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29 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS Unidade II 3 PONTOS IMPORTANTES DA PRODUÇÃO – PROJETOS: O QUE SÃO, COMO SE APLICAM, COMO SÃO ENTENDIDOS Entender o que é o projeto de produtos e serviços, e os processos que os produzem, leva à compreensão dos diferentes níveis decisórios dentro da organização. Projeto de processos em produção significa projetar toda a cadeia de operações produtivas, que efetivamente faz os produtos e serviços que serão entregues para os consumidores, enquanto no nível operacional, projeto de processos significa o arranjo físico das instalações, a tecnologia adotada e o pessoal de produção. Portanto, entender a atividade de projeto envolve muito mais do que simplesmente pensar no projetista especificando detalhes de determinado produto, envolvendo decisões sobre aquisições de máquinas e equipamentos, por exemplo. 3.1 Projeto em gestão da produção O que é projeto? Segundo Monty Finneston (apud Slacks, 2009), “projeto é o processo conceitual através do qual algumas exigências funcionais de pessoas, individualmente ou em massa, são satisfeitas através do uso de um produto ou sistema que representa a tradução física do conceito”. Exemplos: • produtos: automóvel, televisão, rádio, geladeira, meias, fraldas; • manifestações de artistas que podem ser denominadas produtos: música, pinturas, esculturas; • sistemas: telefonia, ferrovia, rodovia, supermercado, orquestra. Dessa forma, na atividade de projeto, deve‑se considerar que: • o objetivo da atividade de projeto é satisfazer a necessidade dos consumidores; • projeto aplica‑se tanto a produtos (ou serviços) como a sistemas (chamados na administração da produção de processos): — projeto de produtos; — projeto de serviços; — projeto de sistemas; — projeto de processos. 30 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II • a atividade de projeto é, em si, um processo de transformação; • projetos começam com conceitos que serão traduzidos em especificações. Lembrete Projeto consiste num conjunto de atividades organizadas para produzir um resultado, de acordo com uma especificação prévia e aprovação de um cliente, com restrições de recursos materiais, humanos, tecnológicos, de tempo e de custo. As atividades do projeto têm data de início e de fim, previamente determinadas. Objetivo de desempenho Influência do projeto bem-elaborado do produto ou serviço Influência do projeto bem-elaborado do processo Qualidade Consegue eliminar falhas pontenciais e aspectos que podem provocar erros do produto ou serviço Resulta em recursos convenientes para produzir o produto ou serviço conforme suas especificações Rapidez Pode gerar produtos que podem ser feitos rapidamente (usando projeto modular, por exemplo), ou serviços que evitam demoras desnecessárias Movimenta materiais, informações ou clientes através de cada estágio do processo, sem demoras Confiabilidade Auxilia a tornar previsível cada estágio do processo ao exigir padronização e previsibilidade Resulta em tecnologia e pessoal confiáveis Flexibilidade Permite reduzir o custo de cada peça que compõe o produto ou serviço, assim como reduz o custo de combiná‑los Assegura alta ultilização de recursos, o que leva a processos eficientes e de baixo custo Custo Pode reduzir o custo de cada peça que compõe o produto ou serviço, assim como reduz o custo de combiná‑los Assegura alta utilização de recursos, o que leva a processos eficientes e de baixo custo Figura 9 – Impacto do projeto de produto/serviço e processo nos objetivos de desempenho Saiba mais Os projetos são instrumentos muito utilizados em empresas nos dias atuais. Leia mais sobre projetos no texto: GERVAZONI, T. P. Conceitos básicos de gerenciamento de projetos. Linha de código, 2014. Disponível em: <http://www.linhadecodigo.com. br/artigo/1167/conceitos‑basicos‑de‑gerenciamento‑de‑projetos.aspx>. Acesso em: 15 maio 2014. Projeto é uma atividade que, originalmente, busca a eficácia: satisfazer as necessidades dos consumidores. 31 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS Pensando dessa forma, os projetistas devem tentar realizar projetos esteticamente agradáveis, que atendam ou excedam as expectativas dos consumidores, que apresentem bom desempenho e sejam confiáveis durante sua vida útil. Além disso, todo projeto deve considerar que será fabricado de forma fácil e rápida, com os recursos disponíveis na organização. Em serviços, o projetista deve propor algo que o consumidor perceba como algo que atenda a suas expectativas. O novo serviço deverá usar o que está disponível em termos de capacidades da operação produtiva e resultar em um custo razoável. O projetista de processo (aquele que irá definir como o produto ou o serviço serão feitos, quase igual a quem escreve uma “receita de bolo”) deve pensar no impacto que poderá produzir na habilidade da produção em atender às necessidades dos consumidores. Local errado, insuficiência de capacidade, tecnologia inadequada e pessoal incapaz podem certamente gerar desempenho ineficaz. A figura anterior mostra como cada objetivo de desempenho de uma operação produtiva é afetado pelo projeto do produto ou serviço e pelo projeto do processo que produz. É importante observar que, apesar de tanto se falar sobre a necessidade do trabalho em equipe, é ainda comum encontrarmos organizações nas quais os departamentos funcionam como “ilhas em um arquipélago”, trocando informações, mas não interagindo entre si. Os egos individuais e os valores emotivos levam a tal situação. A ideia anterior leva as organizações a tratarem frequentemente do projeto do produto ou serviço separadamente do projeto do processo que os produz. Todavia, para conseguir o intento de satisfazer as necessidades dos consumidores, torna‑se imperativo reconhecer que as duas atividades são claramente inter‑relacionadas. Pequenas mudanças no projeto de produtos e serviços podem resultar em mudanças profundas na forma de produzi‑los, assim como o projeto de um processo pode restringir a liberdade do projeto do produto ou serviço. A sobreposição das duas atividades de projeto é maior em operações que produzem serviços, visto que muitas vezes o cliente é envolvido, passando a fazer parte do processo de transformação. A natureza e aparência do serviço, sob a ótica do consumidor, não pode ser separada do processo ao qual o cliente está submetido. 32 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Os produtos e serviços devem ser projetados a fim de que possam ser produzidos eficientemente Os processos devem ser projetados de forma que resultem em uma produção flexível, que produza todos os produtos ou serviços lançados pela organização Projeto do produto ou serviço Projeto do processo que será utilizado para produzir o produto ou serviço Decisões tomadas durante o projeto do produto ou serviço terão impacto sobre os processos que irão produzi‑los, e vice‑versa Figura 10 – Projetos de produtos/serviços e processos: inter‑relação e necessidade de tratamento simultâneo Observação Os desenvolvimentos dos projetos de produto e de processo devem ser simultâneos, devido à interdependência das duas especificações. As definições de especificações do projeto de produto dependem das do projeto de processo,e vice‑versa. Saiba mais A simultaneidade é uma característica importante para diferenciar os processos que geram produtos dos que geram serviços. Leia mais sobre as características específicas dos processos em operações de prestação de serviços em: GRUPO DE ENGENHARIA E ANÁLISE DO VALOR (GAV). Serviço & valor: conceitos básicos. [s.d.]. Disponível em: <http://www.lgti.ufsc.br/ planejamento/aulas/servicos1a3.pdf>. Acesso em: 15 maio 2014. A realização de projetos de produtos, serviços ou de processos que os produzem pode ser considerada um processo de transformação, tendo como entrada informações técnicas, de mercado e de tempo, assim como equipamentos de teste e projeto e pessoal técnico, e tendo como saída a geração de projetos acabados, que são ou possuem alta qualidade, baixo custo e que sejam produzidos com rapidez, confiabilidade e flexibilidade. 33 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS A atividade de projeto em si não funciona como uma ideia brilhante logo na primeira vez na imaginação dos projetistas. Como quase tudo, começa com uma ideia vaga, genérica e mal definida daquilo que poderia ser a solução para uma necessidade observada. Muitas vezes, o uso de um brainstorm – “toró de parpites” ou tempestade cerebral – auxilia na sugestão de diferentes ideias que possam resolver as necessidades observadas. A partir de então, todas as ideias devem passar por um processo de refinamento, sendo analisadas por distintas visões dentro da organização, principalmente as de marketing, finanças e produção. Cada etapa de análise diminui ou descarta certo número de sugestões geradas no brainstorm, e as que sobram para a próxima etapa são progressivamente refinadas e detalhadas, até que, finalmente, consegue‑se reduzir as opções de projeto a uma única, definitiva, que conterá informações suficientes para ser transformada no produto, serviço ou processo real final. Filtros de avaliação e escolha: ‑ Marketing ‑ Produção ‑ Finanças ‑ Tecnologia ‑ Etc. Incerteza em relação ao projeto final Certeza em relação ao projeto final Te m po Grande número de opções de projeto Um projeto final válido Figura 11 – A filtragem de ideias para o projeto, reduzindo o número de alternativas e chegando ao projeto final Deve‑se tomar cuidado ao adotar o modelo de evolução concepção/concepção, pois, uma vez iniciado o processo, havendo a necessidade de mudança de alguma concepção original, implicará a necessidade de repensar e recalcular os custos em função da mudança. No início do processo, sem que decisões fundamentais tenham sido tomadas, os custos de mudança serão baixos. Rapidamente, no entanto, as decisões inter‑relacionadas e cumulativas tornam‑se cada vez mais dispendiosas se tiverem de ser mudadas. 34 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Saiba mais Existem critérios importantes a serem considerados para a filtragem e seleção de ideias e projetos. Leia mais sobre os critérios de sucesso de um projeto em: BAHIA, F. D.; FARIAS FILHO, J. R. Análise de critérios de sucesso em projetos de engenharia, suprimentos e construção (EPC). 2010. Disponível em: <http://www.bbbrothers.com.br/files/pdfs/artigos/criterios_de_ sucesso.pdf>. Acesso em: 15 maio 2014. Efeito volume-variedade no projeto Um importante fator de decisão na atividade de projeto de produto, serviço ou processo é a avaliação do efeito volume/variedade, dimensões normalmente dependentes entre si (baixo volume significa alta variedade, ou alto volume significa baixa variedade). Lembrete Quanto mais decorre o tempo do projeto, mais aumenta a certeza em relação ao projeto final. Inversamente, quanto mais recente é o início do projeto, maior é a incerteza em relação ao projeto final. Volume Variedade Ênfase do projeto Padronização do produto ou serviço Localização Fluxo Tecnologia do processo Habilidade dos funcionários Baixo Alta Projeto do produto ou serviço Baixa Pode ser descentralizado Intermitente Propósito geral Tarefa Alto Baixa Projeto do processo Alta Geralmente centralizado Contínuo Específico Sistema Figura 12 – Volume/variedade e diferentes aspectos da atividade de projeto É relativamente fácil entender que um serviço médico de imunização da população – tipicamente, um serviço médico de massa deve ter uma abordagem totalmente diferente da tomada para um transplante de órgãos, tipicamente customizada para atender à necessidade de um paciente. Tais diferenças vão muito além de tecnologias ou exigências diferentes, mas são explicadas pelo fato de que nenhuma forma de utilizar recursos é a melhor para todos os tipos de operações em todas as circunstâncias. A figura anterior mostra o impacto da relação volume–variedade em diferentes aspectos da atividade de projeto. 35 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS Projeto do processo Uma vez definido o produto ou serviço, de forma integrada com o projeto do processo, faz‑se necessário uma atenção especial para finalizar o projeto de tal processo. Como estamos citando desde o início, no projeto de produto ou projeto de processo chega o momento de determinar a abordagem geral para gerenciar os processos, denominada de tipos de projetos, válidos uma vez para produtos e outra para serviços. É realmente difícil valorizar comparações dentro de faixas tão largas de comparação, como a construção de um navio, de um lado, até a geração de eletricidade, do outro. Devido à sobreposição, tanto nas operações de manufatura como nas de serviços, de diferentes tipos de processos, as organizações podem escolher qual tipo de processo podem empregar. Quadro 1 – Operações de manufatura e de serviços Tipos de processos Operações de manufatura Operações de serviços Processo Descrição Processo Descrição Projeto Geram produtos únicos, customizados, com longo tempo de manufatura. Serviços profissionais São organizações de alto contato, onde os clientes despendem muito tempo, sendo customizados, adaptáveis. Baseiam‑se em pessoas. Jobbing Utilizam uma mesma linha de produção para fazer produtos distintos, compartilhando recursos. Lojas de serviços Têm níveis de contato com o consumidor, customização, volume de clientes e liberdade de decisão do pessoal, ficando entre o serviço profissional e o de massa. Lotes É produzido mais de um produto por vez, fato que se repete periodicamente. Para lotes pequenos, confunde‑se com jobbing. Serviços de massa Envolvem tempo de contato limitado e pouca customização. Predominantemente baseados em equipamentos. Produção em massa São os que produzem altos volumes de bens com variedade relativamente estreita. Contínuo São os que produzem altos volumes com variedade muito baixa ou praticamente um único produto. 36 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Projeto Jobbing Lote Massa Contínuo Serviços profissionais Lojas de serviços Serviços de massa Baixo volume alto Baixo volume alto Alta Baixa Va rie da de Figura 13 – Tipos de processos em operações de produção e de serviços Matriz produto/processo A representação clássica da variação do custo e da flexibilidade, elaborada por Hayese Wheelwright, de Harvard, buscam mostrar as consequências para a operação em função da seleção do processo empregado. Denominada “Matriz Produto–Processo”, tem a relação volume‑variedade em uma dimensão e o tipo de processo na outra dimensão (ver figura a seguir). Serviço profissional Serviço de massa Loja de serviço Projeto Jobbing Lote Massa Contínuo Maior flexibilidade do processo do que o necessário, resultando em alto custoMenor flexibilidade do processo do que o necessário, resultando em alto custo Nenhum Nenhum Tipos de processos de operações de manufatura Tipos de processos de operações de serviços Variedade Volume Linha “natural” de ajuste do processo às características de volume/variedade de produtos/serviços Figura 14 – Produto‑processo e as consequências dos desvios da diagonal “natural” A maior parte das operações tende para a diagonal “natural” da matriz e nenhuma ou poucas operações são encontradas nos cantos extremos da matriz. 37 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS 3.2 Projetos de produtos e serviços Vantagem competitiva do bom projeto Produtos e serviços são as primeiras coisas observadas pelos clientes em uma organização. Assim, o projeto dos produtos e serviços, seu desenvolvimento contínuo e a criação de projetos totalmente novos também ajudam a definir a posição competitiva de uma organização. Pode‑se afirmar que todos os produtos e serviços têm três aspectos em relação ao projeto: • um conceito: conjunto de benefícios esperados que o consumidor está comprando; • um pacote de produtos e serviços: conjunto de componentes que proporcionam o benefício definido no conceito; • um processo: que define a relação entre os componentes do pacote. Etapas do projeto Para chegar a esse ponto, a atividade de projeto deve passar por diversas etapas, que formam uma sequência aproximada: Geração do conceito Triagem Projeto preliminar Avaliação de melhoria Protótipo e projeto final Conceito Pacote Processo Figura 15 Observação A vantagem competitiva consiste no conjunto de característica e valores que diferencia o produto ou serviço, de acordo com a visão e preferências do cliente, comparativamente ao resultado oferecido pela concorrência. 38 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Geração do conceito As ideias para conceitos de novos produtos ou serviços podem vir de fontes externas e de fontes internas (ver figura a seguir). Ideias de pesquisa e desenvolvimento Sugestões do pessoal de contato com os clientes Departamento de marketing Análise das necessidades dos consumidores Ações dos concorrentes Sugestões dos clientes Pesquisa de mercado Geração do conceito Fontes internas Fontes externas Figura 16 – Ideais surgem dentro e fora da organização Na geração dos conceitos, muitas ideias podem vir, todos os dias, dos clientes. Infelizmente, nem todos os funcionários visualizam a transmissão das informações (ideias) vindas dos clientes como uma função importante. As organizações podem até não ter mecanismos disponíveis para facilitar a comunicação ou para transmitir boas ideias. Ideias não são o mesmo que conceitos. Na realidade, elas precisam ser transformadas em conceitos, de forma que possam ser avaliadas e, então, “operacionalizadas” pela organização. Conceitos são diferentes das ideias pelo fato de englobarem a ideia e indicarem sua forma, função, seu objetivo e seus benefícios globais. Lembrete O volume produzido no processo de geração de ideias em um projeto é um importante indicador de desempenho. Quanto maior for o volume de ideias e alternativas geradas, antes da seleção e escolha, melhor é o processo criativo adotado. O conceito deve ser simples de ser comunicado, de maneira que todos na organização possam entendê‑lo, realizá‑lo e vendê‑lo. Nem todos os conceitos gerados resultarão, no entanto, em produtos e serviços. Como vimos anteriormente, diferentes análises vão selecionando ao longo do tempo os conceitos válidos, que serão trabalhados até o ponto do projeto preliminar de seu pacote e processo. 39 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS Durante essa triagem, algumas questões típicas devem ser respondidas para os três filtros funcionais: marketing, finanças e produção: viabilidade/aceitabilidade e vulnerabilidade. Ideia Conceito Forma A forma global do produto ou serviço Função A maneira como o produto ou serviço funciona Propósito A necessidade que o produto ou serviço deve satisfazer Benefícios As vantagens que o produto ou serviço trarão aos consumidores Figura 17 – Transformação de uma ideia em um conceito Saiba mais As etapas de um projeto são planejadas lógica e sequencialmente, de forma a se obter o melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais e tecnológicos aplicados. Estude as etapas de um projeto lendo o texto: FABRÍCIO, M. M.; BAÍA, J. L.; MELHADO, S. B. Estudo da sequência de etapas do projeto na construção de edifícios: cenário e perspectivas. [s.d.]. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1998_art230. pdf>. Acesso em: 15 maio 2014. Quadro 2 – Questões típicas de avaliação sobre marketing, produção e finanças Critério de avaliação Marketing Produção Finanças Viabilidade Será o mercado suficientemente grande? Possuímos as capacitações para produzir? Temos acesso a financiamento suficiente para desenvolver e lançar? Aceitabilidade Quanto do mercado poderemos ganhar? Quanto teremos que organizar nossas atividades para produzir? Qual o retorno econômico que conseguiremos sobre nosso investimento? Vulnerabilidade Qual o risco de fracasso no mercado? Qual é o risco de não conseguirmos produzir de forma adequada? Quanto dinheiro poderemos perder se os desenvolvimentos não forem os planejados? Fonte: Slacks (2009). 40 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Benefícios dos projetos interativos O ato de fundir o projeto de produtos/serviços e o projeto do processo que os produz é chamado, às vezes, de projeto interativo. O benefício desse tipo de projeto é a redução do tempo utilizado para a atividade de projeto, desde o conceito até a introdução no mercado, denominado TTM (Time To Market), ou tempo até o lançamento. Dessa forma, pode‑se ter uma vantagem competitiva, pois permite uma revisão do projeto do produto/serviço e do processo de forma muito mais dinâmica, e significa que as empresas têm mais oportunidade para melhorar o desempenho de seus produtos e serviços. Se o processo de desenvolvimento atrasa, os custos de desenvolvimento aumentam, assim como a introdução tardia do produto ou serviço atrasará a receita de sua venda. Exemplo de aplicação Um bom projeto de produto e serviço traduz as necessidades dos consumidores na forma e na configuração do produto ou serviço e, assim, especifica as capacitações exigidas da operação produtiva. Observar de forma conjugada o projeto de produto e serviço e o projeto do processo pode melhorar a qualidade dos dois tipos de projetos. Levar em conta as restrições da produção durante o projeto garante produtos produzíveis, com processos desenvolvidos levando em conta as necessidades de longo prazo. 4 ARRANJO FÍSICOE FLUXO O arranjo físico (em inglês, layout) de uma operação produtiva que se preocupa com o posicionamento dos recursos de transformação. Isto é, definir onde colocar: • instalações; • máquinas; • equipamentos; • pessoal de produção. Mudanças relativamente pequenas na localização de uma máquina numa fábrica ou dos produtos em um supermercado podem afetar o fluxo de materiais ou de pessoas; desse modo, podendo afetar positiva ou negativamente os custos e a eficácia da operação. As razões práticas pelas quais as decisões de arranjo físico são importantes são as seguintes: • mudanças de arranjo físico são frequentemente atividades difíceis e de longa duração, por causa das dimensões físicas dos recursos de transformação movidos, além das mudanças necessárias em termos de alimentação de energia, entre outras; 41 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS • o rearranjo de uma operação existente pode interromper seu funcionamento suave, levando à insatisfação do cliente ou a perdas na produção; • um arranjo físico errado gera padrões de fluxo confusos e longos, estoques de materiais, filas de clientes, resultando em tempos de processamento longos, operações inflexíveis, fluxos imprevisíveis e altos custos. Procedimentos de arranjo físico A figura seguinte mostra as etapas de decisão de arranjo físico. Processo por projeto Serviços profissionais Processos jobbing Lojas de serviços Processo em lotes Serviços em massa Processo em massa Processo contínuo Volume e variedade Tipos de processos Decisão 1 Tipos básicos de arranjo físico Decisão 2 Projeto detalhado do arranjo físico Decisão 3 Objetivos de desempenho estratégico Arranjo físico posicional Arranjo físico por processo Arranjo físico celular Arranjo físico por produto Posição física de todos os recursos de transformação Fluxos de recursos transformados pela produção Figura 18 – A decisão de arranjo físico Observação Um estudo de layout visa auxiliar o administrador no projeto de instalação ou ampliação de unidades produtivas, na racionalização de espaços, na melhoria de condições de trabalho ou na redução de riscos de acidentes de trabalho. Cada tipo de arranjo físico é mais adequado a cada tipo de processo, porém não há como dizer que essa regra é definitiva, uma vez que, conforme as características de cada organização ou seu ponto na evolução (de pequena empresa para uma grande empresa, do artesanato para a produção em série), as decisões de arranjo físico mudam, exigindo novos projetos e adequações. 42 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Dessa forma, deve ficar claro que, na determinação do tipo de arranjo físico a utilizar, não é obrigatório que se utilize o ideal para o processo estudado, podendo haver alterações ou adaptações, caso a caso. A figura a seguir mostra algumas relações entre processos e arranjos físicos possíveis: Tipos de processos de manufatura Tipos básicos de arranjo físico Tipos de processos de serviços Processo por projeto Arranjo físico posicional ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Arranjo físico por processo ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Arranjo físico celular ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Arranjo físico por produto Serviços profissionais Processo tipo jobbing Processo tipo batch Lojas de serviços Processo em massa Serviços de massa Processo contínuo Figura 19 – Relação processos versus arranjos físicos Observação O processo batch flow, ou fluxo em lote, consiste em uma configuração mista em que um só produto é fabricado. Por razões econômicas, é montado um lote (batch) em vez de um só item. Tipos básicos de arranjo físico Arranjo físico posicional É o arranjo físico no qual os recursos que estão sendo transformados – materiais, informações ou consumidores – não se movem, enquanto todos os recursos de transformação – equipamentos e pessoal – devem se mover para e na região onde está sendo feito o processo de produção. Aplica‑se nos casos em que o recurso a ser transformado é muito grande, ou, ao contrário, é muito delicado para ser movido, ou ainda não quer ser movido! • Construção de uma rodovia. • Restaurante de alta classe (em geral, não oferece refeição por quilo). • Cirurgias (não podem ser feitas com o paciente andando). • Estaleiro (construção de navios). Arranjo físico por processo É bastante comum encontrarmos operações nas quais os processos de transformação são muito importantes na tomada de decisão sobre o tipo de arranjo físico a adotar e, dentro dessas operações, ainda podem ser identificadas aquelas nas quais existem muitos recursos de transformação 43 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS (equipamentos e instalações) similares, que, por conveniência de controle e administração, devem ficar juntos: • Nos hospitais, os equipamentos de raios‑x, em geral, são colocados em uma única região, devido às necessidades de proteção. Os laboratórios também se concentram em uma região, assim como centros cirúrgicos, e uma ampla gama de outros exemplos que podem ser citados. • Na fabricação de componentes mecânicos, alguns processos exigem instalações e pessoal específico e treinado, sendo, portando, mais fácil a administração desses equipamentos se forem colocados juntos, conforme suas características. • Nos supermercados, não vemos carne misturada com peixe, ou verduras misturadas com pães. Os setores são separados conforme o tipo de produto oferecido. Lembrete Pequenas alterações na disposição de máquinas ou das mercadorias, no ponto de venda, podem afetar significativamente tanto o fluxo de materiais e de pessoas, como os custos, eficiência e eficácia em uma operação. Sala de acesso on‑line e CD‑ROM Periódicos encadernados Livros para empréstimo organizados por assunto Periódicos recentes Relatórios de empresas Coleção reservada Balcão de atendimento In fo rm aç õe s Seção de referências Depósito Área de copiadoras Entrada Saída Mesas de estudo Figura 20 – Arranjo físico por processo – biblioteca 44 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Arranjo físico celular Apesar de, no estudo das técnicas japonesas, podermos chegar à conclusão de que o arranjo físico celular foi inventado pelos japoneses, na realidade, essa técnica foi inventada pelos russos ainda no século XX, nos anos 30, mas acabou sendo implementada com sucesso pelos japoneses. Os recursos a serem transformados são separados em famílias de peças que possuem processos de fabricação idênticos ou muito similares, permitindo que todos os recursos de transformação necessários para sua produção sejam colocados juntos, permitindo a produção sem interrupção de determinado lote de peças. Terminada a operação em uma célula, o lote de peças segue para outra célula, e assim por diante, até sua conclusão. Como resultado, o tempo total de fabricação é extremamente reduzido, assim como o estoque em processo. Figura 21 – Família de peças e típico arranjo físico celular em forma de “U” Caixa Corredores Seção de esportivos Livros e vídeos Calçados Perfumes e jóias Malas e presentes Roupas femininas Roupas masculinas Doces, jornais, revistas e papelaria Elevadores Entrada Entrada Figura22 – Loja de departamentos com diferentes células de serviços Arranjo físico por produto No caso de produção em larga escala ou produção em massa, os recursos de transformação (instalações e pessoas) devem ser dispostos de tal forma que não exista perda de tempo para mudança de processo de uma máquina para outra. Assim sendo, a sequência prevista para o processo é exatamente a mesma 45 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS na qual os recursos ficam arranjados fisicamente. Permite‑se, assim, a produção em larga escala com baixos custos. Cozimento Limpeza Refinamento Mistura AlinhamentoRolos de pressão SecagemEmbobinamento Figura 23 – Arranjo físico por produto – fabricação de papel Sala de aula Médico Médico Médico Médico Médico Médico Teste de sangue Teste de sangue Teste de sangue Raio‑x Raio‑x Raio‑x Área de entrega de uniformes Depósitos de uniformes Sala de espera Sala de espera Registro de histórico pessoal e médico Figura 24 – Arranjo físico por produto – centro de alistamento militar Arranjo físico misto Dependendo do grau de complexidade das operações, pode acontecer de a utilização de um único modelo de arranjo físico não resolver completamente o problema, e assim nasce a necessidade do uso de mais de um modelo. Tais casos recebem a denominação de arranjos físicos mistos. 46 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Arranjo físico em linha = bandeijão Arranjo físico celular = buffet Arranjo físico posicional = à la carte Figura 25 – Exemplo de restaurante com arranjo físico misto A decisão sobre qual arranjo físico adotar para determinada operação passa pela análise da relação volume/variedade. A movimentação dos materiais, das informações ou dos clientes ao longo do processo depende diretamente do tipo de arranjo físico selecionado. Operações com baixo volume e alta variedade não têm no fluxo dos recursos a serem transformados o real foco da atenção, mas sim no fluxo dos equipamentos e pessoal produtivo. Em contrapartida, operações que apresentam alto volume e baixa variedade de produtos precisam ser bem estudadas, para garantir o melhor fluxo possível aos recursos a serem transformados – materiais, informações ou clientes. Assim sendo, fazer uma inter‑relação entre a ideia de variação do volume e variedade, comparada aos diferentes tipos de arranjo físico, auxilia no momento de se tomar a decisão sobre o melhor arranjo a implantar. A figura seguinte mostra uma possibilidade de entendimento para a seleção do tipo de arranjo físico em função da relação volume‑variedade. Deve‑se observar que, da mesma forma que aconteceu quando da seleção do tipo de processo produtivo, aqui também existem áreas comuns, onde a aplicação de um ou outro tipo de arranjo físico dependerá de mais fatores que somente volume–variedade de produção. 47 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS Arranjo físico posicional Baixo Volume Alto Arranjo físico por processo Arranjo físico celular Arranjo físico por produto Ba ix o V ar ie da de Al to Fluxo regular é mais importante, devido ao volume produzido Fl ux o re gu la r m ai s f ác il de se r c on se gu id o no p ro ce ss o pr od ut iv o Fluxo intermitente Fluxo contínuo Figura 26 – Relação volume–variedade e os tipos básicos de arranjo físico A seleção pela relação volume–variedade, em geral, limita a seleção de tipos de arranjo físico a serem aplicados em, no máximo, dois tipos de arranjo possíveis. A definição final sobre qual arranjo aplicar depende da correta interpretação das vantagens e desvantagens de cada tipo de arranjo físico. Quadro 3 – Vantagens e desvantagens dos tipos básicos de arranjo físico Tipo de processo Vantagens Desvantagens Posicional ‑ Flexibilidade de mix e produto muito alta. ‑ Produto ou cliente não movido ou perturbado. ‑ Alta variedade de tarefas para mão de obra. ‑ Custos unitários muito altos. ‑ Programação de espaço e de atividades complexa. ‑ Muita movimentação de equipamentos e mão de obra. Processo ‑ Alta flexibilidade de mix e produto. ‑ Suporta interrupção de alguma etapa. ‑ Facilita supervisão de equipamentos e instalações. ‑ Baixa utilização de recursos. ‑ Gera alto estoque em processo e fila de clientes. ‑ Fluxo complexo e difícil de controlar. Celular ‑ Boa relação entre custo e flexibilidade em operações com variedade mais ou menos alta. ‑ Tempo de passagem rápido. ‑ Trabalho em equipe. ‑ Custoso para reconfigurar arranjo físico original. ‑ Resulta na necessidade de capacidade adicional. ‑ Reduz nível de utilização dos recursos. Produto ‑ Custo unitário baixo. ‑ Especialização de equipamentos. ‑ Garante boa movimentação de materiais e clientes. ‑ Baixa ou nenhuma flexibilidade do mix. ‑ Pode parar se alguma etapa parar. ‑ Trabalho repetitivo. Fonte: Slacks (2009). 48 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II Saiba mais Quanto mais você souber sobre a classificação e aplicação dos arranjos físicos de uma operação, melhor será a sua escolha. Entenda mais sobre o assunto consultando: ALVES, F. J. B. P.; AQUINO, P. V. B.; SILVA, L. H. F. Estudo da reestruturação do arranjo físico em uma indústria alimentícia do segmento de biscoitos artesanais em Maceió, Brasil. Engineering Sciences, Aquidabã, v. 1, n. 1, 2013. Disponível em: <http://sustenere.co/journals/index.php/ engineeringsciences/article/view/ESS2318‑3055.2013.001.0003>. Acesso em: 15 maio 2014. O estudo dos arranjos físicos passa pela avaliação dos custos envolvidos na implantação do arranjo físico e na sua operação. Tais custos podem ser entendidos como: • Custos fixos: são os custos envolvidos na implantação de um arranjo físico. O arranjo físico posicional é, sem dúvida, o que apresenta o menor custo fixo, uma vez que muitas vezes não exige nem a construção de um prédio específico para abrigar a operação – na construção de um edifício, tudo acontece no terreno onde ele será construído, por exemplo. Por outro lado, o arranjo físico por produto necessita de grande investimento inicial, pois utiliza até máquinas que são feitas de forma customizada, para produção exclusiva do produto em questão – açúcar e álcool, por exemplo. • Custos variáveis: são os custos que envolvem mão de obra, energia elétrica, matéria‑prima, materiais de consumo, entre outros itens necessários para produzir aquilo a que a organização se propõe. Quanto maior o volume produzido, maior o custo variável. Dessa maneira, o custo variável para produtos produzidos utilizando um arranjo físico posicional em grande volume é muito maior do que produtos produzidos utilizando um arranjo físico por produto, por exemplo. 49 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS Posicional Processo Celular Produto Usar posicional Usar processo Usar celular Usar produto Região de dúvida Usar posicional ou processo Regiãode dúvida Usar processo ou celular Região de dúvida Usar celular ou produto Cu st os Volume Figura 27 – Custos envolvidos na utilização dos diferentes tipos de arranjo físico Observação Os custos fixos são aqueles que não variam proporcionalmente, ao aumento ou diminuição dos volumes de bens produzidos ou dos serviços prestados. Já os custos variáveis acompanham tais flutuações. Resumo O entendimento dos sistemas de produção e/ou prestação de serviços necessita do conhecimento sobre seus respectivos projetos, assim como de seus processos. Eles precisam ser entendidos tanto no âmbito estratégico como no operacional, chegando a detalhes importantes como o arranjo físico, as tecnologias envolvidas e as abordagens que envolvem as pessoas no trabalho. A compreensão do que é o projeto de produtos e serviços e os processos que os produzem leva à percepção dos diferentes níveis decisórios dentro da organização. O projeto de processos em produção pode ser definido como a projeção de toda a cadeia de operações produtivas que efetivamente faz os produtos e serviços que serão entregues para os consumidores. Os processos principais da produção envolvem a manufatura em si, a 50 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II manutenção e a preservação do parque de máquina e equipamentos, além da qualidade dos produtos e serviços. O projeto de processos deve ser planejado e elaborado conjuntamente com o projeto de produtos, com suas especificações técnicas e comerciais, promovendo‑se os devidos ajustes mútuos para viabilizar o produto pretendido, bem como os processos produtivos necessários. Na esfera operacional, projeto de processos significa, também, o arranjo físico das instalações, a tecnologia adotada e o pessoal de produção. Para tanto, foram apresentados os tipos de arranjos físicos existentes: por produtos, processos, posicional, celulares, entre outros. O estudo do layout da planta é fundamental para a melhoria da circulação de pessoas e materiais e ajuste da proximidade física dos processos envolvidos na produção, redução de custos e tempos durante a execução dos trabalhos. O entendimento da atividade de projeto envolve muito mais do que simplesmente pensar no projetista especificando detalhes de determinado produto, compreende decisões sobre aquisições de máquinas e equipamentos, por exemplo. Foi cumprido o objetivo principal desta unidade, que era o de demonstrar os aspectos importantes e a grande contribuição do projeto na administração da produção. Exercícios Questão 1. Ao visitar o Estaleiro Barcos Ltda., os alunos do curso de Administração se depararam com um arranjo físico muito diferenciado: o arranjo Posicional. O arranjo físico (Layout) de uma operação produtiva preocupa‑se com o posicionamento dos recursos de transformação, isto é, em definir onde colocar: instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. O Sr. Jurandir, Gerente de Operações do estaleiro, que conduzia e procurava explicar as particularidades do estaleiro, apresentou o principal argumento para a adoção deste tipo de arranjo. Assinale a única alternativa correta: A) Ele atende as necessidades e as conveniências dos recursos transformados. B) Processos semelhantes são alocados em uma área específica da operação. C) A conveniência dos recursos transformadores centraliza as decisões. 51 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 GESTÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS D) Os recursos a serem transformados não se movem. E) A sequência das atividades de manufatura necessárias ordena o posicionamento e fixação das máquinas. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o arranjo físico por produto é aquele que se caracteriza por localizar os recursos produtivos transformadores inteiramente, segundo a melhor conveniência dos recursos que estão sendo transformados. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o arranjo físico celular é aquele em que os recursos a serem transformados entram na operação, sendo selecionados, ordenados e movimentados para uma parte específica da operação (ou célula), na qual estão posicionados todos os recursos transformadores necessários para atender as necessidades imediatas de processamento. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o arranjo físico por processo tem esse nome porque as necessidades e conveniências dos recursos transformadores que constituem o processo na operação dominam a decisão sobre o arranjo físico. D) Alternativa correta. Justificativa: o Arranjo Físico Posicional é aquele em que os recursos que serão transformados não se movem, ficando estacionários, enquanto equipamentos, máquinas, instalações e pessoal movem‑ se na medida do necessário. Esta operação é adequada quando o tamanho ou delicadeza do produto não permitam a sua movimentação durante a operação. Exemplos: construção de rodovia, estaleiro (construção de navios), restaurante de alta classe. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o arranjo físico que prioriza a sequência das atividades para ordenar as máquinas e equipamento na área de manufatura é o Arranjo por Processos. Questão 2. (Enade 2005) Existem três tipos básicos de arranjo físico (leiaute) de fábricas: posicional (ou por posição fixada); funcional (ou por processo); e linear (ou por produto). É correto afirmar que, em uma fábrica que produz cinco tipos de diferentes produtos: 52 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade II A) podem coexistir os três tipos de leiautes. B) o leiaute linear exige que o prédio tenha forma alongada. C) o leiaute linear é melhor para o setor de montagem de peças. D) o leiaute funcional é melhor para o setor de fabricação de peças. E) o leiaute posicional deve ser usado quando há uma máquina difícil de ser removida do local. Resolução desta questão na plataforma.
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