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Seleção e Dinâmica de Grupo W BA 01 16 _V 1. 0 2/187 Seleção e Dinâmica de Grupo Autora: Mirna de Lima Medeiros Como citar este documento: MEDEIROS, Mirna. Seleção e Dinâmicas de Grupo. Valinhos, 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Técnicas de Recrutamento e Seleção 04 Assista a suas aulas 39 Unidade 2: Seleção por Competências 49 Assista a suas aulas 85 Unidade 3: Técnicas para Aplicação de Dinâmicas de Grupo 93 Assista a suas aulas 143 Unidade 4: O Processo de Atração e Retenção de Talentos 151 Assista a suas aulas 179 2/187 3/187 Apresentação da Disciplina Serão apresentadas nesta disciplina as técnicas de recrutamento e seleção, além de conteúdos específicos, como seleção por competência e técnicas para aplicação de jogos e dinâmicas de grupo, procedimentos fundamentais para o gestor de recursos humanos, pois ele é o responsável por uma série de processos e decisões integrados e inter-relacionados quanto às pessoas dentro da organização. Conhecer tais ações é realmente importante para que você possa compreender como estas definirão quem irá trabalhar na organização (provisão/agregação de pessoal), o que as pessoas farão (aplicação), como serão recompensadas por terem feito as suas atribuições (remuneração e benefícios), como serão mantidas evitando um alto turn-over (manutenção), como serão preparadas e desenvolvidas na organização (desenvolvimento) e como saber quem são e o que fazem (monitoramento). Outra perspectiva importante que será abordada nesta disciplina é a do processo de atração e retenção de talentos. Afinal, não basta saber como selecionar e definir quem irá trabalhar em sua organização: é preciso também prover as pessoas das quais a empresa necessita em certo momento. Esse processo é de suma importância, pois, atualmente, atrair e manter talentos (capital intelectual) é a ordem da nova economia (CHIAVENATO, 2004; PONTES, 2001). Ele exige algumas etapas, a saber: planejamento, recrutamento e seleção. Quer saber como garantir tudo isso? 4/187 Unidade 1 Técnicas de Recrutamento e Seleção Objetivos 1. Você verá nesta aula o subsistema de Recrutamento e Seleção que se insere dentro da Administração de Recursos Humanos ou, como mais utilizado atualmente, da Gestão de Pessoas. Será feito um breve esclarecimento sobre do que trata esse subsistema e as diferenças básicas entre as etapas do processo de agregar pessoas à organização, para, em seguida, realizar o aprofundamento do tema com a exposição das fontes e tipos de recrutamento, bem como as técnicas de seleção de pessoas. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção5/187 1. Introdução Nessa abordagem, você verá alguns pontos importantes para o processo de recrutamento e seleção. O primeiro a destacar é o planejamento, que se refere à estimação das necessidades da organização, análise dos cargos disponíveis, definição das técnicas de atração e seleção mais adequadas aos quesitos anteriores, abertura formal da vaga, obtenção de informações adicionais internamente e no mercado. Já em relação ao recrutamento, você poderá observar que se refere, simplificadamente, à procura por candidatos para as vagas existentes, ou seja, é sumamente um processo de coleta de informações. E, concluindo a exposição, verá que a seleção identifica o candidato mais adequado às especificidades preestabelecidas dentre os recrutados, sendo um exercício de comparação e tomada de decisão. Os próximos tópicos tornarão mais claras as definições e diferenças entre as partes do processo. A escolha de pessoas para trabalhar representa um aspecto importante e estratégico para a organização, pois elas são, provavelmente, o seu principal ativo, já que ativam os seus demais recursos e são capazes de agregar inteligência, talento e aprendizado. As práticas de recrutamento e seleção devem estar ligadas à natureza dos negócios e estratégias das organizações, pois as características particulares e diferenças nessas questões demandam diferentes conhecimentos, habilidades e comportamentos dos Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção6/187 indivíduos que as realizam e coordenam (CHIAVENATO, 2004; HANASHIRO et al., 2008; SCHULER; JACKSON, 1987). O processo de agregar pessoas (recrutar e selecionar) nada mais é do que a busca por uma adequação entre aquilo de que a organização precisa para o que pretende e aquilo que as pessoas oferecem, servindo às necessidades organizacionais a curto e preferivelmente, segundo a abordagem moderna, a longo prazo. Essa abordagem contemporânea da gestão de pessoas também altera os paradigmas da captação e seleção de pessoas em outros sentidos. Veja como, no Quadro 1.1: Quadro 1.1 Alteração Abordagem Tradicional Abordagem Contemporânea Ambiente Estável Instável e de mudança Terminologia Recrutamento e Seleção Captação e seleção de talentos Enfoque Operacional Estratégico Orientação da ação Ao cargo À organização em sua totalidade Modo de ação Reativo Proativo Momento de ação Condicionado às vagas Processo contínuo Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção7/187 Alteração Abordagem Tradicional Abordagem Contemporânea Visão Curto prazo Longo prazo Atitude Conservantismo Criatividade e Inovação Finalidade do processo Admissão por si mesma Compromisso com o desempenho das pessoas nos cargos Responsabilidade Centralizada (Departamento de Recursos Humanos) Descentralizada (Parceria entre o departamento, gerentes e equipe de trabalho) Valorização De conhecimentos e habilidades Além de conhecimentos e habilidades é necessária atitude e identificação com os valores organizacionais Escolha Da pessoa certa para cada cargo Da pessoa que melhor se alinha à organização e que mais pode agregar-lhe valor Técnicas Uso de provas e testes Ênfase em entrevistas, dinâmicas e simulação. Provas e testes como instrumentos auxiliares Fonte: Elaborado pela autora com base em Almeida (2004) e Chiavenato (2004). Você observou no Quadro 1.1 as principais bases do processo de captação e seleção de pessoas. Observe agora suas técnicas e características mais específicas. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção8/187 procedimentos para identificar e atrair um grupo de candidatos, potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização, suficientemente grande para que a organização possa selecionar os empregados de que necessita. Veja na Figura 1.1 o detalhamento dos procedimentos de recrutamento: 2. Recrutamento: o Processo de Atrair Pessoas Gerir os Recursos Humanos de uma organização implica diversos procedimentos complexos, principalmente pelo fato de que gerenciar pessoas não é trabalho fácil. O gestor de pessoas parte comumente da seguinte questão: como contratar alguém qualificado e garantir que permaneça na empresa? Certamente você partirá desta pergunta, que pressupõe primeiro atrair pessoas, ou seja: como fazer para recrutar pessoal? O recrutamento é a fase inicial do processo de busca e atração de pessoas para a organização. Envolve um conjunto de Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção9/187 Figura 1.1: Conjunto de Procedimentos. Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção10/187 Como já pode perceber, o recrutamento se baseia nas necessidades presentes e futuras da organização e deve ser realizado tendo em consideração a quantidade e qualidade de candidatos potencialmente adequados aos cargos, o tempo e os custos disponíveis para a realização do processo seletivo. Ao recrutar, o gestor pode se deparar com quadros distintos de disponibilidade de recursos humanos:o mercado de trabalho pode estar maior, equiparado ou menor do que o mercado de recursos humanos. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção11/187 Figura 1.2: Quadro de Disponibilidade de Recursos. Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção12/187 Certamente esse cenário influenciará nas suas escolhas, uma vez que impacta na quantidade de pessoas disponíveis. Por exemplo, quando o mercado de trabalho (empregadores) está menor do que o de recursos humanos (pessoas buscando empregos), o que ocorre para a maioria das funções não especializadas atualmente, normalmente há uma redução no investimento em recrutamento (pois há muita disponibilidade), um aumento das exigências e maior rigor no processo seletivo (para captar qualidade), além de uma ênfase no recrutamento externo com vistas à melhoria e renovação do capital humano da organização. Um fato para o qual você deve atentar- se é que o recrutamento, em geral, não busca envolver todo o mercado de recursos humanos, pois o processo pode se tornar caro e pouco eficiente; sendo assim, há que se identificar as fontes potenciais supridoras de recursos humanos e as que são mais interessantes de acordo com o caso específico, para concentrar nestas os esforços de recrutamento. Para saber mais Estas fontes ou áreas do mercado de recursos humanos exploradas pelas ferramentas de recrutamento podem estar internas ou externas à organização. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção13/187 Há que se salientar que o mercado de RH é composto tanto por pessoas que estão aplicadas (trabalham) em alguma organização quanto por aquelas que estão disponíveis (desempregadas). Além disso, essas pessoas podem estar em busca de uma vaga, sendo candidatos reais, como também podem não estar interessadas, mas ainda sim serem adequadas às vagas (potenciais). Dessas combinações das situações dos candidatos, são possíveis três tipos de recrutamento: Interno: aborda candidatos aplicados, potenciais ou reais, unicamente dentro da própria organização. Externo: aborda candidatos disponíveis, potenciais ou reais, e/ou candidatos aplicados, potenciais ou reais, em outras organizações. Misto: aborda candidatos tanto interna quanto externamente à organização. Perceba que o recrutamento interno privilegia os próprios recursos da empresa, e os empregados são remanejados com o fim de preencher as demandas. Isso pode se realizar de acordo com as seguintes fontes: transferências, promoções, transferências com promoções, programas de desenvolvimento de pessoal e planos de carreira. A divulgação das vagas disponíveis é feita por meio de comunicação (memorandos, cartazes, intranet1 ou e-mails) com as características exigidas pelo cargo, e os interessados que 1 Sistema de comunicação interno pelo qual os funcionários recebem e enviam mensagens, adquirem informações, realizam treinamentos internos, entre outras questões, através de uma rede de computadores. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção14/187 atendam aos quesitos estabelecidos devem manifestar-se. A partir dessa manifestação, os responsáveis deverão analisar diversos dados e informações internos de cada um dos candidatos, o que exige uma relação e coordenação bem estabelecida com os demais subsistemas de gestão de pessoas. Algumas das informações a serem analisadas são: Relatórios do processo seletivo pelo qual o candidato ingressou – pode trazer informações relevantes quanto a sua experiência passada, qualificações e motivação, bem como o seu desempenho geral no processo. Resultados de avaliações de desempenho – as empresas em geral monitoram as atividades de seus empregados. Analisar se o candidato se empenha, demonstra interesse, proatividade, melhorias e bons resultados pode ser de grande valia para analisar se ele estaria apto a ocupar um outro cargo. Resultados de programas de treinamento e desenvolvimento dos quais o candidato tenha participado ou relato do interesse do candidato em participar. Verificar se o candidato tem condições de se enquadrar à nova posição de forma igual ou superior ao seu antigo ocupante em um curto espaço de tempo, e ainda se poderá ser perfeitamente substituído em sua posição anterior. Este último ponto é uma das questões mais relevantes a serem observadas, pois Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção15/187 não se deve privilegiar o candidato da casa se este não possuir condições de, no mínimo, igualar-se ao antigo ocupante dentro de determinado prazo. Além disso, não se devem promover ou aproveitar as pessoas internamente apenas para prestigiar a ‘prata da casa’, pois assim pode-se prejudicar a equipe ou até mesmo conseguir um problema maior, como alocar uma pessoa que em seu cargo era bastante eficiente para um cargo em que ela será incompetente. A empresa deve fazer uma autoanálise, bem como pesar os benefícios e fraquezas do recrutamento interno. É possível citar alguns prós deste tipo de recrutamento: a velocidade do processo é otimizada; os custos finais são reduzidos; não há a necessidade de um treinamento introdutório (socialização organizacional); a motivação do escolhido e dos demais normalmente aumenta, encorajando o desenvolvimento profissional, a permanência e sua fidelidade à organização; aproveitam-se os investimentos feitos em treinamento e desenvolvimento; há maior validade e segurança, pois os candidatos já são bem conhecidos; aproveita-se melhor o capital humano interno; conserva-se a cultura organizacional; é ideal para ambientes de estabilidade e poucas mudanças. Em contrapartida, pode ser um entrave ao ingresso de novas pessoas, com suas ideias, experiências e expectativas que poderiam ser agregadas à organização; favorece a rotina e o conservantismo e mantém o capital humano pouco alterado. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção16/187 Veja então as possibilidades apresentadas pelo recrutamento externo. Este segundo tipo de recrutamento pode ser realizado por meio de diversas fontes, de acordo com a combinação das variáveis tempo e custo disponibilizadas pela organização. Em geral, quanto maior o tempo disponível para recrutar, menor é o custo, e vice-versa. Veja o Quadro 1.2 com algumas das possíveis fontes de recrutamento externo: Quadro 1.2: Fontes de Recrutamento Externo. Fontes de Recrutamento Externo Atendimento na empresa. Apresentação espontânea (Banco de Dados interno). Indicação de funcionários ou de pessoas conhecidas de fora da empresa (amigos). Cartazes ou anúncios em locais de ampla circulação. Contato com Universidades, Escolas, Agremiações Estudantis ou Centros de Integração Empresa-Escola, Palestras. Eventos em Universidades e Escolas. Headhunters (caçadores de talentos). Viagens para recrutamento em outras localidades. Panfletos. Congressos e Convenções Profissionais. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção17/187 Fontes de Recrutamento Externo Anúncios em Jornais e Revistas Especializadas. Anúncios através de outras mídias (ex.: televisão e outdoors). Agências de recrutamento. Contato com sindicatos e Associações Profissionais (ex.: CREA, OAB). Agências de emprego privadas. Serviços Governamentais de Empregos. Consultorias de outplacement. Recrutamento virtual (pela internet). Redes de relacionamento (ex.: LinkedIn, Orkut, Facebook, Hi5). Outros. Fonte: Elaborado pela autora. Uma das principais vantagens deste tipo de recrutamento é a agregação de capital humano, já que pessoas diferentes trazem consigo ideias, visões, forma de abordagem de problemas, experiências, habilidades, conhecimentos, talentos e até motivaçõesdistintas, podendo contribuir para a renovação e enriquecimento da organização como um todo. Além disso, aproveita-se o investimento em treinamento e desenvolvimento realizado por outras organizações ou pelos próprios candidatos; renova-se a cultura organizacional e injetam-se Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção18/187 novas aspirações; incentiva-se a interação da organização com o mercado de recursos humanos, o que permite à organização visualizar o que se passa em seu exterior e como está a oferta da concorrência. É indicado principalmente quando se pretende enriquecer de maneira mais rápida o capital intelectual da organização ou quando o mercado demanda mudanças no perfil e nas estratégias desta. Pesam negativamente os seguintes aspectos: afeta-se negativamente a motivação dos funcionários, pois estes se veem preteridos em relação ao mercado de recursos humanos ou podem se desmotivar em relação a chances de crescimento profissional; reduz-se o comprometimento e fidelidade do empregado com a organização; exige-se a ambientação do novo funcionário; o processo é, em geral, mais caro, demorado e menos seguro do que o recrutamento interno. Veja que, assim como o recrutamento interno, o recrutamento externo também apresenta prós e contras, e, em geral, os pontos fortes de um são as fraquezas do outro e vice-versa. Tendo em vista esse fato, várias organizações optam por uma solução mista, ou seja, que aborda tanto fontes internas quanto externas de recursos humanos. Além disso, mesmo quando se opta pelo recrutamento interno, em geral, o deslocamento de posições dos indivíduos acaba por deixar uma vaga (a posição anterior) a ser preenchida. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção19/187 Por último, é importante lembrar que, se porventura não existirem bons candidatos para os cargos, isso provavelmente se deve a uma falha no recrutamento. 3. Seleção: o Processo de Com- parar e Escolher Será abordado agora o próximo passo: a Seleção. Após terem sido atraídas as pessoas potencialmente adequadas à organização, é necessário escolher, dentre elas, quais receberão propostas de emprego, não é mesmo? A seleção é a atividade responsável por tais escolhas. Ela tem por finalidade coletar, utilizar e avaliar informações e características (conhecimentos, habilidades e atitudes) dos candidatos recrutados, por meio de uma ou várias metodologias específicas, com vistas a escolher quais candidatos possuem melhor possibilidade de atendimento das necessidades da organização. É, então, um processo de análise comparativa de duas variáveis principais: as exigências do cargo e da organização e as características do candidato. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção20/187 Figura 1.3 – Processo de Análise Comparativa Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção21/187 Nesse processo de comparação e decisão, são utilizadas as chamadas técnicas de seleção. Deve-se colocar uma ressalva: pode haver uma etapa prévia, de triagem, em que são excluídos candidatos que claramente não apresentam os requisitos, evitando coleta de dados e comparações desnecessárias. Verifique no Quadro 1.3 que existem diversas técnicas de seleção, formas de medir ou adquirir mais informações sobre os candidatos: Quadro 1.3: Técnicas de Seleção. Técnicas de Seleção Formulários de inscrição Normalmente servem como registro da candidatura. São uma forma de manter um arquivo com algumas características básicas, podendo também ser mais aprofundado e conter cláusulas em que o candidato confirma a veracidade das informações, compromete-se a passar por outros testes, entre outras informações. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção22/187 Técnicas de Seleção Análise de currículos e Carta de Apresentação O currículo é um documento no qual o candidato expõe suas qualificações, a trajetória profissional, a escolaridade e cursos complementares, bem como seus dados pessoais. Pode ou não ser solicitada uma carta de apresentação das intenções e pretensões junto a este. Verificação de indicação e históricos As indicações realizadas pelos funcionários ou outras fontes, como ex- patrões, instituições financeiras ou professores, são analisadas com vista a obter informações relevantes. Informações sobre antecedentes Ao analisar o histórico, buscam-se informações que não constam nos currículos, como formulários de verificação de referências, e observam- se aspectos relacionados a educação, experiências e realizações. Entrevista de seleção É um processo em que ocorre a comunicação (conversa) entre duas ou mais pessoas (candidato e entrevistador), estando ambas as partes interessadas em obter mais informações. Pode ter ou não um roteiro preestabelecido. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção23/187 Técnicas de Seleção Testes de habilidade Podem ser realizados para indicar a aptidão (habilidade) do candidato em certa área. Podem-se analisar: habilidade mental (inteligência e senso comum); habilidade para trabalhar em equipe e habilidade física. Testes de conhecimento da função, ensaios e experimentação São simulações da atividade que será realizada ou testes práticos. Testes físicos e fisiológicos São os chamados exames médicos. Podem ser mais detalhados de acordo com as necessidades da função. Testes de personalidade, honestidade e integridade Alguns testes avaliam as preferências dos candidatos em relação a fatores internos e externos à organização (ex.: competição, dinheiro, curiosidade), ou podem buscar determinar graus de paranoia, depressão, mania, ansiedade. São diversos os testes deste tipo. Fonte: Elaborado pela autora. Alguns autores, como Chiavenato (1999), categorizam essas técnicas de seleção em cinco categorias, aglutinando algumas das que foram expostas. São elas: entrevistas de seleção; provas de conhecimentos; testes psicométricos; testes de personalidade e técnicas de simulação. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção24/187 Testes de personalidade são mensurações de conjuntos de características permanentes e consistentes de cada indivíduo, revelando traços determinados pelo caráter e pelo temperamento. Nesta categoria há os testes expressivos (de expressão corporal), como o psicodiagnóstico miocinético (PMK), por exemplo; os projetivos (de projeção da personalidade), como o teste de apercepção temática (TAT), o teste de Szondi, e o psicodiagnóstico de Rorschach, entre outros; e os inventários, que buscam aspectos específicos da personalidade, como os de interesses, de motivação e de frustrações. Apesar da variedade de possibilidades, as técnicas mais tradicionais, como o uso de formulários, análise de currículos e entrevistas ainda são as mais utilizadas. A análise de currículos, na maioria das vezes, é utilizada como um instrumento de pré- seleção (triagem) ou como instrumento inicial de seleção de pessoas. Serve fundamentalmente para identificação Para saber mais Testes psicométricos são testes de aptidões (gerais ou específicas), pois consistem em uma medição objetiva e padronizada de uma amostra do comportamento de um candidato no que se refere a aptidões, averiguando o quanto elas estão presentes. A abordagem mais conhecida é a teoria multifatorial de Thurstone. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção25/187 de profissionais com o perfil desejado, no entanto, ao mesmo tempo que traz informações riquíssimas, também pode conter informações exageradas, bem como meias verdades (ex.: curso em renomado instituto de línguas, contudo o candidato não chegou a concluí-lo), e é difícil constatar a veracidade de todasas informações sem outra técnica de seleção. Por isso o currículo costuma ser o primeiro a ser analisado, mas raramente é utilizado sozinho. Uma dica importante para você que pretende ser um futuro gestor de pessoas: na análise do currículo, é interessante verificar a sua consistência. Por exemplo, no campo ‘carreira’ ou experiências do profissional, pode-se observar se houve um crescimento harmônico por meio da análise dos cargos ocupados, nível das empresas, período de permanência em cada organização, eventuais guinadas, locais de trabalho e realização. No campo de formação (aspecto educacional), há que se verificar se existe correspondência com o exigido. Além disso, deve-se buscar examinar a consistência geral dos dados: se, por exemplo, o candidato diz ter tido sucesso em determinado cargo e, em seguida, trocou de área e de empresa, pode ser que haja uma meia verdade ou questão mais ampla envolvida. Então, para todas essas observações, devem-se anotar os pontos que merecem perguntas, os porquês que podem ser peças chave na decisão final. Há ainda que se perceber a Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção26/187 organização e clareza dos dados e a escrita (português), bem como a omissão de certos dados (ex.: idade, data de ingresso e saída de empregos). As entrelinhas de um currículo podem revelar instabilidade ou estagnação em empregos anteriores, alto ou baixo grau de atualização profissional, grau de habilidade de redação e organização de ideias. Em geral, a análise dos currículos é seguida de testes ou de entrevistas. Estas últimas são provavelmente o instrumento de seleção mais utilizado e, por isso, devem ser bem compreendidas. Link Leia o artigo: Recrutamento e Seleção de Pessoas na Prática. O presente artigo traz um guia prático de como realizar o recrutamento e a seleção de pessoas de maneira eficiente e eficaz, apresentando ainda técnicas de entrevista. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/ artigos/rh.php?idc_cad=5z6nomnr6>. Acesso em: 15 out. 2014. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção27/187 4. Entrevistas: a Técnica de Se- leção mais Utilizada Você certamente já passou pela experiência de uma entrevista de emprego, não é mesmo? Esta técnica de seleção é a mais comum, pelo menos como primeira parte do processo, pois as entrevistas de seleção visam obter dados e informações dos candidatos que possam subsidiar o processo de comparação e decisão no processo seletivo. Apesar de seu alto componente subjetivo e das diversas variáveis que afetam a condução e os resultados da entrevista, ela é um dos principais, se não o principal instrumento utilizado pelas organizações. Link Como Preparar uma Boa Entrevista de Emprego Aprenda a produzir melhores perguntas para a sua entrevista de emprego e também como tornar o processo de seleção da sua empresa muito mais efetivo. Disponível em: <http://www.guiadacarreira. com.br/artigos/carreira/como-preparar- entrevista-de-emprego/>. Acesso em: 15 out. 2014. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção28/187 Figura 1.4 – Variáveis em Entrevistas. Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção29/187 Como gestor, você deve sempre ficar atento a esse processo, pois, de acordo com a metodologia que utiliza, a entrevista pode ser classificada em tipos que têm influência direta nos resultados finais da seleção. São eles: não estruturada ou livre – não segue um padrão predeterminado, as perguntas são feitas de acordo com os momentos e respostas do candidato, e tem a vantagem de analisar ângulos que emergem durante a entrevista; estruturada – já tem um roteiro preparado, prevendo todas as questões básicas que deverão ser feitas aos candidatos, o que facilita o processo comparativo, pois todos os candidatos serão submetidos às mesmas indagações; semiestruturada ou dirigida – incorpora as vantagens de ambas, pois há questões predefinidas, porém o entrevistador tem a liberdade de investigar mais a fundo temas relevantes. Link Recrutamento pelas redes sociais com custo zero. Reportagem de Danielle Alves veiculada no Webinsider (da UOL) salienta que este tipo de site já é muito utilizado nos Estados Unidos, porém ainda não teve grande adesão no Brasil. Disponível em: <http://webinsider.com. br/2010/03/23/recrutamento-pelas-redes- sociais-com-custo-zero/>. Acesso em: 15 out. 2014. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção30/187 Normalmente, a entrevista de seleção, de qualquer um dos tipos vistos anteriormente, requer quatro etapas: planejamento; preparação; execução e avaliação dos candidatos. O planejamento envolve ao menos três definições: informações a respeito do cargo a ser preenchido e das características demandadas pela organização; tipos de informações que devem ser solicitadas aos candidatos; e tipos de informações que podem e devem ser transmitidas aos candidatos. A etapa de preparação refere-se às providências que devem ser tomadas antes da entrevista: definição do local ou meio (pois pode ser realizada pessoalmente, como acontece na maior parte dos casos, mas há quem opte por realizá-la via telefone ou videoconferência); definição de horários; designação e treinamento de quem irá atender e entrevistar os candidatos; escolha do método e técnicas a serem aplicadas; separação do material necessário (currículos dos candidatos, formulários ou fichas para anotação). A execução é a entrevista propriamente dita, ou seja, é quando o entrevistador provoca estímulos (perguntas) nos candidatos com vistas a analisar suas respostas e reações comportamentais (segurança, maneira de falar, objetividade, motivação), bem como presta informações. Por fim, deve haver a avaliação dos candidatos. Alguns entrevistadores utilizam uma folha de avaliação que preenchem logo após a Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção31/187 entrevista e depois comparam com as folhas dos diversos candidatos. intenções do candidato, normalmente com o uso de situações hipotéticas; entrevista abrangente e estruturada (CSI – comprehensive structured interview), que pode conter questões situacionais, de conhecimento da função, de simulação da função e de exigências sobre o trabalhador. Há outras técnicas que utilizam principalmente as informações comportamentais – uma delas é a entrevista baseada em competências, assunto que será tratado mais a fundo na próxima aula, que se refere à seleção por competências. Você verá agora que o processo da entrevista em si, em geral, segue um roteiro básico: apresentação; preparo; coleta de dados; análise comportamental; concessão de informações e finalização. Para saber mais Veja no Anexo I um exemplo de folha de avaliação que você poderá utilizar (ou aprimorar) futuramente. Para executar as entrevistas, como gestor, você poderá optar por algumas técnicas distintas, com enfoque e conteúdos diferentes, entre as quais se podem citar: entrevista baseada no comportamento (BDI – behavior description interview), com questões que focalizam o comportamento passado; entrevista situacional (SI – situational interview), que investiga as Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção32/187 O momento da apresentação é a abertura do processo comunicativo, portanto, é importante que o selecionador demonstre-se amável e educado. A etapa de preparo seria o chamado ‘quebra-gelo’, isto é, a diminuição da tensão do candidato que se dispõe a ser ‘analisado’, criando um bom clima para a entrevista e permitindo que o candidato se sinta à vontade para se mostrar como realmente é. Preferencialmente, nesta etapa devem-se identificaros principais objetivos da entrevista. O momento de coleta de dados é quando o entrevistador prospecta as informações de conhecimentos, maneira de ser, experiências e habilidades do candidato nos diversos possíveis campos de análise, como você pode observar no Quadro 1.4: Quadro 1.4. Campos de Análise Principais Informações a Serem Obtidas Pessoal Idade, estado civil, motivação, perfil psicológico, personalidade, aptidões, potenciais. Profissional Perfil das organizações em que trabalhou anteriormente, cargos ocupados, evolução entre cargos, organizações e áreas, resultados alcançados, estabilidade, participação, frequência em alguma associação ou sindicato. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção33/187 Campos de Análise Principais Informações a Serem Obtidas Educacional Nível de formação, qualidade das escolas de nível básico e/ou superior que frequentou, trabalhos ou pesquisas concluídos, conhecimento de línguas, conhecimentos em informática, formação complementar (cursos), participação em congressos e eventos, intercâmbios, pós-graduação. Social Hobbies, religião, esportes que pratica, vida social, como utiliza as férias. A análise comportamental deve ser realizada durante toda a entrevista: assim, a partir da apresentação, o entrevistador já deve estar atento, interpretando ações e reações do candidato, aproveitando para ‘checar’ as características que podem ter sido percebidas anteriormente. A concessão de informações ocorre quando o entrevistador fornece ao candidato os dados referentes à organização e ao cargo a ser preenchido. A finalização refere-se apenas ao face a face, quando o entrevistador despede-se do candidato, dando-lhe informações de como será feita a comunicação da escolha ou não deste para a função. Após a despedida, o entrevistador ainda deve proceder suas análises e avaliações para posteriormente tomar decisões. Lembre-se sempre de que o entrevistador deve manter uma postura ética e profissional durante todo o processo, com vistas a melhorar sua eficácia e eficiência. Deve conhecer o negócio e as estratégias da organização, bem como o mercado de trabalho, para que esteja Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção34/187 apto a analisar o alinhamento do candidato à vaga oferecida; ser o mais imparcial possível e não se envolver demais com os entrevistados; garantir a transparência e sigilo das informações fornecidas pelos candidatos (somente aqueles que estão envolvidos no processo decisório devem saber o que lhes foi dito), bem como das informações estratégicas da organização (por exemplo, se a empresa busca um profissional que saiba línguas porque pretende se internacionalizar, isso não deve ser explicitado ao candidato caso seja uma estratégia chave e ainda não pública); conduzir a entrevista embasado nos objetivos planejados; evitar questões discriminatórias; responder às questões feitas pelos candidatos e às questões não feitas, se forem de relevância para o entrevistado; anotar as impressões imediatamente após as entrevistas. Todos os conceitos observados nesta aula podem ser conjuntamente utilizados com vistas à realização de um processo de recrutamento e seleção de uma maneira mais adequada à organização, ao cargo e às disponibilidades de tempo e custos. A postura do responsável por realizar o processo seletivo deve ser sempre ética e profissional, como foi descrito especificamente para o entrevistador. Nas próximas aulas, será complementado este conteúdo com a seleção por competências e as técnicas para aplicação e dinâmicas de grupo. E, após ter visto as questões referentes ao processo de agregar (atrair) pessoas, se discutirá a retenção de talentos. Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção35/187 Glossário Recrutamento interno: aborda candidatos aplicados, potenciais ou reais, unicamente dentro da própria organização. Recrutamento externo: aborda candidatos disponíveis, potenciais ou reais, e/ou candidatos aplicados, potenciais ou reais, em outras organizações. Recrutamento misto: aborda candidatos tanto interna quanto externamente à organização. Questão reflexão ? para 36/187 Desenvolva uma resenha da leitura fundamental destacando a relação entre os processos de recrutamento e de seleção. 37/187 Considerações Finais A escolha de pessoas para trabalhar representa um aspecto importante e estratégico para a organização, pois elas são, provavelmente, o principal ativo da organização, uma vez que são quem ativa os demais recursos e são capazes de agregar inteligência, talento e aprendizados. O recrutamento é a fase inicial do processo de busca e atração de pessoas para a organização. A seleção tem por finalidade coletar, utilizar e avaliar informações e características (conhecimentos, habilidades e atitudes) dos candidatos recrutados, por meio de uma ou várias metodologias específicas, com vistas a escolher quais candidatos possuem melhor possibilidade de atendimento das necessidades da organização. A entrevista é um dos principais instrumentos utilizados pelas organizações no processo de seleção, e requer quatro etapas: planejamento; preparação; execução e avaliação dos candidatos Unidade 1 • Técnicas de Recrutamento e Seleção38/187 Referências ALMEIDA, W. Captação e seleção de talentos. São Paulo, Atlas, 2004. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. HANASHIRO, D. M. M.; TEIXEIRA, M. L. M; ZACCARELLI, L. M. (orgs.). Gestão do fator humano: uma visão baseada nos stakeholders. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. PONTES, B. R. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 3. ed. São Paulo: LTr, 2001. MILCOVICH, G. T; BOUDREAU, J. W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2000. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Futura, 2000. p.25. RIBEIRO, A. L. Gestão de pessoas. São Paulo: Saraiva, 2005. SCHULER, R. S.; JACKSON, S. E. Linking competitive strategies with human resources management practices. Academy of Management Executive, New York, vol. 1, n.3, p.207-219, 1987. 39/187 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Recrutamento e Seleção na Moderna Gestão de Pessoas - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/5eb2aaafe6a5fdbc7f63588738bab3f1>. Aula 1 - Tema: O Processo de Captar Talentos - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/08e- e64c9419d7e7b77c16136bf2d2903>. 40/187 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: O Processo de Selecionar Pessoas - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 4f548352279fa7960ed5f9da558f4d5a>. Aula 1 - Tema: A Importância da Técnica da Entrevista - Bloco IV Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/30e- 42596d0f8498270c8fd68f951e172>. 41/187 1. Qual dos seguintes itens do processo de agregar pessoas não é parte do processo de recrutamento e seleção, no entanto é fundamental ser realizado após o processo seletivo em alguns casos? a) Recrutamento. b) Seleção. c) Triagem. d) Socialização. e) Planejamento. Questão 1 42/187 2. Qual dos seguintes candidatos não seria recrutado pelo recrutamento ex- terno? a) Candidato real aplicado em outra organização. b) Candidato potencial disponível. c) Candidato real disponível. d) Candidato potencial aplicado em outra organização. e) Candidato potencial aplicado na organização. Questão 2 43/187 3. Qualdos seguintes itens não é uma das tipologias de recrutamento de acordo com a situação em que se encontra o candidato? a) Misto. b) Interno. c) Virtual. d) Externo. e) N. D. A. Questão 3 44/187 4. Qual dos seguintes itens corresponde às categorias de técnicas de se- leção propostas por Chiavenato (1999)? a) Entrevistas de seleção; provas de conhecimentos; testes grafológicos; testes de personalidade e testes físicos. b) Entrevistas de seleção; provas de conhecimentos; testes psicométricos; testes de personalidade e testes físicos. c) Entrevistas de seleção; provas de conhecimentos; testes psicométricos; testes de personalidade e técnicas de simulação. d) Entrevistas de seleção; verificação de histórico; testes psicométricos; testes de personalidade e testes físicos. e) Entrevistas de seleção; provas de conhecimentos; informação sobre antecedentes; testes de personalidade e testes físicos. Questão 4 45/187 5. Qual dos seguintes itens não representa uma das fases da entrevista de seleção? a) Preparação. b) Avaliação. c) Execução. d) Manutenção. e) Planejamento. Questão 5 46/187 Gabarito 1. Resposta: D. Socialização. 2. Resposta: E. Candidato potencial aplicado na organização. 3. Resposta: C. Virtual. 4. Resposta: C. Entrevistas de seleção; provas de conhecimentos; testes psicométricos; testes de personalidade e técnicas de simulação. 5. Resposta: D. Manutenção. 47/187 Anexo I RESUMO DA AVALIAÇÃO Pode fazer o trabalho? Quais as qualificações e habilidades do candidato? _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ Fará o trabalho? As realizações do candidato são compatíveis com as qualificações? _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ Permanecerá no trabalho? É uma pessoa estável? Está motivado? _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ 48/187 Itens observados ADEQUADO INADEQUADO Apresentação Pessoal Idade Adequação física ao cargo Clareza no modo de se expressar Experiência Potencial de Crescimento Raciocínio lógico Outros Anexo I 49/187 Unidade 2 Seleção por Competências Objetivos 1. Você verá nesta aula o subsistema de Recrutamento e Seleção que se insere dentro da Administração de Recursos Humanos ou, como mais utilizado atualmente, da Gestão de Pessoas. Será feito um breve esclarecimento sobre do que trata esse subsistema e as diferenças básicas entre as etapas do processo de agregar pessoas à organização, para, em seguida, realizar o aprofundamento do tema com a exposição das fontes e tipos de recrutamento, bem como as técnicas de seleção de pessoas. Unidade 2 • Seleção por Competências50/187 1. Introdução Como visto na aula anterior, a gestão de pessoas passou por uma alteração de paradigmas (abordagem). Esta nova abordagem e contexto requerem novas formas gerir a organização como um todo. Atualmente, o trabalho não é apenas a execução de uma tarefa, mas sim um processo intelectual, que requer escolhas e julgamentos, e as pessoas devem estar aptas a realizá-lo e arcar com as responsabilidades decorrentes deste, com vistas ao desenvolvimento da organização em sua totalidade. Uma das propostas que é atualmente considerada uma das mais atraentes é a de Gestão por Competências: processo de identificação, desenvolvimento e gestão das competências que resultam em desempenho superior da organização. Alguns estudiosos salientaram que esta é atrativa e traz inovações significativas, porém pode ser de difícil operacionalização. Unidade 2 • Seleção por Competências51/187 Figura 2.1: Inovações da Gestão de Pessoas por Competências. Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 2 • Seleção por Competências52/187 McClelland (1973) é tido como o pioneiro nos estudos sobre competência. O autor buscou um novo conceito decorrente da demanda pela utilização de outras ferramentas de seleção para contrapor os testes de QI nos Estados Unidos. Definiu competência como uma característica subjacente a uma pessoa que é casualmente relacionada com desempenho superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação. Elas seriam mais úteis para ‘predizer’ o futuro profissional do que o desempenho escolar, testes de aptidão ou credenciais de candidatos. 2. Gestão por Competências: Nova Abordagem para Gestão de Pessoas Ao propor esta discussão, a primeira pergunta que se deve fazer é: o que são competências? Outra questão importante que deve ter passado por sua cabeça é: mesmo sabendo definir o que são competências, como descobri-las? Pois bem, existem inúmeras definições e não há um consenso sobre o que se designa por competências. “A expressão competência tem sido, ao mesmo tempo, uma das mais empregadas e uma das mais controvertidas no jargão da administração contemporânea” (RUAS, 2001, p. 247). Após McClelland, uma série de estudiosos Unidade 2 • Seleção por Competências53/187 tais como Mirabile (1997), Boyatzis (1982) e Spencer e Spencer (1993) delineiam pesquisas nesta temática nos Estados Unidos e propõem algumas diretrizes do que seria competência para a literatura técnica. Concomitantemente, há estudos europeus que tentam fazer o mesmo, mas possuem uma abordagem distinta, tais como os de Zarifian (2001), Le Boterf (1994) e Perrenoud (1999). A definição mais típica de pesquisadores norte-americanos coloca as competências como inputs das pessoas, isto é, consistem em características que o indivíduo possui: uma combinação de conhecimentos, capacidades, habilidades e outras características individuais (chamadas em inglês de KSAOs; incluindo, mas não se limitando, a motivação, traços pessoais, conceitos, atitudes, valores, crenças e interesses) que possam ser medidos confiavelmente e que possam ser colocados como diferenciadores de performances. Já os europeus abordam competências como outputs de uma pessoa, dimensões mobilizadas e entregues por meio da integração dos recursos dos quais o indivíduo é dotado. Atualmente pode-se verificar uma fusão das visões e noção da complementaridade dos estudos desenvolvidos nos dois continentes. Unidade 2 • Seleção por Competências54/187 Veja o exemplo disso no Quadro 2.1, que expõe a noção de competências adotada por alguns autores brasileiros contemporâneos: Quadro 2.1. AUTOR NOÇÃO DE COMPETÊNCIA Ruas (2001) Competência corresponde à capacidade de mobilizar e aproveitar conhecimentos e habilidades numa condição específica, na qual se coloca recursos e restrições próprias à situação particular. Link Leia o artigo: A importância da Gestão por Competência e sua aplicabilidade nas organizações contemporâneas. A gestão por competência surge como uma resposta aos novos desafios da era do conhecimento e da globalização. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-importancia-da- gestao-por-competencia-e-sua-aplicabilidade-nas-organizacoes-contemporaneas/71468/>. Acesso em: 15 out. 2014. Unidade 2 • Seleção por Competências55/187 AUTOR NOÇÃO DE COMPETÊNCIA Fleury e Fleury (2001; p. 188) Saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Dutra (2004; p. 46) A competência de uma pessoa pode ser compreendida como sua capacidade de entrega. Uma pessoa é competente quando, graças às suas capacidades, entrega e agrega valor ao negócio ou empresa em que atua,a ele próprio, e ao meio em que vive. Antonello (2006; p. 209) É a que ocorre em função capacidade de mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes (recursos de competência) pelo indivíduo frente a uma situação, atividade, contexto e cultura no qual ocorre ou se situa. Trata-se da capacidade do indivíduo pensar e agir dentro de um ambiente particular, supondo a capacidade de aprender e de se adaptar a diferentes situações, a partir da interação com outras pessoas. O indivíduo também é responsável pela construção e consolidação de suas competências (autodesenvolvimento) tendo em vista o aperfeiçoamento de sua capacitação, podendo, dessa forma, adicionar valor às atividades da organização e a si próprio (autorrealização). Unidade 2 • Seleção por Competências56/187 As competências têm sido empregadas em três dimensões: competências essenciais, que expressam a dimensão organizacional e são mais do que o simples somatório das individuais ou de equipes, pois dependem da sinergia e potencialização dos recursos; competências funcionais, aquelas que são inerentes a cada uma das áreas da organização e têm a dimensão de grupo; e individuais, que são relativas às pessoas que atuam no grupo e na organização. As competências organizacionais são, em geral, associadas aos elementos da estratégia competitiva (visão, missão e estratégias). Podem ser definidas como conjunto de capacidades e tecnologias que, em geral, resultam em um diferencial para a organização. Cada área da empresa deve apropriá-la para desenvolver suas atividades, no entanto, em geral o que ocorre é a apropriação parcial de acordo com a aderência desta às especificidades de cada área. Competências funcionais representam o nível intermediário, em que deveria ocorrer o desdobramento das capacidades demandadas ao nível macro (organizacional) para as áreas e indivíduos. São competências associadas ao exercício das principais funções coletivas (seus principais macroprocessos), como por exemplo, capacidade de planejar e realizar projetos adequados, conceber e produzir produtos adequados ao mercado, entre outras. Já as competências individuais dizem respeito a colocar em prática e, ao mesmo tempo, compor as competências Unidade 2 • Seleção por Competências57/187 funcionais e organizacionais. É a mobilização das capacidades e recursos em uma situação específica. Alguns estudiosos dividem as competências individuais por categorias. Veja só: Woodruff Fandt American Society for training and development Parry Rabaglio/Leme/ Outros • Fundamentais • Diferenciais • Interacionais • De solução de problemas • De capacitação • Comunicação • Técnicas • Negócios • Interpessoais • Intelectuais • Hard • Soft • Técnicas • Comportamentais Adaptado de Ruas, Antonello e Boff (2005). Uma questão que emerge da discussão sobre o histórico e o conceito de competências é: como analisá-las? Para tentar responder, primeiro se verá que a Gestão de Pessoas por competências pressupõe a execução de ao menos três etapas: 1. Mapeamento de Competências: de um grupo de pessoas de uma organização, de um setor ou de um cargo. Unidade 2 • Seleção por Competências58/187 2. Desenho de Perfis: descrição de um ‘modelo’ de competências para cada grupo estudado. 3. Utilização dos Perfis como eixo central: para todos os subsistemas de Recursos Humanos, ou seja, para a implementação e gestão de todas as práticas de gestão de pessoas (ex.: seleção, treinamento, avaliação). O mapeamento ou modelagem de competências é um processo de análise qualitativa do conteúdo do trabalho. Seu propósito é delinear o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que o trabalhador deve mobilizar para melhor desempenhar uma função (perfil de competências). Observe o processo na Figura 2.2: Unidade 2 • Seleção por Competências59/187 Figura 2.2: Processo de Mapeamento de Competências. Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 2 • Seleção por Competências60/187 Perceba que este processo enfoca o trabalhador, não somente a análise de cargos, considera-se como os objetivos são alcançados e como o trabalho é realizado, o que os ocupantes devem ‘saber’, ‘saber fazer’ e ‘saber ser’. Pode ser aplicado em um setor econômico, uma área ocupacional, uma organização ou uma função específica, mas sempre deve ter em conta que o conjunto de saberes do indivíduo necessita dar suporte às competências organizacionais para que elas sejam efetivadas. Devido a essa dimensão estratégica, e ligação direta com a construção de vantagens competitivas, o responsável pelo mapeamento de competências não deve ser apenas o profissional de gestão de pessoas, mas também os principais executivos da organização. Uma série de atividades é necessária para efetivar o processo de mapeamento de competências. O realizador deve estar atento a quaisquer informações sobre o cargo a partir das quais possa inferir competências necessárias ao bom desempenho. Esses sinalizadores mais utilizados são: descrição do cargo, desafios do cargo, maiores erros já cometidos, projetos desenvolvidos e em desenvolvimento, característica dos clientes e fornecedores, cultura da equipe e organizacional e estilo de liderança do superior. O método de mapeamento proposto inicialmente, por McClealland (1973), foi a Entrevistas de Eventos Unidade 2 • Seleção por Competências61/187 Comportamentais (Behavioral Events Interview – BEI), que consiste em provocar a narração de eventos críticos e captar como as pessoas se comportaram em tais ocasiões e, a partir disso, verificar características (competências) que distinguiriam os excelentes dos medianos; é uma das técnicas mais utilizadas e é bastante completa e sensível, no entanto pode tornar-se cara e demorada. Observe na Figura 2.3 as atividades previstas para o processo descrito: Unidade 2 • Seleção por Competências62/187 Figura 2.3: Atividades incluídas no Processo de Mapeamento. Fonte: Elaborado pela autora. Unidade 2 • Seleção por Competências63/187 É importante que você saiba que, além deste, existem diversos instrumentos, métodos de mapeamento de competências, que podem ser utilizados isoladamente ou, em alguns casos, conjugados. Alguns deles, além de utilizados para coletar as informações que formarão o perfil de competências desejadas, podem também ser utilizados como métodos de seleção. É possível citar alguns: (a) Assessment Centers, provas desenhadas ad hoc para cada competência; (b) Entrevista por Competências; (c) Questionários Comportamentais; (d) Focus Groups; (e) Técnica de incidentes críticos, identifica competências por meio dos atributos chaves para sucesso ou falha nas horas críticas; Observação direta do trabalho; (f) Repertory Grid, técnica de entrevista estruturada; Dinâmicas de grupo, observação de um grupo de pessoas que interage e discute entre si; (g) Apresentação Individual; (h) Análise Curricular; (i) Multimídia Interativa, diz respeito à exibição de eventos por meio de vídeos a indivíduos que respondem às questões expostas; (j) Jogos de Empresas/ Negócios, entre outros. Os instrumentos são múltiplos, mas o mais relevante é a postura e percepção aguçada que o “descobridor de competências” deve possuir. Alguns cuidados são necessários neste mapeamento de competências: elas devem ser observáveis para que possam ser acompanhadas, tanto pela própria pessoa Unidade 2 • Seleção por Competências64/187 quanto pela organização, ou seja, devem ser descritas com clareza; o número de competências definidas para caracterizar as expectativas da organização ou negócio não deverá ser demasiado grande; as competênciasdevem ser elencadas segundo a sua complexidade de entrega. Segundo Mertens (1996), esses instrumentos podem ser aplicados por meio de modelos de análises distintos, sendo que os mais aplicados são: (a) Construtivista: visa à definição do desempenho desejado para resolver os problemas da organização, constrói as competências a partir das interações de uma função com as demais da organização; (b) Funcional: busca averiguar quais as funções essenciais nas quais o trabalhador deve comprovar capacidade, trabalha com uma visão integrada da competência (resultados somados às competências chave); e (c) Condutivista: propõe capacidades e características que o indivíduo deve possuir para obter desempenho superior, trabalha com a perspectiva das competências como lista de tarefas. Esta aula não se aprofundará nestas abordagens. No entanto, é interessante a nota, se aplicarem a gestão por competências poderão saber qual a postura que adotam ou querem ter. Uma vez que se busca desvendar as competências, principalmente por meio de instrumentos comportamentais, a análise de currículo pode parecer ultrapassada. No entanto, isso não é verdade. A análise Unidade 2 • Seleção por Competências65/187 continua pertinente, o que muda é o olhar do selecionador. Ao invés de avaliar quantidade ou qualidade de cursos, há que se observar para que foi utilizado tal curso. Os critérios contexto, ação e resultados aparecem como meio de avaliar o currículo. O que significa que candidatos terão mais chances se, além de claros, concisos e objetivos, os seus currículos conseguirem chamar a atenção para projetos e soluções desenvolvidas pelos profissionais que possam ter colaborado para melhores resultados nas organizações pelas quais tenham passado, bem como haja um alinhamento entre os cursos desenvolvidos e os postos atingidos, por exemplo. O que será analisado para tentar verificar algumas competências dos candidatos, em grande proporção, são as entrelinhas do currículo. Por exemplo: para verificar se há uma orientação para os lucros ou resultados podem-se analisar as funções e responsabilidades descritas pelo candidato, se ele esteve orientado para melhoria de desempenho, se gerou riqueza; para analisar se o candidato dá preferência à estabilidade e ao encarreiramento profissional podem-se analisar as mudanças de cargos e empregos e os motivos que as ocasionaram; o comprometimento com o trabalho muitas vezes pode ser observados nas tarefas e responsabilidades descritas, se essas vão além das requeridas pelas funções pode significar que o candidato tinha ‘vontade’ de trabalhar. A análise de currículos na Unidade 2 • Seleção por Competências66/187 maioria das vezes é uma etapa de triagem no processo de seleção por competências, pois se presume testar também as competências comportamentais. 3. Seleção por Competências Como selecionar por competências? Este tipo de seleção apresenta-se como uma forma de encontrar pessoas mais compatíveis com as atuais demandas das organizações, que requerem não só a estrita adequação ao cargo, mas também flexibilidade, multifuncionalidade e capacidade de adaptação. O papel do selecionador é ter claramente o perfil de competências técnicas e comportamentais que o cargo demanda e definir métodos e instrumentos para aplicar aos candidatos que permitam a identificação daqueles que estejam mais alinhados. Para saber mais O processo de seleção, como foi visto na aula 1, envolve comparações e decisões, neste caso, para encaminhar às áreas requisitantes os candidatos que apresentem as competências previamente estabelecidas. Como se pôde perceber, o enfoque brasileiro trata competências como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) entregues para a organização que agregam valor econômico e social. Na prática, essa noção de Unidade 2 • Seleção por Competências67/187 entrega facilita a adoção da gestão por competências, pois o fato de uma pessoa possuir um CHA específico não significa que esta irá mobilizá-lo em prol da organização. Então, o indivíduo passa a ser avaliado e analisado para todos os propósitos (admissão, demissão, promoção, aumento salarial) tendo em vista o conjunto de qualificações que tem para entregar e a sua capacidade de entrega (potencial de mobilização). Pensando dessa maneira, para aplicar a noção de competência, é possível decompô-la em três partes principais: (a) capacidades, combinação do estoque de recursos, que engloba conhecimentos, habilidades e atitudes do indivíduo; (b) competências, combinação e mobilização do CHA e recursos tangíveis (em alguns casos) e (c) resultados desejados, pois a mobilização da competência deve estar conectada aos resultados esperados e condições impostas pela conjuntura. Essa decomposição não é possível se, antes do início do processo de seleção, não tiver sido realizado o mapeamento das competências e o delineamento do perfil (leque) de competências que a organização deseja e de que necessita. Unidade 2 • Seleção por Competências68/187 Figura 2.4: Partes Principais para aplicação da noção de competências (Exemplo). Fonte: Elaborado pela autora. Em um processo de seleção, a organização busca candidatos com maior capacidade de agregar valor, o que está ligado à aptidão para lidar com atribuições e responsabilidades (conjunto de decisões exigidas) de maior complexidade (conjunto de funções e atividades executadas pela pessoa). As competências necessárias são levantadas principalmente das histórias de sucesso e realidade da empresa (o mapeamento realizado previamente) e servem como padrão para Unidade 2 • Seleção por Competências69/187 comparação e orientação do processo. Alguns autores salientam que devem ser observadas tanto as competências técnicas (conhecimento e habilidades) quanto as comportamentais (atitude) e que, atualmente, muitas empresas têm até mesmo preferido contratar pelas atitudes e, se for o caso, desenvolver conhecimentos e habilidades, pois acreditam que indivíduos que possuam carga semelhante de conhecimentos e habilidades apresentam maior probabilidade de resultados superiores se tiverem mais atitude. Os principais instrumentos utilizados no processo de seleção por competências são as entrevistas e os jogos, dinâmicas e provas situacionais com foco em competências. No entanto, outros instrumentos podem servir de auxílio à identificação das características básicas dos candidatos para posteriormente associá-las às competências exigidas: Quadro 2.2: Instrumentos de Seleção. Testes Psicológicos Buscam avaliar os comportamentos mais frequentes, as características básicas de personalidade, habilidades ou raciocínio. Testes de Conhecimento Pretendem medir o conhecimento do indivíduo em relação a aspectos gerais ou competências específicas, principalmente técnicas, requeridas ao cargo que pleiteia. Ex.: Teste de contabilidade, Idiomas ou Redação. Unidade 2 • Seleção por Competências70/187 Testes Psicológicos Buscam avaliar os comportamentos mais frequentes, as características básicas de personalidade, habilidades ou raciocínio. Instrumento de Perfil Em geral são questionários respondidos virtualmente com vistas a delinear o perfil dos candidatos. São baseados em opções teóricas idealizadas pelos autores, não diretamente relacionadas à função em aberto, o que pode dificultar o processo de análise. Dinâmicas de Grupo Visam principalmente observar a interação de cada candidato com os demais participantes, associando sua conduta em relação ao grupo com aquela desejada dentro da organização. A partir da observação direta, também permitem observar se há congruências entre o perfil do candidato e o perfilde competências mapeado. Jogos São atividades propostas exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas obrigatórias. Dotados de um fim em si mesmos, são acompanhados de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de se tratar de um momento distinto da vida cotidiana. Unidade 2 • Seleção por Competências71/187 Testes Psicológicos Buscam avaliar os comportamentos mais frequentes, as características básicas de personalidade, habilidades ou raciocínio. Entrevista Processo em que ocorre a comunicação (conversa) entre duas ou mais pessoas (candidato e entrevistador), estando ambas as partes interessadas em obter mais informações. Quando ela é baseada em competências, o perfil já foi previamente delineado, e as perguntas são feitas com base nos indicadores dessas competências. Fonte: Elaborado pela autora. Uma questão muito importante deve ser colocada caso o processo seja realizado por uma equipe ou englobe diferentes instrumentos e fases: deve haver uniformidade nos conceitos das competências adotados pelos gestores e demais profissionais envolvidos. O processo de mapeamento e delineamento dos perfis torna-se, então, ainda mais importante, pois deve-se fazer descrições claras e objetivas. Unidade 2 • Seleção por Competências72/187 4. Seleção: Construção e Avaliação de Medidas Como já visto, o processo de seleção envolve comparações e decisões. Para facilitar essa tarefa e tomar uma decisão mais consistente e objetiva, é possível criar tabelas de avaliação das competências, nas quais atribuem-se graus, por exemplo, quanto à aquisição ou desenvolvimento das competências ou a sua aplicação no desempenho profissional pregresso. Abaixo há dois exemplos de tabelas desse tipo. Quadro 2.3: Escala de avaliação de aquisição das competências. Aquisição/Desenvolvimento da Competência Grau O candidato não demonstra ter adquirido ou desenvolvido competências suficientes para o bom desempenho no cargo. 1 Link Leia o artigo: Um breve histórico das dinâmicas de grupo. Disponível em: <http://carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/ge/dinamica/ prepare_se/290903-historico_dg.shtm>. Acesso em: 15 out. 2014. Unidade 2 • Seleção por Competências73/187 Aquisição/Desenvolvimento da Competência Grau O candidato demonstra ter adquirido ou desenvolvido competências em grau suficiente para o desempenho no cargo. 2 O candidato demonstra ter adquirido e desenvolvido a competência em grau elevado, demonstrando conhecimento e familiaridade. 3 Quadro 2.4: Escala de avaliação de aplicação das competências. Aplicação da Competência Grau A competência é aplicada abaixo do nível desejado de desenvolvimento para o bom desempenho no cargo. 1 A competência é aplicada em nível suficiente ao desempenho no cargo. 2 A competência é aplicada na prática, em grande escala. 3 No caso de haver o uso de mais de um instrumento, o que é comum, os dados e resultados relevantes de cada etapa devem ser anotados logo ao seu término para que haja a menor quantidade de distorções possível e maior riqueza, que permita analisar os candidatos de forma mais apurada. Além disso, é possível construir um gráfico para cada candidato com escalas de atendimento às competências demandadas no perfil delineado. No entanto, quando se faz isso, deve-se atentar para o peso que cada competência deve ter na escolha. Unidade 2 • Seleção por Competências74/187 Após a decisão ter sido tomada e aceita pelos requisitantes, deve haver a análise da eficácia e eficiência do processo seletivo. A eficácia é relacionada com a realização dos objetivos propostos; no caso da seleção, será o preenchimento das vagas disponíveis com os candidatos cujas competências sejam o mais próximo possível das requeridas pela função e que concretizem as competências organizacionais. A eficiência refere-se ao melhor uso dos recursos no processo realizado; no caso específico, seria tempo, custo, materiais. Ambos os critérios devem estar adequados para que o processo possa ser considerado bom ou de qualidade, pois, por exemplo, no caso de uma vaga para preenchimento imediato, cujo ocupante anterior tenha tirado uma licença por acidente, se os selecionadores optarem pela aplicação de inúmeros instrumentos e fases, o processo pode se tornar demorado. A avaliação da eficácia e eficiência deve ser conduzida preferivelmente de uma perspectiva qualitativa e quantitativa. Para tal fim, são necessários indicadores, parâmetros que sirvam para mensurar se os objetivos de uma proposta estão sendo desenvolvidos ou foram concluídos. Alguns exemplos de indicadores que podem ser adotados para avaliar a eficácia: Unidade 2 • Seleção por Competências75/187 Indicadores Quantitativos Indicadores Qualitativos • Aumento da produtividade na área. • Índice de Rotatividade (Turnover) – se o processo seletivo foi bem realizado, espera-se que o índice seja pequeno, o que significa que há uma aderência, e os candidatos estão adequados às vagas. • Evolução salarial dos contratados. • Outros. • Desempenho do candidato selecionado. • Integração entre competências funcionais e organizacionais. • Entrosamento e adaptação com o cargo e equipes. • Crescimento na organização. • Clima organizacional. • Outros. Unidade 2 • Seleção por Competências76/187 Alguns exemplos de indicadores que podem ser adotados para avaliar a eficiência: Indicadores Quantitativos Indicadores Qualitativos Custo do processo versus orçamento disponibilizado. Tempo médio para preenchimento das vagas. Índice de satisfação dos candidatos. Índice de fechamento de vagas no tempo preestabelecido. Número de candidatos recrutados versus número de candidatos selecionados. Critérios de seleção adotados. Participação do requisitante no processo seletivo. Instrumentos de seleção utilizados. Note que algumas questões ultrapassam a seleção e refletem o que foi realizado no recrutamento, mas, como visto na aula 1, os dois processos são altamente relacionados, e uma falha no recrutamento refletirá na qualidade da seleção. Para facilitar a avaliação e permitir que possíveis erros sejam corrigidos antes que se tornem problemas, os responsáveis podem construir formulários de acompanhamento para cada um dos indicadores estabelecidos. Unidade 2 • Seleção por Competências77/187 Quadro 2.5: Formulários de Acompanhamento (exemplo). Eficiência do Instrumento de Seleção Tipo de Instrumento Custos de Realização Tempo de Planejamento Tempo de Preparo Tempo de Realização Números de Candidatos Participantes Número de candidatos Selecionados Entrevista Comportamental Dinâmica de Grupo Jogo Alfa Jogo Beta Outros Fonte: Elaborado pela autora. Esta aula é finalizada com alguns instrumentos e diretrizes para avaliar os candidatos e embasar as escolhas, bem como para, durante e após a realização do processo, avaliar a qualidade da seleção desenvolvida. Unidade 2 • Seleção por Competências78/187 Glossário Competência: de acordo Dutra (2004, p. 46), a competência de uma pessoa pode ser compreendida como sua capacidade de entrega. Uma pessoa é competente quando, graças às suas capacidades, entrega e agrega valor ao negócio ou empresa em que atua, a ele próprio e ao meio em que vive. C.H.A: o enfoque brasileiro trata competências como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) entregues para a organização que agregam valor econômico e social. Dinâmicas de Grupo: visam principalmente observar a interação de cada candidato com os demais participantes, associando sua conduta em relação ao grupo com aqueladesejada dentro da organização. A partir da observação direta, também permitem observar se há congruências entre o perfil do candidato e o perfil de competências mapeado. Questão reflexão ? para 79/187 Explique as dimensões em que as competências têm sido empregadas atualmente. 80/187 Considerações Finais (1/2) “A expressão competência tem sido, ao mesmo tempo, uma das mais empregadas e uma das mais controvertidas no jargão da administração contemporânea” (RUAS, 2001, p. 247). Após McClelland, uma série de estudiosos tais como Mirabile (1997), Boyatzis (1982) e Spencer e Spencer (1993) delineiam pesquisas nesta temática nos Estados Unidos e propõem algumas diretrizes do que seria competência para a literatura técnica. Concomitantemente, há estudos europeus que tentam fazer o mesmo, mas possuem uma abordagem distinta, tais como os de Zarifian (2001), Le Boterf (1994) e Perrenoud (1999). As competências têm sido empregadas em três dimensões: competências essenciais, que expressam a dimensão organizacional e são mais do que o simples somatório das individuais ou de equipes, pois dependem da sinergia e potencialização dos recursos; competências funcionais, aquelas que são inerentes a cada uma das áreas da organização e têm a dimensão de grupo; e individuais, que são relativas às pessoas que atuam no grupo e na organização. 81/187 Como você pode ver, este tipo de seleção pode apresentar algumas dificuldades, como traduzir adequadamente o perfil de competências em comportamentos concretos e observáveis e relacionar as competências sem ser redundante. No entanto, apresenta diversos benefícios, principalmente o fato de dar foco e objetividade ao processo, que passa a ser, portanto, um pouco mais seguro. Além disso, aumenta o conhecimento das atitudes do candidato e reduz a possibilidade de ele simular algo que não seja verdadeiro ou mentir. Na próxima aula, será tratada especificamente uma metodologia bastante adequada para verificar essas verdades: técnicas para aplicação de dinâmicas de grupos. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Seleção por Competências82/187 Referências ANTONELLO, C. S. Aprendizagem na ação revisitada e sua relação com a noção de competência. Comportamento Organizacional e Gestão. São Paulo, v. 12, n. 2, p. 199-220, 2006. BITTENCOURT, C. et al. Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre: Bookman, 2004. BOYATZIS, R. E. The competent manager: a model for effective performance. New York: John Wiley & Sons, 1982. CARBONE, P. P. et al. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005, p.55-65. CARVALHO, I. E. M. V.; PASSOS, A. E. V. M.; SARAIVA, S. B. C. Recrutamento e Seleção por competências. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. DAÓLIO, L. C. Perfis & Competências: retrato dos executivos, gerentes e técnicos. São Paulo: Érica, 2004. DUTRA, J. S. et al. Gestão por competências: um modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. 4. ed. São Paulo: Editora Gente, 2001. FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. A construção do modelo de competência no contexto brasileiro. In: ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001. Unidade 2 • Seleção por Competências83/187 FLEURY, A; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra- cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. FLEURY, M.T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. Revista de administração contemporânea [online]. 2001, vol.5, n.esp., pp. 183-196. ISSN 1982-7849. HANASHIRO, D. M. M.; TEIXEIRA, M. L. M; ZACCARELLI, L. M. (Orgs.) Gestão do fator humano: uma visão baseada nos stakeholders. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. LE BOTERF, G. De la compétence: essai sur un attracteur étrange. Paris: Les éditions d’organization, 1994. MCCLELLAND, D. C. Testing for competence rather than for “intelligence”. American Psychologist, v. 28, p 1-14, 1973. MIRABILE, R. J. Everything you wanted to know about competency modeling. Training and Development, p. 73-77. Aug.1997. MERTENS, L. Competencia laboral: sistemas, surgimiento y modelos. Montevideo: Cinterfor/ OIT, 1996. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1999. Unidade 2 • Seleção por Competências84/187 RUAS, R. L.; ANTONELLO, C. S.; BOFF, L. H. (Orgs.). Os novos horizontes da gestão: aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Bookman, 2005. RUAS, R. L. Desenvolvimento de competências gerenciais e contribuição da aprendizagem organizacional. In: FLEURY, M. T. L.; OLIVEIRA JR.; M. M. (Orgs.). Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competências. São Paulo: Atlas, 2001. SPENCER, L. M; SPENCER, S. M. Competence at work: models for superior performance. New York: John Wiley & Sons, 1993. ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001. 85/187 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Competências e Sua Relação com o Mundo Empresarial - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a0a178214659d52ebb993fbd11bbec34>. Aula 2 - Tema: Competências: Aprofundando o Conceito - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/7f- d8e27de076b03a105d7159ec48c4c7>. 86/187 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Mapeando e Analisando as Competências - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f5f659db1128669cc5d913cee5c6ee91>. Aula 2 - Tema: A Entrevista Comportamental - Bloco IV Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a62529209440ee70749253cf49813754>. 87/187 1. Qual dos seguintes itens não compõe parte da noção de competências adotadas por autores brasileiros, que funde os inputs dos estudos norte-a- mericanos e outputs dos europeus? a) Entrega. b) Habilidades. c) Atitudes. d) Conhecimento. e) Socialização. Questão 1 88/187 2. Qual dos seguintes itens representa as dimensões em que as competên- cias têm sido empregadas? a) Essenciais, Organizacionais e Funcionais. b) Organizacionais, Essenciais e Individuais. c) Funcionais, Individuais e De Equipes. d) Individuais, Funcionais e Organizacionais e) De áreas, De equipes, Essenciais. Questão 2 89/187 3. Qual dos seguintes itens não é uma das etapas mínimas pressupostas para gestão de pessoas por competências? a) Delineamento de Competências dos Concorrentes. b) Delineamento de Perfis de Competências. c) Uso das Competências como Eixo Central. d) Mapeamento de Competências. e) N. D. A. Questão 3 90/187 4. Qual das seguintes atividades não está incluída no Processo de Mapea- mento de Competências? a) Identificar a visão e missão da organização. b) Identificar os sinalizadores de competências. c) Identificar objetivos de curto, médio e longo prazo. d) Definir conceitualmente as competências funcionais. e) Definir indicadores não observáveis para cada competência. Questão 4 91/187 5. Qual dos seguintes itens não representa um dos instrumentos utilizados na seleção por competências? a) Testes grafológicos. b) Dinâmicas de Grupo. c) Entrevistas. d) Testes de Conhecimento. e) Jogos. Questão 5 92/187 Gabarito 1. Resposta: E. Socialização. 2. Resposta: D. Individuais, Funcionais e Organizacionais. 3. Resposta: A. Delineamento de Competências dos Concorrentes. 4. Resposta: E. Definir indicadores não observáveis
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