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DIREITO DO TRABALHO É o ramo do Direito que estuda as relações entre empregados e empregadores. Conjunto de normas, princípios e instituições que possuem como principal característica a proteção do trabalhador. Subdivisão – É subdividido em Direito Individual do Trabalho (relações entre empregado e empregador) e Direito Coletivo do Trabalho (relações de uma categoria ou classe representada pelos sindicatos). Origem – A partir da Revolução Industrial, para diminuir a desigualdade existente entre o capital (empregador) e o trabalho (empregado). No século XIX, movimentos operários com reivindicações por melhores condições de trabalho impulsionaram o desenvolvimento do Direito do Trabalho. No Brasil: a intervenção do Estado nas relações de trabalho tem como marco inicial a aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pelo Decreto-Lei 5.452, de 1º de Maio de 1943, que estatuiu as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho. Fontes formais do Direito do Trabalho Leis (Constituição, emendas, leis complementares, leis ordinárias e medidas provisórias); decretos, portarias, instruções normativas e outros atos do Poder Executivo; convenções e acordos coletivos; sentenças normativas; tratados e convenções internacionais (quando ratificadas pelo Brasil); usos e costumes; regulamento empresarial. Jurisprudência é fonte normativa supletiva. Interpretação do Direito do Trabalho No processo de interpretação, onde os valores sociais e coletivos se sobrepõem aos valores individuais e particulares, os princípios fundamentais do Direito do Trabalho sempre prevalecerão. Integração no Direito do Trabalho – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, do Direito, principalmente do Direito do Trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o Direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público (art. 8º, CLT). Aplicação do Direito do Trabalho – No tempo – Aplica-se a lei nova de forma imediata, mas não atinge os direitos adquiridos, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito. No espaço – É assegurada ao trabalhador brasileiro na aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, se mais benéfica, do que a lei do local da prestação de serviços (lei estrangeira), conforme o artigo 3º da Lei 7.064/82. Marítimo: aplica-se a lei do país da bandeira da embarcação. Princípios do Direito do Trabalho 1. Proteção: aplica-se ao trabalhador a norma e a condição mais favorável: a) na dúvida, aplica-se a norma mais favorável ao empregado (in dubio pro operario); b) as condições mais benéficas deverão prevalecer diante de normas menos favoráveis; c) aplica-se a norma mais favorável, na hipótese de duas ou mais normas sobre uma mesma situação. 2. Da primazia da realidade (supremacia dos fatos): o operador do Direito deve preferir a realidade à forma. 3. Da irrenunciabilidade de direitos: a renúncia a direitos não é admitida no Direito individual do trabalho. 4. Da continuidade: presume-se que o contrato de trabalho possui prazo indeterminado; a determinação de prazo (contrato por prazo determinado) é uma exceção. 5. Princípio da dignidade da pessoa humana: trata-se do mais importante princípio constitucional que tem ampla repercussão nas relações trabalhistas, já que o respeito ao ser humano deve sempre prevalecer, principalmente no âmbito do trabalho. Renúncia e transação Renúncia é um ato unilateral do trabalhador, pelo qual ele desiste de um direito líquido e certo. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes (art. 444, CLT). Transação é o ato bilateral no qual as partes se conciliam, mediante concessões recíprocas. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao trabalhador, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia (art. 468, CLT). Comissões de conciliação prévia As empresas e os sindicatos poderão instituir comissões de conciliação prévia, de composição paritária, com representantes de empregados e empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais de trabalho (art. 625-A, CLT). RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Relação de trabalho é toda a forma de trabalho humano admitido no sistema legal vigente. Relação de emprego é uma das modalidades da relação de trabalho, na qual o trabalhador atua com subordinação, pessoalidade e habitualidade. Relação de emprego Requisitos que caracterizam a relação de emprego: pessoa física: só a pessoa física pode ser empregada; pessoalidade: o trabalhador presta serviços pessoalmente, não podendo se fazer substituir; não eventualidade: habitualidade; subordinação: o trabalhador cumpre ordens do empregador, o qual dirige esta prestação pessoal de serviços. Relação de trabalho Modalidades da relação de trabalho: relação de emprego: trabalho subordinado; trabalho autônomo: sem subordinação jurídica, trabalha por conta própria; trabalho eventual: não habitual (exemplo: evento certo e determinado); trabalho avulso: presta serviços a diversas empresas, sem vínculo empregatício, mediante intermediação do sindicato; trabalho voluntário: atividade não remunerada prestada para entidades sem fins lucrativos; trabalho cooperativado: por meio de contrato de cooperativa, pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem fins lucrativos; estágio: ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no âmbito do trabalho, regido pela Lei 11.788/08; trabalho temporário: prestado por pessoa física a uma empresa, para atender a uma necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. EMPREGADO É toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual, a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Cargos de confiança Aos gerentes, assim considerados quem exerce cargos de gestão, alei restringe alguns direitos. Não se aplicam aos gerentes as normas de proteção à jornada de trabalho (art. 62, CLT). Pode ocorrer a reversão ao cargo anterior e a transferência do local da prestação de serviços (art. 469, CLT). Direitos de sociedade anônima O empregado que se torna diretor tem seu contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço neste período, exceto se a subordinação jurídica inerente à relação de emprego permanecer (Súmula 269, TST). Empregado doméstico É aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa a pessoa ou a família no âmbito residencial destas. Os Tribunais do Trabalho tendem a considerar empregado doméstico aquele que presta serviços por mais de duas vezes por semana. Principais direitos conferidos aos empregados domésticos após a Emenda Constitucional 72 de 2013: duração de jornada não superior a oito horas diárias e 44 horas semanais; repouso semanal remunerado; remuneração do serviço extraordinário com adicional de, no mínimo, 50%; trabalho noturno com remuneração superior ao diurno (após regulamentação específica);FGTS (após regulamentação específica); seguro-desemprego (após regulamentação específica). Diarista Inexistência de vínculo de empregado doméstico; caracteriza-se pela ausência de continuidade. As atividades desenvolvidas em um ou dois dias da semana, com vinculação a outras residências, apontam para a definição do trabalhador autônomo (diarista). Mãe social É a empregada que se ativa em casas-lares e que atua na assistência de menores abandonados. A mãe social deve residir na casa-lar com até dez menores (Lei 7.644/87). Aprendiz É o trabalhador que possui um contrato de trabalho especial, por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 anos e menos de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico (art. 428, CLT). Trabalhador rural É a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual em propriedade rural ou prédio rústico a empregador rural sob a dependência deste e mediante salário (Lei 5.889/73). Observação: boia-fria é o trabalhador que atua no meio rural, nas épocas de safra, por curto lapso temporal. Normalmente é empregado, pois preenche os requisitos legais, sobretudo a subordinação. Sócios Não podem figurar como empregados os sócios que, por lei, tenham responsabilidades pelas obrigações da sociedade. EMPREGADOR É a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços (art. 2º, CLT). O empregador caracteriza-se por assumir os riscos do empreendimento. Grupo econômico Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiver sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das empresas subordinadas. Sucessão Há sucessão quando ocorre a substituição de empregadores, com a transferência do passivo trabalhista à empresa sucessora. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados (art. 10º, CLT). Consórcio de empregadores – Vários empregadores se reúnem para ratear os custos e encargos decorrentes da contratação de empregados. Consórcio de empregadores rurais – Previsto no artigo 25-A da Lei 8.212/91, tal consórcio é formado pela união de produtores rurais pessoas físicas que outorgam a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para a prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos. Empregador rural – Pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por meio de prepostos, com o auxílio de empregados (Lei 5.889/73). TERCEIRIZAÇÃO Transferência de atividades para empresas fornecedoras ou prestadoras de serviço especializadas. Observe que é o fornecimento de atividade especializada e não de trabalhadores. Terceirização lícita – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Súmula 331, TST). Terceirização lícita – A contratação de serviços de vigilância, de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados a atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade a subordinação direta, não forma vínculo de emprego com o tomador. Responsabilidade subsidiária do tomador de serviços – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também no título executivo. Responsabilidade subsidiária da Administração Pública – Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, caso evidenciada sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei 8.666/93, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. CONTRATO DE TRABALHO O contrato individual de trabalho é o acordo expresso ou tácito, correspondente à relação de emprego (art. 442, CLT). Pode ser acordado verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. Contrato expresso ou tácito: o contrato expresso é aquele cuja manifestação de vontade das partes foi externada; o contrato tácito se forma pela presença dos requisitos caracterizadores do vínculo de emprego, sem que exista previamente um pacto expresso. Nulidades básicas no contrato de trabalho: idade insuficiente: embora seja proibido o trabalho a menores de 16 anos, com exceção do aprendiz, ainda que seja nula a relação jurídica havida entre as partes, ficam preservados ao trabalhador todos os direitos trabalhistas; ilicitude da atividade: em caso de atividade ilícita, os contratos de trabalho são considerados nulos (exemplo: jogo do bicho); preterição de formalidade: o trabalhador admitido pela Administração Pública sem o devido concurso público tem direito apenas ao salário e recolhimentos fundiários. Principais efeitos do contrato de trabalho: a prestação de serviços, a remuneração, o poder empregatício e os deveres de lealdade e boa-fé. Observação: pelo poder empregatício, cabe ao empregador dirigir, fixar regras, fiscalizar e disciplinar a prestação de serviços. Contrato por prazo determinado É aquele cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução dos serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Prazos: não pode ser estipulado por mais de dois anos; o contrato de experiência não poderá exceder noventa dias; em caso de prorrogação, passa a vigorar por prazo indeterminado (art. 451, CLT). Atenção: 1. No caso de rescisão antecipada pelo empregador, sem justa causa, do contrato por prazo determinado, cabe indenização, e por metade, a remuneração a que o empregado teria direito até o termo do contrato (art. 479, CLT). 2. A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no artigo 10º, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), mesmo na hipótese de contrato por tempo determinado (Súmula 244, TST). Contrato por prazo indeterminado Não havendo qualquer determinação de prazo, presumir-se-á o contrato por prazo indeterminado. Este é o princípio da continuidade da relação de emprego. Principais efeitos: em caso de demissão sem justa causa, o empregado receberá a multa rescisória do FGTS (40%) e o aviso prévio; nesta modalidade, aplicam-se todas as regras de suspensão e interrupção contratuais previstas na legislação, durante o período de afastamento. Alteração do contrato de trabalho Só é lícita a alteração por mútuo consentimento e desde que não resulte em prejuízos ao empregado. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho Cessação temporária do contrato de trabalho. Suspensão: não há trabalho; não há pagamento de salários; não conta como tempo de serviço. Interrupção: não há trabalho, há pagamento de salários; conta como tempo de serviço. Transferência do local de trabalho É vedada a transferência para localidade diversa da que resultar o contrato, sem anuência do empregado. É possível para empregadosque exerçam cargos de confiança e que possuam contratos com a condição de transferência. É lícita em caso de extinção do estabelecimento. Adicional de transferência (mudança de residência): mínimo de 25% do salário no caso de transferência provisória. Jurisprudência Adicional de transferência – Cargo de confiança ou previsão contratual de transferência. Devido, desde que a transferência seja provisória. O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional (Orientação Jurisprudencial do TST-SDII-113). Empreitada e subempreitada Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro (art. 455, CLT). Indenização por dano material e moral São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º, X, CF). Observação: em caso de dano provocado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que a possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado (art. 462, § 1º, CLT). DURAÇÃO DO TRABALHO O trabalhador tem a garantia na Constituição Federal de que a duração do trabalho normal não será superior a oito horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º, XIII, CFR). Adicional – Será de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal (art. 7º, XVI, CF). Minutos que antecedem ou sucedem a jornada – Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de 5 minutos, observado o limite máximo de 10 minutos diários. Se ultrapassado este limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal (Súmula 366, TST). Horas in itinere – O tempo dispendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução (art. 58, § 2º, CLT). Jurisprudência A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas in itinere (Súmula 90, TST). Sobreaviso – Considera-se em sobreaviso o empregado que à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso (Súmula 428, TST). A remuneração é de 1/3 da hora normal de trabalho (art. 244, CLT). Empregados excluídos do direito às horas extras (art. 62, CLT) – gerentes (cargos de gestão) e empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho. Jornadas especiais Algumas categorias de trabalhadores têm jornadas especiais de trabalho: ascensoristas, telefonistas, mineiros e operadores cinematográficos: 6 horas diárias e 36 horas semanais; bancários: 6 horas e 30 horas semanais; advogados: 4 horas diárias e 20 horas semanais, salvo em regime de dedicação exclusiva; jornalistas: 5 horas, podendo ser prorrogada até 7 horas, mediante acordo escrito. Observação: no caso de trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, os trabalhadores têm garantido o direito à jornada de seis horas (art. 7º, XIV, CF). Compensação de horas Acordo de compensação: Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um, ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias (art. 598, § 2º, CLT). Compensação (na própria semana): É válida, mediante acordo individual ou coletivo. Banco de horas (compensação além da semana): Pode ser instituído mediante instrumento coletivo de trabalho. Jornada noturna Considera-se trabalho noturno, aquele prestado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. Remuneração – Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração de 20%, pelo menos, sobre a hora diurna. Hora noturna reduzida – Aplica-se ao trabalho noturno a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos. Repousos Descanso interjornada: o período mínimo para descanso entre duas jornadas será de 11 horas consecutivas. Descanso intrajornada: para quem trabalha até 6 horas: intervalo mínimo de 15 minutos para refeição e descanso; para quem trabalha mais de 6 horas: intervalo mínimo de uma hora para refeição e descanso. Tal intervalo não poderá exceder duas horas, salvo acordo escrito ou coletivo em contrário. Jurisprudência É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada (Orientação Jurisprudencial 342, TST). Repouso semanal remunerado O empregado faz jus a um descanso mínimo de 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. Jurisprudência Trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado: deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal (Súmula 146, TST). FÉRIAS Após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado tem direito ao gozo de férias na seguinte proporção: 30 dias corridos: quando não tiver mais do que 5 faltas; 24 dias corridos: quando tiver de 6 a 14 faltas; 18 dias corridos: quando tiver de 15 a 23 faltas; 12 dias corridos: quando tiver de 24 a 32 faltas. Perda do direito das férias O empregado perde o direito às férias se: deixar o emprego sem readmissão dentro de 60 dias subsequentes à sua saída; tirar licença remunerada por mais de 30 dias; deixar de trabalhar, recebendo salário, por mais de 30 dias, em razão de paralisação dos serviços da empresa; receber benefício previdenciário (acidente ou auxílio-doença) por mais de seis meses. Período de concessão das férias As férias devem ser concedidas dentro dos 12 meses seguintes à data em que o empregado houver adquirido o direito. Após esse prazo: pagamento em dobro. Remuneração das férias As férias serão remuneradas com adicional de, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal. Férias coletivas Poderão ser concedidas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados setores. Requisitos: devem ser comunicadas ao Ministério do Trabalho e sindicatos, com antecedência mínima de 15 dias; podem ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10 dias. REMUNERAÇÃO E SALÁRIO Salário é o pagamento em dinheiro ou utilidade, feito pelo empregador ao empregado, decorrente do contrato de emprego. A remuneração compreende, além do salário, as gorjetas que oi empregado receber (art. 457, CLT). Salário in natura (utilidades): alimentação, habitação, vestuário e outras prestações in natura que a empresa fornecer habitualmente. Atenção: A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constituibase de incidência de qualquer encargo trabalhista. Isso não é salário Não são considerados como salário: vestuário e equipamento para a prestação de serviços; transporte para deslocamento decorrente do trabalho; assistência médica e odontológica; seguros de vida e acidentes pessoais; previdência privada. Proteção ao salário Salário mínimo: assegurado pela Constituição Federal (art. 7º, IV); Irredutibilidade: salvo negociação coletiva (aret. 7º, VI, CF); Impenhorabilidade: artigo 649 do Código de Processo Civil. Comissões Remuneração variável estipulada através de percentual ou valor determinado por unidade vendida. 13º salário Gratificação natalina, apurada com base na remuneração integral. O pagamento é feito em duas parcelas: a primeira deve ser paga até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembros. Equiparação salarial Terá direito ao mesmo salário do empregado paradigma, o trabalhador que preencher os seguintes requisitos: exercer função idêntica; executar trabalho de igual valor (mesma produtividade, perfeição técnica e diferença de tempo de serviço não superior a 2 anos); trabalhar para o mesmo empregador; trabalhar na mesma localidade. EXTINÇÃO DO CONTRATO Extinção do contrato por prazo indeterminado Aviso prévio: não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de 30 dias (art. 487, CLT). Ausência do aviso prévio: a) pelo empregador: o empregado deverá receber o salário correspondente do prazo do aviso; b) pelo empregado: o empregador poderá descontar o salário correspondente do prazo do aviso. Aviso prévio trabalhado: a jornada deve ter redução de 2 horas diárias neste período ou o empregado pode utilizar os últimos sete dias corridos para encontrar novo emprego. Rescisão por parte do empregador sem justa causa Na hipótese de o empregador rescindir o contrato, sem justa causa, são devidas as seguintes verbas rescisórias: saldo de salário; aviso prévio; 13º salário proporcional; férias vencidas mais 1/3 (se for o caso); férias proporcionais mais 1/3; multa rescisória sobre o FGTS; liberação do FGTS; guias para levantamento do seguro-desemprego. Aviso prévio – Lei 12.506/11 Será concedido na proporção de 30 dias para empregados com até um ano de serviço na empresa. Serão acrescidos três dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 dias, perfazendo um total de 90 dias. Jurisprudência Dispensa no trintídio que antecede a data-base: a indenização adicional prevista no artigo 9º da Lei 6.708/79 e no artigo 9º da Lei 7.238/84 corresponde ao salário mensal, no valor devido na data da comunicação do despedimento, integrado pelos adicionais legais ou convencionados (Súmula 242, TST). Rescisão por parte do empregador – justa causa Hipótese: improbidade: desonestidade; incontinência de conduta, práticas contrárias à moral; negociação habitual, sem permissão do empregador; condenação criminal do empregado, transitada em julgado; desídia: desinteresse, displicência; embriaguez habitual ou em serviço; violação de segredo de empresa; indisciplina; abandono de emprego; ato lesivo da honra ou da boa fama; ofensa física; prática constante de jogos de azar. Verbas rescisórias em caso de justa causa: saldo de salário; férias vencidas mais 1/3 (se for o caso). Rescisão Indireta O empregado pode considerar rescindido o contrato de trabalho nas seguintes situações: exigência de serviços superiores às forças do empregado ou contrários aos bons costumes; rigor excessivo por parte dos superiores; perigo manifesto de mal considerável; inadimplemento de obrigações contratuais; ato lesivo à honra e a boa fama; ofensa física pelo empregador ou prepostos; redução do trabalho (por peça ou tarefa) e do salário. Verbas rescisórias em caso de rescisão indireta: saldo de salário; aviso prévio indenizado; 13º salário proporcional; férias vencidas mais 1/3 (se for o caso); férias proporcionais mais 1/3; multa rescisória sobre o FGTS; liberação do FGTS; liberação do seguro-desemprego. Rescisão por iniciativa do empregado Em caso de pedido de demissão, o empregado pode cumprir o aviso prévio trabalhando, sem redução de horário. Verbas rescisórias no pedido de demissão: saldo de salário; 13º salário proporcional; férias vencidas mais 1/3 (se for o caso); férias proporcionais mais 1/3. Rescisão nos contratos por prazo determinado A extinção normal ocorrerá na data de término estipulada em contrato. Extinção antecipada de contrato por prazo determinado pelo empregador (sem justa causa): será obrigado a pagar, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito o empregado até o término do contrato. Verbas rescisórias: 13º salário proporcional; férias vencidas mais 1/3 (se houver); férias proporcionais mais 1/3; liberação do saldo de FGTS. Extinção antecipada de contrato por prazo determinado pelo empregado (sem justa causa): terá que indenizar o empregador, dos prejuízos que desse fato resultarem, observado o limite a que teria direito o empregado em idênticas condições (art. 489, CLT). Extinção por morte do empregado A morte do trabalhador acarreta a extinção do contrato, sendo devidas as seguintes verbas rescisórias: saldo de salário; 13º salário proporcional; férias vencidas mais 1/3; férias proporcionais mais 1/3; liberação do FGTS. Prazo para quitação das verbas rescisórias a) até o 1º dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o 10º dia, contado da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento. Penalidade em caso de não cumprimento: multa administrativa e multa em favor do empregado equivalente ao valor de seu salário (art. 477, CLT). Homologação da rescisão O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho com prazo superior a um ano de serviço só será válido com a assistência do sindicado ou do Ministério do Trabalho. ESTABILIDADE Dirigente sindical – Estabilidade provisória É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o fim do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Jurisprudência Inquérito para apuração de falta grave: o dirigente sindical somente poderá ser dispensado mediante inquérito judicial (Súmula 379, TST). Representantes de trabalhadores – Cipa É proibida a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o fim de seu mandato. Gestante Estabilidade: a gestante tem garantia de emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Licença-gestante: 120 dias, com início a partir de 28 dias antes do parto. Indenização: a garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia se restringe aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade (Súmula 244, TST). Jurisprudência Contrato por prazo determinado: também é garantida a estabilidade provisória (Súmula 244, TST). Doença profissional e acidente do trabalho Estabilidade: prazo mínimo de 12 meses, após a cessação do auxílio-doença acidentário. Jurisprudência Pressupostos: afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção doauxílio-doença acidentário (Súmula 378, TST). FGTS Recolhimento: 8% sobre a remuneração mensal do empregado. Da multa compensatória em caso de dispensa sem justa causa: caberá ao empregado 40% sobre o montante dos depósitos mensais, incidentes, inclusive, sobre os saques efetivados (corrigidos monetariamente). Em caso de rescisão por culpa recíproca ou força maior: 20% a título de multa compensatória. Jurisprudência Incidência do FGTS: aviso prévio: sujeito a contribuição para o FGTS (Súmula 305, TST); férias indenizadas: não incide (OJ-SDII – 195, TST); empregado transferido para o exterior: incide o FGTS sobre as parcelas de natureza salarial (OJ-SDII – 232, TST). Prescrição do FGTS: trintenária, observado prazo de dois anos após o término do contrato de trabalho para ajuizamento da ação trabalhista. Saque – Principais hipóteses: dispensa sem justa causa, rescisão indireta, extinção por culpa recíproca, aposentadoria aos 70 anos de idade, falecimento, financiamento no SFH, entre outras previstas no artigo 20 da Lei 8.036/90. TRABALHO DA MULHER Proteção contra a discriminação: é vedado exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; é proibido ao empregador ou preposto proceder a revistas, íntimas nas empregadas; a empresa não pode adotar critérios subjetivos na contratação em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou gravidez; intervalos para amamentação: até que o bebê complete 6 meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada, a dois descansos especiais, de meia hora cada um. TRABALHO DO MENOR Idade para o trabalho É proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Não será permitido o trabalho do menor em locais e serviços perigosos e insalubres e em locais prejudiciais à sua formação. Da prorrogação da jornada: em regra geral, é vedada; será permitida se for prevista em convenção ou acordo coletivo, desde que ocorra compensação; excepcionalmente, por motivo de força maior, limitada a jornada de 12 horas. Menor: não corre prazo prescricional. SEGURANÇA E SAÚDE Deveres do empregador: cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; instruir os empregados para evitar acidentes ou doenças; adotar as medidas determinadas pelo órgão competente; facilitar o exercício da fiscalização. Deveres do empregado: observar as instruções do empregador; usar os equipamentos de proteção individual. O Ministério do Trabalho edita as normas regulamentares e as Superintendências Regionais do Trabalho fiscalizam, exigem e impõem penalidades. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) Composição: representantes da empresa e dos empregados. Mandato: um ano. Presidente: designado pelo empregador. Vice-presidente: eleito pelos empregados. Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Fornecimento: obrigatório e gratuito. Utilização: deve ser exigida pelo empregador. Insalubridade Atividades que exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos. Adicionais: 10%: grau mínimo; 20%: grau médio; 40%: grau máximo. Base de cálculo: salário-mínimo (Súmula Vinculante 4, STF). Jurisprudência EPI – Fornecimento – Eliminação: a eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente exclui a percepção do respectivo adicional (Súmula 80, TST). Periculosidade Atividades que impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do empregado a: inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança. Adicional: 30% sobre o salário-base. Atividade insalubre e perigosa: o empregado deve optar pelo adicional que porventura lhe seja devido. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prescrição - extingue a pretensão, ou seja, a exigibilidade do direito. Decadência – extingue o direito. Ação trabalhista: prazo prescricional de cinco anos, até o limite de dois anos após a extinção do contrato. Não corre a prescrição contra: os menores; os ausentes do país em serviço público; os que estiverem servindo as Forças Armadas. Jurisprudência 1. Ação trabalhista arquivada: a ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos (Súmula 268, TST). 2. Prescrição do FGTS: é trintenária, a prescrição do direito de reclamar contra o não recolhimento de contribuição, observado o prazo de dois anos após o término do contrato de trabalho (Súmula 362, TST). DIREITO COLETIVO DE TRABALHO Princípios do Direito Coletivo do Trabalho: liberdade associativa e sindical: ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se associado a sindicado (art. 8º, V, CF); autonomia sindical: a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação do sindicato, ressalvado o registro no órgão competente; interveniência sindical nas negociações coletivas: é obrigatória a participação dos sindicatos; equivalência dos contratantes coletivos: não há desigualdade entre as partes; lealdade e transparência nas negociações coletivas: a boa-fé objetiva e a lealdade devem sempre estar presentes. Sindicato É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. Atribuições dos sindicatos Representação: ao sindicato cabe a defesa dos interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Prerrogativas: celebrar contratos coletivos de trabalho. Assistência jurídica e nas homologações. Contribuições Sindical: possui natureza de tributo e é devida anualmente (um dia de serviço). Confederativa: definida em assembleia-geral, descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. Assistencial: fixada em assembleia-geral com objetivo de custear as atividades assistenciais do sindicato. Jurisprudência As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização (OJ-SDC-17). Estrutura sindical Sindicato: possui prioridade na negociação coletiva e contato direto com os trabalhadores. Federação: é facultado aos sindicatos, quando em número não inferior a cinco, desde que representem maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. Confederação: serão organizadas com o mínimo de três federações. Negociação coletiva Acordo coletivo: empregado(es) e sindicato firmam um acordo encerrando um conflito de interesses. Negociação coletiva: negociação entre o sindicato patronal e sindicato dos trabalhadores. DIREITO DE GREVE Suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Efeitos da participação na greve: suspende o contrato de trabalho, sendo que as relações obrigacionais durante o período serão regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho; é vedadaa rescisão do contrato durante a greve. Jurisprudência Adesão: a simples adesão à greve não constitui falta grave (Súmula 316, STF). Greve abusiva: caracteriza-se pela inobservância das normas contidas na Lei de Greve (Lei 7.783/89), ou a manutenção da paralisação após a celebração do acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Jurisprudência 1. Efeitos da greve abusiva: a greve abusiva não gera efeitos (OJ=SDC-10, TST). 2. Serviços essenciais: é abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço (OJ-SDC-38). Piquetes: conjunto de trabalhadores na porta da empresa, impedindo a entrada de empregados durante o movimento grevista. Locaute (lockout): é vedada a paralisação das atividades pelo empregador. REFERÊNCIA: ABUD, S. M. R. Direito do Trabalho. In: CHAMON, O. (org.). Resumão para Concursos, 2014.
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