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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL COMO INSTRUMENTO DA GESTÃO ESCOLAR. Profa Dra Neide Martins Arrias UFSC( I – Introdução Em consonância com o ideal de Educação de qualidade para todos, defendido pelo Todos Pela Educação, o MEC lançou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Dentre as medidas apresentadas no PDE, destacam-se as que tratam da Educação Básica. Elas estão reunidas principalmente no “Programa de Metas �Compromisso Todos Pela Educação”, batizado em homenagem ao Todos Pela Educação. Desde o seu lançamento no dia 6 de setembro de 2006, o Ministério da Educação (MEC) integra essa aliança, assim como os gestores públicos de Educação dos estados, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Educação – Consed, e dos municípios, por meio da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime. O programa “Todos Pela Educação” apóia o PDE por acreditar que o conjunto de medidas que o compõe pode contribuir decisivamente para a melhoria da Educação. Este programa visa articular ações e de ser uma entre tantas representações da sociedade civil junto ao governo participando e monitorando ativamente, e visando a continuidade das políticas públicas, sempre a partir da perspectiva de que apenas um projeto de Nação poderá garantir a Educação de qualidade para todos. A atuação do Todos Pela Educação tem como um de seus principais diferenciais a expressão clara e objetiva daquilo que se pretende alcançar em prazo pré-estabelecido. Planos e documentos de intenção se multiplicam na história da educação, mas não há como afirmar se obteve algum sucesso ou em que parte fracassou, porque não define metas, muito menos um período para concretizá-las. Para dar à Educação Básica significado e qualidade era urgente elaborar um conjunto de metas realistas a serem cumpridas em prazo factível. Por isso, o programa “Todos pela Educação” reuniu especialistas em Educação e áreas relacionadas e, assim, constituiu sua Comissão Técnica, que assumiu o importante desafio de definir indicadores e metas para a Educação pública brasileira. Tais metas não deveriam ser apenas “meios”, mas a expressão de resultados efetivos e transformadores. Esse trabalho produziu cinco metas para até 2022 que, se cumpridas, elevarão a qualidade da educação no Brasil ao nível que os países desenvolvidos têm hoje. Esse conjunto de metas contempla tanto os aspectos quantitativos, de fluxo escolar e acesso, como os aspectos que dizem respeito à qualidade da Educação. Inclui também o financiamento para que as metas possam ser alcançadas. As metas� a serem alcançadas são: Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola; Toda criança plenamente alfabetizada até os oito anos; Todo aluno com aprendizado adequado à sua série; Todo aluno com o Ensino Médio concluído até os 19 anos; Investimento em Educação ampliado e bem gerido. Essas metas retratam, de forma abrangente, os resultados necessários para a melhoria da Educação. Elas são diretrizes gerais, que englobam as diferentes atividades desenvolvidas em cada escola, município ou estado. Com base nos indicadores estabelecidos e nos dados históricos, a Comissão Técnica estabeleceu as Metas, que deveriam ser ao mesmo tempo desafiadoras e viáveis, a fim de que fossem alcançadas até 2022, e definiu um período de convergência para a redução das desigualdades entre os Estados, estabelecendo Metas estaduais anuais ou bianuais. Vencidos os desafios iniciais, a Comissão permanece atenta ao acompanhamento e aperfeiçoamento dessas definições no decorrer do tempo, porque sabe que, mais do que servir de referência aos gestores públicos, a divulgação e o acompanhamento das Metas permitirão que a sociedade, como um todo, acompanhe a evolução dos indicadores educacionais, cobrando de si mesma, e dos governos, a melhoria da Educação. Acredita-se que com essas estratégias será capaz de diminuir os índices de desigualdade e gerar no País uma sociedade mais digna e justa, mas isso só será possível através de programas de avaliação e acompanhamento de tais metas. Para isso é fundamental a constituição de programas de avaliação nas escolas, ou seja, projetos de auto-avaliação para que elas possam conhecer-se internamente. 1.1 – Os princípios Teóricos Pode-se dizer que um dos maiores valores desses programas de avaliação institucional está na possibilidade de autoconhecimento e de gerenciamento que se quer ter quando se realiza um trabalho sério, democrático e transparente. Em outras palavras, esses programas têm tudo tem tudo a ver com verdade e transparência, sendo assim, essas duas palavras devem estar presentes em toda escola que desejar crescer com qualidade. Não existe nisso utopia, muito menos demagogia; ao contrário, trata-se de algo bastante simples no que diz respeito a sua aplicabilidade, pois a avaliação só tem sentido quando de fato isso ocorre, pois parte-se do princípio que só se pode gerir ou administrar algo que se conhece. Assim, a avaliação deve ser vista por todos os sujeitos do processo educativo: gestores, professores, funcionários, estudantes e pais como uma possibilidade de se conhecer a escola e de conferir-lhe uma identidade própria. Com isso ressalta-se a importância dos programas de auto-avaliação institucional como uma das maiores possibilidades de se conhecer, de ouvir todos os sujeitos envolvidos, direta e indiretamente. É claro que para isso deve-se investir no amadurecimento de todos, principalmente socializando os resultados, demonstrando claramente onde e como eles foram ouvidos e quais as ações que foram tomadas, a partir dos questionários por eles preenchidos. Deste modo, a socialização é fundamental para a sobrevivência dos projetos de avaliação e uma verdadeira possibilidade de serem reconhecidos como sérios e confiáveis. Nesse processo de socialização deve-se deixar clara a possibilidade de se utilizar os resultados para discutir, realizar estudos, reflexões e debates sobre estes resultados, de modo a entender o que apontam os indicadores. Torna-se possível, a partir dos dados levantados e analisados, a definição de políticas e o planejamento de ações administrativas e pedagógicas para a escola, pois tomando-se consciência dos avanços, das potencialidades e das deficiências, pode-se promover mecanismos de correções, de ajustes necessários (Durham, 1996:61). Outro papel também importante a ser levado em conta nesse processo de autoconhecimento é o de trabalhar a aceitação dos resultados da avaliação. Com isso se podem desmistificar possíveis preconceitos em relação a ela, ranços muitas vezes incorporados pelo seu uso – por vezes incorreto – como mecanismo de classificação e punição, preconceitos que afastam, dificultam o conhecer e impõem medo. Por isso a democracia, nesse processo, não pode ser apenas discurso: deve ser ação, inclusive com a previsão de mecanismos para sanar os problemas que porventura venham a aparecer. Portanto, ao apresentar os resultados finais, é preciso deixar claro que os dados devem ser vistos por todos como um caminho natural de se avaliar o trabalho realizado, aceitando o que está dando certo e prevendo ações para sanar os problemas. Portanto, se quisermos seguir em frente e implantarmos a avaliação institucional como instrumento de apoio da gestão escolar, apontamos três princípios básicos: os teóricos, os legais e os metodológicos. Também veremos indicadores obtidos pelo Estado de Santa Catarina nessas práticas avaliativas, pois não queremos que ela se torne um mero instrumento burocrático, uma função a mais no dia-a-dia da escola, já tão assoberbada de afazeres. Sintetizando os princípios teóricos da avaliação institucional, interna ou externa, ela deve ser usada para o bem das pessoas, da escola, da educação. São eles: Propósito central é de uma avaliação crítica, significativa e transformadora; Fiel à realidade educacional e à relevância social da educação local; Processual, evolutiva e participativa; Responsável e conseqüente, ou seja, apropriadapor todos; Abragente e articulada; Formativa e emancipadora. 1.2 Os princípios Legais Um dos primeiros passos para reconhecer a importância da avaliação externa e realizar a avaliação interna é conhecendo as leis que regem a educação brasileira. Desse modo, farei alguns recortes na Legislação brasileira para referendar a legitimação da avaliação. A Constituição de 1988 refere-se à educação como «direito de todos e dever do Estado e da família [...] promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho» (art. 205). No seu art. 206 determina que o ensino deve ser ministrado com base nos seguintes princípios: I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. III. Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. IV. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. I. Valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União. II. Gestão democrática do ensino público, na forma da lei. III. Garantia de padrão de qualidade�. Outro artigo da Constituição que trata da necessidade de se cuidar da qualidade do ensino é o art. 208, que preconiza a garantia de sua oferta, inclusive para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria. É básico na formação do cidadão, pois de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu art. 32, o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo constituem meios para o desenvolvimento da capacidade de aprender e de se relacionar no meio social e político. É prioridade oferecê-lo a toda população brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN nº 9.394/96, além de anunciar os princípios constitucionais, ampliou-os, incorporando o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, a coexistência das instituições públicas e privadas de ensino, a valorização da experiência extra-escolar e a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Em seu artigo 9º, inciso VI explicitou a responsabilidade da União em "assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino". O Plano Nacional de Educação foi definido e aprovado a partir da Lei n.º 10.172/2001. Esse plano define as diretrizes para a gestão e o financiamento da educação, as diretrizes e metas para cada nível e modalidade de ensino e as diretrizes e metas para a formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação, nos próximos dez anos. Tem como objetivos principais: a) a elevação global do nível de escolaridade da população; b) a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; c) a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública; d) democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Portando o Plano Nacional de Educação �– PNE declara que o art. 227, § 7o, da Constituição Federal determina: ...que no atendimento dos direitos da criança e do adolescente (incluídas nesse grupo as pessoas de 0 a 18 anos de idade) seja levado em consideração o disposto no art. 204, que estabelece a diretriz de "participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis”. Além da ação direta dessas organizações há que se contar com a atuação dos conselhos governamentais com representação da sociedade civil como o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA, os Conselhos Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e os Conselhos Tutelares (Lei nº 8.069/90). Os Conselhos de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, organizados nas três esferas administrativas, deverão ter, igualmente, co-responsabilidade na boa condução deste plano, participem do acompanhamento e da avaliação do mesmo. Para o cumprimento desse direito é essencial que os Conselhos Nacionais de Secretários Estaduais de Educação - CONSED e a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME desempenhem um papel fundamental nos temas referentes à Educação Básica, assim como o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras - CRUB, naqueles relativos à educação superior. Considera-se, igualmente, muito importante a participação de entidades da comunidade educacional, dos trabalhadores da educação, dos estudantes e dos pais reunidos nas suas entidades representativas. O Plano também prevê que: A avaliação do Plano Nacional de Educação deve valer-se também dos dados e análises qualitativas e quantitativas fornecidos pelo sistema de avaliação já operado pelo Ministério da Educação, nos diferentes níveis, como os do Sistema de Avaliação do Ensino Básico –SAEB�; do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM�; Além da avaliação contínua, deverão ser feitas avaliações periódicas, sendo que a primeira será no quarto ano após a implantação do PNE. Prevendo, inclusive, a organização de um sistema de acompanhamento e controle do PNE não prescinde das atribuições específicas do Congresso Nacional, do Tribunal de Contas da União - TCU e dos Tribunais de Contas dos Estados - TCEs, na fiscalização e controle, demonstrando que se trata de uma ação do Estado e não apenas de Governo: Os objetivos e as metas desse plano somente poderão ser alcançados se ele for concebido e acolhido como Plano de Estado, mais do que Plano de Governo e, por isso, assumido como um compromisso da sociedade para consigo mesma. Sua aprovação pelo Congresso Nacional, num contexto de expressiva participação social, o acompanhamento e a avaliação pelas instituições governamentais e da sociedade civil e a conseqüente cobrança das metas nele propostas, são fatores decisivos para que a educação produza a grande mudança, no panorama do desenvolvimento, da inclusão social, da produção científica e tecnológica e da cidadania do povo brasileiro. Entre as recomendações dadas aos gestores Estaduais e Municipais, vale salientar a que recomenda que utilizem os resultados das avaliações, pois elas possibilitam a identificação das escolas em que se concentram o maior número de problemas de aprendizagem, permitindo que se dê a elas mais atenção, cuidado e prioridade. Além do exposto anteriormente, sugere-se que utilize esses resultados para aprimorar suas políticas e programas, pois sem avaliação externa, fica muito difícil saber se, por exemplo, medidas como capacitação de professores, melhoria das condições de ensino, gestão democrática, implantação de planos salariais atrelados ao desempenho, à autonomia da escola e a outras medidas estão, ou não, tendo impacto positivo sobre a qualidade do ensino. Isso quer dizer que, sem um instrumento objetivo de mensuração dos resultados, não é possível saber se o ensino está melhorando de verdade ou não. Pede-se ainda transparência e divulgação dos resultados das avaliações externas, que permitem à própria escola, às famílias, às organizações comunitárias e, principalmente, ao poder público local se posicionar diante da situação e adotar ações convergentes e complementares,com o objetivo de superar as dificuldades encontradas. 1.3 – Os Princípios Metodológicos Além das características já enumeradas, outro ponto decisivo para um bom projeto de auto-avaliação é a seleção do instrumento de coleta de dados a ser utilizado. Ele não deve ser longo demais, as questões devem ser bem-direcionadas, objetivas e claras. Sugere-se que após cada bloco de perguntas haja um campo aberto para críticas e sugestões, pois assim é possível extrair os dados qualitativos de cada campo investigado e compará-los aos quantitativos. Através dessa metodologia de coleta de dados é possível se ter um olhar pedagógico sobre os números apresentados, ou seja, através dos depoimentos dos alunos separados em categorias é possível interpretar e analisar os campos fechados. É desse modo que se consegue transformar números e dados em indicadores administrativos (campo da infra-estrutura) e pedagógicos (campo da docência e do ensino), podendo-se assim visualizar soluções. Certas políticas de avaliação julgam que as respostas aos seus problemas estejam nos dados quantitativos, mas isso é um grave equívoco. Os dados em si pouco auxiliam no processo de autoconhecimento, ao contrário, podem gerar desconforto e situações constrangedoras. Quando, porém, procuramos a interpretação dos dados analisando o campo aberto, estes são transformados em valiosos indicadores, pois conseguimos, além de ver o que não está bom, entender o mais importante: por que não está bom. A partir disso se torna possível traçar metas, ações, políticas de melhoria administrativa e pedagógica para os cursos de graduação e pós-graduação, pois realmente se conhece o objeto analisado. II – A Escola que temos: o retrato atual 2.1 Alguns indicadores avaliativos da Rede Estadual de Santa Catarina� Metas Brasil Sul SC Percentual da população em idade escolar 4 a 17 anos 88,9% 86,9% 91,1% Percentual de alunos que aprendeu o esperado em Língua portuguesa 4ª série EF 29,1% 32,7% 31,4% Percentual de alunos que aprendeu o esperado em Matemática 4ª série EF 20,4% 24,3% 19,5% Percentual de alunos que aprendeu o esperado em Língua portuguesa 8ª série EF 19,4% 22,8% 27,0% Percentual de alunos que aprendeu o esperado em Matemática 8ª série EF 13,0% 17,2% 16,7% Percentual de alunos que aprendeu o esperado em Língua portuguesa 3ª série EM 22,2% 28,7% 25,7% Percentual de alunos que aprendeu o esperado em Matemática 3ª série EM 12,8% 17,0% 15,3% Quantos jovens de 19 anos concluíram o Ensino Médio? 37,9% 48,1% 58,8% Percentual de jovens de 16 anos que concluíram o Ensino Fundamental 56,2% 65,6% 74,6% Taxa de aprovação 4ª série EF 84,8% 90,2% 92,8% Taxa de aprovação 8ª série EF 79,7% 84,2% 91,3% Taxa de aprovação 3ª série EM 81,8% 83,8% 87,5% Taxa de reprovação 4ª série EF 10,4% 8,9% 6,7% Taxa de reprovação 8ª série EF 10,9% 11,3% 6,8% Taxa de reprovação 3ª série EM 7,9% 7,6% 4,8% Taxa de abandono 4ª série EF 4,8% 0,9% 0,5% Taxa de abandono 8ª série EF 9,4% 4,5% 1,9% Taxa de abandono 3ª série EM 10,3% 8,6% 7,7% O Estado de Santa Catarina também ocupa uma situação privilegiada quanto ao grau de formação de seus professores, ou seja, docentes com ensino superior completo: 47,7% dos professores de Creche, 64,4% das Pré-escolas, 73,8% do Ensino Fundamental I e 87,1% do Ensino Fundamental II e 93,7% do Ensino Médio. Além disso, temos o Pisa, que é um programa internacional de avaliação de alunos na faixa etária dos quinze anos, de escolas particulares e públicas, e ocorre de três em três anos. Atualmente cinqüenta e sete países participam. É realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE No ranking mundial os resultados do Brasil não têm sido nada animadores. Atendo-se ao último do ano de 2007 em Matemática ficamos no 53º lugar; em Português, 48º; e em Ciências, ficamos no 52º lugar. Esse resultado em ciências é preocupante, pois há uma disparidade entre o desempenho dos estudantes e o ranking que o Brasil ocupa na produção científica mundial. No último produzido pela Capes, o Brasil ficou no 15º lugar de uma lista de 30 países; ou seja, temos uma pós-graduação “relevante” para o mundo, mas “insuficiente” para gerar conhecimento de qualidade internamente. Apenas seis países da América Latina fazem parte do Pisa, o mais bem colocado, com 40ª posição é o Chile, seguido do Uruguai na 43ª posição e o México no 49º lugar. Entretanto, todos estão abaixo da média proposta pela OCDE, que é de 500 pontos. Esta não é a primeira vez que o Brasil aparece nas últimas posições do ranking do Pisa. Em 2000, quando apenas 32 países eram comparados e a ênfase foi habilidade em leitura, o Brasil ficou no último lugar. O mesmo se repetiu em 2003, desta vez entre 41 nações num exame de matemática. Apesar de modesta, houve uma evolução das médias no Brasil: MATEMÁTICA LEITURA CIÊNCIAS 2000 334 2000 396 - - 2003 356 2003 403 - - 2006 370 2006 393 2006 390 OCDE 498 OCDE 492 OCDE 500 Quando vemos a média obtida pelo Estado de Santa Catarina em comparação com a média do Brasil e mesmo a mundial, vemos que muito já foi feito: MATEMÁTICA LEITURA CIÊNCIAS Estado Média Estado Média Estado Média SC 413 SC 431 SC 427 BRASIL 370 BRASIL 393 BRASIL 390 MUNDIAL 498 MUNDIAL 492 MUNDIAL 500 Vejamos os resultados do Estado de Santa Catarina somando os índices obtidos das escolas públicas e privadas: MATEMÁTICA LEITURA CIÊNCIAS ESTADOS MÉDIAS ESTADOS MÉDIAS ESTADOS MÉDIAS DF 431 SC 431 DF 447 SC 413 DF 429 SC 427 RS 405 RJ 427 RS 424 PR 400 PR 418 PR 422 RJ 391 RO 415 RJ 411 MG 398 MG 413 MG 406 ES 385 RS 412 ES 403 SE 385 SE 408 SE 402 GO 378 ES 403 GO 398 RO 378 PB 395 RO 396 MÉDIA NACIONAL 370 MÉDIA NACIONAL 393 MÉDIA NACIONAL 390 Fonte: OCDE (dez/2007) Para ampliar nosso olhar sobre o Brasil observem os resultados das vinte melhores escolas públicas de 1º a 5º anos pelos resultados do IDEB, em 2011: . UF MUNICÍPIO NOME DA ESCOLA REDE IDEB 2011 MG ITAU DE MINAS EM CARMELIA DRAMIS MALAGUTI Municipal 8,6 PR FOZ DO IGUACU SANTA RITA DE CASSIA E M E INF ENS FUND Municipal 8,6 RJ RIO DE JANEIRO 0625503 CIEP GLAUBER ROCHA Municipal 8,5 MG CLARAVAL EM PROF JOAQUIM BORGES DE FREITAS Municipal 8,3 RJ RIO DE JANEIRO 0716207 CIEP PABLO NERUDA Municipal 8,3 SP PRESIDENTE VENCESLAU LUCIO MARIANO PERO PROF EMEFEI Municipal 8,3 PR FOZ DO IGUACU JOAO PAULO I E M PAPA ED INF ENS FUND Municipal 8,3 TO PORTO NACIONAL COL SAGRADO CORACAO DE JESUS Estadual 8,2 SP TAIACU WILSON ANTONIO GONCALVES EMEB Municipal 8,2 PR FOZ DO IGUACU BENEDICTO J CORDEIRO E M PR E INF E FUN Municipal 8,2 RS VISTA ALEGRE DO PRATA ESC MUN GIUSEPPE TONUS Municipal 8,2 CE PEDRA BRANCA CICERO BARBOSA MACIEL EEF Municipal 8,1 CE PEDRA BRANCA SEBASTIAO FRANCISCO DUARTE EEIF Municipal 8,1 SP CAJURU APARECIDA ELIAS DRAIBE EMEB Municipal 8,1 TO PALMAS ESCOLA MUNICIPAL BEATRIZ RODRIGUES DA SILVA Municipal 8,0 CE ITAREMA PROFESSORA ALTAIR GIFFONE TAVARES EMEF Municipal 8,0 CE SOBRAL RAIMUNDO PIMENTEL GOMES CAIC EIEF Municipal 8,0 MG IPATINGA EE DOM HELVECIO Estadual 8,0 MG PATOS DE MINAS EE PROFESSOR MODESTO Estadual 8,0 PR FOZ DO IGUACU ANTONIO GONCALVES DIAS E M E FUND Municipal 8,0 Fonte: MEC/Inep E também das trinta melhores escolas públicasde 6º a 9º anos: UF MUNICÍPIO NOME DA ESCOLA REDE IDEB 2011 PE RECIFE COLEGIO DE APLICACAO DO CE DA UFPE Federal 8,1 RJ CAMBUCI CE WALDEMIRO PITA Estadual 7,8 RJ CAMBUCI CE OSCAR BATISTA Estadual 7,7 RJ RIO DE JANEIRO COLEGIO PEDRO II Federal 7,6 PE RECIFE ESCOLA DO RECIFE - FCAP UPE Estadual 7,3 BA SALVADOR COLEGIO MILITAR DE SALVADOR Federal 7,2 MG BELO HORIZONTE COL MILITAR DE BELO HORIZONTE Federal 7,2 PR CURITIBA COLEGIO MILITAR DE CURITIBA Federal 7,0 SE SAO CRISTOVAO COLEGIO DE APLICACAO DA UFS Federal 6,9 RJ RIO DE JANEIRO COL DE APLIC DA UNIV FED DO RIO DE JANEIRO Federal 6,9 RJ RIO DE JANEIRO COLEGIO PEDRO II UNIDADE ESCOLAR TIJUCA II Federal 6,9 MS CAMPO GRANDE COLEGIO MILITAR DE CAMPO GRANDE Federal 6,9 CE FORTALEZA COLEGIO MILITAR DE FORTALEZA Federal 6,8 CE MUCAMBO FRANCISCO RICARDO DA SILVA EEIEF Municipal 6,8 MG NOVA PONTE EM SAO MIGUEL Municipal 6,8 PR CURITIBA POL MILITAR C CEL P M F S MIR E F MED Estadual 6,8 RS FARROUPILHA ESC MUN ENS FUN SANTA CRUZ Municipal 6,8 RS SANTA MARIA COLEGIO MILITAR DE SANTA MARIA Federal 6,8 MG PASSOS COLEGIO TIRADENTES PMMG Estadual 6,7 GO ANAPOLIS COLEGIO DA POLICIA MILITAR DE GOIAS UNIDADE DR CEZAR TOLEDO Estadual 6,7 DF BRASILIA COL MILITAR DE BRASILIA Federal 6,7 TO PORTO NACIONAL COL SAGRADO CORACAO DE JESUS Estadual 6,6 PE RECIFE COLEGIO MILITAR DO RECIFE Federal 6,6 MG SANTA RITA DO SAPUCAI EE DR LUIZ PINTO DE ALMEIDA Estadual 6,6 RJ MIGUEL PEREIRA E M DE FORMACAO PROF GOVERNADOR PORTELA Municipal 6,6 RJ RIO DE JANEIRO COLEGIO PEDRO II UNID HUMAITA II Federal 6,6 RJ RIO DE JANEIRO 0716073 ESCOLA MUNICIPAL ROBERTO BURLE MARX Municipal 6,6 SP BARUERI DAGMAR RIBAS TRINDADE PROFESSORA ESC ENS FUND MEDIO E TEC Municipal 6,6 SC JOINVILLE ESCOLA MUNICIPAL PASTOR HANS MULLER Municipal 6,6 RS PORTO ALEGRE COLEGIO MILITAR DE PORTO ALEGRE Federal 6,6 Fonte: MEC/Inep Entretanto, temos que ter presente que os dados não são indicadores, não nos move para nada, ao contrário, podem nos imobilizar ou provocar estranhamentos, mas se realizarmos análises e interpretação dos mesmos poderemos, a partir dos resultados traçar ações, metas que venha ao encontro da escola que queremos. A escola que queremos ter. 2.2 A escola que queremos A partir deste retrato do Estado de Santa Catarina�, onde através de indicadores nacionais e internacionais, foi possível conhecer o que somos e pensar em horizontes próprios, ou seja, planejar o futuro, coletivamente, decidindo o que queremos ser. Há algumas sugestões pensadas para traçar essa escola que queremos, mas é claro que elas não devem ser assumidas à revelia das pessoas que dela fazem parte, muito menos serem simplesmente copiadas. O que se quer é que à luz dos dados quantitativos apontados se busque um sentido próprio, a partir da realidade de cada espaço escolar, suas metas de qualidade. Portanto, se o que se valoriza, o que se procura é a qualidade, temos que definir e ter claro o que entendemos por qualidade. Decidir a serviço de quem estará essa qualidade? Da burocracia ou do apoio institucional? O que queremos da avaliação? Apenas mais uma obrigação? Se acreditarmos que a escola e os sujeitos que dela fazem parte são os verdadeiros protagonistas dessa empreitada; se reconhecermos que a gestão tem como princípio a autonomia e a democracia poderá ser aceito que qualidade implica em um conjunto de metas estabelecidas por pessoas que fazem parte desta escola, desta comunidade. Assim, após muita reflexão, apoio institucional e algumas sugestões à escola poderá definir firmemente um caminho a seguir, assumir um projeto. Portanto, além das cinco metas já apresentadas no início deste texto, através do documento “Todos Pela Educação”, e o as vinte metas para o próximo decênio apontadas no Plano Nacional de Educação temos ainda os dez mandamentos de uma educação eficiente proposta pela UNESCO. São elas: Gestão para aprendizagem, isto é, organizar a escola com objetivo de chegar a um “ensino de resultados”, que é fazer com que o aluno aprenda; Prática de rede, que vem a ser integração de todas as escolas do município a um mesmo método de trabalho; Planejamento, que envolve, obrigatoriamente, os pais dos alunos; Avaliações; Valorização dos professores; Investimento na formação contínua dos docentes; Valorização da leitura; Atenção individual aos alunos; Agenda de atividades complementares; 10º) Parcerias envolvendo as áreas da saúde esporte, cultura e assistência social. Reafirmamos que esta tomada de decisão deve ser coletiva, envolvendo toda a escola e os pais, estabelecendo a partir dos seus dados de realidade e os desejos institucionais decidirem pelo melhor, vendo deste modo à avaliação como auxílio, como apoio, potencializando nas seguintes finalidades: Avaliar e acompanhar a execução do PPP da escola; Verificar o cumprimento das metas estabelecidas; Conhecer as potencialidades e fragilidades; Buscar soluções para os problemas; Estabelecer o diálogo entre todos os sujeitos/atores, através de fóruns permanentes, que socializem os resultados; Investir em atualização do corpo docente, através de programas de formação continuada para professores. Repensar a avaliação de aprendizagem, para que ela possa assumir uma função de subsidiar, acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, adquirindo, desse modo, um papel importante na construção do conhecimento. III – Encaminhamentos De todos os aspectos da ação educativa, a avaliação é, talvez, o que conjuga mais estreitamente a lógica e o ilogismo da ação, o pensamento estratégico e o imaginário, o rigor e a esperança. ( Barlow, 2006, p.07) Sabe-se que as mudanças na educação nunca são rápidas, principalmente porque não se tem ainda uma cultura avaliativa. Entretanto, temos o dever de sinalizar algumas ações que demonstrem boa vontade de transformar, de oferecer uma educação plena e, de fato, inclusiva. Entretanto, nem sempre apoiar a corrente dominante, as correntezas das idéias mais vistosas, caminhar com a maioria é a melhor opção. Reforçar as águas subterrâneas das idéias transformadoras e proféticas é próprio de quem acredita que educação é processo orgânico e sistemático de formação de atitudes. É importante ressaltar que apesar dos apelos legal, institucional, teórico e metodológico, o mais importante para todo e qualquer projeto de avaliação institucional passa pelo DESEJO de se conhecer, pois só isso lhe garantirá um caráter permanente, confiável e de longo prazo. Para isso será preciso simplificar o processo, conceber autonomia, flexibilizar e democratizar a gestão e utilizar a auto-regulação para promover a qualidade. Há momentos em que o sonho não tem nenhuma outra prova ou nenhuma justificativa que não seja potência do desejo... E, antes de tudo, do desejo de continuar sonhando. Mais tarde, realizações mais ou menos espetaculares, por consenso unânime, acabarão por dar razão (tomando a expressão ao pé da letra) ao ousado sonhador. ( Barlow, 2006, p.06) Temos ainda que investir na alegria, em sentir-se bem em fazer parte da instituição, do curso. Já está comprovado em inúmeras pesquisas que um bom ambiente de trabalho influencia positivamente no rendimento de seus funcionários. Isso também demonstrará uma outra vertente da avaliação institucional, que é mexer com a auto-estima. Mudar não é algo fácil, entretanto, nem sempre apoiar a corrente dominante, as correntezas das idéias mais vistosas, caminhar com a maioria é a melhor opção. Reforçar as águas subterrâneas das idéias transformadoras e proféticas é próprio de quem acredita que educação é processoorgânico e sistemático de formação de atitudes, como dizia Kuan Tseu, poeta chinês do século VII d.c. “Se teus projetos têm prazo de um ano, semeia trigo. Se teus projetos têm prazo de dez anos, planta árvores frutíferas. Se teus projetos têm prazo de um século, então educa o povo. Porque, semeando trigo, terás uma colheita. Plantando árvores frutíferas, obterás cem colheitas. Mas, educado o povo, colherás mais de cem vezes. Se deres um peixe a uma pessoa, ela comerá uma vez. Se ensinares a pescar, ela comerá a vida toda”. IV - Referências Bibliográficas BARLOW, Michel Avaliação Escolar: mitos e realidade. Porto Alegre, Artmed, 2006. DURHAM, Eunice R. & SCHWARTZMAN, Simon Avaliação do Ensino Superior. EDUSP, São Paulo, 1992. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep (2006) Lei das Diretrizes Nacionais da Educação Brasileira – no 9.394/96 Ministério da Educação – MEC Plano Nacional de Educação/ PNE Lei n.º10.172/2001. NAVAJAS, Ana Maria. Avaliação Institucional: uma visão crítica. São Paulo. Unimarco Editora, 1998. ( Professora da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, lotada no Centro de Ciências da Educação/CED/MEN. Consultora do Inep/MEC em Comissões de Avaliadores Institucionais no período de 2002 a 2004, Membro da Comissão Própria de Avaliação da UFSC/CPA, de 2006 a 2008. Consultora técnico pedagógica na elaboração de Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). � Pode-se dizer que esse é o princípio que regulamenta todas as ações avaliativas que o Estado brasileiro vem realizando, pois não basta incluir sem garantir que todos aprendam. � O objetivo do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é apoiar municípios, estados e a União na formulação de políticas que visam à melhoria da qualidade do ensino. O Saeb, que coleta informações sobre alunos, professores, diretores e escolas públicas e privadas em todo o Brasil, é realizado a cada dois anos pelo Inep/MEC. Ele foi aplicado pela primeira vez em 1990 e, em 2003, ocorreu no período de 3 a 7 de novembro. � O Enem é um exame individual, de caráter voluntário, oferecido anualmente aos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores. Seu objetivo principal é possibilitar uma referência para auto-avaliação, a partir das � HYPERLINK "http://www.enem.inep.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=25&Itemid=55" �competências e habilidades� que estruturam o Exame. O modelo de avaliação adotado pelo Enem foi desenvolvido com ênfase na aferição das estruturas mentais com as quais construímos continuamente o conhecimento e não apenas na memória que, mesmo tendo importância fundamental, não pode ser o único elemento de compreensão do mundo. Diferentemente dos modelos e processos avaliativos tradicionais, a � HYPERLINK "http://www.enem.inep.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=19&Itemid=47" �prova� do Enem é interdisciplinar e contextualizada. Enquanto os vestibulares promovem uma excessiva valorização da memória e dos conteúdos em si, o Enem coloca o estudante diante de situações-problema e pede que mais do que saber conceitos, ele saiba aplicá-los.O Enem não mede a capacidade do estudante de assimilar e acumular informações, e sim o incentiva a aprender a pensar, a refletir e a “saber como fazer”. Valoriza, portanto, a autonomia do jovem na hora de fazer escolhas e tomar decisões. � Não se quer com esta tabela esgotar ou demonstrar todos os dados existentes, mas ser uma das possibilidades de se conhecer. �� HYPERLINK "http://www.youtube.com/watch?v=NWWCda799Do&hd=1" �http://www.youtube.com/watch?v=NWWCda799Do&hd=1� �PDF compromisso todos pela educação. �Power point com as 21 metas aprovadas para o novo PNE 2011_2021 �Acesse este site e faça um recorte e pesquise os dados do seu Estado, do seu município e da sua escola. � HYPERLINK "http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/08/14/consulte-a-nota-do-ideb-do-seu-estado-e-saiba-se-ele-atingiu-a-meta-proposta-pelo-mec.htm" �http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/08/14/consulte-a-nota-do-ideb-do-seu-estado-e-saiba-se-ele-atingiu-a-meta-proposta-pelo-mec.htm� �PAGE � �PAGE �14�
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