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Lista de Exercicios II

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Instituto de Ciência Política 
GABARITO DA LISTA DE EXERCÍCIOS (Unidade II) 
Monitoria de Introdução a Ciência Política: 2/2013 
E-mail: monitoriaicpunb@gmail.com 
 
Lista de Exercícios II 
MARQUES 
Questão 01 
A autora do texto, Danusa Marques, inicia sua dissertação de Mestrado elaborando um 
referencial teórico. Para isso, disseca a obra de Pierre Bourdieu e analisa os significados e a 
natureza do conceito de campo. Esta ideia só pode ser compreendida por meio de sua 
relação com os conceitos de habitus e capital simbólico, e sobre ela é possível afirmar que: 
 
a) Em um determinado campo, os agentes envolvidos estão organizados de forma hierárquica e 
sob a égide de regras lógicas. Limitado, um campo é também autônomo e fechado - com 
exceção de alguns casos como, por exemplo, o das ciências sociais. 
 
b) No estudo de um determinado campo, segundo a teoria de Bourdieu, a relação entre sua 
abertura e sua autonomia é diretamente proporcional. Afinal, quanto mais se expande o limite 
de um determinado campo mais conciso ele se torna. 
 
c) De acordo com a teoria de Bourdieu, a relação entre os campos midiático, político e 
acadêmico é vaga e frágil. Desta forma, não participam da construção do campo das ciências 
sociais e sobre este não exercem nenhuma influência. 
 
d) Para o autor estudado por Marques, o campo das ciências sociais é aberto e influenciado por 
outros campos pois esta é sua natureza: não há possibilidade de reverter este quadro, uma vez 
 
 
que as ciências sociais não têm oportunidade ou capacidade de empoderar os limites de seu 
campo de estudo e de fortificar sua autonomia frente a influências externas. 
Questão 02 
Apresentado como um valor político amplamente desenvolvido e semeado no mundo 
ocidental, o conceito de democracia encontra destaque na dissertação de Danusa Marques. 
É colocado, entretanto, que sua compreensão é tão plural quanto sua natureza: idealizada 
em diversas formas, a democracia engloba diferentes modelos. Sobre a noção democrática, 
sua constituição e suas subdivisões, é possível dizer que: 
 
a) Ideias passadas acerca da democracia são superadas e esquecidas: o debate democrático é 
compreendido de forma linear, deixando de resgatar ideais e interpretações passadas. Uma 
vez superado um dilema ou um contexto histórico, seus valores e postulados acerca da 
democracia são substituídos e retocados. 
 
b) Danusa Marques disseca as principais correntes democráticas em estudo na ciência política, 
iniciando sua análise pelo pensamento liberal-pluralista. Este modelo, lapidado por Weber e 
outros estudiosos, prevê a limitação dos poderes burocráticos em um sistema que visa à 
preservação da liberdade individual - compreendido sob uma lógica puramente competitiva. 
 
c) O modelo de democracia deliberativa é colocado como uma crítica direta ao primeiro 
(liberal-pluralista). Tendo como alma o debate e o embate de ideias, a concepção deliberativa 
enxerga na discussão a oportunidade máxima de concepção de resultados e ações políticas: 
neste âmbito, um contrato social é construído ao invés de imposto. 
 
d) Jürgen Habermas, teórico do modelo deliberativo de democracia, estabelece que o Estado 
corresponde à esfera pública em que ocorre a elaboração do poder. A participação neste 
espaço, portanto, corresponde à defesa de interesses individuais e na busca pela persuasão 
dos demais participantes para atingir a influência necessária. 
 
 
e) Ainda tratando da concepção 
deliberativa, é possível dizer que nela o voto é fator suficientemente forte para legitimar a 
democracia. Neste modelo, a vontade democrática e a opinião pública informal não 
desenvolvem papeis influentes no processo de tomada de decisões, que é exclusivo ao 
Estado e seus integrantes oficiais. 
Questão 03 
A autora do texto cita diversos estudiosos da democracia e suas facetas políticas e 
institucionais, dentre eles o checo Joseph Schumpeter e o norte-americano Robert Alan 
Dahl. Sobre as obras destes dois intelectuais, é possível observar que: 
 
a) Para Schumpeter, as massas são extremamente influenciáveis e incapazes de tomar decisões 
legítimas no campo político. 
 
b) Schumpeter não cria um novo modelo de democracia, mas organiza instrumentos observados 
nas sociedades ocidentais para elaborar uma proposta degoverno baseado na concorrência. 
Segundo esta ideia um governo deve buscar uma liderança qualificada por meio de um processo 
eleitoral lúcido e seletivo. 
 
c) Robert Alan Dahl tornou-se famoso no campo da ciência política por apresentar uma visão 
centralizadora e exclusiva de poder. Em sua compreensão de política, os poderes do Estado 
devem ter limitações reduzidas e os grupos não constituem atores legítimos no meio público. 
 
d) A proximidade entre eleitos e eleitores, ou seja, cidadãos e representantes, pouco importa para 
o funcionamento de um modelo democrático. Na obra de Dahl, aliás, é possível testemunhar os 
benefícios da distância entre votantes e votados: a expressão de preferências políticas e sua 
ressonância pelas instituições oficiais não importam para o bom andamento do sistema 
poliárquico. 
 
 
e) Na teoria da Democracia Deliberativa, 
norteada por Jürgen Habermas, os indivíduos desenvolvem papéis racionais na construção de 
suas preferências. Este embate de interesses aconteceria na chamada esfera pública. 
Questão 04 
Baseando-se no texto Democracia e Ciências Sociais no Brasil, de Marques, assinale a 
alternativa INCORRETA a respeito do republicanismo cívico. 
a) Em oposição às visões liberal e deliberativa, a corrente do republicanismo cívico vê a política 
como um fim em si mesma, e não como um instrumento para se alcançar, respectivamente, metas 
individuais e consenso. A concepção de fim em si mesma da política é reforçada pelo conceito de 
cidadão ativo, que remonta do ideal clássico ateniense de cidadania. 
b) Nessa corrente, a expressão “republicanismo” tem inspirações no republicanismo 
renascentista, segundo o qual a base da liberdade é o autogoverno, com direito de participação 
dos cidadãos. Embora esses republicanistas não fossem, à época, democratas, suas concepções 
trazem pensamentos embrionários básicos à democracia, como a proteção do governado da 
arbitrariedade do governante e a extensão da cidadania para além dos nobres. 
c) O republicanismo cívico e o republicanismo clássico concordam que a participação na política 
garante a liberdade pessoal, ou seja, impede que um indivíduo seja governado por outro. Apesar 
disso, tais correntes apresentam premissas distintas: o republicanismo clássico defende um 
equilíbrio de poder entre monarquia, aristocracia e povo, no qual os grupos sociais competem na 
promoção de seus interesses. Enquanto isso, o republicanismo cívico parte de uma premissa de 
que todos precisam viver em igualdade política e econômica. 
d) A discussão de liberdade negativa ou positiva é importante para o republicanismo cívico 
porque constitui sua maior crítica ao modelo liberal-pluralista, que considera a liberdade negativa 
a típica dos modernos. Os republicanistas cívicos discordam dessa concepção, pois consideram 
que ambas são as faces de uma mesma moeda, e só a participação ativa asseguraria ambas. 
e) Os teóricos da vertente comunitarista do republicanismo cívico partem da ideia de um homem 
totalmente desenraizado, desprovido de suas características pessoais e fora de um grupo social. 
 
Essa concepção de homem os leva à ideia de 
“razão humana universal” que garantiria o chamado “véu da ignorância”, única forma de tomada 
de decisão justa. 
Questão 05 
“Ao contrário dos deliberacionistas e dos republicanistas cívicos, os participacionistas 
ultrapassam
a barreira das críticas à democracia liberal-pluralista e conseguem 
sistematizar um tipo de procedimento para aplicação real na sociedade” 
A partir do trecho acima e da leitura integral de Democracia e Ciências Sociais no Brasil de 
Marques, assinale a alternativa CORRETA a respeito da democracia participativa e do 
procedimento que propõe. 
 a) Apesar das críticas dos participacionistas à democracia liberal-pluralista mencionadas no 
trecho citado, ambas correntes partem de um mesmo pressuposto: a existência de indivíduos 
livres e iguais, permitida pelo exercício pleno dos direitos de igualdade e liberdade. 
b) O “tipo de procedimento para aplicação real na sociedade” mencionado no trecho do 
enunciado é o voto. Para a democracia participativa, a participação do cidadão através do voto 
quebra sua apatia em relação à política e garante de maneira satisfatória a accountability dos 
governantes a partir do método eleitoral. 
c) A democracia participativa defende que a democratização deve atingir o cotidiano das pessoas, 
aproximando-se de esferas mais pessoais, como a do trabalho. Essa democratização da esfera do 
trabalho é a principal meta da corrente, e pode ser um tipo de procedimento como citado no 
enunciado. 
d) Considerando que em uma democracia todos os indivíduos estão sempre dispostos a aumentar 
sua participação, pode-se afirmar que o maior triunfo da democracia participativa foi estabelecer 
um tipo de procedimento que permite esse aumento. 
e) Há uma forte discordância entre a democracia participativa e a teoria feminista, quando essa 
afirma que os participacionistas ignoram as identidades locais e diferenças, perpetuando como 
norma e padrões a identidade masculina. 
 
Questão 06 
A respeito da corrente multiculturalista, tratada por Marques em Democracia e Ciências 
Sociais no Brasil, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) Marques aponta que o multiculturalismo é a vertente mais fluida da teoria democrática, sendo 
de difícil definição. Apesar disso, é possível apresentar seus limites teóricos como, por exemplo, 
a ideia de reconhecimento social, inteiramente incompatível tanto com os preceitos liberais, 
como com os preceitos comunitaristas. 
b) Uma noção fundamental da perspectiva multiculturalista é a de que os direitos não devem ser 
concedidos apenas a indivíduos, mas também a algumas minorias na forma de direitos de grupo, 
por exemplo, direitos de autogoverno, poliétnicos e de representação política. 
c) Uma abordagem pró-diversidade, com uma visão de mundo cosmopolita e tolerante; uma certa 
centralidade nas questões concernentes à justiça, mais do que na democracia em seu sentido 
estrito; e a centralidade do conceito de reconhecimento social podem ser apontadas como 
algumas das características do multiculturalismo, apesar da fluidez da corrente. 
d) Kymlicka – um dos autores dentro da vertente multiculturalista – propõe a “teoria dos direitos 
das minorias”, com o objetivo de protegê-las das decisões da maioria. Nessa teoria, o autor não 
inclui apenas minorias étnicas e nacionais, mas também outros grupos marginalizados, como as 
mulheres e os homossexuais. 
e) Young, autora do multiculturalismo que apresenta a “política da diferença”, entende que a 
justiça deve se pautar pela eliminação de padrões de opressão e de dominação. Esses, por sua 
vez, só podem ser totalmente compreendidos através dos grupos sociais, e não através de 
modelos abstratos baseados no indivíduo – daí a importância dos grupos. 
 
MIGUEL 3D 
Questão 07 
 
 
De acordo com o texto “Representação Política em 3D”, do autor Luis Felipe Miguel, julgue 
os itens abaixo e assinale a alternativa CORRETA: 
I – Nos últimos 40 anos, a democracia eleitoral entrou em declínio em todo o mundo. A ascensão 
de regimes totalitários na Líbia, Iraque e Síria comprovam tal fenômeno. De forma simultânea, 
um processo contraditório se deu: uma maior adesão popular às instituições representativas. 
Ocasionando um fortalecimento dos laços que unem eleitores e representantes, ou seja, uma 
“terceira onda democratizadora”. 
II – Em seu artigo Miguel defende que a recuperação dos mecanismos representativos depende 
de uma maior compreensão do sentido da própria representação. Logo, questões secundárias, 
ligadas à formação da agenda, ao acesso aos meios de comunicação em massa e às esferas de 
produção de interesses coletivos não são importantes para a consolidação de um modelo 
representativo inclusivo. 
III – Para Seymour Lipset, dentre outros autores que louvam as virtudes da apatia, o aumento 
generalizado dos índices de abstenção eleitoral expressam a insatisfação dos eleitores com o 
sistema político. Nesse sentido, a abstenção sempre seria uma forma de protesto. 
IV – As pesquisas de opinião (surveys) devem ser lidas com cuidado, visto que estão sujeitas ao 
“erro escolástico”, segundo o qual o pesquisador transfere para os outros agentes sociais sua 
 
maneira de pensar e agir. Nesse sentido, as 
pesquisas de opinião não fornecem respostas, mas indícios que postulam uma baixa confiança 
nas instituições representativas, com repercussão na legitimidade das mesmas. 
V – Em Miguel, “cidadãos críticos” são aqueles que combinam elevados níveis de apoio aos 
princípios democráticos ao mesmo em que sua confiança nas instituições políticas democráticas 
está em declínio. Tal fenômeno tem emergido em todo o mundo. 
a) Apenas os itens I, III e IV estão corretos 
b) Apenas os itens IV e V estão corretos 
c) Todos os itens estão corretos 
d) Todos os itens estão incorretos 
e) Apenas os itens III e IV estão corretos 
Questão 08 
 
 
Com base no texto assinale o item CORRETO: 
a) A partir do final do século XIX, os partidos se consolidaram como os principais instrumentos 
de representação política. As crises nos sistemas partidários, experimentadas em todo o mundo, 
se devem aos seguintes fatores: i) desburocratização de suas estruturas internas; ii) ampliação do 
leque de opções políticas; iii) incapacidade da mídia eletrônica em inserir mudanças na 
competição eleitoral. 
b) A transição de uma democracia de partidos para uma nova democracia de audiência, 
caracterizada pelo contato “direto” (midiático) dos líderes com os eleitores, resultou na redução 
da influência dos partidos no processo de construção da imagem de chefes políticos. 
c) Nos últimos 35 anos, muitas foram as propostas de revitalização das instituições 
 
representativas, como por exemplo, o 
estabelecimento de quotas para grupos em desvantagem e substituição parcial das eleições por 
sorteios. Tais alternativas trouxeram em seu âmago o reconhecimento implícito da diminuição da 
confiança popular nos parlamentos e partidos. Segundo Miguel, essa desconfiança deve-se à 
“alienação” e falta de compromisso dos eleitores com a democracia. Os resquícios de valores 
autoritários nos Estados democráticos também seriam responsáveis por esta generalizada falta de 
confiança. 
d) Segundo a visão pluralista exposta por Dahl, os três pilares da “elite no poder” seriam: i) os 
grandes capitalistas; ii) os principais líderes políticos; e iii) os chefes militares. Os três setores 
plurais formariam uma única elite com visão de mundo unificada e interesses compartilhados. 
Isso graças a mecanismos de integração, notadamente o intercâmbio de posições entre setores e a 
convivência no ambiente das “altas rodas”. 
e) Segundo a teoria multiculturalista de Weber, a poliarquia seria a configuração política mais 
próxima do inatingível ideal democrático. Nesse sentido, o sistema político funcionaria a partir 
de uma multiplicidade de polos de poder sem que nenhum deles fosse capaz de impor sua 
dominação a toda sociedade. 
Questão 09 
Com base
em sua leitura do texto “Representação Política em 3D”, do autor Luis Felipe 
Miguel, assinale a seguir a alternativa CORRETA. 
a) Luis Felipe Miguel destaca o encaixamento lógico e sensato entre democracia e eleições e 
demonstra satisfação com o papel ativo dos eleitores nas competições políticas, já que estes 
podem eleger quaisquer indivíduos que quiserem para que os representem. Além disso, o autor 
enfatiza a exclusividade do mandato nutrido pelo líder político perante seu eleitorado. Dessa 
forma, os políticos, por serem eleitos, só respondem ao seu reduto eleitoral. 
b) Luis Felipe Miguel, ao estudar a ideia de representação política, emprega a tese de duas 
autoras, a saber, Meiksins Wood e Hannah Pitkin. Para esta, a democracia representativa nasceu 
pelos interesses da elite, não pelo tamanho das sociedades. Já as análises de Meiksins Wood são 
especialmente pertinentes para o artigo na medida em que tratam da polissemia da representação 
 
e apresentam dois tipos principais de 
representação política: a descritiva e a formalista. Enquanto esta propugna por um corpo de 
representantes que seja um microcosmo da comunidade representada, aquela enfatiza a 
autorização e a accountability como mecanismos legitimadores. 
c) Segundo Luis Felipe Miguel, os meios de comunicação exercem a função representativa nas 
sociedades contemporâneas. Por isso, a mídia deve buscar o pluralismo político e o pluralismo 
social, a fim de possibilitar a multiplicidade dos espaços de formação de agenda. Dessa forma, os 
assuntos públicos podem ser re-apropriados pela sociedade, o que é positivo. Nesse sentido, o 
autor demonstra contentamento ao verificar que a mídia, hoje em dia, desempenha 
satisfatoriamente essa tarefa. 
d) Para Luis Felipe Miguel, a boa representação é aquela de preferências formuladas 
autonomamente. Por isso, o autor concorda com Nancy Fraser no tocante à necessidade de uma 
quantidade de esferas públicas concorrentes, para que os grupos dominados não tenham que 
recorrer a preferências adaptativas, isto é, a escolher apenas uma das alternativas em foco, sem a 
possibilidade de gerar novas opções. Essas arenas discursivas paralelas podem ser chamadas de 
“contrapúblicos subalternos”. 
e) Como solução para a crise do sentimento de estar representado, vislumbra-se uma democracia 
unitária, assim como a defendida pelas correntes da democracia deliberacionista, participativa, 
republicanista cívica e comunitarista. Por isso, a implementação de mecanismos institucionais 
eficientes é suficiente e medidas redistributivas são dispensáveis. 
 
HIRSCHMAN 
Questão 10 
 De acordo com o texto de Hirschman, assinale a alternativa INCORRETA: 
a) O efeito de impacto é bem explicado por uma situação em que decepções prévias fazem com 
que se escolha uma alternativa completamente diferente, mas dessa vez exagerando os próximos 
benefícios e subestimando os consequentes custos da ação. 
 
b) Uma das frustrações da vida pública é dar 
início a uma causa que acaba se prolongando e exigindo recursos que antes não haviam sido 
imaginados. Isso pode fazer com que o indivíduo antes engajado na vida pública retorne à esfera 
privada ou, por outro lado, crie uma relação de dependência com a causa a qual se dedica. 
c) Ao adentrar em uma causa, a fé e a confiança depositadas no fim a se atingir acabam por 
blindar o indivíduo de quaisquer desvios morais ou de quebra do código ético. Hirschman 
sustenta que, apesar de o líder da causa se manter insolúvel a essas deturpações, o mesmo não 
acontece com os agregados do movimento, que acabam abandonando as premissas da causa pelas 
chantagens e subornos. 
d) O autor discorre sobre a imperfeição humana em construir uma ligação efetiva entre 
imaginação e realidade. Por vezes os resultados não são previstos em detrimento da capacidade 
limitada do indivíduo em realizar prognósticos e imaginar transformações sociais. A maior 
consequência dessa falha é a lentidão para se identificar necessidades de mudanças na causa, o 
que faz com que os resultados fiquem aquém das expectativas. 
e) A maior oposição entre o prazer privado e o prazer da causa pública é que na última não há 
distinção entre o prazer pela busca e pelo resultado, ou seja, o processo de luta se torna 
gratificante de forma tal que, mesmo que o objetivo não seja alcançado, a soma do resultado 
esperado e do esforço dedicado se torna compensadora da ação. 
Questão 11: 
Ainda de acordo com o texto de Hirschman, assinale a alternativa CORRETA quanto às suas 
disposições sobre o voto: 
a) Hirschman acredita que o voto secreto é a melhor forma para se garantir um processo de 
escolha que preserve a identidade do eleitor e o permita votar com confiança. Chama a atenção 
para o problema recorrente do voto de cabresto e de sua limitação ao exercício da atividade 
democrática. 
b) O voto, sendo o mecanismo principal do funcionamento da política moderna de democracia, 
consegue captar a intensidade das convicções e os sentimentos depositados por cada um dos 
 
eleitores. As opiniões e preferências são 
pesadas de forma a se estabelecer o governo mais justo possível. 
c) O sufrágio universal é um mecanismo eficiente no que diz respeito à dissipação das energias 
revolucionárias e na delimitação da participação e influência das massas emergentes. Hirschman 
sustenta que restringir o voto estimula a criação de sindicatos e que excluir os trabalhadores pode 
criar uma situação de crise emergencial pelo aumento da divisão de classes. 
d) O voto, como principal meio de legitimação das opiniões, estimula o eleitor a estender as suas 
preferências em outros meios de participação política. Hirschman sustenta a notabilidade dos 
processos de consolidação democrática que foram marcados por um aumento proporcional nas 
atividades de engajamento público. 
e) A razão pela qual se limita o processo eleitoral a uma decisão binária, em lugar da expressão 
de graduação das convicções e interesses, é a diminuição da burocracia. Apesar de ser o sistema 
mais igualitário, fazer a contagem da graduação dos votos era, principalmente naquela época, 
demasiado penoso. 
Questão 12: 
 De acordo com o texto de consumidor a cidadão, de Albert Hirschman, identifique a situação 
em que a analogia não contempla os pressupostos do autor: 
a) De acordo com a ementa da disciplina de Introdução à Ciência Política, os alunos devem 
entregar um trabalho ao longo do semestre que corresponderá a 25% da nota final. O professor de 
uma das turmas, ciente dos métodos de avaliação, colocou a proposta de trabalho em grupos de 
até cinco pessoas. Em alguns dos grupos formados foi possível observar que, por vezes, o 
trabalho era escrito por somente um ou dois integrantes, sendo o resto do grupo beneficiado com 
a nota mesmo não tendo contribuí em nada para a pesquisa. Essa situação descreve de maneira 
adequada a lógica de free-rider ou carona, colocada por Hirschman. 
b) Em 2011, cerca de 3000 homens e mulheres marcharam pelas ruas de Toronto, no Canadá, no 
movimento que ficou conhecido como a Marcha das Vadias. O movimento, que se espalhou para 
mais de 200 cidades do mundo, se iniciou como uma resposta a um policial que afirmara que as 
 
mulheres não deveriam “se vestir como 
prostitutas”. As feministas tomam a luta como a oportunidade não só para transformar a 
sociedade, mas destacam a importância do movimento para o próprio engrandecimento pessoal. 
Essas mulheres, que entram na esfera pública seguras de si e de seus objetivos, contemplam a 
relação entre luta e prazer colocadas por Hirschman. 
e) O Movimento Diretas Já, de reivindicação por eleições presidenciais, foi duramente reprimido 
pelo então presidente João Figueiredo. Prisões foram
ordenadas, a censura foi promovida e, 
apesar das medidas violentas do Estado, a causa da redemocratização foi consolidada. Sob a 
perspectiva de Tocqueville e Hirschman, aqueles que encararam toda a situação enquanto caronas 
obtiveram tanta satisfação pessoal quanto aqueles que lutaram nas ruas. 
d) A revolução Russa de 1917, inspirada pelos ideais socialistas, propunha a ditadura do 
proletariado como forma de se destruir o modelo burguês em vigor. Lênin, um dos 
revolucionários que encabeçou esse processo, ao se tornar chefe de Estado da Rússia, acabou 
deixando para trás muitos dos objetivos iniciais da democracia socialista. Rosa Luxemburgo fez 
críticas veementes ao Estado centralizado e poderoso que se desenvolvera nesse período que, 
para ela, teria suprimido a participação ativa das massas. É possível afirmar, de acordo com as 
premissas de Hirschman, que a causa operária padeceu de uma das decepções da vida pública: os 
resultados da causa foram completamente diferentes dos objetivos iniciais. 
e) Em junho de 2013, uma onda de protestos se espalhou pelas mais diversas cidades do Brasil e 
as aglomerações, em sua maioria perto dos estádios-sede da Copa do Mundo, reivindicavam 
melhorias nas mais diversas dimensões. As manifestações, todavia, perderam força já no mês 
seguinte, sendo que os especialistas sustentavam dois maiores problemas para a dissipação dos 
movimentos i) a pluralidade de objetivos, com a ausência de uma bandeira única e de uma 
liderança ii) a tendência de que as pessoas retomassem a rotina de estudos, trabalho e afazeres 
pessoais com o passar dos meses. É possível afirmar, pensando sob a lógica de Hirschman, que 
as manifestações podem ter tomado espaço considerável das atividades particulares, o que tornou 
o custo da participação mais elevado e fez com que parte dos manifestantes se voltasse 
novamente para a esfera privada. 
SELL 
 
Questão 13 
Com base no texto de Carlos Eduardo Sell e suas reflexões sobre ideologias, analise os itens e 
assinale a alternativa correta: 
I) Para definir o conceito de ideologia, é possível perceber a predominância de 
duas acepções principais: 1) sentido negativo e; 2) sentido positivo. Enquanto o 
primeiro interpreta ideologia como sendo um conjunto de falsas representações, o 
último interpreta ideologia como sendo um conjunto de ideias e de valores 
respeitantes à ordem pública e tendo como função orientar os comportamentos 
políticos coletivos. 
II) Na visão do filósofo alemão Karl Marx, que parte do sentido positivo de 
ideologia, ou seja, que vê ideologia como projeto político, existe duas visões: a 
instrumentalista e a sistêmica. 
III) A visão instrumentalista, dentro da tradição do pensamento marxista, vê o 
mundo e a realidade elaborados por agentes da classe dominante, os quais têm o 
intuito de legitimar seu domínio e mascarar os fundamentos reais da sociedade. 
IV) Por conta das diversas concepções de sociedade e Estado que orientavam a 
vida política da primeira modernidade, a clivagem “direita X esquerda” foi, por muito 
tempo, considerada irrelevante e só retomou importância com o advento da segunda 
modernidade e a crise das ideologias. 
a) Apenas as alternativas I e III estão corretas. 
b) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas. 
c) Apenas as alternativas II e IV estão corretas. 
d) Apenas as alternativas III e IV estão corretas. 
e) Todas as alternativas (ou nenhuma delas) estão corretas. 
 
 
Questão 14 
 Sobre os ideais políticos abordados por Carlos Eduardo Sell em seu texto, assinale a 
alternativa correta: 
a) A esquematização de ideologias fechadas e estanques, embora não seja tão facilmente notável no 
plano teórico, é o mais realista no plano prático, basta que percebamos que grupos opostos como 
a extrema-direita e extrema-esquerda, na prática, não comungam de pontos em comum. 
b) O liberalismo político e o liberalismo econômico têm um fundamento comum: a visão do Estado. 
Ambos acreditam que o capitalismo pode ser humanizado através de reformas na estrutura do 
Estado. A diferença entre os dois reside na reflexão que cada um faz: Enquanto o liberalismo 
político reflete sobre a relação indivíduo/Estado, o liberalismo econômico reflete sobre a relação 
mercado/Estado. 
c) Enquanto o liberalismo político se contrapôs ao absolutismo, afirmando que o poder político 
nasce da vontade dos cidadãos e que o Estado é criado apenas para proteger suas liberdades 
fundamentais - a saber, vida, liberdade individual e propriedade -, o liberalismo econômico, no 
pensamento de Adam Smith, se baseia no princípio do egoísmo (pense primeiro em você e depois 
nos outros) como o real produtor de efeitos desejáveis para todos. 
d) O liberalismo garante, por si só, uma existência socialmente digna para os indivíduos. 
Basicamente, ele contempla em sua teorização o problema da justiça social através de um 
conceito concreto e objetivo de liberdade formal, criando um embasamento autossustentável na 
garantia de uma sociedade bem ordenada. 
e) Na prática do liberalismo econômico em países desenvolvidos, o Estado se abstém de tomar 
posição central na esfera produtiva e, dessa forma, permite que o mercado se autorregule, 
garantindo assim, a existência de uma sociedade mais dinâmica e menos excludente, com melhor 
distribuição dos bens entre a população e um alcance mais evidente da igualdade social. 
 
Questão 15 
 
 Sobre as reflexões de Carlos Eduardo 
Sell acerca do Socialismo e da Socialdemocracia, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa 
correta: 
I) O modelo Marxista de Socialismo tende a ver como essencial um elemento central para a 
consolidação da sociedade comunista: a abolição das classes sociais. Para esse modelo, é 
imprescindível que haja uma abolição ampla e irrestrita da propriedade privada. Nesse sentido, a 
existência do Estado como instrumento equilibrador das desigualdades sociais seria condição 
sine qua non para a consolidação de uma sociedade comunista ideal. 
II) O modelo soviético de Socialismo assentava-se sobre dois elementos fundamentais: 1) do 
ponto de vista econômico, a socialização dos meios de produção; 2) do ponto de vista 
político, o controle do Estado a partir do partido único. 
III) A ideologia Socialdemocrata é também conhecida como ideologia reformista ou do 
reformismo, pois ela defende a ideia de que o capitalismo pode ser convertido em 
socialismo e, posteriormente, em comunismo através de reformas na estrutura básica 
do sistema. 
IV) A principal causa da divisão no seio do movimento socialista é a forma de se chegar 
até a sociedade “sem classes”: enquanto os socialistas revolucionários tinham como 
objetivo fazer com que o proletariado organizado conquistasse o poder do Estado, a 
estratégia política dos socialistas socialdemocratas seria através da participação dos 
partidos proletários nas eleições. 
V) O discurso da chamada Terceira Via, proposto por Anthony Giddens, é uma tentativa 
de transcender tanto a socialdemocracia do velho estilo quanto o neoliberalismo. 
Giddens, nesse discurso, propõe que a socialdemocracia se desligue definitivamente 
da esquerda e adote um novo leque de medidas políticas e econômicas que definiriam 
o que se chamou de Terceira Via. 
a) Apenas as alternativas I, II, IV e V estão corretas. 
b) Apenas as alternativas II, IV e V estão corretas. 
 
c) Apenas as alternativas I, III e V estão corretas. 
d) Apenas as alternativas I, III, IV e V estão corretas. 
e) Apenas as alternativas II e III estão corretas. 
 
 
 
 
 
 
NASCIMENTO 
Questão 16 
De acordo com sua leitura do texto
Dilemas do Nacionalismo, de Paulo Nascimento, julgue os 
itens a seguir e assinale a alternativa CORRETA: 
a) No texto, Nascimento traz abordagens de diversos autores. Um deles é Gellner, que define o 
nacionalismo como “princípio político que advoga a congruência entre Estado e Nação’. Isso 
quer dizer que movimentos nacionalistas reivindicam um Estado para suas nações. Essa definição 
é, atualmente, a que guia todas as análises sobre o nacionalismo. Sua abrangência e capacidade 
de compreender diversas formas de nacionalismo são importantes para que possa ser escolhida 
como definição ‘oficial’ do termo para cientistas políticos. 
b) O texto aborda o tema nacionalismo e, para isso, é imprescindível falar também de Estado. 
Isso se dá porque, como apresentado no texto, Estado e nação são a mesma coisa, dando origem 
ao termo Estado-nação. 
c) De acordo com a visão modernista, nacionalismo e nação são fenômenos modernos, 
construções formadas a partir de processos socioeconômicos e políticos, com ênfase em 
momentos como a Revolução Industrial, a Revolução Francesa, entre outros. 
d) Gellner se posiciona junto aos primordialistas, que consideram as nações como unidades 
 
naturais, ou seja, que o sentimento 
nacionalista de identidade é intrínseco ao homem. Essa visão está intimamente relacionada à 
autoconsciência e a elementos básicos como língua, etnia e religião, que configurariam e uniriam 
comunidades pré-nacionais. 
e) O nacionalismo é um fenômeno puramente interno, visto que a construção do sentimento de 
nação parte do grupo para o grupo, e não de fora dele. 
Questão 17 
De acordo com sua leitura do texto Dilemas do Nacionalismo, de Paulo Nascimento, julgue os 
itens a seguir e assinale a alternativa INCORRETA: 
a) Para falar de nacionalismo étnico, é preciso compreender, primeiramente, o que é etnia. Um 
dos pontos apresentados no texto é que comunidades étnicas são mais identificadas por outsiders 
do que pelo próprio grupo; enquanto isso, nação sempre envolve uma autoconsciência do grupo. 
b) ‘Nós fizemos a Itália, agora temos que fazer italianos’. Essa frase, dita por Massimo 
D’Azeglio, a respeito da unificação italiana, se relaciona intimamente com a concepção 
construtivista de nação e nacionalismo, em que é preciso construir um sentimento de nação. 
Dessa forma, após ter unificado o território italiano, era preciso unificar as pessoas italianas 
dentro do sentimento de pertencimento a uma nação. 
c) Smith detecta seis elementos primordiais presentes em comunidades étnicas: um nome 
coletivo, um mito comum de descendência, uma história comum, uma cultura distinta, uma 
associação com um território específico e um sentimento de solidariedade entre seus membros. 
Esses elementos, ainda que estejam muito relacionados com o primordialismo, por se tratarem de 
características étnicas, são interessantes na visão construtivista de nacionalismo, pois podem ser 
utilizados como base para o estabelecimento e a consolidação de uma nação. 
d) O nacionalismo cívico é aquele que, compreendendo a esfera política do nacionalismo, 
constrói a nação com base na adesão aos princípios políticos da soberania popular e do governo 
representativo. Ou seja, ele está ligado à dimensão cidadã do homem. 
e) O nacionalismo étnico é inclusivo e democrático, já que está aberto para todas as pessoas de 
uma mesma raça. A nação negra, por exemplo, abraça todos os seus membros e não os distingue 
entre si. Já o nacionalismo cívico está ligado ao país de origem da pessoa, se tornando 
excludente. 
Questão 18 
De acordo com a leitura do texto Dilemas do Nacionalismo, de Paulo Nascimento, e da análise da 
tirinha, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa CORRETA: 
 
i) De acordo com a escola instrumentalista, o 
nacionalismo seria uma forma de manipulação, visto que, concordando com a escola 
construtivista, o nacionalismo é uma construção. Isso significaria uma doutrinação das massas 
para se mobilizar em torno de um sentimento fabricado de identidade nacional. 
ii) 
Tradução livre: 
‘Se a professora não fosse ficar brava, eu escreveria uma redação somente com perguntas.’ 
‘Nós amamos nosso país porque nascemos aqui?’ 
‘Os suecos amam a Suécia porque nasceram na Suécia?’ 
‘Os japoneses amam o Japão porque nasceram no Japão?’ 
‘Patriotismo e comodidade, seria o título’ 
Na tirinha, Mafalda questiona o sentimento de patriotismo ligado, exclusivamente, ao nascimento 
em determinado local. O texto, ao conduzir a discussão do nacionalismo, mostra que o 
sentimento de identidade nacional vai além disso, podendo ter caráter cívico ou étnico. De acordo 
com o texto, os turcos amariam a Turquia porque i) se identificariam com os princípios políticos 
estabelecidos e, assim, se tornariam cidadãos turcos (visão cívica); e/ou ii) fazem parte do grupo 
étnico que compreende a Turquia, significando que possuem os mesmos valores, língua, história, 
ascendência e criam laços de identificação com o grupo (visão étnica). 
iii) A transvalorização de valores é uma atitude psicológica em que se atribui caráter negativo aos 
valores da nação que é objeto de comparação e imitação, ao mesmo tempo em que valores 
autóctones recebem avaliação positiva. No Brasil ela foi utilizada de forma positiva para 
construir uma identidade nacional baseada na valorização da miscigenação, transformando os 
valores de que o enegrecimento da população seria negativo, valor que prevalecia na sociedade 
brasileira. 
iv) O nacionalismo, ainda que seja dividido entre étnico e cívico, com base em análises 
primordialistas ou modernas, não deve ser compreendido como sendo ou um ou outro. Ele se 
apresenta com múltiplas variantes no meio termo entre os extremos, ainda que com 
predominância de uma ou outra vertente. 
 
 
a) Somente os itens i e ii estão corretos. 
b) Somente o item i está correto. 
c) Somente os itens iii e iv estão corretos. 
d) Todos os itens estão incorretos. 
e) Todos os itens estão corretos. 
 
CARVALHO 
 
Questão 19 
De acordo com o texto “Cidadania no Brasil: o longo caminho” de José Murilo de 
Carvalho, assinale a alternativa CORRETA: 
“CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos 
e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-
revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a 
compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao 
editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Resolução foi, 
mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser 
detido.” Ato Institucional Nº5 
I – A ditadura militar brasileira foi um período em que uma série de direitos fundamentais da 
população foram violados com a justificativa de que os oficiais agiam segundo a vontade do 
povo. Com a redemocratização, a instituição reconhecida como “vontade do povo” é substituída 
pela cidadania, que surge no auge do entusiasmo cívico de 1988. 
 
 
II – Para Carvalho, apesar do fim da ditadura militar ter proporcionado uma melhoria visível no 
que tange aos direitos civis do cidadão, com a liberdade de participação nas eleições diretas, os 
demais problemas básicos de desigualdade social e econômica continuam sem solução ou 
encontram-se mais agravados. Em consequência desse fato, a população que antes desacreditava 
nos mecanismos de transformação democráticos, coloca-se confiante em relação aos agentes 
desse sistema. 
III – Para Carvalho, o conjunto de direitos a liberdade, participação e igualdade para todos 
consistem na formação do cidadão pleno, que se dá a partir da presença de direitos civis, políticos 
e sociais. O cidadão incompleto é aquele que possui exclusivamente os direitos civis
e políticos 
e, por fim, o individuo que não possui nenhum desses direitos não é cidadão. 
IV – Para o autor, não existe independência entre os direitos que promovem a cidadania, pois 
todos somados a compõem. No entanto, o indivíduo pode ter uma vida parcialmente plena com 
qualquer um dos direitos, ou seja, um cidadão incompleto pode possuir direitos políticos 
 
independentemente de possuir direitos sociais 
ou civis. 
“Art 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: 
a) liberdade vigiada; 
 
b) proibição de frequentar determinados lugares; 
 
c) domicílio determinado.”. Ato Institucional Nº5. 
V – O Ato Institucional nº5 foi o decreto-lei que gerou maior impacto na população brasileira 
durante a ditadura militar devido à clara supressão de direitos civis e políticos presentes em seu 
texto. No excerto acima, pode-se concluir que a população era regulada sob essas leis não se 
tratavam de cidadãos plenos de direitos. 
a) Apenas I, II e III estão corretas. 
b) Apenas I está correta. 
c) Apenas I e V estão corretas. 
d) Apenas II, IV, V estão corretas. 
e) Nenhuma alternativa está correta. 
Questão 20 
A questão possui duas partes. Na primeira parte, assinale os direitos correspondentes a sua 
definição. Na segunda parte, assinale o item em que os direitos correspondem e se 
organizam na ordem em que estes surgiram no BRASIL de forma CORRETA. Responda 
segundo o texto “Cidadania no Brasil: o longo caminho” de José Murilo Carvalho. 
I. Direitos Civis. 
 
II. Direitos Políticos. 
III. Direitos Sociais. 
1) A execução eficiente desses direitos se dá pela presença de uma eficaz máquina administrativa 
do poder Executivo. No entanto, sua presença dissociada dos diversos direitos facilita a presença 
de regimes paternalistas, que garantem a redução dos excessos de desigualdade produzidos pelo 
capitalismo, uma vez que se baseiam na justiça social por meio da igualdade. 
Direitos Sociais. (vide pp.11) 
2) Atua no plano da liberdade e em seu exercício, garantem uma justiça independente e 
igualmente acessível a todos, garantem as relações entre as pessoas e são reconhecidos como 
direitos fundamentais à vida. Representados pelo poder Judiciário. 
Direitos Civis (vide pp. 10). 
3) São os direitos referentes à atuação do indivíduo na esfera pública, sua essência é o 
autogoverno por meio da participação e se faz presente tanto no poder Legislativo quanto no 
poder Executivo, a cada quatro ou seis anos. 
Direitos Políticos (vide pp. 10). 
a) 1, I -> 2, III -> 3, II . 
b) 2, I -> 3, II -> 1, III. 
c) 1, II -> 2, III -> 3, I. 
d) 1, III -> 3, II -> 2, I. 
e) 3, II -> 1, III -> 2, I. 
Questão 21 
De acordo com o texto “Cidadania no Brasil: o longo caminho” de José Murilo de 
Carvalho, assinale a alternativa INCORRETA: 
 
a) Segundo Carvalho, tecnicamente, é 
possível um indivíduo possuir direitos sociais sem possuir direitos políticos ou direitos civis. No 
entanto, na prática, direitos sociais, ao surgirem desacompanhados dos demais direitos, criam 
uma situação de vulnerabilidade a regimes paternalistas uma vez que surgem como uma 
concessão de um bom governante e não uma obrigação deste para com seu povo. 
b) Uma consequência da ordem em que os direitos surgiram no Brasil é a supervalorização do 
poder Judiciário em relação aos demais poderes. A popularidade dos juízes de grandes cortes 
nacionais, como Joaquim Barbosa, Min. Presidente do STF, que se tornou uma figura pública de 
carisma com a população, é reflexo de uma formação de direitos que desvaloriza os outros 
poderes, como o Legislativo. 
c) O surgimento da cidadania brasileira é marcado pelo fenômeno da estadania, que se trata da 
predileção ao Estado ao invés da representação. Ou seja, uma excessiva valorização do Executivo 
devido ao histórico de formação dos direitos sociais em um regime ditatorial em que o poder 
Legislativo permaneceu fechado. 
d) Carvalho apresenta como um dos problemas resultantes da ordem em que surgem os direitos 
brasileiros o crescente corporativismo de grupos não estatais associados à recente cultura do 
consumo. Segundo o autor, a população analisa prioritariamente seu consumo próprio e seu 
crescimento pessoal, criando um contexto de esquizofrenia política. Ou seja, o eleitorado, apesar 
de desprezar suas lideranças políticas, permanece votando nelas pela esperança de benefícios 
pessoais. 
e) Embora em seu texto aponte muitas falhas no modelo democrático e cidadão presente no 
Brasil, Carvalho não possui um olhar pessimista na medida em que apresenta a possibilidade de 
uma alteração estrutural no sistema brasileiro. Para isso, o autor acredita ser necessário o fim da 
associação do Estado a uma fonte única de direitos, bem como o surgimento de uma identidade 
coletiva para solucionar problemas como clientelismo. 
MUNCK 
Questão 22. 
 
Com base em sua leitura sobre Formação de 
Atores, Coordenação Social e Estratégia Política: Problemas Conceituais do Estudo dos 
Movimentos Sociais, de Gerardo L. Munck assinale a seguir a alternativa CORRETA. 
a) Os movimentos sociais, objetos de muita reflexão teórica, vêm tendo um importante papel na 
história recente e são entendidos, segundo o autor, como um tipo de ação coletiva orientada para 
a mudança em que uma coletividade de pessoas ou uma massa é dirigida de modo hierárquico 
por um ator social, para que dessa maneira, o movimento torne-se devidamente organizado para 
pôr em prática sua estratégia política. 
b) O autor apresenta duas correntes de análise dos movimentos sociais: a escola americana e a 
escola europeia, que enfatizam, respectivamente, as noções de identidade e estratégia. É 
exatamente por serem concorrentes, segundo o autor, que não podem ser utilizadas para um 
estudo mais profundo sobre os movimentos sociais, uma vez que são parciais e limitadas. Por 
isso a necessidade de criação de outra interpretação – proposta apresentada por Munck. 
c) Na análise dos movimentos sociais sobre a ótica da concepção americana, a tradição era a de 
analisar os obstáculos à participação na ação coletiva, ou seja, o ângulo de estudo era o da 
avaliação estratégica individual dos custos e benefícios da participação, o que levava o ator a 
superar o problema do “carona” para aderir a um movimento social, por exemplo. 
d) Na análise dos movimentos sociais sob a ótica da concepção europeia, a explicação é baseada 
em uma noção mais estrutural de identidade coletiva. Ao contrário do que fazem os analistas 
americanos, os teóricos europeus recusam a concepção de que os movimentos podem ser 
entendidos como grupos de atores estratégicos. A análise então se fundamenta inteiramente nas 
relações sociais e não nos atores. Assim, segundo essa corrente, a formação dos movimentos 
sociais seria um processo sem atores, em que a identidade de um movimento social se formaria 
no interior da estrutura de conflitos de uma determinada sociedade. 
e) Munck propõe uma teoria dos movimentos sociais baseada em três critérios: a formação de 
atores, a coordenação social e a estratégia política. A estratégia política é vista como meio para se 
concretizar a orientação dos indivíduos participantes para mudança. Sendo assim, ao orientar os 
fundadores ou organizadores do movimento a agir como atores estratégicos, a estratégia deve 
 
sobrepor-se à identidade inicial do 
movimento, para que dessa forma a luta pela concretização da mudança possa se fortalecer. 
Questão 23 
De acordo com Munck, a maneira como um movimento social enfrenta o desafio suscitado por 
sua orientação para a mudança pode ser analisada nos termos de quatro grandes opções que 
resultam da combinação do grau de coerência
da ação estratégica, do movimento social e sua 
identidade e objetivos, e a arena de manobras do movimento. Associe corretamente as colunas de 
acordo com as características dos movimentos em relação à sua arena de atuação e consistência 
de identidade e, em seguida, marque a alternativa correta decorrente da devida associação. 
COLUNA 1 
I. ( ) ALTA consistência de identidade e atuação na arena SOCIAL 
II. ( ) ALTA consistência de identidade e atuação na arena POLÍTICO-INSTITUCIONAL 
III. ( ) BAIXA consistência de identidade e atuação da arena POLÍTICO-INSTITUCIONAL 
IV. ( ) BAIXA consistência de identidade e atuação na arena SOCIAL 
COLUNA 2 
A. MOVIMENTO SOCIAL POLITICAMENTE ORIENTADO (estratégia ofensiva) 
B. FORÇA POLÍTICA POPULISTA (autonomia perdida) 
C. MOVIMENTO SOCIAL AUTOLIMITADO (estratégia defensiva) 
D. FORÇA SOCIAL FUNDAMENTALISTA (movimento voltado para si mesmo) 
 
 ASSOCIAÇÃO/ORDEM CORRETA: 
a) I-A,II-C, III-D, IV-B 
 
b) I-A, II-D, III-C, IV-B 
c) I-C, II-A, III-B, IV-D 
d) I-C, II-D, III-A, IV-B 
 
Questão 24 
Com base em sua leitura sobre Formação de Atores, Coordenação Social e Estratégia Política: 
Problemas Conceituais do Estudo dos Movimentos Sociais, de Gerardo L. Munck, julgue os itens 
a seguir em “verdadeiro” e “falso” e assinale a alternativa CORRETA. 
I. Para Munck, existem dois problemas importantes para a liderança de um movimento social: a 
coordenação social e a estratégia. Ao mesmo tempo em que há uma questão interna de manter os 
membros e conseguir mais aliados para compor o movimento, há uma questão externa de adotar 
medidas estratégicas frente à esfera político-institucional para a mudança. 
II. Para a teoria de síntese de Munck, existem somente duas questões analíticas que devem ser 
consideradas: a formação do autor e a estratégia política do movimento, junção entre as correntes 
americanas e europeias. 
III. De acordo com Munck, a coordenação social é uma questão que passa a ficar em segundo 
plano uma vez que em sua teoria a formação de atores já aborda esse quesito, como resultado da 
formulação de sua síntese. A formação dos fundadores do movimento já inclui como lidar com os 
novos membros e como manter os antigos de maneira não-hieráquica, já garantindo o 
desenvolvimento total do movimento. 
IV. Segundo Munck, o modelo ideal de movimento social seria o movimento autolimitado e 
antipolítico, uma vez que por forte consistência ideológica e forte atuação na esfera social, 
manteria firme suas pautas e convicções, sem se deixar levar pela política corrupta e das elites. 
V. De acordo com o autor, a relação entre movimentos sociais e democracia é importante para a 
teoria democrática uma vez que demonstra a insuficiência de compreender o funcionamento da 
 
democracia apenas do ponto de vista de 
instituições políticas. 
a) Há somente duas afirmativas verdadeiras. 
b) Há somente duas afirmativas falsas. 
c) Nenhuma afirmativa é verdadeira. 
d) Há somente três afirmativas verdadeiras.

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