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1 Cálculo 2 Mauro Patrão If this message does not disappear after a short time, the author either did not compile the LATEX file three times, or your PDF viewer does not support OCG. Use Adobe Reader! t SUMÁRIO Sumário 2 1 Introdução 5 1.1 Derivada, Integral e Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2 Polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3 Polinômios infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.4 Aproximando polinômios infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2 Sequências e séries 21 2.1 Aproximação da origem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Propriedades da aproximação da origem . . . . . . . . . . . . . 26 Limite infinito de sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.2 Limite de sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Propriedades do limite de sequências . . . . . . . . . . . . . . . 35 Sequência monótonas e limitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Sequências e funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Sequência dos semiperímetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.3 Séries numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Teste da divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Série harmônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Série geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Operações com séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 2.4 Séries de termos sem sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Teste da raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Teste da razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Teste da integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 2.5 Séries de termos com sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Teste da convergência absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 2 Sumário 3 Teste da série alternada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Testes da raiz e da razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 3 Séries de potências 87 3.1 Séries de potências: polinômios infinitos . . . . . . . . . . . . . 88 Operações com séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Derivada de séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 Integral de séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 3.2 Unicidade dos coeficientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 3.3 Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 3.4 Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 4 Equações diferenciais 117 4.1 Equação diferencial ordinária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 4.2 EDO separável de 1ª-ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Catenária: cabo suspenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 4.3 EDO linear de 1ª ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Solução da homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Solução da não-homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 4.4 EDO linear de 2ª ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 Solução da homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Solução da não-homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 4.5 Coeficientes constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 Equação característica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 Raízes reais distintas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 Raiz real única . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 Raízes complexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 Coeficientes a determinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 4.6 Coeficientes variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 Soluções por séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 5 Transformada de Laplace 189 5.1 Definição e propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190 Linearidade da transformada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Transformada da derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 5.2 Transformada de PVIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196 Regra do deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198 Mudança de escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 4 Sumário Derivada da transformada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 Injetividade da transformada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 5.3 Frações parciais e a transformada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 5.4 Transformada de sistemas de PVIs . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 A Apêndice 227 A.1 Integral imprópria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 A.2 Exponencial complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 Funções com valores complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232 A.3 EDO linear de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Solução da homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Solução da não-homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247 C A P Í T U L O 1 INTRODUÇÃO 5 6 Capítulo 1. Introdução 1.1 DERIVADA, INTEGRAL E APLICAÇÕES No Cálculo 1 vimos diversos exemplos e aplicações de derivada e integral de funções polinomiais, trigonométricas, exponenciais e suas combinações. Exemplos 1) Queda-livre: y(t ) = y0+ v0t − g t 2 2 v(t ) = ( s0+ v0t − g t 2 2 )′ = v0− g t 2) Posição de um sistema-massa mola: x(t ) = x0 cos(ωt ) v(t ) = (s0 cos(ωt ))′ =−x0ω sen(ωt ) 3) Velocidade do trem-bala freiando com o atrito com o ar: v(t ) = v0e−bt a(t ) = −bv0e−bt x(t ) = ∫ v0e −bt d t = v0 e −bt −b +C Derivar é fácil, uma vez que se conheça as regras básicas. No entanto, in- tegrar nem sempre é fácil. Por exemplo, a área abaixo da conhecida curva de sino de Gauss está relacionada ao cálculo de certas probabilidades: como cal- cular essa integral? ∫ b a e−x 2 d x =? 1.2. Polinômios 7 FIGURA: Curva de Gauss (µ= 0, σ= 1) hachurada entre a a b com x no eixo 1.2 POLINÔMIOS É muito fácil derivar e integrar um polinômio de grau n a0+a1x+a2x2+·· ·+an xn uma vez que (a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn)′ = a1 + a22x + ·· · + annxn−1 e que ∫ (a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn )d x = a0x + a1 x22 + a2 x 3 3 + ·· · + an x n+1 n+1 +C Será que toda função pode ser dada por um polinômio? Cada vez que derivamos um polinômio seu grau diminui por um. Assim, depois de derivar n+1 vezes um polinômio de grau n temos que o polinômio zera. Por outro lado temos que (ex)′ = ex ( cos(x))′′ =− cos(x) ( sen(x))′′ =− sen(x) o que mostra que nenhuma das funções ex , cos(x), sen(x) é dada por um polinômio. Mas e se considerarmos polinômios infinitos (isto é, polinômios de grau infinito) que podem ser derivados sem que seu grau diminua? Exemplos FIGURA: Soma dos termos da PG de razão x 8 Capítulo 1. Introdução 1) A soma dos termos da progressão geométrica de razão x 1+x+x2+·· ·+xn +·· · é um polinômio infinito (ver Figura ??). Veremos que 1+x+x2+·· ·+xn +·· · = 1 1−x para x ∈ (−1,1). Em particular, para x = 12 temos (ver Figura ??) 1+ 1 2 + 1 4 +·· ·+ 1 2n +·· · = 1 1− 12 = 2 FIGURA: Soma dos termos da PG de razão 12 2) 1 1+x é dado por um polinômio infinito? Temos que 1 1+x = 1 1− (−x) = 1+ (−x)+ (−x)2+ (−x)3+ (−x)4+ (−x)5+·· · = 1−x+x2−x3+x4−x5+·· · para x ∈ (−1,1). 3) 1 1+x2 é dado por um polinômio infinito? Temos que 1 1+x2 = 1 1− (−x2) = 1+ (−x2)+ (−x2)2+ (−x2)3+ (−x2)4+ (−x2)5+·· · = 1−x2+x4−x6+x8−x10+··· para −x2 ∈ (−1,1), ou seja, para x ∈ (−1,1). 1.3. Polinômios infinitos 9 1.3 POLINÔMIOS INFINITOS Veremos que podemos derivar e integrar um polinômio infinito como se ele fosse um polinômio finito, desde que tomemos o devido cuidado com o seu domínio. Propriedades Um polinômio infinito a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn + ·· · tem 1) Domínio: Intervalo centrado na origem, com raio 0≤R ≤∞. 2) Derivada: (a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn + ·· · )′ = a1 + a22x + ·· · + annxn−1 + ·· · para x ∈ (−R,R). 3) Integral:∫ (a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn + ·· · )d x = a0x + a1 x 2 2 + a2 x 3 3 + ·· · + an x n+1 n+1 + ·· · +C para x ∈ (−R,R). 10 Capítulo 1. Introdução Exemplos FIGURA: definição arco-tangente 1) Uma maneira de escrever a função atg(x) como um polinômio infinito é, usando o que já vimos, escrever sua derivada (atg(x))′ = 1 1+x2 como o polinômio infinito (atg(x))′ = 1−x2+x4−x6+·· · para x ∈ (−1,1), e integrar os dois lados atg(x) = ∫ (1−x2+x4−x6+·· · ) d x = x− x 3 3 + x 5 5 − x 7 7 +·· ·+C para x ∈ (−1,1). Para determinar o valor da constante de integra- ção fazemos x = 0 0= atg(0)= 0− 0 3 3 + 0 5 5 − 0 7 7 +·· ·+C =C de onde segue que atg(x)= x− x 3 3 + x 5 5 − x 7 7 +·· · para x ∈ (−1,1). Veremos mais adiante que o domínio desse po- linômio infinito é (−1,1], em particular esse domínio tem raio R = 1. É possível mostrar que a igualdade acima também vale 1.3. Polinômios infinitos 11 para x = 1 de modo que atg(1) = 1 − 1 3 3 + 1 5 5 − 1 7 7 +·· · ∥ pi 4 = 1 − 1 3 + 1 5 − 1 7 +·· · É possível mostrar que a mesma igualdade não vale para x =−1, o que indica que devemos ser cuidadosos com o domínio de po- linômios infinitos. 2) Uma maneira de escrever a função log(1+x) como um polinô- mio infinito é, usando o que já vimos, escrever sua derivada (log(1+x))′ = 1 1+x como o polinômio infinito (log(1+x))′ = 1−x+x2−x3+·· · para x ∈ (−1,1), e integrar os dois lados log(1+x) = ∫ (1−x+x2−x3+·· · ) d x = x− x 2 2 + x 3 3 − x 4 4 +·· ·+C para x ∈ (−1,1). Para determinar o valor da constante de integra- ção fazemos x = 0 0= log(1)= 0− 0 2 2 + 0 3 3 − 0 4 4 +·· ·+C =C de onde segue que log(1+x)= x− x 2 2 + x 3 3 − x 4 4 +·· · 12 Capítulo 1. Introdução para x ∈ (−1,1). Veremos mais adiante que o domínio desse po- linômio infinito é (−1,1], em particular esse domínio tem raio R = 1. É possível mostrar que a igualdade acima também vale para x = 1, de modo que log(2)= 1− 1 2 + 1 3 − 1 4 +·· · A mesma igualdade não faz nem sentido para x = −1 pois log(0) não está nem definido, o que indica novamente que devemos ser cuidadosos com o domínio de polinômios infinitos. Exemplos 1) Vimos que ex não é um polinômio finito, pois (ex)′ = ex . Será que é um polinômio infinito? Fazendo ex = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 + a4x4 +·· · devemos descobrir quem seria cada coeficiente an da potência de grau n. Fazendo x = 0, temos e0 = a0 + a10 + a202 + a303 + a404 +·· · ∥ 1 = a0 de modo que a0 = 1 é o coeficiente da potência de grau 0. Deri- vando termo a termo temos que (ex)′ = a1 + a22x + a33x2 + a44x3 +·· · Usando então que (ex)′ = a1 + a22x2 + a33x2 + a44x3 +·· · ∥ ex = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 +·· · 1.3. Polinômios infinitos 13 e igualando os coeficientes das potências de mesmo grau, temos que a1 = a0 = 1 =⇒ a1 = 1 a22= a1 = 1 =⇒ a2 = 1 2 a33= a2 = 1 2 =⇒ a3 = 1 3! a44= a3 = 1 3! =⇒ a4 = 1 4! Segue que, em geral an = 1 n! de modo que ex = 1 + x + 1 2! x2 + 1 3! x3 + 1 4! x4 +·· · Veremos mais adiante que o domínio desse polinômio infinito é x ∈ (−∞,∞), isto é, esse domínio tem raio R =∞. Observe que (ex)′ = ( 1 + x + 1 2! x2 + 1 3! x3 + 1 4! x4 +·· · )′ = 1 + 1 2! 2x + 1 3! 3x2 + 1 4! 4x3 +·· · = 1 + x + 1 2! x2 + 1 3! x3 +·· · = ex e que e1 = 1 + 1 + 1 2! 12 + 1 3! 13 + 1 4! 14 +·· · ∥ e = 1 + 1 + 1 2! + 1 3! + 1 4! +·· · 14 Capítulo 1. Introdução FIGURA: Curva de Gauss (µ= 0, σ= 1) hachurada entre a a b com x no eixo 2) Já comentamos que a área abaixo da conhecida curva de sino de Gauss, dada por ∫ b a e−x 2 d x está relacionada ao cálculo de certas probabilidades. Podemos calcular essa integral usando o polinômio infinito para ex e fazendo e−x 2 = 1 + (−x2) + 1 2! (−x2)2 + 1 3! (−x2)3 + ·· · = 1 − x2 + 1 2! x4 − 1 3! x6 + ·· · para x ∈ (−∞,∞), de modo que ∫ e−x 2 d x = x − x 3 3 + 1 2! x5 5 − 1 3! x7 7 + ·· ·+C para x ∈ (−∞,∞). 3) Vimos que sen(x) não é um polinômio finito, pois ( sen(x))′′ = − sen(x). Será que é um polinômio infinito? Fazendo sen(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 + ·· · temos que sen′(x) = a1 + a22x + a33x2 + a44x3 + ·· · sen′′(x) = a22 + a33 ·2x + a44 ·3x2 + a55 ·4x3 + ·· · 1.3. Polinômios infinitos 15 Fazendo x = 0, temos sen(0) = a0 + a10 + a202 + a303 + ·· · ∥ 0 = a0 sen′(0) = a1 + a220 + a3302 + a4403 + ·· · 1 = a1 de onde concluímos que a0 = 0 e a1 = 1. Usando que sen′′(x) = a22 + a33 ·2x + a44 ·3x2 + a55 ·4x3 + ·· · ∥ − sen(x) = −a0 − a1x − a2x2 − a3x3 + ·· · e igualando os coeficientes das potências de mesmo grau, temos que a22=−a0 = 0 =⇒ a2 = 0 a33 ·2=−a1 =−1 =⇒ a3 =− 1 3! a44 ·3=−a2 = 0 =⇒ a4 = 0 a55 ·4=−a3 = 1 3! =⇒ a5 = 1 5! Segue que sen(x) = x − 1 3! x3 + 1 5! x5 − 1 7! x7 + 1 9! x9 +·· · Veremos mais adiante que o domínio desse polinômio infinito é x ∈ (−∞,∞), isto é, esse domínio tem raio R =∞. Usando que cos(x) = sen′(x) podemos facilmente escrever 16 Capítulo 1. Introdução cos(x) como um polinômio infinito cos(x) = (x − 1 3! x3 + 1 5! x5 − 1 7! x7 +·· · )′ = 1 − 1 3! 3x2 + 1 5! 5x4 − 1 7! 7x6 +·· · = 1 − 1 2! x2 + 1 4! x4 − 1 6! x6 +·· · para x ∈ (−∞,∞). Sabemos que cos(x) é uma função par e sen(x) é uma função ímpar, isto é cos(−x)= cos(x) e sen(−x)=− sen(x) Observe que no polinômio infinito para cos(x) aparecem apenas potências pares e no polinômio infinito para sen(x) aparecem apenas potências ímpares. Coincidência? 1.4 APROXIMANDO POLINÔMIOS INFINITOS Dado um polinômio infinito f (x) = a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn + ·· · na prática só sabemos calcular o polinômio finito fn(x) = a0 + a1x + a2x2 + ·· · + an xn que obtemos parando a soma das potências no termo de grau n. Para que valores de x fixado temos que fn(x) aproxima f (x), em símbolos, fn(x)≈ f (x) para n grande? 1.4. Aproximando polinômios infinitos 17 Isto é, para que valores de x fixado temos que f (x)− fn(x)≈ 0 para n grande? Exemplos 1) Já vimos que f (x)= 1+x+x2+·· ·+xn +·· · = 1 1−x para x ∈ (−1,1). Temos que fn(x)= 1+x+x2+·· ·+xn de modo que f (x)− fn(x) = xn+1+xn+2+·· · = xn+1(1+x+x2+·· · ) = xn+1 ( 1 1−x ) = x n+1 1−x Mais adiante vamos mostrar que xn+1 ≈ 0 para n grande se e só se x ∈ (−1,1), de modo que fn(x) aproxima f (x) para n grande apenas para x ∈ (−1,1). Para ilustrar esse fato, tomamos x = 12 e obtemos f (1 2 )= 1 1− 12 = 2 fn (1 2 )= 1+ 1 2 + 1 4 +·· ·+ 1 2n 18 Capítulo 1. Introdução Pelo visto acima, temos f (1 2 )− fn (12)= (1 2 )n+1 1− 12 = 1 2n+1 2= 1 2n onde é intuitivo que 1 2n ≈ 0 para n grande. Segue que fn (1 2 ) aproxima f (1 2 ) para n grande. 2) Já vimos que exp(x)= 1+x+ 1 2! x2+ 1 3! x3+·· · para x ∈ (−∞,∞). Temos que expn−1(x)= 1+x+ 1 2! x2+·· ·+ 1 (n−1)! x n−1 De modo que, para x ≥ 0, temos 0≤ exp(x)−expn−1(x) =1 n! xn + 1 (n+1)! x n+1+ 1 (n+2)! x n+2+·· · = x n n! ( 1+ 1 n+1 x+ 1 (n+2)(n+1) x 2+·· · ) ≤ x n n! ( 1+x+ 1 2! x2+ 1 3! x3+·· · ) = x n n! ex Mais adiante vamos mostrar que xn n! ≈ 0 para n grande 1.4. Aproximando polinômios infinitos 19 para cada x fixado, de modo que expn(x) aproxima exp(x) para n grande para cada x ∈ (−∞,∞) fixado. Para ilustrar esse fato, tomamos x = 1 e obtemos exp(1)= e1 = e expn−1(1)= 1+1+ 1 2! +·· ·+ 1 (n−1)! Pelo visto acima, temos 0≤ exp(1)−expn−1(1)≤ 1 n! e onde é intuitivo que 1 n! ≈ 0 para n grande. Segue que expn−1(1) aproxima exp(1) para n grande. Tomando agora x = 3 obtemos exp(3)= e3 expn−1(3)= 1+3+ 1 2! 32+·· ·+ 1 (n−1)!3 n−1 Pelo visto acima, temos 0≤ exp(3)−expn−1(3)≤ 3n n! e3 onde veremos que 3n n! ≈ 0 para n grande. Segue que expn−1(3) aproxima exp(3) para n grande. C A P Í T U L O 2 SEQUÊNCIAS E SÉRIES 21 22 Capítulo 2. Sequências e séries 2.1 APROXIMAÇÃO DA ORIGEM Nosso primeiro passo será tornar mais preciso o conceito de uma sequência de números reais se aproximar de um dado ponto da reta. Uma sequência é uma lista ordenada infinita de números reais a1, a2, a3, . . . , an , . . . Denominamos a1 de primeiro termo da sequência, a2 de segundo termo da sequência, a3 de terceiro termo da sequência e assim por diante. Numa po- sição genérica n, aparece an , o n-ésimo termo da sequência, denominado termo geral da sequência. Muita vezes, denotamos à sequência acima sim- plesmente pelo seu termo geral. Podemos visualizar uma sequência como uma progressão infinita de pontos da reta real R. Primeiro consideramos sequências que se aproximam da origem, como por exemplo a sequência harmônica 1n , dada pela seguinte lista infinita 1, 1 2 , 1 3 , . . . , 1 n , . . . Neste caso, o número real 1n aparece na posição n da lista. Figura 2.1: Sequência harmônica se aproximando da origem. Como ilustra a Figura 2.1, é intuitivo que, à medida que percorremos a lista para a direita, seus termos se aproximam de 0. Neste caso, dizemos que 0 é o limite da sequência 1n . 2.1. Aproximação da origem 23 Figura 2.2: Sequência anti-harmônica se aproximando da origem. Um outro exemplo de sequência que se aproxima da origem é a denomi- nada sequência anti-harmônica, ilustrada pela Figura 2.2 e dada por − 1n . Um último exemplo de sequência se aproximando da origem, a sequência harmô- nica alternada, é ilustrada pela Figura 2.3 e dada por (−1) n n . Figura 2.3: Sequência harmônica alternada se aproximando da origem. Uma vez que uma sequência pode se aproximar da origem sem que ne- nhum de seus termos seja igual a zero, o que significa, de maneira mais pre- cisa, que uma sequência an se aproxima da origem? A ideia básica é não ser- mos tão rigorosos e permitirmos alguma margem de erro positiva, que pode ser tão pequena quanto desejarmos. Para isso, consideramos o erro ε > 0, como ilustra a Figura 2.4. Se a sequência an se aproxima da origem, para cada erro ε > 0, deve existir uma posição na lista n (ε), denominada posição asso- ciada ao erro ε, tal que todos os termos a partir dessa posição para a direita devem ter valor absoluto menor do que ε. Neste caso, isso é denotado por an → 0 Em geral, quanto mais rigorosos formos, mais para direita devemos ir na lista, ou seja, quanto menor o erro ε, maior será a posição associada n (ε). Por 24 Capítulo 2. Sequências e séries exemplo, no caso da sequência harmônica, se escolhermos ε = 0,01, temos que a posição n = 101 é tal que todos os termos dessa posição para a direita têm valor absoluto menor do que ε = 0,01. Por outro lado, se escolhermos ε = 0,005, temos que a posição n = 201 é tal que todos os termos dessa posi- ção para a direita têm valor absoluto menor do que ε= 0,005. 1, 1 2 , 1 3 , . . . , 1 101 , 1 102 , 1 103 , . . . , 1 201 , 1 202 , 1 203 , . . . Em outras palavras, a sequência an se aproxima da origem se, para cada erro ε> 0, existir uma posição associada n (ε) tal que n ≥ n (ε) =⇒ |an | < ε, ou de modo equivalente n ≥ n (ε) =⇒ −ε< an < ε como ilustrado pela Figura 2.4. Observe que, adotando um outro erro δ> 0, a posição associada mudaria para n (δ) e a condição acima ficaria n ≥ n (δ) =⇒ −δ< an < δ como ilustrado pela Figura 2.4. Figura 2.4: Intervalo de erro ε em torno da origem. Observe também que, uma vez que an e |an | possuem o mesmo valor ab- soluto, segue que an → 0 se e só se |an | → 0. Nos exemplos anteriores, temos que ∣∣∣∣− 1n ∣∣∣∣= ∣∣∣∣ (−1)nn ∣∣∣∣= 1n Nesses exemplos, temos que o valor absoluto dos termos diminui a medida que percorremos a lista para a direita. Quando isso acontece, a situação é mais 2.1. Aproximação da origem 25 simples: a primeira posição cujo termo tem valor absoluto menor que ε > 0 serve como posição associada n (ε). Como nos exemplos anteriores |an | = 1n , o primeiro natural n tal que 1 n < ε serve como posição associada n (ε) dessas sequências. Resolvendo para n te- mos que n > 1 ε , de modo que n (ε)= 1º n > 1 ε é uma posição associada ao erro ε. A tabela abaixo apresenta alguns dos seus valores: ε 1/ε n (ε) 0,5 2 3 0,4 2,5 3 0,3 3,333. . . 4 0,2 5 6 No caso da sequência harmônica, as primeiras linhas dessa tabela são ilustra- das pela Figura 2.5. Figura 2.5: Alguns erros para a sequência harmônica. Em geral, duas sequências que se aproximam da origem podem possuir posições distintas associadas ao mesmo erro ε. Por exemplo, denotando por na (ε) a posição associada ao erro ε da sequência an = 1n e por nb (ε) a posição associada ao erro ε da sequência bn = 1n2 , temos que na (ε)= 1º n > 1 ε 26 Capítulo 2. Sequências e séries como vimos acima e também que nb (ε)= 1º n > √ 1 ε uma vez que esse é o primeiro natural n tal que 1 n2 < ε. A tabela abaixo compara alguns dos seus valores: ε 1/ε na (ε) p 1/ε nb (ε) 0,5 2 3 1,414. . . 2 0,4 2,5 3 1,581. . . 2 0,3 3,333. . . 4 1,825. . . 2 0,2 5 6 2,236. . . 3 0,1 10 11 3,162. . . 4 0,01 100 101 10 11 0,001 1000 1001 31,622. . . 32 Não é difícil perceber que, para cada erro, a posição associada de an é muito maior que a respectiva posição associada de bn . PROPRIEDADES DA APROXIMAÇÃO DA ORIGEM Agora vamos considerar o que acontece com a soma de duas sequências que se aproximam da origem. Proposição 2.1 Se an ,bn → 0, então an +bn → 0. Prova: A ideia da demonstração se baseia no seguinte fato: se an e bn estão no intervalo de erro (−ε2 , ε2), então sua soma an+bn está no intervalo de erro (−ε,ε). Sejam na (ε) e nb (ε) as posições associadas ao erro ε, respectiva- 2.1. Aproximação da origem 27 mente, de an e de bn . Temos então que n ≥ na ( ε 2 ) =⇒ −ε 2 < an < ε 2 e também que n ≥ nb ( ε 2 ) =⇒ −ε 2 < bn < ε 2 . Escolhendo n (ε) como o maior dentre os tempos na ( ε 2 ) e nb ( ε 2 ) , somando as desigualdades acima, teremos então que n ≥ n (ε) =⇒ −ε< an +bn < ε, mostrando que n (ε) é de fato uma posição associada ao erro ε da sequên- cia an +bn . Para ilustrar o resultado acima, considere a sequência an + bn , que é a soma, respectivamente, das sequências harmônica an e harmônica alternada bn . Temos que an +bn = { 2 n , n é ímpar 0, n é par como ilustrado pela Figura 2.6. O resultado acima garante que an +bn → 0. Figura 2.6: Soma das sequências harmônica e harmônica alternada. A próxima proposição é uma versão mais restrita do famoso Teorema do Sanduíche. 28 Capítulo 2. Sequências e séries Proposição 2.2 Se 0≤ an ≤ bn e bn → 0, então an → 0. Prova: Uma vez que 0 ≤ an ≤ bn , podemos escolher para an a mesmaposição associada de bn . De fato, seja n (ε) uma posição associada ao erro ε da sequência bn . Então temos que n ≥ n (ε) =⇒ |bn | = bn < ε. Como 0≤ an ≤ bn , segue que n ≥ n (ε) =⇒ |an | = an < ε. o que mostra que n (ε) é de fato uma posição associada ao erro ε da sequência an . Uma exemplo de aplicação do resultado acima é mostrar que a progres- são geométrica com razão r = 1/2 se aproxima da origem. Como a sequência 2n dobra de tamanho, enquanto a sequência n cresce de um em um, temos que 2n > n, para todo n ∈ N. Neste caso, invertendo ambos os lados dessa desigualdade, segue que 0< 1 2n < 1 n Como 0→ 0 e também 1n → 0, temos que 1 2n → 0 Dizemos que uma sequência bn é limitada quando ela não se afasta muito da origem. Em outras palavras, existe uma raio R > 0 tal que |bn | <R para todo n ∈N, como ilustra a Figura 2.7. 2.1. Aproximação da origem 29 Figura 2.7: Uma sequência limitada. É intuitivo que toda sequência que se aproxima da origem é limitada. A sequência alternada, dada por (−1)n e ilustrada pela Figura 2.8, é um exemplo de uma sequência limitada, mas que não se aproxima da origem. Como mos- tramos a seguir, o produto de uma sequência limitada por uma sequência que se aproxima da origem também se aproxima da origem. Um exemplo disso é a sequência harmônica alternada que é o produto da sequência harmônica, que se aproxima da origem, pela sequência alternada, que é apenas limitada. Figura 2.8: Sequência alternada é limitada, mas não se aproxima da origem. Proposição 2.3 Se an → 0 e bn é limitada, então anbn → 0. Prova: A ideia dessa demonstração se baseia no seguinte fato: se bn está no inter- valo (−R,R) e an está no intervalo (− εR , εR ), então anbn está no intervalo de erro (−ε,ε). Seja na (ε) a posição associada ao erro ε da sequência an . Temos então que n ≥ na ( ε R ) =⇒ |an | < ε R 30 Capítulo 2. Sequências e séries Escolhendo n (ε) igual a na ( ε R ) e multiplicando a desigualdade acima por R, teremos então que n ≥ n (ε) =⇒ |anbn | ≤ |an |R < ε, mostrando que n (ε) é uma posição associada ao erro ε da sequência anbn . LIMITE INFINITO DE SEQUÊNCIAS De maneira intuitiva, uma sequência an tende para o infinito se seus termos ficam cada vez maiores, a medida que percorremos a lista para direita. De maneira precisa, dado um raio R > 0, deve existir uma posição na lista n (R), denominada posição associada ao raio R, tal que n ≥ n (R) =⇒ R < an Neste caso, dizemos que an se aproxima de mais infinito e denotamos isso por an →∞. Exemplos 1) Temos que n →∞. De fato, consideremos a função n (R)= 1º n > R onde R > 0. A tabela abaixo apresenta os valores de n (R) para alguns valores de R > 0. R n (R) pi 4 10pi 32 100pi 315 Temos que essa é uma posição associada ao raio R da sequên- 2.1. Aproximação da origem 31 cia dos números naturais, onde an = n, pois de fato n ≥ n (R) =⇒ R < n, como ilustra a Figura 2.9. 2) Temos que p n →∞. De fato, consideremos a função n (R) = 1º n tal quepn > R = 1º n tal que n > R2 = 1º n > R2 onde R > 0. A tabela abaixo apresenta os valores de n (R) para alguns valores de R > 0. R R2 n (R) pi pi2 10 10pi 100pi2 987 100pi 10000pi2 98697 Temos que essa é uma posição associada ao raio R da sequên- cia bn = p n, pois de fato n ≥ n (R) =⇒ R2 < n =⇒ R <pn. Figura 2.9: Sequência do números naturais. Por outro lado, dizemos que bn se aproxima de menos infinito e denotamos isso por bn →−∞, quando −bn →∞. 32 Capítulo 2. Sequências e séries Exemplo: A sequência dos números inteiros negativos, onde bn = −n, se aproxima de menos infinito, como ilustra a Figura 2.10. Figura 2.10: Sequência do números inteiros negativos. O resultado seguinte mostra a relação entre sequências que se aproximam da origem com sequências que se aproxima de mais ou de menos infinito. Proposição 2.4 Temos que (A) Se an →∞, então 1 an → 0. (B) Se an ↓ 0, então 1 an →∞. (C) Se an →∞ e an ≤ bn , então bn →∞. Prova: Para o item (A), escolhendo R = 1/ε, temos que n ≥ na (1/ε) =⇒ 1 ε < an . Definindo n (ε)= na (1/ε), temos que n ≥ n (ε) =⇒ 0< 1 an < ε. 2.1. Aproximação da origem 33 Para o item (B), escolhendo ε= 1/R, temos que n ≥ na (1/R) =⇒ 0< an < 1 R . Definindo n (R)= na (1/R), temos que n ≥ n (ε) =⇒ R < 1 an . Finalmente para o item (C), escolhendo nb (R)= na (R), temos que n ≥ nb (R) =⇒ R < an ≤ bn . A proposição acima é útil para determinar alguns limites. Exemplos 1) Uma vez que p n →∞, então 1p n ↓ 0. 2) Como 1 2n ↓ 0, segue que 2n →∞. 3) Uma vez que −n →−∞, então − 1 n ↑ 0. 4) Uma vez que n →∞ e que n ≤ n2, então n2 →∞. 5) Temos que (−1)n n → 0, mas n (−1)n = (−1) nn não tende para ∞ nem para −∞. Isso contradiz a proposição acima? 34 Capítulo 2. Sequências e séries 2.2 LIMITE DE SEQUÊNCIAS Uma vez que definimos com precisão o que significa uma sequência se apro- ximar da origem, podemos considerar o caso geral de uma dada sequência se aproximar de um dado ponto qualquer. Dizemos que an se aproxima de a ∈R quando a diferença an − a se aproxima da origem, ou de modo equivalente, quando |an −a|→ 0 Neste caso, escrevemos an → a e dizemos que a sequência an é convergente e que o ponto a é seu limite. Temos então a seguinte relação entre sequências limitadas e sequências convergentes. Proposição 2.5 Se bn → b, então (A) bn é limitada e (B) 1 bn é limitada, caso b > 0. Prova: Vamos usar o seguinte fato, cuja demonstração deixamos ao leitor: para que uma sequência an seja limitada basta que, a partir de uma certa po- sição n, os termos da sequência se encontrem num intervalo (L, M). (A) Temos que n ≥ n (ε) =⇒ −ε< bn −b < ε, 2.2. Limite de sequências 35 uma vez que bn −b → 0. Logo n ≥ n (ε) =⇒ b−ε< bn < b+ε, (2.1) mostrando que bn é limitada. (B) Escolhendo ε= b2 na equação (2.1), temos que n ≥ n ( b 2 ) =⇒ b 2 < bn < 3b 2 . Invertendo os três membros da desigualdade acima, segue que n ≥ n ( b 2 ) =⇒ 2 3b < 1 bn < 2 b , mostrando que 1bn é limitada. A sequência alternada, ilustrada pela Figura 2.8, apesar de limitada, não se aproxima de nenhum ponto da reta. De fato, quando n é ímpar, (−1)n se mantém distante de qualquer número positivo e, quando n é par, (−1)n se mantém distante de qualquer número negativo. PROPRIEDADES DO LIMITE DE SEQUÊNCIAS Para determinarmos que o limite da sequência das razões de Fibonacci é de fato a razão áurea, precisamos considerar o comportamento do limite em rela- ção às operações de soma, produto e quociente de sequências, as conhecidas regras de limite. Proposição 2.6 36 Capítulo 2. Sequências e séries Sejam an → a e bn → b, então (S) an +bn → a+b (P) anbn → ab (Q) an bn → a b , se bn ,b 6= 0 Prova: Pela definição, temos que an −a → 0 e bn −b → 0. (S) A regra da soma segue então da Proposição 2.1, uma vez que an +bn − (a+b)= (an −a)+ (bn −b)→ 0. (P) Para a regra do produto, primeiro observamos que bn é limitada, pela Proposição 2.5. Pelas Proposições 2.1 e 2.3, segue que anbn −ab = anbn −abn +abn −ab, = (an −a)bn +a (bn −b)→ 0. (Q) Para a regra do quociente, primeiro observamos que, pela regra do produto, como an bn = an 1 bn , basta mostramos que 1 bn → 1 b . Para isso, consideramos 1 bn − 1 b = b−bn bnb = 1 bbn (b−bn) . Pela Proposição 2.5, temos que 1 bbn é limitada, uma vez que bbn → b2 > 0, pela regra do produto. O resultado segue então da Proposi- ção 2.3. 2.2. Limite de sequências 37 Uma das propriedades fundamentais do limite é a sua unicidade, o fato de que uma dada sequência an só pode se aproximar de no máximo um número a ∈ R. Tal fato é uma consequência diretade uma outra propriedade muito importante do limite, denominada monotonicidade. Proposição 2.7: Monotonicidade Sejam an → a e bn → b. Se an ≤ bn , então a ≤ b. Prova: Primeiro vamos mostrar que se cn → c e cn ≤ 0, então c ≤ 0. Se c > 0, podemos escolher ε= c. Desse modo, segue que n ≥ n (c) =⇒ −c < cn − c < c e então n ≥ n (c) =⇒ 0< cn < 2c, o que é uma contradição, uma vez que estamos supondo que cn ≤ 0. Agora considere cn = an − bn ≤ 0. Pelas regras de limite, temos que cn → a − b. Pela primeira parte da demonstração, temos que a − b ≤ 0, ou seja, a ≤ b. Corolário 2.8: Unicidade Sejam an → a e bn → b. Se an = bn , então a = b. 38 Capítulo 2. Sequências e séries Prova: Como an ≤ bn e também bn ≤ an , pela monotonicidade, temos por um lado que a ≤ b e por outro lado que b ≤ a, o que mostra que de fato a = b. O seguinte teorema é uma ferramenta básica no estudo do comporta- mento de sequências e é conhecido pelo sugestivo nome de Teorema do San- duíche para sequências. Teorema 2.9: Sanduíche Se an ≤ cn ≤ bn e an ,bn → c, então cn → c. Prova: Como an ≤ cn ≤ bn , segue que 0≤ cn −an ≤ bn −an . Pelas regras de limite, temos que bn − an → 0, uma vez que an ,bn → c. Pela Proposição 2.2, segue que cn −an → 0, mostrando que cn = (cn −an)+an → c. Agora consideramos um exemplo bastante curioso, a denominada sequên- cia de Fibonacci dada por an da seguinte maneira: seus dois primeiros passos são iguais a um, ou seja, a1 = a2 = 1. Para obtermos os demais passos, utiliza- mos a seguinte fórmula an+2 = an+1+an Os 10 primeiros passos dessa sequência são apresentados na seguinte lista 1,1,2,3,5,8,13,21,34,55, . . . 2.2. Limite de sequências 39 Essa sequência claramente não possui limite. Entretanto é possível mostrar que a sequência das razões de Fibonacci 1 1 , 2 1 , 3 2 , 5 3 , 8 5 , 13 8 , 21 13 , 34 21 , 55 34 , . . . dada pelas razões rn = an+1 an é de fato convergente e que seu limite é igual a φ= 1+ p 5 2 denominado razão áurea. Esse número mágico, conhecido desde a antigui- dade, é obtido geometricamente dividindo-se um dado segmento em dois pe- daços, de modo que a proporção do todo φ sobre a parte maior 1 coincida com a proporção da parte maior 1 sobre a parte menor φ−1, como ilustrado na Figura 2.11. A razão áurea φ é então qualquer uma destas duas proporções idênticas e satisfaz φ 1 = 1 φ−1 Figura 2.11: Razão áurea em segmento. Vamos agora utilizar as propriedades de limite para mostrar que a sequên- cia da razões de Fibonacci converge para a razão áurea. De fato, vamos supor que rn → x e mostrar que x = 1+ p 5 2 . Em primeiro lugar observamos que rn+1 = an+2 an+1 = an+1+an an+1 40 Capítulo 2. Sequências e séries = 1+ an an+1 = 1+ 1an+1 an = 1+ 1 rn , o que mostra que rn+1 = 1+ 1 rn Por outro lado, utilizando a mesma função tempo de espera de rn → x, con- cluímos que rn+1 → x. Pela unicidade do limite e pelas regras da soma e do quociente, segue que x = 1+ 1 x Multiplicando a igualdade acima por x, temos que esse limite é solução da seguinte equação quadrática x2−x−1= 0 cuja única solução positiva é de fato a razão áurea x = 1+ p 5 2 SEQUÊNCIA MONÓTONAS E LIMITADAS Intuitivamente um a sequência é monótona se ela vai sempre para a esquerda ou sempre para a direita. Mais precisamente, an é monótona quando · · · ≤ an+1 ≤ an ≤ ·· · ≤ a3 ≤ a2 ≤ a1 ou quando a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ ·· · ≤ an ≤ an+1 ≤ ·· · 2.2. Limite de sequências 41 Quando uma sequência é monótona e limitada, existe uma constante R tal que −R ≤ ·· · ≤ a3 ≤ a2 ≤ a1 ou que a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ ·· · ≤R A seguinte proposição é demonstrada no apêndice. Proposição 2.10 Seja an uma sequência monótona. Então (A) Se an é limitada, então an → a, para algum a ∈R, e (B) Se an não é limitada, então an →∞ ou an →−∞. Exemplo: Considere sn = 1 0! + 1 1! + 1 2! + 1 3! +·· ·+ 1 n! Temos que sn é crescente e limitada, pois s0 = 1 ∧ s1 = 1+1 ∧ s2 = 1+1+ 1 2∧ ... ∧ sn = 1+1+ 1 2! + 1 3! +·· ·+ 1 n! ∧ 3 = 1+1+ 1 2 + 1 22 +·· ·+ 1 2n−1 +·· · uma vez que n! = 1 ·2 ·3 · · ·n 42 Capítulo 2. Sequências e séries > 1 ·2 ·2 · · ·2 = 2n−1 Segue que sn → s e, de fato, vamos ver que sn → e. SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES A definição de limite de uma função f num dado ponto a pode ser dado em termos de limite de sequências da seguinte forma. Dizemos que L é o limite de f (x) quando x → a e denotamos lim x→a f (x)= L, se f (xn)→ L, sempre que xn → a, como ilustra a Figura 2.12. Introzudindo a notação lim an = a, quando an → a, temos a seguinte relação entre limite de sequências e limite funções. Proposição 2.11 Se lim xn = a então lim x→a f (x)= lim f (xn) Isso permite utilizar ferramentas do Cálculo 1, como a continuidade e a regra de L’Hospital, para a determinação do limite de certas sequências. 2.2. Limite de sequências 43 Figura 2.12: Limite de função. Proposição 2.12 Se f é uma função contínua em a e lim xn = a então lim f (xn)= f (a) Além disso, se lim an = 0= limbn ou lim an =∞= limbn então lim an bn = lim (an) ′ (bn)′ onde (an)′ e (bn)′ são as derivadas de an e bn em relação a n. 44 Capítulo 2. Sequências e séries Prova: Como f é contínua em a, temos que lim x→a f (x)= f (a). Se lim xn = a, temos que lim x→a f (x)= lim f (xn), de modo que lim f (xn)= f (a). Suponha que an = f (n) e bn = g (n), onde f e g são funções deriváveis. Temos que lim x→∞ f (x)= lim f (n)= lim an e limx→∞g (x)= lim g (n)= limbn . Se lim an = 0= limbn ou lim an =∞= limbn , temos que lim x→∞ f (x)= 0= limx→∞g (x) ou limx→∞ f (x)=∞= limx→∞g (x). Pela regra de L’Hospital, segue que lim x→∞ f (x) g (x) = lim x→∞ ( f (x))′ (g (x))′ . Como lim x→∞ f (x) g (x) = lim f (n) g (n) = lim an bn e lim x→∞ ( f (x))′ (g (x))′ = lim ( f (n)) ′ (g (n))′ = lim (an) ′ (bn)′ , segue que lim an bn = lim (an) ′ (bn)′ . 2.2. Limite de sequências 45 A proposição acima é útil para determinar o limite de certas sequências. Exemplos 1) Temos que lim np 2= lim2 1n = 20 = 1, uma vez que lim 1 n = 0. 2) Temos que lim n 2n = lim (n) ′ (2n)′ = lim 1 log(2)2n = 0, uma vez que limn =∞= 2n . SEQUÊNCIA DOS SEMIPERÍMETROS Concluímos esta seção com a clássica sequência dos semiperímetros SP (In) dos polígonos regulares inscritos In , cujo número de lados é igual a 2n+1. A Figura 2.13 ilustra o semicírculo e os três primeiros polígonos, I1, I2e I3, que são, respectivamente, o quadrado, o octógono e o hexadecágono inscritos. O comprimento dos lados de In é denotado por ln . Pelo Teorema de Pitágoras, temos que l1 = p 2. Para calcularmos l2, consi- deramos os triângulos retângulos4AC P e4AP0, onde 0 é o centro do círculo unitário. Aplicando novamente o Teorema de Pitágoras, obtemos o seguinte 46 Capítulo 2. Sequências e séries Figura 2.13: Sequência de polígonos inscritos. sistema de equações l 22 = x21+ l 21 4 , (2.2) 1 = h21+ l 21 4 e 1 = x1+h1 onde h1 é a altura do triângulo4AB0 de base l1. Pela última equação de (2.2), temos que h1 = 1− x1. Substituindo na segunda equação de (2.2) e simplifi- cando, obtemos x21−2x1+ l 21 4 = 0. Utilizando a fórmula de Bhaskara e o fato de que 0< x1 < 1, temos que x1 = 2− √ 4− l 21 2 e, portanto, que x21 = 4−4 √ 4− l 21 + ( 4− l 21 ) 4 . 2.2. Limite de sequências 47 Substituindo esse valor na primeira equação de (2.2), obtemos que l 22 = 2− √ 4− l 21 . (2.3) Além disso, temos também que h1 < h2, onde h2 é a altura do triângulo4AC 0de base l2, pois h2 é maior que a hipotenusa do triângulo retângulo4QP0. Para se obter o lado l3 a partir do lado l2, realiza-se um procedimento análogo. Como mostra a Figura 2.13, considerando os triângulos retângulos 4ADQ e 4AQ0 e aplicando novamente o Teorema de Pitágoras, obtemos o seguinte sistema de equações l 23 = x22+ l 22 4 , 1 = h22+ l 22 4 e 1 = x2+h2 onde em todas as equações de (2.2) substituimos l1 por l2, l2 por l3, x1 por x2 e h1 por h2. Isso mostra que a relação entre o lado l3 e o lado l2 deve ser a similar à relação entre o lado l2 e o lado l1 dada pela equação (2.3), de modo que l 23 = 2− √ 4− l 22 e novamente temos também que h2 < h3. De maneira geral, procedendo-se de modo análogo, obtemos que a relação entre o lado ln+1 e o lado ln é dada pela equação l 2n+1 = 2− √ 4− l 2n , que hn < hn+1 e, portanto, que h1 < hn . A tabela abaixo mostra os 10 primeiros passos do processo descrito acima. 48 Capítulo 2. Sequências e séries n 2n l 2n ln SP (In) 1 2 2 1,414214 2,828427 2 4 0,585786 0,765367 3,061467 3 8 0,152241 0,390181 3,121445 4 16 0,0384294 0,196034 3,136548 5 32 0,00963055 0,0981353 3,140331 6 64 0,00240909 0,0490825 3,141277 7 128 0,000602363 0,0245431 3,141514 8 256 0,000150596 0,0122718 3,141573 9 512 0,0000376494 0,00613591 3,141588 10 1024 0,00000941238 0,00306796 3,141591 ... ... ... ... ... ∞ ∞ 0 0 pi 2.3. Séries numéricas 49 2.3 SÉRIES NUMÉRICAS Temos que a soma finita sm = a0+a1+a2+·· ·+am = m∑ n=0 an é a m-ésima soma parcial da soma infinita a0+a1+a2+·· ·+an +·· · = ∞∑ n=0 an que é chamada de série numérica com termo geral an . Propriedades Escrevemos ∞∑ n=0 an = a0+a1+a2+·· ·+an +·· · = s quando suas somas parciais sm = a0+a1+a2+·· ·+am → s onde s pode ser ±∞. Dizemos que a série numérica 1) Converge: quando suas somas parciais sm → s, onde s é um número real. 2) Diverge: quando suas somas parciais sm não tendem para ne- nhum número real. Em particular dizemos que a série diverge para ±∞ quando suas somas parciais divergem para ±∞, respectivamente. 50 Capítulo 2. Sequências e séries Exemplos FIGURA: Soma dos termos da PG de razão 12 1) A soma de todos os termos da progressão geométrica de razão 1 2 fornece a série numérica ∞∑ n=0 ( 1 2 )n = 1+ 1 2 + 1 4 + 1 8 +·· · que tem termo geral an = ( 1 2 )n = 1 2n n = 0,1,2,3, . . . e somas parciais sm = 1+ 1 2 + 1 4 +·· ·+ 1 2m É possível observar geometricamente (ver Figura ?) que sm = 2− 1 2m Segue que as somas parciais sm = 1+ 1 2 + 1 4 +·· ·+ 1 2m → 2 logo a série converge para 2, escrevemos ∞∑ n=0 ( 1 2 )n = 1+ 1 2 + 1 4 + 1 8 +·· · = 2. 2.3. Séries numéricas 51 2) A série numérica ∞∑ n=1 1= 1+1+1+1+·· · 52 Capítulo 2. Sequências e séries tem termo geral an = 1 n = 1,2,3, . . . e somas parciais sm = m vezes︷ ︸︸ ︷ 1+·· ·+1=m Segue que as somas parciais sm = 1+·· ·+1→∞ logo a série diverge para o infinito, escrevemos ∞∑ n=0 1= 1+1+1+1+·· · =∞. 3) A série numérica ∞∑ n=0 (−1)n = 1−1+1−1+·· · tem termo geral an = (−1)n n = 0,1,2,3, . . . e somas parciais sm = 1−1+·· ·+ (−1)m Temos as somas parciais s0 = 1 s1 = 1−1= 0 s2 = 1−1+1= 1 s3 = 1−1+1−1= 0 · · · sm = { 1, m par 0, m ímpar 2.3. Séries numéricas 53 Segue que as somas parciais sm divergem, logo a série ∞∑ n=0 (−1)n = 1−1+1−1+·· · diverge, mas não diverge para infinito. Se a soma infinita da série ∑∞ n=0 an converge, é intuitivo que os termos an que vão sendo somados sejam cada vez menores. De fato, temos o seguinte resultado. Proposição 2.13 ∞∑ n=0 an converge =⇒ an → 0 Prova: Como a série converge, temos que suas somas parciais sm convergem para um número real s sm → s Temos que as somas parciais sn = a0+a1+a2+·· ·+an−1+an → s sn−1 = a0+a1+a2+·· ·+an−1 → s Segue que an = sn − sn−1 → s− s = 0. logo, o termo geral an → 0. 54 Capítulo 2. Sequências e séries TESTE DA DIVERGÊNCIA Lendo o resultado anterior anterior de uma outra maneira temos o seguinte critério para divergência de uma série numérica. Proposição 2.14: Teste da divergência an 6→ 0 =⇒ ∞∑ n=0 an diverge Prova: Se a série convergisse, pelo resultado anterior deveríamos ter an → 0. Como não temos isso, a série não pode convergir, portanto a série di- verge. Exemplos 1) ∞∑ n=1 1= 1+1+1+1+·· · diverge, pelo Teste da divergência, pois seu termo geral 1 6→ 0. 2) ∞∑ n=0 (−1)n = 1−1+1−1+·· · diverge, pelo Teste da divergência, pois seu termo geral (−1)n 6→ 0. Observe que nos exemplos acima pudemos concluir que as séries em questão divergem sem olhar para suas somas parciais: olhamos apenas para o termo geral e, como ele não tende a zero, a série diverge. Porém, o Teste da divergência é inconclusivo quando o termo geral tende a zero. 2.3. Séries numéricas 55 SÉRIE HARMÔNICA A série harmônica é a série numérica dada por ∞∑ n=1 1 n = 1+ 1 2 + 1 3 + 1 4 + 1 5 · · ·+ 1 n +·· · que tem termo geral an = 1 n n = 1,2,3, . . . e somas parciais sm = 1+ 1 2 + 1 3 + 1 4 + 1 5 · · ·+ 1 m Seu termo geral 1 n → 0 portanto o Teste da divergência não se aplica pois ele só se aplica quando o termo geral não tende a zero. Ainda assim, temos que Proposição 2.15 A série harmônica diverge, mais precisamente ∞∑ n=1 1 n =∞ Prova: Vamos dar uma idéia da demonstração: uma maneira mais rigorosa de provar isso será vista mais adiante. A idéia é organizar os termos da soma 56 Capítulo 2. Sequências e séries infinita da série da seguinte maneira ∞∑ n=1 1 n = 1 ≥ 12 +1 2 ≥ 12 +1 3 + 1 4 ≥ 14 + 14 = 12 +1 5 + 1 6 + 1 7 + 1 8 ≥ 18 + 18 + 18 + 18 = 12 +1 9 + 1 10 + 1 11 +·· ·+ 1 16 ≥ 116 + 116 + 116 +·· ·+ 116 = 12 +·· · de modo que, somando um número suficiente de termos, as somas parci- ais da série crescem de meio em meio e assim tendem ao infinito. Segue que a série harmônica diverge para o infinito. SÉRIE GEOMÉTRICA FIGURA: Soma dos termos da PG de razão x A soma de todos os termos da progressão geométrica de razão x fornece a série numérica ∞∑ n=0 xn = 1+x+x2+·· ·+xn +·· · conhecida como série geométrica de razão x, que tem termo geral an = xn n = 0,1,2,3, . . . e somas parciais sm = 1+x+x2+·· ·+xm 2.3. Séries numéricas 57 Para que valores da razão x a série converge? Primeiro vejamos para que valores de x o termo geral tende a zero. Proposição 2.16 xn → 0 se e só se |x| < 1. Prova: Temos que |xn | = |x|n . • Se |x| ≥ 1 então |xn | = |x|n ≥ 1 de modo que xn 6→ 0. • Se |x| < 1 então |x|n < 1 e |x|n é descrescente, uma vez que |x|n+1 = |x||x|n < |x|n . Segue que |x|n é uma sequência decrescente e limitada, portanto converge. |x|n → L Queremos mostrar que L = 0. De fato, por um lado temos que |x|n+1 → L e por outro |x|n+1 = |x||x|n →|x|L de modo que, pela unicidade do limite, L = |x|L. 58 Capítulo 2. Sequências e séries Como |x| < 1, isso só é possível se L = 0. Segue que, se |x| < 1 então |xn | = |x|n → 0, e, portanto, xn → 0. FIGURA: xn descrescente e limitado por 1, |x| < 1. Agora vejamos para que valores de x a série converge. Proposição 2.17 A série geométrica de razão x ∞∑ n=0 xn = 1+x+x2+·· ·+xn +·· · é tal que 1) ∞∑ n=0 xn = 1 1−x para |x| < 1. 2) ∞∑ n=0 xn diverge para |x| ≥ 1. Prova: 2) Para |x| ≥ 1, vimos que o termo geral xn 6→ 0 de modo que ∑∞n=0 xn diverge, pelo Teste da divergência. 1) Para |x| < 1, consideramos as somas parciais sm = 1+x+x2+·· ·+xm 2.3. Séries numéricas 59 e observamos quexsm = x+x2+·· ·+xm+1 se parece muito com sm , a diferença sendo sm −xsm = 1−xm+1 ∥ (1−x)sm = 1−xm+1 Como 1−x 6= 0 podemos isolar sm e obter sm = 1−x m+1 1−x Vimos que para |x| < 1 o termo geral xn → 0, logo também xm+1 → 0 de modo que 1−xm+1 → 1 e, pela fórmula para sm , temos sm → 1 1−x . Como as somas parciais convergem para esse valor, isso mostra que ∞∑ n=0 xn = 1 1−x quando |x| < 1, como queríamos. A série geométrica é uma das poucas séries numéricas para as quais te- mos uma fórmula fechada para as somas parciais de modo que, quando ela converge, sabemos exatamente para qual valor. Exemplos 60 Capítulo 2. Sequências e séries 1) ∞∑ n=0 1 2n é a série geométrica de razão 1/2, portanto ∞∑ n=0 1 2n = ∞∑ n=0 ( 1 2 )n = 1 1− 12 = 2 FIGURA: Soma dos termos da PG de razão −13 (faz zigue-zague) 2) ∞∑ n=0 (−1)n 3n é a série geométrica de razão −1/3, portanto ∞∑ n=0 (−1)n 3n = ∞∑ n=0 (−1 3 )n = 1 1+ 13 = 3 4 3) ∞∑ n=0 2n é a série geométrica de razão 2, portanto diverge. 4) ∞∑ n=0 (−1)n é a série geométrica de razão −1, portanto diverge. OPERAÇÕES COM SÉRIES Proposição 2.18 Se ∞∑ n=0 an e ∞∑ n=0 bn convergem então 2.3. Séries numéricas 61 (S) ∞∑ n=0 (an ±bn) converge e ∞∑ n=0 (an ±bn)= ∞∑ n=0 an ± ∞∑ n=0 bn (C) ∞∑ n=0 can converge e ∞∑ n=0 can = c ( ∞∑ n=0 an ) onde c é uma constante. Prova: Uma vez que ∞∑ n=0 an e ∞∑ n=0 bn convergem, temos que suas somas parciais convergem m∑ n=0 an → ∞∑ n=0 an m∑ n=0 bn → ∞∑ n=0 bn (S) A convergência de ∞∑ n=0 (an+bn) é analisada olhando para suas somas parciais m∑ n=0 (an ±bn) = m∑ n=0 an + m∑ n=0 bn ↓ ∞∑ n=0 an + ∞∑ n=0 bn onde usamos que o limite da soma de sequências é a soma dos li- mites. Para ∞∑ n=0 (an −bn) a prova é a mesma. (C) A convergência de ∞∑ n=0 can é analisada olhando para suas somas par- 62 Capítulo 2. Sequências e séries ciais m∑ n=0 can = c ( m∑ n=0 an ) ↓ c ( ∞∑ n=0 an ) onde usamos que constantes saem multiplicando do limite de sequências. Exemplos 1) Combinando duas séries geométricas que convergem temos ∞∑ n=0 ( 1 2n − (−1) n 3n ) (S)= ∞∑ n=0 ( 1 2 )n − ∞∑ n=0 ( −1 3 )n = 2− 3 4 = 5 4 2) A seguinte série se parece com uma geométrica de razão 12 ∞∑ n=0 1 2n+1 = 1 2 + 1 4 + 1 8 +·· · (C )= 1 2 ( 1+ 1 2 + 1 4 +·· · ) = 1 2 2= 1 2.3. Séries numéricas 63 logo ela converge para 1. De outro modo ∞∑ n=0 1 2n+1 = ∞∑ n=0 1 2 1 2n (C )= 1 2 ( ∞∑ n=0 1 2n ) = = 1 2 2= 1 3) A seguinte série se parece com uma geométrica de razão 13 , mas começa dois termos adiante ∞∑ n=2 1 3n = 1 9 + 1 27 + 1 81 +·· · (C )= 1 9 ( 1+ 1 3 + 1 9 +·· · ) = 1 9 3 2 = 1 6 logo ela converge para 16 . De outro modo ∞∑ n=2 1 3n = ∞∑ n=0 1 3n+2 = ∞∑ n=0 1 32 1 3n (C )= 1 32 ( ∞∑ n=0 1 3n ) = = 1 9 3 2 = 1 6 64 Capítulo 2. Sequências e séries Para analisar a convergência de uma série ∞∑ n=0 an basta olhar a convergên- cia de sua cauda ∞∑ n=k an = ak +ak+1+·· ·+an +·· · onde k ≥ 0 está fixo. De fato, para n ≥ k, as somas parciais da série ficam sm = m∑ n=0 an = a0+a1+a2+·· ·+am = a0+a1+a2+·· ·+ak−1︸ ︷︷ ︸ ∥ + ak +ak+1+·· ·+am︸ ︷︷ ︸ ↓ → k−1∑ n=0 an + ∞∑ n=k an se e só se a cauda ∞∑ n=k an converge. Segue que Proposição 2.19: Teste da cauda A cauda ∞∑ n=k an converge ⇐⇒ a série ∞∑ n=0 an converge A cauda ∞∑ n=k an diverge ⇐⇒ a série ∞∑ n=0 an diverge 2.4 SÉRIES DE TERMOS SEM SINAL Se a série ∞∑ n=0 an é tal que seu termo geral é sem sinal an ≥ 0 2.4. Séries de termos sem sinal 65 então suas somas parciais sm são sem sinal e tais que sm+1 = sm +am+1 ≥ sm de modo que sm é uma sequência monótona e limitada, pois é maior ou igual a zero. Temos então apenas duas possibilidades • sm limitada e, neste caso, temos que sm → s, onde s ∈R, • sm ilimitada e, neste caso, temos que sm →∞, de modo que Propriedades Uma série ∞∑ n=0 an de termos sem sinal an ≥ 0 1) Converge: se e só se suas somas parciais são limitadas. Nesse caso escrevemos ∞∑ n=0 an <∞ 2) Diverge: se e só se suas somas parciais tendem ao infinito. Nesse caso escrevemos ∞∑ n=0 an =∞ Se m∑ n=k an é uma série de termos positivos, então podemos fazer a mesma análise acima para sua cauda e concluir que sua cauda ou converge ou diverge para infinito, de modo que sempre podemos escrever m∑ n=k an → ∞∑ n=k an ≤∞. 66 Capítulo 2. Sequências e séries Podemos comparar duas séries de termos sem sinal da seguinte maneira. Proposição 2.20: Teste da comparação Se 0≤ an ≤ bn para n ≥ k então ∞∑ n=k an ≤ ∞∑ n=k bn de modo que ∞∑ n=k an =∞ =⇒ ∞∑ n=0 bn =∞ ∞∑ n=k bn <∞ =⇒ ∞∑ n=0 an <∞ Prova: Se 0≤ an ≤ bn para n ≥ k então m∑ n=k an ≤ m∑ n=k bn ↓ ↓ ∞∑ n=k an ≤ ∞∑ n=k bn onde usamos a monotonicidade do limite de sequências. Se ∞∑ n=k an = ∞ então a desigualdade acima “empurra” a outra cauda para que ∞∑ n=k bn = ∞ de modo que, pelo Teste da cauda, a série inteira ∞∑ n=k bn diverge para o infinito. 2.4. Séries de termos sem sinal 67 Se ∞∑ n=k bn < ∞ então a desigualdade acima “empurra” a outra cauda para que ∞∑ n=k an < ∞ de modo que, pelo Teste da cauda, a série inteira ∞∑ n=k an converge. Quando o Teste da comparação, ou algum outro teste, conclui que uma série converge, para que valor ela converge? Os Testes em geral não nos dizem isso. Como já comentamos, é raro sa- bermos o valor para onde uma série converge, uma vez que é raro conseguir uma fórmula fechada para a sequência das somas parciais da série como con- seguimos no caso da série geométrica. O valor para qual a série converge em geral deve ser calculado aproximadamente por uma calculadora ou computa- dor por meio das somas parciais da série. Se colocarmos um computador para calcular as somas parciais de uma série divergente, os resultados do compu- tador não farão sentido! É por isso que, antes de tentarmos calcular o valor de convergência de uma série por meio de um computador ou calculadora, devemos saber de antemão se a série converge ou não. Exemplos 1) A série ∞∑ n=2 1 n(n−1) = 1 2 ·1 + 1 3 ·2 + 1 4 ·3 + 1 5 ·4 +·· · converge ou diverge? Suas somas parciais são sm = 1 2 + 1 6 +·· ·+ 1 m(m−1) Uma vez que o termo geral se decompõe em duas partes (verifi- 68 Capítulo 2. Sequências e séries que!) 1 n(n−1) = 1 n−1 − 1 n segue que em cada soma parcial sm = ( 1− 1 2 ) + ( 1 2 − 1 3 ) + ( 1 3 −·· · − 1 m−1 ) + ( 1 m−1 − 1 m ) = 1− 1 m sobram apenas a primeira parte do primeiro termo e a segunda parte do último termo. Segue que sm = 1− 1 m → 1 e, portanto, a série converge e, mais ainda, ∞∑ n=2 1 n(n−1) = 1 Esse tipo de soma se chama soma telescópica: há o cancelamento da segunda parte de cada termo com a primeira parte do termo se- guinte, de modo que nas somas parciais sobram apenas a primeira parte do primeiro termo e a segunda parte do último termo. As séries telescópicas são outros dos raros casos em que temos uma fórmula fechada para as somas parciais e, portanto, sabemos o valor para o qual a série converge. 2) A série 2-harmônica é a série numérica dada por ∞∑ n=1 1 n2 = 1+ 14 + 1 9 + 1 16 + 1 25 · · ·+ 1 n2 +·· · Ela converge ou diverge? Observe que ela tem termos positivos, e também que seu 2.4. Séries de termos sem sinal 69 termo geral 1 n2 se parece com o termo geral 1 n(n−1) = 1 n2−n da série telescópica do exemplo anterior, a idéia é então compa- rar os termos gerais dessas duas séries. Notando que n2 ≥ n2−n > 0 para n ≥ 2 e, portanto 1 n2 ≤ 1 n2−n = 1 n(n−1) para n ≥ 2 segue que ∞∑ n=2 1 n2 ≤ ∞∑ n=2 1 n2−n = 1<∞ Pelo Teste da comparação, segue que a cauda ∞∑ n=2 1 n2 converge. Pelo Teste da cauda, segue que a série ∞∑ n=1 1 n2 converge. Assim, enquanto a série harmônica ∞∑ n=1 1 n diverge, a série 2- harmônica ∞∑ n=1 1 n2 converge. Para onde a série 2-harmônica con- verge? Não sabemos ainda! Mas sabemos que ela converge e, à partir disso, podemos, por exemplo, usar um computador para aproximar esse valor, como já comentamos. 70 Capítulo 2. Sequências e séries TESTE DA RAIZ Se tomamos o termo geral xn de uma série geométrica com razão x ≥ 0 e ex- traímos a raiz n-ésima, obtemos de volta a razão np xn = x Podemos fazer algo parecido com uma série numérica de termos sem sinal. Proposição 2.21 Seja ∞∑ n=0 an uma série com termos an ≥ 0, então lim n p an < 1 =⇒ ∞∑ n=0 an <∞ lim n p an > 1 =⇒ an 6→ 0 lim n p an = 1 =⇒ o teste é inconclusivo Prova: A idéia é comparar a série de termos positivos com uma série geométrica. 1) Se lim n p an < 1, então npan fica abaixo de 1 para n grande e, portanto, abaixo de algum x < 1 positivo para n maior que algum k, isto é n p an < x < 1 para n ≥ k Elevando ambos os lados a n-ésima potência temos an < xn para n ≥ k 2.4. Séries de termos sem sinal 71 e então as caudas das respectivas séries satifazem ∞∑ k an < ∞∑ n=k xn ≤ ∞∑ n=0 xn = 1 1−x <∞ onde a série geométrica converge pois sua razão satisfaz 0< x < 1. Pelo Teste da comparação das caudas, segue que ∞∑ n=0 an <∞. 2) Se lim n p an > 1, então, existe k, tal que n p an > 1 para n ≥ k Elevando ambos os lados a n-ésima potência, temos an > 1 para n ≥ k o que mostra que an 6→ 0. 3) Para mostrar que a conta lim n p an = 1 é inconclusiva, vamos dar um exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série diverge e dar um outro exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série converge. A série harmônica ∞∑ n=1 1 n diverge e é tal que lim n √ 1 n = lim 1 n p n = 1 A série 2-harmônica ∞∑ n=1 1 n2 converge e é tal que lim n √ 1 n2 = lim 1 ( n p n)2 = 1 72 Capítulo 2. Sequências e séries Exemplos 1) ∞∑ n=0 n2 2n converge? É uma série de termos positivos, podemos então aplicar o Teste da raiz n √ n2 2n = ( n p n)2 2 → 1 2 < 1 Pelo Teste da raiz segue então que a série converge. 2) ∞∑ n=0 3n n3 converge? É uma série de termos positivos, podemos então aplicar o Teste da raiz n √ 3n n3 = 3 ( n p n)3 → 3> 1 Pelo Teste da raiz segue então que a série diverge para o infinito, portanto não converge. TESTE DA RAZÃO Se tomamos o termo geral xn de uma série geométrica com razão x ≥ 0 e comparamos o (n+1)-termo com o imediatamente anterior, que é o n-ésimo termo, obtemos de volta a razão xn+1 xn = x Podemos fazer algo parecido com uma série numérica de termos positivos. Proposição 2.22 2.4. Séries de termos sem sinal 73 Seja ∞∑ n=0 an uma série com termos an > 0, então lim an+1 an < 1 =⇒ ∞∑ n=0 an <∞ lim an+1 an > 1 =⇒ an 6→ 0 lim an+1 an = 1 =⇒ o teste é inconclusivo Prova: A idéia é, novamente, comparar a série de termos positivos com uma série geométrica. 1) Se lim an+1 an < 1, então an+1 an fica abaixo de 1 para n grande e, portanto, abaixo de algum x < 1 positivo para n maior que algum k, isto é an+1 an < x < 1 para n ≥ k Segue que ak+1 ak , ak+2 ak+1 , · · · , an−1 an−2 , an an−1 < x 74 Capítulo 2. Sequências e séries Escrevendo an = ak ( ak+1 ak )( ak+2 ak+1 ) · · · ( an−1 an−2 )( an an−1 ) = ak <x︷ ︸︸ ︷( ak+1 ak ) <x︷ ︸︸ ︷( ak+2 ak+1 ) · · · <x︷ ︸︸ ︷( an−1 an−2 ) <x︷ ︸︸ ︷( an an−1 ) ︸ ︷︷ ︸ n−k fatores < ak xn−k = = ak xn xk Logo an < cxn para n ≥ k onde c = ak xk não depende de n. Então as caudas das respectivas séries satifazem ∞∑ n=k an < ∞∑ n=k cxn = c ∞∑ n=k xn ≤ c ∞∑ n=0 xn = c 1 1−x <∞ onde a série geométrica converge pois sua razão satisfaz 0< x < 1. Pelo Teste da comparação das caudas, segue que ∞∑ n=0 an <∞. 2) Se lim an+1 an > 1 então, existe k, tal que an+1 an > 1 para n ≥ k de modo que an+1 > an para n ≥ k 2.4. Séries de termos sem sinal 75 Isso mostra que an é positiva e cresecente para n ≥ k e , portanto, que an 6→ 0. 3) Para mostrar que a conta an+1 an = 1 é inconclusiva, vamos dar um exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série diverge e dar um outro exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série converge. A série harmônica ∞∑ n=1 1 n diverge e é tal que lim 1 n+1 1 n = lim n n+1 = 1 A série 2-harmônica ∞∑ n=1 1 n2 converge é tal que lim 1 (n+1)2 1 n2 = lim n 2 (n+1)2 = 1 Exemplos 1) Considere o polinômio infinito ∞∑ n=0 1 n! xn = 1+x+ x 2 2 + x 3 3! + x 4 4! +·· · Observe que, para cada valor de x > 0 fixado, ele é uma série nu- mérica de termos positivos. Os valores de x > 0 que estão no do- mínio desse polinômio infinito são os valores x > 0 nos quais essa série converge. Quais são esses valores? Como é uma série de termos positivos, podemos aplicar o Teste da razão 1 (n+1)! x n+1 n! xn = n! (n+1)! x = 1 n+1 x → 0< 1 76 Capítulo 2. Sequências e séries para qualquer x > 0 fixado. Pelo Teste da razão segue que a série converge em todo x > 0. 2) Considere o polinômio infinito ∞∑ n=1 1 n xn = x+ x 2 2 + x 3 3 + x 4 4 +·· · Observe que, para cada valor de x > 0 fixado, ele é uma série nu- mérica de termos positivos. Os valores de x > 0 que estão no do- mínio desse polinômio infinito são os valores x > 0 nos quais essa série converge. Quais são esses valores? Como é uma série de termos positivos, podemos aplicar o Teste da razão 1 n+1 x n+1 n xn = n n+1 x → x para qualquer x > 0. Pelo Teste da razão segue que a série con- verge, quando x < 1 e diverge quando x > 1. O Teste da razão não nos diz nada quando x = 1. Para saber da convergência da série nesse caso, temos que substituir diretamente x = 1, obtendo ∞∑ n=1 1 n (1)n = ∞∑ n=1 1 n =∞ pois é a série harmônica. Segue que, para x > 0, a série converge em x < 1 e diverge em x ≥ 1. 2.4. Séries de termos sem sinal 77 TESTE DA INTEGRAL A integral imprópria fornece uma ferramenta útil para determinar a conver- gência ou a divergência de séries de termos não negativos. Proposição 2.23 Se ax = f (x) é positiva e decrescente, então∫ ∞ k an dn <∞=⇒ ∞∑ n=k an <∞ e ∫ ∞ k an dn =∞=⇒ ∞∑ n=k an =∞ Prova: Como f (x) é decrescente e como an = f (n), temos que∫ n+1 n f (x)d x < an < ∫ n n−1 f (x)d x, como ilustrado pela Figura ??. Segue então que∫ k+1 k f (x)d x < ak < ∫ k k−1 f (x)d x∫ k+2 k+1 f (x)d x < ak+1 < ∫ k+1 k f (x)d x ... ... ...∫ m+1 m f (x)d x < am < ∫ m m−1 f (x)d x. 78 Capítulo 2. Sequências e séries Somando todas as linhas acima, obtemos que∫ m+1 k f (x)d x < m∑ n=k an < ∫ m k−1 f (x)d x. Fazendo m →∞, segue que∫ ∞ k f(x)d x < ∞∑ n=k an < ∫ ∞ k−1 f (x)d x. Como ∫ ∞ k−1 f (x)d x = ∫ k k−1 f (x)d x+ ∫ ∞ k f (x)d x < ak−1+ ∫ ∞ k f (x)d x, segue que ∫ ∞ k f (x)d x < ∞∑ n=k an < ak−1+ ∫ ∞ k f (x)d x. Como ∫ ∞ k f (x)d x = ∫ ∞ k f (n)dn = ∫ ∞ k an dn, temos que ∫ ∞ k an dn < ∞∑ n=k an < ak−1+ ∫ ∞ k an dn e o resultado segue então por comparação. A seguir, alguns exemplos de aplicação do teste da integral. Exemplos 2.4. Séries de termos sem sinal 79 1) Vimos que ∫ ∞ 1 1 x d x =∞, de modo que ∞∑ n=1 1 n =∞. 2) Vimos também que ∫ ∞ 1 1 x2 d x = 1<∞, de modo que ∞∑ n=1 1 n2 <∞. Observe que ∞∑ n=1 1 n2 = 1+ 1 4 +·· · > 1. 3) Temos que ∫ ∞ 1 1 xp d x = [ x1−p 1−p ]∞ 1 , de modo que ∞∑ n=1 1 np <∞, quando p > 1 e ∞∑ n=1 1 np =∞, quando p < 1. Observe que os testes da razão e da raiz são incon- clusivos neste caso, uma vez que lim 1 (n+1)p 1 np = lim ( n n+1 )p = 1 80 Capítulo 2. Sequências e séries e que lim n √ 1 np = lim ( 1 n p n )p = 1. 4) Temos que ∫ ∞ 3 1 x log(x) d x = [log(log(x))]∞3 =∞, de modo que ∞∑ n=3 1 n log(n) =∞. 2.5 SÉRIES DE TERMOS COM SINAL Vamos retornar ao estudo das séries de termos com sinal. Nosso primeiro re- sultado relaciona a convergência dessas séries com a convergência das séries de termos não-negativos. TESTE DA CONVERGÊNCIA ABSOLUTA Vamos ver a seguir que a convergência da série dos valores absolutos implica na convergência da série original. Proposição 2.24 Se ∞∑ n=0 |an | = |a0|+ |a1|+ |a2|+ · · · <∞ 2.5. Séries de termos com sinal 81 então ∞∑ n=0 an = a0+a1+a2+·· · converge. Prova: Separamos as partes positiva e negativa de an , escrevendo an = bn + cn onde bn = { an , an ≥ 0 0, an < 0 e cn = { 0, an ≥ 0 an , an < 0 Temos que 0≤ bn = |bn | ≤ |an | e também que 0≤−cn = |cn | ≤ |an |. Pelo teste da comparação, segue que ∞∑ n=0 bn ≤ ∞∑ n=0 |an | <∞ e também que ∞∑ n=0 cn ≤ ∞∑ n=0 |an | <∞. Pela regra da diferença, segue que ∞∑ n=0 bn − ∞∑ n=0 −cn = ∞∑ n=0 bn − (−cn) = ∞∑ n=0 bn + cn 82 Capítulo 2. Sequências e séries = ∞∑ n=0 an converge. Quando a série dos valores absolutos converge, dizemos que a série ori- ginal converge absolutamente. O resultado acima mostra que toda sequência que converge absolutamente de fato converge. Mas existem sequências que convergem, mas não convergem absolutamente. Exemplos 1) Temos que ∞∑ n=1 (−1)n n2 converge absolutamente, uma vez que ∞∑ n=1 ∣∣∣∣ (−1)nn2 ∣∣∣∣= ∞∑ n=1 1 n2 <∞. 2) Vamos ver a seguir que a série harmônica alternada ∞∑ n=1 (−1)n n converge. Entretanto ela não converge absolutamente, uma vez que ∞∑ n=1 ∣∣∣∣ (−1)nn ∣∣∣∣= ∞∑ n=1 1 n =∞. 2.5. Séries de termos com sinal 83 TESTE DA SÉRIE ALTERNADA A proposição a seguir, denominada teste da série alternada, afirma que séries cujos termos alternam o sinal e cujo valor absoluto desses termos tende para zero são sempre séries convergentes. Proposição 2.25 Se an é decrescente e an → 0, então ∞∑ n=0 (−1)n an = a0−a1+a2−a3+·· · converge. Prova: Considere s2k = a0−a1+a2−a3+·· ·−a2k−3+a2k−2−a2k−1+a2k . Como an > 0 e an−an+1 > 0 para todo n, temos que s2k > 0 e, uma vez que a2k−2 = a2(k−1), temos que s2k = s2(k−1)−a2k−1+a2k < s2(k−1), de modo que 0< s2k < s2(k−1) < ·· · < s2 < s0. Segue que s2k é uma sequência decrescente e limitada, de modo que existe s tal que s2k → s. Além disso, segue que s2k+1 = s2k −a2k+1 → s, uma vez que, pelo teorema do sanduíche, a2k+1 → 0, já que 0< a2k+1 < ak . Como a sequência dos sm com m par e com m ímpar convergem para 84 Capítulo 2. Sequências e séries o mesmo s, não é difícil mostrar que a sm → s, mostrando que a série converge. Exemplos 1) Temos que ∞∑ n=1 (−1)n 1 n log(n) converge, pelo teste da série alternada, mas não converge abso- lutamente, uma vez que ∞∑ n=1 ∣∣∣∣(−1)n 1n log(n) ∣∣∣∣= ∞∑ n=1 1 n log(n) =∞. 2) Temos que ∞∑ n=1 (−1)n n+1 n não converge, pois apesar de n+1 n ser decrescente, ela não converge pra zero. TESTES DA RAIZ E DA RAZÃO O resultado seguinte é a versão dos testes da raiz e da razão para séries com termos com sinal. 2.5. Séries de termos com sinal 85 Proposição 2.26 Temos que lim n p|an |n < 1 =⇒ ∞∑ n=k an converge absolutamente lim n p|an |n > 1 =⇒ ∞∑ n=k an diverge lim n p|an |n = 1 =⇒ indefinido e também que lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣< 1 =⇒ ∞∑ n=k an converge absolutamente lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣> 1 =⇒ ∞∑ n=k an diverge lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣= 1 =⇒ indefinido Prova: Temos que lim n √ |an |n < 1 ou lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣< 1 implica que ∞∑ n=0 |an | <∞, de modo que ∞∑ n=0 an 86 Capítulo 2. Sequências e séries converge absolutamente. Por outro lado, temos que lim n √ |an |n > 1 ou lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣> 1 implica que |an | 6→ 0, de modo que an 6→ 0, o que implica, pelo Teste da divergência, que ∞∑ n=0 an diverge. Exemplo: Vamos analisar para que valores de x a série ∞∑ n=0 1 n xn converge. Temos que lim n √∣∣∣∣ 1n xn ∣∣∣∣= lim 1npn |x| = |x|, de modo que, pelo teste da raiz, a série converge absolutamente se |x| < 1 e diverge se |x| > 1. No caso em que |x| = 1, o teste é inconclu- sivo. Quando x = 1, a série diverge, pois ela é a série harmônica. Por outro lado, quando x =−1, a série converge, pois é a série harmônica alternada. Se utilizarmos o teste da razão, chegaremos aos mesmos resultados, uma vez que lim ∣∣∣∣∣ 1 n+1 x n+1 1 n x n ∣∣∣∣∣= lim nn+1 |x| = |x|. C A P Í T U L O 3 SÉRIES DE POTÊNCIAS 87 88 Capítulo 3. Séries de potências 3.1 SÉRIES DE POTÊNCIAS: POLINÔMIOS INFINITOS Considere um polinômio infinito f (x)= a0+a1x+a2x2+·· ·+an xn +·· · = ∞∑ n=0 an x n com coeficientes a0, a1, a2, . . . , an . . . Para cada x fixado o valor de f (x) é dado pela série numérica ∞∑ n=0 an x n com termo geral an x n quando a série numérica converge. Por isso um polinômio infinito também é chamado de uma série de potências e seu domínio é{ x : a série numérica ∞∑ n=0 an x n converge } Observe que 0 sempre está no domínio de uma serié de potências, uma vez que para x = 0 temos a série numérica ∞∑ n=0 an ·0n = a0+a1 ·0+a2 ·02+·· ·+an ·0n +·· · = a0 que, portanto, converge. Assim, se f (x)= ∞∑ n=0 an x n , então sempre temos f (0)= a0 Exemplos 1) A série geométrica de razão x é uma série de potências 1+x+x2+x3+·· · = ∞∑ n=0 xn com domínio {x : |x| < 1} 3.1. Séries de potências: polinômios infinitos 89 uma vez que a série geométrica converge apenas para esses valo- res de x. 2) A série de potências x− x 2 2 + x 3 3 − x 4 4 +·· · = ∞∑ n=1 (−1) n n−1 xn tem qual domínio? Vejamos em que valores de x a série converge. Fixado x, te- mos uma série numérica com termo geral (−1) n n−1 xn Pelo teste da raiz n √∣∣∣∣ (−1)n n−1 xn ∣∣∣∣ = n √ 1 n |x|n = |x| n p n →|x| de modo que |x| < 1 =⇒ ∞∑ n=1 (−1) n n−1 xn converge absolutamente |x| > 1 =⇒ ∞∑ n=1 (−1) n n−1 xn diverge O Teste da raiz não nos diz o que ocorre quando |x| = 1, isto é, quando x = ±1. Analisamos esses casos diretamente substi- tuindo esses valores de x na série de potências x = 1 =⇒ ∞∑ n=1 (−1) n n−1 converge 90 Capítulo 3. Séries de potências pelo Teste da série alternada, pois 1 n↓ 0. x =−1 =⇒ ∞∑ n=1 (−1) n n−1 (−1)n = = ∞∑ n=1 1 n (−1)2n−1 = ∞∑ n=1 − 1 n diverge pois é menos a série harmônica. Onde usamos que (−1)2n−1 =−1 uma vez que 2n−1 é sempre ímpar. Assim, o domínio dessa série de potências é (ver Figura ?){ x : ∞∑ n=1 (−1) n n−1 xn converge } = (−1,1] FIGURA: domínio de ∑∞ n=1 (−1) n n−1 xn desenhado na reta 3) A série de potências x+ x 2 2! + x 3 3! + x 4 4! +·· · = ∞∑ n=0 1 n! xn tem qual domínio? Vejamos em que valores de x a série converge. Fixado x, te- mos uma série numérica com termo geral 1 n! xn 3.1. Séries de potências: polinômios infinitos 91 Pelo Teste da razão temos∣∣∣∣ 1(n+1)! xn+1 n!xn ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ n!(n+1)! x ∣∣∣∣ = 1 n+1 |x|→ 0 que é menor que 1, qualquer que seja o x fixado. Segue que x ∈ (−∞,∞) =⇒ ∞∑ n=0 1 n! xn converge Assim, o domínio dessa série de potências é (ver Figura ?){ x : ∞∑ n=0 1 n! xn converge } = (−∞,∞) FIGURA: domínio de ∑∞ n=0 1 n! x n desenhado na reta 4) A série de potências x+2!x2+3!x3+4!x4+·· · = ∞∑ n=0 n!xn tem qual domínio? Vejamos em que valores de x a série converge. Fixado x, te- mos uma série numérica com termo geral n!xn Pelo Teste da razão temos∣∣∣∣ (n+1)!xn+1n!xn ∣∣∣∣ = (n+1)!|x|n+1n!|x|n = (n+1)|x|→∞ 92 Capítulo 3. Séries de potências que é maior que 1, para qualquer x 6= 0. Assim, o domínio dessa série de potências é (ver Figura ?){ x : ∞∑ n=0 n!xn converge } = [0,0] = {0} FIGURA: domínio de ∑∞ n=0 n!x n desenhado na reta O domínio das series de potências dos exemplos acima é sempre um in- tervalo centrado na origem com raio R: 1) domínio é o intervalo (−1,1) o raio é R = 1 e o intervalo não é aberto. 2) domínio é o intervalo (−1,1] o raio é R = 1 e o intervalo não é aberto nem fechado. 3) domínio é o intervalo (−∞,∞) o raio é R =∞ e o intervalo é aberto. 4) domínio é o intervalo [0,0]= {0} o raio é R = 0 e o intervalo é fechado. Veremos que o domínio de qualquer série de potências tem essa mesma cara. Primeiro, uma versão do teste da raiz e da razão para séries de potências. 3.1. Séries de potências: polinômios infinitos 93 Proposição 3.1 Seja ∞∑ n=0 an x n uma série de potências, temos Teste da raiz ( lim n √ |an | ) |x| < 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n converge absolutamente ( lim n √ |an | ) |x| > 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n diverge ( lim n √ |an | ) |x| = 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n inconclusivo Teste da razão( lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣) |x| < 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n converge absolutamente ( lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣) |x| > 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n diverge ( lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣) |x| = 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n inconclusivo Prova: 94 Capítulo 3. Séries de potências Fixado x, temos uma série numérica com termo geral an x n onde |an xn | = |an ||x|n de modo que n √ |an xn | = ( n √ |an | ) |x|→ ( lim n √ |an | ) |x| e |an+1xn+1| |an xn | = ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ |x|→ (lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣) |x| se os limites existem. O resultado segue então do Teste da raiz ou Teste da razão para séries numéricas. Proposição 3.2 O domínio de uma série de potências é um intervalo centrado na origem com raio 0≤R ≤∞, o raio de convergência da série de potências. Prova: Para simplificar a prova vamos supor que existe o limite lim n √ |an | = L Pelo Teste da raiz para séries de potências temos que( lim n √ |an | ) |x| = L|x| < 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n converge absolutamente ( lim n √ |an | ) |x| = L|x| > 1 =⇒ ∞∑ n=0 an x n diverge 3.1. Séries de potências: polinômios infinitos 95 logo |x| < 1 L =⇒ a série de potências converge |x| > 1 L =⇒ a série de potências diverge Segue que o domínio da série de potências é um intervalo centrado na origem com raio R = 1/L (veja Figura ?). FIGURA: domínio de ∑∞ n=0 an x n desenhado na reta, com fronteira marcada com ? Observe que os diferentes intervalos centrados na origem (−R,R) [−R,R) (−R,R] e [−R,R] têm todos o mesmo raio R. Assim, o raio de convergência R nos diz apenas o tamanho do domínio da série de potências pois não diz qual desses intervalos o domínio é (veja os Exemplos mais acime). Observe também que podemos ter R = 0, nesse caso o domínio da série de potências contém apenas o ponto x = 0. OPERAÇÕES COM SÉRIES Nessa seção, vamos ver que, assim como os polinômios, a soma de duas séries de potências é uma série de potência, assim como o produto de uma série de potências por uma potência também é uma série de potências. Proposição 3.3 96 Capítulo 3. Séries de potências Temos que ∞∑ n=0 an x n + ∞∑ n=0 bn x n = ∞∑ n=0 (an +bn)xn e também que cxk ∞∑ n=0 an x n = ∞∑ n=k can−k xn Prova: Temos que ∞∑ n=0 an x n + ∞∑ n=0 bn x n = ∞∑ n=0 (an x n +bn xn)= ∞∑ n=0 (an +bn)xn e também que cxk ∞∑ n=0 an x n = ∞∑ n=0 cxk an x n = ∞∑ n=0 can x n+k . Fazendo m = n+k, temos que n =m−k, que m = k, quando n = 0, e que m =∞, quando n =∞, de modo que cxk ∞∑ n=0 an x n = ∞∑ m=k cam−k xm . Trocando m por n, segue que cxk ∞∑ n=0 an x n = ∞∑ n=k can−k xn . 3.1. Séries de potências: polinômios infinitos 97 Exemplo: Temos que x3 ∞∑ n=0 1 n! xn = ∞∑ n=0 1 n! x3xn = ∞∑ n=0 1 n! xn+3 = ∞∑ m=3 1 (m−3)! x m = ∞∑ n=3 1 (n−3)! x n Ou seja, temos que x3 ( 1+x+ 1 2 x2+ 1 3! x3+·· · ) = x3+x4+ 1 2 x5+ 1 3! x6+·· · DERIVADA DE SÉRIES DE POTÊNCIAS Tomando o devido cuidado com o domínio, podemos derivar uma série de potências termo a termo como se fosse um polinômio( ∞∑ n=0 an x n )′ = ∞∑ n=0 ( an x n)′ isto é ( a0+a1x+a2x2+·· · )′ = (a0)′+ (a1x)′+ (a2x2)′+·· · Proposição 3.4 98 Capítulo 3. Séries de potências Seja ∞∑ n=0 an x n com raio de convergência R > 0. Temos que ( ∞∑ n=0 an x n )′ = ∞∑ n=1 annx n−1 = ∞∑ n=0 an+1(n+1)xn vale para x ∈ (−R,R). Além disso, a derivada da série de potências tem o mesmo raio de con- vergência R. Prova: Primeiro vamos provar que f (x)= ∞∑ n=0 an x n e g (x)= ∞∑ n=0 an+1(n+1)xn têm o mesmo raio de convergência. Pelo Teste da razão aplicado a f (x)= ∞∑ n=0 an x n , denotando L f = lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ temos que |x| < 1 L f =⇒ ∞∑ n=0 an x n converge |x| > 1 L f =⇒ ∞∑ n=0 an x n diverge Pelo Teste da razão aplicado a g (x)= ∞∑ n=0 an+1(n+1)xn , cujos coeficientes são an+1(n+1) 3.1. Séries de potências: polinômios infinitos 99 denotando Lg = lim ∣∣∣∣an+2(n+2)an+1(n+1) ∣∣∣∣ temos que |x| < 1 Lg =⇒ ∞∑ n=0 an+1(n+1)xn converge |x| > 1 Lg =⇒ ∞∑ n=0 an+1(n+1)xn diverge Para mostrarmos que f (x) e g (x) tem o mesmo raio de convergência, basta mostrar que L f = Lg . De fato, temos que Lg = lim ∣∣∣∣an+2(n+2)an+1(n+1) ∣∣∣∣ = lim ∣∣∣∣an+2an+1 ∣∣∣∣ lim n+2n+1 = lim ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ ·1= L f Para calcular a derivada usamos a definição( ∞∑ n=0 an x n )′ = lim h→0 1 h ( ∞∑ n=0 an(x+h)n − ∞∑ n=1 an x n ) = lim h→0 ∞∑ n=0 an ( (x+h)n −xn h ) = lim h→0 ∞∑ n=0 ann(x+ cn)n−1 onde utilizamos, na última igualdade, o Teorema do Valor Médio aplicado à função xn , de modo que (x+h)n −xn h = n(x+ cn)n−1, 100 Capítulo 3. Séries de potências para algum cn tal que |cn | < |h|. Quando |x| < R, as séries convergem absolutamente e podemos provar que lim h→0 ∞∑ n=1 ann(x+ cn)n−1 = ∞∑ n=1 annx n−1 de modo que ( ∞∑ n=0 an x n )′ = ∞∑
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