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NUTRIÇÃO EM CIRURGIA BARIÁTRICA Jacqueline Alvarez-Leite Professor Associado Nutrologia - Professor Associado IV -UFMG ETNO (Equipe de terapia nutricional para obesidade cirurgica - UFMG LABiN (Laboratório de Aterosclerose e Bioquímica Nutricional) - UFMG PRINCIPAIS COMORBIDADES DO GRANDE OBESO Metabólicas - Mecânicas Gordura Visceral + preditor independente para todas as causas de mortalidade Kuk JL, et al. Obesity (Silver Spring). 2006;14:336-341. Després JP, et al. In: Human Body Composition. 1996:149-166. COMPLICAÇÕES METABÓLICAS ETIOLOGIA DAS COMPLICAÇÕES Tecido Adiposo e Adipocinas (ROSEN & SPIEGELMAN, 2006) Adipócito hipertrofiado Adipocinas pró- inflamatórias MCP-1, TNFa, IL6 Lipólise aumentada Hipóxia Macrófago AGL Adipocinas quimiotáticas Hipertrofia = NFκB Adipócito morto apoptotico OBESIDADE E INFILTRAÇÃO DE MACRÓFAGOS LPS LPS LPS Atrai M0 TLR4 TLR4 TLR4 TLR4 2-TNF liga ao receptor no adipócito e Induz produção adipocinas via NFkB e lipólise 3- Dentre as adipocinas são produzidas as quimiotáticas para M0 4- Os AGL oriundos da lipólise induzida por TNF ligam-se ao TLR4 aumentando ativação de ambos M0 e adipócito e perpetuando a inflamação 1-TNF produzido desencadeia o processo MACRÓFAGOS INFILTRADOS ADIPÓCITO HIPERTRÓFICO SECREÇÃO ADIPOCINAS QUIMIOTAXIA ÁCIDO GRAXO LIVRE OBESIDADE E INFILTRAÇÃO DE MACRÓFAGOS TECIDO ADIPOSO OBESO Macrófago Sinais Autócrinos / Parácrinos Infiltração de macrófagos Inflamação HIPOTÁLAMO Resistência à ação da leptina Gasto energético Ingestão alimentar Produção hepática de glicose Glicemia Hiperalimentação Secreção desregulada de adipocinas MÚSCULO FÍGADO Glicogenólise Gliconeogênese Adiponecctina Leptina Resistina Ácidos graxos livres TNF-α IL-6 Inflamação Acúmulo ectópico de gorduras Resistência muscular à insulina Inflamação Acúmulo ectópico de gorduras (esteatose) RESISTÊNCIA SISTÊMICA À INSULINA TECIDO ADIPOSO MAGRO Efeitos são sistêmicos também Efeitos são sistêmicos REAVEN, 1999; ECKEL et al., 2005 Xanteloma OBESIDADE - DISLIPIDEMIAS PRINCIPAL QUADRO: • Redução HDL • Aumento Triacilglicerois OBESIDADE E SINDROME DE HIPOVENTILAÇÃO DIAGNÓSTICO: •IMC >30 kg/m2 •Hipersonolência •Roncos excessivos •CO2 arterial: > 45 mmHg •Pausa na respiração e despertar noturno •Dor de cabeça matinal e distúrbios do humor •Hipoxemia, hematócrito e hemoglobina altos SINDROME DE HIPOVENTILAÇÃO - REPERCUSSÕES Incidência em obesos: - 59% dos homens - 49% das mulheres CAH - 217,1kg - 68,9kg/m2 OBESIDADE ALTERAÇÕES ÓSSEAS 18/02/09 EBM - 214,0 kg IMC: 63,9 kg/m2 APS - 145,2 kg, IMC: 58,2 kg/m2 OBESIDADE ALTERAÇÕES ÓSSEAS ACANTOSE NIGRANS AKR - 189,5 kg - IMC: 70,5 kg/m2 DERMATOSES E DERMATITES ALTERAÇÕES RETORNO VENOSO – (ERISIPELA) ALTERAÇÕES RETORNO VENOSO – (ERISIPELA) GOTA GOTA HÉRNIA PRÉ-OPERATÓRIO EFOC 53 anos Peso: 137,4kg IMC: 55,0kg/m2 Data: 23/02/2011 Registro: 958189 Prontuário: 322 PERDA DE EXCESSO DE PESO DE 30 a 70 % CIRURGIA BARIÁTRICA Melhora a curto prazo de praticamente todas as complicações crônicas IMC > 40 kg/m2 IMC > 35 kg/m2 + comorbidade Parâmetros estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB) • Grau de obesidade acentuado • Resistência ao tratamento clínico (mínimo 5 anos) • Risco cirúrgico aceitável • Capacidade do paciente de compreender as implicações operatórias IMC > 40 kg/m 2 IMC > 35 kg/m 2 + co-morbidade ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS PÓS-OPERATÓRIO (KRAUSE, 2002) (KRAUSE, 2002) FI (PONSKY et al, 2005) ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL PROTEÍNAS - Hipocloridria: ↓ atividade da pepsina - Absorção limitada ao jejuno distal e íleo, sendo que o principal local de absorção é no duodeno - ↓ ingestão protéica (intolerância) Deficiência protéica: 4,7% dos pacientes (PONSKY et al, 2005) CARBOIDRATOS - ↓ amilase pancreática - ↓ absorção - Ativação da neoglicogênese no fígado e conseqüente deficiência protéica - Síndrome de Dumping (4,85%) ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL (PONSKY et al, 2005) LIPÍDEOS -↓ secreção de bile e lipases intestinais -↓ absorção - Deficiências de ácidos graxos essenciais - Esteatorréia ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL VITAMINAS E MINERAIS •Ferro: Anemia fagocítica, fadiga • Vitamina B12: Anemia, fraqueza, neuropatia • Folato: Anemia, glossite • Cálcio: Osteoporose • Vitamina A: Cegueira noturna • Vitamina D: Osteomalácia • Zinco: Alopécia • Tiamina: Beribéri ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL (SEBASTIAN, 2008) • Principais deficiências: - Vitamina B12: 12 a 33% dos pacientes - Cálcio e vitamina D - Ferro: 50% dos pacientes - Tiamina e Folato: menos prevalente • Importância da suplementação e acompanhamento dos exames (ALVAREZ-LEITE, 2004) • ↓ do consumo alimentar (bolsa gástrica 50mL) • Nem sempre há melhora na qualidade da alimentação • Intolerâncias alimentares (46% dos pacientes): Arroz, carne vermelha, doces • Desconfortos gastrointestinais Náuseas, vômitos, síndrome de dumping (QUADROS et al, 2006) Alterações no padrão alimentar: Avaliação dietética – Pré e 6 meses PO * 1800 2000 2200 2400 2600 2800 1 k c a l/ d ia Taxa Metabólica de Repouso Pré-operatório Pós-operatório 500 800 1100 1400 1700 2000 2300 k c a l/ d ia Ingestão calórica Pré-operatório Pós-operatório 0 50 100 150 200 250 300 CHO (g) Ptn (g) Lip (g) Colesterol (mg) Fibra dietética (g/1000kcal) Ingestão de Macronutrientes Pré-operatório Pós-operatório * * * * * * (SANTOS et al, 2006) Intolerância Alimentar Rev Bras Nutr Clin 2007:22(1)15-19 EFEITOS DA CIRURGIA SOBRE AS COMPLICAÇÕES - Diabetes Mielitus tipo II: curada em 83,7% dos pacientes - Dislipidemia (↓ CT, LDL-C e TG): curada em 96,9% dos pacientes - Hipertensão: curada em 87,2% dos pacientes - Apnéia do sono curada em 94,8%. BUCHWALD et al, 2004 • Melhora da morbidade e mortalidade em 33% • Mortalidade < 1% • Complicações cirúrgicas no pós-operatório são pequenas (PONSKY et al, 2005) VANTAGENS - Embolia pulmonar (34%) - Fístula gastrointestinal (5,6%) - Hérnias (24%) - Úlceras (10%) - Obstrução intestinal (3%) - Diabetes Mielitus tipo 2: curada em 83,7% dos pacientes - Dislipidemia (↓ CT, LDL-C e TG):curada em 96,9% dos pacientes - Hipertensão: curada em 87,2% dos pacientes - Apnéia do sono curada em 94,8%. (BUCHWALD et al, 2004) Melhora das co-morbidades: Primeiro e principal: Melhora da saúde Segundo: Melhora da qualidade de vida Terceiro: Perda de peso por si só METAS E DEFINIÇÃO DE SUCESSO PERDA DE PESO SEM A CONCOMITANTE MELHORA DA SAÚDE É IRRELEVANTE PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE -SUCESSO: PEP > 50% no 1º ano, mantido a longo prazo (O’BRIEN et al, 2005; FISHER & SCHAUER, 2002) Perda de peso: Sendo: PI = Peso corporal antes da operação PF = Peso corporal avaliado EPI = Excesso de Peso (Peso antes da operação - Peso para IMC de 24,9) Até 2 anos: grande perda de peso (60-80%) 2 a 3 anos: menor perda e manutenção > 3 anos: manutenção e ganho de peso METANÁLISE DE PERDA DE PESO NOS VARIOS PROCEDIMENTOS DIABETES • Remissão completa na grande maioria • Melhora no controle nos demais • Naqueles que tinha resistencia a insulina – não desenvolvem DM enquanto nos não cirurgicos (~ 80% em 5 anos) QUANTO MAIS RECENTE O INICIO DO DM MAIS CHANCES DE CURA A administração de glicose por via oral induz a uma maior liberação de insulina do que a administração isoglicêmica intravenosa. Mais importantes incretinas: GLP-1 e GIP, produzidas por células endócrinas intestinais em resposta à ingestão de alimentos. •GLP-1 é sintetizado pelas células L no íleo e no cólon, •GIP é sintetizado pelas células K presentes no duodeno e na primeira porção do jejuno. ACÕES DO GLUCAGON-LIKE PEPTIDE 1 (GLP-1) NOS TECIDOS PERIFÉRICOS. Freeman J S Mayo Clin Proc. 2010;85:S5-S14 FERTILIDADE • Obesidade central ligada a disfunção ovulatória • Perda de peso em mulheres pré-menopausa: ↓ testosterona devido ↑ ligação com proteínas. • Ovulação retorna ao normal rapidamente com a perda de peso MANEJO MULHERES PRE-MENOPAUSA APÓS CIRURGIA BARIÁTRICA: -Aconselhamento com relação à fertilidade. -Utilização de método contraceptivo seguro por período de 12 a 24 meses. Antes da gestação: -Acompanhamento nutricional e suplementação de vitaminas e minerais Atenção: ferro, folato, vitamina B12, cálcio e vitamina D. -Prescrever ácido fólico antes da concepção. Durante a gestação: -Usar diariamente: suplemento polivitaminico, 400mcg de folato, 50 a 100mg de ferro elementar, 1000mg de cálcio e 60g diárias de proteína. Tratar as deficiências de ferro, vitaminas B12, D e K. -Acompanhar: o ganho de peso na gravidez e a perda de peso após o parto. -Exposição ao sol (pernas e braços por dez minutos, duas vezes por semana). Redução de •33% para 2% de ronco •82% para 14%, sonolencia •39% para 4% qualidade sono APNEIA CONSEQUENCIAS NUTRICIONAIS GDP - 29 anos, Peso: 153,0 kg - IMC: 52,3 kg/m2 PO: 2 anos e 7 meses GDP - Peso: 74,0 kg IMC: 25,3 kg/m2 PEP: 98,5% Uma perda de peso de tal porte não pode ser conseguida sem um forte risco de má- nutrição associada. Assim, a abordagem para evitar ou minimizar as deficiências nutricionais deve ser instalada deste o pré até o pós-operatório. Carlos Renato da Silva 30 anos Peso: 213,0 kg IMC: 64,3 kg/m2 PRÉ-OPERATÓRIO 2005 Registro: 711413 Prontuário: 19 Carlos Renato da Silva Peso: 114,0 kg IMC: 34,4 kg/m2 PEP: 75,8% PO: 3 anos PÓS-OPERATÓRIO Registro: 711413 Prontuário: 19 RMA - 26 anos, Peso: 97,6 kg, IMC: 31,5 kg/m2 A subnutrição programada não deve evoluir para a má-nutrição. Sinais clínicos e bioquímicos de má-nutrição sempre devem ser pesquisados, evitados ou prontamente tratados. Desidratação CAUSAS - Vômitos - Baixa ingestão hídrica ORIENTAÇÕES - Prevenir o vômito - Aumentar ingestão de líquidos Am J Med Sci 2006; 331(4):207-213 Cobalamina Estoques 2000 mg x Necessidade 2 mg/dia 30 a 50% após 1 a 9 anos de bypass gástrico. Causas: 1- redução do ácido e pepsina gástricos 2- redução da liberação da vitamina de seus ligantes 3- diminuição da viabilidade do fator intrínseco. Suplementação oral de 350 mg/dia ou injeções mensais 2000 mg. Folato • Absorvido no terço inicial do intestino. • A deficiência considerada sempre quando há anemia em paciente submetido a bypass gástrico. • A disponibilidade do folato relacionada com vitamina B-12 e piridoxina. • Redução plasmática duas semanas após a cirurgia, com redução gradativa nas hemacias. Suplementação 400 mg/dia Ferro Deficiência resulta de baixa ingestão, má digestão e má absorção do ferro. 33 a 50% ( carne vermelha < 1vez/semana) Causas: Redução do ferro heme (mais bem absorvido) Retirada do ambiente ácido do estômago Redução da superfície absortiva do duodeno e jejuno proximal, (absorção do ferro não heme). As doses profiláticas utilizadas mesmas que em suplementos pré-natal Associação de vitamina C e suplemento de ferro Velazquez et al., Nutr Hosp. 2003 Jul-Aug;18:189-93. Segmento de Cirurgia Bariátrica (Espanha) • 97% hipovitaminose A • 48% hipovitaminose D • 72% deficiência de vitamina E • 68% deficiência de Zinco Hipocalcemia e Osteomalácia DBP = 73% apresentam hipocalcemia e/ou osteomalácia Absorção de Cálcio Vitamina D alimentar Circulação entero-hepática da 1,25-OH-D Chapin et al., Arch Surg 1996, 131: p 1048 A suplementação de vitamina D pode reverter os casos resistentes à suplementação de cálcio Monitoramento periódico de: cálcio, fósforo, fosfatase alcalina e 25- hidroxivitamina D Recomendação dietética 2 g/dia+ suplementações profiláticas de 1,2 a 1,5g/dia Citrato de cálcio mais solúvel que carbonato na ausência da produção ácida do estômago. Suplementação concomitante de vitamina D Perda de massa magra 25% do total de peso perdido. Garantir 60 g de proteínas. Perda de massa magra ocorre devido a: 1- baixa ingestão alimentar; 2- balanço nitrogenado negativo (cirurgia) 3- volume gástrico reduzido, 4- capacidade individual de adaptação intestinal 5- hábitos alimentares errôneos ou orientações nutricionais equivocadas. ALOPÉCIA Má-absorção estresse gasto energético ingestão protéica vitaminas e minerais AGE Rotina de consultas • 1º. Mês • 2º. Mês • 4º. Mês • 6º. Mês • 9º. Mês • 1 ano • 1 ano e 6 meses • Anual (caso não haja intercorrências) J Nati Med Assoc 2004; 96:61-75 Objetivo • Perda de 50% do excesso de peso (1º ano) – Baseado no IMC = 25 kg/m2 – Idosos: IMC = 27 kg/m2 • Manutenção da perda • Qualidade de vida • Prevenção de deficiências nutricionais Avaliação antropométrica • Bioimpedância: composição corporal Relação perda MG:MM 3:1 Ver tabelas especificas – Reactancia e Resistência Avaliação Clínica • Queixas e intercorrências • Mucosas e peles • Pressão Arterial • Freqüência cardíaca e respiratória • Palpação abdominal ▫ Cicatriz e hérnias • Medicamentos AVALIAÇÃO EXAMES Hemograma Hemácias, Hb, hematócrito, VCM, HCM, leucócitos totais e diferenciais, plaquetas Coagulação sanguínea RNI, atividade de protrombina, PTT Função hepática (TGO) aspartato aminotransferase, (TGP) Alanina aminotransferase, Fosfatase alcalina, gama GT. Glicose Glicemiade jejum, glicohemoglobina1, frutosamina1 Perfil lipídico Colesterol total e frações, triglicerídeos Função da tireoide2 THS (hormônio estimulante da tireoide), T4 Vitaminas Vitamina B12, ácido fólico, 25 hidroxicolecalciferol Cálcio Cálcio iônico (ou cálcio total), Paratormônio (PTH) Proteínas Proteína total, albumina Ferro Ferro sérico, ferritina Função renal2 Creatinina, ureia Eletrólitos2 Sódio, magnésio, fosfato, potássio, cloretos AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA SUPLEMENTAÇÕES NUTRICIONAIS INFORMAÇÃO NUTRICIONAL (1 comprimido) Retinol (vit. A) 5000 UI colecalciferol (vit. D3) 400 UI ácido ascórbico (vit. C) 100 mg ácido fólico 1 mg acetato de tocoferol (vit. E) 30 UI biotina 30 mcg cloridrato piridoxina (vit. B6) 10 mg cianocobalamina (vit. B12) 12 mcg niacinamida 20 mg riboflavina (vit. B2) 34 mg mononitrato de tiamina (vit. B1) 30 mg ácido pantotênico 10 mg cromo 25 mcg cálcio (carbonato de cálcio) 250 mg ferro (fumarato ferroso) 60 mg molibdênio 25 mcg magnésio 25 mg manganês 5 mg zinco 25 mg iodo 150 mcg cobre 2 mg. CENTRUM MATERNA VITAMINA PREVENÇÃO TRATAMENTO POLIVITAMÍNICO 1 comprimido/dia FERRO FeSO4: 100 a 300mg/dia Ferro quelato glicinato:150-300mg/dia Ferro polimatosado:100-200mg/dia FeSO4: 1200 a 1800 mg/dia Ferro quelato glicinato: 600mg/dia Ferro polimatosado: 200-400 mg/dia De 3 a 6 meses (para reserva) ÁCIDO FÓLICO2 ou FOLÍNICO (forma ativa) 5mg – 1cp/semana (polivitamínico supre) 5mg – 1 cp/dia (2-3 meses) 1 mg/kg/dia (VO) ou 0,2 a 1mg/dia 1 sem (IM) VITAMINA B12 3 1mg = 40UI 1.000 a 5.000UI IM cada 3 a 6 meses 4000UI/dia por dia por 7 dias (IM) e então 4000 UI/semana durante 3 semanas. TIAMINA4 1 a 3mg/dia Beri-Beri: 5 a 30mg/dia, Síndrome de Wernicke: 100-250mg/dia (IM/IV) CÁLCIO5 1g Carbonato Ca= 400mg Ca 1g Citrato Ca = 211 mg Ca 1g Gluconato Ca= 90 mg Ca 1-2g de Cálcio 1,5g carbonato Ca 1 a 2 vezes/dia (pouco disponível em pH alto) Sintomática: 1g IV lento (10 mL gluconato Ca 10%), Assintomática: 2-3g/dia (Carbonato Ca = 2,5g 3-4x dia) 3 Iniciar se B12 em queda, especialmente <250-300 pg/mL, mesmo sem anemia ou macrocitose. ,5 Carbonato deve ser manipulado com vit D. Citrato é mais biodisponível, mas tem custo alto. 6 É fundamental individualizar dose, para manter o cálcio sérico em torno de 9-10 mg. Observar fosfato e PTH. O controle dever ser pelos níveis circulantes da 25OH vitD. * A deficiência raramente ocorre ou é assintomática. VITAMINA PREVENÇÃO TRATAMENTO VITAMINA D6 1 mcg = 40UI 400 UI/dia 50000UI, 2 vezes/semana, 3 meses VITAMINA A (RETINOL)* 1 mcg = 3,33 U 6 mg β-caroteno = 1 mg retinol 4000 a 5000 U/dia 50000-100000 U/dia por 14 dias NIACINA* 20 mg/dia 300 a 500 mg/dia ÁCIDO ASCÓRBICO* 100-200 mg/dia 300-1000 mg/dia por 2 semanas VITAMINA E (a-tocoferol)* 1 mg = 1 UI 15-30 mg 100 mg/dia ou 400 mg cada 4 dias CASOS CLÍNICOS Paciente • B. A. C., sexo feminino, 55 anos, do lar, residente em Santa Luzia/MG, • Realizou bypass gástrico em Y de Roux em 12/09/06, • Peso à cirurgia = 118,4kg e IMC = 56kg/m2; • Excesso de peso 64kg • Comorbidades: HAS, DM, Dislipidemia (TG), apnéia do sono, • Ex-tabagista há 8 anos, • Nega etilismo. RETORNOS • 5 meses PO: – Queixas: vômitos, mialgia, dor mmii, – Redução de albumina e ferritina – Peso e perda excesso peso = • 9 meses PO – Alopécia e descamação de unhas – Dormência e formigamento mãos e mmii – Paciente relata não lembrar o que comeu • Eletromiografia – Prescrito tiamina VO 300mg/dia, B12 de 60/60dias além do usual • 1ano e 3 meses PO Ativa (hidroginastica, caminhada) Diclofenaco e Paracetamol para “”artralgia Exames B12 sangue = acima do normal • 1,5 anos PO: – Sangramento vaginal – Admitida no PA para Tiamina EV – Prescrito PA: Complexo B + Benerva (100mg + 900 mg/dia) – Mantida outras medicações Acompanhamento aos 2 anos de pós-operatório. • Paciente comparece ao serviço com confusão mental, fraqueza associadas com perda da movimentação do membros inferiores, • Episódios de vômitos há 45 dias; • Peso = 72,7kg e IMC = 33,7 kg/m2; • Perda do excesso de peso 70,7%; • PA 120x80mmHg; • Alterações cardíacas Acompanhamento aos 2 anos de pós-operatório. • Exames bioquímicos dentro da normalidade - Não foi avaliada niveis de tiamina. • Medicamentos prescritos: – centrum®, (polivitaminicos) – carbonato de cálcio 1c/dia (1250g = 500g cálcio/dia), – Vit. B12 (5000UI) 3/3 meses, – Sulfato ferroso 1comp/dia, ( 60mg Fe) – Cloridrato de Sertralina (50mg) . Neuropatia periférica • É uma das manifestações clínicas dos distúrbios nutricionais; • Prevalência de 16% em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica • Fatores de riscos: perda de peso, a persistência de sintomas gástricos (principalmente vômitos), ↓ transferrina e albumina. (ALVES et al., 2006; THAISETTHAWATKUL et al., 2004) Beribéri Deficiência de Vit. B1 (Tiamina) • Absorvida no intestino delgado, com absorção máxima no jejuno e íleo; • Meia vida plasmática 10-20 dias; estoques 6 semanas • Os casos registrados estão relacionados ao paciente perda de peso rápida, vômitos prolongados, inanição e alcoolismo. (ALVES et al., 2006; SHILS et al., 2006) Tiamina e metabolismo dos CHO Funciona como co-enzima: • No metabolismo de CHO : Piruvato desidrogenase (Piruvato → Acetil Co A) • Produção de energia e anabolismo - Ciclo de Krebs: a-cetoglutarato desidrogenase : (a-cetoglutarato → Succinil CoA • Produção de intermediarios metabólicos (Via das Pentoses) Transcetolases Discussão • De acordo com familiares, a paciente estava bebendo; • Perda rápida de peso, vômitos e depressão associada; REDUÇÃO ABSORÇÃO AUMENTO DA UTILIZAÇÃO DOS ESTOQUES DEFICIÊNCIA (perda de peso, confusão, neuropatia) Tratamento • Reposição parenteral ou oral de tiamina (50 a 100mg/dia) melhora sinais neurológicos em poucos dias e cardiológicos em 6-24h. (Prescrito mais 300mg/dia desde 9 meses PO) • Orientação alimentar (fontes tiamina) + controle vômitos + perda de peso programada. • Apoio para abstinência de álcool. • Em 1987 pesava 67 aos 15 anos • Em 1989 (17 anos) 1ª gestação , já pesando 110 kg. • Usou Triac e Inibex no passado , perdeu 40 kg e (ganhou depois). • Em 05/2007: peso 150 kg – Fratura perna, ficando 8 meses imobilizada. (relata que não pode ser ingessada devido ao peso). • Início de 2008: peso de 220 kg ( + ganho de 70 kg) • Em 03/2011: peso + 300 kg (supera a capacidade da balança). • Hipomenorreia (1 ciclo 2010 e outro 2011 ) com menorragia . • Não levanta do leito, parentes fazem higiene, preparam e oferecem refeições . CASO CLÍNICO – Obesidade Extrema R.M.O., 39 anos, natural de Muriaé, atualmente reside em Rio Casca Comorbidades HAS S hipoventilação, Edema Artrite/atrose Dislipidemia Tabagista Uso constante oxigênio Não é Diabética • Hipocorada, hidratada • Dispneia (mesmo com O2) •Edentulismo •Edema •Acantosis nigricans •Dermatoses • Hipercromatose mmii •Deformidades mmii EXAME CLÍNICO • Altura 1,68 m - Peso relatado: 300kg •Peso Ideal: 70,5kg (IMC de 25 kg/m2) •IMC atual : 110 kg/m2 • Excesso de IMC = 85 kg/m2 •Excessode Peso = 229,5 kg Exames laboratoriais (03/2011) Exame Resultado Hb 11,6 Hemácias 3.970 Hematócrito 36,2% Plaquetas 286.000 Glicemia 112 Hg glicada 5,8% Cálcio iônico 1,17 PTH 56,3 Fosf. alcalina 83 Gama GT 53 TGO/TGP 21/26 Creatinina 0,67 Exame Resultado CT 223 HDL 29 LDL 125 TG 345 TSH 7,0 T4 1,56 Ác. úrico 7,8 Ferro sérico 78 Ferritina 63,2 Vit. B12 225 (239-931) Folato 4,75 (3 a 20) Albumina 3,7 SUPERNUTRIÇÃO CALÓRICA + DESNUTRIÇÃO VITAMÍNICA Meta Inicial: condições operatórias e condições mínimas de atendimento •Introdução de ômega 3 (2g/dia ) • Antinflamatório, anticoagulante e hipotrigliceridêmico • Tratamento deficiência vitamina B12 • Abandonar tabagismo • Encaminhamento para tratamento odontológico Indicação de perda de peso preparatória para cirurgia bariátrica Avaliação do uso de jejum modificado ou balão intragástrico CONDUTA Balão Intra-gástrico O Balão Intra-Gástrico é uma técnica utilizada para o tratamento temporário Máximo 6 meses (GARRIDO et al., 2002) PRÉ-OPERATÓRIO RMO 2 DPO colocação Balão intragástrico Peso: 273,5kg IMC: 92,7kg/m2 Onde estudar mais sobre o assunto? • LIVRO: Cirurgia da obesidade - Arthur B. Garrido Junior (Ed. Atheneu) • ARTIGOS • RUBIO, M.A.; MORENO, C. Nutrición Hospitalaria, 22 (supl.2):124-134, 2007 • PARKERS, E. Am J Med Sci, 331(4):207-213, 2006 • QUADROS et al. Rev Bras Nutr Clin, 22(1):15-19, 2006. •SEBASTIAN, J.L. Clin Plastic Surg,35:11-26, 2008 • ALVAREZ-LEITE, J.I. Curr Opin Clin Nutr Metab Care, 7:569-575, 2004 • PONSKY et al. J Am Coll Surg, 201(1):125-131, 2005 •ORIA, H.E.; MOOREHEAD, M.K. Obesity Surgery. 8: 487-499, 1998 • BUCHWALD et al. JAMA, 292(14):1724-1737, 2004
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