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Apostila Patologia Clinica/ Ana Raquel / Veterinária/UFPEL 2021.

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Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Didático 
Patologia Clínica Veterinária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carmen Lucia Garcez Ribeiro 
 
 
 
2009 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
FACULDADE DE VETERINÁRIA 
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA VETERINÁRIA 
DISCIPLINA DE PATOLOGIA CLÍNICA 
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 2 
 COLHEITA, CONSERVAÇÃO E REMESSA DE MATERIAL PARA EXAMES 
LABORATORIAIS 
 
1. Introdução: 
A Medicina Veterinária expande os recursos e aprimora constantemente técnicas para 
realização de exames laboratoriais, tornando mais acessível, prático e econômicos o uso de 
meios auxiliares de diagnóstico na rotina profissional. 
O Médico Veterinário ao chegar à região onde irá desenvolver suas atividades 
profissionais deve procurar informar-se sobre o serviço de apoio que poderá dispor tanto na 
área de diagnósticos veterinários, quanto do(s) laboratório(s) de análises clínicas da cidade, 
visitando os laboratórios. 
Os laboratórios da área veterinária geralmente pertencem a instituições de ensino ou 
pesquisa estaduais ou federais, sendo necessário receber informações dos serviços 
disponíveis, áreas de atuação (patologia, bacteriologia, virologia, toxicologia,...), técnicas 
utilizadas, tipos de amostras e conservação das mesmas para os diferentes tipos de técnicas, 
meios de transporte mais rápidos e eficientes, além de conhecer e manter contato com os 
profissionais dessas instituições contando com seu apoio quando necessário. Os laboratórios 
de análises clínicas principalmente em cidades do interior, trabalham na sua maioria para 
medicina humana, cabendo ao Veterinário informar-se do tipo de equipamentos disponíveis 
para realização do hemograma, pois a maioria dos contadores são ajustados ao tamanho dos 
eritrócitos humanos inviabilizando a sua utilização para a maioria das espécies domésticas, 
exceto a canina. Como os eritrócitos de quase todas as espécies animais, são menores que os 
humanos a cada amostra deveria ser calibrado o aparelho. Nesses casos o médico veterinário 
deve solicitar a hemocitometria manual em câmara de Neubauer, e o microhematócrito(mais 
preciso que a avaliação anterior). 
 O contato prévio com os laboratórios facilita a conduta do profissional para acessar esses 
recursos, abre um canal de discussão com outros profissionais especialistas em diferentes 
áreas, padroniza o tipo de recipiente, conservantes e outras variáveis em conformidade com 
as normas e orientações técnicas de cada laboratório. 
O exame mais confiável, realizado em laboratório extremamente adequado e 
modernamente equipado, conduzido por profissionais excepcionalmente qualificados e 
interpretado pelos mais conceituados especialistas não supera o erro causado por uma 
técnica de coleta, tratamento ou conservação não apropriada da amostra. 
 É fundamental que o profissional adote algumas medidas que passarão a ser rotina, 
iniciando pela preparação do paciente, passando pela coleta, manuseio, conservação e remessa 
da amostra ao laboratório. O Veterinário deve, portanto padronizar a coleta de amostras 
minimizando o máximo possível as variáveis que possam interferir nos resultados. 
2. Variáveis relacionadas ao paciente: 
Alguns fatores relacionados ao paciente podem influenciar o resultado dos exames 
laboratoriais, e devem ser levados em consideração no momento da coleta da amostra, ou 
quando impossível evita-los serem considerados ao interpretar os resultados, são eles: 
2.1. exercício- 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 3 
O animal submetido a exercício físico pode ter seus parâmetros hematológicos totalmente 
alterados. Amostras colhidas nessas condições apresentarão hematócrito elevado, sobretudo 
naqueles animais que apresentarem elevada resposta esplênica. Também ocorre elevação na 
contagem total de leucócitos, devido ao fluxo sangüíneo acelerado e a liberação dos 
hormônios de estresse. Essas são alterações que voltam a normalidade alguns minutos ou 
horas após a realização de exercício. Quando a atividade física excessiva for prolongada 
poderá causar elevação de enzimas resultantes da atividade muscular (creatinaquinase-CK, 
aspartato-aminotansferase-AST e lactato desidrogenase-LD). 
 
2.2. estresse emocional- 
Animais que saem do ambiente familiar e são levados para local estranho comumente ficam 
estressados, determinando alterações sistêmicas. O mesmo pode ocorrer com alguns animais 
quando são levados ao veterinário, nesses casos pode ocorrer liberação de epinefrina, que 
determina elevação da glicose sangüínea e aumento no número de leucócitos circulantes 
(leucocitose), no gato principalmente pela elevação do número de linfócitos (linfocitose) e nas 
demais espécies devido a migração ou recirculação de leucócitos, principalmente neutrófilos, 
do compartimento vascular marginal para o circulante (neutrofilia). Se houver liberação de 
glicocorticóides endógenos ocorrerá neutrofilia pelo aumento de neutrófilos segmentados, 
linfopenia e eosinopenia, o que caracteriza o que podemos denominar de “leucograma de 
estresse”. 
2.3. dieta- 
Os animais devem ser submetidos a jejum de 8 a 10 horas prévio a coleta de amostra de 
sangue, caso contrário podem apresentar taxas de glicose e colesterol elevados, interferindo 
em outros testes. Animais monogástricos podem apresentar lipemia pós-prandial que 
predispõe a hemólise “in vitro”, alterando resultados do eritrograma, bem como elevando 
AST e LD séricas. 
2.4. drogas- 
O uso de algumas drogas pode interferir nos resultados de exames laboratoriais. A 
tetraciclina interfere na determinação da glicose sérica, enquanto o ácido ascórbico quando 
administrado ou produzido endogenamente (cão), pode influenciar os testes de glicose e 
nitrato do exame químico da urina. A administração terapêutica de glicocorticóides altera a 
atividade fisiológica do paciente, aumentando a contagem total e diferencial de leucócitos, 
podendo em cães aumentar a atividade hepática elevando fosfatase alcalina(ALP) e alanina 
aminotransferase(ALT). Já a administração de insulina diminui as concentrações séricas de 
glicose, fosfato e potássio. A padronização do procedimento de colheita é indispensável e 
própria de cada clínica e/ou profissional minimizando fatores externos que possam interferir 
nos resultados das análises laboratoriais, mantendo o animal em ambiente tranqüilo, o menos 
estressado possível, preservando as condições de jejum , quando possível e necessário,antes 
de adotar qualquer medida terapêutica (salvo casos de monitoramento da eficácia 
terapêutica), etc. Essas atitudes são de plena responsabilidade do Médico Veterinário, que 
deve estar consciente de todas as conseqüentes alterações e repercussão de suas atitudes 
no resultado final e confiabilidade dos exames laboratoriais. 
3. Variáveis relacionadas à amostra: 
Conforme os exames solicitados devem-se proceder à coleta do material biológico adequado. 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 4 
3.1 Amostras de sangue total 
3.1.1 Amostras de sangue total contendo anticoagulante- 
São usadas para confecção de esfregaços e pesquisa de hemoparasitas, além da realização do 
hemograma no máximo até 24 horas após coleta, quando conservadas sob refrigeração. 
Anticoagulante e indicações: Amostras de sangue total poderão ser colhidas em tubos com o 
anticoagulante fornecido ou indicado pelo laboratório que executará o hemograma. Em 
veterinária o anticoagulante de eleição é o etileno diamino-tetraacetatode sódio ou potássio 
(EDTA), na concentração de 10 mg para 5ml de sangue, ou seja, 0,1 ml de solução de EDTA a 
10%/5 ml de sangue total. São encontradas no comércio soluções aquosas de EDTA, prontas 
para uso, ele interage com o cálcio sérico impedindo sua ação no processo de 
coagulação,preserva a morfologia celular e seu custo é baixo. Laboratórios humanos preferem 
usar heparina como anticoagulante (1 mg/5 ml de sangue ou 0,1 ml a 1%/5 ml de sangue), 
porém em poucas horas poderá alterar a morfologia dos leucócitos dificultando a contagem 
diferencial à nível de esfregaço, e tem preço elevado. A heparina tem ação antitrombínica e 
antitromboplastínica. 
Para determinação de níveis séricos de glicose deve ser utilizado plasma com EDTA e 
fluoreto de sódio, pois esse último inibe a glicólise que seria efetuada pelos eritrócitos e 
leucócitos “in vitro”. 
 
3.1.2 Amostras de sangue total sem anticoagulante- 
São colhidas em tubos de ensaio e deixadas em repouso por 30 a 60 minutos, para que ocorra 
coagulação, retração do coágulo e separação do soro. Dessas amostras é extraído o soro que 
é indicado para análises bioquímicas, e também quando é necessário a titulação ou 
simplesmente a pesquisa da presença de anticorpos contra determinados agentes 
infecciosos. Alguns veterinários remetem soro ao laboratório para determinação de níveis 
séricos de glicose, o que não é recomendado. 
 
3.2 Recipientes de coleta e transporte: 
Amostras de sangue colhidas com seringas descartáveis ou de vidro, sempre que possível 
devem ser transferidas para tubos contendo anticoagulante, quando necessário. Nesses casos 
a agulha deve ser desacoplada da seringa e o sangue deve ser vertido lentamente escorrendo 
pela parede do frasco, exercendo suave pressão no êmbolo da seringa e misturando com o 
anticoagulante por sucessivos e suaves movimentos de inversão (10 X). 
 
Hemólise 
A hemólise "in-vivo" (patologia) é rara. Pode-se evitar a hemólise "in-vitro" através de: 
• uso de agulha limpa e afiada. 
• evitar pressão negativa excessiva na seringa durante a aspiração do sangue. 
• permitir que o álcool aplicado no local da punção do vaso seque completamente antes de se 
proceder à coleta. 
•desacoplar agulha da seringa e deixar o sangue escorrer lentamente pela parede do frasco, 
exercendo suave pressão no êmbolo da seringa 
• agitação e manuseio delicados da amostra e do tubo, inclusive ao homogeneizar com o 
anticoagulante 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 5 
• centrifugação adequada. 
• remoção imediata do soro do coágulo. 
• não usar material quente (recém tirado de fornos de esterilização) 
• evitar umidade do material (recipiente ou tubo de armazenagem, seringa de vidro) que 
entrar em contato com a amostra. 
 
Para coleta podem ser usados tubos de auto-enchimento (à vácuo), que existem à disposição 
no comércio, cuja coloração da rolha varia de acordo com o exame ao qual se destina a 
amostra de sangue (Figura 1). 
Deve-se ter o cuidado de não encher demais os tubos de auto-enchimento com rolha lilás ou 
rocha, pois quando coletado sangue em maiores quantidades que as recomendadas teremos 
formação de coágulos, que também ocorrerão quando não houver perfeita homogeneização do 
sangue com o anticoagulante. 
Recipientes limpos, secos, frios (não usa-los logo após retirados de fornos ou estufas), 
herméticos (fechados com rolhas de borracha), geralmente aqueles frascos tipo de penicilina 
são os mais econômicos para colocar amostras para hemograma. 
 
 
Figura 1. Tubos comerciais para coleta de sangue 
Rolhas Anticoagulante Setor Material 
 
EDTA Hematologia 
Vidro 
ou 
plástico 
 
Gel separador 
com ativador de 
coágulo 
Sorologia 
e 
bioquímica 
Vidro 
ou 
plástico 
 
Citrato 
de 
Sódio 
Hematologia 
(Coagulação) Vidro 
 
Siliconizado 
sem 
anti-coagulante 
Sorologia 
e 
bioquímica 
Vidro 
ou 
plástico 
 
Heparina 
Sódica 
Bioquímica 
e 
Imunologia 
Vidro 
 
Fluoreto de 
sódio + EDTA Bioquímica 
Vidro 
ou 
plástico 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 6 
3.3. Manuseio da amostra: 
As análises químicas e bioquímicas são feitas na porção extra-celular do sangue(plasma ou 
soro). O manuseio da amostra deve ser o mínimo e mais delicado possível, pois substâncias 
intra-celulares podem surgir quando ocorrer hemólise (proteínas, albumina, cálcio, ALT, 
AST), o que fatalmente afetará os exames.Também os parâmetros do eritrograma são 
alterados em função de hemólise. 
3.4. Conservação da amostra: 
Sangue total com anticoagulante deve ser mantido em refrigeração por períodos máximos de 
24 horas. 
Soro pode ser refrigerado por algumas horas ou para preservar por períodos mais longos 
deve ser congelado, evitando-se congelamentos e descongelamentos repetidos que afetam as 
proteínas séricas. 
Esfregaços de sangue em lâminas de vidro devem secar no ambiente, podendo ser remetidos 
ao laboratório fixados, ou não, em metanol. Devem ser confeccionados dois ou três 
esfregaços de cada material coletado. 
3.5. Remessa da(s) amostra(s) ao laboratório 
As amostras devem ser identificadas individualmente com etiquetas auto-adesivas, fita crepe 
ou diretamente no vidro escrevendo com caneta tipo retro projetor. Lâminas de vidro devem 
ser acondicionadas em embalagens adequadas, ou embaladas de modo que não haja atrito para 
não danificar os esfregaços, sendo remetidas sem qualquer conservante. 
Todo o material deve ser acompanhado de ficha de identificação, com o maior número de 
informações possíveis, onde deve constar história clínica, suspeita diagnóstica, análises 
requisitadas, telefone para contato, etc. 
As amostras devidamente acondicionadas em caixa de isopor, contendo gelo embalado em 
saco plástico (o que dificulta o contato da amostra com o gelo ou água de degelo), devem ser 
encaminhadas ao laboratório o mais rápido possível, evitando os fins de semana. 
Os locais recomendados para punção venosa para obtenção de amostras de sangue para 
triagem diagnóstica ,como hemograma e perfil bioquímico, são veia jugular, em caninos 
pequenos, felinos, eqüinos e bovinos, e veia cefálica ou jugular, em caninos de médio a grande 
porte. Esses exames geralmente requerem de 5 a 12mL de sangue, dependendo do laboratório 
e da complexidade dos procedimentos de triagem. 
 
Tabela 1. LOCAIS DE COLETA DE SANGUE E AGULHAS INDICADAS EM 
ANIMAIS DOMÉSTICOS 
ESPÉCIE ANIMAL VEIA AGULHA 
CANINOS CEFÁLICA,JUGULAR,SAFENA 25x7; 25x8; 25x9; 25x12 
FELINOS CEFÁLICA,JUGULAR,SAFENA 25x7; 25x8 
BOVINOS JUGULAR, COCCÍGEA 40x12; 40x16 
EQÜINOS JUGULAR 40x12; 40x16 
OVINOS E CAPRINOS JUGULAR 40x10; 40x12; 40x16 
SUÍNOS CAVA ANTERIOR 40x12; 40x16 
25x7 = 25 mm DE COMPRIMENTO E 0,7 mm DE CALIBRE 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 7 
ERITROGRAMA/ERITROGÊNESE 
 
1. INTRODUÇÃO 
Os exames hematológicos estão entre os mais práticos e econômicos, além de maior utilidade 
na rotina clínica. Isto deve - se ao fato de que o tecido sangüíneo tem por função principal 
manter a homeostase corpórea; deste modo, é um "espelho" do animal no momento da colheita 
Juntamente com o exame de fezes e a urinálise, o hemograma forma a primeira linha de 
exames, ou seja, exames de triagem clínica. Quando bem indicado e o material bem colhido e 
adequadamente acondicionado, pode prestar auxílio ao clínico quer no diagnóstico, no 
prognóstico como no controle terapêutico. 
 
1.1 SANGUE: 
1.1.1 Composição: O sangue é composto por uma parte líquida (55 a 60% do sangue total) 
e outra celular (40 a 45 %). A parte líquida, chamada plasma "in vivo", ou "in vitro" 
quando comanticoagulante, possui 90% de água, 7% de proteínas(fibrinogênio, 
albumina e globulinas) ,e 3% dos mais variados solutos orgânicos, como minerais, 
enzimas, hormônios, gordura, etc. Quando ocorrer coagulação do sangue, a parte 
líquida é chamada soro, e não contém fibrinogênio. A parte celular é composta pelos 
eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Os leucócitos são constituídos pelos 
granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e os agranulócitos (linfócitos e 
monócitos). 
 
1.1.2 Funções: A principal função do sangue é o transporte, tanto de substâncias 
essenciais para a vida das células ( oxigênio, gás carbônico, nutrientes, hormônios ), 
quanto de produtos oriundos do metabolismo e indesejáveis para o organismo, que 
são levados aos órgãos de excreção. Ao sangue também é atribuído o papel de 
defesa imunológica, hemostasia e diversos outros, como o transporte de calor. 
1.1.3 Volume: O volume sangüíneo normal nas espécies domésticas está em torno de 6 a 
10 % do peso corporal, com grande variação entre e intra - espécies. Dentre os 
pequenos animais, o cão possui aproximadamente 9 a 10 % e o gato 7 % ; por esse 
motivo a anemia nos gatos é mais severa. 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 8 
Tabela 2. VOLEMIA X PESO CORPORAL EM ANIMAIS DOMÉSTICOS 
Peso corporal 
Animal ml de sangue/kg % 
Vacas leiteiras jovens, cavalos de corrida 88 - 110 10 - 11 
Cães 77 - 78 8 - 9 
Vacas lactantes, bovinos em crescimento 66 - 77 7 - 8 
Vacas não lactantes, ovelhas, cabras, gatos, cavalos de 
trabalho 
62 - 66 6 - 7 
Suínos adultos 55 5 - 6 
Animais de laboratório - 6 - 7 
 
 
 
 
2.1 HEMATOPOIESE PRÉ - NATAL: 
A hematopoiese durante a vida uterina inicia-se no vitelino, fígado, baço e medula óssea 
que tornam - se sucessivamente hematopoiéticamente ativos. O saco vitelino inicialmente é 
colonizado por células pluripotenciais embrionárias, surgindo os primeiros eritroblastos; neste 
estágio, há o início da formação vascular do embrião. As células pluripotenciais migram até o 
fígado, iniciando a produção de hemácias, leucócitos e plaquetas. A hematopoise esplênica se 
segue, mas na maioria das espécies é pouco representativa. A medula óssea assume 
gradativamente o papel da hematopoiese, até que ao nascimento torna-se o principal sítio de 
produção eritrocitária. 
2.2 HEMATOPOIESE PÓS - NATAL : 
A hematopoise ocorre extravascularmente na medula dos mamíferos; nas aves a 
granulopoiese ocorre em sítios extravasculares e a eritropoiese ocorre intravascularmente. Não 
existem megacariócitos na medula das aves e os trombócitos provavelmente são produzidos 
intravascularmente por uma linhagem celular específica 
A medula óssea de todos os ossos é hematopoiéticamente ativa ao nascimento e durante a 
vida neonatal. Esta atividade envolve a produção vigorosa de eritrócitos e outras células 
mielóides. A fase de crescimento rápido do jovem é associada à expansão do volume sangüíneo, 
com grande demanda de eritrócitos na medula. Como a demanda por eritrócitos diminui na idade 
adulta, a hematopoiese se restringe a medula de alguns ossos do corpo. Nos demais locais a 
medula vermelha, hematopoieticamente ativa, é substituída por medula amarela. A medula 
continua ativa (medula vermelha) nos ossos chatos (esterno, costelas, crânio e vértebras) e nas 
epífises dos ossos longos (úmero e fêmur). Quando houver aumento da demanda eritrocitária, a 
medula amarela pode ser novamente ativada; entretanto na fase senil esta medula amarela passa 
a medula cinzenta, já fibrosada de difícil e vagarosa expansão. 
ÓRGÃOS ENVOLVIDOS NA HEMATOPOIESE 
� MEDULA: a medula óssea vermelha é composta de várias células sangüíneas e seus 
precursores, células reticulares, fibras reticulares, camadas endoteliais de sinusóides e 
células adiposas. As células adiposas ocupam o lugar das ilhas hematopoiéticas na substituição 
da medula vermelha por medula amarela. 
2. HEMATOPOIESE 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 9 
� BAÇO: - armazena e elimina hemácias; - hematopoiese inicial. 
� FÍGADO : - hematopoiese inicial; - depósito de vitamina B¹² e ácido fólico (fatores de 
multiplicação das hemácias); - depósito de ferro na forma ferrosa (fator de maturação de 
hemácias); produz os fatores de coagulação, com exceção do VII; - produz albumina, 
eritropoietinogênio, α e β globulinas; - realiza o metabolismo das bilirrubinas. 
� ESTÔMAGO: - produz o fator intrínseco que facilita a absorção da vitamina B¹²( 
ruminantes sintetizam essa vitamina); - auxilia a absorção de ferro com a produção de ácido 
clorídrico, que transforma a forma férrica em ferrosa. 
� LINFONODOS: - produzem linfócitos T e B. 
� MUCOSA INTESTINAL: - absorve ferro, vitamina B¹² e demais nutrientes necessários 
para a hematopoiese. 
� RINS: - produzem eritropoietina e eritrogenina. 
� SISTEMA MONOCÍTICO FAGOCITÁRIO: - macrófagos. 
 
 
 
 
3.1 CICLO ERITROCITÁRIO: 
A eritropoiese normal envolve um mínimo de quatro mitoses: uma na fase de rubroblasto, 
outra no estágio de pró-rubrócito e duas na fase de rubrócito basofílico. O rubrócito 
basofílico matura-se em rubrócito policromático, que se transformará em metarrubrócito. 
Ocasionalmente, o rubrócito policromático pode se dividir. A denucleação do metarrubrócito 
leva a formação do reticulócito, que finalmente matura , originando o eritrócito. O processo 
de eritrogênese dá origem aos eritrócitos , é conhecido como eritropoiese, e leva cerca de 7 
a 8 dias para se completar. O núcleo expulso é fagocitado por macrófagos locais na medula. A 
fase de proliferação, compreendida desde a célula pluripotencial até metarrubrócito, leva de 
2 a 3 dias, e a fase maturativa leva ao redor de 5 dias. Mediante estímulos, principalmente 
da eritropoietina, a eritropoiese pode ser reduzida para 5 dias, já havendo resposta ativa no 
terceiro dia de estímulo. 
3.2 REGULAÇÃO: 
A célula pluripotencial na medula óssea se diferencia e origina as células unipotenciais, cada 
uma restrita às séries eritróide, mielóide e megacariocítica (Fig. 2). Esta diferenciação 
ocorre sob influência do microambiente vascular local e por citocinas produzidas por 
macrófagos e linfócitos T ativados. A eritropoiese inicia-se com a diferenciação da célula 
pluripotencial em progenitor eritróide jovem, que se transforma na unidade formadora de 
colônia eritróide (chamada de UFC-E). A UFC-E divide-se, formando os precurssores 
eritróides, rubroblastos no espaço extravascular da medula óssea. Os rubroblastos após 
divisões e maturação, transformam-se em eritrócitos adultos(Fig. 3). A formação de 
progenitores eritróides é regulada pela interleucina-3 e pelo fator estimulador de colônia 
granulocítica-monocítica(FEC-GM). As UFC-E e sua progênie são sensíveis e responsivas à 
eritropoietina. 
 
 
 
3.ERITROCINÉTICA 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 10 
3.3 CONTROLE DA ERITROPOIESE 
A eritropoietina é um hormônio glicoproteico responsável por promover a viabilidade, 
proliferação e diferenciação das células progenitoras eritróides , que expressam receptores 
de superfície específicos para eritropoietina.A produção de eitropoietina é estimulada pela 
hipóxia tecidual, mas apesar desse sensor para oxigênio não estar bem definido, existem 
evidências de que a proteína heme possa estar envolvida . 
 O rim é o principal órgão produtor de eritropoietina nas diversas espécies animais, sendo o 
responsável exclusivo por esta função nos caninos. O fígado é o outro produtor de 
eritropoietina em adultos ,e o maior local de produção em fetos de mamíferos. A produção 
de eritropoietina é também atribuída a macrófagos da medula óssea, podendo serpossível 
que exerçam uma pequena e limitada regulação da eritropoiese . Existem evidências de que a 
proteína heme possa estar envolvida como sensor para o oxigênio. A tensão de oxigênio é 
regulada pelo consumo de oxigênio pelos tecidos e a capacidade de distribuição do oxigênio 
pelo sangue. Essa capacidade de distribuição do oxigênio depende da integridade do sistema 
cardiovascular, do conteúdo de oxigênio do sangue arterial e da afinidade hemoglobina - 
oxigênio. Baixo conteúdo de oxigênio no sangue pode resultar de parcial baixa tensão, como a 
que ocorre em altas altitudes ou com defeitos cardíacos congênitos onde parte do sangue 
flui para a circulação pulmonar. Baixo conteúdo de oxigênio no sangue também pode ocorrer 
com pressão de oxigênio normal, tal como ocorre em anemia e metahemoglobinemia. 
 A eritropoietina é gerada pela ativação do eritropoietinogênio , uma α 2- globulina 
produzida pelo fígado, pelo fator eritropoiético renal(FER) ou eritrogenina, ou ainda pela 
ativação da pró-eritropoietina, produzida nos rins, por um fator plasmático, segundo alguns 
autores. 
 A eritropoietina é encontrada no plasma, urina, leite e outros fluidos, incluindo líquido 
amniótico. A eritropoietina estimula a eritropoiese em vários estágios, por indução da 
diferenciação de células progenitoras eritróides a rubroblastos, estimulando a mitose de 
células eritróides e reduzindo o tempo de maturação, bem como aumentando a liberação de 
reticulócitos e hemácias jovens no sangue periférico. 
 Vários órgãos endócrinos influenciam a eritropoiese, principalmente através de efeitos na 
síntese de eritropoietina. A hipófise media esse efeito com a produção de prolactina, TSH, 
ACTH e hormônio de crescimento; a adrenal através da produção de corticosteróides; a 
tireóide pela tiroxina e as gônadas pelos andrógenos e estrógenos. Somente os estrógenos, 
em doses altas, possuem influência negativa na síntese de eritropoietina. 
 Para que ocorra a adequada multiplicação eritrocitária, há necessidade também de 
substrato para possibilitar a divisão celular, principalmente material nucleico. Os de maior 
importância são vitamina B12, ácido fólico, cobalto e ácido nicotínico. 
 Na fase de maturação eritrocitária, o RNA mensageiro ribossômico encarrega-se da 
hemoglobinização citoplasmática. Neste estágio são importantes ferro na forma 
ferrosa(Fe++), cobre e piridoxina (vitamina B6). 
 
3.4 TEMPO DE VIDA E DESTRUIÇÃO ERITROCITÁRIA 
Os eritrócitos de cada espécie animal possuem uma vida média intravascular característica, 
espécies em que os eritrócitos duram menos de 100 dias normalmente possuem mais 
reticulócitos na circulação. 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 11 
A perda de eritrócitos é continuamente balanceada por uma liberação de reticulócitos ou 
células jovens da medula óssea para o sangue periférico. A destruição eritrocitária pode 
ocorrer em sítios intravasculares, por mudança da permeabilidade de membrana e por 
fragilidade celular, ou em sítios extravasculares, pela ação do sistema fagocítico 
mononuclear (SFM). A deformabilidade é importante no tempo de vida das hemácias e 
depende da manutenção de sua forma, fluidez normal interna da hemoglobina e propriedades 
visco-elásticas intrínsecas da membrana. Qualquer mudança nestas características pode 
ativar a destruição fagocitária por macrófagos, que ocorre primariamente no baço e fígado, 
mas também pode ocorrer na medula óssea. Os macrófagos iniciam a fagocitose após 
reconhecerem anticorpos IgG aderidos a antígenos de membrana em eritrócitos danificados 
ou envelhecidos. 
 
 
Tabela 3. TEMPO MÉDIO DE VIDA DOS ERITRÓCITOS 
NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
ESPÉCIE VIDA MÉDIA/DIAS 
Caninos 110 - 120 
Suínos 65 
Felinos 65 - 77 
Bovinos 155 - 162 
Eqüinos 140 - 150 
Ovinos 70 - 130 
Caprinos 125 
 
 
Figura 2. Hematopoese 
 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 12 
 
 
 
 
Figura 3. Representação esquemática da ERITROGÊNESE 
 
 
 
 
 
O hemograma é o exame realizado com uma amostra de sangue total com anticoagulante, colhida 
de um paciente, com o objetivo de auxiliar o clínico na confirmação ou não de uma suspeita 
diagnóstica, bem como avaliar o estado geral de um animal , avaliar a eficácia terapêutica e a 
evolução de uma doença. 
O hemograma é um "espelho" do estado geral do animal no momento da colheita do sangue. 
Podemos comparar a análise laboratorial de uma amostra de sangue, a uma imagem parada por 
um momento em um filme, onde ninguém se move nem fala, ao colhermos a amostra teremos nela 
o reflexo sistêmico do que está ocorrendo naquele momento, naquele animal. 
O hemograma completo divide-se em: eritrograma, leucograma e dosagem de proteínas 
plasmáticas totais. Podem também ser realizados quando solicitados contagem de plaquetas, 
contagem de reticulócitos e dosagem de fibrinogênio. 
 
4.1 ERITROGRAMA 
É a avaliação dos eritrócitos, ou série vermelha , e compreende: 
� Contagem de eritrócitos/µl 
� Dosagem de hemoglobina (g/dl) 
� Medição do volume globular ou microhematócrito (%) 
HEMOGRAMA 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 13 
� Cálculo dos índices hematimétricos: VCM (volume corpuscular ou celular médio), CHCM 
(concentração de hemoglobina corpuscular média) 
� Análise da morfologia dos eritrócitos 
 
4.2 LEUCOGRAMA 
É a avaliação leucocitária , ou da série branca e engloba os seguintes parâmetros: 
� Contagem total de leucócitos/mm³ 
� Contagem diferencial de leucócitos : valores relativos % ; valores absolutos/mm³ 
� Avaliação da morfologia dos leucócitos 
 
4.3 OUTRAS DETERMINAÇÕES 
� Dosagem de Proteínas Plasmáticas Totais (PPT) -g/dl 
� Dosagem de fibrinogênio plasmático -mg/dl 
� Contagem de reticulócitos 
 
 
5. ERITRÓCITOS: 
 
 Os eritrócitos são também chamados de hemácias ou glóbulos vermelhos. O termo 
eritrócito vem do grego erytros, que significa vermelho. 
 As hemácias possuem tamanhos e vida média variável de acordo com a espécie animal. Em 
condições normais, correspondem a cerca de 40% de todo o volume sangüíneo, índice mais ou 
menos constante para todas as espécies, independente do tamanho do eritrócito. 
 Denomina-se ERITRON o conjunto de todos os eritrócitos circulantes e seus precursores 
nucleados nos tecidos hematopoiéticos. Nas doenças eritrocitárias, devemos sempre 
considerar o eritron e não apenas as hemácias circulantes porque estas doenças atingem o 
tecido como um todo. Portanto, em muitas situações o veterinário deve além do hemograma 
para avaliar o sangue circulante, fazer também uma biópsia aspirativa de medula óssea,onde 
será avaliado o tecido hematopoético. 
5.1 FUNÇÃO: 
A função das hemácias é desempenhada pelo seu componente principal, a HEMOGLOBINA, e 
consiste no transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos e de gás carbônico no 
sentido inverso. 
5.2 COMPOSIÇÃO: 
A membrana dos eritrócitos é formada por duas camadas protéicas envolvendo uma camada 
lipídica (onde se destaca o colesterol). A membrana possui carga elétrica negativa, que 
diminui com o envelhecimento da célula, e com a sua exposição a antibióticos. Ela é bastante 
flexível, permitindo a passagem do eritrócito pelos sinusóides estreitos do fígado e baço. A 
deformabilidade é importante na vida média do eritrócito e depende da manutenção da sua 
forma, da fluidez da hemoglobina e das propriedades viscoelásticas da membrana. Com o 
envelhecimento da célula, a membrana perde a flexibilidade. 
As mudanças nas características do eritrócito ativam a fagocitose que é feita 
principalmente pelos macrófagos do fígado e baço.Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 14 
5.3 MORFOLOGIA DOS ERITRÓCITOS 
 A observação microscópica de um esfregaço de sangue corado com Giemsa, Wright, My 
Grunwald-Giemsa, Leishmann ou Panóptico rápido (qualquer corante do tipo Romanowsky 
usado em hematologia), permite a avaliação de características morfológicas dos 
eritrócitos dentre elas a forma, tamanho e cor. 
 5.3.1 Tamanho dos eritrócitos: O tamanho dos eritrócitos é variável nas diferentes espécies 
de animais (Tabela e Figura 4). A espécie canina é a única que tem seus eritrócitos com tamanho 
similar aos dos humanos (7,5µ). 
 
Tabela 4. Tamanho dos eritrócitos 
ESPÉCIE TAMANHO (µ) 
Caninos 7,0 
Suínos 6,0 
Felinos 5,8 
Bovinos 5,5 
Eqüinos 5,7 
Ovinos 4,5 
Caprinos 3,2 
 
 A observação microscópica de um esfregaço sangüíneo, deve mostrar ao observador uma 
monocamada delgada de eritrócitos, como um tapete de células, com um padrão de tamanho 
constante, uniforme, sem variação. 
 
Figura 4.Tamanho dos eritrócitos em 
esfregaço 
 
canino 
 
felino 
 
bovino 
 
equino 
 
caprino 
 
ovino 
 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 15 
-ALTERAÇÕES NO TAMANHO DOS ERITRÓCITOS- 
 O termo anisocitose caracteriza a presença de eritrócitos de diferentes tamanhos num 
mesmo esfregaço de sangue. Ela pode ser melhor definida de acordo com o tipo de alteração 
encontrada: 
 
� MACROCITOSE é a presença de eritrócitos de tamanho acima do normal para a espécie 
(macrócitos).Acontece geralmente pela presença de reticulócitos e metarrubrócitos, ou 
por deficiência dos fatores de multiplicação (vitamina B 12, ácido fólico, niacina e 
cobalto). Pode acontecer fisiologicamente em cães jovens (até dois ou três meses de 
idade), e em cães da raça Poodle. 
 
� MICROCITOSE é a presença de eritrócitos com tamanho abaixo do normal (micrócitos). 
Aparecem geralmente em anemias crônicas, anemias ferropriva (por deficiência de 
ferro), ou por deficiência de fatores de maturação (vitamina B 6, cobre, riboflavina e 
aminoácidos). Pode aparecer fisiologicamente em cães da raça Akita. 
 
5.3.2 COR DOS ERITRÓCITOS (propriedades tintoriais) 
Os eritrócitos coram-se de róseo, vermelho claro ou alaranjado, como resultado da afinidade 
da hemoglobina pela eosina (corante ácido) das colorações usadas em hematologia. 
Apresentando uma área central mais clara. 
 
-ALTERAÇÕES NA COR DOS ERITRÓCITOS- 
O termo usado para descrever variações na coloração característica dos eritrócitos é 
policromasia ou policromatofilia (Figura 5). É caracterizada pelo aparecimento de grandes 
hemácias azuladas, que possuem afinidade por corantes basofílicos. Estas células 
representam os reticulócitos corados com os corantes usados em hematologia, que só são 
evidenciados em seu aspecto característico, reticular, com o uso de um corante especial 
(novo azul de metileno), que precipita os restos de RNA presentes no interior dos 
reticulócitos. Estas células estão presentes em resposta as anemias regenerativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. Alterações na cor dos eritrócitos 
 
cor normal 
 
policromatofilia 
 
hipocromia 
 
hipercromia-esferócitos 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 16 
Alterações na coloração dos eritrócitos podem ser também: 
� HIPOCROMIA é a diminuição da intensidade da cor (palidez) dos eritrócitos, devido à 
diminuição do conteúdo de hemoglobina que aparece em casos de deficiência de ferro ou 
de piridoxina (vitamina B6). 
 
� HIPERCROMIA é o aumento da intensidade da cor dos eritrócito, devido a uma maior 
concentração de hemoglobina. Como a quantidade de hemoglobina de cada eritrócito não 
ultrapassa o limite fisiológico, esta alteração é apenas relativa, devido a diminuição da 
área da membrana do eritrócito, que é o que acontece em casos de esferocitose. 
 
5.3.3 FORMA DOS ERITRÓCITOS (fig. 6): 
Os eritrócitos dos mamíferos são células anucleadas, redondas, em forma de disco bicôncavo 
(discócito), com exceção das hemácias dos camelídeos que são ovais (ovalócitos). As 
hemácias de aves e répteis são ovais e nucleadas. 
 
Figura 6. Forma dos eritrócitos 
 
disco biconcave-ME 
 
disco biconcave-MO 
 
lhama 
 
aves 
 
 
-ALTERAÇÕES NA FORMA DOS ERITRÓCITOS (Figura 7)- 
POIQUILOCITOSE é uma designação genérica usada para caracterizar a presença de 
eritrócitos de diferentes formas num mesmo esfregaço sangüíneo. Geralmente está 
relacionada com processos anêmicos. Pode-se definir melhor qual a alteração que está 
ocorrendo com alguns desses outros termos: 
 
� ESFERÓCITOS: são eritrócitos esféricos, com diâmetro reduzido , sem a área pálida 
central característica. Estas células são formadas em casos de anemias auto-imunes, 
quando uma porção da membrana do eritrócito, marcada por anticorpos, é fagocitada 
por células do sistema mononuclear fagocítico (SMF), porém sem perda do conteúdo 
hemoglobínico. Como resultado temos redução do volume globular do 
eritrócito(microcitose), com teor de hemoglobina normal , o que nessa menor área 
determina hipercromia. O achado destas células é diagnóstico para anemia imuno-
mediada. 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 17 
 
� ESQUISÓCITOS: este termo vem do grego schistos, que significa rachar, dividir em 
pedaços. São células deformadas ou fragmentos de eritrócitos, que se formam na 
passagem de eritrócitos em vasos sangüíneos irregulares (como aqueles formados em 
hemangiossarcomas) ou em pequenos vasos ocluídos por fibrina (caso de coagulação 
intra-vascular disseminada - CID). Também ocorrem como resultado de um defeito de 
produção, da destruição acelerada de eritrócitos, em doenças renais crônicas, doenças 
esplênicas e anemia ferropriva. 
 
� EQUINÓCITOS (eritrócitos crenados): é o nome dado a presença de eritrócitos 
estrelados. Seu aparecimento não tem significado clínico, pois são artefatos que 
surgem conseqüência de problemas na confecção do esfregaço, tais como atraso na 
secagem ou desidratação rápida do eritrócito (ele murcha e adquire esta forma), ou 
excesso de EDTA. 
 
� CODÓCITO (célula alvo): célula vermelha que possui uma área central densa de 
hemoglobina separada parcial ou completamente por uma área circular clara de uma 
região periférica hemoglobinisada. Resulta do aumento dos níveis de colesterol. 
 
� ACANTÓCITOS: célula vermelha com forma irregular, com projeções de dimensão 
variável na superfície, surge em conseqüência do aumento das taxas de colesterol e/ou 
fosfolipídeos . 
 
Outra alteração com relação à forma dos eritrócitos diz respeito ao aparecimento de 
formas imaturas. As formas imaturas que podem aparecer ao exame do esfregaço são: 
 
� RETICULÓCITOS: são eritrócitos jovens, que ainda não completaram a fase de 
maturação. Eles recebem este nome porque quando são corados com corantes supra-
vitais (novo azul de metileno ou azul de cresil brilhante), que possuem afinidade por 
material nuclear ,os restos de RNA ainda presentes no seu citoplasma precipitam, 
adquirindo um aspecto reticulado. Ribossomos, mitocôndrias e outras organelas 
citoplasmáticas contribuem para a formação desses precipitados apresentando-se em 
forma de cordão nos reticulócitos agregados , ou em forma de pequenos grânulos nos 
reticulócitos pontilhados. 
 Em animais normais, geralmente 1 a 2 % dos eritrócitos circulantes são reticulócitos. 
Quando existe uma resposta à anemia(anemia regenerativa), Há aumento desse 
percentual. A única exceção é a espécie eqüina , que não lança reticulócitos na 
circulação em nenhuma circunstância,ou seja, apenas as hemácias maduras são 
liberadas da medula. Os herbívoros não possuem normalmente reticulócitos circulantes, 
e só raramente são encontrados, mesmo em marcadas anemias. Já os cães e gatos 
respondem acentuada reticulocitose durante resposta a anemias. Esses reticulócitos 
maturam em 24 a 48 horas na circulação ou no baço, onde podem ser temporariamente 
seqüestrados. 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 18 
 
 
 
 
 
 
Figura 7. Alterações na forma dos eritrócitos 
 
esquisócitos 
 
equinócitos 
 
codócitos 
 
acantócitos 
 
policromatófilo 
 
reticulócito agregado 
 
metarrubrócito 
 
 
 
� METARRUBRÓCITOS: são o último estágio nucleado das hemácias, ou seja, a fase 
anterior a de reticulócitos. Podem aparecer ocasionalmente em baixos números (1 
metarrubrócito para 100 leucócitos). Também podem aparecer em maior número, em 
caso de resposta intensa a anemias graves, ou na presença de problemas esplênicos. A 
figura 8 mostra esquematicamente a evolução de eritroblastos até reticulócito. 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 19 
 
 Figura 8. Formação de reticulócito 
 
 
 
 
 CORPÚSCULOS DE INCLUSÃO (Figura 9): 
 
� CORPÚSCULOS DE HOWELL-JOLLY: são pontos basofílicos,quase negros, 
geralmente periféricos, formados por restos nucleares que permaneceram no 
citoplasma dos eritrócitos, e podem aparecer eventualmente em animais normais. Em 
casos de anemias regenerativas podem aparecer em número aumentado, sendo 
retirados da circulação pelo baço. Desta forma, em presença de doença esplênica, 
também aparecerão em maior número. 
 
� CORPÚSCULOS DE HEINZ: são formações de hemoglobina desnaturada e precipitada, 
com formato arredondado, pequeno e refringente. Em gatos é normal o aparecimento 
de corpúsculos de Heinz em até 1% das hemácias. Surgem em quantidades aumentadas, 
em todas as espécies, pelo uso de drogas oxidantes, tais como fenotiazina (eqüinos são 
sensíveis) e acetaminofen (felinos são muito sensíveis). Alguns alimentos, como couve e 
cebola, podem provocar este tipo de inclusão em algumas espécies, principalmente cães 
e gatos. Também existem citações da ocorrência de corpúsculos de Heinz em cães 
esplenectomizados e após o tratamento com glicocorticóides. 
 
� CORPÚSCULOS DE LENTZ: são inclusões de tamanho variável, algumas bastante 
grandes, com coloração variando do cinza pálido até rosa forte. Representam a inclusão 
do vírus causador da cinomose canina, aparecendo em aproximadamente 20% dos casos. 
Seu achado é patognomônico para essa doença. Também pode ocorrer em neutrófilos e 
monócitos. 
 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
� PONTEADO BASOFÍLICO (Figura 10): são pequenos pontos basofílicos que aparecem 
no interior de hemácias, geralmente em intensa eritropoiese ou em casos de 
intoxicação por chumbo. 
 Figura 10. Ponteado basofílico 
 
 
 
 OUTRAS ALTERAÇÕES DOS ERITRÓCITOS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9. Corpúsculos de inclusão nos eritrócitos 
 
corpúsculos de Howell-Jolly 
 
Corpúsculos de Lentz 
 
 
Corpúsculos de Heinz 
Figura 11. Alterações na distribuição dos eritrócitos 
 
Rouleaux 
 
Aglutinação 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 21 
Dentre as alterações na distribuição dos eritrócitos (Figura 11) podemos encontrar: 
� ROULEAUX: é o nome dado para a disposição dos eritrócitos em forma de pilha de 
moedas. A intensidade destas formações tende a acompanhar a velocidade de 
hemossedimentação e está associada ao aumento da concentração de fibrinogênio e a 
alterações quantitativas das globulinas séricas. Desta forma, costumam aparecer em 
casos de inflamação e desidratação. Em eqüinos, que possuem uma alta velocidade de 
hemossedimentação, o achado de rouleaux é comum e sem significado clínico. 
 
� AGLUTINAÇÃO: é o fenômeno no qual as hemácias ficam agrupadas, formando 
grumos, que podem ser visíveis, às vezes, nas paredes do frasco que contém a amostra 
de sangue (macroaglutinação), outras vezes é visível somente ao observar o esfregaço 
de sangue corado no microscópio (microaglutinação). Por estar relacionada com a 
presença de anticorpos anti-eritrócitos, o achado de aglutinação é um forte indício de 
anemia imuno-mediada. 
 
� HEMOPARASITAS: podem ser observados, no exame do esfregaço de sangue corado, 
vários tipos de hemoparasitas, tais como: 
 
� RIQUÉTSIAS(Figura 12): parasitas de hemácias do gênero Haemobartonella canis, em forma 
de cocos, ou Haemobartonella felis , em forma de bacilos, ambas sendo formações muito 
pequenas e geralmente periféricas; e, em bovinos, do gênero Anaplasma ,que são pequenos 
pontos escuros (Anaplasma centrale -localização central nas hemácias, Anaplasma marginale - 
localização periférica no interior das hemácias). 
 
 
� PROTOZOÁRIOS(Figura 13): gênero Babesia,, que se apresenta no interior dos eritrócitos, 
em forma de gotas únicas ou em dupla unidas pelos vértices, em bovinos (Babesia bovis, 
Figura 12. Riquétsias nos eritrócitos 
 
Anaplasma centrale 
 
Anaplasma marginale 
 
Haemobartonella cannis 
 
Haemobartonella felis 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 22 
Babesia bigemina), eqüinos (Babesia cabali, Nutalia equi ), e caninos (Babesia canis); do gênero 
Plasmodium ,causador da malária em répteis, aves, cães, gatos, macacos e humanos; do gênero 
Tripanosoma, que ser visto livre no plasma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
� LARVAS DE HELMINTOS(Figura 14): tais como microfilárias dos gêneros Dirofilaria immitis 
e Dipetalonema reconditum, encontradas no sangue de cães em regiões litorâneas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13. Protozoários nos eritrócitos 
 
Babesia bovis 
 
Babesia bigemina 
 
Babesia equi 
 
Babesia canis 
 
 Tripanossoma 
Figura 14. Larvas de Helmintos 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 23 
 5.3.4 NÚMERO DE ERITRÓCITOS: O número de eritrócitos no sangue dos animais 
domésticos varia conforme a espécie, e está estreitamente relacionado com o tamanho. Assim, 
animais como caprinos e ovinos que possuem eritrócitos menores que a maioria das espécies (3,2 
a 4, 5 µ), chegam a possuir mais que o dobro de eritrócitos circulantes que a espécie canina 
(7µ), pois o tamanho também equivale ao dobro (Tabela 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns fatores fisiológicos influenciam o número de eritrócitos circulantes, entre eles podemos 
destacar: 
a) Idade: animais recém nascidos possuem maior número que adultos. 
b) Sexo: machos possuem 5 a 10 % mais eritrócitos que fêmeas 
c) Capacidade de trabalho: atividade física intensa aumenta o número de eritrócitos 
circulantes, devido a ação da epinefrina . 
d) Raça: em eqüinos, os Puro Sangue Inglês (PSI) , possuem maior número de eritrócitos que as 
demais raças . 
e) Altitude: animais que vivem em regiões de altas altitudes, onde a pressão de oxigênio é mais 
baixa , possuem maior número de eritrócitos circulantes .f) Alimentação: animais com deficiente alimentação, principalmente com carências vitamínicas 
ocorrem alterações na produção de eritrócitos refletindo – se na diminuição do número de 
eritrócitos. 
 
MÉTODOS DE CONTAGEM DE ERITRÓCITOS (HEMATIMETRIA) 
 
a) Manuais:A amostra de sangue contendo anticoagulante após homogeneizada é aspirada com a 
pipeta de Thoma até a marca 0,5 , e suas paredes externas são limpas com algodão ou papel , 
sendo então preenchida com diluente ( solução fisiológica tamponada , Gower , ... ). As 
extremidades da pipeta são tapadas com a ponta dos dedos do operador, e a pipeta é agitada por 
inversão, sendo imediatamente desprezadas as primeiras gotas para então preencher por 
capilaridade a câmara de Neubauer . São contadas as hemácias de cinco retículos da divisão 
central que são escolhidos em diagonal, ou os dos vértices e um central, e o resultado é 
multiplicado por 10.000 / µl ou mm³. 
Tabela 5. NÚMERO DE ERITRÓCITOS EM ANIMAIS DOMÉSTICOS 
ESPÉCIE Nº DE ERITRÓCITOS 
X 10.000.000 /µl 
CÃO 5,5 – 8,5 
GATO 5,0 - 10 
BOVINO 5,0 - 10 
OVINO 8,0 - 16 
CAPRINO 8,0 - 18 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 24 
Erros de contagem manual: diluição (preenchimento de pipeta), homogeneização, distribuição na 
câmara ( o calor da lâmpada do microscópio desidrata e concentra as hemácias ). 
 
b) Eletrônicos: (Counter ou contador eletrônico) é um método mais preciso e mais rápido. A 
maioria dos contadores eletrônicos deve ser calibrado para a espécie animal, devido a diferença 
de tamanho dos eritrócitos .Geralmente o laboratório calibra o aparelho para a espécie animal 
que os veterinários enviam amostras com maior freqüência, e usa o método manual para as 
amostras das outras espécies animais. Se for um laboratório de análises clínicas humano \, as 
amostras de caninos poderão ser processadas no contador automático, e as demais a 
hematimetria será manual, salvo naqueles laboratórios com equipamentos mais sofisticados ( O 
aparelho apresenta erro constante de 10%). 
 
5.4 HEMOGLOBINA 
 
 A hemoglobina é uma proteína conjugada composta por uma proteína simples, a globina,e por 
um núcleo prostético tipo porfirina , chamado heme , cujo principal componente químico é o ferro 
na forma ferrosa (Figura 15) . Cada molécula consiste de quatro unidades heme, cada uma dessas 
associada a uma cadeia simples de globina.A fração heme é sintetizada na mitocôndria 
eritrocitária , e somente é produzida até o estágio de reticulócito , pois eritrócitos maduros não 
possuem organelas . A síntese da fração globina ocorre em ribossomas, no citoplasma de 
eritrócitos nucleados, sendo as diferenças nas seqüências de aminoácidos quem define a variação 
morfológica intra e inter espécies . 
 
 Figura 15. Estrutura da hemoglobina 
 
 
 A sua principal função é respiratória, transporte de oxigênio e gás carbônico. 
 A hemoglobina é encontrada livre no plasma só quando houver hemólise , quando o eritrócito 
rompe e libera a hemoglobina que no plasma possui vida média de quatro horas , é decomposta 
por oxidação, liga – se a haptoglobina sendo excretada pelos rins (hemoglobinúria), ou é 
destruída no sistema mononuclear fagocítico . O excesso livre é oxidado em metahemoglobina , 
que se dissocia liberando hematina removida pelos hepatócitos após ter formado complexos ao 
ligar-se a albumina . 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 25 
 Nos macrófagos o ferro da fração heme e os aminoácidos da fração globina são reciclados 
para reutilização. A protoporfirina é degradada em biliverdina que é convertida a bilirrubina, que 
liga-se a albumina plasmática para ir ao fígado onde é conjugada ao ácido glicurônico . Uma vez 
liberada na bile é excretada na luz intestinal , onde é degradada a urobilinogênio (excreção via 
fezes) com reabsorção parcial para a circulação geral e re-excreção biliar (ciclo entero-
hepático). Parte que escapa a excreção hepática é eliminada na urina. 
 
5.4.1 Método de determinação da hemoglobina 
 O método padrão mundial é o da cianometahemoglobina, que consiste na diluição do sangue 
(20 µl medidos em pipeta de Sahali) em solução contendo cianeto e ferrocianeto de potássio 
(reativo de Drabkin, 4 ml) , que converte a hemoglobina em cianometahemoglobina e a leitura é 
feita em espectofotômetro .A hemoglobina é expressa em g % ou g / dl , variando de 8 a 16 nas 
diferentes espécies domésticas . 
 Alguns fatores como altas concentrações de lipídeos e leucometria global acima de 50.000 / 
mm³ podem alterar os valores de hemoglobina por aumento da densidade ótica. 
 
 5.5 HEMATÓCRITO 
 Do grego krit (julgar), também chamado volume globular (VG), mede a percentagem ocupada 
pelos eritrócitos, ou a relação entre glóbulos vermelhos e plasma. Os métodos de centrifugação 
dão um volume de células sedimentadas, mensuração esta muito precisa, pois praticamente não 
fica retido plasma na massa de células compactadas . 
Métodos para a determinação do hematócrito: 
Macro - hematócrito – O tubo de Wintrobe que possui duas escalas gravadas, é preenchido com 
sangue contendo anticoagulante, devidamente homogeneizado. Em seguida é centrifugado a 5000 
rpm , durante 30 minutos . A leitura é feita diretamente na escala à direita do tubo. 
 Micro – hematócrito – O princípio é mesmo para as duas técnicas. Através da sedimentação dos 
elementos figurados do sangue obtém–se a proporção desses elementos em relação ao plasma. 
Nessa técnica são usados tubos capilares de 75 mm x 1 mm, preenchidos (2 / 3) com sangue 
total, por capilaridade. Após fechada a extremidade seca, em chama de bico de Bunsen , é então 
centrifugado a 1200 rpm /5 minutos(centrífuga de micro-hematócrito, Figura 16). A leitura é 
feita colocando o capilar sobre uma tabela de leitura específica (Figura 17), onde a extremidade 
final do tubo e o menisco da superfície do plasma devem coincidir com as linhas inferior e 
superior da tabela, respectivamente. 
 
 Figura 16. Centrífuga e rotor para 
 micro-hematócrito. 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 26 
 
 Figura 17. 
 
 
 Informações fornecidas pelo hematócrito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Usado para:dosagem de fibrinogênio e de proteínas plasmáticas totais (PPT) 
 
 Observar a coloração do plama: cor normal -incolor (cão e gato) 
 -amarelo (herbívoros) 
PLASMA Coloração do plasma alterada: amarelo- icterícia em cães e gatos, 
 Branco ou leitoso- lipemia pós-prandial, diabete, hipotireoidismo,... 
 Avermelhado-hemólise (artefato), anemia hemolítica (infecciosa ou auto- 
 Imune) 
 
CAMADA ACINZENTADA: contém leucócitos e dá noção de quantidade conforme sua 
espessura 
 ( leucocitose , leucopenia , normoleucometria ). CAMADA 
VERMELHA: contémeritrócitos e dá noção de quantidade. 
 Volume Globular – VG (%) ou hematócrito 
Serve para visualização de microfilárias ( abaixo da capa de leucócitos ). 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 27 
 
 5.6 OUTRAS DETERMINAÇÕES: 
 
5.6.1 Dosagem de proteínas plasmáticas totais – PPT : 
A determinação das proteínas plasmáticas totais fornece informações sobre o grau de 
hidratação do animal. Existem valores considerados normais para as diferentes espécies 
domésticas (Tabela 6), valores abaixo do fisiológico indicam hipoproteinemia por causa diversas, 
enquanto valores elevados indicam desidratação . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Técnica: Após ser feita a leitura do micro- hematócrito, quebra - se o tubo acima do limite 
superior da camada sedimentada, despreza se a parte do tubo contendo células e pela 
extremidade que não foi quebrada (parte superior do tubo) verte-se o plasma no refratômetro 
(Figura 18) . A leitura é feita em escala gravada no aparelho, onde incidir o limite entre parte 
clara e escura. 
 
 
 
 
 
 Figura 18. Refratômetro 
 
 
 
 
Tabela 6. VALORES FISIOLÓGICOS DE PPT EM ANIMAIS 
DOMÉSTICOS 
 
ANIMAL PPT ( g/dl ) 
Canino / felino 6,0 – 8,0 
bovino 7,0 – 8,5 
ovino 6,0 – 7,5 
eqüino 5,2 – 7,9 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 28 
 RELAÇÃO ENTRE HEMATÓCRITO E PROTEÍNAS PLASMÁTICAS 
 
HEMATÓCRITO PPT INTERPRETAÇÃO 
 
aumentado 
Aumentado 
 
Normal 
 
 
 
Diminuído 
 
 
Desidratação 
 
Contração esplênica(principalmente eqüinos) 
Policitemia primária ou secundária 
Desidratação mascarada por hipoproteinemia 
Hipoproteinemia com contração esplênica 
 
normal 
 
Aumentado 
 
 
Normal 
 
Diminuído 
 
Anemia mascarada por desidratação 
Aumento de globulinas 
 
Normal 
 
Elevada perda proteíca (gastrointestinal ou renal ) 
Produção diminuída (problema hepático) 
 
diminuído 
 
Aumentado 
 
Normal 
 
 
 
 
Diminuído 
 
 
Anemia associada com desidratação 
 
Elevada destruição de eritrócitos 
Diminuição da eritropoiese 
Perda crônica de sangue(deficiência de ferro) 
 
Fluidoterapia 
Perda de sangue externa 
 
 
 
 5.6.2 Dosagem de fibrinogênio : 
O fibrinogênio é uma das proteínas de reação de fase aguda, produzidas pelo fígado. O 
estímulo inicial que aumenta a produção dessas proteínas está ligado a produção de citosinas 
pelas células envolvidas no processo inflamatório (monócitos / macrófagos ). A produção de 
fibrinogênio reflete a existência de um processo inflamatório, e por ser de fácil determinação é 
utilizada junto com o leucograma como reflexo de inflamação. A hiperfibrinogemia é indicador 
sensível de inflamação em herbívoros até mais consistente que o leucograma, enquanto em 
carnívoros esta relação é inversa. 
Os valores fisilógicos são apresentados na Tabela 7. 
Técnica: Usa - se o método de precipitação por aquecimento do fibrinogênio. São 
preenchidos 2 tubos de micro – hematócrito, após centrifugação é realizada a leitura do 
primeiro, em refratômetro. O segundo é submetido ao calor (banho – maria, 56º, 5 minutos ), e 
após centrifugação é determinada a concentração de PPT , também por refratometria . A 
diferença entre as duas leituras expressa a taxa de fibrinogênio plasmático. 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.0 INTERPRETAÇÃO DO ERITROGRAMA: 
 Para a interpretação do eritrograma devemos analisar o número de eritrócitos, taxa 
de hemoglobina, e hematócrito. Podemos ter três situações diferentes: 
 - Valores dentro dos fisiológicos para a espécie animal – animal normal, saudável. 
 - Valores de hematócrito, hemoglobina e / ou número de eritrócitos abaixo do(s) 
fisiológico(s) – Anemia. 
 - Valores de hematócrito, hemoglobina e / ou número de eritrócitos acima do(s) 
fisiológico(s) - Policitemia ou poliglobulia . 
 
 
 
 
 
Anemia é a redução dos valores, abaixo dos mínimos fisiológicos para a espécie 
animal , do número de eritrócitos , taxa de hemoglobina e / ou hematócrito . Alguns 
autores definem anemia como sendo simplesmente a redução da taxa de hemoglobina, isto 
porque os sinais clínicos resultam da deficiente capacidade de conduzir o oxigênio. 
A anemia é raramente uma doença primária, mas comumente é resultado de 
um processo patológico generalizado, por si só a anemia não constitui diagnóstico. Pode – 
se suspeitar de uma anemia pelos sinais clínicos característicos e história apresentada 
pelo paciente. Ao ser diagnosticada a anemia pela avaliação clínica e resultados do 
hemograma, sua patogenia deve ser investigada para determinar a conduta terapêutica 
específica. O tratamento não deve ser direcionado para a anemia, exceto quando 
necessário medidas de emergência , a causa deve ser encontrada tratada e corrigida se 
possível. A anemia pode resultar de : 
- perda de eritrócitos 
- destruição excessiva 
- produção diminuída 
Sinais clínicos: resultam da reduzida capacidade do sangue em conduzir oxigênio e certos 
ajustes fisiológicos destinados a aumentar a eficiência e reduzir o trabalho forçado do coração. 
Sinais comuns a anemias independente da etiologia incluem dispnéia de esforço, reduzida 
tolerância a exercícios, palidez de mucosas, aumento da freqüência cardíaca, às vezes sopro 
Tabela 7. VALORES FISIOLÓGICOS DE FIBRINOGÊNIO 
ESPÉCIE FIBRINOGÊNIO mg/dl 
Canino 100 - 500 
felino 50 - 300 
bovino 300 - 700 
eqüino 100 - 400 
6.1 ANEMIA 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 30 
sistólico , taquipnéia ,depressão....Em perdas agudas de sangue quando 1/3 do volume foi perdido 
em um curto período, pode ocorrer choque seguido de morte , se não for realizada transfusão 
de sangue ou fluidoterapia para corrigir a hipovolemia .Sinais clínicos resultantes de anemia por 
hemólise aguda incluem icterícia , hemoglobinemia , hemoglobinúria e febre .Em perdas crônicas 
de sangue , anemias hemolíticas ou anemias por depressão o nível de hemoglobina pode chegar a 
50% do normal do paciente sem sinais evidentes de hipoxemia (sem sinais clínicos ). 
Existem várias formas de classificação das anemia, apesar de nenhuma ser totalmente 
satisfatória ,são complementares e juntas auxiliam a analisar e determinar os possíveis 
mecanismos fisiopatológicos e causas prováveis, que auxiliarão o clínico no diagnóstico, 
prognóstico e conduta terapêutica . 
 
6.1.1 CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS: 
A classificação morfológica baseia – se nos índices hematimétricos ou eritrocitários , o 
Volume Corpuscular Médio (VCM) e Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média 
(CHCM). O exame microscópico dos eritrócitos em esfregaço sangüíneo corado confirma 
essas características morfológicas. A classificação morfológica é inespecífica para a 
causa , mas fornece subsídios sobre mecanismo fisiopatológico e base para seleção do 
tratamento. 
Os índices hematimétricos são calculados pelas seguintes fórmulas: 
 
 Hematócrito X 10 
 VCM= 
 Nº de eritrócitos 
(milhões/mm³) 
 
 
 O VCM refere-se ao tamanho do eritrócito, ou o volume ocupado por 
cada eritrócito , expresso em µ³ . 
Valores de VCM que se enquadram dentro dos valoresde referência para a espécie 
animal, classificam a anemia como Normocítica , valores superiores Macrocítica e valores 
inferiores Microcítica . 
 
 
 Hemoglobina X 100 
CHCM = 
 hematócrito 
 
 
O CHCM é a saturação média de hemoglobina do eritrócito , expressa em %. Existe 
um grau de saturação máxima de hemoglobina considerado normal para os eritrócitos de 
cada espécie animal , assim não são formados eritrócitos com maior quantidade de 
hemoglobina que o fisiológico , quando o valor do CHCM estiver acima dos parâmetros 
fisiológicos é sinal de que havia hemoglobina livre à nível plasmático , quer por existência 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 31 
de um agente hemolítico intra – vascular , ou por erro de coleta ,conservação ou manuseio 
da amostra(hemólise in vitro). Assim a anemia será classificada como Normocrômica 
quando os valores se enquadrarem dentro dos fisiológicos para a espécie, Hipocrômica 
quando inferiores , e quando superiores Hipercrômicas (situação esta não verdadeira 
conforme explicação acima ). 
 
6.1.2 ANEMIAS QUANTO A MASSA GLOBAL DE ERITRÓCITOS : 
Anemia relativa: é aquela que resulta da expansão plasmática. Ocorrem em 
gestação, neonatos e fluidoterapia. 
Anemia absoluta: resulta da redução da massa eritrocitária. É a de importância 
clínica Devem ser investigadas a morfologia eritrocitária, mecanismo patogênico e 
resposta eritróide da medula. Embora nenhum desses exames seja conclusivo 
isoladamente, se complementam , e juntos proporcionam um meio lógico de análise da 
anemia . 
 
6.1.3 CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA DAS ANEMIAS : 
Anemia por perda de sangue : 
-hemólise aguda 
 procedimentos cirúrgicos ou traumas 
 distúrbios hemostáticos 
 CID – coagulação intravascular disseminada 
-hemorragia crônica 
 parasitismo (Haemonchus , Ancylostomum ,coccídeos,...) 
 úlceras gastrointestinais 
 deficiência de vitamina K 
 neoplasias com sangramento cavitário 
-anemia hemolítica (intravascular ou extravascular) 
 imunomediada 
 parasitárias (anaplasmose , babesiose , erliquiose ,...) 
 bacterianas (leptospirose , hemoglobinúria bacilar ,...) 
 tóxica (cobre , zinco , chumbo , plantas tóxicas , ...) 
Anemia hipoproliferativa : 
-deficiência nutricional 
 proteínas 
 minerais (ferro , cobre , cobalto , selênio ,) 
 vitaminas (A, E, B12, ác. fólico, niacina, piridoxina, tiamina) 
-desordens orgânicas 
 -insuficiência renal com uremia 
 -doenças endócrinas 
 -anemia por doenças inflamatórias 
 -neoplasias 
 -infecções 
 -anemias aplásicas ou hipoplásicas 
 -desordens mieloproliferativas 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 32 
 
6.1.4 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A RESPOSTA MEDULAR : 
A eritropoiese é regulada pela eritropoietina, produzida em resposta a hipóxia tecidual. A 
síntese de eritropoietina é inversamente proporcional a massa de eritrócitos circulantes e a 
concentração de hemoglobina. A eritropoiese é estimulada por um acréscimo nos progenitores 
eritróides, aceleração na mitose e maturação dos eritrócitos, e rápida liberação de reticulócitos 
e eritrócitos jovens para a circulação. 
Anemia regenerativa : são aquelas em que há resposta medular , e conseqüente liberação 
de eritrócitos e seus precursores na corrente circulatória. 
Os principais sinais de boa resposta medular são : 
-policromasia ou policromatofilia 
-presença de corpúsculas de Howell-Jolly 
-presença de metarrubrócitos 
-reticulocitose (quando feita a contagem de reticulócitos) 
-Anemia regenerativa por perda sangüínea 
 -traumas ou cirurgias 
 -intoxicação por dicumarol 
 -Coagulação intravascular disseminada 
-Anemia regenerativa por hemólise 
 -hemoparasitas 
 -anemia imunomediada 
 -reação transfusional 
Anemia não regenerativa (arregenerativa ou não responsiva): caracteriza-se por 
diminuição da produção de eritropoietina, inadequada resposta do tecido eritróide a 
estímulo apropriado ou eritropoiese ineficaz , em processos como : 
-insuficiência renal crônica 
-neoplasias , leucemias , linfoma , 
-erliquiose, 
-panleucopenia felina , 
-hipoandrogenismo , hipoadrenocorticismo , 
-hiperestrogenismo 
 
 
6.2 POLICITEMIAS 
 
Policitemia ou poliglobulia é o aumento do número de eritrócitos, da taxa de hemoglobina 
e/ou do hematócrito. Com relação à massa eritrocitária podemos ter: 
 Policitemia relativa: é encontrada em animais como resultado da redução do volume 
plasmático devido à desidratação, quer pela inadequada ingestão de líquidos ou pela perda 
excessiva, ou quando há contração esplênica com aumento temporário da massa 
eritrocitária circulante .Com a redução do volume plasmático ocorre hemoconcentração 
,com aumento relativo dos parâmetros eritrocitários . 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 33 
 Policitemia absoluta: é aquela em que há aumento real dos parâmetros 
eritrocitários (número de eritrócitos / mm³ de sangue, taxa de hemoglobina e/ou 
hematócrito ) . A policitemia absoluta pode ser classificada em primária ou secundária . 
 -Policitemia absoluta primária:também chamada policitemia Vera , é uma doença 
miloproliferativa , ou seja , uma desordem clonal da célula pluripotencial que resulta numa 
expansão das células progenitoras , primariamente da linhagem eritróide . 
 -Policitemia absoluta secundária: não é acompanhada por aumento na contagem 
leucocitária ou plaquetária, e geralmente ocorre por elevada produção de 
eritropoietina . Os níveis de eritropoietina aumentam em resposta fisiológica 
compensatória pelos rins a hipóxia tecidual ou como resultado de neoplasias, 
independente da oxigenação dos tecidos. A policitemia absoluta secundária pode 
ocorrer devido a: 
Hipóxia - 
 -baixa tensão de oxigênio atmosférico 
 -hipóxia pulmonar 
 -doenças cardiovasculares 
 -meta-hemoglobinemia congênita 
Eritropoietinogênese acelerada- 
 -neoplasias renais 
 -fibrossarcoma extra-renal 
 -cistos renais, hidronefrose 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 34 
 
 
 
 
 
1. MIELOPOIESE 
Ao nascimento, a medula óssea produz granulócitos(neutrófilos, eosinófilos,basófilos), 
monócitos,eritrócitos, megacariócitos(que originam as plaquetas) e uma pequena porção de 
linfócitos. A maior produção de linfócitos, entretanto, ocorre em tecidos linfóides extra-
medulares (baço, linfonodos, tonsilas, tecido linfóide associado ao intestino, etc). 
 O termo mielopoiese refere-se à produção das linhagens celulares não linfóides, ou seja, 
das linhagens eritróide, granulocítica, monocítica e megacariocítica . (Figura 19). 
 Uma célula tronco pluripotencial origina as linhagens celulares linfóide e mielóide. As 
células tronco são caracterizadas por sua capacidade de auto-renovação por longo tempo e 
por sua habilidade de se diferenciar em múltiplas linhagens celulares. Estas linhagens 
celulares individuais se desenvolverão independentemente, com exceção de neutrófilos e 
monócitos, que compartilham uma célula tronco em comum (Unidade Formadora de Colônia 
Granulocítica-Macrofágica UFC-GM ) 
 
 
. 
FIGURA 19: Modelo atual da produção e diferenciação hemolinfática a partir de uma célula tronco comum. As células 
progenitoras comprometidas com a mielopoese incluem os precursores UFC (unidade formadora de colônia). 
 
 As células tronco são necessárias para a produção de células sangüíneas, pois dessas 
apenas os linfócitos sãocapazes de se multiplicar. As células tronco são capazes de repovoar 
a medula óssea após severa lesão, capacidade esta que decresce com a idade do animal, ou 
seja, animais velhos irão se recuperar mais lentamente de uma grave agressão a medula do 
que animais mais jovens. 
 
LEUCOGRAMA 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 35 
 
 
1.1 GRANULOPOIESE 
1.1.1 PRODUÇÃO E CINÉTICA DOS NEUTRÓFILOS: 
A granulopoiese ou granulocitopoiese ocorre na medula óssea, influenciada por estímulos 
como o da interleucina 3 (IL-3),considerada um fator multiespecífico, e pelo fator estimulador 
de colônia granulocítico-macrofágico ou granulocítico-monocítico (FEC-GM). A célula 
pluripotencial origina células progenitoras comprometidas em produzir neutrófilos e monócitos 
(UFC-GM), eosinófilos (UFC-Eos) e basófilos (UFC-Bas). A UFC-GM possui duplo 
comprometimento e sob influência do fator estimulador de colônia granulocítico (FEC-G) e do 
fator estimulador de colônia macrofágico (FEC-M), além da IL-3, regulará a diferenciação e 
maturação de neutrófilos ou monócitos. 
A granulopoiese obedece a uma linha seqüencial de multiplicação que inicia no mieloblasto, 
avança para pró-granulócitos até mielócitos, sob influencia de granulopoietinas (provavelmente 
oriundas de macrófagos), e continua na maturação em metamielócitos, bastonetes e neutrófilos 
segmentados. O último estágio capaz de sofrer mitose é o de pró-mielócito (ou pró-granulócito), 
de mielócito em diante, só ocorre maturação. Metamielócitos, bastonetes e segmentados são 
armazenados na medula óssea, por um período variável de tempo, enquanto as células sofrem 
maturação. Após, os neutrófilos mais maduros são liberados para a circulação sangüínea. O 
processo todo, desde mieloblasto até segmentado, dura entre 3,5 a 6 dias. 
Para facilitar a compreensão deste sistema ordenado, podemos teoricamente, dividir a 
medula em dois compartimentos: 
I. Compartimento de multiplicação: 
Mieloblasto → pró-mielócito (pró-granulócito) → mielócito 
II. Compartimento de maturação e estoque: 
Metamielócito → bastonete → neutrófilo segmentado 
 Os neutrófilos ôo distribuídos em um dos dois compartimentos dinâmicos na circulação, 
chamados compartimento circulante e compartimento marginal. O compartimento circulante 
compreende aquelas células que estão na corrente circulatória e que são retiradas do vaso no 
momento da colheita de sangue para a realização de exames. O compartimento marginal consiste 
naquelas células que estão aderidas ao endotélio de pequenos capilares e vênulas, ou que circulam 
lentamente ao longo da superfície endotelial desses pequenos vasos. Estas células não são 
contadas no hemograma, porque elas não estão circulando, portanto não fazem parte da amostra 
colhida por punção venosa. A distribuição dos neutrófilos entre os dois compartimentos, em 
caninos, é de aproximadamente 1:1, ou seja, para cada neutrófilo circulante, estma-se 1 no 
compartimento marginal. Em felinos, a proporção é de 1:3. Mudanças nos números de células 
entre os dois compartimentos podem rapidamente, sob ação de determinados estímulos, e podem 
modificar muito a contagem leucocitária, especialmente em felinos. 
 Os neutrófilos tem uma meia-vida circulante entre 5,5 e 10 horas. Após este período,eles 
marginam e migram para os tecidos. Uma vez que tenham penetrado nostecidos, os neutrófilos 
não retornam à circulação(não recirculam), permanecem viáveis e ativos nos tecidos até 2 dias, 
após, eles são fagocitados por macrófagos ou atravessam as mucosas e são eliminados do 
organismo junto com as secreções(especialmente no lúmen intestinal). 
 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 36 
1.1.2 PRODUÇÃO E CINÉTICA DOS MONÓCITOS: 
Apesar da formação dos monócitos na medula, ser a partir da mesma célula-mãe dos 
neutrófilos, não existe na medula compartimento de maturação ou reserva de monócitos, ou seja, 
estas células são liberadas da medula logo após a sua formação. Ainda que não haja nenhuma 
reserva medular de monócitos, eles podem ser formados rapidamente em condição de doença. 
Em humanos, os monócitos estão distribuídos na corrente circulatória, entre os compartimentos 
circulante e marginal (1:3,5), tem uma vida circulante curta (8,5 horas), após a qual deixam a 
circulação e alcançam os tecidos, não retornando a circulação. Dados comparáveis não existem 
na literatura veterinária, mas se supõe que sejam similares, principalmente em caninos e felinos. 
A maturação dos monócitos em macrófagos é acompanhada por mudanças na sua 
morfologia, ultra estrutura, receptores de membrana e metabolismo. Após a diferenciação os 
macrófagos podem sobreviver, nos tecidos, por dias ou meses. 
 
1.1.3 PRODUÇÃO E CINÉTICA DE EOSINÓFILOS: 
Os eosinófilos e basófilos podem compartilhar um progenitor comum. Algumas evidências 
indicam produção simultânea das duas linhagens sob influência de IL-5 e alterações similares nos 
números circulantes das duas linhagens em condições como reações alérgicas. 
A produção de eosinófilos na medula óssea é controlada por linfócitos-T. Os eosinófilos 
recém formados são armazenados na medula óssea de maneira semelhante àquela dos 
neutrófilos. À medida que os eosinófilos são liberados da medula, eles se distribuem 
desigualmente entre os compartimentos marginal e circulante de eosinófilos, têm uma meia-vida 
circulante entre 2 e 12 horas e depois saem da corrente circulatória. Quando migram para os 
tecidos localizam-se primariamente nos sítios sub-epiteliais na pele e nos tratos respiratório, 
gastrointestinal e genito-urinário. Devido a essa localização, doenças envolvendo esses tecidos 
podem ser acompanhadas de intensa eosinofilia tecidual, sem eosinofilia sangüínea. 
Após vários dias nos tecidos, os eosinófilos são eliminados da mesma forma que acontece 
com os neutrófilos. 
1.1.4 PRODUÇÃO E CINÉTICA DOS BASÓFILOS/MASTÓCITOS: 
Se os basófilos e mastócitos surgem de um mesmo progenitor no seu desenvolvimento não 
está ainda comprovado, mas a diferenciação final de cada linhagem é regulada por um diferente 
conjunto de substâncias. 
A célula tronco que dá origem imediata aos basófilos ainda não foi identificada e os dados 
cinéticos de produção e circulação também não foram bem esclarecidos nas espécies de animais 
domésticos. 
 
1.1.5 PRODUÇÃO E CINÉTICA DOS LINFÓCITOS: 
O sistema linfóide se desenvolve durante a gestação e os filhotes são imunológicamente 
competentes ao nascimento. Os tecidos que compõe o sistema linfóide incluem a medula óssea, 
timo,linfonodos, baço,tecido linfóide associado ao intestino, brônquios e sangue.O sangue contém 
menos de 5% do total da população corporal de linfócitos, e serve como uma via de distribuição 
de linfócitos. 
A linfopoiese continuada é independente das células tronco pluripotenciais da medula 
óssea e sangue, mas a maioria dos linfócitos no indivíduo adulto origina-se dos tecidos linfóides 
periféricos ( aqueles outros além do timo e medula). A diferenciação inicial, em linfócitos T ou B, 
 Patologia Clínica Veterinária – UFPel - 37 
ocorre em associação com o timo e medula óssea (que é bursa equivalente nos mamíferos), 
respectivamente. Os linfócitos B estão envolvidos com a imunidade humoral, pela produção de 
anticorpos, enquanto os linfócitos t estão envolvidos com a imunidade mediada por células, 
modulando a atividade de outras células ou matando células tumorais ou células infectadas. A 
linfopoiese é estimulada por exposição antigênica e é deprimida por corticóides, hormônios 
sexuais e má nutrição. 
A população total de linfócitos é dividida em aproximadamente 70% de linfócitos T, 20% 
de linfócitos B e os 10% restantes

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