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* * A economia brasileira nas últimas décadas: avanços e problemas Introdução a Economia 2/2011 * * Divisão do texto Introdução Antes de 1980: crescimento liderado pela Indústria Estímulos governamentais Investimento Externo Taxas de Investimento Poupança Pública e poupança externa Investimento do Governo Aspectos negativos e positivos Crise dos anos 1980 * * Divisão do texto Inflação e política anti-inflacionária A tradição inflácionária Teorias da Inflação e política anti-inflácionária O Plano Cruzado Outros planos Fim da alta inflação: o Plano Real Metas de Inflação 1990-2010: Mudança no setor externo Mudança para câmbio flutuante em 1999 Transações correntes Conta Financeira * * Divisão do texto O Estado na Economia Um novo papel para o Estado Problemas das Finanças Públicas Receitas Despesas Reformas Perspectivas * * 1.Introdução Evolução do PIB brasileiro contraste entre o vigoroso crescimento do período 1948-1980 e o ritmo muito inferior da expansão do produto, nos últimos trinta anos. * * Taxas médias de crescimento real do produto interno bruto, por períodos selecionados, 1948‑2010 * * Antes de 1980: poucas economias tiveram expansão comparável a do Brasil ao longo do século XX. 1968 a 1973: crescimento vigoroso do PIB (11,2 % ao ano, em média)→“milagre brasileiro” Não há consenso na literatura sobre causas do arrefecimento no crescimento do PIB brasileiro a partir de 1980. * * 2. Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria dinamismo da indústria: Expansão da produção industrial sempre superior à do produto global. Indústria também se diversificou de forma significativa. Produção manufatureira passou a incluir bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos, etc), produtos intermediários e bens de capital. Essa produção voltada para mercado interno (exportação de produtos industriais pouco expressiva até os anos 70) A queda no crescimento de 1980 a 2010 foi também puxada pela indústria (1,4% aa) * * 2.1. Estímulos governamentais O desenvolvimento da indústria nacional foi favorecido de várias formas por ações do Governo. Formas: barreira às importações (tarifas alfandegárias) Proteção dos fabricantes nacionais da concorrência de produtos estrangeiros. Até as primeiras décadas do século XX: constituíam a principal fonte de receita governamental → efeito protecionista era um subproduto do interesse do Governo em se financiar Objetivo deliberado de proteger a produção nacional foi-se impondo, inclusive pela pressão do setor industrial emergente. * * Uma doutrina protecionista (pensamento da CEPAL) países deveriam buscar diversificação de sua estrutura produtiva (desenvolvimento da indústria voltada para o mercado interno, em substituição às importações). Uma política de estímulo à industrialização poderia fazer com que os países latino-americanos se tornassem competitivos nesse setor; A proteção à indústria poderia ser vista, assim, como medida temporária; * * No Brasil, ideias cepalinas influenciaram... Plano de Metas (governo Kubitschek, entre 1955 e 1960) II PND (1973–1979) O estímulo à indústria não se restringiu à proteção tarifária: isenções de impostos, taxa cambial favorecida para importação de equipamentos, empréstimos de longo prazo, etc. Investimento direto do governo, por meio de estatais, em setores relevantes para o desenvolvimento industrial (produção de aço, extração e refino de petróleo, e produção e distribuição de energia elétrica). * * 2.2. Investimento externo Participação do capital externo como consequência das restrições à importação; diversas empresas internacionais estabeleceram ou ampliaram instalações produtivas no Brasil nesse período (ex: montadoras de veículos); Condições vigentes no mercado financeiro internacional favoreceram a tomada de empréstimos externos (final da década de 1970 a final da década de 1980)→ ↑ participação do capital estrangeiro no financiamento do investimento interno. * * 2.3. Taxas de investimento aumento da taxa no período de maior crescimento do PIB, a década de 1970. Números da coluna A da Tabela são enganosos (houve aumento dos preços relativos dos Bens de investimento) * * Por que aumentou o custo do investimento? Não há uma resposta clara. convergência de vários fatores: aumento da complexidade técnica de processos produtivos, fazendo subir a relação capital/produto; existência de oligopólios em alguns setores importantes da construção civil, como o de cimento, que teriam assim facilidades para aumentar seus preços. * * 2.4. Poupança pública e poupança externa cerca de um terço da poupança total proveio de recursos do governo ou do financiamento do exterior, nessa década Efeito “crowding out” dos gastos do governo * * 2.5. Os investimentos do Governo É provável que a redução no crescimento do produto nas últimas décadas se deva a redução dos investimentos governamentais tão presentes de1960 a ao início de 1980. * * Queda no investimento público parece ter sido parcialmente determinada pela necessidade de se reduzir gastos (crise nas finanças do governo, em 1980) na dificuldade de se reduzir gastos correntes acaba-se optando por cortar investimentos. * * 2.6. Aspectos positivos e negativos Positivos: “Modelo” de crescimento até1980, com participação importante do Governo, foi claramente bem-sucedido: altas taxas de crescimento do PIB Desenvolvimento de parque industrial dinâmico e diversificado. poucas economias tiveram ritmo de expansão equivalente. * * Negativos: Nenhuma melhora nos indicadores de distribuição da renda no período; Expressivo crescimento da renda per capita beneficiou relativamente pouco a maior parte da população. baixo nível de competitividade: perdas de eficiência; baixo estímulo à introdução de inovações (baixa concorrência) * * 3. A crise dos anos oitenta Anos 1970: ↑ do endividamento externo facilidade de obtenção de financiamento externo (petrodólares) Endividamento para financiar II PND(1974–79). Problemas... ↑ ↑ taxa de juros nos EUA (e no mercado financeiro internacional) a partir de 1978→ ↑custo da dívida brasileira; moratória da dívida externa do México (1982): → ↓↓oferta de crédito (impede renovação de empréstimos) Para piorar: receita de impostos do governo vinha se reduzindo pelo efeito da inflação. * * 1980: ↑↑gastos correntes demandas sociais represadas nos anos do regime militar se manifestaram com grande força após a redemocratização, em 1985. Dificuldades fiscais:↓ capacidade do Governo de estimular e subsidiar setores produtivos e aportar recursos às estatais. Ganha força a idéia de um processo de privatização dessas empresas. um modelo de crescimento econômico voltado para dentro se tornava inviável com o ↑integração da economia mundial Choque entre barreiras a importações e crescente demanda por produtos tecnologicamente sofisticados * * ↑serviço da dívida externa→ necessidade de ↑ saldos da BC. ↑ abertura da economia brasileira ao comércio exterior. ↓ barreiras protecionistas (pressão internacional) rompimento com longa tradição de protecionismo à indústria instalada no País: ínicio do governo Collor, 1990. ↓ participação do Estado na economia como produtor (início do processo de privatização). * * 4. Inflação e política anti-inflacionária * * 4.1. A tradição inflacionária Brasil tem longa experiência inflacionária. Primeiras décadas do séc XX: 5% ao ano. Na década de 1940: % de aumento anual de preços atinge dois algarismos. Tendência geral de crescimento constante dos índices inflacionários, até os valores superiores a 2.000% por ano, (início dos anos 1990). interrupção na aceleração inflacionária: de1964 - início dos anos 1970 (tendência de queda da inflação) * * 4.2. Teorias de inflação e política anti-inflacionária 1) Monetarismo e estruturalismo Monetarismo na prática: Roberto Campos Redução gradualista Uma reforma tributária introdução de correção monetária nos títulos públicos, grande compressão de salários: ↓custos Política obteve sucesso: inflação cai de 89,5% (1964) para 16,3% (1970) Houve ↓do crescimento econômico, mas pequena e curta (expansão foi retomada em 1966, e especialmente em 1968–1973) Resultado reforçou a idéia de que as causas da inflação, e as políticas para combatê-la, eram basicamente as apontadas pelos monetaristas. * * 2) A inércia inflacionária preços voltaram a subir no início da década de 1970 Choque do Petróleo: gera ↑ custos Mas será que era só um problema de custos? Forte inflação simultânea a forte contração no PIB A inflação resistia a queda dramática na renda e na demanda →contradiz explicação monetarista. * * a inflação teria um componente estrutural, mas de natureza inteiramente diferente da defendida pelos antigos estruturalistas. Haveria uma inércia inflacionária, fazendo com que o nível de inflação observado num período tendesse a repetir-se nos períodos seguintes, mesmo na ausência de outros fatores de elevação de preços. * * Um elemento dessa repetição era a correção monetária. Indexação generalizada: aluguéis, prestações, salários, tudo passou a ser corrigido periodicamente pela inflação. Indexação formal e informal da economia. Nessas circunstâncias, a inflação passada tende a influenciar a inflação futura. “cultura inflacionária”: como preços são sempre reajustados periodicamente, todos agiam procurando também reajustar periodicamente seus próprios preços e salários, no intuito de evitar perdas reais. a escalada de patamares: dados confirmam validade da teoria. * * 4.3. O Plano Cruzado (Fev/1986) hipótese: problema central da inflação era o componente inercial. Solução: “choque heterodoxo”. Objetivos: fim da indexação formal; Criação de nova unidade monetária, o cruzado, substituindo o cruzeiro conversão dos salários em cruzados pela média real dos últimos seis meses (p/ tornar desnecessária a indexação salarial) congelamento dos preços (p/ romper prática de reajustes periódicos) * * Resultados: efetivos, mas efêmeros (supera marca inédita de 20% ao mês no 1º semestre de 1987) Culpa pelo fracasso: plano provocou choque de demanda. * * 4.4. Outros planos Bresser (1987) Verão (1989) Collor (1990) Collor-II (1991) Foram uma mistura variada de ações de contenção de demanda com tentativas de desindexação da economia. Efeitos dos planos foram cada vez menos duradouros * * * * 4.5. Fim da alta inflação: o Plano Real inflação não era apenas inercial. Ajuste fiscal →principal condição para fim da inflação O que se havia aprendido com o fracasso dos outros planos? política anti-inflacionária, para ser bem-sucedida, deveria atacar em várias frentes. ações voltadas à eliminação da inércia inflacionária medidas tradicionais de controle monetário disciplina fiscal (p/ controlar demanda agregada) situação confortável do BP brasileiro contribuiu para sucesso * * 2 principais ações Promover ajuste fiscal Medidas: PAI (ajuste das contas do setor público) e FSE (dar flexibilidade ao orçamento) Conquistar confiança do público * * Elementos principais do Plano Real: a) eliminação da indexação formal; b) criação de uma unidade de conta, a URV (pré-moeda) c) conversão dos salários em URVs pela média real dos 4 meses anteriores d) novos contratos estabelecidos em URVs (vigentes poderiam ser convertidos nessa por negociação entre partes envolvidas) Objetivo de (b) e (d): promover a passagem de uma moeda “velha”, que se deteriorava diariamente, para uma moeda “nova”, imune a essa deterioração → eliminar a “cultura inflacionária” indução para passagem e espaço para negociação. * * Superioridade do uso da URV como mecanismo de coordenação: possibilidade de minimizar as perdas com a conversão, via negociação, e portanto maximizar a probabilidade de sua aceitação, e do sucesso do plano. Sucesso do Plano (gráfico). * * * * 4.6. Política monetárias nas últimas décadas: Metas de inflação Início: 1999 CMN fixa metas para inflação com antecipação Fixação da SELIC pelo COPOM para atingir meta Altos juros no Brasil * * 5. Décadas de 1990 e 2000: mudanças no setor externo Início anos 1980: incentivo à exportações para gerar divisas para pagamento da dívida externa Maxidesvalorização de 1983 Início anos 1990:Plano Brady ↑influxo capitais estrangeiros nessa década Favorece âncora cambial do plano Real 1995-1999: ↑ importações e IED * * 5.1. Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 Pós 1994: sucessão de crises financeiras internacionais Crise no BP gerada por saída maciça de capitais do país Brasil aumenta taxa de juros para atrair capitais ↓reservas internacionais até que regime de câmbio fixo se torna insustentável → câmbio se torna flutuante * * Principais contas do balanço de pagamentos por períodos selecionados 1970‑2010 * * Investimento estrangeiro direto, por períodos selecionados 1970‑2010 (US$b) * * 5.2. A conta de transações correntes BC: expansão nas exportações em 2000 (produtos básicos da pauta de exportações) por conta do aumento da demanda chinesa Mudança no padrão das exportações? BSR: ↑remessas de Lucros e Dividendos * * 5.3. A conta financeira Investimentos em carteira cresceram bem mais que os investimentos diretos: juros altos e tendência de valorização no mercado de ações. Governo introduz medidas p/ tentar reduzir esse fluxo (e diminuir a pressão no sentido da valorização do real) * * 6. O estado na economia: mudanças e problemas Crise fiscal (1980): grande participação do governo na economia tem seus custos Anos 1990: tendência a redução do papel do Estado: Privatizações O Estado como regulador: pós privatizações Agências reguladoras * * 6.2. Problemas das finanças públicas Resultado nominal: diferença entre as receitas e despesas do setor público, abrangendo as esferas federal, estadual e municipal, inclusive empresas estatais. Resultado primário: exclui os pagamentos de juros da dívida pública; superávit primário: é a economia que o Governo faz para cobrir os compromissos de seu endividamento. Governo tem obtido, nos últimos anos, superávits primários da ordem de 3,3 % do PIB, em média * * Déficit nominal e primário do setor público como proporção do pib, 2003-2009 * * O déficit nominal: é coberto pelo lançamento de títulos públicos; déficits persistentes levam a um aumento do endividamento. * * 6.3. O lado das receitas Aumento do endividamento apesar do aumento nas receitas Alta carga tributária brasileira Críticas quanto à estrutura tributária * * 6.4. O lado das despesas gastos sociais: absorvem 70% das receitas da União Maiores gastos: previdência social →déficit dobrou em 10 anos: de 2% em 1996 para 4% do PIB em 2006. * * 6.5. Reformas nas finanças públicas Reforma tributária Resistência política: ninguém quer arriscar perder arrecadação Diminuição dos gastos públicos Aumento da eficiência da despesa pública Reforma do sistema previdenciário * * 7. Perspectivas Avanços: controle da inflação expansão das exportações atração de capitais externos Redução da pobreza e desigualdade Obstáculos: Baixo nível de investimento e poupança carga tributária em desproporção com os serviços prestados pelo Governo; um sistema educacional deficiente; grandes desigualdades ainda presentes. Questão das relações de trabalho Mudanças necessárias para novo período de crescimento, com maior justiça social. *
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