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PERGUNTAS E RESPOSTAS TGP

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Faculdade Serra do Carmo
TGP- 1° Atividade Pontuada
Curso de Direito
Aluno(a): Adriano Berger Ferreira 03/09/2014
Questões:
1- Conceitue Jurisdição e explique o trinômio “poder-dever- função/atividade.
R: Jurisdição é o poder e o dever do Estado de solucionar conflitos da sociedade. Da jurisdição decorre o estudo da competência, dos poderes do juiz no processo, da exigência de fundamentação das decisões e do duplo grau de jurisdição. A jurisdição é uma continuidade da legislação, onde uma das finalidades é a de assegurar a prevalência do direito positivo, sendo esse seu dever. Segundo Grinover, enquanto manifestação do poder estatal, jurisdição pode ser conceituada como a capacidade de decidir imperativamente e impor decisões. Assim, a jurisdição tem o poder de promover eficácia aos processos, atingindo sua finalidade/função de promover a pacificação social.
2- Qual o significado da função pacificadora da Jurisdição?
R: Destacando-se das outras funções estatais, a Jurisdição tem o papel de pacificar um litígio, exercendo seu poder de impor decisões para a solução de uma lide que não tenha alcançado êxito em uma conciliação entre as partes.
3- Qual o significado de inércia, lide e definitividade, como característica da jurisdição?
R: A inércia é uma característica da jurisdição, que deve ser motivada a aplicar o direito positivado a partir da existência de uma lide, que é o conflito não solucionado entre as partes. Logo, a jurisdição é um instituto disponível pelo Estado que só sai de sua inércia após ser provocado ou procurado para agir, onde tem o poder de exercer imperativamente e com definitividade decisões. A definitividade significa que o poder judiciário, através de cada jurisdição, determina a sentença irrevogável na pacificação do litígio.
4- Diferencie a atividade jurisdicional das atividades legislativa e administrativa do Estado.
R: A atividade administrativa do Estado tem por objetivo regular as relações sociais e particulares com o regimento do poder público, estabelecendo-se o modo como a construção, publicação e aplicação da lei seja promovido de forma transparente, eficaz e segura para controle do Estado e usufruto dos cidadãos. Já as atividades legislativas visam construir o compêndio de leis, normas e regulamentos que estabeleçam os limites, direitos e deveres que regem as relações particulares e do Estado constituído. A atividade jurisdicional por fim aparece como instrumento analítico, julgador e executor da legislação uma vez que seja impelido a fazê-lo através da abertura de um processo visando pacificar o litígio e promover a justiça.
5- Cite os princípios inerentes a Jurisdição. Explique-os.
R: Segundo Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barros em seu livro Teoria geral do processo e processo de conhecimento, os princípios da jurisdição dividem-se em:
a) Inevitabilidade – Por ser forma de exercício do poder estatal, a jurisdição não pode ser evitada pelas partes, as quais se sujeitam ao cumprimento coercitivo das decisões.
b) Indeclinabilidade – Decorrência da garantia constitucional de que nenhuma lesão deixará de ser apreciada pelo Poder Judiciário.
c) Investidura (ou juiz natural)– Somente os agentes políticos investidos do poder estatal é que podem aplicar o direito ao caso concreto. Dois são os modos de investidura: concurso de provas e títulos; nomeação direta, por ato do chefe do Poder Executivo, de pessoas com conduta ilibada e notável saber jurídico.
d) Indelegabilidade – O agente investido exerce a jurisdição com exclusividade, não estando ela sujeita à delegação.
e) Inércia – A jurisdição sempre depende da provocação da parte.
f) Aderência – O exercício da jurisdição deve estar sempre vinculado a uma prévia delimitação territorial.
g) Unicidade – O poder é uno e indivisível, sendo que as divisões administrativas entre seus diversos órgãos, guarda vínculo apenas com a funcionalidade da justiça.
6- Diferencie Jurisdição Contenciosa da Jurisdição voluntária.
R: O Código do Processo Civil divide a jurisdição civil em Contenciosa e Voluntária. A Jurisdição Contenciosa é a atividade inerente ao Poder Judiciário, com o Estado-juiz atuando substitutivamente às partes na solução dos conflitos, mediante o proferimento de sentença de mérito que aplique o direito ao caso concreto. 
Na Jurisdição Voluntária o juiz não atua a jurisdição propriamente dita, mas sim a simples atribuição administrativa conferida em lei, a qual pode ser inclusive objeto de alteração em legislação infraconstitucional, sem que haja ferimento aos princípios constitucionais da exclusividade dos órgãos da jurisdição. Portanto, na jurisdição voluntária não existem partes litigantes, mas simples interessados na produção dos efeitos do negócio jurídico formal; não existe também sentença de mérito, com aplicação do direito ao caso concreto, mas mera homologação formal do acordo de vontades, após constatada pelo juiz a presença dos requisitos legais e formais atinentes à espécie.
7- O que se entende por unicidade da Jurisdição?
R: Compreende-se que o poder jurisdicional, apesar de suas divisões de cunho administrativo e funcional entre os tribunais de justiça, possuem uma única força para a aplicação da lei na esfera municipal, estadual e federal.
8- O que é o princípio do juiz natural?
R: O princípio do juiz natural envolve diversos conceitos, como imparcialidade, competência e investidura. O juiz natural é aquele investido regularmente na jurisdição (investidura) e com competência constitucional para julgamento do conflito de interesses a ele submetido.
9- Diferencie princípios informativos de processo dos princípios gerais fundamentais do processo.
R: Considerando que cada sistema processual se firma em princípios que ora se estendem a todos os ordenamentos, e ora em outros que lhe são próprios e específicos, é na análise dos princípios gerais que encontramos os princípios que se aplicam tanto no direito processual civil quanto no penal, pois são ambivalentes, como o Princípio da imparcialidade do juiz, Princípio da isonomia e os Princípios do contraditório e da ampla defesa. Segundo Ada Pellegrini Grinover, a doutrina distingue os princípios gerais do direito processual daquelas normas ideais que representam uma aspiração de melhoria do aparelhamento processual. São diretrizes nitidamente inspiradas por características políticas, trazendo em si carga ideológica significativa, e, por isto, válidas para os sistemas ideologicamente afeiçoados aos princípios fundamentais que lhes correspondam.
Assim, os princípios informativos são normas principiológicas de denso caráter geral e abstrato, cuja aplicação é incidente sobre qualquer regra processual, de cunho constitucional ou infraconstitucional, independentemente de tempo ou lugar. Quatro regras foram apontadas sob o nome de princípios informativos do processo: o princípio lógico; o princípio jurídico; o princípio político; e o princípio econômico. Segundo o Prof. Arruda Alvim, os princípios informativos são regras predominantemente técnicas e, pois, desligados de maior conotação ideológica, sendo, por esta razão, quase que universais. 
10- Quais os órgãos do Poder Judiciário criados pela Constituição de 1988?
R: o Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 92, sendo composto pelos seguintes órgãos: o Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça (EC nº 45/04), o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais, os Tribunais e Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
11- Por que a vedação do exercício de determinadas atividades por parte dos magistrados inclui-se nas garantias correspondentes à independência política do Poder Judiciário e seus órgãos?
R: Estão presentes no texto constitucional, no artigo 95, parágrafo único, algunsimpedimentos que têm o objetivo de salvaguardar a independência e a imparcialidade do magistrado no exercício de suas funções.
12- Por que pode-se afirmar que a Justiça Estadual é residual?
R: A Justiça Comum Estadual é competente para apreciar matérias que não sejam parte da competência das outras justiças, como as especializadas e a federal, que tem suas competências delimitadas pela CRFB e portanto, é chamada residual. Na ocorrência de um julgamento envolvendo acidente de trabalho, por exemplo, não havendo no domicílio do requerente a Justiça Federal, é delegada à Justiça Estadual o julgamento do processo. Esse fato ilustra a denominação de residual à Justiça Estadual.
13- Disserte sobre a competência jurisdicional, compreendendo competência absoluta e relativa, e suas consequências.
R: Competência é o critério de distribuição de atribuições entre os vários órgãos do Poder Judiciário visando identificar o papel que cada jurisdição deve desempenhar. 
A competência absoluta é aquela convencionada pelo Poder Judiciário para atender aos interesses públicos, em razão da matéria, hierarquia, função ou pessoa, não podendo ser modificada. 
A Competência absoluta é estabelecida em razão da matéria ou da pessoa ou do critério funcional, não podendo ser derrogada por convenção entre as partes (CPC, artigo 111); A incompetência absoluta pode ser reconhecida pelo juiz e/ou alegada pela parte, a qualquer tempo e grau de jurisdição, independente de exceção (CPC, artigo 113). 
Já a competência relativa é aquela disponível para ser buscada pelo indivíduo segundo o seu domicílio ou valor da causa. Assim, considerando-se a hierarquia e função de cada jurisdição, pode um juiz denominar-se incompetente quando tiver acesso ao processo, e identificar uma incompatibilidade jurisdicional para aquela causa, direcionando-a à jurisdição compatível para julgá-la. Na ocorrência de um juiz dar prosseguimento a determinado julgamento sem estar revestido da competência a ele delegada, suas decisões serão consideradas nulas, sendo os autos direcionados ao juizado competente.
Já a competência relativa, é estabelecida em razão do valor da causa ou do critério territorial, podendo ser modificada de acordo entre as partes ou por conexão ou continência (CPC, artigos, 102 e 111). 
A incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, salvo nulidade da cláusula de eleição de foro em contrato de adesão, devendo ser argüida pela parte, por meio de exceção, no prazo legal, sob pena de prorrogação (CPC, artigos, 112, 114 e 128).
14- Disserte sobre o direito de ação e suas condições básicas.
R: O direito de ação (direito à tutela jurisdicional do Estado) é um ato de natureza pública exercido contra o juiz, com o intuito de tirar o poder judiciário de sua inércia a fim de pacificar um litígio. É legitimado pelo Princípio da ação e disponibilidade. O direito de ação está condicionado ao preenchimento de requisitos pré-estabelecidos, e pode ser desqualificado se o juiz assim o considerar. Dentre os requisitos, cabe ao juiz analisar a pretensão processual do autor, ou seja, se ela justifica o proferimento de uma sentença de mérito; e também à análise da pretensão material reivindicada, ou seja, se é procedente a argumentação imposta contra o réu. Ou seja, o direito de ação é construído a partir da existência de alguma utilidade e necessidade do bem requerido através do processo. A perempção é uma forma de perda do direito de ação, e ocorre caso o autor já tenha desistido da mesma causa por três vezes, perdendo ele o direito de buscá-lo mais uma vez. 
A ação é instituto fundamental ao exercício da tutela jurisdicional individual ou coletiva, indispensável à concretização das garantias dos indivíduos, que devem ser viabilizadas por lei. É por meio dela que se consegue provocar a jurisdição, a qual se exerce através de um complexo de atos denominado processo. São três seus elementos: partes (qualidade), causa de pedir (fato jurídico que fundamenta a demanda, art. 282, III, CPC) e pedido (que deve ser certo e determinado – art. 286 CPC-, salvo exceção.

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