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CCJ0047-WL-A-LC-Revisão Criminal

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REVISÃO CRIMINAL 
 
Conceito: é a peça cabível para o reexame de processos já transitados 
em julgado, em que o resultado foi a condenação do acusado ou a sua 
absolvição imprópria (imposição de medida de segurança). Portanto, se 
ainda for possível a interposição de recursos, não há o que se falar em 
revisão. 
Cabimento: Após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória 
– ou da absolutória imprópria, só é possível voltar ao mérito da ação em 
situações específicas, previstas no art. 621 do CPP: 
 a) Inciso I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto 
expresso da Lei penal ou à evidência dos autos: importante 
destacar que o art. 621, I, faz referência à lei vigente na época. Em caso 
de lei posterior mais benéfica (abolitio criminis ou novatio legis in 
mellius), a revisão criminal não é a via adequada, devendo o condenado 
requerer a aplicação da nova lei por requerimento ao juiz das execuções 
ou por HC. Ademais, quanto às evidências, a revisão só é cabível 
quando existir certeza aferível de plano de que a sentença é contrária às 
provas dos autos; 
b) Inciso II - quando a sentença se fundar em depoimentos, exames 
ou documentos comprovadamente falsos: a prova de falsidade é 
pressuposto para o ajuizamento da revisão, não podendo ser ela 
produzida no curso da ação; 
c) Inciso III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas 
de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou 
autorize a diminuição da pena: é preciso que sejam novas provas e 
que não tenham sido apreciadas no processo transitado em julgado. É 
cabível a revisão para que se demonstre a inocência, a não 
culpabilidade ou a existência de circunstância que possa diminuir a 
pena aplicada. 
Prazo: a qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. 
Informações Importantes: A sentença condenatória transitada em 
julgado também pode ser desconstituída por HC. No entanto, as 
hipóteses do remédio constitucional não se confundem com as da 
revisão. Em habeas corpus, é possível arguir a extinção da punibilidade 
(art. 107 do CP), as nulidades com impacto processual e o que mais for 
favorável ao condenado, desde que não dependa de produção de prova. 
O HC, ao contrário da revisão, não é cabível a qualquer tempo, mas 
somente enquanto existir violência ou coação à liberdade de locomoção. 
Por isso, não se fala em habeas corpus quando já extinta a pena 
privativa de liberdade ou se a condenação impôs somente a pena de 
multa. 
Em revisão, por outro lado, é possível discutir amplamente a falta de 
justa causa para a ação penal, podendo, quando julgada 
procedente, causar a absolvição do condenado ou a redução de sua 
pena. As nulidades com impacto no mérito também só podem ser vistas 
em revisão, e geram a declaração de nulidade do processo, e não a 
absolvição do condenado. Ademais, se procedente o pedido, o tribunal 
pode fixar indenização pelos danos sofridos (art. 630). 
A revisão criminal pode ser pedida a qualquer tempo, antes ou após a 
extinção da pena, pouco importando se há ou não risco à liberdade de 
locomoção do condenado, condição imprescindível para que o HC seja 
impetrado. 
Como identificá-lo: o problema trará uma decisão já transitada em 
julgado, e dirá que a condenação foi contrária ao texto expresso da lei 
penal ou à evidência dos autos, ou baseada em depoimentos, exames ou 
documentos comprovadamente falsos, ou que há novas provas que 
apontem a inocência do acusado ou circunstâncias que autorizem a 
diminuição da pena. 
Dica: se, no curso da revisão, falecer a pessoa cuja condenação tiver de 
ser revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa 
(artigo 631 do CPP). 
Teses Defensivas: Quanto às teses e pedidos, como já comentado 
acima, é possível arguir a falta de justa causa, com a consequente 
absolvição, eventuais nulidades, com pedido de anulação do processo 
desde o ato viciado, e excessos na punição, podendo ser requerida a 
desclassificação da infração ou a modificação da pena. As hipóteses 
estão previstas no artigo 626 do Código de Processo Penal. 
Competência: a revisão é de competência originária dos tribunais, não 
sendo possível, em hipótese alguma, o julgamento por juiz de primeira 
instância. O tribunal competente é sempre aquele em que a decisão 
condenatória foi proferida (ex.: juiz estadual, TJ; STJ, o próprio STJ). 
A competência para o julgamento da revisão está prevista no art. 624 do 
CPP. Nos termos do inciso I, compete ao STF processar e julgar, 
originariamente, a revisão de seus julgados, tanto em competência 
originária quanto recursal. O mesmo vale para o STJ, que não é 
mencionado no art. 624 – o dispositivo é anterior à CF/88. Quanto aos 
Tribunais de Justiça e aos Tribunais Regionais Federais, a sua 
competência engloba as decisões de primeira instância, as de segunda, 
quando atua em grau recursal, e aquelas proferidas em processos de 
competência originária do tribunal. 
No júri: muitos juristas entendem ser impossível o ajuizamento de 
revisão criminal contra decisões do júri. “Data vênia”, não 
concordamos. Reflita conosco: após o trânsito em julgado, surgem 
provas novas que demonstram, sem sombra de dúvidas, a inocência do 
acusado. Em respeito à soberania dos vereditos, deverá a decisão 
condenatória ser mantida? Obviamente, não. 
Atenção: não é possível a revisão criminal pro societate – 
exemplificando: caso o réu tenha sido absolvido, não pode, em hipótese 
alguma, o Ministério Público ajuizar revisão pleiteando a condenação, 
ainda que surjam provas novas. Ou seja, após o trânsito em julgado da 
sentença absolutória, se surgirem novas provas da culpa do réu, nada 
poderá ser feito. 
Comentários: Por força do artigo 623 do CPP, é possível, em tese, o 
ajuizamento de revisão criminal pelo próprio acusado – tema polêmico 
em nossa doutrina. A revisão pode ser ajuizada em caso de absolvição 
imprópria pelo acusado. Por mais que o réu seja absolvido em virtude 
de inimputabilidade, medidas de segurança lhe são impostas – 
portanto, há a imposição de sanção, e, evidentemente, direito à revisão. 
A revisão também é cabível contra decisões do Tribunal do Júri. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Modelo da peça: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ____, 
(pular 10 linhas) 
 
 
 
 
 
NOME , nacionalidade, estado civil, profissão, residente e domiciliado 
no endereço ____, atualmente recolhido no presídio estadual ____, por 
seu advogado, que esta subscreve, não se conformando, “data vênia”, 
com a respeitável sentença que o condenou à pena de ____ anos de 
reclusão pela prática do crime previsto no artigo ..... , vem, muito 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a presente 
 
REVISÃO CRIMINAL 
 
Com fulcro no artigo 621, (elencar os incisos correspondentes), do 
Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir 
expostas: 
 
I. DOS FATOS 
____ foi processado e condenado pela prática do crime de aborto em 
____. 
Entretanto, ao longo do processo, não houve a comprovação, por meio 
de laudo pericial, da realização do aborto em ____, tendo os jurados 
condenado somente com base em provas testemunhais inegavelmente 
frágeis. 
 
II. DO DIREITO 
No entanto, como é sabido, nos crimes que deixam vestígios é 
obrigatória a realização do exame de corpo de delito, sob pena de 
nulidade, nos termos do artigo 564, III, “b”, do Código de Processo 
Penal. 
Segundo o artigo 167 do Código de Processo Penal, não sendo possível o 
exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Contudo, as testemunhas ouvidas em juízo deram versões 
contraditórias, baseadas em informações de terceiros 
Destarte, a materialidadedo crime não foi comprovada, sendo imperiosa 
a absolvição de ____ pela prática do crime de aborto. 
“Ex positis”, requer seja julgada procedente a presente ação revisional, 
para que se absolva o revisionando, com fulcro nos artigos 386, II, e 
626, ambos do Código de Processo Penal. Ademais, requer a expedição 
do respectivo alvará de soltura em se favor, bem como seja reconhecido 
o seu direito à indenização. 
Ou 
EM FACE DO EXPOSTO, requer a Vossas Excelências, 
preliminarmente, sejam suspensos de imediato os efeitos da sentença 
rescindenda, para suspender o cumprimento da pena privativa de 
liberdade, diante do fumus boni iuris e o periculum in mora, 
considerando os riscos que sofre o requerente de dano irreparável ao 
seu direito material ora postulado, pois lhe é garantido pela lei 
_______(DIZER O QUE SE PRETENDE). 
 
NO MÉRITO, espera o requerente seja julgado procedente o pedido para, 
consequentemente, modificarem a decisão rescindenda, 
__________(DIZER O QUE SE PRETENDE).Protesta desde já por todos os 
meios de prova admissíveis em direito. 
Termos em que, pede deferimento. 
Comarca, data. 
Advogado, 
OAB/____ n. ____.

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