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O Minimalismo

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O Minimalismo 
 
O Minimalismo foi atacado por ser mecanicista e destituído de qualquer 
luta ou busca criativa, pedante, autorreferente e uma negação do mundo vital. 
Acusavam o Minimalismo de fraude e a sua incompreensão passa pelo fato de 
pessoas não considerarem fileiras de materiais industriais como arte. Nesse 
sentido, há também um precedente nos ready-mades de Marcel Duchamp, que 
desafiaram o prestígio em nosso pensamento estético da nossa noção de 
trabalho como ingrediente essencial em arte. Ao propor um urinol ou um porta-
garrafas como arte, ele tinha minimizado o papel da mão e o valor da perícia do 
artista. Ele atribuiu valor estético (mesmo sem desejar) a objetos funcionais por 
uma simples escolha mental e não através de qualquer exercício de habilidade 
manual, baseando a produção de arte em outros termos que não o arranjo 
arbitrário e apurado de novas formas. Quando os minimalistas elegem o módulo 
é porque ele não é uma questão de gosto e impede qualquer arranjo formal 
arbitrário e apurado. Nesse sentido, Moholy-Nagy foi o primeiro artista a 
executar uma série de pinturas por instruções telefônicas, mas para Judd isso já 
é natural e Flavin prefere que seu próprio trabalho seja executado por 
especialistas. 
Críticos modernistas como Clement Greenberg e Michel Fried não 
aprovaram esses trabalhos, já que segundo suas teorias, o desenvolvimento da 
arte tinha sido relativamente contínuo desde Manet, baseado na separação das 
artes entre si, ou seja, cada uma tinha se desenvolvido autonomamente. Por 
exemplo, a pintura tinha desenvolvido sua planaridade e tornado-se abstrata 
(sem dar a ilusão de volume) e a escultura desenvolveu-se no sentido de 
explorar os volumes. Já o Minimalismo apareceu por vezes misturado como 
outras diferentes formas de arte, como o teatro e a dança, como nas 
performances de Morris para o Living Theatre, em Nova York, que envolveram 
trabalhos minimalistas. 
Os textos que os próprios artistas escreveram, reconheciam a presença de 
trabalhos que não eram nem pinturas nem esculturas. 
O texto “Specif Objects” (Objetos Específicos) de Donald Judd, de 1965, é 
uma espécie de manifesto do Minimalismo e mostra que as fronteiras entre a 
pintura e a escultura estavam ameaçadas pelo objeto minimalista (“A escultura 
morreu e começaram os objetos”) e que o ready-made e a pintura 
monocromática eram fatos estabelecidos pela arte. Também Robert Morris fala 
em “novos trabalhos tridimensionais” em seus marcantes textos da série “Notes 
on Sculpture”. 
 
O Minimalismo esperava dar uma nova interpretação à escultura. Um dos 
principais teóricos foi Donald Judd. Começou como pintor e pretendia eliminar a 
relação figura e fundo que, para ele, somente Yves Klein havia conseguido em 
suas pinturas azuis (monocromáticas). Como ele não queria continuar 
produzindo pinturas monocromáticas, passou a combinar pinturas e relevos, mas 
na fase madura fez peças totalmente tridimensionais para chão e parede, sempre 
sem título, dificultando sua identificação. 
Enfrentou o problema do ilusionismo, à sua maneira, ressaltando o espaço 
real como mais poderoso e específico que o espaço representado. Assim 
designou seus trabalhos de “Objetos Específicos”. Seus trabalhos simples 
 
 
 
 
 
 
 
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realizaram seu objetivo de redefinir os termos para a produção de esculturas: as 
formas são reunidas e montadas e não modeladas, esculpidas ou soldadas. Não 
há adesivos ou juntas, nenhuma base ou pedestal, de modo que a obra pode ser 
desmantelada, empilhada e armazenada. Cada escultura compõe-se de um 
simples arranjo de unidades idênticas e intercambiáveis, dispostas de maneira 
repetitiva como uma cadeia ilimitada. Por vezes suas caixas ficam dispostas 
como uma pilastra na parede, de modo que essa parede, o piso e o teto tornam-
se parte da experiência escultórica. As superfícies vão do opaco ao translúcido e 
reflexivo, mas sempre usando o módulo como princípio ordenador, eliminando a 
necessidade de composição relacional (todas as partes são iguais), abolindo a 
tomada de decisão momento a momento e as remodelações que dependem do 
capricho arbitrário do artista. A composição passa a depender de repetição e 
continuidade (fatores mais previsíveis) 
Morris, também interessado pelo “estado de não representação”, e pela 
eliminação da dualidade representacional figura e fundo, optou por formas 
unitárias e autônomas (“noção de todos autossuficientes”). Evitou a divisibilidade 
e pintava suas peças de cinza porque acreditava que a cor não tem lugar na 
escultura. Quando repetiu formas (suas vigas em L), colocou-as em diferentes 
posições, mostrando como podemos ter diferentes percepções de uma mesma 
forma. 
Ele e Judd empenhavam-se em que a obra fosse percebida como “uma” 
(percebida como um todo). Por exemplo, as peças de Judd só podem ser vistas 
frontalmente e as de Morris, de chão, não tem um sentido fixo de frente, fundos 
ou lados. A composição é um fator menos importante do que a escala, a luz, a 
cor, superfície ou formato, ou a relação com o meio ambiente. Nas obras de 
Flavin, as esculturas em néon difundem uma irridescência impalpável nas 
paredes circundantes, convertendo o meio ambiente em campo pictórico. 
O Minimalismo tornou-se uma das estéticas mais influentes e inflexíveis de 
nossa época, influenciando outras áreas como pintura, música (com estrutura 
modular, ou seja, “baseada na repetição de elementos mínimos e na mudança 
gradual de pequenos motivos ao longo de diferentes fases”), e dança. Yvonne 
Rainer incorporou em seus métodos coreográficos movimentos fundamentais 
(andar, correr), práticos concretos e até banais, executados de maneira neutra e 
não expressiva. 
A linguagem autossuficiente da trama, com sua indiferença por valores 
morais, sociais e filosóficos, suas propostas axiomáticas, seus hábitos mecânicos 
desenvolvidos no próprio lugar onde existia liberdade e seu significado, rodeado 
por uma rede de formas convencionais, ainda não foram totalmente 
compreendidos. Morris atuou simultaneamente como artista conceitual e Stella 
deixou a austeridade minimalista. Já Judd, Flavin e André, continuam mantendo 
uma certa integridade estilística e renovam sua arte sem perder o significado 
estável de sua iniciativa.

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