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IMPLANTAÇÃO DO CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NO BRASIL: Um estudo sobre qual modelo policial adotar

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INSTITUTO TECNOLÓGICO AVANÇADO 
CURSO SEQUENCIAL EM SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
OILSON TREVISANUTO 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DO CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NO 
BRASIL: 
Um estudo sobre qual modelo policial adotar 
 
 
 
 
 
Goiânia/GO 
06/2018 
 
 
OILSON TREVISANUTO 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DO CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NO 
BRASIL: 
Um estudo sobre qual modelo policial adotar 
 
 
Trabalho de conclusão do curso 
Sequencial apresentado ao Instituto 
Tecnológico Avançado como requisito 
parcial para a obtenção do Certificado 
em Gestão em Segurança Pública. 
 
Orientador: Prof. Dr. Pedro Luis 
Pereira Neto 
 
 
 
Goiânia/GO 
06/2018 
 
 
OILSON TREVISANUTO 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DO CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NO 
BRASIL: 
Um estudo sobre qual modelo policial adotar 
 
Trabalho de conclusão do curso Sequencial apresentado ao Instituto Tecnológico 
Avançado como requisito parcial para a obtenção do Certificado em Gestão em 
Segurança Pública. 
 
Aprovado em: _____ de _______________ de _______. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
___________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Pedro Luis Pereira Neto – Instituto Tecnológico Avançado - Coordenador 
 
 
Profa. Viviane Andrade Gomes Bueno – Instituto Andrade Bueno - Orientadora 
 
Goiânia/GO 
06/2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta obra a todos os policiais 
brasileiros que labutam diariamente em prol 
de uma nação mais segura e justa. 
A todos Agentes Penitenciários do Brasil, na 
esperança de que num futuro próximo, todos 
sejam Policiais Penitenciários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.” 
Stephen Hawking 
 
“O segredo da mudança é concentrar toda a sua energia, não na luta contra o velho, 
mas na construção do novo.” 
Sócrates 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Palavras Chave: Polícia, Ciclo Completo de Polícia, Legislação, Sistema de 
Segurança Pública, PEC. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso voltado à pesquisa sobre a implantação do chamado 
Ciclo Completo de Polícia para os órgãos policiais brasileiros, contrastando o modelo 
do ciclo policial brasileiro com modelos adotados em outros países, objetivando 
analisar e verificar o modelo mais acertado a ser adotado no Brasil. Os crescentes 
índices de violência e criminalidade revelam que o sistema de segurança pública do 
Brasil é, no mínimo, ineficiente, pois não se consegue conter e controlar a violência a 
níveis aceitáveis. A ineficiência da ação policial, a burocratização demasiada e os 
conflitos das polícias são reflexos do irracional modelo utilizado em que são 
necessários dois órgãos policiais para completar a persecução penal. De um lado 
temos a Polícia Militar, de caráter ostensivo-preventivo que inicia a ação policial e para 
por exigência constitucional, repassando para sua coirmã, a Polícia Civil, a 
responsabilidade da investigação do crime e eventual elucidação da autoria do delito. 
Essencialmente, quem perde com tudo isso é a sociedade. Para tanto, foram 
analisadas a legislação e os órgãos policiais brasileiros, bem como a atribuição de 
cada polícia. Em seguida, foi realizado levantamento da execução da ação policial de 
alguns países e apresentado as Propostas de Emenda Constitucional que pretendem 
atribuir o Ciclo Completo de Polícia para os órgãos policiais brasileiros. Finalmente, 
analiso o chamado Ciclo Completo de Polícia, demonstrando os benefícios, eficiência, 
agilidade, economia, celeridade e demais ganhos tanto para o governo como para a 
sociedade, apresentando na sequência, três possíveis modelos de organização 
estrutural para as polícias brasileiras no ciclo completo. Conclui-se que é necessário 
atribuir o ciclo completo de polícia a todas as polícias, rechaçando a ideia da 
desmilitarização e unificação das polícias militar e civil, propondo que é mais viável 
um cenário de múltiplas policias, autônomas, todas de ciclo completo, atuando de 
forma colaborativa umas com a outras. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Keywords: Police, Full Cycle of Police, Legislation, Public Security System. 
 
Conclusion work on the implementation of the so-called Full Cycle of Police for the 
Brazilian police, contrasting the model of the Brazilian police cycle with models 
adopted in other countries, aiming to analyze and verify the most successful model to 
be adopted in Brazil. The increasing levels of violence and crime reveal that Brazil's 
public security system is at least inefficient, since violence can not be contained and 
controlled at acceptable levels. The inefficiency of police action, too much 
bureaucratization and police conflicts are reflections of the irrational model used in 
which two police agencies are needed to complete the criminal prosecution. On the 
one hand we have the ostensible-preventive Military Police that initiates the police 
action and for constitutional requirement, passing on to its co-sister, the Civil Police, 
the responsibility for the investigation of the crime and eventual elucidation of the 
authorship of the crime. Essentially, the one who loses all of this is society. To do so, 
we analyzed the Brazilian law and police, as well as the attribution of each police. Next, 
a survey of the execution of the police action of some countries was carried out and 
the Constitutional Amendment Proposals were presented that intend to assign the Full 
Cycle of Police to the Brazilian police agencies. Finally, I analyze the so-called Full 
Cycle of Police, demonstrating the benefits, efficiency, agility, economy, speed and 
other gains for both the government and society, presenting, next, three possible 
structural organization models for Brazilian police in the complete cycle. It is concluded 
that it is necessary to assign the complete police cycle to all police, rejecting the idea 
of demilitarization and unification of the military and civil police, proposing that it is 
more feasible a scenario of multiple police, autonomous, all of full cycle, acting in a 
collaborative way with each other. 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
APFD Auto de Prisão em Flagrante Delito 
BO Boletim de Ocorrência 
CCJC Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania 
CNP Cuerpo Nacional de Policía da Espanha 
CONSEG Conferência Nacional de Segurança Pública 
CR Constituição da República 
DETRAN Departamento de Trânsito 
ELN Exército de Libertação da Colômbia 
EUA Estados Unidos da América 
FARC Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia 
FONAJE Fórum Nacional de Juizados Especiais 
GC Guarda Civil da Espanhola 
GNR Guarda Nacional Republicana de Portugal 
IMPO Infração de Menor Potencial Ofensivo 
JECRIM Juizados Especiais Criminais 
Met Polícia Metropolitana de Londres 
MP Ministério Público 
ORCRIM Organização Criminosa 
PC Polícia Civil 
PCMG Polícia Civil do Estado de Minas Gerais 
PDI Polícia de Investigações do Chile 
PEC Proposta de Emenda Constitucional 
PF Polícia Federal 
PJ Polícia Judiciária de Portugal 
PM Polícia Militar 
PRF Polícia Rodoviária Federal 
PSP Polícia de Segurança Pública de Portugal 
REDS Registro de Eventos de Defesa Social 
SEAP Secretaria de Estado de Administração Prisional 
TCO Termo Circunstanciado de Ocorrência 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 11 
2. ORDEM SOCIAL, SEGURANÇA PÚBLICA E OS ÓRGÃOS POLÍCIAS 
BRASILEIROS .......................................................................................................... 15 
2.1 Ordem Pública ................................................................................................. 15 
2.2 Segurança Pública ........................................................................................... 17 
2.3 Os órgãos policiais brasileiros ......................................................................... 21 
2.3.1 A Polícia Federal .................................................................................... 22 
2.3.2 A Polícia Rodoviária Federal e Ferroviária Federal ................................ 23 
2.3.3 A Polícia Militar ....................................................................................... 25 
2.3.4 A Polícia Civil .......................................................................................... 26 
2.3.5 As demais polícias e órgãos de segurança pública ................................ 27 
2.4 Poder de Polícia e Poder da Polícia ................................................................. 28 
2.5 Autoridade Policial e Agente da Autoridade Policial ......................................... 29 
3. MODELOS POLICIAIS NO MUNDO .................................................................... 31 
3.1 Polícia Francesa .............................................................................................. 31 
3.1.1 Guarda Nacional (Gendarmaria Nacional).............................................. 32 
3.1.2 Polícia Nacional ...................................................................................... 33 
3.2 Polícia Italiana .................................................................................................. 33 
3.2.1 Polícia do Estado .................................................................................... 33 
3.2.2 Guarda de finanças ................................................................................ 34 
3.2.3 Corpo de Carabineiros............................................................................ 34 
3.3 Polícia Espanhola ............................................................................................ 35 
3.3.1 Corpo Nacional de Polícia ...................................................................... 35 
3.3.2 Guarda Civil ............................................................................................ 36 
3.4 Polícia Inglesa .................................................................................................. 37 
3.5 Polícia Portuguesa ........................................................................................... 38 
3.5.1 Polícia de Segurança Pública ................................................................. 38 
3.5.2 Guarda Nacional Republicana ................................................................ 39 
3.5.3 Polícia Judiciária ..................................................................................... 40 
3.6 Polícia Chilena ................................................................................................. 41 
3.6.1 Carabineiros do Chile ............................................................................. 41 
3.6.2 Polícia de Investigações do Chile ........................................................... 42 
 
 
3.7 Polícia Colombiana .......................................................................................... 43 
3.8 Polícia Americana ............................................................................................ 44 
3.8 Outros Países .................................................................................................. 45 
4. BREVES COMENTÁRIOS ÀS PECs QUE TRATAM DA IMPLANTAÇÃO DO 
CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NO BRASIL ........................................................ 46 
4.1 PEC 430/2009 .................................................................................................. 46 
4.2 PEC 432/2009 .................................................................................................. 49 
4.3 PEC 51/2013 .................................................................................................... 51 
4.4 PEC 321/2013 .................................................................................................. 53 
4.5 PEC 423/2014 .................................................................................................. 54 
4.6 PEC 431/2014 .................................................................................................. 55 
4.7 PEC 89/2015 .................................................................................................... 56 
4.8 PEC 127/2015 .................................................................................................. 57 
5. CICLO COMPLETO DE POLÍCIA: UMA ANÁLISE ............................................. 58 
5.2 Constituição Federal e a rigidez para a mudança ............................................ 64 
5.3 O modelo bipartido brasileiro: Polícia Administrativa vs Polícia Judiciária ....... 66 
5.4 Modelos possíveis de polícia de ciclo completo ............................................... 73 
5.4.1 Polícia de Ciclo Completo por grupo de crime e coexistência de múltiplas 
polícias no mesmo espaço geográfico ............................................................ 73 
5.4.2 Todas as polícias de Ciclo Completo com atuações por áreas geográficas 
ou circunscrição ............................................................................................... 80 
5.4.3 Unificação das Polícias Estaduais e criação da Polícia Única nos estados
 ........................................................................................................................ 84 
5.5 As Guardas Municipais nesse novo modelo e a hipótese da municipalização da 
Segurança Pública ................................................................................................. 85 
5.6 Sistema Prisional e a lavratura do Reds, embrião da Polícia Penal de ciclo 
completo ................................................................................................................ 90 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 95 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 98 
 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A pretensão do presente trabalho dissertativo se justifica no atual cenário 
brasileiro, considerando a crescente onda de violência que assola o cidadão de bem 
e a ineficácia dos órgãos policiais na contenção e controle da violência, 
transparecendo não ter solução a curto prazo. Desta forma, sobretudo neste 
momento, a segurança pública ganha espaço diariamente nos noticiários com 
assuntos sobre o elevado índice de criminalidade e violência que assola todo o país, 
sobretudo com a onda de ataques contra as instituições incumbidas da segurança 
pública, orquestradas friamente por organizações criminosas. Infelizmente, não se 
observa discussões sérias e concretas acerca de possíveis soluções para o caso. 
Neste sentido, a pesquisa busca contribuir para análise e reflexão sobre o 
modelo de divisão de atribuições das agências policiais estaduais (polícias militares - 
administrativa e polícias civis - judiciária) de ciclo incompleto, ineficientes e 
burocráticas. Busca-se, para tanto, caminhos para a modernização dos órgãos de 
segurança pública no Brasil, demonstrando a eficiência, desburocratização e 
economia de tempo e dinheiro com a adoção do chamado “ciclo completode polícia” 
ou de “polícias de ciclo completo”1 utilizado em praticamente todos os países. 
É urgente a discussão de um novo modelo de polícia para os órgãos de 
segurança pública, o chamado Ciclo Completo de Polícia, além da reestruturação da 
lei orgânica de cada polícia. País de dimensões continentais, não será tarefa fácil para 
o Brasil, mas é uma mudança possível e necessária como veremos nos próximos 
capítulos. 
Segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos2. 
Tamanha sua importância, que os constituintes originários destinaram um capítulo 
exclusivo para tratar do tema. Entretanto, o modelo policial adotado, após 29 anos da 
promulgação da atual Carta Magna, se mostra no mínimo ineficiente frente ao 
 
1 Polícia de ciclo completo ou ciclo completo de polícia consiste na atribuição à mesma corporação 
policial das atividades repressivas de polícia judiciária ou investigação criminal e da prevenção aos 
delitos e manutenção da ordem pública realizadas pela presença ostensiva uniformizada dos policiais 
nas ruas. Wikipédia. A enciclopédia livre. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_de_ciclo_completo> Acesso em: 05 jun. 2018. 
2 CF/88 - Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos:[...] 
12 
 
crescente índice de criminalidade que assola grande e pequenas cidades brasileiras, 
além de propriedades rurais, que alguns anos atrás, eram consideradas verdadeiros 
refúgios de paz e tranquilidade, situação totalmente diferente dos dias atuais. 
O modelo policial adotado pelos órgãos de segurança pública no Brasil é “sui 
generis”3, caracterizado por duas polícias de ciclo incompleto de sistema bipartido, 
dicotômico, situação em que cada polícia faz metade da persecução penal. 
Rolim, afirma que: 
"Esta estrutura de policiamento em cujo centro há uma "bi-partição", 
produziu a realidade peculiar da existência de duas polícias nos estados que 
devem fazer, cada uma, a metade do "ciclo de policiamento". Dito de outra 
forma, cada polícia estadual é, conceituadamente, uma polícia pela metade 
porque ou investiga ou realiza as tarefas de policiamento ostensivo" (ROLIM, 
p. 12, 2007). 
 
Portanto, Silva Júnior acrescenta que: 
“A divisão cartesiana de atribuições aos órgãos policiais encarregados 
de promover a segurança pública no Brasil – em “polícia judiciária” e “polícia 
administrativa” – é fruto não só de uma evolução histórica, mas 
acentuadamente resultado de uma má construção dos paradigmas jurídicos 
que foram incorporados ao pensamento acadêmico-jurídico e à práxis político-
administrativa de nossos país” (SILVA JÚNIOR, p. 69, 2015). 
 
Desta forma, o patrulhamento ostensivo e de preservação da ordem pública 
fica a cargo das polícias militares, caracterizada por polícia administrativa, e as 
funções de investigação criminal e apuração das infrações penais fica a cargo das 
polícias civis, caracterizada por polícia judiciária (SAPORI, p. 52, 2016). 
Entretanto, conforme explica o especialista em segurança pública Sapori (2016, 
p. 58) “[...] a simples implantação do ciclo completo de polícia não vai resolver todos 
os gargalos do sistema de segurança pública e justiça criminal”. Pois, para isso, deve-
se incluir no debate setores públicos como saúde, educação, planejamento urbano, 
serviços sociais, sociedade civil, sistema judiciário e penal como um todo, etc. Para 
não incorrer na Síndrome de Adão, a pesquisa visa contribuir para a melhoria do 
 
3 O termo de origem latina Sui generis significa, literalmente, "de seu próprio gênero", ou seja, "único 
em seu gênero." Usa-se como adjetivo para indicar que algo é único, peculiar, incomum, descomunal, 
particular, algo que não tem correspondência igual ou mesmo semelhante: uma atividade sui generis, 
uma proposta sui generis, um comportamento sui generis. Wikipédia A enciclopédia livre. Disponível 
em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sui_generis> Acesso em: 05 jun. 2018. 
13 
 
Sistema de Segurança Pública, deixando os demais setores para aqueles que os 
representam. 
Em 2017, o Brasil registrou o maior índice de homicídios da história, foram mais 
de 61 mil óbitos por motivos violentos4. Como se não bastasse o lamentável cenário, 
do total, cerca de 80% dos crimes de homicídio não são solucionados pela polícia 
segundo o Instituto Sou da Paz. Situação que aumenta, e com razão, a sensação de 
impunidade, além de gerar descrédito nos órgãos de segurança pública e no poder 
judiciário. 
Entre as mortes violentas, estão as de polícias que em 2017, somente do Rio 
de Janeiro, foram assassinados 134 policiais5. Em todo o Brasil, foram registradas 542 
mortes de policiais segundo dados da Ordem dos Policiais do Brasil6. 
 Para ilustrar a gravidade e ao mesmo tempo a fragilidade com que se passa a 
segurança pública no Brasil, imaginamos uma outra classe de trabalhadores, como a 
de médicos por exemplo. Em um determinado estado, médicos começassem a morrer 
por infecção em diversos hospitais. Mortes decorrentes do próprio ofício. Certamente, 
ainda nos primeiros casos, mudanças drásticas de procedimentos e medidas 
emergenciais seriam adotadas para aniquilar a situação das mortes por infecção. 
Como pode os próprios médicos tratarem pacientes sendo que eles são as próprias 
vítimas. 
 Isso é o que ocorre atualmente na segurança pública, os próprios agentes da 
autoridade policial não conseguem se proteger da violência e se tornam vítimas. O 
que resta para o cidadão? 
O rápido levantamento de dados acima demonstra que de fato algo está errado 
com a gestão da segurança pública. A sociedade brasileira necessita de uma 
modernização dos órgãos de segurança para o enfrentamento da criminalidade e 
eficiência no atendimento ao cidadão. 
 
4 Homicídios no Brasil são pouco elucidados, diz pesquisa. Disponível em: 
<https://www.cartacapital.com.br/sociedade/homicidios-no-brasil-sao-pouco-elucidados-diz-pesquisa> 
Acesso em: 19 mar. 2018. 
5 PMs mortos do RJ. Disponível em: http://especiais.g1.globo.com/rio-de-janeiro/2017/pms-mortos-no-
rj/ <acesso em 19 mar. 2018> 
6 Ordem dos Policiais do Brasil. Disponível em: http://opb.net.br/mortometro.php <acesso em 19 mar. 
2018> 
14 
 
Assim, surge uma pergunta central com relação a problemática apresentada: 
qual o modelo de polícia a ser implementado para os órgãos policiais brasileiros, tendo 
em vista a necessária modernização do aparato policial para o combate e diminuição 
da criminalidade e ao atendimento eficiente ao cidadão? 
Desta forma, o objetivo do presente trabalho é analisar e identificar qual é o 
modelo de polícia a ser implementado nos órgãos policiais brasileiros, tendo em vista 
a necessária modernização do aparato policial para o combate e diminuição da 
criminalidade e ao atendimento eficiente ao cidadão. 
 Além disso, os objetivos específicos são: 1) analisar a legislação que 
regulamenta segurança pública no Brasil e demonstrar a função de cada um dos 
órgãos policiais brasileiros; 2) analisar os modelos policiais nos principais países de 
democracia estável; 3) apresentar e analisar as PEC em tramitação no congresso 
nacional que pretendem implantar o Ciclo Completo de Polícia; 4) demonstrar os 
benefícios do ciclo completo de polícia e comparar modelos polícias possíveis de ciclo 
completo de polícia para os órgãos policias brasileiros. 
Será realizada pesquisa básica estratégica, descritiva e qualitativa, e análise 
bibliográficae documental da legislação brasileira sobre segurança pública, do atual 
modelo de polícia adotado no Brasil em contraste com outros países e será analisado 
ainda as Propostas de Emendas Constitucionais7 em tramitação no Congresso 
Nacional, que visa a reforma nos órgãos de segurança pública com a proposta de 
implantação do ciclo completo de polícia. Entretanto, a rigidez constitucional, o 
corporativismo classista e a falta de interesse do Governo dificultam, em tese, a 
concretização da reforma constitucional do Sistema de Segurança Pública. 
 A estrutura do trabalho foi elaborada em quadro capítulos, além da introdução 
que traz a contextualização da ineficácia dos órgãos policiais e a modernização 
necessária, a exposição do problema de pesquisa e da estrutura do trabalho. 
No capítulo um o propósito é conceituar ordem pública e segurança pública, 
demonstrando a diferença e a relação de ambas, bem como apresentando as 
 
7 RELATÓRIO APRESENTADO DAS PROPOSTAS DE EMENDA CONSTITUCIONAL SOBRE CICLO 
COMPLETO DE POLICIA É PELA APROVAÇÃO, 2017. Disponível em 
<http://www.ciclocompleto.com.br//pagina/1609/relatoacuterio-apresentado-das-propostas-de-
emenda-constitucional-sobre-ciclo-completo-de-policia-eacute-pela-aprovaccedilatildeo>. Acesso em: 
19 mar. 2018. 
15 
 
instituições públicas responsáveis por manter a ordem e garantir a segurança pública. 
Ademais, foi estudado a diferença de Poder de Polícia com Poder da Polícia, além da 
polêmica envolvendo o conceito legal de Autoridade Policial de Agente da Autoridade 
Policial. 
No capítulo dois analisa-se os modelos policiais adotados em vários países, 
demonstrando a forma da ação policial de cada órgão, sua organização e estrutura. 
No terceiro capítulo, apresenta-se as PEC ainda em tramitação no Congresso 
Nacional que pretendem atribuir, de alguma forma, o Ciclo Completo de Polícia para 
os órgãos policiais brasileiros. 
No quarto e derradeiro capítulo, é analisado e conceituado o Ciclo Completo de 
Polícia, os benefícios dos órgãos policiais que atuam no ciclo completo. Será discutido 
a rigidez da Constituição Federal para a mudança, além dos problemas, conflitos e 
dilemas gerados pelo atual modelo em polícia administrativa versus polícia judiciária. 
Será apresentado também três possíveis modelos de polícia de ciclo completo com 
base no trabalho de Sapori (2016), Silva Júnior (2015), Ribeiro (2016) e das PEC. Por 
fim é analisado e proposto o reconhecimento das Guardas Municipais e dos Agentes 
de Segurança Penitenciários como polícias, além da atribuição de atuação no ciclo 
completo. O trabalho se encerra nas considerações finais. 
 
2. ORDEM SOCIAL, SEGURANÇA PÚBLICA E OS ÓRGÃOS 
POLÍCIAS BRASILEIROS 
 
2.1 Ordem Pública 
 No Decreto nº 88.777, de 30 de setembro de 1983, no Artigo 2º, Item 21, consta 
o conceito legal de Ordem Pública, qual seja: 
21) Ordem Pública – Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento 
jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os 
níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência 
harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma 
situação ou condição que conduza ao bem comum (BRASIL, 1983). 
 
16 
 
Entretanto, estudos com relação ao conceito de ordem pública na doutrina e 
jurisprudência, relevaram que não há uma definição específica sobre ordem pública, 
apresentando os doutrinadores e estudiosos sobre o assunto, vários conceitos. 
Entretanto, os conceitos variam “sempre em torno da ideia de moral, segurança de 
bens e pessoas ou, ainda, ausência de desordem (BATISTA, 2012, p. 13). 
 Ronny Carvalho da Silva8 (2011, p. 2-3), descreve o entendimento de alguns 
autores sobre ordem pública, como: 
“[...] um estado de completa normalidade onde o cumprimento da lei e das 
disposições emanadas das autoridades são integralmente acatadas, sem 
constrangimentos, pela população (PIERRO JUNIOR, 2008). De uma maneira 
genérica, seria a ausência de perturbações nas relações sociais (PIERO, 2004) 
e de “pacífica convivência social” (SILVA, 2007, p. 756). Outros a tratam como 
um elemento aglutinador de valores metajurídicos não positivados, ou seja, 
valores “morais, éticos, sociais, estéticos”, considerados de importância para 
determinada coletividade, mas não detentoras de status jurídico (SOUSA, 
2002). Aqueles que defendem uma noção assim, têm em primeira dimensão a 
defesa de “valores”, ou seja, de regras comportamentais não escritas, mas 
salutares ao bom convívio social. Tal perspectiva não traz à frente a proteção 
das normas jurídicas (CASTRO, 2003). O conceito que nos parece, foi acolhido 
no direito pátrio, é de ordem pública na perspectiva de HAURIOU (1919), 
consistente em uma situação oposta à desordem, paz em oposição à 
perturbação (CASTRO, 2003. LAZZARINI, 2000). 
 
Moreira Neto (1988, p. 142-143) acrescenta que: 
“Na acepção sistêmica, a ordem pública é o pré-requisito de funcionamento do 
sistema de convivência pública. Não só ele contém no polissistema social como 
é imprescindível a seu funcionamento, uma vez que viver em sociedade 
importa, necessariamente, em conviver publicamente. É necessário dispor-se 
a convivência pública de tal forma que o homem, em qualquer relação em que 
se encontre, possa gozar de sua liberdade inata, agir sem ser perturbado, 
participar de quaisquer sistemas sociais que deseje (econômico, familiar, 
lúdico, acadêmico, etc.), sem outros impedimentos e restrições que não os 
necessários para que essa convivência se mantenha sempre possível, sem 
outra obrigação que de observar a normatividade que lhe é imposta pela ordem 
jurídica constituída para todo o polissistema e admitida como o mínimo 
necessário para assegurar, na convivência, a paz e harmonia indispensáveis. 
A essa disposição de convivência pública, pré-requisito de funcionamento do 
respectivo sistema, é que se denomina de ordem pública.” 
 
 Moreira Neto (1988, p. 144-145) cita ainda que [...] “melhor se presta para 
dessumir um "conceito operativo" de ordem pública, tal como o fez a Polícia Militar do 
 
8 SILVA, Ronny Carvalho da. O "conceito odioso" de "ordem pública" para a efetivação do direito 
fundamental à segurança: uma análise comparada no constitucionalismo luso-brasileiro. 2011. I 
SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ANÁLISE CRÍTICA DO DIREITO-UENP. Disponível em: 
<http://eventos.uenp.edu.br/sid/publicacao/resumos/3.pdf> Acesso em 21 abr. 2018. 
17 
 
Rio de Janeiro, em documento de doutrina: "ordem pública é o estado de paz social 
que experimenta a população". 
 Ainda segundo o autor, “no sistema de convivência pública, [...] a garantia de 
sua existência estável é a manutenção da ordem pública, que demanda, por seu turno, 
a funcionalidade eficiente das garantias proporcionadas pela segurança pública” 
(MOREIRA NETO, 1988, p.151). 
 Com mais clareza e simplicidade, Diogo de Figueiredo Moreira Neto explica 
“que a relação entre ordem pública e segurança pública não é de todo para parte, nem 
de continente para conteúdo, mas de efeito para causa” (1988, p. 152). 
Desta forma, passamos ao estudo do conceito de segurança pública em um 
Estado Democrático de Direito. 
 
2.2 Segurança Pública 
 O Dicionário Houaiss da língua portuguesa traz 9 definições para a palavra 
“segurança”, das quais enalteço duas significações: 
“2 - estado, qualidade ou condição de quem ou do que está livre de perigos, 
incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação em que nada há a 
temer”, e ainda. 
“3 - condição ou caráter do que é firme, seguro, sólido, ou daquele com quem 
se pode contar ou em quem se pode confiar”. 
Deduz-seque as palavras chaves como “livre de perigos”, “assegurado de 
danos” e “em quem se pode confiar”, remetem diretamente a proteção da integridade 
do cidadão e do patrimônio. 
O conceito de segurança pública pode ser compreendido por duas vertentes 
que convergem para um mesmo viés, a paz social. Por trata-se de um direito difuso, 
universal e indispensável, garantido, principalmente pela Carta Política de 1988, 
proteção a integridade física dos cidadãos e dos seus bens, bem como a convivência 
harmônica da população, com respeito mútuo uns com outros. Por outro lado, a 
segurança pública é o instrumento preventivo e repressivo do Estado para manter a 
18 
 
ordem social9 e evitar qualquer forma de violência por meio de leis, forças policiais e 
poder judiciário. 
 De forma resumida Moreira Neto (1988, p. 152) conclui [...] “que segurança 
pública é o conjunto de processos políticos e jurídicos, destinados a garantir a ordem 
pública na convivência de homens em sociedade”. 
 Ainda destaca o autor de forma objetiva que [...] “a segurança pública é o 
conjunto de estruturas e funções que deverão produzir atos e processos capazes de 
afastar ou eliminar riscos contra a ordem pública” (MOREIRA NETO, 1988, p. 152). 
Para Lazzarini, no ilustre ensinamento, enfatiza que: 
“o constituinte de 1988 procurou valorizar o principal aspecto ou elemento da 
"ordem pública", qual seja a "segurança pública". Procurou, ainda, guardar a 
correta grandeza entre a "ordem pública" e a "segurança pública, sendo esta 
exercida em função daquela, como seu aspecto, seu elemento, sua causa” 
(1989, p. 233). 
 
 Antônio Francisco de Souza (2009, p. 300) citado por Minuscoli e Almeida 
(2016) conceitua segurança pública como “um estado que possibilita (viabiliza) o livre 
exercício dos direitos, liberdades e garantias consagrados na Constituição e na Lei. A 
segurança é, simultaneamente, um bem individual e coletivo, tal como a sociedade 
pertence a todos e a cada um”. 
 Importa salientar que a Constituição Federal de 1988, destaca a relevância da 
segurança pública conferida pelo Poder Constituinte Originário ao estabelecê-la como 
valor supremo da sociedade brasileira já em seu preâmbulo10 (SOUZA, 2008 apud 
MINUSCOLI e ALMEIDA, 2016). 
 Segurança pública possui tamanha importância para o ordenamento pátrio, que 
na CR/88, está previsto no artigo 5º, caput11, a segurança pública como status de 
 
9 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para 
a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos. CRFB/1988. (Grifo nosso). 
10 Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir 
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL. Preâmbulo da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. 
(Grifo nosso). 
11 TÍTULO II. Dos Direitos e Garantias Fundamentais. CAPÍTULO I. DOS DIREITOS E DEVERES 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
19 
 
direito fundamental e sendo assim, imutável, “garantindo-se aos brasileiros e os 
estrangeiros [...] direto à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade 
[...]” (BRASIL, 1988). 
 Denota-se que segurança pública também está ligada a ordem social isso 
porque ao mesmo tempo é tratada como um direito social no artigo 6º12, caput, da 
Constituição de 1988. Portanto, assevera-se que a segurança é um dos objetivos do 
Estado que proporciona ao cidadão o alcance dos seus próprios objetivos (SOUZA, 
2008 apud MINUSCOLI e ALMEIDA, 2016). 
 Desta forma, segurança pública é o estado de normalidade que permite o 
usufruto de direitos e o cumprimento de deveres, constituindo sua alteração ilegítima 
uma violação de direitos básicos, geralmente acompanhada de violência, que produz 
eventos de insegurança e criminalidade13. 
Neste viés, Moreira Neto, menciona que: 
[...] “se as garantias proporcionadas pela segurança pública são eficientes e 
satisfatórias, tem-se mantida a ordem pública. Se as garantias proporcionadas 
pela segurança pública são deficientes ou insatisfatórias, tem-se abalada. Se 
as garantias proporcionadas pela segurança pública são insuficientes, está 
sacrificada a ordem pública. É, pois, como se vê, uma relação causal” (1988, 
p. 152). 
 
Portanto, Minuscoli e Almeida (2016) enfatiza o conceito de segurança pública 
apresentado por Matsuda, Graciano e Oliveira (2009, p. 21), merecendo destaque o 
seguinte conteúdo: “[...] é uma política que deve ser desenvolvida pelos órgãos 
públicos e pela sociedade, dentro dos limites da lei, garantindo a cidadania de todos”. 
E ainda conforme enfatiza Moreira Neto (1988, p. 149) “segurança é o estado 
do que está garantido". Ou, por metonímia, segurança é a própria garantia.” 
 Resta, desta forma, buscar os órgãos responsáveis pela segurança pública a 
nível constitucional. A CR/88, no Capítulo III do Título V, mais especificamente no Art. 
 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, ... (Grifo nosso) 
12 CAPÍTULO II. DOS DIREITOS SOCIAIS. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Grifo nosso) 
13 Wikipédia, a enciclopédia livre. 2018. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Segurança_pública> Acesso em: 21 abr. 2018. 
20 
 
14414 e seus incisos e parágrafos, assim enuncia: “A segurança pública, dever do 
Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.” (BRASIL, 1988). 
Conforme esclarece Moreira Neto (1988, p. 153): 
“A organização político-jurídica dos Estados, para atender às peculiaridades da 
segurança pública, se desdobra em subsistemas especializados, dando 
surgimento a, pelo menos, três subsistemas da segurança pública básicos: o 
policial, o judicial e o penitenciário. O subsistema policial faz parte do Poder 
Executivo; o subsistema judicial, do Poder Judiciário, e o penitenciário, de 
ambos os Poderes.” 
 
Desta forma, “é por meio das polícias que o Estado exerce o seu legítimo 
monopólio da força, mas sempre em observância aos princípios constitucionais” 
(MARCHI, 2010, p. 36). 
Para Lazzarini (1989, p. 233), segurança pública “é conceito mais restrito do 
que o da "ordem pública", esta a ser preservada pelas Polícias Militares (artigo 144, § 
5º), às quais se atribuiu, além das atividades de polícia de segurança ostensiva, as, 
também, referentes à "tranquilidade pública" e à "salubridade pública". 
Acrescenta-se também Moreira Neto explicando que o subsistema policial é o 
mais problemático dos três apresentados pelo autor, pois “é o que está mais próximo 
dasperturbações da ordem pública, é o que deve atuar imediata, concreta e 
diretamente em benefício dela e é o que, por isso, tem sua atuação 
 
14 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para 
a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
21 
 
preponderantemente discricionária, inesgotável em fórmulas casuísticas” (1988, p. 
153). 
Por fim, segurança pública e ordem pública possuem uma linha tênue, mas são 
conceitualmente distintos. A primeira se refere à aplicação da força pelo Estado, 
através do Poder de Polícia e do Poder Judiciário, para a garantia e preservação da 
segunda, que se traduz com paz social como um todo para a população. 
Tais explanações, não encontram amparo em um “Estado que adota uma 
Constituição Cidadã15”, em que os direitos e garantias fundamentais são a base sólida 
de um Estado “Democrático de Direito”, porque, embora cotidianamente não se 
verifique uma situação de desordem, por outro lado, é perceptível no dia a dia 
inúmeras situações de flagrante desrespeito aos direitos fundamentais individuais que 
os órgãos de segurança pública ao que aparentam, não conseguem controlar para 
manter a ordem pública, e consequentemente a paz social. 
Por fim, conforme estabelecido na Constituição Federal e em consideração a 
grave crise na segurança pública, com elevado índice de violência e criminalidade, é 
plausível afirmar que o país, atualmente, está vivendo em ORDEM SOCIAL? 
 
2.3 Os órgãos policiais brasileiros 
 A palavra "polícia" tem origem no vocábulo latino "politia", que, por sua vez, 
resultou da latinização da palavra grega "πολιτεία" [politeia], esta derivada de "πόλις" 
[polis] que significa "cidade". Tanto "politia" como "πολιτεία" significavam "governo de 
uma cidade", "cidadania", "administração pública" ou "política civil". Na Grécia antiga, 
o termo "πολισσόος" [polissoos] ("πόλις" [polis] + σῴζω [sōizō], significando "eu 
guardo uma cidade") referia-se a uma pessoa encarregada da guarda urbana16. 
O presente trabalho monográfico não aprofundará nos estudos sobre o 
surgimento das polícias no mundo, tampouco sobre o processo histórico até os dias 
atuais, mas abster-se-á de analisar os atuais órgãos policiais brasileiros em contraste 
com de outros países que serão citados no próximo capítulo desta obra. 
 
15 O então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, declarou em 27 de julho de 1988 
(foto) a entrada em vigor da nova Constituição Federal – apropriadamente batizada de Constituição 
Cidadã. 
16 Wikipédia, a enciclopédia livre. https://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia. Acesso em: 23 abr. 2018. 
22 
 
Lazzarini (1994, p. 73), faz referência ao conceito de polícia produzido por De 
Plácido e Silva17, Polícia designa o conjunto de instituições, fundadas pelo Estado, 
para que, segundo as prescrições legais e regulamentares estabelecidas, exerçam 
vigilância para que se mantenham a ordem pública, a moralidade, a saúde pública e 
se assegure o bem-estar coletivo, garantindo-se a propriedade e outros direitos 
individuais. 
Conforme Câmara (2016, p. 32) a “polícia existe para proteger a sociedade e 
enfrentar o crime e a violência. Que seu papel é investigar e prender infratores nos 
limites dos procedimentos operacionais, sem expor terceiros a riscos!”. 
Nesse sentido, as teorias contratualistas e weberiana, fundamentam-se em que 
a existência do Estado não pode renunciar às Forças de Segurança que lhe 
assegurem. 
 Desta forma, dificilmente encontraremos uma sociedade democraticamente 
estável, sem a existência de Forças de Segurança. Isso sem citar os regimes 
ditatoriais. Em nossa sociedade, as polícias exercem o papel fundamental de garantir 
a eficácia social do ordenamento jurídico, igualmente, assegurando a paz social. 
No Brasil, os órgãos de segurança pública estão elencados no Título V – Da 
Defesa dos Estados e das Instituições Democráticas, Capítulo III – Da Segurança 
Pública, Artigo 144 da Carta Magna, conforme explanado acima. A União possui a 
Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal e cada 
Estado Membro possui a Polícia Civil e a Polícia Militar. 
 
2.3.1 A Polícia Federal 
A Polícia Federal, de natureza civil, subordinada ao Ministério Extraordinário da 
Segurança Pública por força da MP 821/2018, publicada no Diário Oficial da União no 
dia 17 de fevereiro de 2018, é incumbida de apurar infrações penais contra a ordem 
política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas 
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática 
tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme; de 
prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o 
 
17 DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico, ed. cit., v. I1I, verbete Polícia, p. 1.174. Citado por 
Lazzarini. 
23 
 
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas 
respectivas áreas de competência; de exercer as funções de polícia marítima, 
aeroportuária e de fronteiras de caráter ostensivo e por fim, exercer, com 
exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, caracterizando o ciclo 
completo de polícia. 
Argumenta Câmara (2016, p. 29) que na esfera federal, as ações repressivas 
do Departamento de Polícia Federal são exercitadas por seus próprios agentes que, 
para as ações ostensivas, dispõem de agentes uniformizados. Com isso o ciclo de 
suas ações é iniciado, desenvolvido e concluído dentro do próprio órgão, até a 
apresentação ao Poder Judiciário. 
Desta forma, a PF é a única polícia no Brasil de ampla atuação territorial, a 
desenvolver, por prescrição legal do texto Maior, o chamado ciclo completo de polícia. 
A exemplo disso está na função de polícia marítima, aeroportuária e de 
fronteiras, exercendo policiamento ostensivo e preventivo no mar territorial do Brasil, 
nos aeroportos brasileiros com o objetivo de evitar a prática de crimes e ao longo das 
fronteiras do país, respectivamente. Desta forma, a PF ora atua como Polícia 
Judiciária da União ora como investigativa, ora atua como Polícia Administrativa e 
Preventiva, sendo uma polícia de ciclo completo. 
O ingresso na Polícia Federal ocorre por meio de concurso público, em que o 
interessado deve escolher um dos cinco cargos disponíveis que são para agente da 
PF (investigador), escrivão de polícia, papiloscopista, perito criminal e Delegado de 
Polícia. 
 
2.3.2 A Polícia Rodoviária Federal e Ferroviária Federal 
A Polícia Rodoviária Federal, de estatuto civil é uma instituição policial 
ostensiva, subordinada ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública por força 
da MP 821/2018, publicada no Diário Oficial da União no dia 17 de fevereiro de 2018, 
cuja principal função é garantir a segurança com cidadania nas rodovias federais e 
em áreas de interesse da União. Combater as mais variadas formas de crimes nas 
24 
 
rodovias federais do Brasil e também monitorar e fiscalizar o trânsito de veículos, bens 
e pessoas.18. 
Sobre a PRF, Câmara (2016, p. 29) explica que 
“suas ações operacionais são de natureza administrativa. No decorrer de sua 
atividade de fiscalização e repressão às infrações de trânsito, seus agentes 
fardados, ao se defrontaremcom ilícitos penais, interrompem o ciclo de sua 
ação e repassam a respectiva ocorrência à autoridade policial – estadual ou 
federal – competente para dar continuidade aos procedimentos.” 
 
Suas competências são definidas pela Constituição Federal no artigo 144, pela 
Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), pelo Decreto n 1.655, de 03 de outubro 
de 1995 e pelo seu regimento interno, aprovado pela Portaria Ministerial nº 1.375, de 
2 de agosto de 2007. 
Portanto, por previsão legal, atua apenas ostensivamente no patrulhamento, 
fiscalização, atendimento à acidentes e na repressão às infrações de trânsito e crimes 
diversos. Perfazendo, por fim, o ciclo incompleto de polícia. 
A hierarquia existente dentro do órgão é totalmente baseada nas funções de 
chefia, que podem ser ocupadas por qualquer policial. Existe somente uma forma de 
entrada, através de concurso público, para o cargo de Policial Rodoviário Federal. 
O Decreto nº 1.655, de 3 de outubro de 1995, atribui à Polícia Rodoviária 
Federal a seguinte competência prevista no inciso V: 
“V - realizar perícias, levantamentos de locais boletins de ocorrências, 
investigações, testes de dosagem alcoólica e outros procedimentos estabelecidos em 
leis e regulamentos, imprescindíveis à elucidação dos acidentes de trânsito.”19 
Apesar de constar previsão infraconstitucional para realizar “perícias e 
investigações”, a fim de atuar no chamado Ciclo Completo de Polícia, a Carta Magna 
veda tal ação. 
A Polícia Ferroviária Federal destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento 
ostensivo das ferrovias federais. Entretanto, não foi instituída integralmente, seja 
 
18 Missão da Polícia Rodoviária Federal: “Garantir segurança com cidadania nas rodovias federais e 
nas áreas de interesse da União.” (Grifo nosso). Disponível em: https://www.prf.gov.br/portal/acesso-
a-informacao/institucional/missao. Acesso em: 15 abr. 2018. 
19 BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 1.655 de 3 de outubro de 1995. Define a competência 
da Polícia Rodoviária Federal, e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1655.htm> Acesso em: 01 jul. 2018. 
25 
 
administrativamente ou funcionalmente, ou seja, no Brasil, não existem o 
Departamento da Polícia Ferroviária Federal. 
 
2.3.3 A Polícia Militar 
Nos estados, há duas corporações policiais de ciclo incompleto. A Polícia 
Militar, subordinada ao Governador do Estado, única força policial administrativa nos 
estados, de caráter militar, com função de polícia ostensiva, destinada a preservação 
da ordem pública, prevenção e repressão de delitos pela presença ostensiva e a 
Polícia Civil de caráter repressivo com a função de polícia judiciária nos estados. 
Moreira Neto, ensina ainda que: 
“É na Polícia Administrativa que encontraremos as instituiçôes que têm por 
objetivo a ação direta, imediata e discricionária da segurança pública 
(competência), para a manutenção da ordem pública (finalidade), mediante 
atos e procedimentos, formais ou informais (forma), diante de riscos àquela 
ordem (motivo) e para prevenir ou reprimir ações e processos que a perturbem 
(objeto), preenchendo, como se observa, os requisitos elementais do ato 
administrativo.” (1988, p. 154). 
 
 A importância e a abrangência das atribuições das Polícias Militares podem-se 
depreender a partir da interpretação do § 5º do artigo 144 da CF. Neste aspecto, 
destaca-se o ensinamento de Lazzarini (1989, p. 235-236): 
“[...] às Polícias Militares, instituídas para o exercício da polícia ostensiva e 
preservação da ordem pública (art. 144, § 5º), compete todo o universo policial, 
que não seja atribuição constitucional prevista para os demais seis órgãos 
elencados no art.144 da Constituição da República de 1988. Em outras 
palavras, no tocante à preservação da ordem pública, às polícias militares não 
só cabe o exercício da polícia ostensiva na forma retro examinada, como 
também a competência residual de exercício de toda atividade policial de 
segurança pública não atribuída aos demais órgãos. A competência ampla da 
Polícia Militar na preservação da ordem pública, engloba, inclusive, a 
competência específica dos demais órgãos policiais, no caso de falência 
operacional deles, a exemplo de greves ou outras causas, que os tornem 
inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas atribuições, funcionando, 
então, a Polícia Militar como verdadeiro exército da sociedade. Bem por isso 
as Polícias Militares constituem os órgãos de preservação da ordem pública 
para todo o universo da atividade policial em tema da ordem pública e, 
especificamente, da segurança pública.” 
 
Sobre a organização funcional, a PM é um órgão estadual baseado na 
hierarquia e disciplina. Possui duas formas de admissão na carreira que ocorre 
mediante concurso público para soldado ou para oficial. A carreira de praça (soldado) 
é composta pelos cargos de soldado de segunda classe, soldado de primeira classe, 
26 
 
cabo, 3º sargento, 2º sargento, 1º sargento e subtenente. Já a carreira de oficial é 
composta pelos cargos de 2º tenente, 1º tenente, capitão, major, tenente-coronel e 
coronel20. Essa divisão institucional de carreira sofre severas críticas de especialistas, 
por entenderem tratar de um modelo ultrapassado e que traz diversos conflitos 
internos assim como os ocorridos na Polícia Federal, entre agentes e delegados. 
Por ser uma polícia militarizada, os integrantes dessa corporação fazem uso de 
farda. Na rotina laboral, a PM dispõe de viaturas caracterizadas para o patrulhamento 
ostensivo. No patrulhamento, se deparando com um flagrante de um crime, a PM, 
detém o autor, ouve o autor, ouve testemunhas, lavra o fato em boletim de ocorrência 
próprio arrolando o autor, a(s) testemunha(s) e os PMs envolvidos na ocorrência e 
depois apresenta tudo a Autoridade Policial, (delegado) este integrante da Polícia 
Judiciária, interrompendo o ciclo da ação policial. Já a Polícia Judiciária, recebendo a 
ocorrência, ouve todos os envolvidos, faz abertura de IP, realiza investigações a 
posteriori, faz diligências, junta tudo no Inquérito Policial, para só depois encaminhar 
para o MP, para oferecer ou não a denúncia contra o possível autor do delito. A crítica 
ao atual modelo é justamente este, uma força inicia todo o processo e entrega a outra 
para dar continuidade. 
No mesmo sentido, CÂMARA (2016, p. 28) assevera que a Polícia Militar tem 
a incumbência de “conciliar conflitos e nas ocorrências de flagrância delituosa, praticar 
os atos preliminares de detenção e proteção do local, transferindo para sua coirmã os 
demais procedimentos, interrompendo o ciclo da ação policial”. 
 
2.3.4 A Polícia Civil 
A Polícia Civil, subordinada ao Governador do Estado, de natureza civil, dirigida 
por delegado de polícia de carreira, incumbem ressalvada a competência da União, 
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 
Realiza ainda as ações de inteligência policial nas investigações de crimes de toda 
ordem. 
 
20 BRASIL. Decreto-Lei nº 667 de 2 de julho de 1969. Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de 
Bombeiros Militares dos Estados, dos Território e do Distrito Federal, e dá outras providências. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0667.htm> Acesso em: 01 jul. 2018. 
27 
 
Em atenção ao ordenamento legal, a PC de caráter repressivo, possui status 
de ciclo incompleto de polícia, pois, não há previsão na Carta Magna para realizar 
policiamento ostensivo-preventivo. 
Sobre a organização funcional, o ingresso na carreira da Polícia Civil ocorre 
também porconcurso público, em que o interessado deve escolher um dos cinco 
cargos existentes, ou seja, há cinco formas de entrar para o Polícia Civil, através de 
agente de Polícia (investigador), escrivão de polícia, papiloscopista, perito criminal, 
médico legista e Delegado de Polícia. 
A Polícia Civil exerce outras atividades, desvinculadas das atribuições, 
conferidas pela CRFB/88, como acontece em Minas Gerais, no qual a Polícia Civil 
ainda é responsável pelos serviços do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) 
a exemplo de vistorias e emissão de Certificado de Registro de veículo, bem como a 
habilitação do candidato ao processo de habilitação, dentre outras, conforme a lei 
Orgânica da referida instituição, (Lei Complementar 129 de 08/11/2013, contém a Lei 
Orgânica da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais – PCMG). 
De antemão, esclareço que ambas as polícias, PM e PC usurpam, por 
necessidade, as funções uma da outra. Ora a PM com o serviço de inteligência, com 
policiais à paisana, realizando investigação de crimes, função que de fato é de 
competência da Polícia Civil. Ora a PC com o uso de viatura caracterizada, uniformes 
padronizados, realizando blitz, função de competência exclusiva da PM. 
 
2.3.5 As demais polícias e órgãos de segurança pública 
A Polícia Legislativa Federal do Congresso Nacional do Brasil, possui previsão 
na Constituição Federal de 198821. É uma polícia de natureza civil, que atendem às 
Casas do Legislativo Federal, ou seja, ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados. 
É o órgão responsável pela preservação da ordem e do patrimônio, bem como pela 
prevenção e apuração de infrações penais, nos seus edifícios e dependências 
externas do Congresso Nacional, além de exercer as funções de polícia judiciária e 
 
21 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Título IV - Da Organização dos Poderes. 
Capítulo I - Do Poder Legislativo. Seção IV. Art. 52 Compete privativamente ao Senado Federal: Inciso 
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos 
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva 
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
28 
 
apuração de infrações penais. Para tanto mantém vigilância permanente por meio de 
policiamento ostensivo e sistemas eletrônicos. Também tem a incumbência de efetuar 
a segurança do Presidente da Câmara dos Deputados e do Presidente do Senado 
Federal em qualquer localidade do território nacional e no exterior, e a segurança dos 
Deputados Federais e Senadores, servidores e quaisquer pessoas que eventualmente 
estiverem a serviço do Congresso Nacional. 
Suas atribuições fazem com que seja considerada uma polícia de ciclo 
completo, o que significa que executam tanto atividades que são delegadas às 
Polícias Civis quanto às Militares, mas restrita as áreas citadas acima. 
O Exército também possui sua própria polícia, responsável em zelar pelo 
cumprimento dos regulamentos militares. 
A Segurança Pública também é integrada pela Guarda Municipal22, 
eventualmente criada pelo município, para a proteção dos bens, serviços e instalações 
municipais. 
Ao término da análise do Artigo 144 da Carta Maior, que elenca os órgãos 
voltados para a segurança pública, depreende-se que por si só, não formam um 
sistema completo de segurança pública, pois, o constituinte originário não constou 
expressamente no Título V, Capítulo III, o subsistema judiciário e o subsistema 
penitenciário que são, a nosso ver, partes integrantes do sistema de segurança 
pública. Portanto, o Art. 144 apresenta, apenas uma parte do sistema. 
Apesar de não constar no texto constitucional, os Agentes de Segurança 
Penitenciários federais e estaduais são, como visto, um subsistema da segurança 
pública, tão importante quanto os demais órgãos policiais, que por falta de interesse 
governamental, são quase que esquecidos ou analisado em segundo plano. 
 
2.4 Poder de Polícia e Poder da Polícia 
Foram apresentadas até o momento, os órgãos policiais. No entanto, para 
prosseguir nos estudos, faz-se necessário a noção do que seja Poder de Polícia e 
Poder da Polícia. 
 
22 Art.144, § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus 
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
29 
 
“Em sentido estrito, Polícia é vocábulo designador do que se viu até agora, ou 
seja, conjunto de instituições, fundadas pelo Estado, para, segundo as prescrições 
legais, exercer a segurança pública para a manutenção da ordem pública” (BONFIM, 
2006, p. 28). 
Encontra-se no artigo 78 do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de 
outubro de 1966) a definição legal de poder de polícia ao dispor que: 
“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de 
ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à 
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão 
ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato 
Complementar nº 31, de 1966)” 
 
Desta forma, [...] “Poder de Polícia é uma faculdade, um direito que o Estado 
tem de, através da polícia, assegurar o bem-estar público ameaçado. O Poder da 
Polícia é a polícia quando age. Essa ação só é legítima em virtude do Poder de Polícia, 
que confere a potestas à Polícia” (BONFIM, 2006, p. 28). 
Para Di Pietro, “Poder de polícia é a faculdade que tem o Estado de limitar, 
condicionar o exercício dos direitos individuais, a liberdade, a propriedade, por 
exemplo, tendo como objetivo a instauração do bem-estar coletivo, do interesse 
público” (2017, p. 158). 
Assim, “o poder de polícia é que fundamenta o poder da polícia. Este sem 
aquele seria arbitrário, uma verdadeira ação policial divorciada do Estado de direito”.23 
 
2.5 Autoridade Policial e Agente da Autoridade Policial 
 A expressão “autoridade policial” empregada no Código Processual Penal 
brasileiro se refere aos Delegados de Polícia de carreira, como dita o Artigo 4º do 
aludido instrumento: 
 
23 CRETELLA JÚNIOR, José. Conceituação do Poder de Polícia, Revista do Advogado, Associação 
dos Advogados de São Paulo, n°17, abril de 1989, p.55, citado por Lazzarini (1998). 
30 
 
Art. 4 - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações 
penais e da sua autoria”.24 (grifo nosso) 
Contudo, entretanto, o parágrafo único do Art. 4 disciplina que: 
Parágrafo único: A competência definida neste artigo não excluirá a de 
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.25 (grifo 
nosso) 
A Lei nº 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais, assim disciplina: 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará 
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do 
fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 
Para Aras26 (2013) a expressão “autoridade policial” não é mais sinônima de 
“delegado de Polícia”. Pois, a expressão “autoridade policial”, que consta do artigo 69 
da Lei 9.099/95, refere-se a qualquer autoridadepública que tome conhecimento da 
infração penal no exercício do poder de polícia, englobando a Polícia Militar, a Polícia 
Civil, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária, a Força Nacional de Segurança Pública 
e as Polícias do Poder Legislativo e também as guardas municipais. 
Conforme Silva Júnior, “a lógica elementar não permite concluir que os policiais 
militares, no exercício da função de policiamento, sejam considerados “agentes da 
autoridade policial” como querem alguns. O mesmo sofisma nos faria crer que 
qualquer do povo, que dê voz de prisão a um criminoso, seria também “agente da 
autoridade policial” (2015, p. 14). 
 Como que para não deixar dúvida a respeito do termo, Gilmar Mendes citou 
relatoria de sua lavra no Recurso Extraordinário 1.051.393/SE, já transitado em 
julgado, destacando do parecer da Procuradoria Geral da República o trecho: 
“A interpretação restritiva que o recorrente quer conferir ao termo ‘autoridade 
policial’, que consta do art. 69 da Lei nº 9.099/95, não se compatibiliza com o 
art. 144 da Constituição Federal, que não faz essa distinção. Pela norma 
constitucional, todos os agentes que integram os órgãos de segurança pública 
 
24 BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689 de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm> Acesso em: 01 jul. 2018. 
25 Idem Ibidem 
26 ARAS, Vladimir. A lavratura de TCO pela PRF e pela PM. 2013. Disponível em: 
<https://vladimiraras.blog/2013/07/19/a-instauracao-de-tco-pela-prf-e-pela-pm/> Acesso em: 17 maio. 
2018. 
31 
 
– polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, policias 
civis, polícia militares e corpos de bombeiros militares – cada um na sua área 
específica de atuação, são autoridades policiais”. (STF. RE 1.050.631-SE, Min. 
Rel. Gilmar Mendes, decisão monocrática em 22/09/2017).27 
 
 
3. MODELOS POLICIAIS NO MUNDO 
 
Analisaremos neste capítulo, alguns modelos policiais adotados em diversos 
países, com relação a estrutura organizacional. Com o objetivo de solidificar o 
argumento aqui trabalhado, passa-se a discutir alguns modelos eficazes do Ciclo 
Completo de Polícia, exemplificando o funcionamento desse instrumento em alguns 
países. 
No mundo todo há modelos policiais variados: uma única agência policial 
(Dinamarca), várias agências policiais (Brasil, França, Espanha, Itália, Portugal, 
Alemanha etc.), agências policiais municipais (Estados Unidos), mas em nenhum 
deles, à exceção do Brasil, há polícias dicotomizadas (SILVA JÚNIOR, p. 3, 2015). 
 
3.1 Polícia Francesa 
Na França, “prevalece o sistema policial centralizado no poder federal” (Sapori, 
2016, p. 53), com dois órgãos de polícias nacionais, ambos de ciclo completo, que 
são a Polícia Nacional e a Guarda Nacional (Gendarmerie). 
Somando, Ribeiro acrescenta que: 
“na França, subsistem duas corporações policiais herdeiras do sistema 
napoleônico: a Gerdarmerie Nationale (Gendarmaria Nacional), militar; e a 
Polícia Nacional, civil, definida como uma força instituída para garantir a 
República, a preservação da ordem e o cumprimento das leis. Ambas 
executam o ciclo completo de polícia no âmbito das respectivas jurisdições.” 
(2016, p. 35). 
 
 
27 SILVA, Elias Miler da. STF reconhece a lavratura do TCO também pela Polícia Militar. Defenda PM. 
2017. Disponível em: <http://defendapm.org.br/2017/10/16/stf-reconhece-a-lavratura-do-tco-tambem-
pela-policia-militar-2/> Acesso em: 17 mai. 2018. 
32 
 
O autor cita ainda que a polícia francesa, serviu de modelo de polícia para 
diversos países, sendo propagado por todo o mundo no final do século XVIII28, 
servindo de inspiração para as polícias modernas das quais podemos citar Arma dei 
Carabinieri d’Ilália da Itália, Guardia Civil da Espanha, a Guarda Nacional Republicana 
de Portugal de Portugal, os Carabineros de Chile do Chile e a Gendarmeria Nacional 
Argentina da Argentina (RIBEIRO, 2016, p. 35). 
 
3.1.1 Guarda Nacional (Gendarmaria Nacional) 
A Guarda Nacional ou Gendarmerie Nationale, é a Polícia Militar francesa, 
sendo considerada como a quarta Força Armada e a segunda em efetivo29 que 
juntamente com a Polícia Nacional, de caráter civil, são responsáveis pela segurança 
pública em todo o território francês30. É subordinada ao Ministério da Defesa e 
desempenha de forma geral as funções policiais em grande parte do território francês, 
em áreas de baixa densidade populacional (cidades com população inferior a 20.000 
habitantes)31, mas em grande extensão territorial, incluindo áreas rurais e zonas 
costeiras e fluviais, diferente da Polícia Nacional que atua nos grandes centros 
urbanos franceses. Os gendarmes (nome que é dado aos seus componentes – 
guardas nacionais) possui características polivalente, pois no decorrer de um mesmo 
dia, eles podem realizar um trabalho de policiamento ostensivo quando de polícia 
judiciária, cumprindo, do mesmo modo que a Polícia Nacional, o Ciclo Completo de 
Polícia em sua área de competência legal. Isso significa que exercem ações de polícia 
ostensiva, judiciária, na assistência aos cidadãos e na aplicação da lei, mas também 
auxilia o Ministério dos Transportes para a segurança do sistema rodoviário e aéreo, 
o Departamento de agricultura para a policiamento rural, etc32. 
 
28 Embora o site oficial da Police Nationale faça uma menção à criação no século XIII, ao Preboste de 
Paris, por São Luis, A começar por MONET, os autores reportam-se a Luís XIV e a Tenencie de Police, 
no século XVII. 
29 FERREIRA, Roberto Cesar Medeiros; REIS, Thiago de Souza dos. O Sistema Francês de Polícia e 
a sua relação com a Segurança Pública no Brasil. Anais do XV Encontro Regional de História da 
ANPUH-RIO. Rio de Janeiro. 2012. Disponível em: 
<http://www.encontro2012.rj.anpuh.org/resources/anais/15/1338408842_ARQUIVO_OSistemaFrance
sdePoliciaeasuarelacaocomaSegurancaPublicanoBrasil.pdf> Acesso em: 25 mai. 2018. 
30 Polícia Francesa x Polícia Brasileira. Disponível em: <https://blitzdigital.com.br/artigos/1027-a-policia-
francesa/> Acesso em: 25 mai. 2018. 
31 RAGIL, Rodrigo Rocha Feres. A Gendarmerie Nationale francesa: aspectos estruturais e 
operacionais. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 18, n. 3734, 21 set. 2013. 
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/25343>. Acesso em: 24 maio 2018. 
32 Idem Ibidem 
33 
 
3.1.2 Polícia Nacional 
É uma polícia de caráter civil, sob a autoridade do Ministro do Interior. A 
estrutura organizacional está dividida em diversos seguimentos especializados, como: 
segurança pública, polícia judiciária, polícia dos estrangeiros, investigativa, 
inteligência policial, polícia técnico-científica33, etc. Atua, principalmente, nas zonas 
urbanas e pré-urbanas, cobrindo a maioria da população, mas somente 5% do 
território. A grande maioria do efetivo desempenha as funções uniformizados, a outra 
parte à paisana que faz o papel investigativo. Dentre sua competência, a Polícia 
Nacional executa o Ciclo Completo de Polícia, da atividade de polícia ostensiva a 
entrega do processo ao poder judiciário (BATISTA, 2012, p. 14-15). 
 
3.2 Polícia Italiana 
A Itália possui quatro forças armadas que são a Polícia do Estado (em italiano 
Polizia di Stato ou PdS), Guarda de Finanças (em italiano Guardia di Finanza), Corpo 
de Carabineiros (em italiano: Corpo dei carabinieri) e Corpo da Polícia Penitenciária 
(em italiano: Corpo dei Polizia Penitenziaria). Veremos as características de cada uma 
abaixo. 
 
3.2.1 Polícia do Estado 
A Polícia do Estado (Polizia di Statoou PdS) é uma força nacional de polícia 
italiana, de estatuto civil e disciplina militarizada, subordinada ao Departamento de 
Segurança Pública (Dipartimento della Pubblica Sicurezza). É responsável pela 
prestação do serviço geral de polícia na Itália, nos ramos de polícia judiciária e 
policiamento ostensivo uniformizado e polícia técnico-científica, atuando como Polícia 
de Ciclo Completo. A Polícia do Estado desempenha policiamento/patrulhamento 
rodoviário, ferroviário, aeroportuário, alfandegário (junto com a Guardia di Finanza), 
fluvial, bem como, de apoio às guardas municipais. Não se confunde com os 
 
33 Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_Nacional_(França)> Acesso em: 25 mai. 2018. 
34 
 
Carabinieri, a gendarmaria italiana, e a Guardia di Finanza, ambas organizações 
militares34. 
 
3.2.2 Guarda de finanças 
A Guarda de Finanças é uma polícia de caráter militar ou Gendarmaria, 
subordinada diretamente ao ministro de Economia e das Finanças. É limitada ao 
policiamento de âmbito aduaneiro e fiscal como polícia econômica e financeira e 
polícia de alfândegas e de fronteiras, em comparação com os ‘’Carabinieri’’ que têm 
funções de polícia geral. As atribuições e competências são a defesa nacional de 
fronteiras, polícia ostensiva, segurança pública, polícia judiciária, atuando, desta 
forma, como Polícia de Ciclo Completo. Dentro da instituição, existem grupos 
especiais, Gruppo di Investigazione Criminalità Organizzata (GICO): Grupo de 
Investigação de Crime Organizado. Gruppo Operativo Antidroga (GOA): Grupo de 
antinarcóticos. Gruppo Anticrimine Tecnologico (GAT): Grupo cibercrime. Commando 
Operativo Aeronavale (ROAN): Comando de Operação Ar-naval. Antiterrorismo 
Pronto Impiego (ATPI): Antiterrorismo. Serviço de Cães antidroga. Comando-Geral da 
Guarda de Finanças está localizado em Roma. A Força tem uma organização 
nacional, regional e provincial35. 
 
3.2.3 Corpo de Carabineiros 
Corpo de Carabineiros, em italiano L’arma dei Carabinieri subordinado ao 
Ministério da Defesa, é uma polícia de caráter militar ou Gendarmaria como as Polícias 
Militares brasileiras, cujas atribuições e competências são a defesa nacional, polícia 
militar, segurança pública e polícia judiciária, ou seja, desempenham o Ciclo Completo 
de Polícia36. 
 
 
34 Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_do_Estado_(Itália)> Acesso em: 25 mai. 2018. 
35 Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda_de_Finanças> 
Acesso em: 25 mai. 2018. 
36 Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Arma_dos_Carabineiros> Acesso em: 25 mai. 2018. 
35 
 
3.3 Polícia Espanhola 
O modelo de polícia espanhola é um dos mais complexos dentro da União 
Europeia, que abrange três níveis de ação: níveis nacionais, regionais e locais, onde 
muitas das competências dos diferentes órgãos são compartilhados. 
Antes de tecer breves comentários sobre cada polícia espanhola, cito os 
ensinamentos de Batista (2012), que explica os níveis de distribuição de cada órgão 
policial dentro da Espanha. 
Batista (2012, p. 17), explica que com o fim da era do Gen. Franco em 1977, o 
sistema policial espanhol sofreu várias modificações e hoje as forças policiais se 
dividem em três níveis: 
1. Nacional – Polícias da Nação: Corpo Nacional de Polícia (Cuerpo Nacional 
de Policía-CNP). Instituto armado de natureza civil, que resultou da fusão do 
Corpo Superior de Polícia e da Polícia Nacional e subordina-se ao Ministério 
do Interior; Guarda Civil, instituto armado de natureza militar, sujeito à dupla 
subordinação, ao Ministério da Defesa e ao Ministério do Interior. 
2. Regional – Polícias das Comunidades Autônomas. Também chamadas de 
Generalidad. São 3 Comunidades Autônomas que possuem corpos de polícia, 
que são: dos Países Bascos, a Polícia Ertzaina; de Navarra, a Polícia Foral e 
da Catalunha a Polícia Los Mossos d’Esquadras. As demais Comunidades 
Autônomas possuem unidades da CNP ou GC. 
3. Local – São as Polícias Locais também chamadas de Guardas Urbanas. 
Estão a nível municipal (Ayuntamientos). Atuam no controle de trânsito e na 
aplicação das leis locais.” (CUNHA, 2000) 
 
3.3.1 Corpo Nacional de Polícia 
O Corpo Nacional de Polícia (em castelhano Cuerpo Nacional de Policía - CNP) 
é uma instituição de natureza civil de caráter nacional, uniformizada, subordinada ao 
Ministério do Interior da Espanha com uma estrutura hierárquica cuja missão é 
proteger o livre exercício dos direitos e liberdades e garantir a segurança do cidadão, 
com âmbito de atuação em todo o território espanhol. Seu trabalho é realizado nas 
capitais provinciais, e nas cidades e centros urbanos determinada pelo Governo.37 
Nessas localidades citadas, o CNP realiza as seguintes funções gerais das 
Forças e Órgãos de Segurança do Estado Espanhol: Garantir o cumprimento das leis 
e disposições gerais, executando as ordens recebidas das autoridades, no âmbito de 
 
37 Modelo Policial da Espanha. Disponível em: <http://www.ciclocompleto.com.br/pagina/1335/modelo-
policial-da-espanha> Acesso em: 25 mai. 2018. 
36 
 
suas respectivas competências. Ajudar e proteger pessoas e garantir a conservação 
e custódia de ativos que estão em perigo por qualquer motivo. Monitorar e proteger 
os edifícios e instalações públicos. Garantir a proteção e segurança de altas 
personalidades. Manter e restaurar, quando apropriado, ordem e segurança do 
cidadão. Impedir a prática de atos criminosos. Investigar os crimes para descobrir e 
deter os supostos autores, assegurar os instrumentos, efeitos e provas do crime, 
colocando-os à disposição do Juiz ou Tribunal competente e preparar os relatórios 
técnicos e de peritos pertinentes. Capturar, receber e analisar dados que são de 
interesse para a ordem e segurança pública. Estudar, planejar e executar os métodos 
e técnicas de prevenção ao crime colaborando com os serviços de Proteção Civil, em 
casos de risco grave, catástrofe ou calamidade pública, nos termos estabelecidos na 
legislação de Proteção Civil, além de outras atribuições administrativas e de 
controle.38 
Além disso, dentro do Corpo Nacional de Polícia existem diversos grupos 
especializados de policiamento e combate ao crime, desde ao policiamento ostensivo 
e investigativo, perfazendo o Ciclo Completo de Polícia. 
 
3.3.2 Guarda Civil 
A Guarda Civil é um polícia de natureza militar, sob dupla dependência do 
Ministério do Interior em termos de serviços, remuneração, destinos e meios, e do 
Ministério da Defesa em termos de promoções e missões militares. 
A Guarda Civil é um órgão de segurança do Estado que, de acordo com a 
Constituição espanhola, foi atribuído como uma missão genérica de "proteção do livre 
exercício dos direitos e liberdades e garantia da segurança pública". 
A Guarda Civil espanhola assegura o cumprimento das leis, ajuda e protege as 
pessoas e garante a conservação e custódia de bens que estejam em perigo por 
qualquer motivo, monitora e protege os edifícios e instalações públicas, assegura a 
proteção e a segurança dos bens, personalidades elevadas. Mantém a ordem e a 
segurança dos cidadãos, impede a prática de atos criminosos, investiga crimes para 
 
38O subtítulo 3.3.1 Corpo Nacional de Polícia é uma síntese obtida no site oficial da "Policía Nacional" 
do "Ministerio del Interior" do "Governo de España. Disponível em: 
<https://www.policia.es/cnp/origen/origen.html>

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