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Konrad Hesse - a força normativa da constituição

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A força normativa da Constituição
Konrad Hesse foi professor da Universidade de Freiburg, Alemanha; e durante os anos de 1975 até 1987, exerceu a função de Juiz do Tribunal Constitucional Federal alemão. Em 1959, escreveu “A força normativa da Constituição”, uma de suas principais obras. Em suma, o autor levanta uma discussão sobre o significado e o valor da Constituição. Hesse afirma que, a essência de uma Constituição encontra-se em sua força normativa, ou seja, aspectos jurídicos somados aos aspectos da realidade social e política do Estado.
 Hesse inicia seu livro contrapondo aos escritos de Ferdinand Lassalle, percursor da socialdemocracia alemã, em sua obra ‘A essência da Constituição’. Embora ambos tenham vivido em épocas diferentes e tenham visões divergentes, seus trabalhos são base para uma importante discussão: Qual a essência de uma constituição.
Lassalle afirma que questões constitucionais são de cunho político, e não jurídico. Assim, a constituição real do país seria a soma dos ‘fatores reais de poder’ (poder social, econômico, intelectual e militar) dominantes na nação. Em seus dizeres, o autor limita a Constituição, denominada por ele de constituição jurídica, a uma simples folha de papel. Esta não teria capacidade de regular a vida em sociedade caso não fosse compatível à chamada constituição real, ou seja, a correlação das forças ativas predominantes. Portanto, a normatividade estaria submetida à realidade fática.
“Quando podemos dizer que uma constituição escrita é boa e duradoura?
(...) Quando essa constituição escrita corresponder à constituição real e tiver suas raízes nos fatores reais do poder que regem o país.” (LASSALLE, 2001, p.33).
Hesse assente a ideia de Lassalle de que a Constituição não é uma realidade apenas textual e formal, mas, que nela existe uma realidade político-social. Porém, ele afirma que não pode haver uma derrota da Constituição quando colocada em oposição ao ‘fatores reais do poder’. Se a Constituição derrocar quando convergente a esses fatores, o Direito Constitucional deixaria de ser uma ciência do dever ser, de caráter intrinsicamente normativo, e passaria a ser uma ciência do ser. 
Ele prega que a força condicionante da realidade e a normatividade presentes na Constituição podem ser distintas, porém, não devem ser totalmente separadas ou confundidas.
Para esse autor, a Constituição não poderia ser resultado somente das relações de poder dominante, antes haveria uma Vontade de Constituição, ou seja, uma força própria, motivadora e ordenadora regendo o Estado. 
A Constituição passaria a ser força ativa e eficaz quando se fizesse presente na consciência geral. Não estaria presente somente na ‘vontade de poder’, como é percebido em grande parte dos governantes responsáveis pela ordem constitucional, mas na chamada Vontade de Constituição. Além disso, a efetividade da norma não advém apenas dos elementos sociais, políticos e econômicos dominantes, mas também do relacionamento intrínseco com o atual estado ‘espiritual’. 
Na verdade, existiria um condicionamento recíproco entre a Lei Fundamental e a realidade político-social, constituindo assim um limite hipotético extremo. Entre elas, haveria uma tensão necessária e inerente, que não se deixa eliminar. Quanto mais a constituição adequar-se a natureza do presente, mais garantida estará a força normativa da constituição.
Hesse então levanta três fatores fundamentais que assegurariam a existência da força normativa: (1) O condicionamento recíproco existente entre a Constituição jurídica e a realidade político-social; (2) Os limites e as possibilidades da atuação da Constituição jurídica; e (3) Os pressupostos de eficácia da Constituição.
(1). Ordenamento e realidade devem ser considerados de forma condicionante e recíproca. A norma não existe de maneira autônoma à realidade. A primeira é construída visando ser concretizada e efetivada na realidade. Para que exista esse ‘condicionamento recíproco’, é necessário observar as condições que caracterizam determinada sociedade.
Por se tratar de uma ciência do Dever Ser com expressões também de uma ciência do Ser, a Constituição busca a ordem adaptada a realidade político-social.
(2). Quanto a este fator, Hesse afirma que a Constituição jurídica e a Constituição real são harmônicas, mas não são dependentes uma da outra. A primeira só se tornaria força ativa, e portanto poderia se desenvolver, quando estivesse de acordo com a situação histórica daquela sociedade e principalmente, estivesse conforme as tendências dominantes de sua época. Essencialmente, a Lei Fundamental só poderia ser tornar eficiente quando fosse determinada pelo princípio da necessidade social.
(3). Hesse diz que, quanto mais uma Constituição está de acordo com a realidade atual da sociedade, mais seguro será seu desenvolvimento. Essa ‘seguridade’ encontra alicerce na consciência geral da população, que vê na Carta Magna um retrato de seus anseios. Para que isso ocorra, a Constituição deve seguir as eventuais modificações pertinentes ao âmbito social.
Para o desenvolvimento da força normativa da constituição, é necessário não apenas discuti-la, mas coloca-la em prática. Partindo disso, exige-se de todos os partícipes da vida social uma ‘vontade de Constituição’.
Dois aspectos de suma importância para a consolidação e preservação da força normativa são a revisão e a interpretação constitucional. Na primeira, sob justificativa de necessidade política bem como social, verifica-se um enfraquecimento da força normativa devido a insegurança gerada pelas numerosas revisões. Daí surge, portanto, a necessidade do enrijecimento no processo de emendas para as constituições. Estas, só seriam realizadas de fato, quando os legisladores verificam uma ânsia social. No segundo aspecto, para uma interpretação fidedigna que vise atender as necessidades da população em relação à dada norma, é necessário considerar dentro do enunciado normativo as condições dominantes para tal plano.
Por fim, é possível inferir que não há seguridade de fato para a existência da força normativa da Constituição. No entanto, cabe ao Direito Constitucional enfatizar, estimular e proteger a chamada Vontade de Constituição, que consiste na maior garantia da força normativa. Hesse ainda confere o futuro de um Estado a sua sociedade, salientando que transformá-lo em questão de poder ou em um problema jurídico depende apenas da preservação e fortalecimento da força normativa, fomentada pela vontade de Constituição.
Referências
HESSE, KONRAD. A força normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes.
http://www.esamcuberlandia.com.br/RevistaIdea2/artigos/2010v1n2art09.pdf (acessado em 28 de outubro de 2013, ás 16h24min).
http://www.oocities.org/flavioriche/Hesse.htm (acessado em 29 de outubro de 2013, ás 23h58min).
http://eduardocasassanta.wordpress.com/2008/10/18/resumo-da-obra-a-forca-normativa-da-constituicao-de-konrad-hesse/ (acessado em 30 de outubro de 2013, ás 01h02min).
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=350&idAreaSel=16&seeArt=yes (acessado em 30 de outubro, ás 01h43min).

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