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Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 AULA 01: Sistema Tributário Nacional: princípios gerais; Limitações ao Poder de Tributar (Parte I) SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 02 Princípios Constitucionais Tributários 06 Lista das Questões Comentadas em Aula 67 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 85 Observações sobre a Aula Olá, amigo(a)! Tudo bem com você? Seja muito bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil!!! Fico muito grato por você está lendo essa aula, pois isso é o sinal de que você depositou a sua confiança em nosso trabalho. Justamente por esse motivo é que estamos trabalhando dias e noites - algumas madrugadas, inclusive - para trazer aulas que venham agregar verdadeiro conhecimento para as temidas provas dos concursos da Receita Federal. Vamos ao que interessa! Na aula de hoje, estudaremos a primeira parte das limitações constitucionais ao poder de tributar. Vamos tratar apenas dos princípios constitucionais, sendo que as imunidades ficarão para a próxima aula (parte II). Ok? Comecemos! Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 1 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 1 - LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR Prezado candidato, vamos manter o foco total a partir de agora, pois esse assunto "despenca" em provas de concurso, e eu tenho certeza de que haverá pelo menos uma questão sobre o tema na sua prova! Por essa razão, vamos nos aprofundar no ponto certo para que você domine o assunto e seja capaz de "detonar" a questão que cair! Tudo bem? Vamos lá! Conforme você já deve ter estudado no Direito Constitucional, para a formação de um Estado são necessários três elementos: território, povo e governo soberano. Perceba que é dessa soberania do governo que surge o poder de tributar do Estado. Na aula passada, nós já havíamos aprendido que o Estado existe para a consecução do bem comum, e é para isso que ele é dotado de poderes que o colocam em condições de superioridade em relação aos contribuintes. Afinal de contas, se não houvesse certa coação, ninguém se sentiria obrigado em contribuir. Assim, os entes federados receberam competência tributária (assunto a ser detalhado em momento oportuno), que é o poder constitucional para instituir tributos - impostos, taxas, contribuições de melhorias, por exemplo. Contudo, precisamos entender que o poder de tributar não é ilimitado, pois se o fosse, a vontade arrecadatória estatal poderia ser desmedida a ponto de prejudicar a vida financeira dos cidadãos. Muito lógico, não?! Nesse rumo, para que tal poder represente a vontade do povo em um Estado democrático de direito, ele deve estar previsto no texto constitucional. Podemos dizer que o poder de tributar é um poder de direito. Portanto, a relação entre contribuinte e Estado deve ser dotada de juridicidade, e não simplesmente uma imposição de poder. Com isso, nossa Constituição Federal impõe limitações ao poder de tributar, por meio de princípios e de imunidades tributárias, em seus artigos 150, 151 e 152. Basicamente, podemos dizer que as limitações ao poder de tributar são constituídas por princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 2 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 As limitações constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios e imunidades. Guarde isso! Há que se ressaltar, no entanto, que nem todas as limitações foram previstas nesse trecho, ou mesmo no texto constitucional, pois o próprio art. 150 menciona que pode haver outras garantias asseguradas aos contribuintes, além daquelas previstas naquele texto. De fato, há limitações previstas em outras partes da CF/88, como a imunidade de pagamento de taxas para obtenção de certidões na hipótese prevista no art. 5°, XXXIV, b. Além disso, o § 2°do mesmo artigo menciona que os direitos e garantias expressos na CF não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. É relevante observar também que cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II, CF/88). Preste atenção, pois isso cai bastante em prova. A lei complementar apenas regula as limitações constitucionais ao poder de tributar, não tendo autonomia para instituir novas limitações. Cumpre-nos destacar também a relação entre as limitações ao poder de tributar e as cláusulas pétreas. Você já ouvir falar sobre isso? O legislador constituinte determinou - art. 60, § 4°, IV, da CF - que os direitos e garantias individuais não podem ser abolidos por emendas constitucionais. A essa proibição d l nominamos cláusula pétrea. Tais normas são previstas como uma espécie de blindagem, para que a Constituição não sofra sucessivas emendas que a desvirtue dos princípios que foram nela consolidados quando houve sua promulgação. Com base no que acabamos de aprender, grande parte das limitações constitucionais ao poder de tributar podem ser consideradas como direitos individuais do contribuinte, sendo, portanto, cláusulas pétreas. Não é possível, portanto, que uma emenda constitucional venha reduzir, criar exceções ou mesmo suprimir uma limitação ao poder de tributar, pois estaria abolindo um direito individual. Note que o contrário não é proibido, ou seja, é permitido que uma emenda constitucional venha acrescentar Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 3 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 novos direitos aos contribuintes, instituindo outras limitações ao poder de tributar. Devemos estar atentos também ao fato de que a forma federativa de Estado também é uma cláusula pétrea (art. 60, §4°, I). Como ainda vamos ver, a imunidade recíproca (imunidade, como vimos, é uma forma de limitação ao poder de tributar) proíbe que os entes federados instituam impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros. Nesse contexto, se uma emenda constitucional permite que a União cobre impostos sobre o patrimônio dos Municípios, por exemplo, estaria violando uma cláusula pétrea também. Portanto, não é somente a limitação ao poder de tributar referente aos direitos dos contribuintes que podem ser caracterizadas como cláusulas pétreas. O exemplo que eu dei em relação à imunidade recíproca ilustra que devemos analisar cada situação para verificar se a emenda está ferindo ou não o art. 60, § 4° e suas hipóteses. Abaixo, vou exemplificar as limitações que já foram consideradas pelo STF como cláusulas pétreas: • Princípio da anterioridade (previsto no art. 150, III, b, da CF/88); • Princípio da anterioridade nonagesimal (previsto no art. 195, § 6°, da CF/88) • Princípio da imunidade tributária recíproca (previsto no art. 150, VI, a, da CF/88); • Imunidade dos templos de qualquer culto (prevista no art, 150, VI, b, da CF/88); • Imunidade do patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos, entidades sindicais e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (prevista no art, 150, VI, c, da CF/88); • Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (prevista no art. 150, VI, d, da CF/88). Agora que já tivemos uma noção razoável do que são as limitações constitucionais ao poder de tributar, podemos começar a falar dos princípios tributários. HORA DE praticar! Questão 01 - ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Emmatéria tributária, de acordo com a Constituição Federal, compete à Lei Complementar instituir as limitações constitucionais ao poder de tributar. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 4 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. No entanto, a instituição de novas limitações é tarefa exclusiva do legislador constituinte. Questão errada. Questão 02 - CESPE/MPE-RR/2008 Consoante jurisprudência firmada pelo STF, o poder que tem o Estado de tributar sofre limitações que são tratadas como cláusulas pétreas. Comentário: De fato, como vimos, muitas das limitações constitucionais ao poder de tributar já foram consideradas pelo STF como cláusulas pétreas. Questão correta. Questão 03 - CESPE/Juiz-Sergipe/2004 O poder de tributar decorre de uma relação de poder e não de uma relação jurídica, de modo que seu exercício não depende de previsão expressa no texto constitucional. Comentário: A relação entre o contribuinte e o fisco é dotada de juridicidade, pois existe uma lei instituiu o tributo. Como a lei é criada pelos representantes do povo, não podemos afirmar que há uma relação de poder, mas sim uma relação jurídica à que se sujeitam os próprios contribuintes. Questão errada. Questão 04 - CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 Lei ordinária pode estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, mas somente lei complementar pode regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Comentário: Realmente, somente lei complementar pode regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. No entanto, o art. 146, III, da CF/88, estabelece que apenas lei complementar pode estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária (estudaremos isso em outra aula). Isso é o que torna a questão errada. Questão 05 - FCC/Proc. Leg.-Câmara-SP/2014 Na seção denominada das "limitações constitucionais ao poder de tributar" o texto constitucional dispõe sobre a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 5 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar. c) capacidade tributária para cobrar tributos. d) imunidades e isenções tributárias. e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos instituídos na Constituição Federal. Comentário: Não será necessário analisar todos as assertivas, já que a questão é bastante direta. De acordo com o que estudamos, as limitações constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios ou regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. Portanto, a resposta é a Alternativa A. 2 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 2.1 - Princípio da Legalidade O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de que uma lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na verdade, de uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis são editadas pelo Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam a vontade do povo. De acordo com o art. 5°, II, da CF/88, "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Como o tributo é uma prestação pecuniária compulsória (é uma obrigação, portanto), deve ser instituído em lei, como decorre do seu próprio conceito, estampado no art. 3° do CTN. Da mesma forma, as multas tributárias, apesar de se distanciarem do conceito de tributo, devem ser instituídas em lei, pois elas são prestações obrigatórias, assim como aqueles. Tal princípio também é denominado por alguns estudiosos de princípio da reserva legal. Portanto, caro candidato, você pode considerar correta a questão que fizer menção tanto à legalidade quanto ao princípio da reserva legal. "A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da reserva legal". (STF, ADI 1.709) Obs.: Os emolumentos cartorários são taxas judiciárias. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 6 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Embora o dispositivo constitucional apenas se refira à instituição e majoração de tributos, devemos considerar que a norma que institui ou majora é a mesma que reduz ou extingue o tributo. Em consonância com o disposto na CF/88 acerca do princípio da legalidade, o CTN ressalta, entre outros aspectos, que a instituição/extinção e a majoração/redução de tributos deve ser feita somente por lei, conforme vemos a seguir: '' Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução Outro ponto a ser estudado é a possibilidade de delegação do Congresso Nacional ao Presidente da República, para editar as chamadas leis delegadas. A princípio, seria estranho dizer que o Presidente da República poderia editar leis, mas como tal permissão foi prevista no texto da CF/88, não há qualquer vício nessa norma. O que você precisa saber sobre o tema é que o Chefe do Executivo ( o Presidente da República) pode criar leis delegadas, inclusive sobre matéria tributária, pois tal assunto não foi proibido no § 1° do art. 68 da CF/88, o qual elenca as restrições de tais normas. Além disso, saiba que este instrumento normativo foi usado poucas vezes, por ser mais fácil editar uma medida provisória. As medidas provisórias (MPs) são atos normativos editados pelo Presidente da República que possuem vida curta, e devem obedecer aos requisitos constitucionais de urgência e relevância (art. 62, caput). Além disso, são imediatamente submetidas ao Congresso Nacional, podendo ser ou não convertidas em lei. De acordo com o STF (RE 217.162/DF), os requisitos de urgência e relevância são políticos. Isto é, em princípio, a sua apreciação fica a cargo do Presidente da República. Contudo, admite-se o controle judicial se houver excesso do poder de legislar. Há muitas discussões a respeito da possibilidade de que as medidas provisórias tratem sobre matéria tributária e se elas seriam capazes de instituir tributos. O que o aluno deve guardar a respeito do assunto é que as MPs podem tratar sim de matéria tributária bem como instituir tributos, inclusive isso consta na Magna Carta (art. 62, § 2°), quando esta dispõe sobre a instituição e Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 7 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 majoração de impostos por meio de MP, e que, além disso, esse tem sido o entendimento do STF: EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei. 3. A Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e modificar tributos e contribuições sociais. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, AI 236.976/MG-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Néri da Silva, Julgamento em 17/08/1999) Destaque-se que a MP não pode tudo na seara tributária, pois a CF (art. 62, 1°, III) proibiu a edição de MPs que versem sobre matéria reservada a lei complementar. Há vários temas, em matéria tributária, cujo tratamento é restrito às leis complementares. Veremos durante este curso todas as situações em que tal requisito se faz necessário. Vai ser muito importante gravar todas as hipóteses, pois nem sempre a questão pergunta diretamente se uma MP poderegulamentar matérias destinadas às LCs. Algumas questões mencionam o assunto, e perguntam se é possível se utilizar de uma MP para regulamentar aquilo. A grosso modo, você já pode fazer uma leitura nos arts. 146; 146-A; 148; 153, VII; 154, I; 195, § § 4° e 11. Há ainda outros temas em Direito Tributário que devem ser tratados por lei complementar. Contudo, são bem específicos de cada tributo, motivo pelo qual deixarei para estudarmos quando estivermos nos aprofundando sobre cada assunto, ok? 2.1.1 - Exceções ao Princípio da Legalidade Vimos até aqui que a regra geral é que a instituição/extinção e a majoração/redução devem obedecer ao princípio da legalidade ou reserva legal, correto? Para a instituição e extinção, devemos considerar que a regra não possui exceção, ou seja, todos tributos são criados e extintos por lei! Contudo, isso não se repete quando o assunto é majoração/redução de tributos. No texto constitucional inicial, foram previstas quatro exceções ao princípio da legalidade, no que se refere à alteração unicamente de alíquotas dentro dos limites legais, quais sejam: • Imposto de Importação (II); • Imposto de Exportação (IE); • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 8 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Segundo o CTN, é possível a alteração das alíquotas e bases de cálculo. Saiba que isso não deve ser encarado como verdadeiro, pois a CF recepcionou apenas a alteração de alíquotas como exceção ao princípio da legalidade. Nesses casos, a alteração das alíquotas não ocorre por lei, mas por atos infralegais (por decreto do Presidente da República, por exemplo). Mas por que esses tributos gozam de tal privilégio? Ora, trata-se de tributos extrafiscais, cuja finalidade principal não é arrecadar, mas sim regular a economia. Nós já estudamos as classificações dos tributos na aula anterior, lembra? Pois bem, para cumprir com os fins que lhes foram propostos é mais do que necessário haver certa flexibilização para que o Governo intervenha na economia com agilidade e eficácia. Além dessas exceções ao princípio da legalidade, duas outras surgiram com a Emenda Constitucional 33/2001, tratando sobre a tributação de combustíveis. A primeira delas se refere à CIDE-Combustíveis, tributo que já foi por nós estudado também na aula anterior. A exceção foi prevista no art. 177, § 4°, I, b, da CF/88, que afirma que a alíquota da referida contribuição poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo. Caro aluno, entenda que restabelecer a alíquota significa elevá-la ao limite máximo fixado inicialmente pela lei. Ou seja, a lei, quando cria o tributo, prevê certa alíquota, como, por exemplo, 30%. Com a redução por ato do Poder Executivo, a alíquota poderia ser reduzida para 10%. Neste caso, para permanecer como exceção ao princípio da legalidade, as alíquotas só poderiam ser restabelecidas ao que foi inicialmente previsto, que é 30%. Caso fosse cobrado algo além desse percentual, estaria caracterizada a majoração de alíquotas, que deverá Scorrer por meio de uma lei. A segunda das exceções que foram criadas pela EC 33/2001 é a referente ao ICMS-Combustíveis, prevista no art. 155, § 4°, IV, da CF/88. Perceba, pela redação do dispositivo em análise, que as alíquotas serão fixadas mediante deliberação dos Estados e do DF, por meio de convênios interestaduais, que, hoje, são realizados no âmbito do Conselho de Política Fazendária (CONFAZ). Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 9 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Não caia em "pegadinhas", afirmando que as alíquotas do ICMS podem ser fixadas por decreto estadual! Não existe essa possibilidade! Neste caso, a fixação das alíquotas sempre estará excetuada da legalidade, mesmo que haja aumento superior ao que foi inicialmente previsto, pois isso é o que se extrai da norma constitucional. Na alínea "c" desse mesmo inciso IV, fala-se sobre o restabelecimento, mas veja que ele se refere a outro princípio, o da anterioridade, que será posteriormente estudado por nós ainda nesta aula. Pela riqueza de detalhes, deixarei abaixo um breve resumo do que estudamos neste último tópico: • Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de cálculos) está excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE- Combustíveis e ICMS-Combustíveis; • As exceções da CIDE-Combustíveis e do ICMS-Combustíveis só entraram na CF com a EC 33/2001, e são justamente elas que guardam peculiaridades; • A CIDE-Combustíveis, embora possa ter sua alíquota alterada por decreto do Poder Executivo, este somente poderá reduzir e RESTABELECER as alíquotas ao máximo que foi inicialmente previsto. • O ICMS-Combustíveis deve ser alterado mediante deliberação dos Estados e do DF, mas pode ter a alíquota livremente fixada, sem se sujeitar ao rito legal. Creio que com esse resumo não tenha ficado difícil para ninguém. Afinal, basta que o aluno guarde as 4 exceções que foram incialmente previstas, as duas que vieram depois, e que cada uma dessas duas últimas possui uma peculiaridade, que as distingue entre si e das outras 4. Por fim, eu gostaria de acrescentar algumas situações em matéria tributária que escapam do rigor da lei, ou seja, são exceções ao princípio da legalidade. Trata-se da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo e da fixação do prazo para recolhimento da exação tributária. A atualização do valor monetário da base de cálculo foi expressamente permitida pelo § 2° do art. 97 do CTN. Ressalte-se que não se deve confundir atualização com aumento, este está sujeito a edição de lei. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 10 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Portanto, os entes federados devem observar o índice oficial de correção monetária para atualizar a base de cálculo dos tributos. A correção que for realizada em valor superior a tal índice revela aumento de tributo e isso só é possível por lei, como vimos. Não poderia, portanto, ser realizada por ato do Poder Executivo (decreto, por exemplo). Nesse sentido, vejamos a seguinte súmula do STJ: Súmula STJ 160 - É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. No que se refere ao prazo para recolhimento dos tributos, o STF (RE 195.218/MG) já se posicionou no sentido de que, se a matéria não foi prevista no art. 97 do CTN (dispositivo que relaciona as situações que se sujeitam ao princípio da legalidade), não há motivo para criar tal restrição. ^^átenção Há exceção ao princípio da legalidade, no que se refere à majoração de alíquotas, não sendo extensível às bases de cálculo (permite-se, neste caso, apenas a atualização monetária). Resumindo, além das exceções relativas à alteração de alíquotas dos tributos citados, temos as seguintes matérias que não necessitam obedecer ao princípio da legalidade: Atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo; Alteração do prazo para recolhimento dos tributos. HORA DE praticar! Questão 06 - FGV/Juiz-TJ-MS /2008 A vedação que impede a União, os Estados, o DF e os Municípios de exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça consagra o princípio da legalidade tributária. Comentário: A questão conceituou o princípio da legalidade, estando, portanto, correta. Questão 07 - CESPE/AGU/2004 Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 11 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula01 As alíquotas dos impostos de importação e exportação podem ser alteradas por decreto, de acordo com os limites previstos em lei, o que constitui atenuação ao princípio da legalidade. Comentário: Conforme preceitua o art. 153, § 1°, da CF/88, as alíquotas do II, IE, IPI e IOF podem ser alteradas por decreto, que é um ato infralegal. Questão correta. Questão 08 - CESPE/JUIZ FEDERAL-23 REGIÃO/2013 O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção monetária. Comentário: Trata-se de interpretação a contrario sensu da Súmula 160 do STJ. Questão correta. Questão 09 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei, em sentido formal, configura o veículo apto para instituir tributo, razão pela qual é vedada a instituição de tributo por intermédio de medida provisória. Comentário: Apenas lei, em sentido formal, ou instrumento normativo de igual força pode instituir tributo. O entendimento do STF é no sentido da possibilidade de as MPs instituírem ou modificarem tributos, ressalvados os que estiverem sujeitos à reserva de lei complementar. Questão errada. Questão 10 - CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 E vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que estabeleça essa exigência ou esse aumento, não se aplicando essa vedação aos empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. Comentário: Assertiva bastante forçada, não é mesmo? Instituição ou majoração de empréstimo compulsório sujeita-se à edição de lei complementar. Questão errada. Questão 11 - FCC/AFR-SP/2013 E uma das limitações constitucionais do poder de tributar a legalidade tributária estrita, incluída na Constituição Federal de 1988 pela Emenda Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 12 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: O princípio da legalidade existiu em quase todas as constituições brasileiras, tendo sido previsto na CF/88 desde a sua promulgação. Portanto, a questão encontra-se errada. Questão 12 - INÉDITA/2014 O princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF/88, dispõe que a instituição ou majoração de tributos deve ser feita por meio de lei. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os tributos podem ser também instituídos ou majorados por medida provisória. Comentário: O STF entende que a medida provisória tem força de lei, podendo instituir ou modificar tributos. Questão correta. Questão 13 - INÉDITA/2014 O princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF/88, dispõe que a instituição ou majoração de tributos deve ser feita por meio de lei. No entanto, admite-se, em alguns casos, a instituição de tributos extrafiscais por meio de decreto do Poder Executivo. Comentário: Não há exceções quanto à instituição de tributos, devendo ser respeitado o princípio da legalidade. Questão errada. Questão 14 - INÉDITA/2014 As alíquotas do ICMS podem ser fixadas pelo Poder Executivo estadual, por meio de decreto. Comentário: Não confunda! Embora seja exceção à legalidade, a alteração das alíquotas do ICMS somente se faz possível por meio de convênios interestaduais, celebrados no âmbito do CONFAZ. Questão errada. 2.2 - Princípio da Isonomia O estudo desse princípio exige o conhecimento de diversos entendimentos jurisprudenciais. Veremos todos os principais que já caíram e que possam vir a cair em provas de concurso. Por isso, vamos fazer da seguinte forma: estudaremos inicialmente os conceitos básicos do princípio, para, logo em seguida, partir para a análise dos posicionamentos dos tribunais. Ok? Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 13 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Precisamos saber, basicamente, que isonomia significa o mesmo que igualdade. Você deve estar pensando que igualdade seria tributar TODOS contribuintes igualmente, certo? Entretanto, esse pensamento não está correto. Vejamos o que a nossa CF fala acerca do princípio da isonomia: "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federai e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;" Antes de analisarmos a norma, quero ressaltar que o princípio da isonomia possui como destinatários tanto o legislador (Poder Legislativo) aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário). No primeiro caso, dizemos que se trata da igualdade na lei; no segundo, igualdade perante a lei. Vale dizer, o princípio deve ser obedecido não só no momento da elaboração das leis, mas também na sua aplicação. Observe que, segundo o texto constitucional, é vedado a todos os entes federativos conferir tratamento desigual entre pessoas que se encontram em situação equivalente. Note que isso não significa tratar a todos igualmente, pois, da mesma forma que é vedado desigualar pessoas que se encontram em situações iguais, também é proibido tratar igualmente os contribuintes que são financeiramente desiguais. Com efeito, se "A" aufere maiores rendimentos do que B, nada mais justo do que "A" tenha que arcar com o pagamento de valores maiores, a título de tributo. Por outro lado, se duas pessoas podem ser consideradas iguais, sob a ótica tributária, nada mais injusto do que tributá-las de maneira diferente. Como já vimos na aula anterior, já foi julgado no STF (HC 77.530/RS), a adoção ao princípio do pecunia non olet. De acordo com o tribunal, para que não haja ofensa ao princípio da isonomia, os rendimentos auferidos com atividades ilícitas devem ser tributados. Isso ocorre porque seria injusto tributar quem aufere rendimentos decorrentes de atividades lícitas, e não fazer o mesmo com aqueles que ganham a vida ilicitamente, concordam? Outro aspecto curioso é o parâmetro utilizado para igualar ou desigualar os contribuintes. Trata-se da capacidade contributiva das pessoas, princípio que guarda íntima relação com a isonomia e que, por tal motivo, o estudaremos dentro do tópico a seguir. 2.2.1 - O princípio da capacidade contributiva Primeiramente, devemos ressaltar que o princípio da capacidade contributiva não se limita a um parâmetro de isonomia tributária. Na verdade, Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 14 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 ele existe para a busca da justiça na tributação, que pode ser considerada, a grosso modo, sinônimo de equidade. Nesse contexto, surgem duas acepções para a equidade na tributação, quais sejam: • Equidade Vertical: contribuintes que possuem capacidade contributiva diferente devem contribuir de forma desigual. • Equidade Horizontal: contribuintes que possuem igual capacidade contributiva devem ser tributados de maneira igual. Tal princípio foi previsto na CF/88 no art. 145 § 1°, como vemos a seguir: "Art. 145: (...): § 1° - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte." Embora o dispositivo em análise só faça menção aos impostos, o entendimentoque o STF (RE 406.955-AgR) tem é o de que esse princípio (capacidade contributiva) também pode ser extensível a outras espécies tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de cada uma delas. Partindo desse pressuposto, a capacidade contributiva é aferida de várias formas, adequando-se aos diversos impostos, bem como aos demais tributos aos quais se aplica o subprincípio. A aplicação da capacidade contributiva aos tributos ocorre de maneira distinta. Por exemplo, a progressividade ocorre quando se tributa proporcionalmente mais aqueles que possuem maior capacidade contributiva. Isso ocorre, por exemplo, com o Imposto de Renda, em que as pessoas que auferem maiores rendas contribuem com alíquotas maiores. Para facilitar o seu entendimento, note a diferença entre a proporcionalidade e a progressividade. Alíquotas progressivas ocorrem quando o percentual a ser aplicado sobre a renda aumenta, à medida que a renda Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 15 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 aumenta. Já a proporcionalidade está presente quando a mesma alíquota é aplicada sobre qualquer renda. Com base no que acabamos de ver, se a progressividade está ligada à capacidade contributiva, de acordo com o STF, "não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva". A expressão "sempre que possível" mencionada no dispositivo constitucional refere-se ao fato de que em alguns casos não é possível graduar impostos segundo a capacidade contributiva, como é a regra nos impostos reais (que incidem sobre coisas). Analisaremos todos esses casos mais detidamente na próxima aula! Por hora, eu preciso que você grave que os impostos reais (que incidem sobre coisas), via de regra, não podem ser progressivos. Quando chegar a hora, veremos os detalhes sobre o assunto. Deve-se considerar também que, para o STF (AI 583.636-MS), a adequação do tributo de acordo com a capacidade contributiva não é obtida apenas como a alteração de alíquotas, mas também pode ser concretizada, por meio do escalonamento das bases de cálculo. Como assim? A base de cálculo do IPTU, por exemplo, é o valor venal do imóvel. Contudo, para se chegar ao valor venal, vários critérios são utilizados pelos municípios. Um dos critérios poderia ser o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e luxo). Ou seja, à medida que o padrão da construção aumenta, haverá consequente escalonamento da base de cálculo. Como o tributo é calculado multiplicando-se a base de cálculo pela alíquota, de acordo com a Suprema Corte, trata-se de "índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem, além de mpe conferir mais matizes para definição da capacidade contributiva". A capacidade contributiva pode ser mensurada não só pela aplicação de diferentes alíquotas, mas também pelo escalonamento da base de cálculo. Voltando nossa análise do art. 145, o dispositivo confere alguns poderes à administração tributária, para que ela seja capaz de aplicar o princípio da capacidade contributiva com efetividade. Dessa forma, é facultado a ela identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 16 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Perceba que tal poder não é ilimitado, já que devem ser respeitados os direitos individuais dos contribuintes, e nos termos da lei. 2.2.2 - Princípio da Isonomia e a Jurisprudência Agora que já estudamos o princípio da isonomia, vamos trabalhar os entendimentos que os tribunais vêm adotando acerca desse princípio: • Fere o princípio da isonomia a discriminação com base na função ou ocupação exercida (STF, AI 157.871-AgR) No caso concreto, o contribuinte estava requerendo isenção de IPTU, em decorrência de ser funcionário público. Note que o próprio art. 150, II, da CF/88, proíbe qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função exercida. Nesse rumo, o STF também já considerou inconstitucional lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos (ADI 3.260). • Não fere o princípio da isonomia o tratamento desigual a microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002, Plenário, DJ de 14-3-2003.) O legislador constituinte, no art. 146, III, d, previu a possibilidade de se conferir tratamento diferenciado às ME e EPP, para possibilitar que elas consigam concorrer com as grandes empresas. Essa é uma hipótese que nos faz crer que o princípio da isonomia deve ser interpretado em conjunto com as demais normas constitucionais. Neste caso, houve favorecimento a tais empresas, para favorecer o desenvolvimento delas. Contudo, as sociedades civis de prestação de serviços profissionais, cujos sócios possuem preparo científico, por exemplo, não necessitam da assistência do Estado para disputar o mercado. Portanto, não há motivos para conferir tais benefícios a estas sociedades. Destaque-se que a lei pode discriminar os ramos de atividade econômica, desde que a distinção seja racional. • Não fere o princípio da isonomia quando a lei estimula a contratação de empregados com determinadas características (por Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 17 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 exemplo, idade mais elevada), por meio de incentivos fiscais (ADI 1.276, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8-2002) No caso concreto, a Assembleia Legislativa de SP, por motivos extrafiscais, criou incentivo fiscal para estimular a contratação de empregados com mais de quarenta anos de idade. De acordo com a Suprema Corte, tais normas não ferem o princípio da isonomia. • Não fere o princípio da isonomia a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no que se refere à contribuição previdenciária sobre a folha de salários. (AC 1.109-MC, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 31-5-2007, Plenário, DJ de 9-10 2007.) Realmente, não há que se falar em conflito com o princípio da isonomia neste caso, já que o art. 195, § 9°, da Constituição prevê que as contribuições sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. • Não afronta o princípio da isonomia norma que proíbe a adoção do regime de admissão temporária para as operações de importação amparadas por arrendamento mercantil. (RE 429.306/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 16/3/11) De acordo com a Lei 6.099/74, "a entrada no território nacional dos bens objeto de arrendamento mercantil, contratado com entidades arrendadoras domiciliadas no exterior, não se confunde com o regime de admissão temporária". Consoante a Suprema Corte, "o arrendamento mercantil foi adotado no Brasil para que os interessados possam usufruir de suas virtudes intrínsecas, mas não para que obtenham tratamento fiscal mais benéfico, se comparado ao previsto em relação às operações de compra e venda financiada". • Não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica (STF, RE 312.511, rel. min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de 28.06.2002) A proibição de importação de veículosusados consta na Portaria n° 8/91 do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), e não pode ser considerada como discriminação, tendo em vista que está de acordo com os interesses fazendários. Afinal de contas, o art. 237 da CF/88 delega a competência de controle do comércio exterior ao Ministério da Fazenda. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 18 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 HORA DE praticar! Questão 15 - ESAF/ATRFB/2009 Em razão do princípio constitucional da isonomia, não deve ser diferenciado, por meio de isenções ou incidência tributária menos gravosa, o tratamento de situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçam um tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica. Comentário: Deve haver, sempre que possível, a diferenciação da carga tributária imposta aos contribuintes, em função da capacidade contributiva de cada um. Conforme estudamos, embora a CF/88 tenha se restringido aos impostos, para o STF, tal princípio é aplicável às demais espécies tributárias. Questão errada. Questão 16 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 Dados os princípios da personalização e da capacidade contributiva, os impostos devem, sempre que possível, ter caráter pessoal e ser graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, sendo facultado à administração, respeitados os direitos individuais e os termos da lei, identificar os rendimentos do contribuinte, seu patrimônio e suas atividades econômicas. Comentário: A questão realizou cópia do art. 145, § 1°, da CF/88. Questão correta. Se a questão apenas mencionar os impostos, está correta, pois seguiu a CF. Por outro lado, se houver menção à jurisprudência do STF, o princípio se aplica a outras espécies tributárias. Questão 17 - ESAF/MDIC/2012 A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por arrendamento mercantil. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 19 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: O arrendamento mercantil não se confunde com o regime de admissão temporária, nos termos da Lei 6.099/74. O STF, ao analisar o dispositivo legal, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda financiadas. Questão errada. Questão 18 - ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da isonomia tributária. Comentário: O STF, ao analisar o dispositivo da Lei 6.099/74, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda financiadas. Questão correta. Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 Segundo o STF, é constitucional lei estadual que estabelece alíquotas diferenciadas do imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) em razão do tipo do veículo, por entender que não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva. Comentário: Como vimos, via de regra, os impostos reais não podem ser progressivos. No caso concreto, a lei estadual estava estabelecendo alíquotas diferenciadas em função do tipo de veículo, o que não parece ser um critério que leva em consideração a capacidade contributiva, correto? Nesse sentido, o STF decidiu que não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva. Questão correta. Questão 20 - ESAF/MDIC/2012 Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Comentário: Conforme a jurisprudência do STF, Não fere o princípio da isonomia o tratamento desigual a microempresas (ME) e empresas de pequeno Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 20 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 porte (EPP) cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Questão correta. Questão 21 - ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Comentário: Repare como as bancas gostam de cobrar essa jurisprudência. Esta assertiva está idêntica à anterior. Questão correta. Questão 22 - ESAF/MDIC/2012 Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. Comentário: O STF já decidiu que não há violação do princípio da isonomia se a lei institui incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. Questão errada. Questão 23 - ESAF/MDIC/2012 Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia. Comentário: O STF já permitiu a o tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte, dependendo de condições a elas peculiares. Ademais disso, o art. 195, § 9°, da Constituição prevê que as contribuições sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada. Questão 24 - ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, fere o princípio da isonomia tributária. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 21 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: De acordo com os comentários acima, a própria CF prevê, em seu art. 195, § 9°, a possibilidade de diferenciar as alíquotas ou bases decálculo das contribuições sociais a cargo do empregador, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada. Questão 25 - ESAF/ATRFB/2009 A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, estabelece a isonomia, vale dizer, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre a isonomia, é correto afirmar que diante da regra mencionada, o tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte, por exemplo, deve ser considerado inconstitucional. Comentário: O tratamento tributário diferenciado dado às microempresas eempresas de pequeno porte não pode ser considerado ofensível ao princípio da isonomia, haja vista sua previsão constitucional (art. 146, III, d, da CF/88). Questão errada. Questão 26 - ESAF/ISS-RJ/2010 O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte, pode- se concluir, exceto, que: a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse público. b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido, por lei complementar, inclusive com regimes especiais ou simplificados. c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional. d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia. e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao princípio da isonomia. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 22 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: Alternativa A: Pode haver tratamento desigual em função de diferentes capacidades contributivas, como também podemos ter distinções por razões extrafiscais, como, por exemplo, a aplicação de IPTU progressivo no tempo, em caso de não aproveitamento de solo urbano, nos termos do art. 182, § 4°, da CF/88. Item correto. Alternativa B: De fato, há essa permissão no art. 146, III, d, da CF/88. Item correto. Alternativa C: Tal distinção está prevista no art. 195, § 9°, da CF/88, não havendo, por conseguinte, ofensa ao princípio da isonomia. Item correto. Alternativa D: O intuito do princípio da isonomia é tratar diferentemente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Portanto, se um segmento econômico foi prejudicado por crise internacional, é mais do que razoável e isonômico que haja tratamento tributário diferenciado. Item errado. Alternativa E: O STF entende que não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica. Item correto. Gabarito: Letra D Questão 27 - ESAF/MDIC/2012 O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Sobre ele, assinale a opção incorreta. a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas. b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade. c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo existencial. d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade. e) É compatível com a progressividade de alíquotas. Comentário: Alternativa A: Não há qualquer restrição quanto a isso. Logo, o princípio da capacidade contributiva aplica-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas. Item errado. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 23 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Alternativa B: O fato de tributar mais quem aufere mais renda está intimamente ligado ao princípio da solidariedade, pois aqueles que menos contribuem (por possuírem menor capacidade contributiva) são os que mais usufruem dos serviços prestados pelo poder público. Item correto. Alternativa C: O princípio da capacidade contributiva tem como um de seus objetivos assegurar que o Estado não subtrairá a riqueza mínima do contribuinte, utilizada para a sua manutenção. Item correto. Alternativa D: Podemos dizer que constitui subprincípio da igualdade, pois, como dito na aula, confere tratamento desigual conforme as diferentes capacidades contributivas. Item correto. Alternativa E: A progressividade é um instrumento para conferir maior justeza na tributação das distintas capacidades contributivas, pois se tributa proporcionalmente mais quem aufere maiores rendimentos. Item correto. Gabarito: Letra A Questão 28 - ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia. Comentário: De fato, esse tem sido o entendimento do STF, que foi estudado em aula. Questão correta. Questão 29 - ESAF/ISS-RJ/2010 O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da capacidade contributiva. Comentário: Conforme explicamos durante a aula, não só a modulação da alíquota é capaz de adequar o tributo de acordo com a capacidade contributiva de cada contribuinte, mas também o escalonamento da base de cálculo. A Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 24 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 questão foi elaborada com base na jurisprudência do STF, copiando parte da ementa do AI 583.636-AgR. Questão correta. 2.3 - Princípio do não confisco Dando continuidade ao estudo dos princípios constitucionais tributários, veremos agora o Princípio do Não Confisco, previsto no art. 150, IV, da CF/88 (acompanhe na sua Constituição Federal). Na realidade, embora majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório, que é diferente do confisco em si. Veja que confiscar bens significa aplicar pena de perdimento nos bens dos contribuintes. Tendo em vista que a perda de bens é considerada uma punição pela própria Magna Carta (art. 5°, XLVI, "b"), o tributo não poderia ser confiscatório, pois o art. 3° do CTN assevera que o tributo não constitui sanção por ato ilícito. Então, o que seria a tributação com efeito confiscatório? Ora, seria uma sobrecarga de tributos de tal forma que se assemelhe a uma punição, pois o Estado estaria absorvendo boa parte da riqueza gerada pelos contribuintes. Destaque-se que, para Luciano Amaro, o princípio da vedação ao confisco atua em conjunto com o princípio da capacidade contributiva, pois ambos visam preservar a capacidade econômica do contribuinte. Agora que já sabemos o que é efeito de confisco, resta saber quando se configura a verdadeira tributação com efeito confiscatório. A principal informação que temos que gravar aqui é que se trata de um conceito indeterminado. Diante disso, muitas vezes o Judiciário utiliza os princípios da razoabilidade ou proporcionalidade |dara conseguir enquadrara situação no verdadeiro efeito confiscatório. De qualquer modo, para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do efeito confiscatório deve ser obtida, analisando a totalidade de tributos a que um contribuinte está submetido, dentro de determinado período, em relação à mesma pessoa política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se determinado imposto federal está sendo utilizado com efeito de confisco, há que se verificar todo o ônus tributário com que certo contribuinte arca em relação à União. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 25 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Princípio do não confisco: Totalidade da carga tributária / Mesma pessoa política (União, por exemplo). No que se refere às taxas, para o STF (ADI-MC-QO 2.551/MG), a análise a ser feita é entre a relação do custo do serviço prestado ao contribuinte e o que foi efetivamente cobrado dele. Nesses casos, o princípio objetiva evitar a onerosidade excessiva da atividade prestada pelo Estado. Cumpre-nos ressaltar que, embora não se trate de tributo, as multas tributárias também estão sujeitas ao princípio do não confisco. Esse é o entendimento adotado pelo STF (ADI 551/RJ): EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.° E 3.° DO ART. 57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal. Ação julgada procedente. (STF, ADI 551/RJ, Plenário, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 24/10/2002) Com efeito, se um determinado contribuinte sonega tributo em certo montante, e o ente federado institui uma multa de, por exemplo, cinco vezes o valor que foi sonegado, resta claro que se trata de efeito confiscatório. O princípio da vedação ao efeito de confisco também é aplicável às multas tributárias (tanto moratórias como punitivas). No entanto, as multas não se confundem com tributos (aprendemos isso na aula anterior). Por último, fique atento ao fato de que a aplicação do princípio do não confisco deve ser atenuada, quando se trata de tributos extrafiscais. Tais tributos são utilizados como forma de controle, e por isso mesmo a doutrina e a jurisprudência aceitam que se estipule alíquotas elevadas nesses tributos. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 26 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Nesse contexto, as alíquotas do IPI em relação aos cigarros, por exemplo, chegam a 300%, não sendo caracterizado confisco, haja vista que o interesse do Estado é o de que as pessoas evitem fumar. Portanto, a sobrecarga tem intuito extrafiscal, qual seja o de inibir certo comportamento das pessoas. HORA DE praticar! Questão 30 - ESAF/AFRFB/2014 Sobre o entendimento do STF acerca da vedação da utilização, por parte da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dos tributos com efeitos de confisco, pode-se afirmar que por veicular um conceito jurídico indeterminado, e não havendo diretriz objetiva e genérica, aplicável a todas as circunstâncias, é permitido aos Tribunais que procedam à avaliação dos excessos eventualmente praticados pelo Estado, com apoio no prudente critério do Juiz. Comentário: Por não se tratar de um conceito jurídico indeterminado, cabe ao Juiz determinar quando há ou não incidência tributária confiscatória. Questão correta. Questão 31 - FGV/SEAD-AP/2010 A vedação à instituição de tributos com efeito de confisco não atinge as multas moratórias ou punitivas, que podem ser fixadas em qualquer patamar conforme admitido pela jurisprudência. Comentário: Vimos que o princípio que a tributação com efeito confiscatório é aplicável tanto aos tributos quanto às multas, sejam elas moratórias ou punitivas. Portanto, a questão está enl rada. Questão 32 - ESAF/AFRFB/2009 Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente. Comentário: Como vimos, para o STF, deve-se avaliar a totalidade da carga tributária a que o contribuinte esteja sujeito em relação à mesma pessoa política. Na presente questão, como se afirma que o conceito é incorreto - e realmente é -, a questão está correta. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 27 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Questão 33 - CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 Conforme o caso concreto, é facultado à União, aos estados, ao DF e aos municípios, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, utilizar tributo com efeito de confisco. Comentário: De modo algum, pois é exatamente o contrário, ou seja, é vedado a todos os entes federados utilizar o tributo com efeito de confisco. Questão errada. Questão 34 - ESAF/AFRFB/2009 O princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação dos tributos. Comentário: Se não houvesse um princípio que vedasse a invasão desmedida ao patrimônio do contribuinte, por meio de tributos, a progressividade das alíquotas não teria nenhuma restrição. Questão correta. Questão 35 - ESAF/AFRFB/2009 Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por exemplo, não significa necessariamente confisco. Comentário: Quando se trata de tributos extrafiscais (que é o caso do IPI), há a atenuação do princípio do não confisco, pois a finalidade principal do Estado é a intervenção na economia, e não a arrecadação. Conforme exemplificado, os cigarros são tributados em 300% de IPI. Questão correta. Questão 36 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013 Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte. Comentário: A questão traz a definição perfeita do efeito confiscatório causado pelo excesso de tributação por parte do Fisco. Questão correta. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 28 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Questão 37 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 A vedação do efeito confiscatório aplica-se tanto aos tributos propriamente ditos quanto às multas pelo descumprimento da legislação tributária. Comentário: Para o STF, realmente o princípio do não confisco aplica-se também às multas pelo descumprimento da legislação tributária. Questão correta. Questão 38 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 Segundo o STF, o denominado princípio da vedação ao confisco tem aplicação apenas em relação ao tributo e não à sanção, motivo pelo qual não estende a sua aplicação às multas moratórias. Comentário: Na realidade, o STF entende que o princípio do não confisco aplica-se também às multas, inclusive às moratórias. Questão errada. 2.4 - Princípio da não surpresa Como já sabemos, um Estado Democrático de Direito pressupõe a existência de princípios que protejam os particulares do excesso de poder do Estado. Nessa concepção, surge o princípio da segurança jurídica, relacionado à estabilidadedas relações jurídicas, que protege o contribuinte contra alterações repentinas que possam trazer prejuízos inesperados ao seu patrimônio. Relativamente à matéria tributária, a segurança jurídica é concretizada por meio do princípio da não surpresa. Mas o que viria a ser tal princípio? Como o Direito Tributário rege as normas atinentes à instituição, arrecadação e fiscalização tributária, ou seja, envolve a subtração do patrimônio particular em benefício do Estado, é natural que a Constituição estabeleça princípios que evitem - ou reduzam - a alteração brusca das normas que venham a prejudicar os contribuintes. Portanto, o princípio da não surpresa é representado, na CF/88, pelos princípios da anterioridade, noventena e até mesmo o da irretroatividade. Preferimos deixar para estudar este por último. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 29 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Estudaremos, a partir de agora, esses três princípios. Contudo, apesar de a ordem em que inserimos acima ser a adotada pela CF/88, para fins didáticos, iniciaremos nosso estudo pelo princípio da anterioridade. 2.4.1 - Princípio da Anterioridade De acordo com o que foi previsto no art. 150, III, b, da CF/88, é vedado a qualquer dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) cobrar tributos "no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou". O princípio da anterioridade também pode vir na prova com os seguintes títulos: anterioridade anual, anterioridade de exercício ou anterioridade comum. Isso significa que, como regra, se uma lei institui um tributo, o ente federado que a editou só poderá cobrá-lo no ano seguinte ao que foi publicada a lei instituidora. Perceba que a essência do dispositivo é justamente proteger o contribuinte contra surpresas decorrentes de alterações legislativas que possam vir a prejudicá-lo. Nesse sentido, alterações que venham trazer vantagens para os contribuintes não estão protegidas por esta norma. Com isso, a redução e extinção de um tributo obviamente não necessitarão aguardar tais prazos, produzindo efeitos imediatamente. Destaque-se que, de acordo com o STF (RE-AgR 274.949/SC), a alteração de prazo para recolhimento de tributo não prejudica o contribuinte, mesmo que se trate de antecipação do prazo, não se sujeitando, tal medida, ao princípio da anterioridade. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 30 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Vejamos também uma súmula do STF que corrobora o seu entendimento: Súmula STF 669 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Ademais, de acordo com a Corte Suprema (RE-AgR 200.844/PR), a atualização do valor monetário do tributo também não constitui majoração de tributo, não sendo necessário que se submeta ao princípio da anterioridade. Lembre-se de que tanto a alteração do prazo para recolhimento como a atualização monetária também são exceções ao princípio da legalidade. No mesmo sentido, o STF (ADI 4.016/PR) já se posicionou, asseverando que a redução ou extinção de desconto legalmente concedido àqueles que pagam o determinado tributo antecipadamente não constitui majoração, não estando, portanto, sujeita ao princípio da anterioridade. Seguindo a mesma linha, o STF (RE 204.062) considera que a revogação de isenção anteriormente concedida não se equipara à majoração de tributo, não se sujeitando ao princípio da anterioridade. Portanto, esta revogação produz efeitos imediatamente. Contudo, não é essa a interpretação que pode ser extraída do Código Tributário Nacional, a saber: "Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: III - que extinguem ou reduzem isenções..." De acordo com o CTN, a revogação ou redução de isenção deve obedecer ao princípio da anterioridade, mas esta lei só faz essa restrição em relação aos impostos sobre o patrimônio ou renda. Observem que, para o STF, a revogação da isenção de qualquer tributo NÃO estaria sujeita ao referido princípio. Mas e agora, qual linha devemos seguir para acertar as questões de concurso? Se a questão fizer menção ao STF, siga o posicionamento do Tribunal; se a questão mencionar o CTN, vá pelo que nele está escrito. A melhor maneira de identificar se a questão está seguindo o CTN, é procurar as palavras-chave "vigor" e "impostos sobre o patrimônio ou a renda". Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 31 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 O princípio da anterioridade não se confunde com o da anualidade (não existente na CF/88). Este exigia prévia autorização orçamentária para que fosse feita sua cobrança. Esquematizando: Vamos ver agora os tributos que constituem exceções ao princípio da anterioridade. 2.4.1.1 - Tributos que constituem exceções ao princípio da anterioridade Os tributos que constituem exceções ao princípio ora estudado são os seguintes: Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 32 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Com esse esquema, não vai ficar difícil decorar, já que eu associei o tributo a algo que o faça lembrar das exceções. Vamos entender melhor esse esquema, correto? Perceba que todos os tributos considerados extrafiscais (Imposto de Importação e Exportação, Imposto sobre Produtos Industrializados e Imposto sobre Operações Financeiras) foram excepcionados para conceder plena eficácia aos fins que lhes foram propostos. Além disso, os impostos extraordinários de guerra e os empréstimos compulsórios (guerra e calamidade) foram excluídos da aplicação do princípio, por conta da situação urgente a que se referem. Os empréstimos compulsórios instituídos com base na hipótese de investimento público de caráter urgente não foram excepcionados da anterioridade. Então, a princípio, os investimentos não são tão urgentes assim! No que se refere às contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social, vale ressaltar que, desde a promulgação da CF/88, elas estiveram sujeitas apenas ao princípio da noventena (será visto a seguir), constituindo, portanto, exceção ao princípio da anterioridade. Há ainda os casos específicos do ICMS-Combustíveis (também denominado ICMS-monofásico-Combustíveis) e da CIDE-Combustíveis, que são exceção à anterioridade apenas em caso de redução (dedução óbvia do próprio princípio) e do restabelecimento. Se houver majoração das alíquotas, portanto, haverá a consequente sujeição ao princípio estudado. HORA DE praticar! Questão 39 - FGV/ AFRE-RJ /2011 A cobrança de qualquer tributo só poderá ser realizada um ano após a sua criação, em decorrência da previsão constitucional do princípio da anterioridade. Comentário: Embora a regra geral seja a aplicação do princípio da anterioridade, a questão conceitua erroneamente o referido princípio. A exigência constitucional é que não se cobre o tributo no mesmo exercício financeiro da publicação da lei que instituiu ou majorou. Não existe previsão para se aguardar um ano corrido. Questão errada. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 33 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Questão 40 - CESPE/Procurador-PGE-PB/2008 Nos casos de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, a União pode instituir empréstimo compulsório no mesmo exercíciofinanceiro em que a lei seja publicada. Comentário: Não caia nessa pegadinha de investimento de caráter urgente e relevante interesse nacional. O empréstimo compulsório, em se tratando de investimento público, fica sujeito tanto anterioridade quanto à noventena, pois não foi excepcionado de nenhum dos dois princípios tributários. Questão errada. Questão 41- CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 A União pode criar empréstimos compulsórios visando investimentos públicos de caráter urgente e de relevante interesse nacional, mas está impedida de cobrar tais tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu. Comentário: Conforme acabamos de estudar, somente os empréstimos compulsórios decorrentes de guerra externa ou sua iminência e calamidade pública constituem exceções ao princípio da anterioridade (e noventena também). Questão correta. Questão 42 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 Uma norma legal que apenas altere o prazo de recolhimento das contribuições sociais destinadas à previdência social não se sujeitará ao princípio da anterioridade. Comentário: A mera alteração de prazo de recolhimento de contribuições sociais não se sujeita ao princípio da anterioridade. Aqui vale uma observação: mesmo que fosse feita a majoração, as contribuições sociais para previdência social não ficariam sujeitas à anterioridade, pois tais tributos são excepcionados da aplicação desse princípio. Questão correta. Questão 43 - FCC/AFR-SP/2013 É uma das limitações constitucionais do poder de tributar o princípio da anualidade, vigente na atual ordem constitucional, que impõe a necessidade, para a cobrança de determinado tributo, de sua previsão na lei orçamentária aprovada na legislatura no ano calendário anterior, salvo as exceções constitucionalmente previstas. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 34 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: No ordenamento jurídico em vigor, não há que se falar em princípio da anualidade em matéria tributária. Questão errada. Questão 44 - CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 O princípio da anualidade confunde-se com o princípio da anterioridade tributária, ambos com o mesmo fundamento jurídico. Comentário: Os referidos princípios não se confundem, pois o princípio da anualidade consiste na prévia autorização orçamentária para que seja feita a cobrança dos tributos. Como já foi destacado anteriromente, esse princípio não encontra previsão na CF/88. Questão errada. Questão 45 - ESAF/AFRF/2002 As contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas podem ser instituídas por lei ordinária e só podem ser cobradas a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao da sua publicação. Comentário: É necessário alertar o candidato em relação ao que foi cobrado nessa questão. As CIDEs, como regra, estão sujeitas à anterioridade, sendo excepcionadas apenas a CIDE-Combustíveis. No que se refere às contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, não há exceção. Questão correta. Questão 46 - ESAF/ATRFB/2012 Atende ao princípio da anterioridade a majoração de um imposto no dia 2 de dezembro de um ano, para ser cobrado no exercício seguinte? Comentário: Ainda que a majoração ocorresse em 31 de dezembro, seria possível a cobrança no exercício seguinte. Para definir o dia exato, seria necessário analisar a situação com base também no princípio da noventena, que será estudado a seguir. Questão correta. Questão 47 - CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 De acordo com o princípio da anterioridade anual, previsto constitucionalmente, é vedado à União, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 35 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Comentário: Essa é a restrição trazida pelo princípio da anterioridade anual. Na realidade, não é somente a União que encontra-se sujeita ao mencionado princípio, mas todos os entes federados. Como não houve nenhum termo restritivo (apenas, somente etc.) na redação da assertiva, podemos considerá- la correta. Questão 48 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013 A edição pela União de norma modificadora alterando o prazo para o recolhimento de determinada obrigação tributária deve respeitar o princípio da anterioridade. Comentário: A alteração de prazo para o recolhimento de determinada obrigação tributária não necessita obedecer ao princípio da anterioridade (nem mesmo o da legalidade), segundo orientação do STF. Questão errada. Questão 49 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013 O imposto sobre operações financeiras submete-se ao princípio da anterioridade anual. Comentário: O IOF é uma das exceções ao princípio da anterioridade anual. Questão errada. Questão 50 - CESPE/JUIZ FEDERAL-23 REGIÃO/2011 Pelo princípio da anterioridade tributária, nenhum tributo, seja da União, dos estados, do DF ou dos municípios, pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro em que tenha sido aprovada a lei que o instituiu. Comentário: Embora a aplicação do princípio da anterioridade tributária seja a regra geral, há diversas exceções por nós estudadas no decorrer da aula. Portanto, a questão está errada. Questão 51 - CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 Apesar de não constar do elenco de direitos fundamentais previstos expressamente no art. 5.° da CF, o princípio da anterioridade tributária constitui garantia individual fundamental, conforme reconhece a jurisprudência do STF. Comentário: O princípio da anterioridade já foi reconhecido pelo STF como cláusula pétrea por configurar garantia individual do contribuinte. Sendo assim, a questão está correta. Prof. Fábio Dutra www. estrategiaconcursos. com. br Página 36 de 85 Direito Tributário para AFRFB/2015 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 01 Questão 52 - FCC/Juiz-TJ-PE/2011 A regra da anterioridade, que veda cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, NÃO se aplica a) aos impostos de importação e exportação. b) ao IR. c) ao ITR. d) às contribuições sociais. e) aos impostos estaduais. Comentário: A única exceção ao princípio da anterioridade é a Letra A, que se refere ao II e IE. O candidato até poderia ficar em dúvida com relação à Letra D, contudo, devemos lembrar que nem todas as contribuições sociais são as destinadas à seguridade social (apenas estas constituem exceções ao princípio). Na dúvida, retorne à aula anterior para relembrar o que lá estudamos. A alternativa correta é Letra A. 2.4.2 - Princípio da Noventena O princípio da noventena (também denominado anterioridade nonagesimal) prega que a cobrança de tributos deve ocorrer apenas 90 dias após a publicação de uma lei que institua ou majore tributos. Observação: Não caia em "pegadinhas" de prova, dizendo que o prazo é de 3 MESES. São 90 dias! O princípio da noventena também pode vir na prova com os seguintes títulos: anterioridade nonagesimal, privilegiada, qualificada ou até mesmo mitigada. Conforme explicamos no tópico anterior, as contribuições para o financiamento da seguridade social estão sujeitas apenas ao princípio da noventena. Aliás, elas são a única hipótese prevista no texto constitucional, na data da sua promulgação, em 1988. Contudo, ficou provado que o princípio da anterioridade, na verdade, não protegia de forma efetiva os contribuintes, tendo em vista que se uma lei que torne um tributo mais oneroso seja publicada no dia 31 de dezembro de determinado ano, no dia seguinte tal lei já estaria surtindo
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