre mão de seu direito, ao conceder a isenção por intermédio de lei. A imunide, diferentemente, é uma imposição constitucional que limita o poder de tributar. Questão correta. Questão 08 - ESAF/SEFAZ/SP/2009 As imunidades tributárias são classificadas em: a) ontológicas e políticas. b) proporcionais e progressivas. c) diretas e indiretas. d) cumulativas e não cumulativas. e) vinculadas e não vinculadas. Comentário: A única classificação acima que já estudamos e que realmente existe é a que divide as imunidades em ontológicas e políticas. Se ainda houver dúvidas quanto a essa classificação, retorne e leia novamente o assunto. A resposta é a Letra A. Questão 09 - FGV/ICMS/RJ/2007 De acordo com o art. 150 da CRFB/88, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir: a) tributos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. b) impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. c) impostos ou contribuições sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 11 de 76 Direito Tributário paraAFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 d) tributos e impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) contribuições e tributos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. DICA DE PROVA: Quando você se deparar com questões grandes, cujas alternativas complementam o que foi dito no enunciado, muito provavelmente a resolução será bastante simples, sendo necessário apenas observar os detalhes de cada uma delas. Comentário: Alternativa A: O erro é ampliar a imunidade aos tributos, quando, na realidade, a imunidade do art. 150 da CF/88 se refere apenas aos impostos. Item errado. Alternativa B: Embora atualmente tenhamos mais uma imunidade prevista no art. 150 da CF/88, a assertiva não se torna errada, pois de fato ainda continua havendo tal vedação. Item correto. Alternativa C: O erro é dizer "ou contribuições" já que a imunidade prevista no art. 150 da CF/88 se refere apenas aos impostos. Item errado. Alternativa D: Uma das espécies de tributos são os impostos, o que já torna a assertiva incoerente. Ademais, a CF/88, no art. 150, restringe a imunidade apenas aos impostos. Item errado. Alternativa E: Uma das espécies de tributos são as contribuições, o que já torna a assertiva incoerente. Ademais, a CF/88, no art. 150, restringe a imunidade apenas aos impostos. Item errado. Gabarito: B Questão 10 - ESAF/FTE-PA/2002 A não-incidência de impostos sobre as autarquias e as fundações públicas, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes, resulta de isenção. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 12 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Comentário: Como vimos, trata-se de hipótese não incidência constitucionalmente qualificada, denominada imunidade. Questão errada. Questão 11 - ESAF/SEFAZ/CE/2006 A norma que impede que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios tributem, reciprocamente, seus patrimônios, rendas ou serviços, denomina-se imunidade. Comentário: Realmente se trata de imunidade. Cabe destacar ainda que essa imunidade é denominada imunidade recíproca. Questão correta. Questão 12 - ESAF/AFTN/1994 Sobre as imunidades tributárias, podemos afirmar que impossibilitam sejam previstos fatos geradores da obrigação tributária para os casos por ela abrangidos. Comentário: A imunidade impede que o legislador institua hipótese de incidência sobre a "coisa" ou "pessoa" imune, não havendo, por conseqüência, fato gerador tributário. Questão correta. Questão 13 - ESAF/AFTN/1994 Sobre as imunidades tributárias, podemos afirmar que são hipóteses de não- incidência legalmente qualificada. Comentário: Como estudamos, trata-se de hipótese de não incidência constitucionalmente qualificadas. Questão errada. Questão 14 - ESAF/AFRFB/2009 A isenção é causa de não incidência tributária. Comentário: Poderíamos dizer que a imunidade é causa de não incidência tributária, mas não a isenção, pois neste caso ocorre o fato gerador. Questão errada. Questão 15 - CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 As entidades que gozem de isenção ou imunidade tributária não são passíveis de fiscalização, visto que a ação fiscalizadora constituiria abuso de poder do agente fiscalizador. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 13 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Comentário: Não há exceções quanto à atividade de fiscalização tributária. Ainda que a entidade goze de imunidade ou mesmo de isenção, fica sujeita à fiscalização, devendo, ainda, cumprir obrigações acessórias a que estiver submetida. Questão errada. Questão 16 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 Reputa-se de natureza política a imunidade tributária recíproca. Comentário: A imunidade recíproca é um sustentáculo do pacto federativo, protegendo a autonomia financeira das entidades políticas. Sendo assim, ela tem natureza ontológica, e não política. Questão errada. Questão 17 - CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011 Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. Comentário: É exatamente esse entendimento que você deve levar para a prova. Questão correta. 2 - ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma aprofundada, e mencionaremos as demais, previstas fora do Capítulo do Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha conhecimento da existência delas. Ok? 2.1 - Imunidade Recíproca Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplos no estudo da classificação doutrinária das imunidades, certo? Por esse motivo, creio que vocês acabaram tendo uma noção do que se trata. Na verdade, tal imunidade - também denominada imunidade intergovernamental - existe para proteger a autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar, portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da Suprema Corte (ADI 939). Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 14 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Você precisa estar atento ao fato de que a única espécie de tributo abrangida por esta imunidade são os impostos. Além disso, note que o conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca. Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você conheça o conceito de contribuinte de direito e contribuinte de fato. Esse tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de fato, com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. Isso ocorre nos denominados tributos indiretos. Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma loja de eletrodomésticos. Sobre a incidência do ICMS nesta operação, a loja é eleita pela lei como contribuinte, e é ela quem vai recolher tal imposto, correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas sim a pessoa física que adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV. Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito pela lei para recolher o tributo, e contribuinte de fato é o que arca realmente com o ônus do tributo. Entendido? Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O importante agora é que você saiba distinguir tais figuras, para entender com precisão o que será dito a seguir. Vejamos, então, como é o entendimento da Suprema Corte em relação à aplicabilidade da imunidade recíproca sobre os tributos indiretos: Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA. MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADERECÍPROCA. ART. 150, VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II - Como o Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviços de energia elétrica, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III - Agravo regimental improvido. (STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgado em 28/02/2012) Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se aplica se o ente beneficiado estiver na condição de contribuinte de direito, não o alcançando como contribuinte de fato. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 15 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de energia elétrica, são as próprias prestadoras de serviço, sendo elas denominadas contribuinte de direito. Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações de importação de bens, quando o ente federado for o importador. Neste caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário (STF, AI 518.405-AgR). Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS 174.808 e RE 196.415/PR) já considerou ilegítima a incidência de IOF sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a tributação da renda resultante de tais aplicações pelo IR. Observação: O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. (STF, RE 259.976-AgR) Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS, respectivamente), a imunidade recíproca não pode ser invocada para as contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo, uma repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo. Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes federados. No entanto, há que se lembrar de que esta limitação constitucional ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordo com o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito: "Art. 150: (...) § 2° - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes." A citada extensão é denominada "imunidade tributária recíproca extensiva" por parcela da doutrina . Note que há uma restrição neste parágrafo, que é a necessidade de que o patrimônio, a renda e os serviços das referidas entidades estejam vinculados às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Perceba ainda que esta restrição não foi feita em relação aos entes políticos, como demonstra a ementa do seguinte julgado: Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 16 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 "O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está condicionada ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado a uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos das autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no que se refere à tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades essenciais. (...)" (RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em 07/02/2013) Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a aplicação desta imunidade às autarquias e às fundações públicas, o entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que a benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de economia mista (SEM) prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 2°, da CF/88, segundo o qual "as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado". Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e SEM, isto é, há aquelas exploradoras de atividade econômicas (sujeitas ao art. 173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao art. 175, da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as prestadoras de serviço público. Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM: • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) - (STF, RE 407.099); • Infraero - (STF, RE 524.615-AgR); • Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) - (STF, AC 1.550-2/RO); • Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) - (STF, RE 253.472) • Casa da Moeda do Brasil (CMB) - (STF, RE 610.517) Além dos casos acima citados, o entendimento do STF (RE 580.264/RS) tem sido o de que "as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal". Ademais, seja qual for a forma de prestação do serviço público, para o STF (RE 285.716-AgR) "é irrelevante para definição da aplicabilidade da Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 17 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal". Ressalte-se que a OAB - entidade não integrante da administração pública indireta - também foi alcançada pela imunidade recíproca, no entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que ela também esteja imune. No entanto, o fato de a OAB estar inserida no seleto rol de entidades abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com que a Caixa de Assistência dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, esteja imune. Isto ocorre porque a atividade da Caixa de Assistência dos Advogados tem sua área de atuação voltada aos benefícios individuais dos associados (STF, RE 662.816/BA- AgR). A OAB é imune, Advogados não é! mas a Caixa de Assistência dos No que se refere à delegação de serviços públicos (prestação por particulares), cumpre destacar que se o patrimônio pertencer a um ente federado, independentemente de estar ocupado por empresa delegatária de serviços públicos, continua imune à tributação (STF, RE 253.394/SP). Contudo, a atividade delegada em si, caso seja exercida com intuito lucrativo, não há que se falar em imunidade. É o caso, por exemplo, dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais, que, por terem intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não estão imunes (STF, ADI 3.089). Por conta desse entendimento, faz-se necessário transcrever trecho do voto do Min. Joaquim Barbosa, no julgamento da ADI 3.089: "Nesse sentido, tanto os objetivos como os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da imunidade recíproca são passíveis de submissão ao crivo jurisdicional, em um exame de ponderação e proporcionalidade não bastando a constatação objetiva de natureza pública do serviço que se está a tributar." (Trecho do Voto do Min. Joaquim Barbosa) (STF, ADI3.089/DF, Pleno, Rel. Min. carlos Britto, Julgado em 13/02/2008) Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 18 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 O simples fato de o serviço ter natureza pública não basta para ficar caracterizada a imunidade! Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa sobre a imunidade recíproca, que é o § 3° do art. 150, que diz o seguinte: "Art. 150: (...) § 3° - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel." Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses que escapam da abrangência da imunidade recíproca. A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são utilizados para exploração de atividades econômicas em concorrência com os empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao motivo que fez o legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que haja concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas entidades utilizassem da imunidade para concorrer no mercado, certo? Essa vedação é aplicável aos entes de direito público, pois as EP e SEM já possuem vedação própria no art. 173, § 2°. Há que se destacar que o STF (RE 242.827) já decidiu que a imunidade recíproca extensiva alcança o INCRA - autarquia federal desobrigando-o de pagar ICMS sobre a exploração de unidade agroindustrial. No entendimento do tribunal, a exploração é ocasional e está inserida no âmbito de sua destinação social. Trata-se de um caso muito específico, mas é bom que você saiba que o STF assim já se posicionou. A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 19 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente comprador) assina um contrato de compra e venda, adquirindo um imóvel de um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não transfere a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o direito real de aquisição de coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, para ser tributado normalmente. Nesse contexto, o STF já sumulou o seguinte entendimento: Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano. Vamos esquematizar isso que vimos: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar imposto sobre o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros. Isso, em tese, impede à lei de um Município atribuir à União a condição de responsável pela retenção na fonte do imposto sobre serviços. Comentário: A obrigação de reter na fonte o imposto sobre serviços constitui obrigação acessória. Ainda que a União seja imune aos impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos demais entes, subsiste a referida obrigação. Questão errada. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 20 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 19 - ESAF/ACE-MDIC/2012 Sobre a imunidade recíproca, que é a vedação constitucional à instituição e cobrança, por parte das pessoas políticas tributantes, de impostos sobre Patrimônio, renda e serviços uns dos outros, podem afirmar que: a) a imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil não é da espécie recíproca, na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado. b) no caso de sociedades de economia mista controladas pela União, é relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada pela empresa estar ou não sujeita a monopólio estatal. c) a imunidade tributária recíproca não é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. d) as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária recíproca. e) a imunidade tributária recíproca aplica-se, inclusive, às taxas. Comentário: Alternativa A: Foi justamente pelo fato de desempenhar atividade própria de Estado que fez com que o STF estendesse a imunidade recíproca à OAB. Item errado. Alternativa B: De acordo com a Suprema Corte, é irrelevante a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal, para fins de aplicação da imunidade recíproca. Item errado. Alternativa C: Conforme prevê o art. 150, § 2°, da CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações públicas instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Item errado. Alternativa D: O posicionamento do STF é o de que as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade recíproca. Item correto. Alternativa E: De acordo com o texto constitucional, a imunidade recíproca somente se aplica aos impostos. O STF já decidiu expressamente que não se estende às taxas, nem mesmo às contribuições previdenciárias. Item errado. Gabarito: Letra D Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 21 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 20 - ESAF/AFRFB/2012 No tocante à imunidade tributária recíproca, assinale o único item que não corresponde ao entendimento do STF acerca do tema. a) Sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto. b) Sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal. c) Empresa pública a quem a União atribui a execução de serviços de infraestrutura aeroportuária. d) Empresa pública encarregada de manter o serviço postal. e) Caixa de Assistência aos Advogados, vinculada à Ordem dos Advogados do Brasil. Comentário: Alternativa A: Já foi concedida imunidade para a CAERD (Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia), uma sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto. Item correto. Alternativa B: Já foi decidido pelo STF que as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade recíproca. Item correto. Alternativa C: O STF também já concedeu imunidade à empresa pública INFRAERO. Item correto. Alternativa D: A ECT também já foi alcançada pela referida imunidade, como visto na aula. Item correto. Alternativa E: O fato de a OAB estar inserida entre as entidades abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com que a Caixa de Assistência dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, esteja imune. Item errado. Gabarito: Letra E Observação: Observe como a ESAF cobra questões semelhantes, sobretudo de concursos próximos. Portanto, o nosso foco sempre vai ser as últimas provas da ESAF. Questão 21 - FCC/IESES-TJ-PB/2014 A imunidade recíproca veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços de União, Estados e Municípios, excluído o Distrito Federal.Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 22 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Comentário: Todos os entes federados estão protegidos pela imunidade recíproca. Essa imunidade é considerada genérica. Questão errada. Questão 22 - FCC/DPE-SP/2009 Segundo entendimento consolidado no Supremo Tribunal Federal, a imunidade tributária recíproca se estende à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ECT, por se tratar de empresa pública prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. Comentário: A redação da assertiva está perfeita! Esse é o entendimento do STF (ACO 811-AgR). Questão correta. Questão 23 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013 A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. Comentário: Conforme estudamos, a imunidade recíproca constitui cláusula pétrea. Por esse motivo, não é possível haver proposta de emenda constitucional com o objetivo de abolir ou restringir tal princípio. Questão correta. Questão 24 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013 A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. Comentário: A imunidade recíproca é considerada cláusula pétrea por proteger a autonomia dos entes federados e, consequentemente, a Federação. Portanto, podemos dizer que não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. Questão correta. Questão 25- FD/INÉDITA/2014 Conforme jurisprudência do STF, a imunidade recíproca somente se aplica ao imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. Comentário: De acordo com o STF, a imunidade do art. 150, VI, "a" só abrange o ente quando estiver na condição de contribuinte de direito. Como no caso julgado pelo STF (663.552-AgR/MG), o município era contribuinte de fato, a Suprema Corte decidiu que não haveria imunidade. Questão correta. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 23 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 26 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Comentário: A imunidade recíproca é aplicável aos impostos, não podendo ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Questão correta. Questão 27 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 O princípio da imunidade recíproca, que veda à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, não se aplica aos entes que compõem a administração indireta, como autarquias e fundações públicas. Comentário: A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público, observadas as condições previstas no art. 150, § 2°, da CF/88. Questão errada. Questão 28 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Comentário: Questão bem tranquila. A imunidade recíproca não se aplica às contribuições previdenciárias. Questão correta. Questão 29 - INÉDITA/2014 De acordo com a Constituição Federal de 1988, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tributos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros . Comentário: Pegadinha de prova! O candidato fica com o texto constitucional tão gravado na memória, que, quando se depara com uma questão literal, já a considera como correta, sem observar os pequenos detalhes. Perceba que a vedação diz respeito apenas aos impostos, e não aos tributos como um todo. Questão errada. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 24 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 30 - ESAF/PGFN/2012 Sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto não é abrangida pela imunidade tributária recíproca. Comentário: Conforme verificamos no caso da CAERD, as SEM prestadoras de serviço público de água e esgoto estão abrangidas pela imunidade recíproca. A questão, portanto, está errada. Questão 31 - ESAF/PGFN/2012-Adaptada A imunidade recíproca, em alguns casos, pode ter como efeito colateral relevante a relativização dos princípios da livre concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita. Comentário: O entendimento do STF sobre a imunidade recíproca é amplo, mas não ao ponto de permitir que empresas que praticam atividades econômicas venham a ser abrangidas pela referida imunidade. Isso certamente colocaria em risco o princípio da livre concorrência. Dessa forma, a questão está errada. Questão 32 - ESAF/PROC.-TCE-GO/2007 A empresa pública Caixa Econômica Federal, que exerce atividade econômica, é abrangida pela imunidade tributária recíproca, não se sujeitando ao pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores incidentes sobre seus carros. Comentário: Mais uma questão abordando esse assunto. Como estudamos, empresas públicas que exerçam atividades econômicas não estão abrangidas pela imunidade recíproca. A questão está errada. Questão 33 - ESAF/PGFN/2012 é relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal. Comentário: Conforme entendimento do STF, é irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade recíproca o fato de a atividade desempenhada pela entidade estar sujeita ou não a monopólio estatal. Questão errada. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 25 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 34 - ESAF/PGFN/2012 O reconhecimento da imunidade tributária recíproca às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal poderá, sendo o caso, constituir o crédito tributário e tomar as demais medidas legais cabíveis. Comentário: E aí, candidato, questão correta? Não! A autoridade não "pode", mas deve constituir o crédito tributário. Nunca se esqueça do parágrafo único do art. 142. Você deve visualizar a questão, observando detalhes que mencionam outros assuntos da disciplina! Questão errada. Questão 35 - INÉDITA/2014 Da mesma forma que o STF concedeu imunidade recíproca à OAB, por desempenhar atividade própria de Estado, a Corte também estendeu a limitação constitucional à Caixa de Assistência de Advogados, por pertencer a estrutura da OAB. Comentário: Não é esse o entendimento do STF. Para o Tribunal, a Caixa de Assistência de Advogados possui outra atividade, não sendo própria de Estado, mas do interesse individual de seus associados. Questão errada. Questão 36 - ESAF/PGFN/2012 Tanto os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da imunidade constitucional recíproca são passíveis de submissão ao crivo jurisdicional, em um exame de ponderação, não bastando a constatação objetiva da propriedade do bem. Comentário: Fique atento, pois as bancas não facilitam a vida do concurseiro. A questão foi retirada, praticamente [colada", do voto de um dos ministros, no julgamento da ADI 3.089/DF. Questão correta. Questão 37 - ESAF/ISS-RJ/2010 Sobre a imunidade constitucional recíproca, que veda a instituição e a cobrança de impostos pelos entes tributantes sobre o patrimônio,a renda ou os serviços, uns dos outros, é incorreto afirmar que: a) a imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 26 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. b) a imunidade tributária recíproca é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. c) a imunidade constitucional recíproca alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, bem como as empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito. d) a imunidade tributária recíproca diz respeito aos impostos, não alcançando as contribuições. e) a imunidade tributária recíproca aplica-se às operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o 'contribuinte de direito' e o 'contribuinte de fato'). Comentário: Alternativa A: Como vimos em aula, esse é o entendimento do STF, pois havendo desvio de finalidade, perde-se a razão do benefício tributário. Item correto. Alternativa B: Assertiva que trata da extensão da imunidade recíproca às autarquias, prevista no art. 150, § 2°, da CF/88. Item correto. Alternativa C: Vimos durante a aula que apenas as EP e SEM prestadoras de serviço público podem estar abrangidas pela imunidade. Item errado. Alternativa D: Realmente, estudamos que a imunidade recíproca diz respeito apenas aos impostos. Item correto. Alternativa E: Também estudamos que, por haver identidade entre o contribuinte de direito e o contribuinte de fato, subsiste a imunidade diante de operação de importação realizada por ente público. Item correto. Gabarito: C Questão 38 - CESPE/Juiz Federal/2007 A União, almejando facilitar o escoamento da produção nacional de biocombustível para o exterior, construiu estrutura portuária em imóvel integrante de seu domínio econômico, situado em determinado município brasileiro. Para se viabilizarem as atividades do porto, os serviços portuários foram delegados à pessoa jurídica de direito privado que se utiliza do acervo patrimonial portuário pertencente à União. Nessa situação, o referido município não pode cobrar IPTU da empresa delegatária, a qual, todavia, é contribuinte de taxa de limpeza urbana. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 27 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Comentário: De acordo com o STF (RE 253.394/SP), o patrimônio continua imune à tributação pelo IPTU, sujeitando-se, obviamente à cobrança de taxas, pois estas não foram objetos da imunidade prevista no art. 150, da CF/88. Questão correta. Questão 39 - FCC/ISS-SP/2007 A Constituição Federal estabelece que é vedado à União, aos Estados e aos Municípios instituir tributos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros. Comentário: O único erro da assertiva é mencionar "tributos" em vez de impostos. Questão errada. Questão 40 - CESPE/PROMOTOR-MP-PI/2012 Em razão do princípio da imunidade recíproca, é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, inclusive quando houver contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. Comentário: Consoante o disposto no art. 150, § 3°, da CF/88, a imunidade recíproca não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. Sendo assim, a questão está errada. 2.2 - Imunidade Religiosa O art. 150, VI, b, da CF/88 veda que todos os entes federativos cobrem impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula pétrea. Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a imunidade religiosa alcança todas as religiões, sem qualquer distinção. ^ ^ ^ te n cã o A imunidade religiosa é incondicionada! Grave isso! Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 28 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre com as demais imunidades inseridas no art. 150, VI, da Magna Carta, a imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva, no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais. Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto constitucional mencione que a imunidade protege os "templos", devemos entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da entidade religiosa. Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada entidade religiosa encontre-se alugado para terceiros, a imunidade subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o disposto no art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos gerados estejam sendo vertidos para as finalidades essenciais de tais entidades. Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo à imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional em tela. Perceba que não são todos os cemitérios que estão abrangidos pela imunidade, mas apenas aqueles que são, de fato, mera extensão da entidade religiosa. Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de que a maçonaria não é alcançada pela imunidade religiosa, já que nas lojas maçônicas não se professa qualquer religião. Vamos ao nosso esquema: Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 29 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 HORA DE praticar! Questão 41 - CESGRANRIO/Advogado-Casa da Moeda/2009 Os papéis necessários à publicação dos jornais e periódicos estão abrangidos pela chamada imunidade tributária recíproca. Comentário: A questão tenta confundir o candidato, misturando os conceitos da imunidade recíproca - que é subjetiva - com as características da imunidade cultural. Questão errada. Questão 42 - CESPE/Delegado/RN/2009 Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso não estão abrangidos pela imunidade tributária prevista na CF, uma vez que as normas que tratam de renúncia fiscal devem ser interpretadas restritivamente. Comentário: O STF entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional em tela. Questão errada. Questão 43 - FGV/Advogado/2008/Senado Federal Em determinado município houve a cobrança de IPTU sobre área que a Sociedade da Igreja de São Jorge utiliza como cemitério. Essa cobrança é inconstitucional, por ferir o disposto no artigo 150, VI, "b", que protege a liberdade de expressão religiosa. Comentário: O STF entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são alcançados pela imunidade religiosa. Questão correta. Questão 44 - ESAF/ISS-RJ/2010De acordo com o entendimento do STF, a imunidade dos "templos de qualquer culto" tem interpretação ampla e finalística. Comentário: Podemos dizer, com base no que estudamos até agora, que a interpretação dessa imunidade, de acordo com o STF, é ampla (pois abrange não só os templos destinados ao culto em si) e finalística (pois alcança também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas). Questão correta. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 30 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Questão 45 - CESPE/Juiz-TJ-CE/2012 Ao interpretar o dispositivo constitucional que veda a instituição de imposto sobre templos de qualquer culto, o STF entende que a imunidade limita-se aos prédios destinados ao culto. Comentário: Como vimos, o entendimento do STF é o de que a imunidade religiosa alcança também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas. Questão errada. Questão 46 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 Em razão da imunidade constitucional conferida aos templos de qualquer culto, os entes federativos são impedidos de cobrar ou instituir taxas e impostos sobre o patrimônio e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dos templos, mas não sobre as rendas decorrentes das contribuições dos fiéis. Comentário: Em primeiro lugar, a imunidade diz respeito aos impostos, e não às taxas. Em segundo, a imunidade compreende os impostos sobre o patrimônio, serviços e rendas relacionados com as finalidades essenciais dos templos, conforme art. 150, VI, b, c/c art. 150, § 4°, da CF/88. Questão errada. Questão 47 - CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 A CF confere benefício de isenção tributária aos templos religiosos, ou seja, sobre eles é conferida, pela ordem constitucional, exoneração de obrigação de pagar tributos. Comentário: O que a CF/88 confere é imunidade, e não isenção. Outrossim, o benefício é extensível apenas aos impostos, e não de forma generalizada aos tributos. Questão errada. 2.3 Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Observação: o requisito "sem fins lucrativos" mencionado no art. 150, VI, c, da CF/88, diz respeito apenas às entidades educacionais e de assistência social, já que os sindicatos e partidos políticos, por natureza, não têm Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 31 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 finalidade lucrativa. Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos pela imunidade. Os sindicatos dos empregadores ou de setores (ou categorias) econômicos não estão. O que nos chama a atenção - e por tal motivo eu o negritei - é o fato de a norma constitucional exigir a edição de uma lei, para que as instituições de educação e assistência social gozem da referida imunidade. Além disso, seria uma lei ordinária ou complementar? Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF acerca do assunto, conforme vemos a seguir (grifos nossos): "Conforme precedente no STF (RE 93.770, Munoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar." (ADI-MC 1.802/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence) Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o funcionamento das referidas entidades, basta que se edite uma lei ordinária. Contudo, o caso em análise trata-se de uma imunidade, que, como já vimos, é uma das formas de limitação ao poder de tributar. De acordo com o art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei complementar para regular tais limitações ao poder rae tributar. O STF, portanto, veio apenas a confirmar algo que já estava subentendido. Outra pergunta pertinente seria qual lei cumpre com esse papel? Ora, trata-se de uma lei muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os requisitos para que as já mencionadas entidades gozem da imunidade: "Art. 14 - (...) I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 32 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão." Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício da imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°. Perceba que, ao lermos na CF/88 que tais entidades não podem ter fins lucrativos, não quer dizer que elas não podem obter resultado financeiro positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se desenvolva. No entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, gerentes etc. Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa remuneração de seus colaboradores pelos trabalhos desenvolvidos na entidade. Isso é permitido. Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o conhecimento amplo da imunidade estudada, é a restrição de que somente o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata- se, pois, da mesma restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, § 4°, da CF/88. Repare que a imunidade religiosa não se submete restrições do art. 14 do CTN. às Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade religiosa, o STF tem sido bastante flexível na análise da vinculação asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem cobrados em prova. Portanto, atenção total! Súmula STF 724 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 33 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF também entende que se aplica a imunidade quando o imóvel, pertencente às entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros. A única condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das entidades. Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os serviços não relacionados às finalidades essenciais das entidades, desde que a receita deles destine-se ao financiamento de tais finalidades. No caso concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de veículos prestado por hospital em pátiointerno. Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do IPTU imóvel de propriedade de uma entidade beneficente, em cujas instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso, pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a manutenção de suas atividades institucionais. Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que também já foi considerado imune pelo STF "a renda obtida pelo SESC na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de ingressos de cinema ao público em geral". Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Cite- se, como exemplo, o SENAC e o SENAI. Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como escritório e residência de membro da entidade, continuam imunes. Senão, vejamos: Instituições de educação e assistênsia social sem fins lucrativos (...). O fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade prevista no art. 150, VI, alínea c, § 4°, da CF." (STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 08/02/2000) Diferentemente do que acaba de ser visto, analise a seguinte situação: uma instituição imune pelo art. 150, VI, c, possui um terreno baldio, para o qual não foi dada nenhuma finalidade. Estaria tal terreno imune sobre os IPTU? E claro que não, pois não está relacionado à finalidade da entidade. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 34 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 Vejamos: "Terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais da entidade afastam a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal. Precedentes." (STF, RE 375.715-ED/DF, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen gracie, Julgamento em 31/08/2010) No que se refere à imunidade em tela, quando nossa análise recai sobre o ICMS (tributo indireto), há que se relembrar dos conceitos que já vimos sobre contribuinte de direito e de fato. Você se lembra, certo? Caso não tenha certeza, retorne ao tópico da imunidade recíproca e leia novamente. Vamos lá, então: "O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 - EDv/SP, fixou entendimento segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em relação ao ICMS incidente sobre a comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, VI, "c" da Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas improvidos." (STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 23/08/2006) O tema já foi por vezes discutido no âmbito do STF, porém com divergência entre as duas turmas da Corte. Contudo, agora a controvérsia foi resolvida. Este, portanto, é o entendimento que você deve seguir na prova: há imunidade sobre o ICMS decorrente da comercialização de bens produzidos pelas entidades de assistência social. Guarde isso! No que se refere aos bens adquiridos por tais entidades, o que importa, no entender do STF, é se os bens irão integrar o patrimônio dessa entidade: "Não há invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da imunidade, critérios de classificação dos impostos adotados por normas infraconstitucionais, mesmo porque não é adequado distinguir entre bens e patrimônio, dado que este se constitui do conjunto daqueles. O que cumpre perquirir, portanto, é se o bem adquirido, no mercado interno ou externo, integra o patrimônio da entidade abrangida pela imunidade." Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 35 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 (STF, RE 203.755/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em 17/09/1996) De outra forma, vejamos o que o STF decidiu na ementa do julgado abaixo: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. ICMS. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE RECÍPROCA. IMPOSSIBLIDADE. BENEFÍCIO DA IMUNIDADE NÃO ALCANÇA CONTRIBUINTE DE FATO. AGRAVO IMPROVIDO. I - Entidade educacional que não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviço de energia elétrica, não tem benefício da imunidade em questão, uma vez que esta não alcança o contribuinte de fato. (STF, AI 731.786-AgR/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento em 19/10/2010) O aluno mais atento, neste momento, poderia dizer: "peraí, professor! Tem contradição aí. Nos dois últimos julgados a entidade imune era contribuinte de fato. Por que o tratamento diferenciado?" Expliquemos: Embora os dois últimos julgados se refiram a situações em que a entidade imune é contribuinte de fato, há uma diferença entre eles: no AI 535.922, os bens adquiridos passam a integrar o patrimônio da entidade; no AI 731.786 se refere a mero consumo do serviço de energia elétrica. O que você precisa guardar pra prova é o seguinte: se a questão mencionar que o bem foi adquirido e passou a integrar o patrimônio da entidade, haverá imunidade. Por outro lado, se houver apenas menção de que a entidade está na posição do contribuinte de fato, não haverá imunidade. Além de tais casos, devemos guardar que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88, também "abrange o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados, que incidem sobre bens a serem utilizados na prestação de seus serviços específicos" (STF, RE 243.807). Destaque-se também - e isso já foi objeto de questão do CESPE - que tal imunidade estende-se ao Imposto sobre operações financeiras (STF, RE 192.899-AgR). Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 36 de 76 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 02 O ensino de línguas estrangeiras também caracteriza-se como atividade educacional para aplicação da imunidade tributária, consoante o entendimento firmado pelo STF no RMS 24.283. Com o intuito de finalizar este tópico, vamos discorrer agora sobre a possibilidade de as entidades fechadas de previdência social serem abrangidas pela imunidade ora em análise. Eis o posicionamento do STF para este assunto: Súmula STF 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. Nesse contexto, de acordo com a Suprema Corte, somente serão alcançadas pela imunidade conferida às entidades de assistência social as entidades fechadas de previdência social privada quando não houver contribuição dos beneficiários. As entidades fechadas de previdência social privada são aquelas criadas por certas organizações, com o intuito de complementar o valor que será pago de aposentadoria pelo INSS aos seus funcionários. Normalmente, a contribuição ocorre tanto parte do patrocinador (organização) como do beneficiário (empregado). Observe, entretanto, que a CF/88 não abarcou no art. 150, VI, c, as entidades de previdências, mas tão somente as de assistência social. Então, no entender do STF, somente se não houver contribuição dos beneficiários é que a entidade se caracterizará como assistencial, fazendo jus, assim, à imunidade. Outro ponto digno de nota é o que foi disposto no art. 202, § 3°, da CF/88, como vemos a seguir: "Art. 202 - (...) § 3° E vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federai e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado."
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