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Resumo de Direito das Sucessões

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RESUMO DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
1. DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
Conceito: Sucessão, do latim succedere, significa “vir no lugar de 
alguém”. A palavra “sucessão” tem um duplo sentido na linguagem 
jurídica. Em sentido próprio (ou restrito) ela designa a transmissão de 
bens de uma pessoa em decorrência de sua morte. Como transmissão, a 
sucessão estabelece uma ligação entre duas pessoas: 
a) O autor (ou defunto) – Usualmente denominado de cujus. 
b) O sucessor – Termo genérico que abrange as espécies, herdeiro e 
legatário 
Em sentido amplo, a sucessão designa o ato pelo qual uma pessoa toma 
o lugar, substituindo o antigo titular nos direitos que lhe competiam e 
também nos encargos. 
Herança é o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em 
razão da morte, a uma pessoa ou a um conjunto de pessoas, que 
sobreviveram ao falecido. 
Espólio é o acerco hereditário no âmbito judicial. Não tem personalidade 
jurídica, mas tem capacidade jurídica para demandar e ser demandado. 
A sucessão pode operar-se: 
1. A título gratuito (doação). 
2. A título oneroso (compra e venda). 
3. Por ato inter vivos (cessão). 
4. Por ato mortis causa (herança ou legado). 
 
Definição 
 
O Direito das Sucessões é o conjunto de normas jurídicas que 
disciplinam a transmissão do patrimônio (ativo e passivo) de uma pessoa 
que morreu aos seus sucessores. 
 
Conteúdo do Direito das Sucessões 
O Código Civil trata a matéria das sucessões em quatro títulos, a saber: 
a) Da sucessão em geral (arts. 1.784 a 1.828). 
b) Da sucessão legítima (arts. 1.829 a 1.856). 
c) Da sucessão testamentária (arts. 1.857 a 1.990). 
d) Do inventário e da partilha (arts. 1.991 a 2.027). 
 
Intestato – é um termo latino significando “que morreu sem ter feito 
testamento”. A fórmula ab (tradução: que vem de ) intestat ( derivada do 
latim – ab intestato) qualifica pois a sucessão que abriu sem testamento. 
 
Principais Alterações inseridas no Código Civil de 2002. 
 
CASAMENTO 
 A sucessão não ocorre só entre os parentes. Também o cônjuge 
integra a ordem de vocação hereditária. Ocupa o terceiro lugar, depois 
dos descendentes e ascendentes. 
Agora o cônjuge sobrevivente é herdeiro necessário. Não pode ser 
excluído, pois faz jus a legítima (metade da herança garantida por lei aos 
herdeiros necessários). Ele preserva a qualidade de herdeiro 
independentemente do regime de bens do casamento e da vontade do 
de cujus. 
Meação => metade dos aquestos (bens adquiridos durante a 
convivência comum do casal). 
Se o autor da herança era casado, antes de se pensar na divisão 
do seu patrimônio, é necessário excluir a meação do cônjuge conforme o 
regime de bens. Depois cabe identificar se o de cujus tinha herdeiros 
necessários, pois a metade da herança é reservada a eles a título de 
legítima. 
Regimes de casamento: 
- comunhão universal => todos os bens pertencem a ambos, 
inclusive os particulares existentes antes do casamento e os recebidos 
por doação ou por herança por qualquer dos cônjuges. 
- comunhão parcial => os bens adquiridos por qualquer dos 
cônjuges enquanto solteiros, são bens particulares, continuam 
pertencendo a seu titular. Também os recebidos por herança ou doação 
na vigência do casamento não se comunicam. Somente se comunica o 
que for adquirido onerosamente durante o período da vivência do casal. 
- participação final nos aquestos => não se comunicam os bens 
particulares. O acervo adquirido durante o casamento por cada um dos 
cônjuges constitui patrimônio próprio, mas na hora da partilha é 
necessário compensar valores. 
- separação de bens => não há meação. Os bens de cada 
cônjuge, quer pretéritos, quer futuros, lhes pertencem com exclusividade. 
- separação obrigatória de bens => C.C. Artigo 1641. Vem 
perdendo prestígio em virtude da Súmula 377 do S.T.F: “no regime da 
separação legal de bens comunicam-se os adquiridos na constância do 
casamento”. 
UNIÃO ESTÁVEL => foi equiparada ao casamento pela 
Constituição Federal. A lei determina que se aplique a união estável o 
regime da comunhão parcial de bens. (C.C. Artigo 1725). 
União homoafetiva => entre pessoas do mesmo sexo. Por vezes 
são identificadas como sociedades de fato. Obs: Os ministros do 
Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram, em maio de 2011, a 
união estável para casais do mesmo sexo por unanimidade. 
 
 
DA SUCESSÃO EM GERAL 
 
Abertura da sucessão => ocorre com a morte. 
Prova da morte => com o registro de óbito. 
Morte presumida => Código Civil Artigo 6º e 7º. 
 
Transmissão da posse 
A sucessão causa mortis se abre com a morte do autor e a titularidade 
de seus direitos deve se transmitir imediatamente aos seus sucessores a 
título universal, já que é inconcebível de direito subjetivo sem titular. 
A posse e a propriedade transmitem-se desde o momento da morte do 
de cujus aos herdeiros legítimos e testamentários, sem necessidade de 
qualquer manifestação dos mesmos (CC, art. 1784). 
 
 
Princípio da saisine 
A idéia de que a posse dos bens se transmite, imediatamente, aos 
herdeiros, desde a abertura da sucessão configura o princípio da saisine, 
do direito francês (o morto transmite ao sucessor o domínio e a posse da 
herança – “Le mort saisit Le vif”). 
Atualmente, ela é considerada, simplesmente, como a “tomada de posse 
da herança”. 
Ou, em fórmula mais precisa, poder-se-ia definir a saisine como “a 
habilitação legal, reconhecida a certos sucessores, de exercer os direitos 
e ações de defunto sem necessidade de preencher qualquer formalidade 
prévia”. 
Hoje se encontra consolidado no art. 1.207 do CC: “Art. 1.207. O 
sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao 
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os 
efeitos legais”. 
 
Consequências do princípio da saisine 
a) A capacidade para suceder é a do tempo da abertura da sucessão (art. 
1.787). 
b) O herdeiro imite-se na posse, independente de qualquer pedido judicial. 
c) O herdeiro pode socorrer-se dos interditos possessórios na proteção de 
sua posse. 
d) O herdeiro pode prosseguir, sem solução de continuidade, com as ações 
possessórias intentadas pelo de cujus. 
e) Falecido antes de haver se pronunciado sobre a herança, esta se 
transmite desde logo, a seus herdeiros. 
 
Tipos de Sucessão: 
Legítima 
Testamentária 
À título singular 
À título universal 
 
Sucessão legítima e testamentária: 
O art. 1.786 prevê duas formas de sucessão no direito brasileiro: 
a) Legítima – Resultante da lei. Ocorre sempre que o autor da herança 
morre sem deixar disposição de última vontade. A sucessão legítima 
prevalece em todos os casos e sobre todos os bens, quando não há 
testamento. Nesse sentido é que se diz que ela é residual. 
b) Testamentária – Resultante da vontade do testador. Deriva do 
testamento, isto é, da manifestação de vontade do testador que, além, da 
legítima, abre espaço à vontade soberana do testador, quanto à cota 
disponível. A liberdade de testar foi limitada pela legítima. 
 
Sucessão à título universal e singular 
A sucessão hereditária pode ser universal ou singular. É universal quando 
se transfere a totalidade do acervo hereditário, ou uma cota parte dele. É 
singular quando se transfere determinada porção de bens. 
A sucessão legítima é sempre a título universal, já que os herdeiros herdam 
a totalidade dos bens do de cujus, ou, uma fração ideal do seu patrimônio. 
Ex.Três filhas do de cujus, na sucessão, herdam 1/3 da legítima (fração 
ideal). As três filhas herdam a título universal. 
A sucessão testamentária quase sempre é a título singular, já que o 
testador transfere aos beneficiários objetos certos e determinados. Mas 
pode também ser a título universal, se o testador instituir herdeiro, que lhe 
sucede no todo ou na cota ideal de seus bens. 
 
Razão prática da distinção: 
Na sucessão à título universal, a transmissão do patrimônio opera-se como 
um todo orgânico, compreendendo ativo e passivo. O sucessor universal 
substituiu integralmente o de cujus, sub-rogando-se em seus direitos e 
obrigações. 
Na sucessão à título singular, a transmissão de bens limita-se à coisa certa 
e determinada não implicando em qualquer responsabilidade pelas dívidas 
do falecido (salvo se o de cujus tiver onerado o legado). 
Por isso: 
- quem sucede a título universal é herdeiro; 
- quem sucede a título singular é legatário. 
 
Liberdade de testar 
Havendo herdeiros necessários o testador só pode dispor de metade da 
herança (CC, art. 1789). Consagra o princípio da liberdade de testar 
limitada, quando o testador tem herdeiro na linha descendente ou 
ascendente ou cônjuge sobrevivente , os quais, por não poderem ser 
afastados da herança, denominam-se herdeiros legítimos necessários. 
Herdeiros necessários são os declarados no artigo 1845, CC e que não 
perdem a qualidade de herdeiros, senão por efeitos de indignidade ou 
deserdação, fundada em causa legal. 
Havendo herdeiros na linha reta divide-se a totalidade dos bens do de cujus 
em duas partes iguais: a legítima e a cota disponível. 
 
Foro competente para abertura da sucessão 
A sucessão abre-se no último lugar do domicílio do falecido. É no lugar do 
domicílio do de cujus que se abrirá a sucessão, sendo ai o foro competente 
para que se promovam o inventário e a partilha dos bens (CC, art.1785). 
Outras hipóteses: 
- Ausência de domicílio certo: será competente o foro da situação do imóvel 
(artigo 96, parágrafo único, I, CPC); 
- Pluralidade de domicílios: se o de cujus possuía bens em diversos 
lugares, será competente o lugar onde ocorreu o óbito (artigo 96, parágrafo 
único, II, CPC); 
-Falecimento no estrangeiro: será competente para processar o inventário e 
a partilha , o foro de seu último domicílio no Brasil (artigo 96,caput CPC). 
Escolha do inventariante 
Inventariante é o representante legal do espólio. Nomeado pelo juiz, 
representa o espólio judicial e extrajudicialmente, ativa e passivamente, 
prestando compromisso formal no processo e assumindo total 
responsabilidade pela guarda e conservação dos bens, obrigando-se, 
ainda, a impulsionar o processo, acompanhando-o com zelo e dedicação 
até julgamento final da partilha. 
A nomeação obedece às preferências ditadas pela lei (CPC, art.990). Assim: 
 
1º - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse 
convivendo com o outro ao tempo da morte deste; 
2º - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não 
houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou estes não puderem ser 
nomeados; 
3º - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do 
espólio; 
4º - o testamenteiro, se Ihe foi confiada a administração do espólio ou toda 
a herança estiver distribuída em legados; 
5º- o inventariante judicial (pessoa de confiança do juiz), se houver; 
6º - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial. 
 
Indivisibilidade da Herança 
A herança, como já se viu, é uma universalidade de direito e, até a partilha, 
todos os herdeiros encontram-se frente ao espólio como verdadeiros 
condôminos, possuidores e proprietários de uma cota ideal, abstrata, que 
só materializará (ou concretizará) no momento da partilha (CC, art. 1791). 
Assim, até a partilha, nenhum co-herdeiro poderá alienar ou hipotecar uma 
parte da herança comum, podendo apenas fazer cessão de sua parte ideal 
(CC, art.1791, parágrafo único). 
Direito real de habitação => O código civil garante ao cônjuge 
sobrevivente o direito real de habitação independentemente do regime de 
bens do casamento, desde que o bem seja o único imóvel com esta 
destinação (CC, art.1831). O direito real de habitação leva ao 
desdobramento da propriedade, assegurando ao sobrevivente a posse 
direta do bem, na qualidade de usufrutuário, enquanto a nua-propriedade 
pertencem aos herdeiros. Vindo a falecer o beneficiário, o direito de 
habitação se extingue. 
 
Pacto sucessório => antes da morte do titular, a herança não pode ser 
objeto de sucessão inter vivo, ou seja, objeto estipulado em contrato (Artigo 
426 C.C). 
 
PARENTESCO e CLASSIFICAÇÃO DOS HERDEIROS 
 
Ordem de vocação hereditária 
 
A ordem de vocação hereditária prioriza os parentes em linha reta. Os 
descendentes afastam os ascendentes, mas estes antecedem o cônjuge. 
 
O companheiro também desfruta da condição de herdeiro, mas está em 
último lugar, depois dos parentes colaterais. 
 
A atual Constituição Federal vedou qualquer discriminação relativa a 
filiação, em seu artigo 227, parágrafo 6º, regra essa de significativa 
importância para o Direito Sucessório. 
 
Os parentes em linha reta são conhecidos como herdeiros necessários. 
Mas a lei divide em classes e estabelece uma ordem de preferência. 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, 
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou 
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver 
deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
São parentes na linha colateral as pessoas provenientes de um só 
tronco, sem descenderem uma da outra. Ex. irmãos e primos. 
Ainda que desfrutem da condição de herdeiros, os colaterais não são 
herdeiros necessários, são facultativos. Herdam quando o de cujus não 
deixou herdeiros antecedentes e não destinou todos seus bens por 
testamento. 
Os parentes de grau da classe dos descendentes mais próximos 
excluem os mais remotos (CC, art.1833). 
Irmãos germanos ou bilaterais => filhos do mesmo pai e da mesma mãe. 
Critérios Sucessórios: 
- os herdeiros da linha descendente preferem aos demais; 
- o parente mais próximo exclui o mais remoto; 
- os herdeiros da mesma classe e do mesmo grau recebem quinhões 
iguais; 
- na sucessão entre descendentes existe direito de representação; 
- na sucessão de ascendentes não existe direito de representação. 
 
A HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO 
Noções introdutórias 
Até a partilha todos os herdeiros são condôminos face ao espólio. Por 
isso, o parágrafo único do artigo 1791, dispõe que “até a partilha, a 
propriedade e a posse da herança são regidas pelas normas 
relacionadas ao condomínio”. 
O artigo 1792 ainda precisa que o herdeiro nunca responde ultra vires 
hereditatis, ou seja, ele não responde pelos encargos superiores às 
forças da herança. 
A cessão de direitos hereditários 
O legislador brasileiro admitiu a cessão do direito de sucessão, bem 
como do quinhão de que disponha o co-herdeiro por escritura pública 
(CC, art. 1793). 
É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre 
qualquer bem da herança considerado singularmente. Ou seja, o co-
herdeiro só pode ceder parte indivisa, ou fração ideal, jamais podendo 
alienar um bem singular do acervo, já que a situação condominial o 
impede de dispor do bem sem o assentimento dos demais(CC, art.1793, 
§2º). 
 
Direito de preferência: o legislador reafirma a indivisibilidade da 
herança até a partilha. Se a herança é unitária e indivisa e vários 
herdeiros são condôminos do patrimônio do de cujus, não pode um co-
herdeiro ceder sua parte a terceiros estranhos à herança, sem dar 
preferência aos demais herdeiros (CC, art. 1794). 
O direito de preferência dos co-herdeiros tem de ser exercidos, 
depositado o preço no prazo de 180 dias, após a transmissão. Trata-se 
de uma preferência legal e real (CC, art.1795). 
 
Instauração do inventário 
O Novo Código Civil estabelece o prazo para instauração do inventário, 30 
dias da data da abertura da sucessão, mas silenciou o respectivo término. 
Todavia, o art. 983 do CPC., com redação dada pela Lei 11.441/2007, 
prevê o prazo de 60 dias para a abertura do inventário, que deve ser 
ultimado dentro dos 12 meses subseqüentes. 
No entanto, como a Súmula 542 do STF, prevê a possibilidade da aplicação 
de multa pelo Estado caso se tenha atraso no inicio ou na ultimação do 
inventário, o mesmo artigo do CPC, em sua parte final estabeleceu que os 
prazos de inicio e ultimação do inventário podem ser prorrogados pelo juiz 
ou a requerimento da parte. 
O juiz competente para o inventário é a autoridade judiciário brasileira, com 
exclusão de qualquer outra, em relação aos bens situados no Brasil, ainda 
que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido no exterior. 
Administração provisória da herança (CC, art.1797) 
1º. Cônjuge ou companheiro (independe do regime de bens); 
2º. Herdeiro (na posse e administração dos bens) 
3ª. Testamenteiro 
4ª. Pessoa de confiança do juiz 
 
Capacidade para suceder 
Pela nova sistemática são capazes de herdar as pessoas nascidas ou já 
concebidas (nascituro) no momento da abertura da sucessão (CC, art. 
1798). Isto é, pelo novo artigo, ambas são categorias – nascidos e 
nascituros – podem ser chamado à sucessão, ficando à eficácia da vocação 
dependente do seu nascimento. 
Mas a nova lei previu a possibilidade de sucessão aos não concebidos 
(prole eventual) (CC, art. 1798, I). 
Além dos filhos, podem ainda ser chamados à sucessão às pessoas 
jurídicas em geram e as pessoas jurídicas sob forma de fundação (CC, art. 
1798, II e III). 
Assim: 
- nascido => herda desde o momento da abertura da sucessão 
- nascituro => herda a partir do momento do nascimento 
- não concebido => Denominação dada à antiga categoria de prole 
eventual. A curatela caberá “à pessoa cujo filho o testador esperava ter 
por herdeiro e, sucessivamente, às pessoas indicadas no Artigo 1775. 
Para evitar a indefinição vitalícia gerada pela herança dos não 
concebidos, o legislador estabeleceu o prazo de 02 anos, da data da 
abertura da sucessão, a partir do qual, os bens reservados retornam aos 
herdeiros legítimos (CC, art. 1800, §1º,§ 4º). 
Questão: E os filhos decorrentes de procriações artificiais? 
Resposta: Duas correntes. A primeira concepcionista entendendo que a 
personalidade começa com a concepção e não com o nascimento com vida 
e a segunda entendendo que a personalidade começa com o nascimento 
com vida. 
- fundações => As fundações podem ser constituídas quer por ato entre 
vivos, quer por testamento, valendo como aceitação dos bens, em ambos 
os casos, o respectivo reconhecimento. 
- pessoas jurídicas => qualquer dos testados poderá chamar uma pessoa 
jurídica (tanto pessoas coletivas de direitos público quanto de direito 
privado – associações, fundações, sociedade, etc.) instituindo-se nos 
termos gerais, herdeiras face à totalidade, a cota parte ou o remanescente 
de seus bens ou nomeando-a legatária de bens certos e determinados. 
Incapacidade Sucessória => seres inanimados e irracionais, coisas, 
animais, almas, santos. 
 
 Incapacidade Testamentária Passiva 
No Artigo 1801 o legislador refere-se à incapacidade testamentária passiva 
de herdeiros ou legatários, que não podem adquirir por testamento, por 
serem considerados suspeitos. 
São eles: 
-o que escreveu a rogo (a pedido) o testamento, nem o seu cônjuge, nem o 
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
- as testemunhas do testamento; 
- o concubino do testador casado (“salvo se este, sem culpa sua, estiver 
separado de fato do cônjuge há mais de 05 anos); 
- tabelião (e não o oficial, como constava no C.C. de 1916), civil ou militar, 
ou comandante ou escrivão perante o qual se fizer o testamento. 
A proibição do concubino confirma a postura clássica da civilística 
brasileira, contrária à atuação do concubino nas relações de família. Isto é, 
o legislador está se referindo às uniões inquinadas de ilegitimidade (nas 
quais há ocorrência de impedimento matrimonial), mas não, certamente, 
aos companheiros que, pela nova sistemática constitucional não ficam 
atingidos pela proibição. 
Finalmente, o legislador abre exceção a favor do descendente do 
concubino que é filho do testador. É que o filho sendo de ambos – do 
testador e de sua concubina – a intenção de favorecer à genitora cede 
espaço ao beneficiamento da prole comum (CC, art. 1803). 
 
DA ACEITAÇÃO E DA RENÚNCIA DA HERANÇA 
Aquisição da herança 
A aceitação da herança ocorre no momento em que a mesma é devolvida 
(ou seja entregue) ao herdeiro. Ela retroage ao dia da abertura da sucessão. 
O direito nacional adotou a doutrina da “saisine”. Aberta a sucessão, a 
propriedade e a posse transmitem-se desde logo, aos herdeiros (CC, art. 
1784). 
Se o Código Civil admite a renúncia da herança está reafirmando a noção 
da transmissão imediata. 
Ao contrário da aceitação da herança que pode ser expressa ou tácita, a 
renúncia deve ser expressa e os documentos hábeis para exprimi-la são a 
escritura pública ou o termo lavrado nos autos do inventário(termo judicial) 
(CC, art.1806). 
Questão: É preciso outorga uxória para renunciar ou aceitar uma herança? 
Resposta: Duas correntes uma entendendo que a outorga é dispensável e 
outra entendendo que é indispensável em virtude da herança ser um bem 
imóvel (majoritária). 
 
Espécies de aceitação 
A aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida. 
Aceitação expressa => é manifestada por escrito. Atualmente este modelo 
de aceitar a herança não é freqüente. 
Aceitação tácita => é aquele que resulta de atos compatíveis com o caráter 
de herdeiros. 
Aceitação presumida => é a prevista no artigo 1807 do CC. Qualquer 
interessado (credor, eventual herdeiro, etc) pode requerer a notificação do 
herdeiro silente. Se em 30 (trinta) dias não se pronunciar o herdeiro, 
presumir-se-á aceitação da herança. 
 
Aceitação parcial, condicional ou a termo 
Não pode haver aceitação parcial da herança, ou a aceita ou a renuncia 
integralmente (CC, art.1808). 
É permitido, entretanto ao herdeiro renunciante aceitar legados e, ao 
legatário, renunciante, o direito de adir a herança. 
Nada impede que o beneficiário renuncie integralmente a uma sucessão 
conservando a outra. Assim: 
- o herdeiro renuncia a toda a herança, aceitando o legado por inteiro; 
- o herdeiro renuncia a todo o legado, aceitando a herança por inteiro. 
Resumindo: o que é vedado é aceitar ou renunciar parcialmente. 
 
Renúncia da herança 
É o ato solene pelo qual um herdeiro, chamado à sucessão, declara que não 
a aceita. Para que se caracterize é fundamental a ocorrência das três 
condições já examinadas (gratuidade, cessão pura e simples, e em favor 
dos demais co-herdeiros). 
Se a renúncia é modal, condicional ou com encargos, deixa de ser renúncia 
e certamente, adentra no terreno da aceitação. A distinção entre as duas 
categorias é fundamental devido aos tributos decorrentesda transmissão da 
propriedade. 
Se o herdeiro cede sua cota a alguém está, efetivamente, realizando uma 
renúncia translativa. Por exemplo: Renuncio em favor de minha mãe. Com 
efeito,houve uma aceitação em conjunto com uma alienação ocorrendo 
duas declarações de vontade que gerarão dois impostos: o causa mortis e o 
inter vivos. 
Súmula112 do STF: o imposto de transmissão causa mortis é devido pela 
alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão. 
Embora, teoricamente, a liberdade de renunciar seja irrestrita, a lei consigna 
hipótese de restrição àquela liberdade quando a renúncia é feita em prejuízo 
de credores do renunciante. 
Nesta hipótese, os credores prejudicados podem requerer ao juiz do 
inventário que os autorizem a aceitar a herança em nome do herdeiro 
renunciante. Satisfeitos os créditos, o remanescente da cota hereditária do 
renunciante reverte ao monte, para ser partilhado entre os demais co-
herdeiros (CC, art. 1813). 
 
Efeitos da renúncia 
A renúncia afasta o renunciante da sucessão. 
A cota do renunciante acresce à dos outros herdeiros. 
Se o renunciante é o único herdeiro da classe, devolve-se a herança aos 
herdeiros da classe subseqüente (CC, art.1810). 
Os descendentes do de cujus não podem representar o renunciante na 
sucessão do ascendente. Se o renunciante é considerado estranho à 
sucessão, não há herança a receber e, conseqüentemente, não há a 
transmitir a seus herdeiros. Eles não herdam porque não há direito de 
representação na renúncia. Assim, a cota do herdeiro renunciante acresce à 
do herdeiro da mesma classe (CC, art.1811). 
Se o renunciante for o único de sua classe ou se todos os outros da mesma 
classe renunciarem os filhos poderão herdar por direito próprio. Assim, os 
filhos do renunciante são chamados há sucessão, não como substitutos do 
pai, mas na qualidade de neto do de cujus, que herdarão por direito próprio 
e por cabeça (CC, art. 1811). 
 
Irretratabilidade da renúncia e da aceitação 
A renúncia é irretratável, não admite revogação, pois, tratando-se de ato 
jurídico unilateral, aperfeiçoa-se desde o momento da declaração soberana 
da vontade. 
Artigo 1812: “São irrevogáveis os atos de aceitação e de renúncia da 
herança”. 
A renúncia, uma vez feita, torna-se irretratável, mas poderá vir a ser anulada 
– como de resto ocorre com todos os atos jurídicos em que houve vício na 
manifestação da vontade (Artigo 171, II C.C.). 
Renúncia abdicativa e renúncia translativa 
A distinção entre uma e outra é que na translativa há uma aceitação com 
posterior transmissão, envolvendo doação, já na abdicativa é aquela em que 
não há aceitação. 
 
DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO 
Fundamento da indignidade 
A indignidade é a destituição do direito hereditário que a lei impõe ao 
herdeiro ou legatário que se conduziu mal em relação à pessoa do de cujus. 
O rol enumerado no Artigo 1814 é taxativo, numerus clausus. 
Indignidade e Deserdação 
Indignidade => - é cominada na lei, independe da vontade do de 
cujus, aplicando-se a todos os herdeiros na sucessão legítima; 
 - é peculiar a sucessão legítima, embora possa 
também alcançar o legatário; 
 - repousa na vontade presumida do de cujus, que, 
certamente, não gostaria que sua herança fosse recolhida por herdeiro 
que agiu indignamente; 
 - nem sempre os motivos determinantes da exclusão 
são anteriores à morte do de cujus; 
 - os motivos da indignidade são válidos para a 
deserdação. 
 
Deserdação => (CC, art.1961)- é ato de vontade do testador atingindo os 
herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge 
sobrevivente), facultativos e os testamentários; 
 - como manifestação da vontade do de cujus, só se 
verifica na sucessão testamentária, na qual consta o motivo e o 
fundamento da exclusão; 
 - corresponde à efetiva vontade do de cujus, que 
através de motivo fundamentado exclui o herdeiro; 
 - os motivos determinantes da exclusão são anteriores 
à morte do de cujus, por isso vêm indicados no testamento; 
 - nem todos os motivos da deserdação configuram a 
indignidade. 
Casos de indignidade 
São taxativos: 
- atentado contra a vida: crime de homicídio ou tentativa deste 
(CC,art.1814, I); 
O que a lei considera é a intenção maliciosa, o dolo de matar. Logo, 
tratando-se de homicídio culposo (fruto de negligência, imprudência ou 
imperícia) não legitima o afastamento do herdeiro culpado. 
Ainda não se caracteriza a hipótese se o herdeiro agiu em legítima defesa, 
estado de necessidade, no exercício regular de um direito ou perturbado em 
seu discernimento por demência ou embriaguez. 
O reconhecimento da indignidade não depende de prévia condenação do 
indigno no juízo criminal, podendo a prova ser produzida no juízo civil. Não 
há pois interdependência entre as duas jurisdições , mas se houve sentença 
no juízo criminal, absolvendo o réu (ou condenando-o), não mais se 
questiona o fato imputável no Juízo cível (Artigo 935 C.C.). 
- fama: acusação caluniosa ou crime contra a honra (CC,art.1814, II); 
Não é qualquer acusação que é capaz de caracterizar a indignidade (por 
exemplo: processo de separação, reclamação trabalhista, etc.), mas é 
necessário que seja veiculada em juízo criminal, mediante queixa e que seja 
falsa e dolosa. 
- liberdade: inibição na livre manifestação da vontade(CC,art.1814, III); 
Exemplos: a atuação de um herdeiro que obsta a feitura de testamento ou 
que suprima a existência de um testamento, ou quando obriga o testador a 
revogar sua última vontade, ou quando constrange o testador a beneficiá-lo 
em disposição testamentária. 
Reconhecimento da indignidade 
A indignidade é declarada por sentença em ação ordinária, ou seja, a 
exclusão do herdeiro não se dá de pleno direito, mas deve ser promovida 
por quem tenha justo interesse na exclusão do indigno. Depende pois de 
procedimento judicial (CC, art. 1815). 
A sentença que declara a indignidade não é título constitutivo, mas apenas 
declarativo da incapacidade para suceder, sendo seu efeito “retroativo à 
data da abertura da sucessão. 
Como a indignidade é de natureza estritamente personalísssima não passa 
da pessoa do herdeiro indigno: iniciada ou não a ação extingue-se com o 
falecimento do herdeiro ameaçado. 
A ação de exclusão por indignidade pode ser proposta pelo legítimo 
interessado dentro do prazo de 04 (quatro) anos, a partir da abertura da 
sucessão. O prazo é decadencial, já que o direito de requerer a exclusão do 
indigno é um direito potestativo e, em se tratando de direito postestativo 
sujeita-se sempre aos prazos processuais (CC, art.1815, parágrafo único). 
 
Reabilitação do Indigno (CC, art. 1818) 
O direito pátrio admite a reabilitação do indigno pelo de cujus. Pode ocorrer 
através de testamento ou escritura pública. O perdão impede o exercício da 
ação de indignidade. 
 
Efeitos da indignidade 
- são pessoais os efeitos da exclusão: 
O indigno para efeitos de sucessão é considerado como se morto fosse. A 
indignidade é o único caso de morte civil no direito brasileiro. Assim, os 
efeitos da indignidade são pessoais, não atingindo os seus descendentes 
que poderão herdar na qualidade de representantes (CC, art.1816, caput). 
- perda do usufruto e da administração dos bens que couberem aos 
filhos (CC, art.1816, parágrafo único). 
- perda dos frutos e rendimento: 
A lei lhe nega legitimidade para conservar os frutos e rendimentos devendo 
devolvê-los (CC, art.1817, parágrafo único). 
- validade das alienações de bens e atos de administração: 
O legislador aqui levou em consideração a boa-fé dos terceiros que com o 
indigno transacionaram e o Códigoconsidera válidos os atos de alienação 
praticados antes de efetivada a exclusão. Embora, provada a má-fé do 
terceiro, a alienação não vinga, uma vez que a boa-fé se presume até prova 
em contrário (CC, art.1817, caput). 
- direito a indenização pelas despesas feitas: 
A ninguém é lícito se locupletar a custa alheia, ainda que em detrimento do 
possuidor de má-fé. 
 
HERANÇA JACENTE 
 
Conceito 
Herança jacente é aquela cujos herdeiros não são conhecidos, ou que, 
sendo conhecidos renunciam à herança, devolvendo-se esta ao Estado. 
Logo, a jacência decorre de duas hipóteses: 
- se o de cujus não deixou herdeiros (descendentes, ascendentes, 
cônjuge sobrevivente ou colateral, nem testamento). 
- se o de cujus deixou herdeiros, mas os mesmos renunciaram à 
herança. 
 
A jacência pode ocorrer tanto na sucessão legítima quanto na 
testamentária. 
 
Na ordem de vocação hereditária, o Estado aparece como derradeiro 
titular do direito sucessório. 
 
Esgotada a ordem familiar o legislador indica o ente público, como 
legítimo titular, porque não é concebível a existência de propriedade sem 
titularidade. 
 
Evitando-se que o patrimônio caia no vazio, a lei indica o Estado para 
recolher a herança vaga. 
 
Ou seja, o Estado concorre à sucessão “como uma espécie de herdeiro 
forçado”. 
 
 
Momento da aquisição 
Enquanto jaz sem herdeiro conhecido e até ser declarada judicialmente 
vaga, a herança é denominada jacente. 
 
O ente público somente adquire a propriedade dos bens hereditários 
após a declaração da vacância, admissível um ano após a primeira 
publicação edital convocando os herdeiros a se habilitarem. 
 
A vacância só se dá quando para a herança não há herdeiros, e a 
jacência é o estado provisório e, se não aparece o herdeiro capaz de adir 
o patrimônio, a jacência ao cabo de algum tempo, transforma-se em 
vacância (CC, art.1823). 
 
Vacância parcial => possibilidade em determinados casos em que o de 
cujus não deixa herdeiros, porém deixa parte de seu patrimônio a um 
legatário. 
 
Administração => Nesta situação eminentemente transitória, enquanto 
não aparecem os herdeiros, a guarda, conservação e administração do 
acervo hereditário, passam a um curador, até ser entregue aos herdeiros 
ou sucessores devidamente habilitados, ou declarados vagos os bens 
que o compõe. 
 
Transformação da jacência em vacância 
 Serão declarados vacantes os bens da herança jacente, um ano após a 
primeira publicação do edital convocatório dos interessados (CC, 
art.1820). 
Esgotado o prazo acima passa-se a segunda fase do processo mediante 
declaração de vacância que é feita pelo juiz, ou pelo Ministério Público 
ou pelo representante da Fazenda Pública. 
 
Perda dos direitos sucessórios: 
- aos herdeiros necessários após 05 anos da declaração de vacância. 
O juiz manda a Fazenda Pública arrecadar os bens, que ficam em seu 
poder por um período de 05 anos, ou seja, a vacância ainda não é 
definitiva. 
- aos herdeiros facultativos (colaterais até quarto grau) após a declaração 
de vacância (CC, art.1822 e parágrafo único). 
 
É sempre lícito aos herdeiros comparecerem e pedirem a entrega dos 
bens, mediante devida habilitação (prova da qualidade de herdeiros). 
 
Transcorrido todo o prazo prescritivo, sem habilitação de qualquer 
herdeiro, a posse exercida pela Fazenda transforma-se em propriedade. 
Consolida-se a expectativa de direito e não mais existe a possibilidade 
de outro herdeiro contestar a propriedade. 
 
Assim, antes da declaração da vacância, herdeiros (todos eles) e 
credores podem ser habilitar. Depois do trânsito em julgado da sentença, 
somente os herdeiros necessários e os testamentários podem pleitear a 
herança por ação própria. O prazo prescricional da ação de petição de 
herança é de cinco anos. Também os credores do espólio podem buscar 
seus créditos por meio da mesma ação. 
 
Beneficiários com a vacância: Lei 8.049/90 => substituiu os Estados 
pelos municípios. Assim os bens do de cujus, sem herdeiros,passam a 
pertencer ao município no qual se encontram. Localizados no Distrito 
Federal são-lhe devolvidos e se encontraram-se no territórios federais 
revertem em favor da União. 
Artigo 1822: “Se todos os herdeiros desde logo renunciarem a herança 
será esta desde logo declarada vacante”. 
 
Efeitos da vacância: 
- cessação dos deveres do curador; 
- Devolução da herança ao Poder Público; 
- Possibilidade dos herdeiros reclamarem os bens vagos antes do prazo 
qüinqüenal, contado da data da abertura da sucessão; 
- obrigação do poder público, que adquiriu o domínio dos bens vagos de 
aplicá-los em fundações destinadas ao ensino universitário (Dec-lei 
8.207/1945, artigo 3º e parágrafo único e artigo 62 do C.C.). 
 
Renúncia do Poder Público => não é possível a renúncia por parte do 
Poder Público nos casos de herança jacente ou vacante. 
 
Destino dos bens => o Poder Público tem a obrigação de aplicar os 
bens adquiridos por herança vacante em fundações destinadas ao 
desenvolvimento do ensino universitário, sob a fiscalização do Ministério 
Público (DL 8.207/1945). 
 
Curador => antes da arrecadação o Juiz deve nomear um curador que 
deverá prestar compromisso e representar o espólio. Possui atribuições 
de depositário e administrador dos bens até a entrega ao Poder Público, 
auferindo por esta função, honorários devidamente fixados pelo Juiz e 
suportados pelo espólio. 
 
Credores => os credores do espólio possuem legitimidade para requerer 
a instauração do procedimento de arrecadação. Depois de declarada a 
vacância, persiste o direito dos credores de pedir o pagamento das 
dívidas do espólio que foram reconhecidas, só que nessa fase só por 
meio de uma ação autônoma. 
 
Alienação de bens => durante o longo tramitar da ação, pode o juiz 
permitir a alienação de bens móveis. Tudo que possa ser alvo de 
deterioração ou desvalorização cabe ser vendido. Não só os bens 
móveis, também os imóveis cuja conservação for dispendiosa. Mas a lei 
preserva alguns bens que só podem ser alienados depois de declarada a 
vacância: os de valor afetivo ou de uso pessoal. 
 
Direitos autorais => quando o objeto da herança for direitos autorais 
eles não vão ao município, pois caem em domínio público (L. 9610/98). 
 
DA PETIÇÃO DE HERANÇA (CC, art. 1824 a 1828). 
 
Conceito: é o meio judicial de que se serve o herdeiro excluído para 
garantir sua qualidade sucessória e o natural acesso aos bens 
hereditários. 
 
Existe a possibilidade de a herança cair em mãos de quem não detém a 
condição de herdeiro. Quem é herdeiro, ou assim se considera, pode 
buscar o reconhecimento do seu direito e a restituição dos bens. A saída 
é via judicial: ação de petição de herança. 
 
Objetivos: - reconhecimento judicial da qualidade de herdeiro. 
- a restituição dos bens que compõem o seu acervo hereditário. 
 
Sujeito ativo: - filho não reconhecido pelo pai; 
- herdeiro testamentário excluído da sucessão; 
- parentes do de cujus excluídos por outros titulares; 
- herdeiros não necessários preteridos pelos tesatmentários; 
- inventariante; 
- o sindico da falência do morto; 
- o testamenteiro; 
- o curador da herança do morto; 
- o companheiro do inventariado 
- credores 
- ente público (possível para afastar herdeiro aparente nos casos de 
herança jacente). 
 
A petição de herança não visa só reconhecer a qualidade de herdeiro, 
mas também a possibilidade de reaver a herança que se encontra em 
mãos de terceiros. 
 
Sujeito passivo: herdeiro ou possuidor da herança. 
 
Efeitos da sentença: retroagema data da morte do de cujus. 
 
Possuidor de boa-fé (CC, art.1201): 
 - tem direito aos frutos percebidos; - deve restituir os pendentes e os 
colhidos com a antecipação, ao tempo em que cessar a boa-fé 
(CC,art.1214); 
- os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos(CC, 
art.1215); 
- não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der 
causa; (CC, art.1217) 
- tem direito a indenização das benfeitorias necessárias e úteis, podendo 
levantar as voluptuárias.(CC, art.1219) 
 
Responsabilidade do possuidor: 
Possuidor de boa-fé: - tem direito aos frutos percebidos; 
- deve restituir os pendentes e os colhidos com antecipação; 
- os naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos; 
- não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa; 
- tem direito a indenização das benfeitorias necessárias e úteis. 
 
Possuidor de má-fé: 
- responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos 
que deixou de perceber por culpa (CC, art.1216); 
- responde pela perda e deterioração da coisa a que não der causa (CC, 
art.1218); 
- só lhe serão ressarcidas as benfeitorias necessárias (CC, art. 1220); 
- na indenização das benfeitorias o reivindicante tem o direito de optar 
entre o seu valor atual e o seu custo (CC, art.1222). 
 
Posição do herdeiro aparente => Efeitos: - se o possuidor não 
negociou o bem com terceiros é obrigado a restituí-lo ao acervo (CC, art. 
1826); 
- se o possuidor já negociou o bem com terceiro continua responsável 
pela reposição integral do valor, ao terceiro só restando intentar ação 
regressiva contra o possuidor alienante. 
 
Se a alienação foi feita pelo herdeiro aparente, à título oneroso e a 
terceiro de boa-fé, a alienação é válida em decorrência do direito do 
terceiro de boa-fé, mas, sobretudo, devido à relevância da teoria da 
aparência (CC, art.1828). 
 
Transferência anterior do bem => São eficazes as transferências de 
boa-fé por título oneroso e ineficazes as de má-fé e as de título gratuito. 
 
Ação reivindicatória => é diferente da petição de herança, uma vez que 
ela é movida contra pessoa estranha a sucessão e tem como objeto 
coisas individualizadas. 
 
Questões processuais: 
Antecipação de tutela => não é possível, apenas medidas cautelares. 
Imprescritível => não. É prescritível no prazo de 10 anos de acordo com 
o novo Código Civil em seu artigo 205. 
A ação de investigação de paternidade é imprescritível, sendo 
considerado de declaratória de estado civil. 
 
RESUMO DIREITO DAS SUCESSÕES 
SUCESSÃO DOS COLATERAIS 
 
A ausência de herdeiros necessários e de cônjuge sobrevivente chama à 
sucessão os colaterais até 4º.grau. 
 
Na ordem civil brasileira são colaterais: 
a) Irmãos (2º. Grau) 
b) Tio (3º. Grau) 
c) Sobrinhos (3º. Grau) 
d) Primos (4º. Grau) 
e) Tio-avô (4º. Grau) 
f) Sobrinho-neto (4º. Grau). 
 
Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos. 
Assim, se há irmãos concorrendo com tios, estes são afastados por 
aqueles. 
 
Na classe dos colaterais o direito de representação só é concedido aos 
filhos de irmãos. 
 
Logo, se o de cujus deixou dois irmãos e sobrinhos, filhos de outro irmão 
pré-morto, a herança se divide em (03) partes, cabendo as 2 primeiras 
aos irmãos vivos e a terceira, aos sobrinhos, filhos do irmão pré-morto. 
 
Resumindo: 
- se os irmãos concorrem pessoalmente, herdam por cabeça; 
- se houver irmãos bilaterais e unilaterais, os bilaterais receberão o dobro 
dos unilaterais; 
- filhos de irmãos unilaterais ou bilaterais, concorrendo com tio (ou tios), 
herdam por direito de representação, devolvendo-se o que caberia ao pai 
ou a mãe; 
- não concorrendo irmãos bilaterais, ou unilaterais, dividirão a herança, 
entre si, igualmente e por cabeça. 
 
Artigo 1843 => a doutrina mais clássica sempre pendeu em favor dos 
sobrinhos. Isto é, concorrendo, na mesma herança, tios e sobrinhos (na 
falta de irmãos), o Artigo 1843 reconheceu a preferência dos sobrinhos 
em detrimento dos tios. 
 
Logo: 
a) Os mais próximos excluem os mais remotos; 
b) Havendo tios e sobrinhos, herdam os sobrinhos; 
c) Não havendo tios, nem sobrinhos, herdam os sobrinhos netos, os tios 
avós e os primo-irmãos (colaterais de 4º grau), todos na mesma 
qualidade e, portanto, por cabeça. 
 
Sucessão do Estado 
 
Finalmente, não havendo nenhum parente sucessível, nem cônjuge, a 
herança é devolvida ao Município (Lei 8049/1990) ou ao Distrito Federal, 
se localizada naquelas circunstâncias, ou à União, quando situada em 
território federal (Artigo 1844). 
 
DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS 
 
Noções introdutórias 
 
Na sistemática do direito brasileiro, conforme já vimos, os herdeiros 
subdividem-se em duas grandes categorias: 
 
Legítimos – são os sucessores eleitos pela lei, através da ordem de 
vocação hereditária; 
Testamentários – são os sucessores instituídos como beneficiários da 
herança por disposição de última vontade. 
 
Os legítimos se subdividem por sua vez em outras duas subcategrias: 
 
Necessários – são os herdeiros com direito a uma parcela mínima, 50% 
do acervo (legítima), da qual não podem ser privados por disposição de 
última vontade. 
De acordo com o Artigo 1845 são herdeiros necessários, os 
descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
 
Cálculo da legítima 
 
O artigo 1847 manda considerar para o cálculo da legítima: 
- os bens existentes no patrimônio do de cujus à data da sua morte. O 
valor dos bens doados (que o legislador atual englobou a noção de 
colação); 
- as dívidas da herança; 
- as despesas do funeral; 
- o valor dos bens sujeitos à colação. 
 
Cláusulação da legítima 
Salvo, se houver justa causa, não pode o testador estabelecer cláusula 
de inalienabilidade, impenhorabilidade e de incomunicabilidade, sobre os 
bens da legítima. 
 
Alguns exemplos de justa causa: 
- prodigalidade do filho; 
- a notaria incapacidade de gerir um patrimônio; 
- o esbanjamento desenfreado de dinheiro, 
 
Há a possibilidade de ocorrer a alienação de bens gravados e a 
conversão do produto em outros bens. Agora a possibilidade reconhecida 
depende da ocorrência de dois fatores: autorização judicial e a justa 
causa. Admite-se a alienação dos bens gravados, convertendo-se o 
produto em outros bens que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. 
 
Outras disposições 
O herdeiro necessário favorecido por legado ou beneficiado pela cota 
disponível, não perde o direito à legítima. Aos herdeiros necessários a lei 
assegura; nada impede, porém, que o testador deixe sua parte disponível 
a ele. Ou seja, a hipótese sob apreciação admite que o mesmo ganhe 
duas vezes: primeiro, a sua porção na legítima e segundo, a 
integralidade (ou parte) cota disponível. 
 
 
DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 
O direito de representação é uma ficção da lei, cujo efeito é fazer entrar 
os representantes no lugar, no grau e nos direitos do representado. 
 
Morrendo o presumido herdeiro antes da abertura da sucessão em seu 
favor, são chamados os seus descendentes, em concorrência com os 
outros descendentes mais próximos do autor da herança, a ocupar o 
lugar do presumido herdeiro, substituindo-o. 
 
Os descendentes do herdeiro pré-morto representam-no em todos os 
direitos que ele teria se vivo fosse. Assim, os netos representam o pai 
pré-morto na sucessão do avô. 
 
A representação produz dois efeitos: 
- os parentes de grau mais próximo excluem os mais remotos que 
descendem do de cujus; 
- os descendentes chamados, pelo direito de representação, sucedemsempre por estirpe, quando concorrem com outros descendentes em 
grau mais próximo para com o autor da herança. 
 
No caso de herdeiro excluído (indigno), como são pessoais os efeitos da 
exclusão, seus descendentes sucedem como se morto ele fosse antes 
da abertura da sucessão. 
Já com relação ao herdeiro renunciante não existe direito de 
representação. 
 
A representação só ocorre na linha reta descendente, mas nunca, na 
ascendente. Na linha descendente a representação é sem limites. Na 
ascendente não há que se falar em representação. 
 
Em se tratando de colaterais (linha transversal) só ocorre direito de 
representação “em favor de filhos de irmãos do falecido”, quando com 
irmãos deste concorrerem. 
 
O renunciante À herança de uma pessoa não está impedido de 
representá-la na sucessão de outra. Isto é, os efeitos da renúncia não 
ultrapassam a herança na qual houve manifestação de repúdio. 
 
SUCESSÃO DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE 
 
Agora com o Novo Código Civil, o cônjuge sobrevivente concorre a 
divisão da legítima, em igualdade com os descendentes ou 
ascendentes do falecido. Isto é, deixa de ser herdeiro legítimo 
facultativo e passa a ser herdeiro legítimo necessário. 
Exceções: o legislador abre exceções decorrentes do regime de 
bens (comunhão universal, comunhão parcial e separação de 
bens) partindo do pressuposto de quem é meeiro não deve ser 
herdeiro. 
a) Salvo se casado com o falecido no regime da comunhão 
universal. Sendo o cônjuge meeiro (ou seja, já tendo metade do 
patrimônio) não há nenhuma razão para ser herdeiro; caso 
contrário ganharia duas vezes e a lei não quer que isso ocorra. 
b) Salvo se casado no regime da separação obrigatória de bens. 
No regime da separação obrigatória não há patrimônio comum. 
O cônjuge sobrevivente não tem direito a meação do cônjuge, 
porque o regime repudia a divisão do que nunca foi comum. 
Além do mais, desde o momento em que a Súmula 377 do STF 
pôs fim a polêmica da comunicabilidade dos bens aquestos no 
regime da separação legal dos bens, não há que se falar em 
concorrência com os demais herdeiros. 
c) Ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens particulares. Aqui, o legislador cria duas 
hipóteses de incidência da regra de exceção: 
- a regra geral dispõe que o cônjuge sobrevivente não concorre 
com os demais descendentes, porque já meeiro (nos aquestos) 
quando o autor da herança não houver deixado bens 
particulares. Como os aquestos são divisíveis, o cônjuge já 
estaria garantido via meação. 
- se o autor da herança houver deixado bens particulares (a 
contrario sensu da regra geral) conclui-se que o cônjuge 
sobrevivente concorre com os descendentes. 
 
No artigo 1832 o legislador prevê mais duas hipóteses de 
incidência da concorrência do cônjuge sobrevivente com os 
descendentes: na primeira parte do citado artigo resgata a ideia 
de que, no concurso entre o cônjuge sobrevivo e os 
descendentes (filho), a partilha se faz por cabeça, dividindo-se 
a herança em tantas partes quanto forem os herdeiros. O 
legislador reafirma a ideia da divisão igualitária entre o cônjuge 
sobrevivente e os demais descendentes. 
A segunda parte do Artigo 1832 não permite que a cota do 
cônjuge seja inferior a uma cota parte da herança. 
 
 
Sucessão do companheiro 
 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão 
do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união 
estável, nas condições seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota 
equivalente à que por lei for atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-
lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; 
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um 
terço da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da 
herança. 
 
Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente 
algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve 
ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas 
circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.

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