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Genotoxicidade das águas do Rio Caçador, Seara - SC

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1 
 
UNIVERSIDADE DO CONTESTADO - UNC 
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
 
SUELEN GABIATTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
GENOTOXICIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CAÇADOR, SEARA - SANTA CATARINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCÓRDIA 
2014 
 
2 
 
SUELEN GABIATTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GENOTOXICIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CAÇADOR, SEARA - SANTA CATARINA 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
exigência de obtenção de nota na Disciplina de TCC II, 
ministrada pela Universidade do Contestado – Campus 
de Concórdia, sob orientação da professora MSc. Celí 
Teresinha Araldi Favassa e coorientação da professora 
Dra Neide Armiliato. 
 
 
 
 
 
CONCÓRDIA 
2014 
 
 
3 
 
GENOTOXICIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CAÇADOR, SEARA – SANTA 
CATARINA 
 
 
SUELEN GABIATTI 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação 
para a obtenção do Título de: 
 
Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas 
 
E aprovado na sua versão final em ___________________ (data), atendendo 
às normas de legislação vigentes da Universidade do Contestado e 
Coordenação do Curso de Ciências Biológicas. 
 
_____________________________________ 
Jonatas Alves - Coordenador do Curso 
 
Avaliadores: 
 
______________________________________________ 
Celí T. Araldi Favassa – Orientadora 
 
_______________________________________________ 
Neide Armiliato – Co-orientadora 
 
_______________________________________________ 
Adriana Ibelli – Membro da Banca 
 
_______________________________________________ 
Aline Schuck – Membro da Banca 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, principalmente aos meus pais Olirio e 
Anete, que sempre me incentivaram e me apoiaram nesta longa e difícil 
caminhada. 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente à Deus, pela minha vida e por ter me dado sabedoria 
e força para superar as dificuldades. 
Aos meus pais, Olirio e Anete, pelo amor incondicional, pela educação que me 
deram, pelo apoio e pelo incentivo. 
Às minhas melhores amigas Chana e Joice, por tornarem estes quatro anos 
mais alegres e pelas palavras de conforto nos momentos difíceis, e à Amanda, 
que mesmo longe nossa amizade continuou a mesma e sempre me deu 
suporte e estendeu a mão quando precisei. 
Aos colegas de coleta, pela companhia, pela ajuda em campo e pela diversão. 
À todos os colegas de turma pela convivência e pelas experiências adquiridas. 
À minha orientadora, professora Msc. Celí Teresinha Araldi Favassa e à minha 
co-orientadora, professora Drª Neide Armiliato, pelos ensinamentos, pela 
paciência e pelo tempo dedicado à esta pesquisa. 
Ao professor e coordenador de curso Jonatas Alves, pela ajuda na estatística 
do trabalho. 
À todos os meus professores, pelo conhecimento passado durante o curso. 
À Rosângela, pelo auxílio e preocupação nos dias de saída a campo. 
À Prefeitura de Seara, por permitir a execução desta pesquisa. 
À Universidade do Contestado pelas portas que me abriram. 
Enfim, à todos aqueles que direta e indiretamente fizeram parte da minha 
formação, deixo о meu muito obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim 
pelas dificuldades que superou no caminho.” 
 (ABRAHAM LINCOLN) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus 
próprios pensamentos. 
A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.” 
(LUIS FERNANDO VERÍSSIMO) 
 
7 
 
RESUMO 
 
GABIATTI, Suelen. Genotoxicidade das águas do Rio Caçador, Seara, 
Santa Catarina. Concórdia: Universidade do Contestado- UnC, 2014 – 
(Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Ciências Biológicas). 54 p. 
 
Substâncias químicas são lançadas diariamente no ambiente e muitas delas 
têm a capacidade de afetar o material genético de seres vivos provocando 
mutações. O teste de micronúcleos permite detectar substâncias genotóxicas 
no ambiente. O objetivo deste trabalho foi verificar o índice de genotoxicidade 
das águas do Rio Caçador, Seara-SC, através de micronúcleos em eritrócitos 
de Astyanax sp. Ao longo do rio foram estabelecidos cinco pontos de coleta e 
realizadas quatro coletas sazonais, entre os meses de março e setembro de 
2014. Para a verificação de células com micronúcleos foram confeccionados 
dois esfregaços por indivíduo coletado, fixados por metanol absoluto e corados 
com Giemsa 5%. Em cada lâmina foram analisados mil eritrócitos com 
microscopia óptica, no aumento de 1000X, para a contagem dos micronúcleos. 
A comparação entre as estações do ano demonstrou que houve diferença 
significativa no número médio de micronúcleos entre as estações do verão 
(13,9 ± 10,03), outono (5 ± 4,02) e primavera (3,62 ± 1,68). A análise estatística 
entre os pontos de coleta provou que não houve diferença estatisticamente 
significativa (p > 0,05). Comparando cada ponto de coleta com o grupo controle 
houve uma diferença estatística significativa entre o ponto 1 e o controle e 
entre o ponto 5 e o grupo controle (p = 0,000082 e p = 0,001816, 
respectivamente), o ponto 2 não apresentou uma diferença estatística 
significativa. Os dados comparativos entre as quatro coletas realizadas com o 
grupo controle, demonstraram que a diferença estatística mais significativa 
ocorreu entre o verão em relação ao grupo controle (p = 0,000000). Nos pontos 
3 e 4, não foi coletado nenhum indivíduo, o que leva a supor uma maior taxa de 
poluição nestes pontos amostrados. Os resultados obtidos com esta pesquisa 
sugerem a presença de substâncias genotóxicas nas águas do Rio Caçador, 
no município de Seara – SC e serve de alerta no que diz respeito a poluição e 
concentração destes tipos de poluentes no ecossistema aquático. 
Palavras-chave: Genotoxicidade, Rio Caçador, micronúcleos, Astyanax sp. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
GABIATTI, Suelen. Genotoxicity of the Waters of the Caçador River, Seara, 
Santa Catarina. Concórdia: University of Contestado - UnC, 2014 – (Work 
Course Conclusion – Course of Biological Sciences). 54 p. 
 
Chemicals are released daily in the environment and many have the ability to 
affect the genetic material of living organisms causing mutations. The 
micronucleus test allows detection of genotoxic substances in the environment. 
The objective of this study was to determine the genotoxicity index of waters 
from the Caçador River, Seara - SC, through micronucleus in erythrocytes of 
Astyanax spp. Along the river, five points sampling were established and four 
seasonal collections, between March and September 2014 were conducted. For 
the verification of micronucleus in cells, we made two smears per animal 
collected, fixed by absolute methanol and stained with Giemsa 5%. In each 
slide a thousand erythrocytes were analyzed by optical microscope in the 1000x 
magnification, for micronucleus counting. The comparison between the seasons 
showed a significant difference in the mean number of micronucleus between 
summer (13,9 ± 10,03), autumn (5 ± 4,02) and spring (3,62 ± 1,68). Statistical 
analysis between the sampling points proved that there was no statistically 
significant difference (p> 0,05). Comparing each sampling point and the 
negative control was statisticallysignificant difference between point 1 and the 
negative control and between the 5 point and the control (p = 0,000082 e p = 
0,001816, respectively). The point 2 did not show a statistically significant 
difference. The comparison between the four samples with the negative control 
showed that the most significant statistical difference occurred between the 
summer in comparison to the negative control (p = 0,000000). In Sections 3 and 
4, no animal was collected. Then, we suggest a higher rate of pollution in these 
sample points. The results of this research suggest the presence of genotoxic 
substances in the waters of the Caçador River, in Seara city - SC and serves as 
a warning regarding pollution and concentration of these types of pollutants in 
the aquatic ecosystem. 
Keywords: Genotoxicity, Caçador River, micronucleus, Astyanax sp. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 – Mapa da Sub-bacia Hidrográfica do Rio Caçador............................25 
Figura 2 – Pontos de coleta no Rio Caçador, Seara - SC.................................27 
Figura 3 – Eritrócito de Astyanax spp. micronucleado 
(seta)..................................................................................................................31 
Gráfico 1 - Variação sazonal da média de micronúcleos observados em 
eritrócitos de Astyanax spp capturados no rio Caçador, município de Seara -
SC......................................................................................................................33 
Gráfico 2 – Variação da média de micronúcleos nos pontos analisados..........34 
Gráfico 3 – Resultados da ANOVA para grupo experimental e grupo 
controle..............................................................................................................36 
Gráfico 4 – Resultado da comparação sazonal do número médio de 
micronúcleos com o grupo controle...........................................................................37 
Gráfico 5 – Análise de variância para comparação entre número médio de 
micronúcleos dos pontos de coleta com grupo controle....................................39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................11 
1.1 OBJETIVO...................................................................................................15 
1.1.1 Objetivos específicos................................................................................15 
2 REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................16 
2.1 POLUIÇÃO AQUÁTICA...............................................................................16 
2.2 MUTAGÊNESE............................................................................................18 
2.3 GENOTOXICIDADE....................................................................................19 
2.4 BIOINDICADORES......................................................................................20 
2.5 TESTE DE MICRONÚCLEOS.....................................................................22 
3 MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................24 
3.1 ÁREA DE ESTUDO.....................................................................................24 
3.1.2 Pontos de coleta.......................................................................................26 
3.2 MODELO BIOLÓGICO DE ESTUDO..........................................................28 
3.3 COLETA DAS AMOSTRAS.........................................................................28 
3.4 ANÁLISE DE MICRONÚCLEOS.................................................................30 
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA..............................................................................31 
3.6 ASPECTOS ÉTICOS...................................................................................31 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................32 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................41 
REFERÊNCIAS.................................................................................................42 
ANEXOS............................................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A água é um importante recurso natural, responsável por manter o 
equilíbrio dos ecossistemas, e por desempenhar funções como o 
abastecimento para o consumo humano e animal, porém este recurso vem 
sofrendo muitas intervenções. Knie e Lopes (2004) afirmam que o uso 
excessivo e errôneo da água leva a poluição dos recursos hídricos, e isso já 
tem causado a escassez da água de qualidade em diversas partes do mundo. 
Sabe-se que a água cobre cerca de 70% do nosso planeta, mas, apesar 
deste recurso corresponder a maior parte da Terra, é distribuída de forma 
desigual entre as regiões. Destes 70%, cerca de 2,5% são doces, as quais 
estão distribuídas entre as calotas polares, aquíferos, reservatórios, rios e 
lagos. Desta forma aproximadamente 1% dela está disponível e em condições 
para consumo. A necessidade por água de qualidade cresce junto com a 
população, por este motivo a contaminação da água vem se tornando cada vez 
mais preocupante, principalmente nas grandes cidades. Nestas áreas os rios 
têm servido de local de descarte dos esgotos urbanos, efluentes industriais e 
de lixo, e em algumas partes o ambiente já está incapacitado de degradar os 
contaminantes e recuperar o equilíbrio natural. Todavia o fornecimento de água 
é bem mais que necessário e também um grande desafio para a humanidade e 
um, já que o abastecimento adequado reduziria em 75% as taxas de 
mortalidade e enfermidades da população (HIRATA, 2001). 
Outra atividade potencialmente poluidora dos cursos d’água é a agricultura 
que sempre foi vista como um trabalho desafiador. Faria et al (2007) 
consideram o trabalho no campo como sendo um dos mais perigosos, pois 
além dos riscos ocupacionais, há os problemas que os agrotóxicos trazem 
tanto para a própria saúde do agricultor, como para o meio ambiente. 
Em determinados locais este problema é intensificado. A Região Sul é 
conhecida por sua intensa atividade agrícola e por consequência a intensa 
utilização de agrotóxicos nas plantações. No oeste do estado de Santa 
12 
 
Catarina, a agricultura é a atividade econômica predominante, tendo destaque 
as culturas de milho e soja, importantes para à pecuária e a criação de suínos 
e aves. Nos últimos anos o incremento da produtividade agrícola nesta região 
pode estar relacionado ao aumento da utilização de agrotóxicos 
(BAVARESCO, 2006) 
O uso excessivo de agrotóxico implica na contaminação dos alimentos e 
também do solo, água e ar por se dispersar facilmente, causando problemas 
ambientais e de saúde pública. Quanto à água, a agricultura é vista como a 
maior contribuinte para poluição (KRÜGER, 2009) e além disso, sua qualidade 
para utilização humana também corresponde àquela necessária para a 
conservação dos organismos aquáticos. Hoje se sabe que agentes químicos 
derramados nos corpos d’água podem interagir entre si e causar efeitos de 
maior intensidade do que aqueles que agem isoladamente (BERTOLETTI, 
2012). 
Toda substância, presente no solo, ar e água possui características 
químicas e físicas que causam efeitos variados quando em contato com seres 
vivos. Segundo Erdtmann (2003) a genotoxicidade estuda as alterações no 
material genético provocadas por agentes externos, sejam elas estruturalou 
funcional. Quando estas alterações permanecem são chamadas de mutações. 
As mutações podem ser benéficas, pois são responsáveis pela variabilidade 
genética de uma população, ou podem ser maléficas, causando doenças. Para 
Ribeiro e Marques (2003) essas alterações no código genético, ou seja, as 
mutações podem ser aceleradas ou o aparecimento pode aumentar devido à 
ação dos agentes mutagênicos, como bactérias e substâncias químicas, as 
quais podem provocar a formação de neoplasias. 
Entre as alterações que podem surgir no DNA está a formação de 
micronúcleos. Os micronúcleos são pequenas moléculas constituídas por 
material cromossômico, ou seja, micronúcleos são núcleos secundários que 
representam parte do material genético perdido pelo núcleo principal que 
interferem na ligação do cromossomo as fibras do fuso e que possam induzir a 
perda de DNA (VILLELA et al, 2003). 
13 
 
Muitas das substâncias químicas danosas, tanto produzidas pelo ser 
humano quanto de origem natural são liberadas diariamente para o ambiente. 
O interesse por biomonitorar ecossistemas aquáticos tem crescido muito, 
sendo uma tarefa complicada que apresenta muitos obstáculos apesar dos 
métodos disponíveis. Os testes utilizando sistemas biológicos e organismos 
expostos facilitam muito o trabalho de identificar poluentes que causam danos 
à saúde humana e também ao meio ambiente (SILVA; HEUSER; ANDRADE, 
2003). 
Monitoramento biológico significa obter medidas utilizando organismos 
biológicos como um todo ou um determinado tecido ou órgão. Para realização 
de um biomonitoramento existem três situações: a primeira são as razões que 
levam a acreditar que espécies nativas estão sendo ameaçadas, a segunda é 
quando há riscos para a saúde humana quanto ao consumo destas espécies 
ameaçadas e quando há necessidade de conhecer a qualidade do ambiente 
estudado (SILVA; HEUSER; ANDRADE, 2003). 
Segundo Ramsdorf (2007), o uso de bioensaios permite ao pesquisador 
estudar agentes tóxicos isolados ou associados, diminuindo seu efeito sobre o 
ambiente. Os resultados de testes podem fornecer muitos dados que servem 
como base para ajudar a entender os fatores que interferem na saúde ou nas 
condições do ambiente. 
A utilização de peixes para analisar a presença de agentes genotóxicos em 
ambientes aquáticos é explicada pelo fato de que estes organismos participam 
de vários níveis da cadeia trófica e são considerados bioindicadores. Os peixes 
são geralmente usados como organismos sentinela por possuírem grande 
importância na cadeia trófica, acumulando substancias tóxicas e respondendo 
a baixas concentrações de moléculas mutagênicas (ÇAVAŞ e ERGENE-
GÖZÜKARA, 2005). Assim, o uso de peixes como indicador da ação tóxica de 
certos compostos é de grande importância, permitindo a detecção de 
problemas aquáticos (VAN DER OOST et al, 2003). Além disso, peixes e 
invertebrados aquáticos podem acumular substâncias tóxicas em 
concentrações muito maiores do que as da água, uma vez que esses 
14 
 
compostos podem se ligar à matéria orgânica que é ingerida por esses animais 
(NIMMO, 1985). 
A localização estratégica e a utilização do Rio Caçador para o 
abastecimento de água de Seara e região justificam a importância de 
desenvolver trabalhos deste tipo, já que não se tem pesquisas a respeito de 
genotoxicidade neste rio. Conhecer os tipos agentes genotóxicos e seus efeitos 
pode evitar sérios problemas de saúde pública e desequilíbrio ambiental e 
inclusive é importante para tomar as medidas necessárias para a preservação 
das suas águas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
1.1 OBJETIVO 
 
Avaliar o índice de genotoxicidade das águas do Rio Caçador, no município 
de Seara – SC, através de micronúcleos em eritrócitos de peixes do gênero 
Astyanax spp.. 
 
1.1.1 Objetivos específicos 
 
 Verificar frequência de micronúcleos em hemácias de Astyanax spp. no 
grupo controle e nos pontos de coleta do Rio Caçador. 
 Comparar a frequência de micronúcleos no grupo controle com os 
pontos de coleta do Rio Caçador. 
 Comparar os resultados obtidos nesta pesquisa com pesquisas 
anteriores desenvolvidas em outros ecossistemas aquáticos da região. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 POLUIÇÃO AQUÁTICA 
 
As condições ambientais que encontramos hoje estão em constante 
mudança. Segundo Lemos e Terra (2003) nosso planeta há bilhões de anos 
atrás era muito diferente do que se encontra hoje. As condições do início dos 
tempos permitiram o surgimento da vida e evolução dela, onde os seres 
existentes modificaram o ambiente pouco a pouco para sua adaptação e 
sobrevivência. Mas estas modificações naturais vêm sendo aceleradas ou 
desviadas de seu rumo por conta da interferência humana, causando poluição 
e degradação do hábitat. 
A formação de grandes centros urbanos e a crescente necessidade de 
água para suprir as necessidades, faz com que cada vez mais as atividades 
humanas dependam da disponibilidade e da qualidade de águas continentais 
(LEMOS; TERRA, 2003). Estas atividades ainda podem liberar muitas 
substâncias tóxicas que podem atingir o ambiente aquático. Pode ser uma 
liberação não intencional, como é o caso de derramamentos, ou até mesmo 
intencional, como a liberação de efluentes industriais sem tratamento 
(PEDROZO; KUNO, 2008). 
Por poluição pode-se entender como a alteração das características de um 
ambiente tornando-o inviável para que os organismos presentes realizem as 
funções básicas que os mantêm vivos. As fontes de poluição podem ser 
classificadas de muitas formas, como sua origem, principais componentes, 
propriedades e efeitos que causam nas populações expostas (LEMOS; 
TERRA, 2003). 
Podem-se encontrar substâncias prejudiciais ao ambiente em todo lugar. 
Qualquer processo, natural ou antropogênico, libera material químico para o 
meio ambiente. O esgoto está entre as maiores fontes poluidoras deste meio. 
Nos esgotos lançados nas águas superficiais podem conter tanto rejeitos 
domésticos como industriais. Fezes, urina, sabão, papel, metais e outras 
substâncias orgânicas podem ser encontradas nessa fonte (PEDROZO; KUNO, 
2008). 
17 
 
Frente à isso, o interesse de cientistas e pesquisadores na detecção de 
agentes tóxicos responsáveis por causar danos aos ecossistemas e à saúde 
humana tem crescido muito nas últimas três décadas. O crescimento da 
população e de suas atividades relacionadas à agricultura, industrialização e 
comércio tem contribuído muito para a depreciação da biodiversidade e 
variabilidade genética, tendo como efeito a extinção de espécies (SILVA; 
FONSECA, 2003). 
O sucesso evolutivo de uma população depende dentre outros fatores dos 
efeitos que um agente tóxico pode causar no ecossistema onde está inserido. 
Alguns organismos possuem mecanismos de defesa que conferem resistência 
à determinados contaminantes e os enfrentam como processos de seleção 
natural. Como são resistentes, passarão esta característica adiante, mas se 
ultrapassar os limites de determinada espécie (LEMOS; TERRA, 2003) pode 
originar mutações pontuais ou cromossômicas (PFEIFFER et al, 1996 apud 
LEMOS, 2011), as quais podem ser letais. 
A toxicologia ambiental vem investigando a relação que há entre 
ambiente/agentes e seus efeitos nas populações e ecossistemas expostos, 
envolvendo assuntos como problemas reprodutivos, declínios populacionais, 
toxicidade aguda e a disposição dos contaminantes na cadeia trófica (SILVA; 
FONSECA, 2003). 
Para estes estudos ecotoxicológicos o ambiente aquático apresenta uma 
complexa interaçãode componentes físicos, químicos e biológicos que 
necessitam de um entendimento do relacionamento destes componentes para 
compreender a resposta de substâncias contaminantes (LEMOS; TERRA, 
2003) 
Substâncias químicas podem ser encontradas em diversas formas no 
ambiente. De acordo com Pedrozo e Kuno (2008), elas podem se encontrar em 
suspensão, que pode estar na forma de gotículas ou de partículas, ou em 
solução que podem estar dissolvidos ou adsorvidos a estas gotículas ou 
partículas em suspensão. 
Há contaminantes que merecem mais atenção, como substâncias 
inorgânicas e orgânicas, dando ênfase aos metais pesados e hidrocarbonetos 
cíclicos aromáticos, respectivamente. Até a atualidade se conhece seus efeitos 
18 
 
isoladamente, mas deve-se levar em conta que é possível que ocorram 
misturas complexas, onde os efeitos provocados podem ser ainda mais graves 
(LEMOS, 2011), sendo necessário o desenvolvimento de pesquisas de mais 
específicas. 
 
2.2 MUTAGÊNESE 
 
Mutagênese é o nome dado para o processo em que ocorre uma mutação. 
Para que um organismo se torne mutante é necessário que ocorra uma 
alteração na molécula de DNA e estas alterações podem ser resultado de 
vários mecanismos. Entre eles, pode-se citar substituição de bases, deleções 
ou adições durante a replicação ou são resultados da ação de substâncias e 
agentes ambientais (MALACINSKI, 2005). 
Uma mutação pode ocorrer em um pequeno par de bases nitrogenadas ou 
até em cromossomos inteiros, divididas em micro-lesões e lesões pontuais, e 
as macro-lesões, incluem deleções e translocações cromossômicas e 
ampliação de extensões de DNA (MACHADO-SANTELLI; SIVIERO, 2008). 
Para muitas pessoas, e até mesmo para alguns cientistas e técnicos a 
mutação é vista como algo negativo e pesquisadores até desenvolvem 
procedimentos para poder evita-la. Mas a mutação é algo que faz parte da 
vida. Sem mutação a vida não seria possível. Através dela é que ocorre a 
variabilidade de espécies e também possibilita a adaptação ao seu ambiente 
físico e biológico e consequentemente permite a evolução. Porém, a mutação 
ocorre aleatoriamente a nível molecular e não “se sabe” o que e como está 
acontecendo. É às cegas. Dessa maneira, pela seleção natural apenas os mais 
adaptados sobrevivem. Portanto mutação é um processo desagregador. Ocorre 
de maneira desorganizada que pode favorecer uma espécie, mas também 
pode ser prejudicial, levando um indivíduo a morte (ERDTMANN, 2003). 
Todos os organismos sofrem mutação, isso é o resultado do funcionamento 
normal das células em função de sua interação com o ambiente. Sendo assim, 
mutação é qualquer alteração súbita no material genético (MACHADO-
SANTELLI; SIVIERO, 2008). Se não for letal para a célula, esta mutação pode 
se propagar pelo organismo, dando origem a uma mutação somática e pode 
19 
 
ser transmitida para as próximas gerações, sendo chamada de mutação 
germinal (LARINI, 1999). 
As modificações podem aparecer como consequência da ação de um fator 
externo, já que todos os seres vivos estão constantemente expostos a agentes 
tóxicos. De acordo com Burns e Bottino (1991), toda mutação que ocorre em 
resposta a um agente externo é chamada de mutação induzida. Estes agentes 
podem ser de origem física, como a radiação ionizante, e de origem biológica. 
Quanto a agentes mutagênicos ambientais existe grande variedade de 
substâncias presentes no ar e na água capazes de provocar mutações no DNA 
e que podem ser carcinogênicas. Malacinski (2005) explica também que há 
organismos mutantes que só exibem o fenótipo quando estão sob 
determinadas condições. Estas mutações são chamadas de mutações 
condicionais. 
Quando as mutações são à nível estrutural, os danos que podem ocorrer no 
material genético podem ir desde alterações cromossômicas até a morte das 
células. Quebras de cromossomos podem ocorrer de forma natural, o que pode 
ser um resultado de qualquer consequência celular. O resultado mais simples 
de uma quebra é a perda de uma parte do cromossomo, que é chamada de 
deleção (BURNS; BOTTINO, 1991). 
 
2.3 GENOTOXICIDADE 
 
A genotoxicidade é uma área que estuda as alterações que ocorrem na 
base genética de todo organismo vivo, tanto em sua estrutura físico-química, 
como no DNA ou na alteração do determinismo genético a nível celular e 
orgânico. A genotoxicidade também pode ser chamada de genética 
toxicológica, pois se situa entre a toxicologia e a genética (ERDTMANN, 2003). 
A expressão da toxicidade de uma substância depende da sua exposição e 
do seu comportamento em um organismo, relacionados com as formas de 
transporte e da sua interação com os órgãos envolvidos. Deve-se ainda 
considerar a dimensão, o tempo e a frequência com que este organismo é 
exposto a substância, a forma como é introduzido e a suscetibilidade dos 
sistemas biológicos (PEDROZO; KUNO, 2008). 
20 
 
Brilhante (2004) estima que todo o ano, cerca de mil produtos químicos 
novos são introduzidos para comercialização ou na produção industrial, as 
quais mais de metade são tóxicas ou apresentam algum risco para a saúde. E 
para a outra parte não se tem conhecimento suficiente sobre sua toxicidade. 
Em humanos, os efeitos tóxicos podem ser leves, como uma irritação nos 
olhos, ou até algo mais sério, causando problemas nos sistemas orgânicos, 
levando a cirrose ou câncer. Entre os poluentes de origem antropogênica mais 
comuns, então os herbicidas, inseticidas, fungicidas, íons orgânicos, solventes 
orgânicos, substâncias radioativas e produtos farmacêuticos (GUARATINI et al, 
2008). 
Os mecanismos de ação dos organismos bioindicadores dependem do tipo 
de agente tóxico ao qual foi exposto. Primeiramente depende de o agente 
alcançar o sítio de ação. A absorção, a distribuição para o sitio alvo e a 
biotransformação são fatores que facilitam a chegada do agente tóxico ao sitio 
de ação. Assim a interação das moléculas com a substância se dá por 
diferentes reações que dependem das características do agente químico e do 
sítio de ação (OGA; MARCOURAKIS; FARSKY, 2008). 
Porém, faz-se necessário ainda entender a relação entre dose-resposta dos 
xenoquímicos. Entendendo as características dessa relação fica mais fácil 
entender quais os riscos que causam para os organismos. Se conhecer o 
espectro de doses consideradas inofensivas e como se comportam as 
substâncias em um organismo, se torna mais fácil prevenir a exposições que 
podem prejudicar e desencadear problemas de efeitos deletérios nos 
organismos (CALDAS, 2004). 
 
2.4 BIOINDICADORES 
 
A contaminação do ambiente hoje é um problema que atinge a todos e que 
necessita de pesquisas para avaliar seus efeitos sobre os ecossistemas. Estas 
pesquisas não só procuram explicar as consequências das atividades 
antropogênicas, mas também auxiliam no entendimento de mudanças que 
ocorrem no próprio organismo biológico (VELHO, 2011). Segundo Knie e Lopes 
(2004), a qualidade da água pode ser medida de duas formas: uma é a análise 
21 
 
química e outra é a análise biológica. Esta última qualifica os efeitos que as 
substâncias presentes na água causam nos sistemas orgânicos. 
A capacidade de indivíduos de se adaptar, sinalizar e responder às 
variáveis ambientais é uma característica que está presente em todos os 
organismos, pois é importante para a manutenção de processos vitais, durante 
condições ambientais desfavoráveis. A resposta a poluentes é uma maneira de 
proteção, prevenindo ou diminuindo a interação com o agente tóxico 
(GUARATINI et al, 2008). 
Indicador biológico é aquele que evidencia uma alteração num sistema ou 
amostra biológica. A variável que manifesta um indicador podeser desde uma 
modificação molecular até celular, ou ainda uma doença até mesmo a morte do 
organismo (ROSA, SIQUEIRA; COLACIOPPO, 2008). A relação destes 
indicadores com os mecanismos de genes associados à neoplasias tem 
destacado a importância dos testes genotóxicos (RIBEIRO; MARQUES, 2003). 
Os bioindicadores são definidos como uma resposta biológica a um ou a 
vários compostos químicos que fornecem dados sobre os efeitos tóxicos em 
vários níveis. A escolha de um bioindicador contempla a análise de alguns 
aspectos como o organismo que será utilizado, a correlação das respostas em 
função da concentração dos agentes tóxicos, e a facilidade de medida das 
respostas (GUARATINI et al, 2008). 
Os toxicologistas têm estudado muito os mecanismos da toxicidade e 
dosagem dos níveis de contaminantes nos tecidos de organismos e em 
amostras ambientais (SILVA; FONSECA, 2003), pois alguns bioindicadores 
podem auxiliar na detecção precoce de uma doença que pode ser causada por 
determinado xenobiótico, pois seus níveis aumentam conforme a intensidade 
da exposição (ROSA, SIQUEIRA; COLACIOPPO, 2008). 
De acordo com Knie e Lopes (2004) sistemas biológicos podem 
responder a concentrações de substâncias abaixo dos níveis de detecção por 
análises químicas. Além disso, podem reagir às substâncias novas na água 
através da combinação destas. Desta forma, bioensaios permitem uma 
avaliação segura da toxicidade do ambiente estudado, fornecendo informações 
do risco que apresenta ao ambiente e até mesmo para os seres vivos. 
22 
 
 Um bom indicador depende da velocidade de absorção, 
biotransformação e da excreção. Entre outros fatores, o tempo de amostragem 
é o que deve ser mais considerado. A falta de conservação da amostra e a 
coleta em recipiente inadequado também podem gerar erro. As amostras mais 
utilizadas são o sangue, a urina e ar expirado. (ROSA; SIQUEIRA; 
COLACIOPPO, 2008). 
A utilização de peixes como organismos modelos tem muitas vantagens, 
entre elas a facilidade com que os teleósteos têm de ser mantidos em 
laboratório e expostos à agentes xenobióticos. Os peixes respondem a 
contaminantes tóxicos por isso são usados para investigar substâncias 
químicas que podem causar efeitos teratogênicos e carcinogênicos no ser 
humano (SILVA; HEUSER; ANDRADE, 2003). 
 
2.5 TESTE DE MICRONÚCLEOS 
 
Testes citogenéticos podem ser usados para investigar a exposição de 
uma população aos agentes contaminantes ambientais e ocupacionais e em 
casos de radiação ionizante, pode-se calcular a dose de cada indivíduo. 
Atualmente várias técnicas estão à disposição do pesquisador para realizar tais 
estudos, dentre elas, o teste de micronúcleos (MALUF; ERDTMANN, 2003). 
O micronúcleo (MN) se assemelha muito com o núcleo original em 
forma, estrutura, tamanho e coloração. Este resulta da perda de pedaços de 
cromossomos, que podem ser induzidos por agentes que danificam o 
cromossomo ou por agentes que causam algum tipo de dano no fuso mitótico 
(MALUF; ERDTMANN, 2003). Também podem ser formados de cromossomos 
inteiros, neste caso o micronúcleo irá ficar com o centrômero do cromossomo 
que pode ser detectado facilmente com sondas especificas (RIBEIRO, 2003). 
Os micronúcleos podem ser uma prévia de que há aberração 
cromossômica. Ele começa a aparecer no final da primeira divisão mitótica, 
mas outros micronúcleos podem se formar nas próximas divisões. Dessa 
maneira, para que seja possível visualizar um micronúcleo, a célula deve 
passar por pelo menos um ciclo mitótico. Os micronúcleos existentes em 
23 
 
células somáticas indicam que há danos no fuso mitótico (MALUF; 
ERDTMANN, 2003). 
O teste de micronúcleos consiste em observar as células que sofreram 
algum tipo de alteração na distribuição ou quebra das cromátides. No momento 
da migração dos cromossomos, fragmentos ou mesmo cromossomos inteiros, 
não acompanham este movimento para os polos da célula. Ao término da 
telófase, estes pedaços são excluídos dos núcleos das células filhas, formando 
então um ou vários micronúcleos na nova célula (LEDEBUR E SCHMID, 1973 
apud SILVA E NEPOMUCENO, 2010). 
Segundo Silva e Nepomuceno (2010) “o teste do micronúcleo possibilita a 
detecção de efeitos genotóxicos provocados por vários agentes químicos e 
físicos, podendo ser utilizado para avaliação das condições ambientais.” Para 
Flores e Yamaguchi (2008), a metodologia do teste é simples e fácil, mas para 
fornecer resultados confiáveis e de qualidade, é necessário estabelecer alguns 
pré-requisitos, como o protocolo de tratamento dos animais e a forma de coleta 
e cultura das células. 
Este teste é o ensaio in vivo, mais utilizado para detectar agentes 
clatogênicos e aneugênicos, e faz parte da bateria de testes utilizados para 
avaliar o potencial mutagênico e para registro dos novos produtos químicos 
que entram no mercado do mundo todo (RIBEIRO, 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
3.1 ÁREA DE ESTUDO 
 
O Rio Caçador (Figura 1) localiza-se no município de Seara-SC entre as 
coordenadas (UTM) 370546; 6998029 (Elevação = 560m) e 368412; 6986573 
(Elevação = 377m) é responsável pelo abastecimento da cidade e faz parte da 
bacia hidrográfica do Rio Uruguai (GABIATTI, 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Figura 1 – Mapa da Sub-bacia Hidrográfica do Rio Caçador 
 
Fonte: Grupo de Pesquisas em Meio Ambiente - GEMA, 2014 
26 
 
3.1.2 Pontos de coleta 
 
O trabalho foi desenvolvido em cinco pontos ao longo do Rio Caçador, 
definidos pelo Grupo de Pesquisas em Meio Ambiente (GEMA). 
O ponto um (370546; 6998029; elevação = 560m) corresponde a 
nascente do Rio Caçador e fica localizado na área rural do município de Seara, 
próximo a uma propriedade particular. Neste ponto há vegetação densa e bem 
conservada nas duas margens do rio. O ponto dois (370410; 6997192; 
elevação = 542m) fica localizado no reservatório de tratamento da CASAN, 
próximo ao limite da zona urbana e rural, onde há vegetação dispersa apenas 
na margem esquerda do rio. O ponto três (370273; 6995697; elevação = 523m) 
localiza-se na área urbana, logo após um frigorífico. Na margem esquerda há 
vegetação, porém na margem direita há moradias e percebe-se a presença de 
muito lixo orgânico, eletrônico, plástico, papéis e outros. O quarto ponto 
(369242; 6993162; elevação = 458m) encontra-se também na zona rural, onde 
há mata ciliar nas duas margens do rio, porém, há moradias e criação de 
animais próximo e o odor neste ponto é desagradável. O quinto e último ponto 
(368412; 6986573; elevação = 377m), corresponde à foz e fica localizado na 
zona rural, na comunidade de Linha Caçador. Neste ponto também há 
moradias, criação de animais e lavouras próximo ao leito do rio, porém a mata 
ciliar é densa e conservada nas duas margens (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Figura 2 – Pontos de coleta no Rio Caçador, Seara - SC 
 
Ponto 1 Ponto 2 
 
Ponto 3 Ponto 4 
 
Ponto 5 
Fonte: O autor (2014) 
 
 
 
 
28 
 
3.2 MODELO BIOLÓGICO DE ESTUDO 
 
O modelo biológico que foi utilizado no experimento é um peixe nativo 
da espécie Astyanax spp., o qual é conhecido popularmente como lambari, 
pertencente à família Characidae. Sua distribuição é ampla, com ocorrência 
desde o México até a Argentina (MORRONE, 2002 apud CORNELIO 2013). 
O lambari é um peixe de pequeno porte, com váriasescamas, sua 
coloração oscila entre as espécies. Seu comprimento e peso variam, podendo 
ter até 20 cm e 40 g. Seu hábito alimentar é variado, são onívoros, alimentam-
se de vegetais e animas (detritos, algas, crustáceos, insetos, flores etc.) e a 
espécie vive em diferentes tipos de habitats, sendo utilizado também como 
peixe ornamental (IBAMA, 2008). Podem ser encontrados cabeceiras de 
riachos, rios e lagos, vivendo sempre em cardumes (CEMIG/CETEC, 2000 
apud MARCON, 2008). 
Os peixes utilizados na constituição do grupo controle foram adquiridos 
em uma lagoa de piscicultura, em uma propriedade agroecológica modelo, 
distante do centro urbano, a qual está localizada na cidade de Peritiba – SC (S 
– 27° 22’ 51,2” e WO – 51° 54’ 36,9”). 
 
3.3 COLETA DAS AMOSTRAS 
 
As coletas foram realizadas sazonalmente em cinco pontos pré-
estabelecidos do Rio Caçador. Os métodos de captura foram escolhidos de 
acordo com o ambiente amostrado: para a captura dos exemplares nos pontos 
menos profundos foi utilizado puçá com malha 2 mm entre nós opostos, 
aplicados tanto nas margens quanto junto ao leito; já para os pontos de maior 
profundidade foram utilizadas linhas de espera com anzóis e redes de espera, 
com malha de 3mm entre nós opostos. Os peixes foram capturados apenas no 
período diurno (entre o amanhecer e o início do anoitecer) e as amostragens 
ocorreram independentemente do clima. O esforço de captura aplicado em 
cada amostragem foi de 60 minutos em cada ponto, simultaneamente para 
29 
 
todas as metodologias de captura aplicadas. Esta metodologia foi a mesma 
utilizada nos trabalhos de Celant (2014) e Zoleti (2014). Para a obtenção do 
grupo experimental, foram coletados 10 indivíduos, em cada um dos pontos 
definidos para o estudo. 
Para a amostragem do material biológico e montagem das lâminas, os 
peixes foram colocados na água gelada (4º C) para a dessensibilização, logo 
após a coleta. Cerca de 5 min após a dessensibilização, o sangue foi coletado 
das brânquias com o auxílio de uma lâmina histológica, previamente 
desinfetada com álcool 70%. Foi coletado sangue suficiente para a confecção 
de duas lâminas com esfregaços por indivíduo. Após a coleta do sangue os 
peixes foram acondicionados em frascos com formalina 4%, levados ao 
Laboratório de Análise Ambiental e utilizados para outros estudos. 
Após a confecção dos esfregaços, as lâminas foram levadas ao 
laboratório de Análise Ambiental da Universidade do Contestado Campus 
Concórdia para secagem, fixação, coloração e análise das mesmas. Baseado 
na metodologia de Cestari et al (2005), após 12 horas de secagem dos 
esfregaços em temperatura ambiente, as lâminas foram fixadas com metanol 
absoluto por 10 minutos e depois expostas para secar novamente. 
 Após a secagem das lâminas, estas foram coradas com Giemsa 
5% por 25 minutos, posteriormente lavadas com água destilada após coloração 
e secadas a temperatura ambiente. Este protocolo também foi utilizado na 
montagem das lâminas do grupo controle. 
No grupo controle foi utilizado um aquário contendo água da torneira, 
que ficou declorando por um período de 72 horas. Foram colocados 10 peixes 
neste aquário, respeitando a densidade de 1g de peixe para cada litro de água. 
Após o período de aclimatação, foi coletado o sangue dos peixes para 
montagem dos esfregaços, com a mesma metodologia do grupo experimental, 
os quais passaram por um período de secagem, fixação, coloração e posterior 
análise microscópica. 
Ao término de cada coleta de material os indivíduos sofreram eutanásia 
seguindo os critérios da Resolução do Conselho Federal de Medicina 
30 
 
Veterinária nº 714, de 20 de junho de 2002. Os resíduos resultantes das 
coletas, a água e os peixes, tiveram um destino adequado com outros resíduos 
dos laboratórios da Universidade do Contestado Campus Concórdia, recolhidos 
por empresa especializada em coleta e destino de resíduos orgânicos e 
químicos. 
 
3.4 ANÁLISE DE MICRONÚCLEOS 
 
Para análise das lâminas foi utilizado a microscopia de luz (imersão – 
1000x) com a identificação e quantificação de micronúcleos. Foram analisados 
2.000 eritrócitos por animal, sendo 1.000 eritrócitos por lâmina. As lâminas 
foram observadas primeiramente com o aumento de 400x para encontrar locais 
com células bem coradas e espalhadas (com boa qualidade), após isso foram 
identificados os micronúcleos presentes nas células com o maior aumento 
(1000x). 
Para a identificação dos micronúcleos (Figura 3) foram utilizados alguns 
critérios como, membrana celular intacta, micronúcleo com a mesma coloração 
e morfologia do núcleo principal, diâmetro entre 1/16 no máximo 1/3 do núcleo 
principal (SALVADORI et al, 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Figura 7 - Eritrócito de Astyanax sp. micronucleado (seta) 
 
Fonte: O autor (2014) 
 
3.5 ANÁLISE ESTÁTISTICA 
 
Na comparação do grau das variações das determinadas amostras, a 
fim de verificar se houve diferença significativa na frequência de micronúcleos 
entre os diferentes tratamentos, foi realizada análise de variância e aplicado o 
Teste de ANOVA seguido do teste post-hoc de Fischer, empregando o nível de 
significância de 5%. Utilizou-se o programa Statistica 6.0 para a realização das 
análises. 
 
3.6 ASPECTOS ÉTICOS 
 
 Todos os procedimentos com os peixes Astyanax spp. foram aprovados 
pelo SISBIO (Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade), projeto 
número 36239-3 (Anexo E), que entendeu que o projeto atendia à todas as 
exigências legais. 
 
32 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 O índice de genotoxicidade do ecossistema avaliado foi analisado por 
meio da média de micronúcleos em eritrócitos de peixes coletados durante o 
ano de 2014, entre os meses de março e setembro, totalizando quatro coletas 
realizadas sazonalmente. 
No grupo experimental foram avaliados 31 peixes e analisados 62 000 
eritrócitos e no grupo controle foram avaliados 10 peixes e analisados 20 000 
eritrócitos. 
Comparando o número de micronúcleos identificados nas 4 estações, 
observou-se um total de 15 micronúcleos na coleta de inverno, o 
correspondente à uma média de 7,5 ± 6,36. No outono o número de 
micronúcleos foi de 60, no qual a média de micronúcleos foi de 5 ± 4,02. Na 
primavera, observou-se um total de 29 micronúcleos, o que correspondeu a 
média de 3,6 ± 1,68, e no verão, foram identificados 556 micronúcleos, o que 
correspondeu a uma média 13,9 ± 10,03. 
Pela análise dos dados observa-se que o verão diferiu significativamente 
(p = 0,002) do outono e da primavera em relação ao número de micronúcleos 
(Gráfico 1, Tabela 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
Gráfico 1 - Variação sazonal da média de micronúcleos observados em eritrócitos 
de Astyanax spp. capturados no rio Caçador, município de Seara – SC 
estação do ano; LS Means
Current effect: F(3, 58)=5,6682, p=,00179
Effective hypothesis decomposition
Vertical bars denote 0,95 confidence intervals
Inverno Outono Primavera Verão
estação do ano
-10
-5
0
5
10
15
20
25
M
ic
ro
nú
cl
eo
s
 
 
Tabela 1 – Análise estatística dos micronúcleos observados nos eritrócitos de Astyanax spp. 
capturados no rio Caçador, município de Seara – SC 
 Estação do ano Inverno Outono Primavera Verão 
1 Inverno 0,700609 0,565084 0,301408 
2 Outono 0,700609 0,723414 0,002282 
3 Primavera 0,565084 0,723414 0,002721 
4 Verão 0,301408 0,002282 0,002721 
 
Supõe-se que o número expressivo de micronúcleos identificados na 
coleta de verão esteja relacionado ao baixo índice de pluviosidade observado 
nomês da coleta, que foi de 60 mm (Anexo A). Já no mês de coleta 
correspondente a estação da primavera, a pluviosidade foi de 90 mm e o 
número de micronúcleos foi menor quando comparado ao número de 
micronúcleos da coleta do verão. Desta forma, acredita-se que o maior índice 
pluviométrico e o relevo acidentado da região, favoreceram o carreamento dos 
poluentes presentes no ambiente, pela água do rio. Em contrapartida, é 
34 
 
provável que o menor índice pluviométrico contribuiu para que algumas 
substâncias genotóxicas permanecessem aderidas ao substrato, em 
consequência os peixes permaneceram expostos por um período de tempo 
necessário à formação de micronúcleos. 
Comparando a média de micronúcleos entre os pontos pesquisados, 
observa-se que não houve diferença estatística significativa (p = 0,25853), 
conforme Gráfico 2. 
 
Gráfico 2 – Variação da média de micronúcleos nos pontos avaliados 
Ponto de Coleta; LS Means
Current effect: F(2, 59)=1,3842, p=,25853
Effective hypothesis decomposition
Vertical bars denote 0,95 confidence intervals
1 2 5
Ponto de Coleta
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
M
ic
ro
nú
cl
eo
s
 
 
Em relação a coleta de peixes nos 5 pontos estudados, observou-se um 
baixo número de espécimes, sendo que no ponto 3, localizado no centro da 
cidade de Seara e no ponto 4, localizado próximo a um abatedouro, na área 
rural, não foi coletado nenhum indivíduo. Essa informação chama a atenção 
para as condições ambientais do manancial, o que leva a suposição de que 
este ambiente apresenta altas taxas de poluição com desequilíbrio das cadeias 
35 
 
tróficas. No ponto 2, que corresponde a estação de tratamento da CASAN, 
localizado próximo a área urbana do município, foi coletado apenas um 
representante de Astyanax spp. na coleta da primavera. Da mesma forma que 
nos pontos 3 e 4 este dado serve de alerta e sugere outras investigações no 
sentido de avaliar o potencial genotóxico do ecossistema. 
Nos pontos 1 e 5 foi coletado um maior número de indivíduos em 
comparação aos outros pontos, o que indica que a água do rio nestas áreas 
apresenta condições favoráveis para a sobrevivência dos peixes. Desta forma, 
mesmo havendo plantações, criação de animais e moradias próximas a estes 
locais, a mata ciliar apresenta-se densa e bem conservada, o que contribui 
para a proteção da água do rio. 
Na análise dos dados comparativos em relação ao grupo experimental e 
grupo controle (Gráfico 3), verifica-se que no grupo controle a média de 
micronúcleos foi de 2,35 ± 1,38 enquanto que no grupo experimental a média 
de micronúcleos foi de 10,64 ± 9,39, apresentando diferença estatística 
significativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
Gráfico 3 – Resultados da ANOVA da comparação do grupo experimental com o grupo controle 
tratamento; LS Means
Current ef f ect: F(1, 80)=15,362, p=,00019
Ef f ectiv e hy pothesis decomposition
Vertical bars denote 0,95 conf idence interv als
Experimento Controle
tratamento
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
M
ic
ro
nú
cl
eo
s
 
 
 A formação de micronúcleos encontrados nos eritrócitos de Astyanax 
spp. coletados na lagoa de piscicultura, pode ser explicada pela ocorrência de 
mutações espontâneas ou até mesmo à exposição destes indivíduos à agentes 
genotóxicos. Porém a diferença significativa entre o número médio de 
micronúcleos observado no experimento e no grupo controle, leva a supor que 
as águas do Rio Caçador possuem potencial mutagênico capaz de provocar 
alterações celulares. 
A análise dos dados também mostrou diferenças estatisticamente 
significativas entre os números médios de micronúcleos nas diferentes 
estações do ano em comparação com o grupo controle (p < 0,0001) (Gráfico 
4). Analisando estas médias através do Teste de Fischer, observa-se diferença 
significativa no verão, quando comparado ao outono e primavera (p = 0,000457 
e p = 0,000574), respectivamente (Tabela 2). 
 
37 
 
Gráfico 4 – Resultado da comparação sazonal do número médio de micronúcleos com o grupo 
controle 
Estação do ano; LS Means
Current ef f ect: F(4, 77)=10,365, p=,00000
Ef f ectiv e hy pothesis decomposition
Vertical bars denote 0,95 conf idence interv als
Verão Outono Inv erno Primav era Controle
Estação do ano
-5
0
5
10
15
20
M
ic
ro
nú
cl
eo
s
 
Tabela 2 – Análise estatística dos micronúcleos observados nos eritrócitos de Astyanax spp 
capturados no Rio Caçador, município de Seara –SC 
Estação do ano Verão Outono Inverno Primavera Controle 
Verão 0,000457 0,235296 0,000574 0,000000 
Outono 0,000457 0,658806 0,684433 0,328775 
Inverno 0,235296 0,658806 0,508809 0,349942 
Primavera 0,000574 0,684433 0,508809 0,680936 
Controle 0,000000 0,328775 0,349942 0,680936 
 
 Esta diferença significativa do verão com o grupo controle também pode 
ser relacionada ao volume de precipitação ocorrido no mês de realização da 
coleta. Neste período a vazão do rio foi menor, permitindo que os peixes 
ficassem expostos por mais tempo a uma quantidade maior de substâncias 
38 
 
mutagênicas, justificando assim a maior média de micronúcleos desta primeira 
coleta. 
Lanhi (2006) realizou pesquisa semelhante no Rio dos Queimados, em 
Concórdia-SC e constatou que no mês de setembro, houve uma maior 
precipitação quando comparada com o volume de precipitação nas outras 
coletas e no mês de maior quantidade de chuvas, também identificou uma 
média de micronúcleos menor nos eritrócitos de Astyanax spp. 
Na comparação entre pontos, considerando as quatro coletas, a análise 
de variância mostrou que existe diferença estatística significativa entre a média 
de micronúcleos do ponto 1 (12,43 ± 11,39) e a média de micronúcleos do 
grupo controle (2,35 ± 1,38), bem como entre a média do ponto 5 (9,76 ± 7,58) 
e o grupo controle. A diferença entre o número médio de micronúcleos do 
ponto 2 (2,5 ± 0,70) e o grupo controle não se mostrou estatisticamente 
significativa (p = 0,980258) (Gráfico 5). Analisando as médias através do Teste 
de Fischer, observa-se a diferença estatística significativa nos pontos 1 e 5 
quando comparados com o grupo controle (p = 0,000082 e p = 0,001816), 
respectivamente (Tabela 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Gráfico 5 – Análise de variância para comparação entre número médio de micronúcleos dos 
pontos de coleta com grupo controle 
Ponto de Coleta; LS Means
Current ef f ect: F(3, 78)=6,4367, p=,00060
Ef f ectiv e hy pothesis decomposition
Vertical bars denote 0,95 conf idence interv als
1 2 5 Controle
Ponto de Coleta
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
M
ic
ro
nú
cl
eo
s
 
Tabela 3 – Análise estatística (Teste T) para média de eritrócitos micronucleados em Astyanax 
spp. capturados no Rio Caçador, Seara-SC 
Ponto de Coleta 1 2 5 Controle 
1 0,100970 0,214156 0,000082 
2 0,100970 0,224080 0,980258 
5 0,214156 0,224080 0,001816 
Controle 0,000082 0,980258 0,001816 
 
Estes resultados corroboram com os resultados apresentados por Lanhi 
(2006) onde também observou diferença estatística significativa entre os 
pontos de coleta do grupo experimental no Rio dos Queimados em relação a 
média de micronúcleos identificados no grupo controle. 
40 
 
Utilizando peixes da espécie Rhamdia quelen, Kappes (2010) encontrou 
diferenças significativas entre os pontos amostrados no Rio do Peixe nos 
municípios de Joaçaba e Herval d’Oeste em Santa Catarina, em relação ao 
controle negativo. 
 Desta forma, os resultados obtidos sugerem que o Rio Caçador possuisubstâncias genotóxicas capazes de provocar alterações no material genético 
e mais gravemente impedir a sobrevivências de espécimes em determinados 
pontos do seu leito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os resultados apresentados neste trabalho contribuem para a avaliação 
da genotoxicidade da água do Rio Caçador em Seara - SC. 
Os dados indicam que as águas do Rio Caçador, no município de Seara 
- SC possuem potencial mutagênico, onde em alguns pontos o índice de 
poluição é maior, afetando o equilíbrio natural do ecossistema e 
consequentemente prejudicando e impedindo a sobrevivência de determinadas 
espécies aquáticas. 
Desta forma, acredita-se que todos os resultados levantados até o 
momento, indicam a real situação do Rio Caçador e que esses estudos 
chamam a atenção para uma ação conjunta entre a população, as autoridades 
e os órgãos competentes para reestabelecer a harmonia neste ecossistema. 
Não há registros de outros trabalhos relacionados a genotoxicidade 
realizados no Rio Caçador, porém em outros ecossistemas aquáticos da 
região, foram desenvolvidos trabalhos semelhantes que evidenciaram uma 
situação muito parecida à esta encontrada no Rio Caçador, como por exemplo 
o Rio dos Queimados, em Concórdia – SC. Portanto, estes resultados 
demonstram que é necessário a realização de mais pesquisas deste cunho no 
Rio Caçador, principalmente nestas áreas onde não foi possível realizar a 
avaliação da genotoxicidade por meio de micronúcleo písceo. 
Recomenda-se ainda, realizar avaliações físico-químicas da água 
juntamente com a avaliação genotóxica, por meio da metodologia das gaiolas. 
 
 
 
 
 
 
42 
 
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47 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
Anexo A – Quantidade de chuvas em Santa Catarina no mês de março de 
2014 
 
Fonte: AGRITEMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
Anexo B – Quantidade de chuvas em Santa Catarina no mês de maio de 
2014 
 
 
Fonte: AGRITEMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
Anexo C – Quantidade de chuvas em Santa Catarina no mês de julho de 
2014 
 
 
Fonte: AGRITEMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
Anexo D – Quantidade de chuvas em Santa Catarina no mês de setembro 
de 2014 
 
Fonte: AGRITEMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
ANEXO E – Liberação SISBIO 
 
53 
 
 
54

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