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Resenha do filme "Efeito Borboleta"

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A relação do comportamento e da patologia humana com a Teoria do Caos
Renata Freire
Efeito Borboleta (The Buttlerfly Effect). Direção: Eric Bress, J. Mackye Gruber. Produção: Anthony Rhulen, Chris Bender, Ashton Kutcher, J.C. Spink, A.J. Dix.
País de origem: Estados Unidos, 2004 (113 min.).
	Estrelado pelos norte-americanos Ashton Kutcher e Amy Smart, a trama se baseia na vida de Evan, um jovem estudante de psicologia que quando criança sofria de constantes perdas de memória e apagões. Estes aconteciam em eventos considerados traumáticos da sua vida. Tais sintomas eram derivados de um distúrbio que teria sido o mesmo de seu pai. Devido ao problema, o médico de seu pai passa a atender o menino e faz a mesma recomendação fim de amenizá-lo; escrever regularmente o que faz durante o dia, isto é, diários.[1: Ator e produtor. Com 19 anos de carreira é muito conhecido por vários trabalhos tanto em séries quanto em filmes.][2: Atriz e modelo que participou de 32 filmes e séries em seus 20 anos de carreira.]
	Evan, pesquisando sobre memória por causa de seu curso, revê seus antigos diários e procura uma forma de recuperar lembranças perdidas e preencher as lacunas de seu passado. No entanto, ele percebe que os momentos que ele apagava quando criança surgem com clareza em sua mente agora e que dessa vez ele tem a chance de alterar o que aconteceu, como se sua consciência de adulto dominasse seu corpo de criança, para tentar corrigir seus erros, inclusive salvar sua paixão daquela idade, Kayleigh. Contudo, isso acaba por gerar outras consequências melhores ou piores. Evan percebe que não importa quantas tentativas ele faça de alterar o passado para o que acha melhor, ele sempre causa outras novas situações e estragos. Vê que, para manter todos os outros envolvidos com vidas satisfatórias e sem maiores problema, precisa renunciar seu amor de infância.
	Fazendo uma análise comportamental da obra, é possível destacar alguns principais exemplos de ação e reação alterados feitos por Evan, que chamam atenção. Kayleigh sofria abusos de seu pai pedófilo, o rapaz salva a menina disso e por consequência ela consegue ter uma vida melhor e futuramente frequentar a faculdade na companhia de Evan. Entretanto, ainda sobre a família de Kayleigh, o pai então passa a molestar o filho, Tommy, irmão de Kayleigh, o que o faz tornar problemático, ele tenta assassinar Evan, mas isto acaba na morte do próprio Tommy e Evan é preso por homicídio. 
Em outra tentativa, Evan vai atrás de seu pai no hospício para saber como controlar o efeito borboleta, mas eles acabam discutindo a respeito e o pai sabendo das consequências que o filho pode sofrer, tenta assassiná-lo. Em mais uma tentativa, o amigo Lenny assassina Tommy e é então internado num manicômio e Kayleigh se torna prostituta viciada;
Buscando consertar uma das maiores tragédias do filme, Evan tenta salvar mãe e seu bebê que estavam prestes a abrir a caixa de correio onde os garotos haviam posto uma dinamite por diversão. Tommy é quem sai de herói, pois pula em frente à mulher e ao bebê para protegê-los, Kayleigh termina por namorar Lenny e Evan perde os braços e os movimentos das pernas, isso faz sua mãe começar a fumar e futuramente desenvolve câncer nos pulmões.
Cansado dos efeitos, ele tenta mudar tudo voltando ao dia do abuso feito pelo pai de Kayleigh e Tommy, ele leva a dinamite e ameaça o homem acendendo o pavio, mas esse evento acaba com uma tragédia e Evan vai parar no manicômio como seu pai.
 	Certa curiosidade desse filme é que possui quatro finais alternativos para agradar diferentes públicos: o fim trágico, em que o rapaz através de um vídeo antigo de seu parto volta ao ventre da mãe e comete suicídio enrolando o cordão umbilical em seu pescoço – algo melancólico desta versão é que a mãe dele já havia sofrido nove abortos iguais –, o fim clichê, Evan volta aos tempos de criança e salva Kayleigh e o irmão dos abusos do pai e futuramente eles se reencontram deixando implícito o final feliz, o fim clichê em aberto, no qual há um encontro entre os dois protagonistas e logo depois Evan se vira indicando que iria atrás de seu amor de infância e, por fim, o oficial, este que foi às telas, em que os dois se cruzam já adultos na cidade, mas apenas trocam um olhar e continuam seus rumos. [3: Os três desfechos anteriores ao “oficial” não foram divulgados publicamente, mas estão disponíveis no “extras” do DVD ou facilmente encontradas em versões piratas na internet.]
O Efeito Borboleta e a Teoria do Caos
“Efeito Borboleta” é a expressão usada dentro da Teoria do Caos, foi criada por Edward Lorenz na década de 60. A Teoria do Caos diz que qualquer mísera mudança no espaço/tempo pode trazer consequências absurdas. Por isso se diz que esses eventos são imprevisíveis, caóticos. Surge, então, o “efeito borboleta” formulado pelo cientista. Ele observou num programa de meteorologia que simulava massas de ar que a mudança de uma simples casa decimal alterava todos os resultados das massas. A ideia principal proposta por Lorenz foi que “o bater de asas de uma simples borboleta poderia provocar um tufão do outro lado do mundo”. Além disso, a expressão desenvolvida por ele ainda teve a coincidência de ter como resultado uma equação cuja trajetória geométrica tem formato semelhante a uma borboleta. [4:  Meteorologista, matemático e filósofo estadunidense. Seus principais trabalhos surgiram com os fundamentos matemáticos do sistema de equações meteorológicas nos laboratórios do MIT, década de 60.][5: Informação disponível em https://www.significados.com.br/efeito-borboleta/. Acesso em 30/05/17.]
 A Veracidade do Filme
	Obviamente, sabemos que “O Efeito Borboleta” relaciona seu tema principal, o distúrbio do menino, com ficção. Até hoje, não há indícios de qualquer possibilidade de uma viagem no tempo, muito menos de conseguir alterá-lo. No entanto, os problemas de Evan na história podem existir, inclusive a alternativa que lhe foi recomendada pelo psiquiatra é muito utilizada por médicos ainda hoje; a escrita ajuda muito os pacientes com problemas de memória. 
No filme, é bem clara a relação entre esse fenômeno e o drama de vida de Evan. Qualquer que fosse mínima a mudança que o rapaz fazia em seu passado alterava toda a realidade do futuro, às vezes com ele próprio, outras com algum de seus amigos de infância. Mesmo seu dom sobrenatural ser fictício é bom para fazer uma análise do que poderia acontecer caso tivéssemos hoje em dia esse poder em mãos. Seguindo a linha de raciocínio do filme e do próprio fenômeno, é notável que os efeitos disso poderiam ser catastróficos.
O pai do garoto sofreu do mesmo problema que ele, inclusive uma frase que diz no filme em que explicita bem o efeito borboleta é; "Não pode mudar as pessoas sem destruir o que elas foram. Não pode brincar de Deus, filho.". A referência feita é de cunho religioso, mas, logicamente, é possível de compreender a mensagem transmitida pelo pai de que, além de mudar a própria linha do tempo, o rapaz acabaria por alterar e talvez destruir a dos seus entes próximos e queridos, como amigos, amor de infância, a mãe e o pai.
Apesar de o filme ter sua trama baseada numa fantasia, ele é considerado muito bom por diversos críticos de cinema e até por profissionais da área de saúde se tratando da atuação dos atores mirins quanto às cenas de lapsos e apagões. Um tema muito cobiçado pelo mercado cinematográfico, a memória tem seus mistérios até hoje. Em “O Efeito Borboleta”, a direção e produção conseguiu juntar ciência e fantasia de uma forma inusitada e inteligente. Rico em detalhes, o filme conta com cenas polêmicas de agressão, assassinato, estupro e semelhantes. 
Algo que vale ressaltar a respeito da ficção científica são os efeitos que um ambiente não propício, com diversos problemas e cotidiano intenso podem emitir em crianças e adolescentes. O grupo de amigos no filme, quando jovens, se mostrava rebelde e sentia prazer ao tentar se entreter com coisas perigosas. Os meninos fumavam escondido,gostavam de se divertir com aquilo que claramente não era seguro, como quando tiveram a ideia de pôr a dinamite numa caixa de correio da vizinhança, que inclusive gerou uma tragédia. Esse comportamento ousado e audacioso provinha principalmente da falta de um ambiente estabilizado e de traumas infantis; a menina Kayleigh é abusada pelo pai, o irmão Tommy com tendências de psicopatia, o próprio Evan cresce sem pai e apenas sabe que este se encontra num manicômio e que aparentemente está desenvolvendo o mesmo distúrbio que o homem possui.
Em Termos de Saúde Mental
	No filme, Evan perdia lembranças antigas específicas e durante um curto período de tempo, eram lacunas em sua vida que ele tinha simplesmente apagado de sua trajetória, isto é, Evan tinha amnésia. A amnésia é uma falha em que a pessoa perde memórias antigas (retrógrada) ou não tem mais a capacidade de gerar novas (anterógrada). Amnésia pode ter várias causas, dentre elas demências, doenças, traumas, estresse excessivo, falta de sono e até medicamentos. 
No caso de Evan, ele não reteve nenhuma informação dos episódios considerados traumáticos em sua vida, daí surgem as lacunas. Seguindo esse viés consideramos alguns fatores. Primeiramente, os apagões só aconteciam em momentos de alto estresse e, como dito anteriormente, considerados traumáticos na vida do garoto, esses apagões tinham em média um curto período de ocorrência, um pouco antes de o episódio de fato acontecer e durante seu acontecimento. Além disso, segundo o filme, ele teria herdado o problema do pai e só lembrou, com clareza, do que realmente aconteceu nesses eventos ao ler seus diários já nos seus vinte anos de idade. 
Nisso surge a pergunta; qual seria então a patologia de Evan? Dentre todos os tipos de amnésias conhecidas, é preciso destacar duas; a amnésia global transitória e a amnésia psicogênica. Na primeira ocorre uma perda aguda de memória temporariamente e a pessoa fica incapacitada de reter informação durante esse período, ela não possui causa efetiva e é pouco conhecida, também sendo rara de se repetir. Já na segunda, normalmente ocorre por traumas psicológicos em que o indivíduo apaga a memória autobiográfica e pode entrar em estado de “fuga”, isto é, ocorre um bloqueio daquela lembrança específica em prol da sanidade e saúde mental da pessoa normalmente devido à gravidade do trauma, nesta, a pessoa pode se lembrar do acontecido através de pistas, tais como fotos, figuras, ilustrações ou testemunhos.[6: Anotações de aula de Processos Psicológicos Básicos.][7: Anotações de aula de Processos Psicológicos Básicos.]
Analisando as duas é possível perceber semelhanças da doença de Evan com ambas. De fato, a que mais chega perto do caso do rapas é a amnésia psicogênica, principalmente pela característica traumática e de como os indivíduos chegam a recuperar a lembrança, no caso de Evan pela leitura dos diários. No entanto, algo que deve ser destacado é que nessa amnésia não há alteração orgânica, mas no filme o garoto sofre com abusos físicos, ou seja, voltamos para a global transitória. 
Talvez, o autor tenha simplesmente inventado o caso de Evan, ou apenas divulgado um caso pouco conhecido e raro mas que, exponencialmente, é possível de existir. Fica, então, para os profissionais, no dia que um “caso de Evan” for oficialmente divulgado, classificá-lo devidamente ou, quem sabe, até mesmo criar uma nova categoria de amnésia apenas para esses sintomas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 AOUAD, Amanda. Até onde um filme pode ir? Disponível em:  http://www.cinepipocacult.com.br/2011/09/ate-onde-um-filme-pode-ir.html. Acesso em 29/05/17.
BRÁZ, Rodí. Filme: Efeito Borboleta. Disponível em: http://novosesquadros.blogspot.com.br/2017/02/filme-efeito-borboleta.html. Acesso em 30/05/17.
Perda súbita de memória, causas, sintomas, disclaimer. Disponível em: http://sulla-salute.com/saude/saude-mental/perda-subita-de-memoria.php. Acesso em 31/05/17.
SANTOS, Patrícia Simone. Efeito Borboleta. Disponível em: http://www.psicologiaecinema.com/2010/05/efeito-borboleta.html. Acesso em 30/05/17.
Significado de Efeito Borboleta. Disponível em: https://www.significados.com.br/efeito-borboleta/. Acesso em 29/05/17.

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