Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROCEDIMENTOS E EVIDÊNCIAS EM UMIDIFICAÇÃO E AEROSSOLTERAPIA Dra. Laís Lemos Fisioterapeuta CREFITO 256570-F AEROSSOLTERAPIA É a admissão de pequenas partículas de agua em oxigênio ou ar comprimido, com ou sem medicação nas vias aéreas. O uso de medicações por via inalatória tem como vantagem a possibilidade do tratamento pulmonar seletivo, disponibilizando uma concentração elevada da medicação nas vias aéreas, permitindo um início de ação rápido, com poucos efeitos adversos sistêmicos. Finalidade: I. Alívio de Processos inflamatórios, congestivos e obstrutivos II. Umidificação – para tratar ou evitar desidratação excessiva da mucosa das VA III. Fluidificação – para facilitar a remoção das secreções viscosas e densas IV. Administração de mucolíticos – para obter a atenuação ou resolução de espasmos brônquicos V. Administração de Corticosteróides – ação anti-inflamatória e anti-exsudativa VI. Administração de Agentes anti-espumantes – nos casos de edema agudo de pulmão PRESCRIÇÃO DE AEROSSOLTERAPIA GERAÇÃO DE AEROSSÓIS Existem vários dispositivos geradores de aerossóis, e a escolha do mais adequado depende da análise de vários aspectos, incluindo a melhor relação custo- -benefício, bem como fatores relacionados ao paciente e aos medicamentos. Sempre que possível, está indicado usar apenas um tipo de dispositivo, visando facilitar a compreensão e a adesão do paciente. Independente do dispositivo, é de fundamental importância a verificação técnica e a reorientação periódica do uso correto do medicamento. NEBULIZADORES • Existem dois mecanismos principais: nebulização a jato ou nebulização ultrassônica. Com o intuito de aumentar o grau de deposição do medicamento pulmonar. • No nebulizador a jato, é utilizada a passagem de corrente de gás comprimido com o intuito de gerar partículas o suficientemente pequenas para serem inaladas. • Os nebulizadores ultrassônicos promovem a geração de aerossóis por meio da vibração de cristais. Alguns aparelhos apresentam grande volume residual, promovendo perda de medicação. AEROSSÓIS DOSIMETRADOS • São dispositivos portáteis e compactos, cuja vantagem é dispensar o preparo da medicação com uma redução significativa do tempo de administração do tratamento. • vantagens: duração mais longa do jato, o que reduz a impactação inercial e promove maior deposição pulmonar; e aumento da temperatura do spray, reduzindo o efeito cold freon, responsável por imprimir uma desagradável sensação de resfriamento abrupto das vias aéreas, com a interrupção involuntária da inspiração, em certas ocasiões, durante o uso do inalador. • Antes do uso, o dispositivo deve ser agitado, com o objetivo de dispersar o propelente e manter a droga em suspensão. • Os espaçadores são tubos interpostos entre o aerossol e a boca do paciente, podendo ser industrializados ou artesanais. • Os espaçadores foram desenvolvidos com o objetivo de se evitar possíveis erros na técnica de administração de um aerossol dosimetrado em pacientes com dificuldades de coordenação entre a atuação do inalador e a inspiração INALADORES DE PÓ SECO • A droga para aspiração é apresentada em pó, dentro de cápsulas, ou diretamente em dispositivos, como, por exemplo, Diskus ou Turbuhaler. • São pequenos e portáteis, e a maioria dos dispositivos contém medidores de dose, mas dependem de inspiração rápida e intensa. • No caso de fluxo inspiratório insuficiente, pode ocorrer uma elevada deposição do medicamento na boca e na faringe do paciente. TERAPIA INALATÓRIA EM VM • Pacientes com doenças pulmonares obstrutivas, como DPOC e asma brônquica, frequentemente necessitam de suporte ventilatório com ventilação mecânica (VM) invasiva ou não invasiva (VNI), dependendo da gravidade da exacerbação. • Muitos desses pacientes apresentam aumento da resistência das vias aéreas, com consequente obstrução ao fluxo expiratório, o que resulta em um aumento da PEEP, gerando auto-PEEP, fenômeno também conhecido como hiperinsuflação dinâmica. Desta maneira, o uso da VM com pressão positiva pode aliviar a disfunção ventilatória, melhorando o desfecho nos pacientes descompensados. • O uso de broncodilatadores inalatórios pode reduzir significativamente a resistência das vias aéreas, contribuindo para a melhora da mecânica respiratória e da sincronia do paciente com o respirador. • Os agonistas beta-adrenérgicos e as drogas anticolinérgicas são os broncodilatadores inalatórios mais usados em UTIs. Muitos fatores podem influenciar no efeito das drogas broncodilatadoras, entre eles o modo ventilatório, a posição do espaçador no circuito, o tamanho do tubo, a formulação/dose da droga, a gravidade da doença e a sincronia do paciente. TERAPIA INALATÓRIA EM VM • Acredita-se que as drogas administradas durante a VM têm benefício menor do que nos pacientes em ventilação espontânea. • Em um estudo antigo, apenas 2,9% da dose administrada alcançava a via aérea distal, comparado com 11,9% quando a administração ocorria sem via aérea artificial, o que pode ser justificado por uma perda substancial da droga pelo fluxo turbilhonado causado pela presença da prótese respiratória. • Entretanto, alguns cuidados a serem observados no momento da administração da droga podem melhorar a distribuição do fármaco,(4) conforme demonstrado no Quadro 1. TERAPIA INALATÓRIA EM VM TERAPIA INALATÓRIA EM VM • Em pacientes em VM, as drogas broncodilatadoras podem ser ofertadas através de nebulizadores que usam ar comprimido, nebulizadores ultrassônicos ou inaladores pressurizados. • Quando se utilizam nebulizadores de ar comprimido, a compressão do gás cria partículas de aerossol que são ofertadas com o volume de ar corrente. Essa técnica, necessariamente, aumenta o volume de ar corrente ofertado ao paciente em cada ciclo inspiratório. • Já os nebulizadores ultrassônicos, disponíveis em alguns respiradores, aerolizam o líquido através de vibrações de alta frequência e não aumentam o volume de ar corrente do paciente durante a inspiração. • Até o presente momento, não foi demonstrada uma diferença clínica entre o uso de um ou de outro tipo de nebulizador. Os nebulizadores convencionais têm como potenciais desvantagens a necessidade de fonte de fluxo externa ao respirador, necessidade de instalação do equipamento e de rigorosa higienização. Já os nebulizadores ultrassônicos podem proporcionar uma maior taxa de nebulização em menor tempo; porém, têm disponibilidade restrita pelo maior custo. TERAPIA INALATÓRIA EM VM • Os resultados dos estudos são também inconsistentes sobre as diferenças clínicas entre uso de nebulização ou de inaladores pressurizados. A eficiência da droga administrada por inaladores pressurizados depende especialmente da adaptação do tubo ao circuito do respirador. • Para a administração de broncodilatadores por esse dispositivo, é fundamental a presença de espaçador, que pode aumentar de quatro a seis vezes a deposição do aerossol nas vias aéreas. TERAPIA INALATÓRIA EM VM Múltiplos são os fatores que influenciam a eficácia dos broncodilatadores quando administrados em VM. : • Mesmo em pacientes dependentes de VM, prefere-se a posição com a cabeceira elevada para a administração do broncodilatador, uma vez que a posição sentada melhora a oferta da medicação. • O aquecimento e a umidificação do ar inspirado são elementos necessários durante o suporte ventilatório pela redução do risco de pneumonia associada à VM. Entretanto, é importante lembrar que essas propriedades aumentam o impacto das partículas no circuito ventilatório, reduzindo em até 40% a deposição do aerossol nas vias aéreas mais distais. TERAPIA INALATÓRIA EM VM Válvula unidirecional e o gerador de partículas inaladasdeve ficar posicionado a uma distância de 20 a 30 cm do tubo endotraqueal, entre o tubo e o Y do circuito. Isso porque a via inspiratória do circuito respiratório funciona como um reservatório do aerossol durante a fase expiratória. TERAPIA INALATÓRIA EM VM TERAPIA INALATÓRIA EM VM • A sincronização da geração do aerossol com o início do fluxo inspiratório aumenta a taxa de deposição pulmonar em até 30%, quando comparada com a liberação não sincronizada. • Os parâmetros respiratórios também são importantes na oferta da medicação inalada. Um volume de ar corrente mínimo de 500 ml, além de tempo inspiratório maior e de fluxo inspiratório baixo (30 a 50 l/min) são recomendados para otimizar a distribuição pulmonar da droga. • Fluxos altos e turbulentos podem levar a um maior impacto das partículas, levando a maior deposição dessas nas vias aéreas proximais. TERAPIA BRONCODILATADORA DURANTE VNI • Diante da evidência científica para o uso de VNI em pacientes com DPOC ou asma, torna-se obrigatório o estudo da administração de broncodilatadores durante a VNI. • Atualmente, na prática diária, para o uso de broncodilatadores em pacientes em VNI, a máscara é removida e a medicação é inalada como habitualmente (nebulização ou IP) ou o dispositivo é adaptado à máscara ou ao circuito do respirador. Até o presente momento, não há disponibilidade de sistemas específicos para o uso de terapia inalatória em VNI. MEDICAÇÕES Berotec: Antiasmático e broncodilatador, age sobre os receptores B-2 adrenégicos da musculatura brônquica promovendo efeito de broncoespasmolítico rápido e de longa duração; tem como efeitos colaterais tremores de dedos, inquietação e palpitação. Fluimicil: Mucolítico – Estimula a secreção de surfactante e transporte mucociliar, pode causar broncoconstrição; MEDICAÇÕES Atrovent: Atua como broncodilatador, o efeito deste medicamento inicia-se dentro de poucos minutos após a inalação e dura em média de 5 a 6 horas. Seretide: atua, nas doenças dos brônquios, como dilatador de longa duração e como anti-inflamatório.Seus efeitos duram aproximadamente 12 horas. UMIDIFICAÇÃO • A umidificação é definifa como um processo terapêutico que distribui agua na forma molecular de vapor, associado ou não a medicamentos nas vias aéreas para alivio de processos inflamatórios, congestivos e obstrutivos. • É essencial assegurar a integridade das vias aéreas através da umidificação e aquecimento dos gases medicinais em pacientes que necessitam da utilização da ventilação mecânica invasiva (VMI), seja ela realizada através de tubo orotraqueal ou traqueostomia. UMIDIFICAÇÃO • Umidificadores aquecidos: têm como princípio básico fazer passar o gás seco e frio através de uma câmara preenchida parcialmente com água aquecida onde, através da evaporação, o vapor d´água é misturado ao gás, elevando sua temperatura e umidade. Seu uso deve, porém, ser controlado, o uso incorreto do mesmo pode causar aquecimento e umidificação excessivos ou insuficientes, podendo levar a hipertermia ou hipotermia, lesão térmica de via aérea ou pouca fluidificação da secreção. UMIDIFICAÇÃO • HMEs (heat and moisture exchangers- trocadores de calor): São colocados entre o tudo endotraqueal e a peça Y do ventilador mecânico. São umidificadores de ação passiva, que basicamente retêm a umidade e o calor durante a expiração do paciente e então os liberam para o ar seco inspirado, retornando o aquecimento e a umidade para as vias aéreas do paciente. São dispositivos que combinam propriedades de umidificação com propriedades de retenção bacterianas através de membranas que, desta forma, protegem pacientes mecanicamente ventilados. UMIDIFICAÇÃO Podemos dividir os HMEs em três categorias: os higroscópios, os hidrofóbicos e os mistos I. HME higroscópico - Durante a expiração ocorrem condensação e retenção da água aquecida no elemento higroscópico e durante a inspiração o gás é umidificado e aquecido com a água previamente retida. UMIDIFICAÇÃO II. HMEs hidrofóbicos apresentam uma superfície recoberta por material repelente a água, que ao invés de absorvê-la, impede sua passagem para o meio externo; o gás inspirado é umidificado e aquecido com a água retida, durante a expiração, na superfície interna do filtro. UMIDIFICAÇÃO III. HMEs mistos (hidrofóbicos e higroscópicos) apresentam tanto a propriedade de filtro contra bactérias como satisfatória capacidade de umidificação. UMIDIFICAÇÃO • A umidificação durante a ventilação mecânica invasiva é obrigatória e pode ser realizada por ambos dispositivos, UAq ou HME, desde que observadas as contraindicações. • Um dos maiores riscos da baixa umidificação é a oclusão do tubo endotraqueal por ressecamento da secreção traqueal. • Diversos estudos têm sido realizados avaliando a utilização dos dispositivos de umidificação e a incidência de pneumonia associada à ventilação (PAV). Foi observado maior incidência de PAV relacionada ao uso do Umidificadores aquecidos ao uso do HME; no entanto, vários outros estudos sugerem que o método de umidificação não interfere na incidência da PAV. UMIDIFICAÇÃO • Quando se usa ventilação não invasiva (VNI), onde a pressão positiva é fornecida através de máscaras ajustadas ao rosto dos pacientes, a função de umidificação das vias aéreas superiores está preservada, não sendo obrigatória a utilização de umidificação externa. • Porém, da mesma forma que ocorre nos pacientes intubados, o ar utilizado durante a VNI é seco e pode causar desconforto nas vias aéreas de alguns pacientes. • Segundo LELLOUCHE et al. (2002), ao usar a VNI também deve haver a preocupação em realizar adequada umidificação dos gases. REFERÊNCIAS • Parente AAAI, Maia PN . Aerossolterapia. Pulmão RJ 2013;22(3):14-19. Acesso em 07 de Agosto de 2018. <http://www.sopterj.com.br/wp- content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2013/n_03/05.pdf> • Maccari, Juçara Gasparetto; et al. Terapia inalatória em ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2015;41(5):467-472. Acesso em 07 de Agosto de 2018 <http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v41n5/pt_1806-3713-jbpneu-41-05-00467.pdf> • Terabe DSM. Umidificação das vias aéreas em UTI: como uma padronização de atendimento altera o uso dos umidificadores. São Paulo; 2006. [Dissertação de Mestrado-Fundação Antônio Prudente]. Acesso em 07 de Agosto de 2018 <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp025356.pdf> • Nyssen, Samantha Maria. Comparativo entre os sistemas de umidificação e aquecimento: HME e Umidificador Aquecido na ventilação mecânica. Ribeirão Preto, 2010. [Monografia apresentada ao Programa de Aprimoramento Profissional/CRH/SES-SP e FUNDAP, elaborada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP/ Departamento de Cirurgia e Anatomia]. Acesso em 07 de Agosto de 2018 <file:///C:/Users/Cliente/Downloads/PAP_Nyssen-Samantha-M%C2%AA_2010.pdf>
Compartilhar