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Danielle Fontenelle - Receitas Públicas

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FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ – FIC 
CURSO: DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO 
PROFESSORA: DANIÈLLE FONTENELLE 
Receitas Públicas 
 
1. CONCEITO 
 
As despesas públicas têm, obviamente, de ser satisfeitas por receitas. 
 
Como despesa pública pressupõe receita, pode-se dizer que receita pública é o 
ingresso de dinheiro aos cofres do Estado para atendimento de suas 
finalidades. 
 
Uma noção meramente introdutória já está a nos indicar que receita é todo 
ingresso de dinheiro nos cofres de uma pessoa de direito público. 
 
Antônio L. de Sousa Franco conceitua: "As receitas públicas podem ser assim 
genericamente definidas como qualquer recurso obtido durante um dado período 
financeiro, mediante o qual o sujeito público pode satisfazer as despesas públicas 
que estão a seu cargo." 
 
Sainz de Bujanda é mais sintético e define receita pública como “as somas de 
dinheiro que recebem o Estado e os demais entes públicos para cobrir com elas seus 
gastos". 
 
Aliomar Baleeiro conceitua receita pública como "a entrada que, integrando-se no 
patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, 
vem crescer o seu vulto, como elemento novo e positivo." 
 
Para Alberto Deodato “é o capital arrecadado coercitivamente, do povo, 
tomado por empréstimo ou produzido pela renda dos seus bens ou atividades, de 
que o Estado dispõe para fazer faceàs despesas públicas”. 
 
Entende-se por receitas públicas “os recursos, ou melhor dizendo, o dinheiro 
que ingressa nos cofres públicos de maneira definitiva com a finalidade de satisfazer as 
despesas públicas” Celso Ribeiro Bastos. 
 
Como assinala Aliomar Baleeiro, "para auferir o dinheiro necessário à despesa 
pública, os governos, pelo tempo afora, socorrem-se de uns poucos meios universais: 
a) realizam extorsões sobre outros povos ou deles recebem doações voluntárias; 
(b) recolhem as rendas produzidas pelos bens e empresas do Estado; 
(c) exigem coativamente tributos ou penalidades; 
d) tomam ou forçam empréstimos; 
(e) fabricam dinheiro metálico ou de papel". 
 
Já se foi o tempo em que o Estado supria suas necessidades financeiras por 
meio de guerras de conquistas, de doações voluntárias e de vendas de bens de seu 
patrimÔnio. 
 
A primeira observação que cumpre ser feita acerca da receita é que ela assume 
formas muito variadas no Estado Moderno. Já se foi o tempo em que o Estado atuava 
como qualquer pessoa, isto é, valia-se dos recursos que pudesse obter pela exploração 
de seu patrimônio. 
 
No agigantamento das despesas do Estado, tornou-se imperioso o apelo para 
outras fontes de ingresso. Fundamentalmente, o que se passou é que o Estado veio, 
cada vez de forma mais acentuada, a lançar mão da sua força coercitiva para 
impor aos particulares o pagamento de quantias em dinheiro, 
independentemente de contraprestação de sua parte. 
 
Quando se fala em receitas públicas, o qualificativo públicas, na verdade, faz 
referência à natureza do ente que as recebe e não à qualidade em si da receita. Daí 
porque ser lícito afirmar que são receitas públicas as que são recebidas por 
uma pessoa pública e, reversamente, são privadas as receitas auferidas por uma 
pessoa jurídica de direito privado. 
 
Quanto ao objeto das receitas, na sua concepção moderna ele há lê recair 
unicamente no dinheiro. Expressa-se, pois, em moeda. Não se iode esquecer que as 
receitas constituem uma das grandes divisões do orçamento, o qual, por sua vez, 
exprime-se em unidades monetárias. É oportuníssima a advertência feita pelo grande 
mestre espanhol acerca do exato papel dos bens in natura e dos serviços pessoais que, 
embora ntegrando o patrimônio do Estado, não se constituem em receitas, 
"tanscrevamo-lo nesse particular: 
 
"No patrimônio do Estado e demais entes públicos, entendido no sentido amplo 
de conjunto de relações de caráter econômico de que estes entes são titulares, entram 
também bens 'in natura'; por exemplo, adquiridos mediante expropriação ou mediante 
liberalidades 'inter vivos' ou 'causa mortis', incluindo serviços pessoais, como o militar. 
Porém a aquisição de tais bens e serviços, ainda que suponham um incremento 
patrimonial e constituam meios com os quais o Estado e os demais entes suprem suas 
necessidades, não constituem ingressos no sentido técnico nem são, portanto, objeto do 
Direito financeiro, mas de outras disciplinas (Direito civil, político, administrativo etc.)". 
 
Entende-se por receitas de tesouraria (antecipação de tesouraria) os recursos 
momentâneos que o Estado contrai em virtude, por exemplo, de um empréstimo 
realizado em Janeiro, tendo por fundamento a conta das receitas de impostos que só 
serão cobrados no mês de Julho. 
 
Se em antecipação de tesouraria no direito português. No Direito brasileiro essa 
modalidade de ingresso é tratada por empréstimo por antecipação de receitas. 
 
Quanto aos fundos de garantia, tratam-se de quantias que, embora nas mãos do 
Estado, terão de ser devolvidas ao seu proprietário, uma vez que, como o seu próprio 
nome indica, a passagem do numerário se deu meramente a título de garantia do 
cumprimento de determinada obrigação. São disso exemplos os depósitos ou cauções 
judiciais. 
 
 
2. RECEITA E INGRESSO 
 
Denomina-se de ingresso ou entrada todo e qualquer dinheiro que entra 
nos cofres públicos, não importando a que título tenha sido. Contudo, não se 
deve confundir ingresso com receita, isso porque nem todo ingresso pode ser considerado 
como receita. Não há negar-se que existem ingressos que devem ser devolvidos, é dizer, 
só permanecem provisoriamente nos cofres públicos. Trata-se, na verdade, de quantias 
em dinheiro que entram nos cofres públicos somente por um determinado período de 
tempo. Exemplos de ingresso são: a fiança, a caução e o empréstimo compulsório. É 
sabido que estas quantias não permanecem definitivamente nos cofres públicos, eis 
que o seu destino é de retornar para o seu proprietário. 
Já as receitas caracterizam-se por serem ingressos definitivos de 
dinheiro nos cofres públicos. Em outras palavras, trata-se daqueles ingressos que 
têm como finalidade permanecerem definitivamente nos cofres públicos. As receitas 
podem advir do poder constritivo que o Estado exerce sobre o particular através da 
cobrança de impostos, taxas, contribuições de melhoria ou multas. 
 
Diante do exposto resulta claro que o critério diferenciador entre receita e 
ingresso não é outro senão o da permanência nos cofres públicos. De qualquer 
sorte, o conceito de receita está muito atrelado à ideia de ingresso ou, se se quiser, de 
entrada. 
 
Sainz de Bujanda chama a atenção para o caráter dinâmico do ingresso, isto é, 
supõe ele um movimento de fora para dentro do património. Daí resulta o conceito de 
receita ser mais restrito que o de ingresso. São meios e não receitas, por exemplo, os 
bens que em um momento dado pertencem ao Estado, sejam patrimoniais ou de domínio 
público, assim como as prestações pessoais estabelecidas por força de lei (o 
serviço militar, p. ex.). 
 
O crescimento de despesas públicas, resultante do acesso das massas ao po-
der político, tornou imprescindível ao Estado lançar mão de outras fontes de ob-
tenção de recursos financeiros, capazes de manter um fluxo regular e permanente de 
ingressos. 
 
Assim, mantendo, de um lado, o processo de obtenção de lucros pela venda 
de seus bens e serviços, de outro lado, o Estado acentuou a sua força coercitiva para 
retirar dos particulares uma parcela de suas riquezas, expressa em dinheiro, sem 
qualquer contraprestação. O dinheiro obtido por esse último processo denomina-se 
tributo. 
 
 
IMPORTANTE: 
O Estado, para fazer face às suas obrigações, necessita de recursos que podem ser obtidos junto àcoletividade ou através do endividamento público. O conjunto destes recursos é que nós chamamos de 
receita pública. É através dela que o Estado poderá atender às demandas diversas da sociedade, como saúde, 
educação e segurança. 
 O Professor Aliomar Baleeiro possui um conceito mais restrito de receita pública. Para ele, Receita 
Pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou 
correspondências no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo. 
Ressalta-se, contudo, o que o ordenamento jurídico brasileiro, especialmente o artigo 11 da Lei nº 
4.320/1964 e as regras pertinentes à escrituração dos fatos contábeis, não segue a conceituação proposta 
por Aliomar Baleeiro, pois assinala como receitas públicas também recursos que têm contrapartida no 
passivo, como, por exemplo, as operações de crédito, geradoras de endividamento público. 
Amplo (lato) – RECEITA PÚBLICA é toda entrada ou ingresso de recursos que, a qualquer título, adentra os 
cofres públicos, independentemente de haver contrapartida no passivo. Como exemplo, fianças, cauções, 
antecipações de receitas orçamentárias (ARO), operações de crédito, receitas tributárias, patrimoniais, 
empréstimos compulsórios etc.; 
Restrito (strictu) – receita pública é toda entrada ou ingresso de recursos que se incorporam ao patrimônio 
público sem compromisso de devolução posterior. Por exemplo: receita tributária, patrimonial, de serviços, 
alienação de bens etc. 
 Valdecir Pascoal

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