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Aula - Direito Grego e Romano

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O MUNDO ANTIGO, 
GRÉCIA E ROMA
HISTÓRIA E DIREITO
José Walter Lisboa Cavalcanti
O Mundo Antigo
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“Se um homem livre fura o olho de um homem livre, terá seu olho furado.”
“Se um homem livre furou o olho de um escravo ou lhe fraturou um osso, pagará uma mina de prata.” (Código de Hamurábi).
O que hoje chamamos Direito é bastante diferente do que foi o direito de civilizações já desaparecidas;
Recebemos a herança romana e a herança grega
O Direito nos Impérios Orientais
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Código de Hamurábi;
Direito egípcio e direito hitita por volta dos anos 1500 a. C.;
Bíblia
conserva a justiça das aldeias de cunho familiar patriarcal, que provavelmente existiu em todo o oriente;
Oposição entre cidade e campo;
A cidade é o centro do controle que detém a memória escrita a partir dos livros
faz o censo e cobra os tributos.
O Direito nos Impérios Orientais
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A cidade antiga torna-se um reservatório de riqueza a que poucos têm acesso
em torno do rei, os sacerdotes e os escribas, os conselheiros e os generais.
Impérios precisam de redes de administração:
satrapias e governadores.
Com função de arrecadar os tributos e manter a indispensável paz interna e externa.
As comunidades do campo têm a sua própria justiça, em geral presidida por um conselho de anciãos.
A justiça do cadi oriental trata das regras cotidianas de relações comunitárias, em oposição à justiça pessoal e burocrática.
O Direito nos Impérios Orientais
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Figura do rei justo:
Escolhido por sua imparcialidade, coragem, capacidade.
Fortalece-se como um mito.
Julga e decide casos passados, ordenando para o futuro
Tradição judaica:
Justiça como um atributo divino
Justiça da aldeia:
Regula a disputa entre os iguais.
Grécia
A ruptura de uma ilustração do mundo antigo
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A Grécia clássica conhece várias formas de organização e institucionalização.
Períodos da história grega:
Arcaico: século VIII a.C., até 480 a.C.
Clássico: 480 a.C., até 338 a.C.
Helenístico: até 150 a.C.
Elemento fundamental da tradição jurídica grega:
a laicização do direito
a idéia de que as leis podem ser revogadas pelos mesmos homens que as fizeram.
Grécia
A ruptura de uma ilustração do mundo antigo
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Relações de família:
conhecia-se o divórcio recíproco.
Era legal abandonar crianças recém-nascidas.
As roupas eram uniformes para homens livres e escravos, não se percebendo a diferença entre eles.
Não há uma classe de juristas, nem um treinamento jurídico.
Há escolas de retórica, dialética e filosofia (argumentação dialética que vai ter uso forense ou semiforense).
Grécia
A ruptura de uma ilustração do mundo antigo
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Havia diferenças de classes.
Os latifundiários
os hoplitas
os miseráveis.
As lutas sociais promoveram reformas feitas ao longo da história ateniense.
Os gregos descartaram a ideia da revelação das leis pelos deuses ou que são apenas as tradições herdadas.
Os Sofistas vai refletir controladamente sobre a lei.
Com a positivação do direito os gregos fazem uma primeira reflexão clássica sobre a natureza da lei e da justiça.
Grécia
A ruptura de uma ilustração do mundo antigo
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A cidade não podia depender da justiça do cadi, como nas aldeias.
Acima das solidariedades familiares construiu-se uma solidariedade cívica e, ainda mais universal, uma solidariedade cosmopolita.
A cidade e a consciência de que ela é um artefato humano se sobrepõem à tradição e aos laços familiares.
Grécia
As formas de resolução de controvérsias
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Havia duas espécies de órgãos de jurisdição
Para os casos de crimes públicos, o julgamento é feito por grandes tribunais de dezenas ou centenas de membros. 
A Assembléia de todos os cidadãos, repartidos em distritos territoriais, elegia o grande conselho de supervisão.
Nos tribunais era preciso provar o direito e os fatos. 
Não havia a execução judicial
O queixoso recebia o julgamento e se encarregava de executá-lo, ou passava a uma fase de ação penal.
Grécia
As formas de resolução de controvérsias
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Discursos perante os tribunais
Era moralmente indigno receber dinheiro para a defesa.
Na teoria, qualquer cidadão podia se apresentar perante os tribunais, juízes e árbitros para defender seus interesses.
Na prática, cresceu a atividade dos redatores de peças “judiciais”.
O advogado ainda não existia.
A resposta nos tribunais era sempre sim ou não, culpado ou inocente.
Grécia
As formas de resolução de controvérsias
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Nos tribunais populares, as provas poderiam ser feitas por escrito.
Nos arbitrais, eram informais.
Os juízes eram leigos e membros de uma assembleia
podiam testemunhar sobre os fatos
Podiam julgar pelo que sabiam das coisas
não vinculavam-se às provas.
Os depoimentos de escravos deveriam ser precedidos de tortura
Grécia
As formas de resolução de controvérsias
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O privado e o público eram distintos
É grega a doutrina de que os contratos são consensuais e o delito uma associação involuntária, sendo que ambas geravam responsabilidade.
Aristóteles:
Diferencia regras de justiça corretiva (comutativa)
E a justiça distributiva, que é os deveres para com a polis e para com todos 
Grécia
As formas de resolução de controvérsias
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Inexistia órgão público de acusação
qualquer um poderia denunciar os crimes públicos.
se o denunciante não obtivesse ao menos 1/5 dos votos do tribunal, pagava multa e não podia abandonar a acusação no meio do processo.
Os denunciantes tinham parte nas multas e penas aplicadas aos culpados.
“O processo tornou-se uma praga em Atenas, mas a liberdade de processar era inerente à democracia.”
As penas eram em geral
castigos, multas, feridas, mutilações, morte e exílio.    
Grécia
A lei positiva – o centro do debate filosófico
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A promulgação da lei e sua revogação nada têm de divino. 
Abre-se uma fenda entre o direito divino e o direito dos homens
Lei e Constituições
Drácon (621 a. C.) em Atenas, põem fim à solidariedade familiar.
Aboliu a justiça familiar;
A cidade tem a competência de decidir e manter a paz.
Grécia
A lei positiva – o centro do debate filosófico
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Leis de Sólon (594-3 a. C.)
Seguem a grande revolta contra a concentração de renda;
As reformas limitam o poder paterno;
As mulheres continuam sob a tutela dos pais e maridos, mas têm uma grande liberdade de ir e vir;
Os thetes (mais pobres dos homens livres) assumem assento e voz na assembléia legislativa;
Cria o tribunal dos Heliastas e respectivos dicastérios, o Conselho dos 500.
Os gregos promoveram o debate e a reflexão sobre o justo e sobre a justiça, o que foi além do debate sobre as normas.
Roma
Do período arcaico à idade clássica
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Desaparece a figura do rei e as magistraturas passam a ser anuais. 
O Senado é vitalício
O senado era o conselho dos anciãos e responsável pela ligação da cidade com a sua história, sua vida, sua autoridade.
Em casos especiais respondia a consultas e opinava sobre os negócios.
Só no Principado o senado poderá ser equiparado à lei.
Roma
Do período arcaico à idade clássica:
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 As assembleias tinham uma função “legislativa”.
Na República eram três
comitia centuriata, comitia tributa e o concilium plebis.
As decisões das duas primeiras podiam se transformar em lex, as da última em princípio.
A última brigava apenas a plebe e eram conhecidas como plebis scita.
As magistraturas
eram cargos eletivos para funções determinadas, com prazo de um ano. 
Roma
Do período arcaico à idade clássica:
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Magistraturas
cônsules, censores, questores, pretores, os ditadores.
Pretores
Urbano: Relação entre romanos;
Peregrino: Relação entre estrangeiros.
Pontífices
sacerdotes-funcionários autorizados a usar as fórmulas legais e interpretá-las.
Roma
Do período arcaico à idade clássica
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Lei das XII Tábuas
Redigidas no período republicano (aproximadamente 450 a. C.).
Foi uma conquista dos plebeus.
Reduz a escrito as disposições e mandamentos que antes eram guardados pelos patrícios e pontífices.
Pode-se dizer que foi uma coletânea e não um código.
Por ser escrita,
tornou o direito público acessível a quem pudesse ler. 
Roma
Do período arcaico à idade clássica
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Perfil do direito romano arcaico
Só se aplica aos romanos, cidadãos, descendentes dos quirites.
Ius civile - direito dos cidadãos.
Os não romanos ficam excluídos do âmbito de validade das regras de propriedade (quiritária), do casamento e de família do ius civile. 
O direito arcaico era repleto de fórmulas
Roma
O processo formular e o período clássico
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O processo formular é o ambiente próprio do desenvolvimento da jurisprudência clássica.
Criado pela Lex Aebutia (149-126 a.C.)
redefinido pela Lex Iulia (17 a.C.). 
Personagem central
Os pretores urbano e o peregrino, que remetiam o julgamento a um juiz ou árbitro privado. 
Roma
O processo formular e o período clássico
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Dividido em duas fases
1) in iure - ocorre perante o pretor.
Sua função é organizar a controvérsia, transformando o conflito real num conflito judicial (administra a justiça e não julga);
2) apud iudicem, ou in iudicium
A controvérsia desenvolve-se perante um juiz ou árbitro. 
O direito pretoriano foi visava corroborar, suprir ou corrigir o direito civil.
Seu poder de magistrados permitia-lhes promulgar anualmente a sua “política” no exercício do cargo por meio do editio.
Roma
O processo formular e o período clássico
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Editio
Nele os pretores detalham, corrigem e suprem o direito civil, tem em vista as mudanças nas condições da vida da cidade.
Aceitam as fórmulas do ius quiritium e criam outras novas fórmulas (hipóteses que serão verificadas por um juiz).
Não era um código, mas uma proclamação verbal da tribuna (sua redução a escrito era simples memória).
Só com a Lex Cornelia (67 a. C) o pretor ficou obrigado pelo seu próprio edito, que poderia ser invocado como se fosse lei.
Roma
Cognitio extra ordinem
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terceira fase do direito romano
Dominada por mudanças sociais e políticas
Surge ao lado do processo, mas sem substituí-lo, inicialmente
Desaparece a divisão de tarefas entre pretor e juiz.
Valorizam-se os juristas
 centralizam-se os poderes de julgamento em um único órgão e tem-se a novidade do recurso ou apelação. 
Roma
Pretores e Juristas
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Séc. IV a.C
total laicização da jurisprudência, o que não significa democratização.
Os juristas formam uma categoria aristocrática
são notáveis, fidalgos.
prestavam serviços à cidade porque preservavam a tradição, mas prestavam-no dando conselhos.
Não advogam no foro. 
O que os juristas fazem é uma honra, uma dignidade.
Sua remuneração não era dinheiro, mas influência, prestígio e popularidade.
Roma
Pretores e Juristas
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Durante o Principado
acontece a harmonia entre juristas e imperador. 
Durante o Dominato
o jurista independente perdeu o seu lugar
O papel da legislação imperial é crescente e o dos juristas deixa de ser somente o de dar conselhos aos pretores, juízes e às partes para ser especialmente assessorar o príncipe ou imperador.
Roma
As fontes
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As leis eram normas votadas nas assembléias, gerais e propostas pelos magistrados superiores;
Os atos do imperador são constituições.
São edicta (editos) quando contêm disposições de ordem geral para o império;
são decreta os julgamentos, decisões ou sentenças, que constituíam precedentes a serem observados nos casos semelhantes;
são rescripta as respostas a consultas feitas por magistrados em casos fiscais, dirigidas a governadores de províncias, funcionários.
Por tais meios o imperador criava direito novo.
Roma
Juristas e filosofia
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A filosofia grega participa, de alguma forma, do pensamento jurídico romano.
Roma
O direito privado romano – casa e família
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O direito privado é um sistema de regras pelo qual se mantém unida a família como unidade produtiva.
As regras de sucessão determinam quem se torna o chefe da família e com que meios.
As regras do matrimônio determinam como se unem e separam patrimônios e como se acrescem.
O direito de propriedade é uma espécie também de jurisdição, de poder de comandar as coisas e as pessoas da família. 
Roma
O direito privado romano – casa e família
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O sujeito por excelência do direito romano é o pai de família
capaz de deter propriedade, realizar negócios, dar unidade de ação a este complexo produtivo que é a casa (podia aceitar ou abandonar os filhos e, também, adotar). 
Casamento podia ser de duas formas
cum manu – a mulher sob o poder da família de seu marido
sine manu – a mulher não estava sob o poder da família de seu marido.
Efeito do casamento
gerar filhos legítimos.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História: lições introdutórias. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2008
HISTÓRIA E DIREITO
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