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Texto: Teorias da democracia (2009) (Frank Cunningham) • Professor emérito de Filosofia e de Ciência Política da Universidade de Toronto, Canadá • Entre as temáticas com as quais trabalha, estão: filosofia política e social, teoria democrática, marxismo, multiculturalismo e racismo. � Contrária à democracia liberal (domínio do governo e de líderes de grupos de interesse) � Apatia como uma falha � Engajamento ativo dos cidadãos � Representação e votação competitiva X Tomada de decisão pela discussão em consenso � Hobbes: indivíduos autointeressados, submetidos à autoridade soberana em troca de segurança � Hobbes e Locke: liberdade pessoal é 1º motivo para se entrar em um pacto � Rousseau: como a liberdade e a submissão podem ser reconciliadas? � Vontade geral, interesses comuns e vontade particular � Seleção por sorteio é superior às eleições � Vontade geral e totalitarismo � Anarquistas: democracia plena requer que as pessoas governem diretamente a si mesmas, sem a mediação das agências ou servidores do Estado � Pateman: o governo é encarregado de realizar os desejos das pessoas, não sendo, assim, mais do que uma ferramenta administrativa � Crítica à democracia representativa: � A soberania não pode ser representada � Não pode haver contrato entre os governados e o governo � A democracia é o controle pelos cidadãos de seus próprios afazeres � Continuidade entre pessoas e governo é quebrada como a presença de representantes � Para a democracia participativa, Estado e sociedade não são entidades distintas � Pessoas devem servir ao Estado (Rousseau) � Preocupação principal dos participacionistas: a democracia deve ser promovida fora do governo formal, em todas as instituições da sociedade civil � Participacionistas: a relutância pública de se envolver diretamente em atividades locais é largamente uma função da indisponibilidade ou da inefetividade de fóruns dos quais exercitar essa habilidade � “As pessoas são apáticas porque não têm poder, e não sem poder por serem apáticas” (Barber) � A participação plena requer o envolvimento dos cidadãos em todos os estágios da tomada de decisão democrática � Identificação e definição de um problema � Angariação de soluções alternativas � Proposta de uma solução específica � Decisão sobre adotar ou não a proposta � Formulação de um plano de implementação � Implementação do plano � Vontade geral: prende-se ao interesse comum � Vontade de todos: está ligada ao interesse privado e não passa de uma soma das vontades particulares � A tomada de decisão coletiva é comprometer- se a encontrar e a promover o bem público (Rousseau) � Esforço na construção de um consenso, em vez de uma disputa entre os votantes � Vontade geral tende para a igualdade (Rousseau) � O fato de as pessoas descobrirem o bem comum da comunidade é entender o que poderia beneficiar igualmente a todos (Harrison) � Vontade geral X igualdade substantiva (Pateman) � A saída de modos individualistas possessivos de pensamento e ação é facilitada por uma mudança nos valores que resultam da própria participação política (Pateman) � “Consenso substantivo”: fundamento para a democracia valores definidos comunitariamente, que precedem o governo e dão aos indivíduos sua identidade � “Consenso criativo” advém da fala comum, da decisão comum e do trabalho comum; tem como premissas os “cidadãos” ativos e a participação perene na transformação dos conflitos, mediante a criação da consciência comum e julgamento político � Democracia forte: equipara a teoria participativo-democrática com um modo de reconhecer a diversidade de interesses � Objetivo da democracia participativa: como a participação deve ser interpretada e valorada? � O participacionismo requer principalmente que os domínios nos quais as pessoas possam (efetivamente) se engajar sejam em tomadas de decisões coletivas a serem ampliados e que valoriza isso para aumentar a autonomia individual � A participação é agir essencialmente em acordo mútuo com outros, criando uma comunidade ao redor de bens comuns e sendo merecedor de ser valorado “por si mesmo” � Como as pessoas chegam a escapar de sua “servidão aos instintos” e a adquirir a virtude cívica � A força de olhar para o bem comum é provida pela transformação da consciência do cidadão que é gradualmente conduzido a processos participativos (Pateman) � Democracia fraca: deixa os homens como os encontra – negociadores autointeressados � Democracia unitária: cria uma força comum, mas não faz isso destruindo completamente a autonomia e a individualidade � Democracia forte: indivíduos são transformados de tal forma que busquem o bem comum ao mesmo tempo em que preservam sua autonomia, porque sua visão de sua própria liberdade e interesses foi dilatada para incluir outros � Fóruns para participação devem ser sempre encorajados onde quer que seja � Inibidores de participação, como privação econômica ou a falta de tempo e o elitismo ou valores possessivos-individualistas, devem ser identificados e combatidos � Opressão � Irracionalidade � A tirania da maioria e o espaço vazio � Cultura popular � Efetividade e capital social � Procedimentos democráticos facilitam e propiciam encobrimento para regras opressivas baseadas em classe, gênero, raça ou outros domínios de exclusão contínua e subordinação � Pessoas, cuja experiência de autodeterminação coletiva é confinada principalmente ao voto, não adquirem nem o conhecimento, nem as habilidades, nem a esperança de tomar conta de suas vidas, consentindo com sua própria opressão � A participação direta, inicialmente em arenas pequenas e localizadas, é requerida para romper o círculo resultante da passividade política e da continuidade da subordinação � Indivíduos transformados em cidadãos para votar � Problema da apatia resulta também do efeito despolitizador da democracia representativa � Cultura política do conflito X Consenso Democracia Democracia representativa participativa � Silenciar a opinião minoritária ou consentir com declarações autorizadas de conhecimento de bens da comunidade é incompatível com participação permanente e transformativa � Ao se focar no problema da tirania da maioria e, para resolver isso, orientar as políticas públicas em torno dos direitos, fecha-se as pessoas na situação conflituosa, que cria o problema da necessidade de protege-las umas das outras � Implícito na dimensão igualitária da perspectiva participativo-democrática não está exatamente uma prescrição para a igualdade econômica, mas uma hipótese da igualdade relativa aos talentos e habilidades humanos � A participação não pode extrair o melhor de cada um se não houver nada de valor para ser extraído � Capital social: aspectos da organização social como confiança, normas e redes de trabalho, que podem melhorar a eficiência da sociedade, facilitando a coordenação das ações � Tradição participacionista: o envolvimento dos cidadãos cooperativos em atividades conjuntas nutre exatamente aqueles valores que conduzem à acumulação de capital social e à efetividade do empreendimento dos projetos humanos � Grupos pequenos como ponto forte da teoria participativo-democrática (interação direta) � Sistema de conselho piramidal (Macpherson) � Assembleias de vizinhos, eleições locais por sorteio, democracia nos locais de trabalho � O poder popular não pode ser representado por uma instituição única, mas “é federativo por natureza” e deve ser visto em várias associações da sociedade parafins e atividades comuns. � Democracia representativa clássica: membros nas casas legislativas que representam os indivíduos de distritos eleitorais � Cole: “guildas medievais” (representação determinada pela função industrial) � Hirst: crítica ao modelo de Cole � Importante e possível que associações gradualmente tornem-se os meios primários de governo democrático dos assuntos sociais e econômicos � Ligação com o participacionismo: as associações são voluntárias e autogovernadas � Uniões locais, associações de proprietários de pequenos agricultores, trabalhadores voluntários religiosos, grupos étnicos em desvantagem, grupos feministas e homossexuais, grupos em defesa da ecologia, associações de vizinhos e de pais e mestres, grupos de consumidores � Não defende o desmantelamento do Estado central � Não advoga o Estado mínimo à maneira dos neoliberais � Requer um legislativo central e instituições legais � Estados são necessários para coordenar uma sociedade ampla ou para necessidades para as quais não há associações voluntárias � “Suplemento e saudável competidor” para as “formas correntes de dominação da organização social”: � Democracia representativa de massa � Estado de bem-estar burocrático � Grandes corporações Problema para democracia associativa Mostrar como a democracia participativa pode ser realista � Fortalecimento da soberania popular � Promoção da igualdade política, distributiva e da consciência cívica � Diminuição do partidarismo � Facilitação da eficiência econômica e da competência do governo � Associações são “artefatos” � Ainda que não sejam simplesmente criações políticas, políticas de governo podem afetar as espécies de associações que podem existir � Crítica de Schmitter e Young � Diminuição do papel dos movimentos sociais formados espontaneamente � Democracia associativa: uma versão da democracia liberal, com mais espaço para a participação cidadã � Esquema mais totalmente participativo- associacional, capaz de ser implementado no mundo atual � Identificar obstáculos para a realização das prescrições da democracia participativa e encontrar oportunidades de superá-los � Obstáculos para Macpherson: � Cultura popular � Grandes desigualdades econômicas � Alternativas à tomada de decisão ética na política liberal-democrática tradicional (Barber): � Modelo coassociativo de tomada de decisão � Interpretação autoritária Modelo democrático forte Tomada de decisão como experiência em comum Ordem política participativa do futuro Novos direitos civis � Engajamento direito de grande nº de pessoas unidas em causas comuns, geralmente prescritas pela teoria participativo-democrática � Consciência política de movimentos da sociedade
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