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Instituto de Ciência Política GABARITO DA LISTA DE EXERCÍCIOS (Unidade II) Monitoria de Introdução a Ciência Política: 2/2013 E-mail: monitoriaicpunb@gmail.com Lista de Exercícios II MARQUES Questão 01 A autora do texto, Danusa Marques, inicia sua dissertação de Mestrado elaborando um referencial teórico. Para isso, disseca a obra de Pierre Bourdieu e analisa os significados e a natureza do conceito de campo. Esta ideia só pode ser compreendida por meio de sua relação com os conceitos de habitus e capital simbólico, e sobre ela é possível afirmar que: a) Em um determinado campo, os agentes envolvidos estão organizados de forma hierárquica e sob a égide de regras lógicas. Limitado, um campo é também autônomo e fechado - com exceção de alguns casos como, por exemplo, o das ciências sociais. b) No estudo de um determinado campo, segundo a teoria de Bourdieu, a relação entre sua abertura e sua autonomia é diretamente proporcional. Afinal, quanto mais se expande o limite de um determinado campo mais conciso ele se torna. c) De acordo com a teoria de Bourdieu, a relação entre os campos midiático, político e acadêmico é vaga e frágil. Desta forma, não participam da construção do campo das ciências sociais e sobre este não exercem nenhuma influência. d) Para o autor estudado por Marques, o campo das ciências sociais é aberto e influenciado por outros campos pois esta é sua natureza: não há possibilidade de reverter este quadro, uma vez que as ciências sociais não têm oportunidade ou capacidade de empoderar os limites de seu campo de estudo e de fortificar sua autonomia frente a influências externas. Questão 02 Apresentado como um valor político amplamente desenvolvido e semeado no mundo ocidental, o conceito de democracia encontra destaque na dissertação de Danusa Marques. É colocado, entretanto, que sua compreensão é tão plural quanto sua natureza: idealizada em diversas formas, a democracia engloba diferentes modelos. Sobre a noção democrática, sua constituição e suas subdivisões, é possível dizer que: a) Ideias passadas acerca da democracia são superadas e esquecidas: o debate democrático é compreendido de forma linear, deixando de resgatar ideais e interpretações passadas. Uma vez superado um dilema ou um contexto histórico, seus valores e postulados acerca da democracia são substituídos e retocados. b) Danusa Marques disseca as principais correntes democráticas em estudo na ciência política, iniciando sua análise pelo pensamento liberal-pluralista. Este modelo, lapidado por Weber e outros estudiosos, prevê a limitação dos poderes burocráticos em um sistema que visa à preservação da liberdade individual - compreendido sob uma lógica puramente competitiva. c) O modelo de democracia deliberativa é colocado como uma crítica direta ao primeiro (liberal-pluralista). Tendo como alma o debate e o embate de ideias, a concepção deliberativa enxerga na discussão a oportunidade máxima de concepção de resultados e ações políticas: neste âmbito, um contrato social é construído ao invés de imposto. d) Jürgen Habermas, teórico do modelo deliberativo de democracia, estabelece que o Estado corresponde à esfera pública em que ocorre a elaboração do poder. A participação neste espaço, portanto, corresponde à defesa de interesses individuais e na busca pela persuasão dos demais participantes para atingir a influência necessária. e) Ainda tratando da concepção deliberativa, é possível dizer que nela o voto é fator suficientemente forte para legitimar a democracia. Neste modelo, a vontade democrática e a opinião pública informal não desenvolvem papeis influentes no processo de tomada de decisões, que é exclusivo ao Estado e seus integrantes oficiais. Questão 03 A autora do texto cita diversos estudiosos da democracia e suas facetas políticas e institucionais, dentre eles o checo Joseph Schumpeter e o norte-americano Robert Alan Dahl. Sobre as obras destes dois intelectuais, é possível observar que: a) Para Schumpeter, as massas são extremamente influenciáveis e incapazes de tomar decisões legítimas no campo político. b) Schumpeter não cria um novo modelo de democracia, mas organiza instrumentos observados nas sociedades ocidentais para elaborar uma proposta degoverno baseado na concorrência. Segundo esta ideia um governo deve buscar uma liderança qualificada por meio de um processo eleitoral lúcido e seletivo. c) Robert Alan Dahl tornou-se famoso no campo da ciência política por apresentar uma visão centralizadora e exclusiva de poder. Em sua compreensão de política, os poderes do Estado devem ter limitações reduzidas e os grupos não constituem atores legítimos no meio público. d) A proximidade entre eleitos e eleitores, ou seja, cidadãos e representantes, pouco importa para o funcionamento de um modelo democrático. Na obra de Dahl, aliás, é possível testemunhar os benefícios da distância entre votantes e votados: a expressão de preferências políticas e sua ressonância pelas instituições oficiais não importam para o bom andamento do sistema poliárquico. e) Na teoria da Democracia Deliberativa, norteada por Jürgen Habermas, os indivíduos desenvolvem papéis racionais na construção de suas preferências. Este embate de interesses aconteceria na chamada esfera pública. Questão 04 Baseando-se no texto Democracia e Ciências Sociais no Brasil, de Marques, assinale a alternativa INCORRETA a respeito do republicanismo cívico. a) Em oposição às visões liberal e deliberativa, a corrente do republicanismo cívico vê a política como um fim em si mesma, e não como um instrumento para se alcançar, respectivamente, metas individuais e consenso. A concepção de fim em si mesma da política é reforçada pelo conceito de cidadão ativo, que remonta do ideal clássico ateniense de cidadania. b) Nessa corrente, a expressão “republicanismo” tem inspirações no republicanismo renascentista, segundo o qual a base da liberdade é o autogoverno, com direito de participação dos cidadãos. Embora esses republicanistas não fossem, à época, democratas, suas concepções trazem pensamentos embrionários básicos à democracia, como a proteção do governado da arbitrariedade do governante e a extensão da cidadania para além dos nobres. c) O republicanismo cívico e o republicanismo clássico concordam que a participação na política garante a liberdade pessoal, ou seja, impede que um indivíduo seja governado por outro. Apesar disso, tais correntes apresentam premissas distintas: o republicanismo clássico defende um equilíbrio de poder entre monarquia, aristocracia e povo, no qual os grupos sociais competem na promoção de seus interesses. Enquanto isso, o republicanismo cívico parte de uma premissa de que todos precisam viver em igualdade política e econômica. d) A discussão de liberdade negativa ou positiva é importante para o republicanismo cívico porque constitui sua maior crítica ao modelo liberal-pluralista, que considera a liberdade negativa a típica dos modernos. Os republicanistas cívicos discordam dessa concepção, pois consideram que ambas são as faces de uma mesma moeda, e só a participação ativa asseguraria ambas. e) Os teóricos da vertente comunitarista do republicanismo cívico partem da ideia de um homem totalmente desenraizado, desprovido de suas características pessoais e fora de um grupo social. Essa concepção de homem os leva à ideia de “razão humana universal” que garantiria o chamado “véu da ignorância”, única forma de tomada de decisão justa. Questão 05 “Ao contrário dos deliberacionistas e dos republicanistas cívicos, os participacionistas ultrapassam a barreira das críticas à democracia liberal-pluralista e conseguem sistematizar um tipo de procedimento para aplicação real na sociedade” A partir do trecho acima e da leitura integral de Democracia e Ciências Sociais no Brasil de Marques, assinale a alternativa CORRETA a respeito da democracia participativa e do procedimento que propõe. a) Apesar das críticas dos participacionistas à democracia liberal-pluralista mencionadas no trecho citado, ambas correntes partem de um mesmo pressuposto: a existência de indivíduos livres e iguais, permitida pelo exercício pleno dos direitos de igualdade e liberdade. b) O “tipo de procedimento para aplicação real na sociedade” mencionado no trecho do enunciado é o voto. Para a democracia participativa, a participação do cidadão através do voto quebra sua apatia em relação à política e garante de maneira satisfatória a accountability dos governantes a partir do método eleitoral. c) A democracia participativa defende que a democratização deve atingir o cotidiano das pessoas, aproximando-se de esferas mais pessoais, como a do trabalho. Essa democratização da esfera do trabalho é a principal meta da corrente, e pode ser um tipo de procedimento como citado no enunciado. d) Considerando que em uma democracia todos os indivíduos estão sempre dispostos a aumentar sua participação, pode-se afirmar que o maior triunfo da democracia participativa foi estabelecer um tipo de procedimento que permite esse aumento. e) Há uma forte discordância entre a democracia participativa e a teoria feminista, quando essa afirma que os participacionistas ignoram as identidades locais e diferenças, perpetuando como norma e padrões a identidade masculina. Questão 06 A respeito da corrente multiculturalista, tratada por Marques em Democracia e Ciências Sociais no Brasil, assinale a alternativa INCORRETA. a) Marques aponta que o multiculturalismo é a vertente mais fluida da teoria democrática, sendo de difícil definição. Apesar disso, é possível apresentar seus limites teóricos como, por exemplo, a ideia de reconhecimento social, inteiramente incompatível tanto com os preceitos liberais, como com os preceitos comunitaristas. b) Uma noção fundamental da perspectiva multiculturalista é a de que os direitos não devem ser concedidos apenas a indivíduos, mas também a algumas minorias na forma de direitos de grupo, por exemplo, direitos de autogoverno, poliétnicos e de representação política. c) Uma abordagem pró-diversidade, com uma visão de mundo cosmopolita e tolerante; uma certa centralidade nas questões concernentes à justiça, mais do que na democracia em seu sentido estrito; e a centralidade do conceito de reconhecimento social podem ser apontadas como algumas das características do multiculturalismo, apesar da fluidez da corrente. d) Kymlicka – um dos autores dentro da vertente multiculturalista – propõe a “teoria dos direitos das minorias”, com o objetivo de protegê-las das decisões da maioria. Nessa teoria, o autor não inclui apenas minorias étnicas e nacionais, mas também outros grupos marginalizados, como as mulheres e os homossexuais. e) Young, autora do multiculturalismo que apresenta a “política da diferença”, entende que a justiça deve se pautar pela eliminação de padrões de opressão e de dominação. Esses, por sua vez, só podem ser totalmente compreendidos através dos grupos sociais, e não através de modelos abstratos baseados no indivíduo – daí a importância dos grupos. MIGUEL 3D Questão 07 De acordo com o texto “Representação Política em 3D”, do autor Luis Felipe Miguel, julgue os itens abaixo e assinale a alternativa CORRETA: I – Nos últimos 40 anos, a democracia eleitoral entrou em declínio em todo o mundo. A ascensão de regimes totalitários na Líbia, Iraque e Síria comprovam tal fenômeno. De forma simultânea, um processo contraditório se deu: uma maior adesão popular às instituições representativas. Ocasionando um fortalecimento dos laços que unem eleitores e representantes, ou seja, uma “terceira onda democratizadora”. II – Em seu artigo Miguel defende que a recuperação dos mecanismos representativos depende de uma maior compreensão do sentido da própria representação. Logo, questões secundárias, ligadas à formação da agenda, ao acesso aos meios de comunicação em massa e às esferas de produção de interesses coletivos não são importantes para a consolidação de um modelo representativo inclusivo. III – Para Seymour Lipset, dentre outros autores que louvam as virtudes da apatia, o aumento generalizado dos índices de abstenção eleitoral expressam a insatisfação dos eleitores com o sistema político. Nesse sentido, a abstenção sempre seria uma forma de protesto. IV – As pesquisas de opinião (surveys) devem ser lidas com cuidado, visto que estão sujeitas ao “erro escolástico”, segundo o qual o pesquisador transfere para os outros agentes sociais sua maneira de pensar e agir. Nesse sentido, as pesquisas de opinião não fornecem respostas, mas indícios que postulam uma baixa confiança nas instituições representativas, com repercussão na legitimidade das mesmas. V – Em Miguel, “cidadãos críticos” são aqueles que combinam elevados níveis de apoio aos princípios democráticos ao mesmo em que sua confiança nas instituições políticas democráticas está em declínio. Tal fenômeno tem emergido em todo o mundo. a) Apenas os itens I, III e IV estão corretos b) Apenas os itens IV e V estão corretos c) Todos os itens estão corretos d) Todos os itens estão incorretos e) Apenas os itens III e IV estão corretos Questão 08 Com base no texto assinale o item CORRETO: a) A partir do final do século XIX, os partidos se consolidaram como os principais instrumentos de representação política. As crises nos sistemas partidários, experimentadas em todo o mundo, se devem aos seguintes fatores: i) desburocratização de suas estruturas internas; ii) ampliação do leque de opções políticas; iii) incapacidade da mídia eletrônica em inserir mudanças na competição eleitoral. b) A transição de uma democracia de partidos para uma nova democracia de audiência, caracterizada pelo contato “direto” (midiático) dos líderes com os eleitores, resultou na redução da influência dos partidos no processo de construção da imagem de chefes políticos. c) Nos últimos 35 anos, muitas foram as propostas de revitalização das instituições representativas, como por exemplo, o estabelecimento de quotas para grupos em desvantagem e substituição parcial das eleições por sorteios. Tais alternativas trouxeram em seu âmago o reconhecimento implícito da diminuição da confiança popular nos parlamentos e partidos. Segundo Miguel, essa desconfiança deve-se à “alienação” e falta de compromisso dos eleitores com a democracia. Os resquícios de valores autoritários nos Estados democráticos também seriam responsáveis por esta generalizada falta de confiança. d) Segundo a visão pluralista exposta por Dahl, os três pilares da “elite no poder” seriam: i) os grandes capitalistas; ii) os principais líderes políticos; e iii) os chefes militares. Os três setores plurais formariam uma única elite com visão de mundo unificada e interesses compartilhados. Isso graças a mecanismos de integração, notadamente o intercâmbio de posições entre setores e a convivência no ambiente das “altas rodas”. e) Segundo a teoria multiculturalista de Weber, a poliarquia seria a configuração política mais próxima do inatingível ideal democrático. Nesse sentido, o sistema político funcionaria a partir de uma multiplicidade de polos de poder sem que nenhum deles fosse capaz de impor sua dominação a toda sociedade. Questão 09 Com base em sua leitura do texto “Representação Política em 3D”, do autor Luis Felipe Miguel, assinale a seguir a alternativa CORRETA. a) Luis Felipe Miguel destaca o encaixamento lógico e sensato entre democracia e eleições e demonstra satisfação com o papel ativo dos eleitores nas competições políticas, já que estes podem eleger quaisquer indivíduos que quiserem para que os representem. Além disso, o autor enfatiza a exclusividade do mandato nutrido pelo líder político perante seu eleitorado. Dessa forma, os políticos, por serem eleitos, só respondem ao seu reduto eleitoral. b) Luis Felipe Miguel, ao estudar a ideia de representação política, emprega a tese de duas autoras, a saber, Meiksins Wood e Hannah Pitkin. Para esta, a democracia representativa nasceu pelos interesses da elite, não pelo tamanho das sociedades. Já as análises de Meiksins Wood são especialmente pertinentes para o artigo na medida em que tratam da polissemia da representação e apresentam dois tipos principais de representação política: a descritiva e a formalista. Enquanto esta propugna por um corpo de representantes que seja um microcosmo da comunidade representada, aquela enfatiza a autorização e a accountability como mecanismos legitimadores. c) Segundo Luis Felipe Miguel, os meios de comunicação exercem a função representativa nas sociedades contemporâneas. Por isso, a mídia deve buscar o pluralismo político e o pluralismo social, a fim de possibilitar a multiplicidade dos espaços de formação de agenda. Dessa forma, os assuntos públicos podem ser re-apropriados pela sociedade, o que é positivo. Nesse sentido, o autor demonstra contentamento ao verificar que a mídia, hoje em dia, desempenha satisfatoriamente essa tarefa. d) Para Luis Felipe Miguel, a boa representação é aquela de preferências formuladas autonomamente. Por isso, o autor concorda com Nancy Fraser no tocante à necessidade de uma quantidade de esferas públicas concorrentes, para que os grupos dominados não tenham que recorrer a preferências adaptativas, isto é, a escolher apenas uma das alternativas em foco, sem a possibilidade de gerar novas opções. Essas arenas discursivas paralelas podem ser chamadas de “contrapúblicos subalternos”. e) Como solução para a crise do sentimento de estar representado, vislumbra-se uma democracia unitária, assim como a defendida pelas correntes da democracia deliberacionista, participativa, republicanista cívica e comunitarista. Por isso, a implementação de mecanismos institucionais eficientes é suficiente e medidas redistributivas são dispensáveis. HIRSCHMAN Questão 10 De acordo com o texto de Hirschman, assinale a alternativa INCORRETA: a) O efeito de impacto é bem explicado por uma situação em que decepções prévias fazem com que se escolha uma alternativa completamente diferente, mas dessa vez exagerando os próximos benefícios e subestimando os consequentes custos da ação. b) Uma das frustrações da vida pública é dar início a uma causa que acaba se prolongando e exigindo recursos que antes não haviam sido imaginados. Isso pode fazer com que o indivíduo antes engajado na vida pública retorne à esfera privada ou, por outro lado, crie uma relação de dependência com a causa a qual se dedica. c) Ao adentrar em uma causa, a fé e a confiança depositadas no fim a se atingir acabam por blindar o indivíduo de quaisquer desvios morais ou de quebra do código ético. Hirschman sustenta que, apesar de o líder da causa se manter insolúvel a essas deturpações, o mesmo não acontece com os agregados do movimento, que acabam abandonando as premissas da causa pelas chantagens e subornos. d) O autor discorre sobre a imperfeição humana em construir uma ligação efetiva entre imaginação e realidade. Por vezes os resultados não são previstos em detrimento da capacidade limitada do indivíduo em realizar prognósticos e imaginar transformações sociais. A maior consequência dessa falha é a lentidão para se identificar necessidades de mudanças na causa, o que faz com que os resultados fiquem aquém das expectativas. e) A maior oposição entre o prazer privado e o prazer da causa pública é que na última não há distinção entre o prazer pela busca e pelo resultado, ou seja, o processo de luta se torna gratificante de forma tal que, mesmo que o objetivo não seja alcançado, a soma do resultado esperado e do esforço dedicado se torna compensadora da ação. Questão 11: Ainda de acordo com o texto de Hirschman, assinale a alternativa CORRETA quanto às suas disposições sobre o voto: a) Hirschman acredita que o voto secreto é a melhor forma para se garantir um processo de escolha que preserve a identidade do eleitor e o permita votar com confiança. Chama a atenção para o problema recorrente do voto de cabresto e de sua limitação ao exercício da atividade democrática. b) O voto, sendo o mecanismo principal do funcionamento da política moderna de democracia, consegue captar a intensidade das convicções e os sentimentos depositados por cada um dos eleitores. As opiniões e preferências são pesadas de forma a se estabelecer o governo mais justo possível. c) O sufrágio universal é um mecanismo eficiente no que diz respeito à dissipação das energias revolucionárias e na delimitação da participação e influência das massas emergentes. Hirschman sustenta que restringir o voto estimula a criação de sindicatos e que excluir os trabalhadores pode criar uma situação de crise emergencial pelo aumento da divisão de classes. d) O voto, como principal meio de legitimação das opiniões, estimula o eleitor a estender as suas preferências em outros meios de participação política. Hirschman sustenta a notabilidade dos processos de consolidação democrática que foram marcados por um aumento proporcional nas atividades de engajamento público. e) A razão pela qual se limita o processo eleitoral a uma decisão binária, em lugar da expressão de graduação das convicções e interesses, é a diminuição da burocracia. Apesar de ser o sistema mais igualitário, fazer a contagem da graduação dos votos era, principalmente naquela época, demasiado penoso. Questão 12: De acordo com o texto de consumidor a cidadão, de Albert Hirschman, identifique a situação em que a analogia não contempla os pressupostos do autor: a) De acordo com a ementa da disciplina de Introdução à Ciência Política, os alunos devem entregar um trabalho ao longo do semestre que corresponderá a 25% da nota final. O professor de uma das turmas, ciente dos métodos de avaliação, colocou a proposta de trabalho em grupos de até cinco pessoas. Em alguns dos grupos formados foi possível observar que, por vezes, o trabalho era escrito por somente um ou dois integrantes, sendo o resto do grupo beneficiado com a nota mesmo não tendo contribuí em nada para a pesquisa. Essa situação descreve de maneira adequada a lógica de free-rider ou carona, colocada por Hirschman. b) Em 2011, cerca de 3000 homens e mulheres marcharam pelas ruas de Toronto, no Canadá, no movimento que ficou conhecido como a Marcha das Vadias. O movimento, que se espalhou para mais de 200 cidades do mundo, se iniciou como uma resposta a um policial que afirmara que as mulheres não deveriam “se vestir como prostitutas”. As feministas tomam a luta como a oportunidade não só para transformar a sociedade, mas destacam a importância do movimento para o próprio engrandecimento pessoal. Essas mulheres, que entram na esfera pública seguras de si e de seus objetivos, contemplam a relação entre luta e prazer colocadas por Hirschman. e) O Movimento Diretas Já, de reivindicação por eleições presidenciais, foi duramente reprimido pelo então presidente João Figueiredo. Prisões foram ordenadas, a censura foi promovida e, apesar das medidas violentas do Estado, a causa da redemocratização foi consolidada. Sob a perspectiva de Tocqueville e Hirschman, aqueles que encararam toda a situação enquanto caronas obtiveram tanta satisfação pessoal quanto aqueles que lutaram nas ruas. d) A revolução Russa de 1917, inspirada pelos ideais socialistas, propunha a ditadura do proletariado como forma de se destruir o modelo burguês em vigor. Lênin, um dos revolucionários que encabeçou esse processo, ao se tornar chefe de Estado da Rússia, acabou deixando para trás muitos dos objetivos iniciais da democracia socialista. Rosa Luxemburgo fez críticas veementes ao Estado centralizado e poderoso que se desenvolvera nesse período que, para ela, teria suprimido a participação ativa das massas. É possível afirmar, de acordo com as premissas de Hirschman, que a causa operária padeceu de uma das decepções da vida pública: os resultados da causa foram completamente diferentes dos objetivos iniciais. e) Em junho de 2013, uma onda de protestos se espalhou pelas mais diversas cidades do Brasil e as aglomerações, em sua maioria perto dos estádios-sede da Copa do Mundo, reivindicavam melhorias nas mais diversas dimensões. As manifestações, todavia, perderam força já no mês seguinte, sendo que os especialistas sustentavam dois maiores problemas para a dissipação dos movimentos i) a pluralidade de objetivos, com a ausência de uma bandeira única e de uma liderança ii) a tendência de que as pessoas retomassem a rotina de estudos, trabalho e afazeres pessoais com o passar dos meses. É possível afirmar, pensando sob a lógica de Hirschman, que as manifestações podem ter tomado espaço considerável das atividades particulares, o que tornou o custo da participação mais elevado e fez com que parte dos manifestantes se voltasse novamente para a esfera privada. SELL Questão 13 Com base no texto de Carlos Eduardo Sell e suas reflexões sobre ideologias, analise os itens e assinale a alternativa correta: I) Para definir o conceito de ideologia, é possível perceber a predominância de duas acepções principais: 1) sentido negativo e; 2) sentido positivo. Enquanto o primeiro interpreta ideologia como sendo um conjunto de falsas representações, o último interpreta ideologia como sendo um conjunto de ideias e de valores respeitantes à ordem pública e tendo como função orientar os comportamentos políticos coletivos. II) Na visão do filósofo alemão Karl Marx, que parte do sentido positivo de ideologia, ou seja, que vê ideologia como projeto político, existe duas visões: a instrumentalista e a sistêmica. III) A visão instrumentalista, dentro da tradição do pensamento marxista, vê o mundo e a realidade elaborados por agentes da classe dominante, os quais têm o intuito de legitimar seu domínio e mascarar os fundamentos reais da sociedade. IV) Por conta das diversas concepções de sociedade e Estado que orientavam a vida política da primeira modernidade, a clivagem “direita X esquerda” foi, por muito tempo, considerada irrelevante e só retomou importância com o advento da segunda modernidade e a crise das ideologias. a) Apenas as alternativas I e III estão corretas. b) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas. c) Apenas as alternativas II e IV estão corretas. d) Apenas as alternativas III e IV estão corretas. e) Todas as alternativas (ou nenhuma delas) estão corretas. Questão 14 Sobre os ideais políticos abordados por Carlos Eduardo Sell em seu texto, assinale a alternativa correta: a) A esquematização de ideologias fechadas e estanques, embora não seja tão facilmente notável no plano teórico, é o mais realista no plano prático, basta que percebamos que grupos opostos como a extrema-direita e extrema-esquerda, na prática, não comungam de pontos em comum. b) O liberalismo político e o liberalismo econômico têm um fundamento comum: a visão do Estado. Ambos acreditam que o capitalismo pode ser humanizado através de reformas na estrutura do Estado. A diferença entre os dois reside na reflexão que cada um faz: Enquanto o liberalismo político reflete sobre a relação indivíduo/Estado, o liberalismo econômico reflete sobre a relação mercado/Estado. c) Enquanto o liberalismo político se contrapôs ao absolutismo, afirmando que o poder político nasce da vontade dos cidadãos e que o Estado é criado apenas para proteger suas liberdades fundamentais - a saber, vida, liberdade individual e propriedade -, o liberalismo econômico, no pensamento de Adam Smith, se baseia no princípio do egoísmo (pense primeiro em você e depois nos outros) como o real produtor de efeitos desejáveis para todos. d) O liberalismo garante, por si só, uma existência socialmente digna para os indivíduos. Basicamente, ele contempla em sua teorização o problema da justiça social através de um conceito concreto e objetivo de liberdade formal, criando um embasamento autossustentável na garantia de uma sociedade bem ordenada. e) Na prática do liberalismo econômico em países desenvolvidos, o Estado se abstém de tomar posição central na esfera produtiva e, dessa forma, permite que o mercado se autorregule, garantindo assim, a existência de uma sociedade mais dinâmica e menos excludente, com melhor distribuição dos bens entre a população e um alcance mais evidente da igualdade social. Questão 15 Sobre as reflexões de Carlos Eduardo Sell acerca do Socialismo e da Socialdemocracia, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta: I) O modelo Marxista de Socialismo tende a ver como essencial um elemento central para a consolidação da sociedade comunista: a abolição das classes sociais. Para esse modelo, é imprescindível que haja uma abolição ampla e irrestrita da propriedade privada. Nesse sentido, a existência do Estado como instrumento equilibrador das desigualdades sociais seria condição sine qua non para a consolidação de uma sociedade comunista ideal. II) O modelo soviético de Socialismo assentava-se sobre dois elementos fundamentais: 1) do ponto de vista econômico, a socialização dos meios de produção; 2) do ponto de vista político, o controle do Estado a partir do partido único. III) A ideologia Socialdemocrata é também conhecida como ideologia reformista ou do reformismo, pois ela defende a ideia de que o capitalismo pode ser convertido em socialismo e, posteriormente, em comunismo através de reformas na estrutura básica do sistema. IV) A principal causa da divisão no seio do movimento socialista é a forma de se chegar até a sociedade “sem classes”: enquanto os socialistas revolucionários tinham como objetivo fazer com que o proletariado organizado conquistasse o poder do Estado, a estratégia política dos socialistas socialdemocratas seria através da participação dos partidos proletários nas eleições. V) O discurso da chamada Terceira Via, proposto por Anthony Giddens, é uma tentativa de transcender tanto a socialdemocracia do velho estilo quanto o neoliberalismo. Giddens, nesse discurso, propõe que a socialdemocracia se desligue definitivamente da esquerda e adote um novo leque de medidas políticas e econômicas que definiriam o que se chamou de Terceira Via. a) Apenas as alternativas I, II, IV e V estão corretas. b) Apenas as alternativas II, IV e V estão corretas. c) Apenas as alternativas I, III e V estão corretas. d) Apenas as alternativas I, III, IV e V estão corretas. e) Apenas as alternativas II e III estão corretas. NASCIMENTO Questão 16 De acordo com sua leitura do texto Dilemas do Nacionalismo, de Paulo Nascimento, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa CORRETA: a) No texto, Nascimento traz abordagens de diversos autores. Um deles é Gellner, que define o nacionalismo como “princípio político que advoga a congruência entre Estado e Nação’. Isso quer dizer que movimentos nacionalistas reivindicam um Estado para suas nações. Essa definição é, atualmente, a que guia todas as análises sobre o nacionalismo. Sua abrangência e capacidade de compreender diversas formas de nacionalismo são importantes para que possa ser escolhida como definição ‘oficial’ do termo para cientistas políticos. b) O texto aborda o tema nacionalismo e, para isso, é imprescindível falar também de Estado. Isso se dá porque, como apresentado no texto, Estado e nação são a mesma coisa, dando origem ao termo Estado-nação. c) De acordo com a visão modernista, nacionalismo e nação são fenômenos modernos, construções formadas a partir de processos socioeconômicos e políticos, com ênfase em momentos como a Revolução Industrial, a Revolução Francesa, entre outros. d) Gellner se posiciona junto aos primordialistas, que consideram as nações como unidades naturais, ou seja, que o sentimento nacionalista de identidade é intrínseco ao homem. Essa visão está intimamente relacionada à autoconsciência e a elementos básicos como língua, etnia e religião, que configurariam e uniriam comunidades pré-nacionais. e) O nacionalismo é um fenômeno puramente interno, visto que a construção do sentimento de nação parte do grupo para o grupo, e não de fora dele. Questão 17 De acordo com sua leitura do texto Dilemas do Nacionalismo, de Paulo Nascimento, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa INCORRETA: a) Para falar de nacionalismo étnico, é preciso compreender, primeiramente, o que é etnia. Um dos pontos apresentados no texto é que comunidades étnicas são mais identificadas por outsiders do que pelo próprio grupo; enquanto isso, nação sempre envolve uma autoconsciência do grupo. b) ‘Nós fizemos a Itália, agora temos que fazer italianos’. Essa frase, dita por Massimo D’Azeglio, a respeito da unificação italiana, se relaciona intimamente com a concepção construtivista de nação e nacionalismo, em que é preciso construir um sentimento de nação. Dessa forma, após ter unificado o território italiano, era preciso unificar as pessoas italianas dentro do sentimento de pertencimento a uma nação. c) Smith detecta seis elementos primordiais presentes em comunidades étnicas: um nome coletivo, um mito comum de descendência, uma história comum, uma cultura distinta, uma associação com um território específico e um sentimento de solidariedade entre seus membros. Esses elementos, ainda que estejam muito relacionados com o primordialismo, por se tratarem de características étnicas, são interessantes na visão construtivista de nacionalismo, pois podem ser utilizados como base para o estabelecimento e a consolidação de uma nação. d) O nacionalismo cívico é aquele que, compreendendo a esfera política do nacionalismo, constrói a nação com base na adesão aos princípios políticos da soberania popular e do governo representativo. Ou seja, ele está ligado à dimensão cidadã do homem. e) O nacionalismo étnico é inclusivo e democrático, já que está aberto para todas as pessoas de uma mesma raça. A nação negra, por exemplo, abraça todos os seus membros e não os distingue entre si. Já o nacionalismo cívico está ligado ao país de origem da pessoa, se tornando excludente. Questão 18 De acordo com a leitura do texto Dilemas do Nacionalismo, de Paulo Nascimento, e da análise da tirinha, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa CORRETA: i) De acordo com a escola instrumentalista, o nacionalismo seria uma forma de manipulação, visto que, concordando com a escola construtivista, o nacionalismo é uma construção. Isso significaria uma doutrinação das massas para se mobilizar em torno de um sentimento fabricado de identidade nacional. ii) Tradução livre: ‘Se a professora não fosse ficar brava, eu escreveria uma redação somente com perguntas.’ ‘Nós amamos nosso país porque nascemos aqui?’ ‘Os suecos amam a Suécia porque nasceram na Suécia?’ ‘Os japoneses amam o Japão porque nasceram no Japão?’ ‘Patriotismo e comodidade, seria o título’ Na tirinha, Mafalda questiona o sentimento de patriotismo ligado, exclusivamente, ao nascimento em determinado local. O texto, ao conduzir a discussão do nacionalismo, mostra que o sentimento de identidade nacional vai além disso, podendo ter caráter cívico ou étnico. De acordo com o texto, os turcos amariam a Turquia porque i) se identificariam com os princípios políticos estabelecidos e, assim, se tornariam cidadãos turcos (visão cívica); e/ou ii) fazem parte do grupo étnico que compreende a Turquia, significando que possuem os mesmos valores, língua, história, ascendência e criam laços de identificação com o grupo (visão étnica). iii) A transvalorização de valores é uma atitude psicológica em que se atribui caráter negativo aos valores da nação que é objeto de comparação e imitação, ao mesmo tempo em que valores autóctones recebem avaliação positiva. No Brasil ela foi utilizada de forma positiva para construir uma identidade nacional baseada na valorização da miscigenação, transformando os valores de que o enegrecimento da população seria negativo, valor que prevalecia na sociedade brasileira. iv) O nacionalismo, ainda que seja dividido entre étnico e cívico, com base em análises primordialistas ou modernas, não deve ser compreendido como sendo ou um ou outro. Ele se apresenta com múltiplas variantes no meio termo entre os extremos, ainda que com predominância de uma ou outra vertente. a) Somente os itens i e ii estão corretos. b) Somente o item i está correto. c) Somente os itens iii e iv estão corretos. d) Todos os itens estão incorretos. e) Todos os itens estão corretos. CARVALHO Questão 19 De acordo com o texto “Cidadania no Brasil: o longo caminho” de José Murilo de Carvalho, assinale a alternativa CORRETA: “CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti- revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Resolução foi, mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido.” Ato Institucional Nº5 I – A ditadura militar brasileira foi um período em que uma série de direitos fundamentais da população foram violados com a justificativa de que os oficiais agiam segundo a vontade do povo. Com a redemocratização, a instituição reconhecida como “vontade do povo” é substituída pela cidadania, que surge no auge do entusiasmo cívico de 1988. II – Para Carvalho, apesar do fim da ditadura militar ter proporcionado uma melhoria visível no que tange aos direitos civis do cidadão, com a liberdade de participação nas eleições diretas, os demais problemas básicos de desigualdade social e econômica continuam sem solução ou encontram-se mais agravados. Em consequência desse fato, a população que antes desacreditava nos mecanismos de transformação democráticos, coloca-se confiante em relação aos agentes desse sistema. III – Para Carvalho, o conjunto de direitos a liberdade, participação e igualdade para todos consistem na formação do cidadão pleno, que se dá a partir da presença de direitos civis, políticos e sociais. O cidadão incompleto é aquele que possui exclusivamente os direitos civis e políticos e, por fim, o individuo que não possui nenhum desses direitos não é cidadão. IV – Para o autor, não existe independência entre os direitos que promovem a cidadania, pois todos somados a compõem. No entanto, o indivíduo pode ter uma vida parcialmente plena com qualquer um dos direitos, ou seja, um cidadão incompleto pode possuir direitos políticos independentemente de possuir direitos sociais ou civis. “Art 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: a) liberdade vigiada; b) proibição de frequentar determinados lugares; c) domicílio determinado.”. Ato Institucional Nº5. V – O Ato Institucional nº5 foi o decreto-lei que gerou maior impacto na população brasileira durante a ditadura militar devido à clara supressão de direitos civis e políticos presentes em seu texto. No excerto acima, pode-se concluir que a população era regulada sob essas leis não se tratavam de cidadãos plenos de direitos. a) Apenas I, II e III estão corretas. b) Apenas I está correta. c) Apenas I e V estão corretas. d) Apenas II, IV, V estão corretas. e) Nenhuma alternativa está correta. Questão 20 A questão possui duas partes. Na primeira parte, assinale os direitos correspondentes a sua definição. Na segunda parte, assinale o item em que os direitos correspondem e se organizam na ordem em que estes surgiram no BRASIL de forma CORRETA. Responda segundo o texto “Cidadania no Brasil: o longo caminho” de José Murilo Carvalho. I. Direitos Civis. II. Direitos Políticos. III. Direitos Sociais. 1) A execução eficiente desses direitos se dá pela presença de uma eficaz máquina administrativa do poder Executivo. No entanto, sua presença dissociada dos diversos direitos facilita a presença de regimes paternalistas, que garantem a redução dos excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo, uma vez que se baseiam na justiça social por meio da igualdade. Direitos Sociais. (vide pp.11) 2) Atua no plano da liberdade e em seu exercício, garantem uma justiça independente e igualmente acessível a todos, garantem as relações entre as pessoas e são reconhecidos como direitos fundamentais à vida. Representados pelo poder Judiciário. Direitos Civis (vide pp. 10). 3) São os direitos referentes à atuação do indivíduo na esfera pública, sua essência é o autogoverno por meio da participação e se faz presente tanto no poder Legislativo quanto no poder Executivo, a cada quatro ou seis anos. Direitos Políticos (vide pp. 10). a) 1, I -> 2, III -> 3, II . b) 2, I -> 3, II -> 1, III. c) 1, II -> 2, III -> 3, I. d) 1, III -> 3, II -> 2, I. e) 3, II -> 1, III -> 2, I. Questão 21 De acordo com o texto “Cidadania no Brasil: o longo caminho” de José Murilo de Carvalho, assinale a alternativa INCORRETA: a) Segundo Carvalho, tecnicamente, é possível um indivíduo possuir direitos sociais sem possuir direitos políticos ou direitos civis. No entanto, na prática, direitos sociais, ao surgirem desacompanhados dos demais direitos, criam uma situação de vulnerabilidade a regimes paternalistas uma vez que surgem como uma concessão de um bom governante e não uma obrigação deste para com seu povo. b) Uma consequência da ordem em que os direitos surgiram no Brasil é a supervalorização do poder Judiciário em relação aos demais poderes. A popularidade dos juízes de grandes cortes nacionais, como Joaquim Barbosa, Min. Presidente do STF, que se tornou uma figura pública de carisma com a população, é reflexo de uma formação de direitos que desvaloriza os outros poderes, como o Legislativo. c) O surgimento da cidadania brasileira é marcado pelo fenômeno da estadania, que se trata da predileção ao Estado ao invés da representação. Ou seja, uma excessiva valorização do Executivo devido ao histórico de formação dos direitos sociais em um regime ditatorial em que o poder Legislativo permaneceu fechado. d) Carvalho apresenta como um dos problemas resultantes da ordem em que surgem os direitos brasileiros o crescente corporativismo de grupos não estatais associados à recente cultura do consumo. Segundo o autor, a população analisa prioritariamente seu consumo próprio e seu crescimento pessoal, criando um contexto de esquizofrenia política. Ou seja, o eleitorado, apesar de desprezar suas lideranças políticas, permanece votando nelas pela esperança de benefícios pessoais. e) Embora em seu texto aponte muitas falhas no modelo democrático e cidadão presente no Brasil, Carvalho não possui um olhar pessimista na medida em que apresenta a possibilidade de uma alteração estrutural no sistema brasileiro. Para isso, o autor acredita ser necessário o fim da associação do Estado a uma fonte única de direitos, bem como o surgimento de uma identidade coletiva para solucionar problemas como clientelismo. MUNCK Questão 22. Com base em sua leitura sobre Formação de Atores, Coordenação Social e Estratégia Política: Problemas Conceituais do Estudo dos Movimentos Sociais, de Gerardo L. Munck assinale a seguir a alternativa CORRETA. a) Os movimentos sociais, objetos de muita reflexão teórica, vêm tendo um importante papel na história recente e são entendidos, segundo o autor, como um tipo de ação coletiva orientada para a mudança em que uma coletividade de pessoas ou uma massa é dirigida de modo hierárquico por um ator social, para que dessa maneira, o movimento torne-se devidamente organizado para pôr em prática sua estratégia política. b) O autor apresenta duas correntes de análise dos movimentos sociais: a escola americana e a escola europeia, que enfatizam, respectivamente, as noções de identidade e estratégia. É exatamente por serem concorrentes, segundo o autor, que não podem ser utilizadas para um estudo mais profundo sobre os movimentos sociais, uma vez que são parciais e limitadas. Por isso a necessidade de criação de outra interpretação – proposta apresentada por Munck. c) Na análise dos movimentos sociais sobre a ótica da concepção americana, a tradição era a de analisar os obstáculos à participação na ação coletiva, ou seja, o ângulo de estudo era o da avaliação estratégica individual dos custos e benefícios da participação, o que levava o ator a superar o problema do “carona” para aderir a um movimento social, por exemplo. d) Na análise dos movimentos sociais sob a ótica da concepção europeia, a explicação é baseada em uma noção mais estrutural de identidade coletiva. Ao contrário do que fazem os analistas americanos, os teóricos europeus recusam a concepção de que os movimentos podem ser entendidos como grupos de atores estratégicos. A análise então se fundamenta inteiramente nas relações sociais e não nos atores. Assim, segundo essa corrente, a formação dos movimentos sociais seria um processo sem atores, em que a identidade de um movimento social se formaria no interior da estrutura de conflitos de uma determinada sociedade. e) Munck propõe uma teoria dos movimentos sociais baseada em três critérios: a formação de atores, a coordenação social e a estratégia política. A estratégia política é vista como meio para se concretizar a orientação dos indivíduos participantes para mudança. Sendo assim, ao orientar os fundadores ou organizadores do movimento a agir como atores estratégicos, a estratégia deve sobrepor-se à identidade inicial do movimento, para que dessa forma a luta pela concretização da mudança possa se fortalecer. Questão 23 De acordo com Munck, a maneira como um movimento social enfrenta o desafio suscitado por sua orientação para a mudança pode ser analisada nos termos de quatro grandes opções que resultam da combinação do grau de coerência da ação estratégica, do movimento social e sua identidade e objetivos, e a arena de manobras do movimento. Associe corretamente as colunas de acordo com as características dos movimentos em relação à sua arena de atuação e consistência de identidade e, em seguida, marque a alternativa correta decorrente da devida associação. COLUNA 1 I. ( ) ALTA consistência de identidade e atuação na arena SOCIAL II. ( ) ALTA consistência de identidade e atuação na arena POLÍTICO-INSTITUCIONAL III. ( ) BAIXA consistência de identidade e atuação da arena POLÍTICO-INSTITUCIONAL IV. ( ) BAIXA consistência de identidade e atuação na arena SOCIAL COLUNA 2 A. MOVIMENTO SOCIAL POLITICAMENTE ORIENTADO (estratégia ofensiva) B. FORÇA POLÍTICA POPULISTA (autonomia perdida) C. MOVIMENTO SOCIAL AUTOLIMITADO (estratégia defensiva) D. FORÇA SOCIAL FUNDAMENTALISTA (movimento voltado para si mesmo) ASSOCIAÇÃO/ORDEM CORRETA: a) I-A,II-C, III-D, IV-B b) I-A, II-D, III-C, IV-B c) I-C, II-A, III-B, IV-D d) I-C, II-D, III-A, IV-B Questão 24 Com base em sua leitura sobre Formação de Atores, Coordenação Social e Estratégia Política: Problemas Conceituais do Estudo dos Movimentos Sociais, de Gerardo L. Munck, julgue os itens a seguir em “verdadeiro” e “falso” e assinale a alternativa CORRETA. I. Para Munck, existem dois problemas importantes para a liderança de um movimento social: a coordenação social e a estratégia. Ao mesmo tempo em que há uma questão interna de manter os membros e conseguir mais aliados para compor o movimento, há uma questão externa de adotar medidas estratégicas frente à esfera político-institucional para a mudança. II. Para a teoria de síntese de Munck, existem somente duas questões analíticas que devem ser consideradas: a formação do autor e a estratégia política do movimento, junção entre as correntes americanas e europeias. III. De acordo com Munck, a coordenação social é uma questão que passa a ficar em segundo plano uma vez que em sua teoria a formação de atores já aborda esse quesito, como resultado da formulação de sua síntese. A formação dos fundadores do movimento já inclui como lidar com os novos membros e como manter os antigos de maneira não-hieráquica, já garantindo o desenvolvimento total do movimento. IV. Segundo Munck, o modelo ideal de movimento social seria o movimento autolimitado e antipolítico, uma vez que por forte consistência ideológica e forte atuação na esfera social, manteria firme suas pautas e convicções, sem se deixar levar pela política corrupta e das elites. V. De acordo com o autor, a relação entre movimentos sociais e democracia é importante para a teoria democrática uma vez que demonstra a insuficiência de compreender o funcionamento da democracia apenas do ponto de vista de instituições políticas. a) Há somente duas afirmativas verdadeiras. b) Há somente duas afirmativas falsas. c) Nenhuma afirmativa é verdadeira. d) Há somente três afirmativas verdadeiras.
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