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Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 5 Andrcs Ferrari1 Pedro Cezar Dutra Fonseca2 A cita -o acima apresenta claramente o objetivo deste artigo: definir o car?ter da produ acordo com Caio Prado Jtnior e Jacob Gorender, dois autores provindos da mesma linha tebrica: o marxismo. Mas esta mesma observa7-o de Chiaramonte expressa a dificuldade e as motivasmes da controvcrsia que envolve a questuo da determinaivo dos sistemas econimicos previstos anteriores 7 forma7-o do capitalismo no continente americano. Por isto, a apreciateo adequada da posivio de cada autor requer atena o a esse debate que, por outro lado, excede os limites do prsprio caso brasileiro. Essa controv1rsia resulta mais complexa porque, se para Chiaramonte (1983:101) ¨ 1 Doutorando do Programa de P8s-Gradua04o em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). ferrariandres@yahoo.com 2 Professor Titular do Departamento de Ci?ncias Econ Federal do Rio Grande do Sul; Pesquisador do CNPq. pedro.fonseca@ufrgs.br Caio Prado J�nior, Jacob Gorender e a escravid aprecia??o cr?tica 1. Introdu??o A p a re nte m e n te , se t ra ta b a d e u n p ro b le m a se n c illo . Un se empresario capitalista. Tampoco una economna feudal d e u n a c a p ita lista , n i d e u n a so c ie d a d fe u d a l d e un a b u rg u e sa . Sin e m b a rg o , e l p ro b le m a d e d isc e rn ir si la s so c ie d a d e s h isp a n o a m e ric a n a s e ra n d e n a tura le za feudal, capitalista u otra, se convirti1 - y contin estado - en uno de los mTs arduos en el campo de las c ie n c ia s so c ia le s a lo la rg o d e l XX. (C HIA RA M O NTE, 1983:17). e l c o nc e p to d e m o d o d e produccicn no constituy , en el uso de Marx, el concepto Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.6 , Cardoso (1973:137) distingue tr como Al?m disso, Cardoso sustenta que Marx n sendo que suas referuncias mais numerosas e mais especeficas referem-se a planta les escravas do sul dos EUA. No ssculo XIX, que Aceita que , e tendo como base cita Jean Souret-Canale que afirma: La esclavitud reaparece, igualmente, en las colonias en el pereodo de la acumulacien primitiva, y acn desputs del triunfo del modo de producci_n capitalista, sin que por ello se pueda concluir que existi9 un ªmodo de produccidn esclavista« en los siglos XVIII y XIX (…) En resumen, no se puede definir un ªmodo de producciün« solamente a partir de la presencia o la ausencia de una forma de explotacisn, aen cuando lsta sea dominante a nivel local. El silo puede ser definido tomondose en cuenta , que a su vez corresponde a (SURET-CANELE CARDOSO, 1973:135-36). N obstante, Cardoso afirma que . Assim, ; e, caso a central para la interpretaci8n de la historia© ¨manera de producir, como modo dominante que define una npoca histurica, y para distinguir otros modos secundarios de ?ste©. ¨una verdadera teorca de los modos de produccign coloniales©, ¨proveen elementos -tiles para una teor1a del modo de producci?n esclavista colonial©. ¨el hecho de q ue re r c o nsid e ra r la s so c ie d a d e s c o lo n ia le s a m e ric a n a s c o m o dependientes de modos de producci?n espec consigo la posibilidad de muchas cr el conjunto de las relaciones de produccirn u n tip o y u n n ive l d e te rm in a d o d e la s fu e rza s p ro d uc t iv a s a p ud ¨quedar?a enteramente de pie el problema de c a su modo de producci n, las sociedades esclavistas de Amnrica a nte s d e l a d ve nim ie nto d e l c a p ita lism o c o m o m od o d e producci�n dominante© neste debate ? necess?rio definir se houve modos de produ50o espec2ficos na Am9rica Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 7 resposta seja afirmativa, qual seria sua natureza. Para Cardoso houve ?modos de produ??o coloniais 3, no??o que ser? retomada por Gorender. Nesta 1rbita estno situadas as diferentes utiliza mes do conceito dos ªmodos de produimo« americanos prpvios ao no capitalismo. Procurando restringir este extenso debate aos aspectos mais diretamente voltados a compara conceitos de Prado J?nior e Gorender, duas vers9es principais precisam ser examinadas. Uma que sustenta que a escravidlo colonial, em particular a brasileira, havia se constituado em um modo de produero . A linha ªfeudal« vinculava-se ? ªmatriz ortodoxa« que procuravam ajustar o curso histvrico ¦ a atravcs de uma ªestranha e anti-cienttfica maneira de interpretar os fatos« (RB:35) ¦ nas etapas de modos de produ io mencionadas por Marx na de 1859, osquais todo pa0s deveria atravessar antes de ¦ ou para poder ¦ chegar ao socialismo 4. Deste conceito, denuncia Caio Prado, surge a necessidade de definir a escravid?o como ªfeudal«, mal entendendo as especificidades brasileiras. ªFeudal« tornou-se assim sin qualquer forma particularmente extorsiva de explorarao do trabalho, o que feudalismo n o sno a mesma coisa, e no que se refere estrutura e organiza mo economica, constituem sistemas bem distintos. E se distinguem sobretudo no que concerne ao assunto de que estamos tratando, isto a, a natureza das relatoes de trabalho e produdoo e o papel 3 ¨Por ªmodos de producci?n coloniales« designo, pues, aquellos, modos de producci que en ciertos casos pudieron sobrevivir a la independencia pol americanas, y seguir existiendo durante el siglo XIX, hasta la implantacian ¦que se dio en (CARDOSO, 1973:143). 4 ¨Segundo esse esquema, a humanidade em geral e cada pa Brasil naturalmente inclu do - necessariamente teriam que passar por est-gios sucessivos em que as etapas a considerar, anteriores ao socialismo, seriam o feudalismo e o capitalismo. Em outras palavras, a evoluroo histerica se realizaria invariavelmente atravas daquelas etapas, ate chegar no socialismo© (RB:32). ¨que la realidad social latinoamericana se ha mostrado persistentemente rebelde a las ªclasificaciones« marxistas tradicionales©. fe ud a l Cr Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.8 que essas relamoes desempenham no processo polptico- social da revolu??o. (RB:42-43). Estainterpretapao ªfeudal« serg tamb m negada por Gorender, que reconhece que fora Caio Prado o precursor da cr`tica desta id aprofundar5. A outra tese que alimenta a pol9mica chamada de ªcirculacionista«, a qual, como explica Ciafardini (1973:114) postula que ªel desarrollo del comercio habrda en cierta forma la instauraci?n del capitalismo, disolviendo las formas precapitalistas de produccion«. De acordo a Assadourian (1973:68), Marx, no terceiro tomo do escreveu que ªa verdadeira ciincia da economia pol processo de circula-3o ao processo de produ09o«, consequentemente: Marx rechaz definir una formaciln econdmica-social por la simple y enica presencia del capital comercial, pues lste, encuadrado en la nrbita de la circulacicn y con la exclusiva funcion de servir de vehaculos al cambio de mercancvas, existe cualquiera sea la organizacibn social y el ragimen de produccimn que sirva de base para producir los productos lanzados a la circulaciin como mercanc1as. Por estas razones Marx negaba, por superficiales, aquellos an que estudiaban exclusivamente el proceso de circulacinn (ASSADOURIAN, 1973:68). Para Assadourian, Marx referia-se como regime de produ feudal de produpio, formas anteriores d forma bnsica moderna do capital, perpodo do aparecimento da produa o capitalista. Precisamente, este ser o ponto crucial do trabalho, porque a 5 Esta vis?o tambem por Ciro Cardoso (1973:148), ªFeudalismo y capitalismo, , noexistieron en Am colonial. No es suficiente constatar formas de trabajo forzados (ªcorv?e«) o de servidumbre para poder hablar de feudalismo, y la vinculacian al mercado mundial no constituye un criterio vclido como para clasificar a una formacion social como capitalista; tampoco lo es la constatacirn, sin mis, de ciertas formas de trabajo asalariado©. d e te rm in a d o C a p ita l, entendidos como modos de producci Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 9 escravidao brasileira deste percodo o parte integrante do debate. Mais ainda, Gorender classifica Caio Prado como circulacionista, e sustentarã a exist que ser? . Para analisar a validade desta proposi vis argumentos de cada um, quando sera expressa nossa concord?ncia com a vis?o de Prado J?nior. Ao contrrrio de Gorender, Caio Prado n o apresenta uma visro sobre a escraviddo brasileira em uma nica obra, nem tampouco aborda esta questCo direta ou sistematicamente como objeto de anslise. A sua concepouo encontra-se em diversos livros que tratam da evolupoo do Brasil desde a chegada dos portugueses, uma colonizaino que ¦ como a europsia em geral ¦ teve desde seu inocio um ¨sentido© primordial: ªrealizar apenas um negdcio, embora com bons proveitos para seus empreendedores« (FBC:279). Esse esentidoa, permanecerm como forta motriz dos comportamentos que afetarto o Brasil. Quando se diz que esse 7sentidoe se concretizou por meio da explorarto do territsrio atravms da produ© o extensa de bens tropicais de alto valor para o mercado europeu, logo se remete ao aparecimento da enorme importa oo de africanos como escravos: Aquilo que essencial e fundamentalmente forma esta nossa economia agr ria, no passado como ainda no presente, ? a grande explora? conjugam, em sistema, a grande propriedade fundioria com o trabalho coletivo e em cooperaoro e conjunto de numerosos trabalhadores. No passado esses trabalhadores eram escravos, e era isso que constituea o sistema, perfeitamente caracterizado, que os economistas ingleses de ent (sistema de plantateo), largamente difundido por m o d o d e produ??o escravista colonial pr?-capitalista p la nta t io n syste m 2. A escravid7o como resultado do sentido de coloniza??o: Caio Prado J?nior Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.10 todas as dreas tropicais e subtropicais colonizadas por europeus e a que Marx se refere em diferentes passagens de O CAPITAL. (RB:46). Caio Prado expressa tambÛm com muita clareza e precisao as razres que fizeram o colono europeu instalar-se no Brasil. (FBC:20). Depois de analisar e descrever as implicapres sociais e culturais que surgiram como conseqiencia da evolua o correspondente a este ¨sentido© de colonizapno, aborda a funreo do escravo, definindo seu lugar nessa estrutura: . A diferen escravid?o se nutre de povos e ra equiparam a seus conquistadores, se nro os superam« -, na modernidade o escravo era s? uma recrutados de povos Por isso, sustenta que s? era (FBC:278-8)6. Este conte�do e car 6 ¨Ressalta isso da compara hist?ricos da escravidio: o do mundo antigo e do moderno. No primeiro, com o papel imenso que representa, o escravo ngo evolutivo natural cujas raazes se prendem a um passado remoto; e ele se entrosa por isso perfeitamente na estrutura material e na fisionomia moral da sociedade antiga (...) a escravid tradi-2o alguma. Restaura apenas uma institui09o justamente quando ela j? ªVir um negocio: inverterc seus cabedais e recrutar, a mlo de obra de que precisa: indugenas ou negros importados. Como tais elementos, articulados em uma organizapoo puramente produtora, mercantil, constituir-se-r a colpnia brasileira« ¨Nada m a is se q ue ria d e le , e na d a m a is se p e d iu e o b te ve q ue a sua for a ¨simples m?quina de trabalho bruto©, ¨b?rbaros e semi- b transirao, em uma civilizadoo inteiramente estranha©. ªum recurso de oportunidade de que lannaram m o os pacses da Europa, a fim de explorar comercialmente os vastos territarios e riquezas do Novo Mundo« Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 11 brasileira manter-se-no ao longo dos seculos; uma constante que se combinar8 com qualquer evento novo que surja 7. As variantes do ponto de vista econsmico, que o Brasil apresentou enquanto utilizou m se, basicamente, em torno de que produto organizada toda a produrao principal. Em todo o caso, um produto pode diferenciar do outro em meltiplos aspectos, como: localizaemo geografica, europeus, forma de comercializaoro, exigancias produtivas, ciclo econmmico, etc. Nso obstante, em todos os casos ests a mesma estrutura produtiva que se caracterizara por trabalho escravo, exporta eo latifundisria e monocultura. Estas sio caracterusticas fundamentais, permanentes, que definiram a organizatio econnmica deste permodo. Esta sers a ª (FBC:121)8, sustentada pelo trabalho escravo, o elemento mais essencial. O ramo mais importante do com contudo o trrfico de escravos que nos vinham da costa da ½frica… r esta mais uma circunstoncia digna de nota que vem comprovar o car ter da economia colonial: o escravo negro quer dizer, sobretudo, aa car, algodoo, ouro, grneros que se exportam. (HEB:116). O aspecto comercial alcanaari outra dimensio, a qual Caio Prado ressaltari com insistuncia. Esta refere-se s dependrncia histlrica de economia brasileira es exigencias do mercado europeu, condicionante externa que influenciars perdera inteiramente sua raz?o de ser, e fora substitu?da por outras formas de trabalho mais evoluadas© (FBC:278-80). 7 ¨O trabalho escravo nunca ir constrangido; nco educarc o indiv humana mais elevado. Nao lhe acrescentare elementos morais; e pelo contrvrio, degrad trazido de seu estado primitivo© (FBC355). 8 ¨Esta se realizaro em larga escala, isto e, em grandes unidades produtoras ¦ fazendas, engenhos, planta? das col?nias inglesas) ¦ que reEnem cada qual um nmmero relativamente avultado de trabalhadores. Em outras palavras, para cada propriet?rio (fazendeiro, senhor ou plantador), haveria muitos trabalhadores subordinados e sem propriedades© (FBC:17-18). c p la nta tio ns Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.12 decisivamente as possibilidades, os ritmos, os momentos, os participantes, as especificidades e as localiza(Fes de seu desenvolvimento. Esta depend ncia, justificada com o fato de voltar-se para fora, sera um fator que subsistira a todos os eventos econsmicos e polfticos ¦ Independcncia, Rep blica, Abolirao, industrializaxpo, etc.-, e constitui um desafio a vencer, tal qual o objetivo de explicar em A Revolu bo Brasileira9. O objetivo deste trabalho nmo t analisar estas ponderaiaes do autor nestes pontos. Nio obstante, h uma dimensao que t fundamental para compreender seu entendimento da escravidpo brasileira e, como serm visto mais adiante, serm um dos elementos contestados por Gorender. Embora sejam escassas as refer ncias diretas R obra de Marx nas obras de Caio Prado, ele deixa claro que esta o sua maior inspiraeso tearica. Assim mesmo, em momento algum ele torna expl econrmica se observou no Brasil tendo como base o trabalho escravo. Entretanto, assim como tambsm Caio Prado e claro nessas poucas referancias sobre sua adesco ao marco te rico de Marx, sua descri do da organizaaso produtiva escravista brasileira ndo deixa davidas de que esta apresenta um car ter ªcapitalista«. Mas, ele n?o diz isto . interpretacao, a qual se baseia na utiliza ao de conceitos e fica mais clara ainda quando abordao marco hist rico geral em que se apresentou a coloniza to americana desde o s culo XVI. Os paeses da America Latina sempre participaram, desde sua origem, na descoberta e colonizae o por povos 9 ¨Mas, qualquer que seja o caso, o trabalhador livre de hoje se encontra, tanto quanto seu antecessor escravo, in teiramente submetido na sua atividade produtiva O direseo do proprietLrio que m o verdadeiro e ,nico propriamente da terra e empresario da produreo, na qual o trabalhador nao figura senEo como forra de trabalho a servido do propriet rio, e nho se liga a ela senEo por esse esfor?o que cede a seu empregador© (RB:47). d ire ta m e n te o c up a nte Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 13 europeus, do mesmo sistema em que se constituvram as relaaves econemicas que, em oltima instCncia, foram dar origem ao imperialismo, a saber, o sistema do capitalismo. Sro essas relauees que, em sua primeira fase do capital comercial, presidiram u instalaueo e y estrutura do economica e social das colnnias, depois napies latino-americanas. a assim, dentro de um mesmo sistema que evoluiu e se transformou do primitivo e origin rio capitalismo comercial, an, e por forea das mesmas circunstoncias (embora atuando diferentemente no centro e na periferia), que se constiturram de um lado as grandes potincias econmmicas dominantes no sistema imperialista, e de outro os palses dependentes de Am?rica Latina (RB:68). Observe-se que Caio Prado ndo estu afirmando que houve nas col?nias, e sim que a AmÀrica Latina foi parte do sistema capitalista na medida em que este se constitu?a. Por isto: As col?nias foram ? na medida em que o sistema se definia como modo de produa,o na prdpria Europa. Mas o cariter capitalista das colanias desvendado t Obviamente as col?nias latino-americanas n apresentam o modo capitalista de produ ainda nio existia como tal em nenhum lugar; mas s o capitalistas na medida em que fazem parte do processo de expanslo do capital que vai construindo seu sistema de produ??o. Este car?ter ? importante quando o Brasil passa do status colonial ao de um pais politicamente independente10, na medida em que surge a ªnova ordem 10 ¨O Brasil continuaru, neste sentido, como era . M as o que se modifica, e profundamente, f a ordem internacional em que o pats e a sua economia se enquadram. Essa ordem ? agora a do capitalismo industrial, ou capitalismo propriamente, que A acompanhado, ou antes se disp nevel econlmico muito mais elevado, dotado de for produtivas consideravelmente mais poderosas, e dinamizado por intensa atividade sem paralelo no passado© (HD:57). rela??es sociaiscapitalistas ªque, em ?ltima inst?ncia, fo ra m d a r o rig e m a o im p e ria lism o , a sa b e r, o siste m a d o capitalismo«. capitalistas. d e p e nd e n te a nte s Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.14 institupda pelo capitalismo industrial«, embora sem modificar sua posi 11 Referimo-nos ao capitalismo industrial que assinala a complementaido do processo de mercantilizadeo dos bens econ cuja inclusxo generalizada no rol das mercadorias, e caracteriza co como tal, completa aquele processo que assim penetra no mais zntimo da atividade econimica que sto as relacoes de produplo. Essa mercantilizaquo generalizada da for a de trabalho se faz possavel graras sem d conhecida por ªrevolueno industrial«) ocorrida na segunda metade do seculo XVIII. E a ela se costuma por isso atribuir a genese do capitalismo moderno. (HD:51). Aqui se observa que Prado Janior distingue claramente as relapdes sociais capitalistas, e que vincula a apariifo do trabalho assalariado com a ipoca do capitalismo industrial, sendo esta uma nova etapa na configurango deste modo de produ eo. Quis dizer que a colonizauro americana em geral, e a brasileira em particular, estiveram definidas pelos impulsos europeus do surgimento e posterior evoluseo do capitalismo naquele continente. Primeiro em sua etapa comercial e, logo ap os acontecimentos brasileiros por meio de fatores , mas como partes integrantes, inseridas do sistema capitalista mundial. Conseq capitalismo industrial fragiliza o ªPacto Colonial, que significava o exclusivismo do com respectivas metrcpoles. O Pacto Colonial s expressso perfeita do domvnio do capital comercial que a nova ordem 11 Isto decorre do fato de o Brasil entrar para a histtria contemporanea, e passar a participante da nova ordem institurda pelo capitalismo industrial, na condi ¦o, que j centros nevrclgicos e propulsores da economia internacional… E e desse sistema e de um mundo bem distinto do anterior e em plena efervesc impelido pelo capitalismo industrial, que receber os est?mulos econ e xte rno s d e n tro Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 15 capitalista encontra pela frente e deve destruir para se desenvolver«, levando em conta agora a figura central do empres?rio cujo objetivo . Como resultado deste processo, sucumbe a proeminancia portuguesa, enquanto o Brasil se organiza em um Estado nacional e desencadeia um processo que , cujo efeito mais profundo r haver golpeado (HD:52-3). Fica claro que as relaanes propriamente capitalistas se firmaram depois do desmoronamento do Pacto Colonial e da Abolilio. Note-se bem, novamente, que mais adiante Caio Prado nso expressa em momento algum que a organizaseo produtiva verificada no Brasil ; da seguramente, a express Gorender criticar discussro posterior que o afirmado por Prado Jenior r que ªno Brasil, o que tivemos como organiza inncio da coloniza oo, foi a escravidao servindo de base a uma economia mercantil« 12. Tamb?m sustenta que com a abolil,o da escravatura seroo consolidadas as reladees capitalistas de produnto em toda a economia brasileira (RB:115). Mas estas rela tes nlo sso um fato isolado ou decorrentes, simplesmente, da evolupoo do processo histurico brasileiro, mas bastante integradas com o capitalismo que jo tinha avanaado, produto da Revolucao Industrial. 12 ª P?g. 191. ª? vender seus produtos, para o que a situa comercial de que nno participa diretamente porque nao d comerciante, n?o lhe traz benef?cio algum« ªintegrado na nova ordem internacional do capitalismo« ªcomandar? a evolu??o histerica e as transforma Pes ocorridas at mesmo nos dias de hoje« ªa pr?pria estrutura tradicional de classes e o regime servil« se ja c a p ita lista ¨Mas se a A quest Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.16 (HD:52). Apesar destes comentarios, Gorender qualificare a Prado J comercial extrai a s ntese que resume o car ter da economia13. Seguramente a frase permite uma compreensao ambsgua. Mas em seu contexto, parece-nos claro que essa n O cartter geral da colonizaulo brasileira, empresa mercantil explorada dos trtpicos e voltada inteiramente para o comnrcio internacional, em que, embora peia essencial, npo figura, sento como simples fornecedora dos gbneros de sua especialidade. Nos diferentes aspectos e setores da economia brasileira constatamos repetidamente o fato, que pela sua import primordial merece tal destaque, pois condicionou inteiramente a formaolo social do pals (HEB:118) 14. Para ele, o comfrcio sintetiza o carmter da economia brasileira enquanto parte do modo de produueo capitalista, o qual ocorre em escala mundial, enquanto o desenvolvimento do Brasil. Ademais, quando Caio Prado aborda especificamente a forma oo histerica brasileira 13 ¨A analise da estrutura comercial de um pans revela sempre, melhorque a de qualquer um dos setores particulares de produ sua natureza e organizae o. Encontramos ap uma shntese que a resume. O estudo do comarcio colonial virt assim como coroamento e conclus o de tudo que ficou dito relativamente 14 ¨Observamo-lo no povoamento, constitu de dirigentes brancos, da grande maioria de outras ra escravizadas, ?ndios e negros africanos, cuja fun produzir a? europeus. O mesmo se deu na distribuideo daquele povoamento, condensando-se exclusivamente li onde era possOvel produzir aqueles gineros e se pudessem entreg propriamente econ trabalho, encontramos ainda, dominante, aquela influancia. E finalmente, neste quadro que sumaria as correntes do comercio colonial, e com elas a natureza da nossa economia, a a mesma coisa que se verifica© (HEB:118). revolueio tecnolbgica faz possrvel esta profunda modifica jo das rela oes de produ po e trabalho, r a mesma modificao o (que alias, nos seus primeiros esboaos, estimula a revolu,oo tecnolagica), s ela que direta e essencialmente assinala o advento da nova ordem capitalista© c o nd ic io na Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 17 sempre assume os determinantes internos como essenciais, basicamente as rela este tema, a escravidso. Assim, por exemplo, destaca o v do regime servil ao assalariado, como no caso do escravo africano ao imigrante europeu. De todas as conseqodncias diretas ou indiretas (mas em sucessdo imediata) derivadas do considertvel e t repido progresso da economia cafeeira verificado no Brasil, a mais importante e de efeitos mais amplos e profundos na vida do pass, foi sem dNvida o papel que teve na aboli oo do trabalho servil e na instituiaso generalizada do trabalho livre, bem como neste outro fato t o intimamente associado f aboliveo e que vem a ser a afluMncia macira de imigrantes europeus jo desde meados, mas sobretudo a partir do lltimo quartel do s?culo passado. (HD:67). Conseq?entemente, a vis Janior foi sumamente coerente nos diversos textos que tratou da escravidso brasileira. Ele parte da motivaxto econ mica/ comercial com que o colonizador europeu se instala, produz e, fundamentalmente, importa escravos africanos como simples for a de trabalho. Este desenvolvimento culminar como sendo parte das primeiras etapas do modo de produndo capitalista, na medida em que este modo vai surgindo, desenvolvendo-se, concretiza-se e imp e-se como marco internacional. Assim mesmo, nota-se que Caio Prado nao sP entende a organizam o da produclo ¦ a como base da sociedade escravista colonial, mas tambmm distingue, de forma nitida, tanto conceitual como historicamente, e tanto interna como internacionalmente, as relastes de produ mo capitalistas das n o-capitalistas. Noo obstante, Gorender tero uma visao crotica de Caio Prado Jtnior em mvltiplos aspectos c?lula fundamental da economia agrrria brasileirat ¦ Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.18 em sua defesa da existsncia de um modo de produdeo escravista colonial. Ao contr,rio de Caio Prado, Gorender deixa expl cito, tanto na tem?tica como na linguagem, sua perfilha marco marxista de an estudo ao desvendar o caroter da escravidao brasileira 15. Em 600 p?ginas apresenta o como um modo de produ??o espec?fico, correspondente as w do novo continente. Critica as interpretabmes anteriores por desviarem-se ante o ¨obstoculo que opuseram ao estudo da categoria central de todas as formas,es sociais: a categoria de . Assim, ? percebido que a coloniza??o, Para isso, argumenta, seria necess?ria uma EC:6-7). Em sua 15 Para concentrar o trabalho nos pontos cruciais, somente se mencionara que quando Gorender (EC:77-98) detalha os quatros pontos caracter escravidgo colonial, ap especializa79o na produ50o de g2neros comerciais destinados ao mercado mundial, o que implica monocultura ainda com depend economia natural; (2‡) trabalho em equipe sob um comando unificado, com nenhuma iniciativa autpnoma do trabalhador direto, a diferenCa da organiza‡)o feudal; (3‡) a ªconjugaino estreita e indispensivel, no mesmo estabelecimento, do cultivo agrecola e de um beneficiamento complexo do produto« (EC:81); e (4‡) a divis ao tra ta r a forma organizativa busica, salvo quando afirma ªa plantagem absorveu inovamaes tecnolvgicas, o que afasta a idria da incompatibilidade absoluta entre progresso t cnico e trabalho escravo« (GORENDER, 1989:95) 16 Gorender proppe este termo em lugar de ¨Juntamente com a escravidao, a plantagem constituiu categoria fundamental do modo de produabo escravista colonial© (EC:78). 3.O modo de produrmo escravista colonial: Jacob Go re nde r Esc ra v ism o C o lo n ia l plantagens? 16 modo de produ ¨originou nas Ampricas modos de produr o que precisam ser estudados em sua estrutura e dinimica prtprias©. ¨inversao radical do enfoque: as rela ¨es de produueo da economia colonial precisam ser estudadas de dentro para fora, ao contrrrio do que tem sido feito, isto o, de fora para dentro© ( e m g e ra l p la nta t io n, Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 19 vis definam o modo de produ forma, es sociais coloniais, com o intento de avanuar na linha mencionada de Cardoso. Para ele, essas anrlises interpretativas encontram um obsttculo insuperjvel por sua inadequaano te,rica, redundando em contradiries (EC:4). Posto que, em sua opiniyo, (EC:11), procurar) avanvar na mencionada linha de Cardoso. Um passo sirio e pioneiro em dire eo a tal problemstica foi dado por Ciro Cardoso, que, ao inv(s da abstra98o de um ªmodo de produ Co colonial«, anico e indefinido, ateve-se n proposia,o concreta de modo de produ o escravista colonial. … O de que se carece, a meu ver, d de uma do escravismo colonial que proporcione a reconstrucro sistemotica do modo de produamo como totalidade org nica, como totalidade unificadora de categorias cujas conextes necessvrias, decorrentes de determina essenciais, sejam formul 17. Rela? entao, o mecanismo pelo qual Gorender tentar definir um sistema prdprio correspondente ao escravismo colonial. Busca- se uma teoria geral para um modo de produteo especofico, esclarecendo que sua obra se limita a este objetivo, tendo como EC:11)18. N?o obstante, Gorender apresenta, em 17 ¨Advirta-se que o obst culo continuar intransposto enquanto nos ativermos a formula des do gmnero de ªmodo de produ Eo colonial« ou ªsistema de produ 2o colonial«, pois, ainda aqui, o enfoque n?o deixou de ser econ conceituaraes elemento contingente a acesserio© (EC:7). 18 ¨Impme-se, por conseguinte, a concluseo de que o modo de produaio escravista colonial m inexplicavel como slntese de modos de produito preexistentes, no caso do Brasil. Seu surgimento nto encontra explicaveo nas ¨que se revelam com toda forna quando se deve enfrentar a questso das rela??es de produ??o© ¨o estudo de uma forma? estudo do modo de produ material© t e o ria g e ra l ¨o fundamento da formaa o social escravista, neo toda ela©«( e xte rio r Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.20 primeira instoncia, uma dificuldade de envergadura. Alinhado ao campo marxista, enfrenta uma manifestatao do prnprio Marx, nos , que afirma que Deste modo, tenta enfrentar o dilema: Embora n o o diga expressamente, a interpretadoo literal do texto conduz a considerar capitalista o modo de produ escravos, uma vez que seus donos sso declarados capitalistas. Mas esta classificaa o apela discursivamente ao conceito de , sob o argumento de sua inclusto no mercado mundial capitalista. As anomalias sociais nio sfo inconcebveis ¦ sem rela do com julgamentos de valor - e um exemplo delas pode ser identificado nas redua es jesuiticas rio-platenses. Creio, pornm, implausavel classificar de an malo um modo de produ durou s mobilizou dezenas de milhfes de seres humanos e serviu de base c organizasso de formaeses sociais estrveis e inconfund?veis. (EC:42). Gorender considera que Marx, ao passar dos a adquiriu mais maturidade e abandonou a tese da anomalia19. A resolu??o ?, no m?nimo, pol?mica, e na direstes unilaterais do evolucionismo nem do difusionismo. N,o que o escravismo colonial fosse inven ao contr rio, o escravismo colonial surgiu e se desenvolveu dentro de determinismo s?cio-econ8mico rigorosamente definido, no tempo e no espa?o. Deste determinismo de fatores complexos, precisamente, e que o escravismo colonial emergiu como um modo de produapo de caracterasticas , antes desconhecidas na histeria humana. Nem ele constituiu repeticro ou retorno do escravismo antigo, colocando-se em seqegncia ªregular« ao comunismo primitivo, nem resultou da conjugadto sintHtica entre as tend ncias inerentes b forma20o social portuguesa do s 19 ¨A tese de que o escravismo americano constituiu um capitalismo anemalo (ou foi uma , como disseram depois outros historiadores) reflete um entendimento imaturo que, com rela Marx, quando desenvolvia, sem finalidade de publicamao, as reflexoes preparat?rias de . Nesta obra, a tese sobre a anomalia ests ausente de todo, e o tratamento que seu autor dƒ ? quest traduz em conceituajuo muito diferente e oposta n anterior. (…) Estritamente pelo que diz e pelo critsrio cientafico em si mesmo, sem subordinasmo a argumentos de autoridade ou de autenticidade filol4gica, 0 que, na questoo do escravismo americano, considera inaceitXvel a tese do cardter capitalista, . Tanto mais, adiciono a tatulo de reforao, que o prrprio Marx se encarregou de G rund risse o s p la n ta d o re s escravistas sio capitalistas como anomalias dentro do m e rc a d o m un d ia l c a p ita lista . a n o m a lia G rund isse O C a p ita l, nova s aberra? O Ca p ita l anpmalo ou n Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 21 seguinte sea,o levantar-se-ao dovidas sobre a mesma. Mas preciso ressaltar que Gorender define o modo de produMao escravista colonial como possuindo um car Foi mencionado que para ele o ponto de partida spo as relamees de produe o, embora mostre que a escravid o nao indica por si sd um modo de produreo ¦ da mesma forma que o assalariado e a servid?o - reparando que (EC:66), separando-os em forma similar a Caio Prado20. Considera, por?m, que o materialismo hist trabalho e (EC:71)21. Para Gorender, alguns autores interpretaram mal a vis de coloniza hist 22. Para ele, se bem a abund?ncia de terras tivesse sido uma das condirees indispensvveis do demonstrar essa inaceitabilidade com o que sobre o assunto escreveu em sua obra principal© (EC:43). 20 ¨A escravidIo de produ??o… No entanto, desde que se manifesta como tipo fundamental e est vel de relaores de produEno, a escraviduo ds lugar nuo a um unico, mas a dois modos de produono diferenciados: o escravismo , caracterizado por uma economia predominantemente natural, e o escravismo , que se orienta no sentido da produ que tamb econ?mico-sociais un?vocas© (EC:46). 21 ¨Tanto na escraviddo como na servidno, a exploraz?o do produtor direto se faz mediante , o que as re?ne num mesmo tipo geral de sujei , da estrutura econ © (GORENDER, 1989:73). 22 Gorender menciona que esse seria o caso de ªF. H. Cardoso, Octavio Ianni e Fernando Novais, que o escoraram na teoria da coloniza? pela cratica de Marx« (EC:139). Por outro lado, Gorender critica tambrm as vis es de varios outros autores (por exemplo, Celso Furtado, FlorestWn Fernandes, etc.), mas neste trabalho sd se tratarO suas opinires sobre o Caio Prado Junior. prÐ-capitalista. ªr diferenla do e sc ra v ism o c o lo n ia l m o d e rn o , o e sc ra v ism o ro m a no inc lu iu indiv ¨as definiu como rela ses de produsoo inerentes, cada qual, a modos de produs o rigorosamente especrficos© ªos fatores da produ??o aparecem despidos das rela Mes sociais com que lidam os homens de cada ?poca determinada« p a tria rc a l c o lo nia l coa??o extra-econ?mica relaH sub sta nc ia l Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.22 escravismo colonial, o de todo incoerente fundamentar na cr?tica de Marx o surgimento da escravid?o colonial 23. Esta pergunta interessa-nos, pois permite ver como Gorender explica este surgimento: A forca produtiva encarnada na plantagem adequava- se ao trabalho abstrato e a ela se associou nqo so na Am rica, mas antes na prepria Europa. Sucede, contudo, que a Amnrica oferecia imenso fundo de terras fertilAssimas inapropriadas, o que deu t plantagem canavieira do continente americano viabilidade muitrssimo maior do que nas Ilhas mediterrdneas e atl Mas esta mesma viabil idade s se compreende por ser o continente americano um continente . De outra maneira, ficaria inexplicado o escravismo . (EC:140). Nesta mesma linha, critica a ªtese de inegdvel feiudo geodeterminista« de Caio Prado (EC:141), e tambsm questiona haver considerado o escravo como mero expediente ditado pelas circunstbncias, destituedo, por conseguinte, de influ nas rela??es de produ??o, na estrutura e na dinrmica da sociedade colonial (EC:148). Segundo sua visdo, a escravidno se apresenta determinada 23 ¨A plantagem escravista imp nelas ser a terra escassa em comparas o com sua disponibilidade no continente americano. Nos Estados Unidos, a abundsncia geral de terras nco impediu que se firmassem dois tipos opostos de colonizacoo e de vida social: o das pequenas propriedades familiais no Norte e no Oeste e o da plantagem escravista no Sul. A colonizam o inglesa e francesa das Antilhas come ou com pequenos cultivadores, que produziam tabaco e anil para exportaEco, mas eles se viram implacavelmente deslocados quando deu entrada nas ilhas o engenho de am car. Em que pesem rs diferen as do regime jurrdico de apropriaido da terra conforme cada metrapole colonial, por toda parte a plantagem escravista se associou grande propriedade fundi?ria© (EC:140). ©Nìo foi esta que determinou a plantagem, mas o contr rio (...) o e m p re g o d o tra b a lho e sc ra vo te ve c o m o p re ssu p o sto a s caractertsticas da forma plantagem. Era preciso que houvesse uma forsa produtiva s qual o trabalho escravo se adaptasse em condi des de rentabilidade econamica para que os escravos fossem requeridos em tio enorme escala durante s?culos (EC:139-40)©. c o lo n iza d o c o lo n ia l d e c isiva Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 23 por for peso dentro da respectiva forma so social. Entende que a escravidto presente na coloniza so do Novo Continente sa pode ser compreendida se estudada ª (EC:148)24. Esta relatio entre o ªplantador e os escravos determina todo o carzter do modo de produnto« (EC:147) 25. Assim, Gorender comeaa a arrolar as leis que suo espec ficas a este modo de produseo colonial, as quais se diferenciam das que sdo velidas para alguns ou todos os outros modos, que denomina . Seu trabalho, portanto, tem a inten de leis, de um conjunto articulado que reflete teoricamente uma totalidade org nica© (EC:154); sco leis que, interligadas, expressam a l Este sistema, que aborda a terceira parte do livro, est constitu?do por cinco leis monomodais, a saber: (1?) a lei da renda monet ria; (2c) a lei do investimento inicial na aquisi ?o do escravo; (3a) a lei da rigidez da mmo-de-obraescrava; (4i) a lei da correla ao entre a economia mercantil e a economia 24 ¨O mesmo raciocmnio aplica-se servidro, que nem sempre feudal, e ao trabalho assalariado, que jo aparece na Antiglidade e existiu tambem na Idade M dia, sob condities e formas distintas do salariado capitalista© (EC:148). 25 Meu ponto de partida reside na convic de trabalho n de produ absolutamente essenciais, que definem as leis especuficas do modo de produ mo. Do ponto de vista mais abstrato, nxo ht diferensa entre o escravo, o servo e o operirio assalariado. Todos eles tim sua jornada dividida em e . No entanto, cada um deles caracteriza modos de produ? diferentes pela simples razoo de que sao diferentes os modos de explora Io de seu trabalho e de apropria explorador (EC:147). 26 ¨ as leis vigentes em todos os modos de produrno sem excedao; , uma vez que sua vig ncia n o se verifica em os modos de produ??o, mas apenas em mais de um deles; ou , cuja vigtncia t exclusiva de um pnico modo de produ:Oo (…) As leis do modo de produodo escravista colonial tambem s o, ao mesmo totulo, monomodais ou espec?ficas© (EC:152). e m c o n junto c o m a s for plantagem« m o n o m o d a is26 siste m a trabalho necess?rio sob re -tra b a lho Onim o d a is p lurim od a is to d os m onom od a is especificas Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.24 natural na escravista; e finalmente, (5?) a lei da populas o escrava. Nto cabe aqui analisar o sistema de leis proposto por Gorender, e sim comparar sua visao de escravidoo s de Prado Jcnior. Por isto, s serso feitas algumas considera proposto. Da lei de renda monetaria, Gorender define que ª e sobre este aspecto distingue o escravismo mercantil/colonial do antigo/patriarcal (EC:155-6). Dai Gorender extrai como inevit?vel sua liga incondicional27. N o afasta das teorias circulacionistas . Considera que , ainda que (EC:164). Com respeito se baseia na aquisiino do escravo por parte do plantador que adianta valor-dinheiro na compra e espera ve-lo 27 O escravismo colonial nasce e se desenvolve com o mercado como sua atmosfera vital. A explica produPro baseado na escravidro O compatnvel com a finalidade mercantil se estiver conjugado a um mercado apropriado. A exist?ncia pr?via do mercado externo constituiu, portanto, premissa incondicional (EC:164). p la nta g e m a explorarao produtiva do escravo resulta no trabalho excedente convertido em renda monet?ria«, ¨cuja an?lise se concentra no modo de circulaa resultado de tais anClises chegar a ªilusro renovada do ªescravismo capitalista« g e ra d a p o r se m e lh a nte e rro metodol ¨a esfera da circula??o se autonomizou com relaô c o lo nia l e , a o m e sm o te m p o , se a d e q uo u a e le , se m determinar suas leis internas, sua natureza essencial© ¨dependente do mercado externo, o modo de produ escravista colonial n conceitualmente definida como tal pela articulaovo de leis espec e xte rno Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 25 aumentado por meio do , (embora, para isso, deva incorrer em outro tipo de despesa, o da manuten??o do escravo) 28. Gorender sustenta que a singularidade do modo de producoo escravista colonial que, alrm da lei onimodal da reproducro necessoria da m o- de-obra , rege-se por outra lei monomodal relativa ao investimento da compra do escravo que representa um ¨ , (EC:169). Critica, assim, aqueles que, como Caio Prado, caracterizam este investimento como capital fixo, at` a conclus implicava uma esteriliza desacumulatoo, do qual se deduz o car ter prs/ou anti- capitalista do regime escravista colonial29: a importa de escravos constitu?a uma , um corte nas possibilidades de acumulameo de fundos produtivos, uma redureo sempre substancial dos recursos poupados para investimento. Nem . preciso mais do que isto a fim de demonstrar o car ter, nio somente pru-capitalista, mas tambtm anti- capitalista do regime escravista colonial. (EC:204). Logo, Gorender explica que apesar de seus maltiplos e graves problemas, a adodoo do trabalho escravo se impds n 28p evidente que o sustento do escravo nto representa dispdndio anclogo inversdo inicial, uma vez que n o resulta de um adiantamento, mas do prsprio trabalho do escravo. (EC:167). Temos, assim, dois disp : o do preno de compra do escravo e do seu sustento. O preio de compra do escravo nso i pago a este, poram ao seu vendedor, personagem que nenhuma rela Enquanto, porsm, o primeiro dispendio - o de preso de compra - se deu do processo de produ dele© (EC:168). 29 ¨… a inversÔo inicial de compra do escravo n processo real da produm o escravista, . Seria incorreto afirmar que ela ? , pois assim a incluir?amos no capital fixo. O correto m concluir que o capital-dinheiro aplicado na compra do escravo se transforma em , em capital que nÀo concorre para a produP e deixa de ser capital. Por conseguinte, cabe-nos concluir tambom que a inversoo inicial da compra do escravo somente pode ser recuperada pelo escravista (EC:183) ¨emprego produtivo do escravo© fa lso gasto de produ im p o sto p e la na ture za p e c ulia r d a s rela??es de produ??o escravistas© desacumulaÀ ¨como alternativa para o trabalho livre: foi adotado inte ira m e nte d istintos fora d e ntro esta inversoo se converte em nto-capital im o b iliza d a c a p ita l e ste riliza d o custa do sobre-trabalho do seu produto excedente©. Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.26 (EC:206). Dar, critica a Weber por haver efetuado uma compara desconsiderando as circunstincias histaricas que o levaram a julgar o primeiro como tendo elementos :irracionaiso 30. Gorender sustenta que este ponto de vista parte do prisma da racionalidade capitalista, mesmo que ainda esta produtividade seja muito inferior e o desperd•cio muito superior em frente ao capitalista assalariado (EC:205). Ent?o, conclui que Gorender contesta Caio Prado por sua visuo de um patriarcalismo que (EC:280), ao imputar-lhe 30 ¨N em Karl Marx e outro em Max Weber; isto n ou estamos com outro, em particular no que se refere ao conceito de capitalismo© (GD:13) simplesmente por n?o haver alternativa. E, obviamente, tamblm por ser vinvel do ponto de vista econbmico. Mais do que vi grande escala de g?neros tropicais de exporta e n q ua nto ho uve sse d e te rra s frrteis apropri ¨estabelecida como padr?o supra- hist?rico de racionalidade econ?mica©, , ¨n q ue o e m p re g o d o tra b a lh o e sc ra vo fo sse irra c io na l e m determinada Îpoca. Pelo contrhrio, nesta determinada dpoca, sa o emprego do trabalho escravo seria racional© ¨o escravo nto representou fato contingente, expediente ditado pelo arb trio ou surgido de circunst?ncias ocasionais©. ªembora seja dito que brotava do regime econimico, recebe significado unicamente de fen meno superestrutural ou, se quiser, de epifenimeno cultural. No embito da estrutura propriamente dita, o que sobreleva o car?ter empresarial da economia« ¨um economicismo peculiar que nega ter se originado da escravidao, uma formaroo social na acepo o totalizante do Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 27 (FBC:354), chegando a uma vis e do plantador como empresa e emprestrio, que por Tendo em conta ambos os anacronismos ¦ racionalidade e empresario capitalista -, Gorender critica aqueles que inspirados nas tipologias weberianas, afirmam a vig?ncia de um capitalismo incompleto como capitalismo escravista, tanto na Antiguidadecomo nos tempos modernos. Para ele, a no de capitalismo incompleto vincula-se somente formal de trabalho ao capital de Marx: (EC:301-02). Critica, tamb?m, o integracionismo, por sua idaia de que o surgimento do mercado mundial, no ssculo XVI, marcou o surgimento de um modo de produe-o tambhm mundial, evidentemente capitalista, jl que implica a identidade entre mercado e modo de produomo, a qual se formula de acordo com o termo capitalista (EC:313-14)31. 31 ¨Ao invis de insistir numa categoria inconsistente como a de comercial, a explican dos descobrimentos hispano-portugueses, ser comercial, entao ainda uma modalidade pre-capitalista do capital. Modos de produiao essencialmente diversos puseram-se em contacto atravrs do mercado mundial nascente e neste o modo de produe-o capitalista, em forma Mo na Europa Ocidental, encontrou terreno apropriado ao seu fortalecimento acelerado©. (EC:313). conceito, uma vez que afirma o car ter ªprimirio« das rela? completa de superestrutura© p la nta g e m ¨um processo associativo...s na acepceo do regime capitalista (EC:280)©. ¨O capitalismo j? ? a? capitalismo, por implicar a exploraino de oper rios livres pelo capital e o dominio destes no processo de produsuo, mas c a p ita lism o inc o m p le to , p o r se r in c a p a z a ind a d e p ro d u zir mais-valia relativa. Porfm, a subsun?no formal do trabalho no c a p ita l na d a te m a ve r c o m um p ro c e sso d e tra b a lh o executado por escravos© c a p ita lism o c a p ita l Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.28 Para validar seu argumento, Gorender apresenta uma frase de Marx em que manifesta que um pacs capitalista ¦ Inglaterra ¦ pode negociar com outro ¦ China ¦ sem que o mesmo seja tambmm capitalista. Com isso, tambpm critica Caio Prado J nior por ter sustentado isso no comercio, ¨encontramos ab uma sintese que a resume e explica©: (EC:523)32. A primeira se refere aos preaos de mercado, os quais, alpm do pr prio valor, devem incluir os falsos gastos de produ??o inerentes ? produ??o escravista, Assim, Gorender conclui que sl a possibilidade de um outorgava ? produ??o escravista 32 ¨Os agentes do processo de circulaeno podem dominar os titulares do processo de produdeo, mas isto ndo significa que a circula, o explique a natureza inerente, a estrutura circula processo de realiza sentido contr produtiva ou improdutivamente. Em `ltima an desvenda a organizahio da produugo, mas o contrcrio. (…) Nas formao es n capitalistas ou pr -capitalistas o que o capital mercantil - geralmente conjugando as duas formas de capital comercial e de capital de emprestimo - se apresenta como a encarnaluo por excelpncia do capital, podendo mesmo chegar a uma posi??o de sobranceira com rela processo ou interferir em sua natureza inerente. Nessas formagees, o capital mercantil surge substantivado e em estado de pureza, flutuando entre as esferas de produ? ¨A partir deste enfoque tenrico hoje chamado de circulacionista, n demonstramoo de que a produ qo escravista era orientada para exporta do e subordinada espoliatao colonialista© ¨o gasto de inversoo inicial de aquisiemo do escravo, o gasto do inaproveitamento parcial da mto-de-obra, em virtude de sua rigidez e o gasto excepcionalmente elevado da vigil segunda, i ¨que os preuos de mercado se fixassem, em cariter priorittrio, fora de influ ncia do jogo da concorr ncia, dada a incapacidade da produ mo escravista de responder cs baixas de preros, como sucessivas reduo es dos custos de produ? lucro de monop Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 29 colonial (EC:524)33. Mesmo que uma pesquisa quantitativa minuciosa e convincente demonstrasse as vantagens auferidas pelo capital mercantil, ainda assim o enquadramento tedrico da questno nao se alteraria. Pois c inadmissevel que o plantador colonial fosse um pobre coitado, condenado a uma situao o de prejuezo incessante e irremedievel. (EC:526). Gorender explica que lucro e pre o de monop lio, naturalmente, se pressup?em e, portanto, , e que este ?ltimo se refere ao (EC:524- 25). Possibilitar este com?rcio foi tarefa do porque beneficiava tanto aos plantadores, que precisavam de exclusividade de mercado, como aos produtores de manufaturas e comerciantes metropolitanos, que se apoiavam nas col?nias como mercado: 33 ¨Marx e Engels, por sua vez, num artigo escrito em 1850, chamaram a aten para o fato da produrao algodoeira norte-americana, o base do trabalho escravo, ser viovel somente em virtude da posiico monopolista de que desfrutava no mercado mundial. A supress a supress de um tipo de circulasuo mercantil regido pelo premo de monopmlio, n o teve de criu-lo, j o encontrou institutdo no com rcio internacional da Europa, desde a baixa Idade Madia. … Em conseq Pncia, o capital mercantil e o incipiente capital industrial estavam ambos interessados na preservadoo de privil gios monopolistas em mercados fechados, . (EC:527-28). ªviabilidade para o funcionamento regular e prolongado em situa??o favor?vel« O m o d o d e produ e sc ra v ista c o lo n ia l se ria simplesmente invirvel se nno implicasse um processo de circulaido ajustado a ele em sua tipicidade e incorporado como pressuposto produ ¨o espec?fico do processo de circulaelo do escravismo colonial era, por conseguinte, o preCo do monopplio, n o o valor© ¨pre?o mais elevado que o comprador est consideraoso pelo seu valor intr nseco. O comprador se submete, portanto, a uma troca de ndo-equivalentes© Pa c to C o lo nia l, ¨Exatamente porque ne c e ssita va d e m e rc a d o s fe c h a d o , o e sc ra v ism o m o d e rno necessitava de uma metrapole que os garantisse com a for a que cada Estado assegurava pela intervenamo direta da for Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.30 (EC:528). Logo, Gorender encerra seu argumento com uma clara cr?tica a Caio Prado: (EC:350). Desta maneira, Gorender apresenta as justificativas e as caracter , correspondente a uma modalidade produtiva pr?-capitalista para explicar a estrutura da produoso baseada no trabalho escravo no Brasil. Sua crltica forte e em alguns pontos, Gorender distancia-se de forma importante de Caio Prado. Entretanto, nao estr clara a solidez de sua argumentavio, como se mostrar? adiante. Como d Gorender quem faz observa oes sobre Caio Prado, e noo o contrerio, uma aprecia do resulta inevitavelmente condicionada em avaliar seus comenttrios. Embora, simultaneamente seja preciso levar em conta a posi autores nela pretendem se apoiar, impl cita ou explicitamente, neste debate te rico. Das cr ticas de Gorender, duas se destacam: a imputaoro de ser ªcirculacionista«, e a visoo pcapitalistaa dos plantadores escravistas. Outro ponto trata de que se Gorender avan.ou conceitualmente neste debate, neo somente com respeito a Prado Junior, como tambam pol tica. Pela natureza dos fatos, sr podia ser escravismo colonial© ¨Uma vez que nos desprendamos da concep? colonizal propiciar a acumulatao origin ria do capital e gerar o c a p ita lism o n a Euro p a , p o d e re m o s a n a lisa r a o b je tiv id a d e d o processo, sem cair em contradi??es formais© modo de produ??o escravista colonial 4. Caio Prado Jinior, Jacob Gorender e a escravidso colonial: Uma aprecia??o cr?tica. Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 31 com relaiso aos outros autores. Aqui somente se considerart a relaa o entre Gorender e Caio Prado. Com respeito ? validade de resultaclaro que para Caio Prado n seria legttimo sustentar essa categoria teorica, ja que a escravidio sa teria sentido histArico e razeo de ser quando entendida como parte do processo de gesta produ lo capitalista numa escala mundial. Jr se havia assinalado que Cardoso observara que em Marx nto e evidente o alcance deste conceito. Mas ainda, discute-se at onde Marx se debruaou na anclise daqueles modos prt- capitalistas. Deste modo, Hobsbawm (1972:13) sustenta que e Hilton (1998:91) afirma que . Aqui surge um ponto cr?tico, que avan como Marx utiliza geograficamente o conceito de modo de produ?8o capitalista em The opening sentences indicates that Marx will be talking of ªthose societies in which the capitalist mode of production prevail«, and the implication (common to most nineteenth-century thinkers) is that the boundaries of a ªsociety« are normally those of a ªstate«. It is also implied, therefore, that there are some ªsocieties« in which capitalism prevails and others in which it does not (WALLERSTEIN, 1998:590). Entretanto, como Wallerstein destaca, traz frases contundentes que d o a entender que sua geografia um modo de produ? e sc ra v ista c o lo nia l, ¨Marx concentra sus energcas en el estudio del capitalismo, y se ocupp del resto de la historia con diversos grados de d e ta lle , p e ro p rinc ip a lm e n te e n la m e d id a e n q ue se vinculaban con los orngenes y el desarrollo del capitalismo©, ¨although their historical interests w e re w id e , Ma rx a n d Eng le s w e re p rim a ry in te re ste d in the definition of the capitalist mode of production© O C a p ita l. O C a p ita l Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.32 o ¨mercado mundial© 34. Wallerstein observa que esti ausente uma an lise concreta de como se opera o ¨mercado mundial©, visto que, de acordo com o plano original pensado por Marx, constituiria o sexto volume, que nunca chegou a escrever. Enquanto Hobsbawm (1972:21) sustenta que o desenvolvimento crucial do capitalismo q o do mercado mundial, para Wallerstein (2000:76) . Capitalism was from the beginning an affair of the world- economy and not of nations-states…capital has never allowed its aspirations to be determined by national boundaries in a capitalist world-economy. (WALLERSTEIN, 2000:88-89). Aqui se encontram vinculadas nro somente a nos o do modo de produoto capitalista, mas tambtm a denomina oo de circulacionista sobre Prado Jonior e a caracterizaeno de como ? porquantoavis,o de Gorender do modo de produdao capitalista a ªrigorosamente exata« s¾ no sentido de que unicamente aceita como ªcapitalista« quem tem como contraparte o trabalhador . Mas como tamb?m observa Wallerstein, o 34 ªThe modern history of capital dates from the creation in the sixteenth century of a world-embracing commerce and a world-embracing market« (I, chap.4) ; ªcompetition on the world market…the basis and the vital element of capitalist production«. He makes ªthe creation of the world-market« one of the ªthree cardinal facts of capitalist production«, on a par with the ªconcentration of means of production in a few hands« and the ªorganization of labour itself into social labour« (III , pt. 3, ch. 15, sect.14). And perhaps most strongly of all he summarizes his views by reasserting that ªproduction for the world market and the transformation of the output into commodities, and thus into money, [are] the prerequisite and condition of capitalist production« (III, pt. 6, ch. 47, sect.1). Earlier, in the Marx had asserted: ªThe tendency to create the is directly given in the concept of capital itself« (WALLERSTEIN, 1998:590). 35 ¨Eu defino o que capitalismo seguindo aquele que me inspira e que nno tenho nenhum receio de declarar, que produero em que operorios assalariados, despossutdos de meios de produono e juridicamente livres, produzem mais-valia; em que a for a de trabalho se converte em mercadoria, cuja oferta e demanda se processam nas condie es da exist ncia ªCapitalism and world- e c o no m y (tha t is, a sin g le d iv isio n o f la b o r, b ut m ultip le p o litie s and cultures) are obverse sides of the same coin« fa ze nd e iro s capitalistas?, a ssa la ria d o 35 Grund risse , w orld m a rke t Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 33 capital nunca aceitou determinar suas aspira? nacionais, tampouco o fez pelas reladees sociais: El esclavo romano estaba sujeto por cadenas a su propietario; el asalariado lo ests por hilos invisibles. El cambio constante de patr?n individual y la del contrato, mantienen en pie la apariencia de que el asalariado es independiente. Anteriormente, cuando le parecta necesario, el capital hacaa valer por medio de leyes coercitivas su derecho de propiedad sobre el obrero libre. Asi, por ejemplo, en Inglaterra estuvo prohibida hasta 1815, bajo severas penas, la emigraci de obreros mec?nicos© (MARX 1998:706). Que o trabalhador seja assalariado no modo de produ capitalista s uma conseq? do desenvolvimento deste sistema, do impulso por lucro abstrato que o capitalista persegue. Isto n, porque lhe s mais conveniente, j trabalho nho pago, tudo aparecendo como trabalho pago; entretanto, com o trabalho escravo, (MARX, 1998:657). O capital usou a coer por nto trabalhar e usar sua liberdade pela mendicidade, a vagabundagem e o roubo. (MARX, 1972:88). No modo capitalista de produndo a a classe proletlria que esto ¨escravizada©, n?o o ; mas quando n?o se pode foroar os proletirios a trabalhar devido n ?, o capital apela para a coer? estes indivsduos, e nem por isso deixa de ser de um ex-rcito industrial de reserva; em que os bens de produeco assumem a forma de capital, isto r, neo de mero patrimenio mas de capital, de propriedade privada destinada a reprodualo ampliada sob a forma de valor, neo de valor de uso, mas de valor que se destina ao mercado© (GD:14). fic to ju ris ªtodo su trabajo toma la apariencia de trabajo impago«« ¨Est? hist?ricamente comprobado que esa masa intentr al principio esto nltimo, pero fue empujada fuera de esa vra y hacia el estrecho camino por medio de la horca, la picota, el l9tigo© m e m b ro ind iv id ua l ?s leis do m e rc a d o liv re c a p ita l. Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.34 Marx distingue claramente o processo de produ, o do marco das rela pes legais, sendo ambos reladoes de produ??o. Assim, afirma que (Marx 1998:391). O hist?rica e conceitualmente, implica a subsun (Marx, 1997:54). Como processo de trabalho e de valorizaeno aos , a esta ess?ncia formal do trabalhador. firma que as planta j? que esta produ??o est? comandada, desde seu inrcio pelas especula aes comerciais e a produ (MARX, 1984: 257)36. Assim tambcm se entende a questno da abund?ncia de terra mencionada por Marx. N 36 ¨ …lo que Marx dice es que en las economras de plantaci(n el modo de producci capitalista lo es porque sus benefic iarios participan en un mercado mundial en el que los sectores productivos dominantes son capitalistas. Esto permite a los terratenientes en la economia de plantaci n participar del movimiento general del sistema capitalista, sin que su modo de producci (LACLAU, 1973:31). ¨la producci?n capitalista s?lo comienza, en rigor, allr donde el mismo capital individual e m p le a simult?neamente un a c a n tid a d d e o b re ro s relativamente grande© p o n to d e p a rtid a da produ??o capitalista, ªun p ro c e so q ue se d e se nvu e lve c o n lo s fa c to re s d e l p ro c eso la b o ra l e n lo s c ua le s se h a tra nsfo rm a d o e l d in e ro d e l capitalista y que se efectta, bajo la direcciqn de lste, con el fin de obtener del dinero m?s dinero© o lho s d o c a p ita l jur?dica Po r isto fo rm a lm e nte c a p ita lista s, ¨existe el modo de producciln capitalista, aunque splo en un sentido fo rm a l, ya q ue la e sc la v itud d e lo s ne g ro s im p id e e l tra b a jo asalariado libre, que es la base de la producci Pe ro e l ne g o c io e n q ue se u tiliza n e sc la vo s lo d irig e n lo s capitalistas. El metodo de produccisn que introducen no nacit de la esclavitud, pero estc injertado en ella© ya Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 35 Gorender, que ela teria a escravid?o moderna, mas evidencia-se que o capital, ante tal circunst ncia, recorre n coerdeo direta, como tambom pode fazer por outras raz es que impedem ou n,o favorecem a acumulaero por meio do (MARX, 1998:797). Em ambos os casos, o que resulta claro r o que define o capital: seu desejo de acumular valores abstratos. Sua pr?pria f?rmula [ D-M…P…M«-D«], que Marx desenvolve em extens?o no Livro II, . (MARX, 1984a:64). Isto e o que diferencia o colonialismo capitalista do antigo - que Gorender nao trata -, onde este impulso n?o estava presente. The object of pre-capitalist colonialism was direct extraction of tribute from subjugated peoples and its essential mechanisms were those of political control. By contrast, in the case of the new colonialism, associated with the rise of capitalism, the objectives and mechanisms were essentially economic ¦ direct political control was not essential, though sometimes advantageous. … Associated with that primary thrust was territorial conquest, with or without elimination of indigenous population of conquered territories, and the establishment of white settlers or slave plantations and mining enterprises. (ALAVI, 1998:94). p ro p ic ia d o ¨Por otra parte, no bien en las colonias, por e je m p lo , se d a n c irc un sta nc ia s a d ve rsa s q ue im p id e n la creaciin del ejercito industrial de reserva, menoscabando asr la d e p e nd e n c ia a b so lu ta d e la c la se o b re ra re sp e c to d e la c la se c a p ita lista , e l c a p ita l, jun to a su Sa nc h o Pa nza esgrimidor de lugares comunes, se declara en rebeldaa contra la ªsagrada« ley de la oferta y la demanda y procura encauzarla con la ayuda de medios coercitivos© ¨expresa que el dinero no se gasta aqu? como dinero, sino que sslo se lo adelanta« jo que ªel proceso de producciEn se presenta sslo como el eslabcn intermedio ine v ita b le , c o m o e l m a l ne c e sa rio p a ra a lc a n za r e l o b je tivo : hacer dinero© Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.36 Nas col acumular trabalho abstrato; assim como na Europa, e o capital que subsume formalmente o processo de trabalho, isto §, este Chiaramonte (1983:143): (CHIARAMONTE, 1983:149). Ent fundamentais para definir um modo de produEuo, como explica Hilton, jd que os limites histsricos noo esteo claros. The ancient world cannot simply be characterized in terms of a relationship between slave working in plantations or in mines, and their owners. There was probably always a minority of slaves and a majority of free and semi-free peasants and artisans. Surplus labour was realized more in the form of rent and tax than as the unpaid toil of the captive slave. On the other hand some slaves are found well into the feudal era, working on the estates of landlords up to the tenth century (even until the eleventh century in England). And although juridical serfs constituted an important, though fluctuating, element among the medieval European peasantry there was always a high proportion of peasants of free status. (HILTON, 1998:192)37. Mesmo quando o capital inclui formalmente o processo de trabalho, tampouco n clara a diferenoa sustentada por Gorender de que neste momento tratava-se de , de trabalhadores 37 Com respeito ao Feudalismo, Hilton claramente manifesta esta insufici ncia: ¨…a Marxist understanding of feudal society should depend on seeing it as a historical development, not as a static set of relationships between two principal and contending classes, the landowners and the peasants. That does not mean, of course, that it would be possible to understand feudal economy and society without an understanding of that relationship and the special (and changing) character of the coercion which was embedded in it. But there was a good deal more to feudal society than the exploitation of peasants by landowners, and their resistance to it.© (Hilton, 1998:192). proceso de producci?n capitalista« ªtendr?amos, entonces, un modo de producciin no especlfico del capital ¦aunque ya dentro de la producciin capitalista- en la subsuncian formal (por cuanto entraca una continuidad del trabajo artesanal, aunque ahora bajo la relacinn de propiedad capitalista), y otro se espec fico de la producci?n capitalista© a ssa la ria d o s livres:¨Podemos considerar que el trabajo Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 37 (LACLAU, 1973:32)38. ? t?o dif?cil, quanto na Amurica Latina, definir o modo de produnto na Europa naquele tempo. Deste modo, a justificativa da exist um modo de produdeo escravista colonial por parte de Gorender, por sua longa duratao temporal e por ter afetado milhees de pessoas, insinuaria que tanto esta fase europ ia como outras na historia deveriam tambrm ser moldadas em um modo de produ??o espec?fico. S o modo capitalista de produevo que surge da subsunado real. A subsun??o formal n?o implica necessariamente assalariados: La producciin del plusvalor relativo, pues, supone, un , que, con sus m desenvuelve, de manera espont sobre el fundamento de la subsunci capital (MARX 1998:618). Embora o capital mercantil e usur ªantediluvianas« do capital (Marx, 1989:26), tamb m se diferenciam de si mesmas, enquanto nos tempos modernos passaram a fazer parte do processo de constituim o do modo capitalista de produ? 38 ¨En las econom ejerce la misma funci las colonias. A traves del trabajo a domicilio, fundamentalmente, domina la producci n artesanal de ereas campesinas o urbanas© (Chiaramonte, 1983:175). lib re fue ra e nto nc e s la re g la ? En m o d o a lg un o . La dependencia feudal y el artesanado urbano constitudan las formas bssicas de la actividad productiva. La existencia de una poderosa clase comerciante que amas capitales a travas del comercio ultramarino no modificl en a b so lu to e l he c ho d e c isivo d e q u e e ste c a p ita l fue acumulado por la absorcion de un excedente econmmico p ro d uc id o m e d ia nte re la c io ne s d e tra b a jo m uy d ife re nte s d e l trabajo libre© uma vez alcan?ado modo de produci Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.38 as viu Caio Prado Jrnior, por meio de expressues como ccapitalismo comercialo e ucapitalismo industrialo, pelas quais procurou distinguir mudan?as desta evolu??o. Neste sentido tem importfncia a distintao entre , onde, como afirma Laclau, ocorre a coexistincia do capital comercial como modos de produ historicamente anteriores: ª (LACLAU, 1973:33). Nho distinguir este peruodo do anterior como etapa do ? n?o poder explicar como se gera o modo de produ termo prd-capitalistao abarca toda poca anterior ao mesmo39. Mas fazer isto n o significa ao modo capitalista. Ademais, significa entender mal o priprio modocapitalista de produuso, ao entender-se-lhe simplesmente a partir da rela? um lado se viu como tanto o assalariado, o escravo e o servo nao se limitam de forma precisa aos -modos de produmeot, por outro lado esta relapro por si s- nada fala do modo em questuo. Daa que Marx (1972:65) observa que na Antiguidade a quest.o de propriedade versa sempre sobre de qual modo geram os melhores cidadoos. Assim, em contraste, se entende que a afirma? 39 ¨Estabelecidas tais definiraes, vt-se que ndo se pode deixar de distinguir o modo de produ mo capitalista das formas pr -capitalistas de capital, Marx falava inclusive nas formas antediluvianas do capital, o capital mercantil que j? existia na pr comercial e o capital usuario, que sro prp-capitalistas© (GD:17). q ua lita tiva s c a p ita l e c a p ita lism o Marx s?lo dice que la ampliaci?n d e l m e rc a d o m und ia l e n e l sig lo XV I, a c o n se c ue nc ia d e la expansi general dentro del cual la moderna expansisn del capital p ud o ve rific a rse , d a nd o p o r se nta d o q ue e xistie ro n fo rm a s anteriores de capital ¦por ejemplo en la Edad Media y en la Antig c a p ita l q ue c o rre sp o n d a s isso p orq ue o c a p ita l p re c e d e o c a p ita lism o . Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 39 porque seu comportamento est acumulapro de trabalho abstrato em si mesmo. Gorender restringe-se rigorosamente a tal definipro do modo capitalista, mas Marx constantemente ressalta a ess necessidade do termo : Assim, o nas planta??es era que tinham que recorrer ao trabalho , dado que para este era mais proveitoso que a utiliza? circunst¯ncias, como o pr Prado tambdm - que fordam esta escolha. Na realidade, noo parece, como afirma Gorender, que Marx tenha mudado de opini?o em O , e que esta vis?o dos fora mantida. It is, however, clear that in any given economic formation of society, where not the exchange value but the use- value of the product predominates, surplus-labour will be limited by a given set of wants which may be greater or less, and that here no boundless thirst for surplus-labour arises from the nature of the production itself. Hence in antiquity overwork becomes horrible only when the object is to obtain exchange value in its specific independent money-form; in the production of gold and silver. … Still these are exceptions in antiquity. c a p ita lista s a ssa la ria d o ªThe capitalist mode of p ro d uc tio n (e sse ntia lly th e p ro d uc tio n o f surp lus va lue , the a b so rp tio n o f surp lus-la b o u r), p ro d uc e s th us w ith the e xte nsio n o f th e w o rking d a y , no t o n ly the d e te rio ra tio n o f hu m a n la b o u r- p o w e r b y ro b b ing it o f its no rm a l, m o ra l a nd p hysic a l, c o nd itio ns o f d e ve lo p m e nt a nd func tio n . It p ro d uc e s a lso the p re m a tu re e xha ustio n a n d d e a th o f th is la b o ur-p o w e r itse lf. It extends the labourer«s time of production during a given period by shortening his actual life-time« (MARX, 1906:292). an e sc ra vo C a p ita l G rund risse But a s so on a s pe ople , who se produc tion still move s within the lo we r forms o f slave-labour, corvle-labour, etc., are drawn into the whirlpoo l o f a n inte rna tio nal marke t do mina te d by the c a pita list mode of pro duc tion, the sa le of the ir produc ts fo r e xpo rt be c o ming the ir princ ipa l inte re st, the c ivilize d horrors of ove r-work a re g ra fte d on the ba rba ric horrors of Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.40 (MARX, 1906:260). Gorender, em sua crptica a Weber, que analisa a histSria a partir da racionalidade capitalista faz algo semelhante, mas em sentido contr rio. Porque sua explicaico de que os plantadores escravistas atuavam racionalmente se sustenta tamb . Assim mesmo, continua criticando Caio Prado pelo uso rempresa-empres,rioo que Gorender limita ao modo capitalista de produalo. Mas toda a sua obra consiste em mostrar esse comportamento, assim como utilizar constantemente categorias que Marx atribuiu ao . Para ele, o significado do mescravismo colonialo somente se entende porque est pressuposto que corresponde e logica do capital. Sozinhos ou juntos, nem nem permitem entender este modo de produ??o. Caso se restrinja ao uso do lmodo de produpoo u primeira acepueo mais simples que assinalara Cardoso, isto u, organizaeno da produ ro, a contribui eo de Gorender consistiria em um tratamento mais profundo que Caio Prado Jrnior. Mas ja ar surge a questro das oleisG do escravismo colonial. De fato, Hobsbawm (1972:44) critica os marxistas que buscam a sla ve ry, se rfdo m, e tc . He nc e the Ne g ro la bo ur in the So uthe rn Sta te s o f the Ame ric a n Union pre se rve d some thing of a pa tria rc ha l c ha rac te r, so lo ng a s pro duc tio n wa s c hie fly dire c te d to imme diate loc a l c o nsumption. But in propo rtio n, a s the e xport of c o tto n be c a me o f vita l inte re st to the se sta te s, the ove r-wo rking of the Negro and sometimes using up of his life in 7 years« of la bour be c a me a fa c to r in a c a lc ulate d a nd c a lc ula ting syste m. It wa s no long e r a que stio n of obta ining from him a c e rta in quantity o f use ful pro duc ts. It was now a que stion o f pro duc tio n of surplus- la bour itse lf. ante as circunstmncias, i.e., trabalho escravo, nmo podiam lan?ar m?o do trabalho assalariado modo de produ??o capitalista e sc ra v ism o c o lo nia l ¨las Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007. 41 Este ponto sobre a viabilidade das rleisa mostra seu significado quando surge a questoo da culmina so da escravideo moderna. Gorender conclui sua obra com um capotulo sobre sReproduquo e acumulalmon do modo escravista colonial. Somente no cap tulo final que constitui um ? explica porque deste assunto. Transcende o objetivo deste livro o estudo da decomposi incorreto abordi-lo sem entrar no tema da forma eo social, que emergiu do escravismo, e isto nio poderia ser feito em poucas p?ginas, (EC:579). Gorender afirma, em que pese considerar encerrada sua contribui sobre 4os fazendeiros do oeste paulistap. Basicamente critica a historiografia paulista que considera os escravistas paulistas portadores de uma sracionalidade capitalistas que nto possusam seus colegas nordestinos, porque nao optaram pelo trabalho assalariado e procuraram continuar acumulando com o trabalho escravo40. Assim, sobre a quest?o do fim deste regime de trabalho, afirma: Mas Gorender (EC:598) n?o entra em defesa 40 ¨A idaia de que os fazendeiros do Oeste Novo tiveram interesse em implantar um sistema de trabalho assalariado, capaz de formar o mercado interno adequado ao desenvolvimento capitalista, constituiu anacronismo historiogr em fatos , independente da vontade dos preprios fazendeiros© (EC:595). 41 ¨Com o que tampouco pretendo negar que a solunto encontrada para a efetiva expliquen su pasaje a la forma siguiente mos elevado… Este fracaso en el descubrimiento de ,leyes fundamentalesS de aceptacinn general para el feudalismo y la sociedad esclavista, no deja de ser significativo en sc mismo©. A d e nd o ndo trata ? vol d«oiseau ¨o abolicionismo n?o foi uma funtao do imigrantismo. O oposto c que l verdade: o im ig ra n tism o fo i um a fun9)o, um a decorr?ncia d o a b o lic io nism o 41©. a p oste rio ri Revista de Economia Poldtica e HistEria EconEmica, nemero 10, dezembro de 2007.42 nem
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