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LINGUÍSTICA - CONTEUDO ON LINE

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LINGUÍSTICA 
O objetivo da disciplina é proporcionar ao aluno o conhecimento acerca de importantes modelos teóricos da ciência 
linguística, a saber: estruturalismo, gerativismo, sociolinguística e funcionalismo. 
As primeiras aulas destinam-se à apresentação da Linguística, ciência que investiga os fenômenos relacionados à 
linguagem. Após apresentar aos alunos um breve histórico dos estudos linguísticos que antecederam Saussure, 
discutiremos o conceito de linguística como a ciência da linguagem, demonstrando o caráter descritivo desta em 
contrapondo ao caráter prescritivo da gramática normativa. 
Ao apresentar aos alunos os conceitos de Ferdinand de Saussure, pretendemos que eles compreendam a 
importância desse autor no surgimento das teorias linguísticas surgidas ao longo do século XX, assim como 
compreendam a importância da análise estrutural nos estudos das línguas. 
A Teoria Gerativa tem como nome principal o linguista Noam Chomsky. Assim, como o estruturalismo, esta teoria 
concebe a língua como uma estrutura. No entanto, seu foco consiste nos aspectos biológicos que envolvem a 
linguagem. Ao propor a existência de uma base biológica para a aquisição de uma língua, Chomsky apresenta um 
modelo teórico que vai contra a ideia de que as línguas devem ser interpretadas como um comportamento 
socialmente condicionado. 
Em seguida, o aluno verá outras duas correntes teóricas. Com a sociolinguística, o aluno aprenderá que variação e 
mudança são fenômenos inerentes às línguas do mundo. Também se conscientizará de que um professor, nos dias 
de hoje, não pode se mostrar preconceituoso em relação a determinadas variedades de uso da língua. Ao contrário, 
deve conhecê-las para, desse modo, ampliar sua visão de mundo em relação aos fenômenos linguísticos. Após 
entender a relação entre língua e sociedade e suas implicações, o aluno será apresentado aos pressupostos 
fundamentais da teoria funcionalista. A teoria funcionalista é importante para o reconhecimento que certos usos, 
comuns entre os falantes da língua e condenados pela visão normativa, apresentam padrões de regularidade e 
exercem funções comunicativas específicas. Por fim, uma vez apresentada a visão funcionalista, cabe, brevemente, 
contrapô-la à visão formal, representada pelo estruturalismo e pelo gerativismo. 
AULA 01 – LINGUÍSTICA: O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM 
O que é linguística? É a ciência que investiga os fenômenos relacionados á linguagem verbal humana e que busca 
determinar os princípios e as características que regula as estruturas das línguas. 
O que é linguagem? É todo o sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Quando 
pensamos na linguagem humana temos dois tipos de linguagem: linguagem verbal é uma forma de linguagem em 
que os sinais utilizados para atos de comunicação são as palavras. Linguagem não verbal é uma forma de linguagem 
que utiliza para atos de comunicação outros sinais que não as palavras. 
Três tipos de profissionais e como trabalham com a linguagem: 
O Filólogo- hoje, designa, estritamente, o estudo da língua na literatura distinto portanto da linguística. 
O linguista - estuda a linguagem humana, sem prescrever normas ou definir padrões em termos de julgamento de 
correto-incorreto, pode documentar uma língua tal como ela se manifesta no momento da descrição 
(sociolinguística) estudar o processamento da linguagem (psicolinguística e neurolinguística)e observar a relação 
entre línguas e cultura (etnolinguística) etc. 
O gramático – elabora o conjunto de regras do que se considera o uso correto da língua, essas regras são codificadas 
em um livro chamado gramática normativa e esse olhar prescrito começou com os gregos e sua gramática 
tradicional 
O que é a gramática tradicional? É a teoria linguística ocidental , iniciada pelos gregos em Alexandria, no século III 
a.c. com o objetivo de preservar a pureza da língua grega. Um dos nomes mais famosos é Dionísio da Trácia. A 
gramática tradicional e sua derivada a gramática normativa, são doutrinas e não ciência: estabelecem o que é certo 
e o que é errado a partir de um ponto de vista. Gramática tradicional e normativa não são a mesma coisa , a 
gramática normativa é a gramática de uma língua codificada sob a forma de um livro que estabelece as regras e 
normas do que é considerado a forma correta em relação a escrita e a fala. Também é chamada de gramática 
prescritiva já que ela prescreve esse conjunto de normas 
A linguística surgiu com a publicação do curso de linguística geral do suíço Ferdinand de Saussure. O que havia antes 
do livro de Saussure? No período conhecido como pré linguística houve os seguintes estudos: 
1- Estudo do certo e do errado: nesse tipo de estudo, não há uma visão científica da linguagem já que a 
preocupação maior é estabelecer a diferença do que é considerado certo e o que é considerado errado. O 
modo de falar das classes superiores é considerado correto e há preocupação em se passar esse modo de 
uma geração para outra. 
2- Estudo de língua estrangeira: através do contato entre comunidades com línguas diferentes , tem –se um 
estudo com a comparação entre diferentes sistemas linguísticos. 
3- Estudo filológico da linguagem: busca compreender textos antigos, comparando-se textos do presente com 
textos do passado, através da literatura. Este estudo ainda não é considerado ciência, pois não há busca por 
explicações. 
Após a pré linguística, temos o período conhecido como paralinguística e que é representado por estudos que não 
entraram no domínio da linguagem. Nesse período aconteceram: 
4- O estudo lógico da linguagem: estudo que mesclou Filosofia e Linguística e que buscou descobrir a relação 
entre pensamento e linguagem. 
5- O estudo biológico da linguagem: incara-se a linguagem como inerente ao ser humano e dependente de 
aspectos biológicos da corpo humano e dependente de aspectos biológicos do corpo humano. Estudavam-
se as características que permitem o homem a falar. 
Descoberta do sânscrito – embora já se conhecessem alguns aspectos da gramática do sânscrito, a conquista da 
Índia , pelos ingleses, no século XVIII, possibilitou o acesso a texto que facilitaram os estudos comparativos. 
A partir da descoberta do sânscrito, surge o interesse em identificar as famílias de línguas, tenta-se mostrar que a 
mudança linguística é um processo: regular- princípio de regularidade das mudanças, universal- todas as línguas 
evoluem, constante- qualquer língua está em evolução continua. 
1. Leia as afirmativas a seguir, a respeito do papel do linguista, do filólogo e do gramático. 
I. De acordo com os pressupostos da linguística moderna, o linguista aceita todos os enunciados produzidos pelos falantes, desde 
que sigam às regras para o bom uso da língua, estabelecidas pela Gramática Normativa. 
 
II. Os filólogos estudam os grandes clássicos da literatura com o objetivo de estabelecer normas para o bom uso da língua. 
III. Com a imposição de normas dos gramáticos, cria-se uma forma de utilizar a língua que goza de prestígio e passa a ser 
ensinada nas escolas. 
A partir de sua leitura: 
 1) Estão corretas as afirmativas I e II. 
 2) Está correta somente a afirmativa III. 
 3) Está correta somente a afirmativa I. 
 4) Estão corretas as afirmativas I e III. 
 5) Está correta somente a afirmativa II. 
2. Em relação à Gramática Normativa, é INCORRETO afirmar: 
 1) A Gramática Normativa apresenta uma visão prescritivista da língua. 
 2) Por basear-se na língua escrita, a Gramática Normativa apresenta a visão correta do fenômeno linguístico. 
 3) Muitos acreditam que é função da Gramátiva Normativa estabelecer como deve ser a língua. 
 4) A Gramática Normativa não admite que haja formasadequadas ao ambiente. 
 5) A Gramática Normativa segue o modelo proposto pela Gramática Tradicional. 
 
3. Em relação à Linguística, é correto afirmar: 
 1) A língua escrita deve ser modelo para a língua falada. 
 2) Embora a fala tenha precedido a escrita, essa última corresponde ao uso correto da língua. 
 3) Para a Linguística, todas as línguas apresentam um sistema estruturado e complexo. 
 4) A pesquisa linguística levou a reunir o conhecimento cientifíco da língua à determinação de sua norma. 
 5) A Linguística acredita que fala e escrita devem acontecer da mesma forma, ou seja, deve-se falar como se 
escreve e vice-versa. 
 
4. Sabendo-se que a Linguística é uma ciência, é correto firmar que: 
 1) A Linguística é empírica porque trabalha com exemplos colhidos das gramáticas normativas. 
 2) A objetividade da Linguística decorre do fato de o linguista examinar a língua a partir de julgamentos de 
valor. 
 3) A Linguística considera que todas as estruturas da língua podem ser explicadas desde que sejam observadas 
de forma adequada. 
 4) Surgida a partir da Gramática Tradicional, a Linguística elabora uma gramática com o objetivo de demonstrar 
os fatos da língua. 
 5) Um trabalho linguístico deve estabelecer as regras que mostrem o que é certo ou errado em uma língua. 
5. Leia as afirmativas a seguir: 
I. O estudo lógico da linguagem misturou filosofia e Linguística e buscou descobrir a relação entre pensamento e linguagem. 
II. O estudo biológico da linguagem acredita que a linguagem é inerente ao ser humano e dependente de aspectos biológicos do 
corpo humano. 
III. O estudo comparativista pesquisa o parentesco entre as línguas de modo a observar como as línguas mudam com o passar do 
tempo, ao mesmo tempo em que essa observação foi feita através da análise de dados. 
A partir de sua leitura: 
 1) Estão corretas as afirmativas I e II. 
 2) Está correta somente a afirmativa III. 
 3) Estão corretas as afirmativas II e III. 
 4) Está correta somente a afirmativa III. 
 5) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
AULA 02 – AS NOÇÕES DE LÍNGUA E FALA 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
1. Identificar a contribuição de Ferdinand de Saussure no estabelecimento da Linguística no século XX; 
2. definir língua e fala de acordo com a ótica saussuriana; 
3. compreender a relação de interdependência entre língua e fala. 
O Capítulo III do livro Curso de Linguística Geral (CLG) tem por objetivo fixar o verdadeiro objeto da Linguística. 
Como Saussure faz isso? 
“A Linguagem tem uma lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro” CLGp.16 
Para Saussure, a distinção entre linguagem, língua e fala é essencial para que se defina o verdadeiro objeto de 
estudo da linguística: a língua. Por que? “Enquanto a linguagem é heterogenia, a língua, assim delimitada é de 
natureza homogenia, constitui-se num sistema de signos” CLG p23 
A noção de língua como sistema é considerado, por muitos estudiosos, o mais importante conceito Saussuriano. 
A língua é o objeto de estudo da linguística, pois a linguística como ciência só pode estudar quilo que é recorrente. 
Constante e sistemático. 
Por que “faculdade da linguagem”? Você saberia responder? 
Saussure afirma que no conjunto ao qual corresponde a linguagem podemos localizar a língua. No CLG (p.19), ele 
postula que duas pessoas estão conversando e que no cérebro de cada uma delas há um conjunto de signos 
linguísticos armazenados. Assim, temos um processo psíquico, seguido de um processo fisiológico: “[...] o cérebro 
transmite aos órgãos da fonação um impulso correlativo da imagem; depois, as ondas sonoras se propagam da boca 
de A até o ouvido de B: processo puramente físico. Em seguida o processo se prolonga em B numa ordem inversa: do 
ouvido ao cérebro, transmissão fisiológica da imagem acústica [...]”. 
Por apresentar esse aspecto social mencionado, a língua só existe na massa. Esse aspecto social, ao lado da 
homogeneidade, é o responsável pela manutenção do sistema da língua. 
Você saberia dizer qual a relação entre... LÍNGUA e a MASSA FALANTE? 
“Trata-se de um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade, 
um sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro ou, mais exatamente, nos cérebros dum conjunto 
de indivíduos, pois a língua não está completa em nenhum, e só na massa ela existe de modo completo.” (CLG, p. 21) 
Saussure compara a língua a um DICIONÁRIO, cujos exemplares tivessem sido distribuídos entre todos os membros 
de uma sociedade. Esse dicionário, que é a língua, existe no cérebro dos indivíduos como a soma de sinais todos 
idênticos. Ele é imposto como um código ao qual se deve obrigatoriamente seguir. Isso significa que a língua é uma 
instituição social: compartilhamos um sistema linguístico, mas não podemos utilizá-lo da forma como quisermos. 
Discutiremos melhor essa questão em nossa próxima aula, quando trataremos do signo linguístico. 
A língua é uma instituição social: compartilhamos um sistema linguístico, mas não podemos utilizá-lo da forma como 
quisermos. Leia o trecho do livro Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias, de Ruth Rocha (p.14-15). 
“Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua: 
- Mamãe, quer me passar o mexedor ? 
- Mexedor? O que é isso? 
- Mexedorzinho, de mexer café. 
- Ah, colherinha , você quer dizer. 
- Papai , me dá o suco de vaca ? 
- Que é isso, menino? 
- Suco de vaca, ora! Que está no suco de vaqueira. 
- Isso é leite, Marcelo; quem é que entende esse menino ? 
O pai de Marcelo resolveu conversar com ele: 
- Marcelo , todas as coisas têm um nome. E todo o mundo tem que chamar pelo mesmo nome, porque senão 
ninguém se entende... 
- Não acho, papai. Por que é que eu não posso inventar o nome das coisas? 
-(Marcelo) BIRIQUITOTE XEFRA ! 
- Deixe de dizer bobagens, menino! Que coisa feia. 
- Está vendo como você entendeu , papai ? Como é que você sabe que eu disse um nome feio? 
E o pai de Marcelo suspirou: 
- Vá brincar, filho, tenho muito o que fazer.” 
(ROCHA, Ruth. Marcelo, martelo, marmelo e outras histórias. 2ª ed. São Paulo: Salamandra, 1999). 
E como fica a fala? “A fala é, ao contrário, um ato individual de vontade e de inteligência [...]” (CLG, 22). Por ser 
“individual”, Saussure considera que ela é heterogênea. Possui caráter privado: pertence ao indivíduo que a utiliza. 
Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma 
língua. A heterogeneidade característica da fala não se presta a um estudo sistemático. A heterogeneidade 
característica da fala não significa que as pessoas falem de forma tão diferente a ponto de não conseguirem se 
comunicar e sim que temos liberdade de escolha entre as estruturas da língua. É como se a língua equivalesse a 
roupas guardadas em gavetas e pudéssemos abri-la e escolher a que quiséssemos usar. 
Os fatos da língua e os fatos da fala 
Saussure separa os fatos da língua dos fatos da fala: os fatos da língua dizem respeito à estrutura do sistema 
linguístico e os fatos da fala dizem respeito ao uso desse sistema. Apesar de língua e fala serem estudadas 
separadamente, elas são interdependentes: “A língua é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os 
seus efeitos; mas esta é necessária para que a língua se estabeleça [...]”. (CLG, p. 27) 
É a fala que faz evoluir a língua. Um sistema linguístico que não é mais falado e que não sofre modificações não 
evolui. Também não conseguimos nos comunicar sem um sistema linguístico: se porventura ele não existe, podemos 
criá-lo para atender a uma determinada necessidade, como é o caso da Libras.Língua e fala são interdependentes: a 
língua é instrumento da fala (sem a língua o indivíduo não pode se comunicar) e é produto da fala (é através das 
mudanças ocorridas na fala dos indivíduos que a língua se comunica). A fala é necessária para que a língua se 
estabeleça. 
Voltando à consideração de Saussure sobre a língua como sistema... 
“A língua é uma Forma e não uma Substância”. (CLG, p. 141) O sistema é superior ao indivíduo (supraindividual) e 
todo elemento linguístico deve ser estudado a partir de suas relações com outros elementos do sistema e de acordo 
com sua função. 
Por que a língua é a forma? “Forma” para Saussure significa “essência”(= sistema e estrutura). A forma é constituída 
pela teia de relações entre os elementos da língua, enquanto que a substância é constituída pelos elementos dessa 
teia. 
Observe um exemplo retirado da linguagem coloquial: 
a) “As menina é bonita”. Podemos produzir uma sentença como essa, pois ela apresenta alterações na substância, 
mas não na forma, já que é fundamental para o funcionamento do sistema linguístico. 
b) Bonita é menina as. Essa sentença não deveria ser produzida porque apresenta problemas na forma, que é a 
essência do funcionamento do sistema linguístico. 
No material do aluno, no capítulo “Língua/Fala”, de Castelar de Carvalho, há um interessante exemplo retirado de 
Saussure: a metáfora do jogo de xadrez. Leia-o e veja como ele é interessante! 
Em 1929, o linguista romeno Eugênio Coseriu acrescentou o conceito de norma e reformulou a relação estabelecida 
por Saussure entre língua e fala. Entretanto, antes de ver esse comentário conheça um pouco sobre a vida desse 
linguista. 
Eugênio Coseriu nasceu em 27 de julho de 1921 em Mihăileni, Rîşcani , uma pequena cidade romena que hoje é 
localizada na República da Moldávia . Ele frequentou a escola secundária em Bălţi , na qual Vadim Pirogan e Sergiu 
Grossu foram seus colegas. Após seus estudos na Universidade de Lasi, continuou a estudar em Roma . 
Eugenio Coseriu atuou na Universidade da República, no Uruguai , como professor Geral e Linguística Indo-europeia 
e depois na Universidade de Tübingen , Alemanha. 
Faleceu em - 07 de setembro de 2002, em Tübingen. 
Eugenio Coseriu e a crítica à dicotomia língua/fala Em 1929, o linguista romeno Eugênio Coseriu acrescenta o 
conceito de norma e reformula a relação estabelecida por Saussure entre língua e fala. Segundo ele, as variantes 
linguísticas fazem parte do sistema da língua e, por isso, ele substitui ‘língua’ por ‘sistema’. Entre o sistema, abstrato, 
e a fala, uso concreto, haveria a norma, um nível intermediário, um conjunto de realizações consagradas pelo uso. 
Coseriu¹ (apud Carvalho, 2001) disse: “[...] a norma é o como se diz e não o como se deve dizer. 
Castelar de Carvalho também afirma que “A norma seria assim um primeiro grau de abstração da fala.Considerando-
se a língua (o sistema) um conjunto de possibilidades abstratas, a norma seria então um conjunto de realizações 
concretas e de caráter coletivo da língua.” (CARVALHO, 2001, p. 49-64). 
No Rio de Janeiro, a norma estabelece que chamemos de “aipim” ao mesmo elemento chamado de “macaxeira” 
em outros estados. O sistema da língua portuguesa é o mesmo: uma pessoa no Rio “Eu gosto muito de aipim” e 
uma pessoa de outro estado poderia dizer “Eu gosto muito de macaxeira” mas ambas não utilizariam “Aipim 
gosto muito de eu” ou “Macaxeira gosto muito de eu”. 
1. O Curso de Linguística Geral apresenta ideias que mudam a maneira como se estuda os fenômenos linguísticos. NÃO é uma 
das ideias postuladas por Saussure: 
 1) Separar linguagem/língua/fala para situar o objeto de estudo da Linguística. 
 2) Considerar que língua e fala, embora devam ser estudadas separadamente, são interdependentes. 
 3) Definir a Linguística da língua como o objeto de estudo da Linguística. 
 4) Afirmar que a fala é o produto social da faculdade da linguagem. 
 5) Conceituar língua como um sistema de signos distintos. 2. 
2. Leia as afirmativas a seguir. 
I. A língua é uma instituição social, uma realidade sistemática e funcional. 
II. A língua como instituição social impõe-se ao indivíduo, mas o indivíduo tem a capacidade de criá-la e pode modificá-la. 
III. A língua é uma realidade psíquica formada por significados e imagens acústicas. 
 
A partir de sua leitura, pode-se afirmar que: 
 1) Somente I está correta. 
 2) I e III estão corretas. 
 3) Somente II está correta. 
 4) II e III estão corretas. 
 5) I, II e III estão corretas. 
3. Em relação à fala, conforme definida por Saussure, é INCORRETO afirmar que a fala é: 
 1) Individual e heterogênea. 
 2) Concreta e assistemática. 
 3) Momentânea e inovadora. 
 4) Conservadora e abstrata. 
 5) Psicofísica e variável 
4. Leia as afirmativas a seguir: 
I. A fala é necessária para que a língua se estabeleça. 
II. A língua é necessária para que a fala seja inteligível. 
III. A fala é necessária para que a língua evolua. 
 A partir de sua leitura, pode-se afirmar que: 
 1) I e II estão corretas. 
 2) I, II e III estão corretas. 
 3) Somente II está correta. 
 4) II e III estão corretas. 
 5) Somente I está correta. 
5. Em relação às ideias de Saussure, é correto afirmar: 
 1) A linguagem é uma parte da língua. 
 2) A fala é um objeto de natureza concreta. 
 3) A língua é um sistema de signos. 
 4) A fala é a parte essencial da linguagem. 
 5) A língua é um sistema concreto e variável. 
 
AULA 03 – A TEORIA DO SIGNO LINGUISTICO 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Identificar as partes que compõem o signo linguístico; 
2. reconhecer as características do signo linguístico: linearidade e arbitrariedade; 
3. discutir a mutabilidade e a imutabilidade do signo linguístico; 
4. distinguir arbitrário absoluto e arbitrário relativo. 
Muito bem! Continuando nossos estudos das ideias de Saussure, temos a teoria do signo linguístico. Na aula passada, 
vimos que Saussure afirma que a língua é “[...] um sistema de signos que exprimem ideias [...]”. Clique nas 
imagens e Saiba Mais. 
Esses signos a que ele se refere são os signos linguísticos. Como Saussure define esses ‘signos linguísticos’? 
O signo linguístico para Saussure é a combinação de um conceito – o significado – a uma marca psíquica do som – o 
significante. 
“O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica. Esta não é o som 
material, coisa puramente física, mas a impressão (empreinte) psíquica desse som [...] tal imagem é sensorial 
[...]”. (CLG, p.80) 
Saussure considerava que o signo linguístico é uma entidade psíquica de duas faces, representada no CLG (p. 80) 
conforme a proposta a seguir: 
Conceito – imagem acústica 
(desenho de uma flor) – flor 
CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUÍSTICO 
ARBITRARIEDADE. Saussure estabelece que uma das características do signo linguístico é o fato de ele ser arbitrário. 
Essa característica nos explica por que Saussure escolheu ‘signo’ e não ‘símbolo’. 
“O símbolo tem como característica não ser jamais completamente arbitrário; ele não está vazio, existe um 
rudimento de vínculo natural entre o significante e o significado. O símbolo da justiça, a balança, não poderia ser 
substituído por um objeto qualquer, um carro, por exemplo.” (CLG, p. 82) 
O que Saussure quis dizer quando falou que o signo linguístico é arbitrário? 
“A palavra arbitrário requer também uma observação. Não deve dar a ideia de que o significado dependa da livre 
escolha do que fala [...] queremos dizer que o significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao significado, 
com o qual não tem nenhum laço natural na realidade.” (CLG, p.83) 
Veja este desenho (flor) 
Chamamos essa planta de ‘Flor’, mas poderíamos chamar de ‘árvore’, ‘mar’, ‘chinelo’ ou utilizar outro nome 
qualquer. Isso porque não há nada na flor que nos obrigue a chamá-la dessa forma. 
A diferença que existe entre as línguas justifica o caráter arbitrário do signo. Em cada língua, há um significante 
diferente para representar um mesmo conceito comum a todas: cadeira, chair etc. 
Atenção - Não podemos esquecer que o signo linguístico é uma convenção social. Por isso, ainda que o signo 
linguístico seja arbitrário e não haja relação entre significante e significado, não podemos utilizá-los da forma que 
desejarmos. 
PRINCÍPIO DA ARBIETRARIEDADE 
O princípio da arbitrariedade parte da ideia de que não há uma razão natural para se unir determinado conceito a 
determinada sequência fônica, por isso, qualquer sequência fônica poderia se associar a qualquer conceito e vice-
versa, desde que fosse consagrado pela comunidade linguística. 
Para que possamos observar a arbitrariedade do signo em nosso dia a dia, vamos ler um trecho do livro Marcelo, 
marmelo e martelo e outras histórias, de Ruth Rocha. 
Uma vez Marcelo cismou com o nome das coisas: 
- Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo? 
- Ora, Marcelo, foi o nome que eu e seu pai escolhemos. 
- E por que é que não escolheram martelo? 
- Ah meu filho, martelo não é nome de gente, é nome da ferramenta... 
- E por que é que não escolheram marmelo? 
- Porque marmelo é nome de fruta, menino! 
- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo? 
[...] 
Mas Marcelo continuava não entendendo a história dos nomes. E resolveu continuar a falar a sua moda. 
[...] 
Quando vinham visitas, era um caso sério. Marcelo só cumprimentava dizendo: 
- Bom solário, bom lunário... – que era como ele chamava o dia e a noite. E os pais de Marcelo morriam de 
vergonha das visitas. Até que um dia... 
O cachorro de Marcelo, o Godofredo, tinha uma linda casinha de madeira, que seu João tinha feito para ele. E 
Marcelo só chamava a casinha de moradeira, e o cachorro de Latildo. 
E aconteceu que a casa do Godofredo pegou fogo. 
Alguém jogou uma ponta de cigarro pela grade, e foi aquele desastre! 
Marcelo entrou em casa, correndo: 
- Papai , papai, embrasou a moradeira do Latildo! 
- O que, menino? Não estou entendendo nada! 
- A moradeira, papai, embrasou... 
- Eu não sei o que é isso, Marcelo. Fala direito! 
- Embrasou tudo, papai, está uma branqueira danada! 
Seu João percebia a aflição do filho, mas não entendia nada... 
Quando seu João chegou a entender do que Marcelo estava falando, já era tarde. 
A casinha estava toda queimada. Era um montão de brasas. 
O Godofredo gania baixinho... 
E o Marcelo, desapontadíssimo, disse para o pai: 
- Gente grande não entende nada de nada, mesmo! (p. 8-23) 
 
O ARBITRÁRIO ABSOLUTO E O ARBITRÁRIO RELATIVO 
Mesmo considerando que o signo linguístico é arbitrário, Saussure considerou a existência do arbitrário absoluto e 
do arbitrário relativo: “[...] o signo pode ser relativamente motivado,” (CLG, p. 152). 
A palavra ‘flor’ seria um exemplo do que ele chamava de ‘arbitrário absoluto’: seria o signo arbitrário, imotivado. No 
entanto, palavras como ‘florista’ e ‘floreira’ seriam parcialmente motivadas, já que nelas podemos perceber a 
palavra ‘flor’. Assim, elas seriam exemplos daquilo que Saussure chamou de ‘arbitrário relativo’. 
Saussure afirma que o signo linguístico é arbitrário, mas será que todos concordam? 
Não. Aqueles que discordam do fato de o signo ser arbitrário apoiam-se na existência de duas estruturas na língua, 
imitativas de sons: as onomatopeias e as exclamações. 
a. Onomatopeias. As onomatopeias são a reprodução de um som com um fonema ou uma palavra, ou seja, são 
elementos da língua formados a partir de sons evocados. Será que elas não mostrariam um vínculo entre significante 
e significado? Não seriam elas exemplos de palavras motivadas? 
Para Saussure, é preciso observar que as onomatopeias variam de língua para língua. Isso acontece porque elas não 
são imitações fiéis de ruídos e sons naturais: quando aparecem em uma língua, sofrem evolução fônica. 
(latido de cachorro) – Frances – OUA OUA / alemão – WUAU WUAU / português – AU AU / espanhol – GUAU 
GUAU 
Ainda que Saussure reconheça que há onomatopeias autênticas, como tique-taque, ele as considera “[...] pouco 
numerosas, mas sua escolha é já, em certa medida, arbitrária, pois que não passam de imitação aproximativa e já 
meio convencional de certos ruídos [...]” (CLG, p. 83). 
b.Exclamações. Chamadas de interjeições, também foram rejeitadas por Saussure. Segundo ele, embora se tente 
enxergar nelas expressões espontâneas, temos diferenças de uma língua para outras. 
Português – AI! / Alemão – AU! / Francês – AIE! 
CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUÍSTICO: LINEARIDADE. 
Outra característica dos signos linguísticos é a linearidade dos significantes. Segundo Saussure, o significante possui 
uma natureza auditiva e representa uma extensão que somente pode ser medida em uma linha. Devemos reforçar 
que a linearidade é dos significantes já que o significado é a representação mental ou conceito, a parte abstrata da 
palavra. Não podemos emitir dois fonemas simultaneamente: a linearidade é uma característica das línguas naturais, 
pois os signos apresentam-se uns após os outros numa sucessão temporal ou espacial. Não podemos superpor os 
sons: só se pode produzir um som após o outro; uma palavra depois da outra; uma frase depois da outra. 
A Baposa e o Rode - Millôr Fernandes 
Por um asino do destar, uma rapiu caosa, certo dia, num pundo profoço, do quir não consegual saiu. 
Um rode, passi por alando, algois tum depempo e vosa a rapendo foi mordade pela curiosidido. 
"Comosa rapadre" -- perguntou -- "que ê que vocé esti faza aendo?". "Voção entê são nabe?" 
respondosa a mapreira rateu. "Vem aí a mais terrêca sível de tôda a histeste do nordória. Salti aquei 
no foço dêste pundo e guardarar a ei que brotágua sim pra mó. Mas, se vocér quisê, como e mau 
compedre, per me fazia companhode". Sem pensezes duas var, o bem saltode tambou no pundo do 
foço. A rapaente imediatamosa trepostas nas coulhes, apoifre num dos xides do bou-se e salfoço tora 
do fou, gritando: "Adrade, compeus". 
MORAL: Jamie confais em quá estade em dificuldém. 
FOPOS DE ESÁBULA (Uma tentativa B.N. (Bossa Nova) de escrever as fábulas de Esopo na 
linguagem do tempo em que os animais falavam). 
Se o signo linguístico pertence a toda a comunidade, como as línguas mudam? 
O indivíduo tem sua criatividade ‘freada’ pelo fato do signo linguístico ser imposto: ao usar a língua, o indivíduo quer 
comunicar suas ideias e, por isso, precisa utilizar o sistema da língua da mesma forma que os indivíduos que o 
cercam. 
O caráter essencial do signo reside justamente nessa imposição e nessa arbitrariedade: para que haja mudanças no 
sistema é preciso que toda a coletividade concorde. Desse modo, tem-se que é preciso a união dos fatores tempo / 
língua/ massa falante para que uma mudança seja efetuada no sistema. 
MUTABILIDADE 
Saussure afirmou que o tempo tanto assegura a continuidade da língua quanto atua na alteração dos signos 
linguísticos. Por mais que isso pareça contraditório, há uma verdade por trás dessa afirmação: “[...] a língua se 
transforma sem que os indivíduos possam transformá-la.” (p. 89) “O tempo, que assegura a continuidade da língua, 
tem um outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos 
linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” 
(CLG, p. 89) 
 
O que Saussure quis dizer com essas palavras? Avance e veja. 
Sendo alíngua um sistema, cujos signos são estabelecidos por convenção social, o vínculo associativo que une as 
duas faces do signo não é motivado, ou seja, não há um critério para se associar um significado a um significante na 
língua, por isso, o signo linguístico é arbitrário. Nesse sentido, arbitrariedade não significa liberdade para que o 
falante possa alterar o signo, pois este é convencional. E, exatamente por ser imutável, o signo é arbitrário; ele só se 
estabelece na língua quando consagrado por uma comunidade linguística. Assim, Saussure afirma que “Justamente 
porque é arbitrário, não conhece outra lei senão a da tradição, e é por basear-se na tradição que pode ser 
arbitrário”. 
1. O signo linguístico une: 
 1) Uma coisa e um nome. 
 2) A imagem acústica e um som. 
 3) Os sons a um conceito. 
 4) A imagem acústica a um conceito. 
 5) Uma coisa e um conceito. 
 2. Leia as afirmativas a seguir: 
I. O signo é formado pela união de um significante e um significado. 
II. O significante é a imagem psíquica que a imagem acústica evoca no falante. 
III. O significado é a representação mental que o significante evoca no falante. 
 1) As alternativas I e II estão corretas. 
 2) Todas as alternativas estão corretas. 
 3) As alternativas I e III estão corretas. 
 4) Somente I está correta. 
 5) Somente III está correta. 
3. Em relação ao signo linguístico, podemos afirmar que: 
 1) O signo linguístico é sempre imutável: não há como a massa falante agir sobre o sistema de signos que lhe é 
imposto. 
 2) As onomatopeias comprovam, segundo Saussure, que o signo linguístico não é arbitrário. 
 3) O signo linguístico pode ser arbitrário absoluto como em mesa e arbitrário relativo como em mesada. 
 4) As exclamações comprovam que há relação entre significante e significado. 
 5) O signo linguístico une uma coisa e uma palavra. 
 
 4. É correto afirmar em relação ao signo linguístico: 
 1) A linearidade é uma característica do signo linguístico e, devido a ela, é possível que os usuários deem a 
signos já existentes novos significados. 
 2) O signo linguístico é uma convenção social. Por isso, ainda que o signo linguístico seja arbitrário e não haja 
relação entre significante e significado, não podemos utilizá-los da forma que desejarmos. 
 3) As onomatopeias, como imitação aproximativa de sons, invalidam a tese da arbitrariedade do signo 
conforme proposta por Saussure. 
 4) O signo linguístico é a união de sentido e imagem acústica, entendendo-se como ‘sentido’ os significantes 
que são o meio de expressão que veicula o conceito. 
 5) As exclamações foram aceitas por Saussure como ameaça à tese de Saussure. 
5. Leia as afirmativas a seguir sobre as características do signo linguístico: 
I. O signo pode ser arbitrário absoluto e arbitrário relativo. 
II. Somente o significante, parte material do signo, é linear. 
III. Arbitrário, em relação ao signo linguístico, significa imotivado. 
 1) As alternativas I e II estão corretas. 
 2) Todas as alternativas estão corretas. 
 3) As alternativas I e III estão corretas. 
 4) Somente I está correta. 
 5) Somente III está correta. 
 
Aula 4: Os Dois Eixos da Linguagem: O Eixo Sintagmático e o Eixo Paradigmático 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Reconhecer que as unidades linguísticas se organizam em dois planos distintos: plano sintagmático e plano 
paradigmático; 
2. definir sintagma e paradigma sob a ótica saussuriana; 
3. distinguir sintagma e paradigma 
 
SINTAGMA E PARADIGMA 
Eixo sintagmático e paradigmático 
 
Eixo sintagmático. Quando pensamos na maneira como organizamos nossa fala, percebemos que temos 
possibilidades de combinações. É como se em nosso cérebro houvesse um enorme guarda-roupa todas as peças do 
nosso vestuário, há uma ordem para que nos arrumemos. As mulheres, por exemplo, não devem vestir a blusa 
primeiro e depois o sutiã, não é verdade? A língua funciona da mesma forma: há uma ordem para que organizemos 
nossa cadeia da fala. 
Devido a essa característica em termos de organização linear, Saussure afirma que o eixo sintagmático se baseia no 
caráter linear do signo linguístico, “que exclui a possibilidade de (se) pronunciar dois elementos ao mesmo tempo”. 
Segundo Saussure, a língua é formada de elementos que se sucedem um após o outro linearmente, isto “na cadeia 
da fala”. A relação entre esses elementos Saussure chama de sintagma: o sintagma se compõe sempre de duas ou 
mais unidades consecutivas. 
 
Atenção – As relações sintagmáticas se referem ás relações que unem as partes de um sintagma, bem como as que 
unem um sintagma a outro. Assim, podem ocorrer entre fonemas, entre determinante e nome, entre sujeito e 
predicado etc. as relações sintagmáticas estão ordenadas na língua, numa sucessão de elementos e número 
determinado; pertencem aos grupos de palavras e ocorrem numa série efetiva de dois ou mais elementos que 
compõe o sintagma. 
 
Carvalho (2000:87) afirma que, em um sintagma, cada termo tem sua oposição em relação ao que o precede e ao 
que o segue; os termos estão reunidos in praesentia. Um termo passa a ter valor em virtude do contraste que 
estabelece com aquele que o precede ou lhe sucede, “ou a ambos visto que um termo não pode aparecer ao mesmo 
tempo que o outro, devido ao seu caráter linear”. 
 
Ex: hoje fez calor. 
Não podemos pronunciar ’je’ antes de ‘ho’.nem ho ao mesmo tempo que je etc. 
A relação associativa ocorre fora do plano sintagmático, na mente dos indivíduos onde opõe hoje a ontem, fez a 
fará; colar a frio. 
 
As relações associativas (=paradigmáticas) – Saussure chama de associativo, mas Hjelmslev (1968) batiza de 
‘paradigmático’. 
Ex: essa menina é bonita. 
 
O paradigma é o sistema: 
Uma reserva de termos virtuais que representam as possibilidades, no nível das seleções. 
O paradigma representa a potencialidade: todos os signos que o indivíduo conhece ficam armazenados para que ele 
faça a seleção e organize os sintagmas. 
Como exemplo de que cada elemento linguístico evoca no falante ou no ou-vinte a imagem de outros elementos 
vejam como em um grupo como ensino, ensinar, ensinemos há o radical como elemento comum. Podemos agrupar, 
também, por sufixos como casamento, armamento, julgamento; por analogia de significados como ensino, 
intrução, aprendizagem, educação. 
No plano das associações, a relação dá-se in absentia, ou seja associam-se na memória as unidades que tem algo de 
comum entre si (pelo sentido, pelo som). 
Castelar (2000:88) representa as relações sintagmáticas e paradigmáticas. 
Essas setas demonstram que a relação paradigmática, por operar com o material disponível na mente do falante, 
apresenta-se tracejada, indicando as possibilidades de escolha. A relação sintagmática, por ser a realização 
concreta e por apresentar a relação dos elementos entre si, apresenta-se preenchida e com setas que indicam os 
elementos contraindo relação uns com os outros. 
 
Relações sintagmáticas da língua portuguesa. 
 
Saussure afirma que a noção de sintagma se aplica não só as palavras, mas aos grupos de palavras, ás unidades 
complexas de toda dimensão e toda espécie (palavras compostas, derivadas, membros de frase, frases inteiras). 
 
Sintagma fônico. Estabelece-se a partir da relação entre fonemas e pode ser fonêmico ou prosódico. 
 
Fonêmico – ocorre com grupos vocálicos (ditongos, tritongos), grupos consonantais e sílabas. 
 
Prosódico – um grupo acentual tônico ou átono, pode diferenciar dois signos como pública (adjetivo) e publica 
(verbo). Ex.: a relação contrastiva entre sílabas tônicas e átonas na cadeia sintagmática é que possibilita 
distinções dotipo: “a secretária secretaria a reunião”. Quando falamos, diferenciamos uma exclamação, uma 
afirmação ou uma interrogação pelo tom de voz ou entonação. 
 
Sintagma mórfico. Estabelece-se a partir da relação entre morfemas e pode ser lexical ou locucional. 
 
Lexical – quando um sintagma mórfico é lexical, temos a própria palavra, que tanto pode ser primitiva (laranja) 
quanto derivada (laranjeiras). 
 
Locucional – quando o sintagma mórfico é locucional está no nível intermediário entre o sintagma lexical e o 
sintático, conforme os exemplos assim que, tábua de passar, havia dito, etc. 
 
Sintagma mórfico. Estabelece-se a partir da relação entre morfemas e pode ser lexical ou locucional 
 
a) suboracional – estabelece-se a partir das relações de subordinação entre os diferentes sintagmas dentro da 
oração. 
Relação entre o verbo e seu complemento. 
 
 
As crianças comeram maçã 
SV SN 
A casa necessita de reforma. 
SV SP 
 
Relação entre o nome e seu complemento. 
 
Ana rasgou o vestido de noiva. 
SN SP 
 
b) oracional – é o período simples, formado por SN + SV. 
EX. Juliana abriu a porta. 
SN SV 
 
c) supraoracional – estabelece-se a partir da subordinação entre duas orações. Clique na caixa e veja os exemplos. 
 
(João conseguiu o emprego) (que queria). 
 
Podemos observar que, nos exemplos vistos na tela anterior, temos frases. 
Se vimos, antes, que a frase pertence á fala, como fica essa relação? 
 
Sobre essa relação... 
“ pode-se-ia fazer aqui uma objeção. A frase é o tipo por excelência de sintagma. Mas ela pertence á fala e não a 
língua...; não se segue que o sintagma pertence a fala? Não pensamos assim. É próprio da fala a liberdade das 
combinações; cumpre, pois, perguntar, se todos os sintagmas são igualmente livres.” 
 
FRASE 
 
A frase é o protótipo do sintagma, mas apesar de a frase pertencer ao âmbito da fala, o sintagma deve ser 
estudado na língua, já que a liberdade que os sintagmas possuem é ‘aparente’. 
Saussure chama a atenção para a estreita relação existente entre o sintagma e a fala, porque no domínio do 
sintagma não há limite categórico entre o fato de fala, que depende da liberdade individual. 
 
Desse modo, para Saussure, na maioria dos casos, torna-se difícil classificar um sintagma como pertencente a fala 
ou a língua, “porque ambos os fatores (social e individual) concorreram para produzi-lo e em proporções 
impossíveis de determinar”. 
 
Por que estudar os sintagmas na língua? 
 
1) existem sintagmas que “são frases feitas”, já cristalizadas, verdadeiros clichês, “nas quais o uso proíbe qualquer 
modificação”. Não permitem a liberdade combinatória da fala. Em português, sevem como exemplo de frases feitas 
expressões do tipo: “ora essa!”. “ora bolas!”, “não diga!”, “pois é!”, “veja só!”, “e agora?”, “ dar com os burros 
n’agua”, “é isso aí” etc. 
 
2)analogia e neologismos. Os sintagmas na fala são construídos a partir de formas regulares e que pertencem, por 
essa razão, a língua, pois, como adverte Saussure, “cumpre atribuir á língua e não a fala todos os tipos de 
sintagmas construídos sobre formas regulares”. 
 
1. Em relação ao sintagma, podemos afirma que ele: 
 1) É oposição distintiva. 
 2) É potencialidade. 
 3) Diz respeito à seleção dos elementos. 
 4) Situa-se na memória do falante. 
 5) Relaciona-se à linearidade do significante. 
2. Em relação ao paradigma, podemos afirmar que ele: 
 1) Diz respeito à combinação dos elementos. 
 2) É oposição contrastiva. 
 3) Relaciona-se à linearidade do significante. 
 4) Situa-se na memória do falante. 
 5) Opera 'in praesentia'. 
 
3. As afirmativas a seguir a respeito do eixo sintagmático. 
I. O sintagma representa as possibilidades de uso da língua. 
II. Por operar com base na linearidade do signo linguístico, o sintagma opera ‘in praesentia’. 
III. A relação associativa ocorre no plano paradigmático. 
 1) As alternativas I e III estão corretas. 
 2) Somente a alternativa I está correta. 
 3) As alternativas II e III estão corretas. 
 4) Todas as alternativas estão corretas. 
 5) Somente a alternativa II está correta. 
4. Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo associativo ou paradigmático: 
I. As relações associativas situam-se na memória do falante. 
II. O paradigma opera por oposições distintivas. 
III. As relações entre os elementos no paradigma operam 'in absentia' 
 1) As alternativas I e III estão corretas. 
 2) Somente a alternativa I está correta. 
 3) As alternativas I e II estão corretas. 
 4) Todas as alternativas estão corretas. 
 5) Somente a alternativa II está correta. 
5. Em relação ao eixo sintagmático e ao eixo associativo é INCORRETO afirmar: 
 
 1) As relações sintagmáticas se baseiam na linearidade do signo linguístico. 
 2) As relações associativas acontecem na mente dos indivíduos. 
 3) As relações paradigmáticas estabelecem-se em função da presença dos termos no discurso 
 4) As relações associativas ocorrem in absentia e representam as possibilidades de escolha. 
 5) As relações sintagmáticas representam a realização concreta e ocorrem in praesentia. 
 
 
Aula 5: Os Pontos de Vista Sincrônico e Diacrônico nos Estudos Linguísticos 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Reconhecer a diferença entre a perspectiva sincrônica e a diacrônica nos estudos linguísticos; 
2. definir sincronia e diacronia sob a ótica saussuriana; 
3. compreender a contribuição de Saussure para o estabelecimento da teoria estruturalista. 
 
Como Saussure lidou com o fator tempo? Para ele, é importante que sejam distinguidos os eixos sobre os quais se 
situam os fatos que uma ciência estuda. 
SINCRONIA E DIACRONIA 
Assim, Saussure considera que se devam distinguir os fenômenos de duas maneiras: 
1º do ponto de vista de sua configuração sobre o eixo AB das simultaneidades. Relações entre os fenômenos 
existentes ao mesmo tempo num determinado momento do sistema linguístico,que pode ser tanto no presente 
como no passado. 
2º de acordo com a posição do fenômeno sobre o eixo CD das sucessividades. Relação entre um dado fenômeno e 
outros fenômenos anteriores ou posteriores, que o precederam ou lhe sucederam. 
Assim teríamos o eixo AB, no qual os fatos da língua são estudados nas relações que contraem, uns em relação aos 
outros, sincronicamente. 
No eixo CD, temos a interferência do fator tempo e o estudo da mudança linguística. Podemos perceber que as 
linhas se cruzam. Por que será? Isso ocorre porque num estado de língua, temos formas atuais e formas que vão 
caindo em desuso. 
Numa tentativa de distinguir fatos sincrônicos da língua de fatos diacrônicos, Saussure estabelece o ponto em que 
começam uns e terminam outros: “é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, 
diacrônico tudo que diz respeito ás evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão, 
respectivamente, um estado de língua e uma fase de evolução.” 
Saussure acreditava que havia duas linguísticas: a linguística evolutiva e a linguística estática. 
A Linguística sincrônica se ocupará das relações lógicas e psicológicas que unem os termos coexistentes e que 
formam sistema, tais como são percebidos pela consciência coletiva. 
A Linguistica Diacrônica estudará ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma 
mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si. 
Saussure priorizou os estudos sincrônicos, diferenciando-se dos estudos diacrônicos da Escola Comparativa – 
diacrônico é ,desse modo, tudo que diz respeito as evoluções. Como vimos em nossa aula , antes de Saussure 
havia estudos histórico-comparativos: esses estudos reconstruíram o passado da língua. 
Para Saussure, a prioridade deve ser para a pesquisa descritiva, ou seja, estudar a língua sincronicamente. 
Deixando de se preocupar com o processo pelo qual as línguas se modificam, para tentar saber o modo como elas 
funcionam, Saussure privilegiou o ponto de vista sincrônico. 
Método sincrônico – sobre os métodos de abordagem, temos que a sincronia opera a partir de uma única 
perspectiva:a dos falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o testemunho”. O objeto da sincronia é 
observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na 
prática, se poder considerar um ponto no eixo tempo”. 
Método diacrônico – as técnicas da linguística diacrônica distinguem duas perspectivas, segundo o caráter dos 
dados com que opera: “uma prospectiva, que acompanhe o curso do tempo, e outra retrospectiva, que faça o 
mesmo em sentido contrário”. 
Método retrospectivo (mais conhecido como comparativo) – estuda estados de língua que tenham parentesco entre 
si tentando-se chegar (até onde seja possível) ao estado do último antepassado comum a todos os estados 
conhecidos. 
Método prospectivo – estuda e compara dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado ou 
descendente do outro. Método usado principalmente em linguística histórica. 
PORQUE OPTAR PELO MÉTODO SINCRÔNICO? 
1) o falante nativo não tem consciência da sucessão dos fatos da língua no tempo: ele pode utilizar a língua sem 
saber nada de sua história. O indivíduo que usa a língua como veículo de comunicação e interação social não 
percebe essa sucessão de fatos. O falante só percebe a língua que ele utiliza, ou seja, o estado sincrônico de 
língua porque a língua possui lógica interna. 
2) língua como sistema de valores: o linguista só pode realizar a abordagem desse sistema, estudando, analisando 
e avaliando suas relações internas (sintagmáticas e paradigmáticas), isto é, estudando sua estrutura, 
sincronicamente. 
Como a língua é um sistema de valores, seu estudo deveria partir da estrutura como se apresenta num estado 
momentâneo, a qual é a única perceptível pelos falantes, visto que os mesmos não percebem a sucessão de fatos 
linguísticos no tempo, que constituem a diacronia. 
 
Jogo de xadrez e a sincronia 
A dicotomia sincronia x diacronia separa os fatores internos de um sistema dos fatores externos, históricos-
culturais, que condicionam o sistema. Vejamos a metáfora do jogo de xadrez apresentada por Saussure. 
 ‘jogo de xadrez’ e o ‘jogo da língua’ 
Saussure afirma que cada posição de jogo corresponde a um estado de língua. O valor de cada peça depende da 
posição que ela ocupa no tabuleiro. Igualmente na língua, cada elemento tem seu valor determinado pela 
oposição e pelo contraste com os outros elementos. E esse valor é momentâneo, pois ele pode variar de um 
estado ao outro da língua. 
Assim como no jogo de xadrez, o deslocamento de uma peça não ocasiona mudança geral no sistema, as mudanças 
na língua aplicam-se a certos elementos, embora não se saiba quais efeitos serão causados sobre o restante do 
sistema. No entanto, o próprio Saussure enxerga uma falha na comparação. 
Saussure afirma que o jogador tem o poder de deslocar peças conscientemente e, dessa forma, agir 
intencionalmente sobre o sistema (jogo de xadrez), enquanto o falante nada premedita, não lhe é dado logicar, 
pois na língua “é espontânea e fortuitamente que suas peças se deslocam, ou melhor, se modificam” 
Diacronia se refere ás transformações, as mudanças ou as alterações sofridas pelos elementos do sistema 
linguístico ao longo de seu uso na língua; enquanto sincronia se refere a situação, ao estado em que os elementos 
se encontram em um dado momento (passado ou presente), independente dos fatos que os antecederam ou 
procederam no tempo. 
Sincronia e arbitrariedade do signo 
Porque a relação entre o significante e o significado é arbitrária, ela pode ser afetada pelo tempo. Se essa relação 
fosse natural e lógica, o signo linguístico teria condições de resistir a ação transformadora do tempo, mantendo-se 
imutáveis os seus dois constituintes. 
“Uma língua é radicalmente incapaz de se defender dos fatores que se deslocam, de minuto a minuto, a relação 
entre o significante e o significado” 
Portanto é exatamente por ser uma entidade eminentemente histórica que a língua exige prioritariamente, uma 
análise a-histórica, isto é, sincrônica. 
O estruturalismo linguístico 
Ainda que Saussure não tenha usado a palavra ‘estruturalismo’, deixou um importante estudo sobre o sistema da 
língua e sobre sua estrutura. A partir do conceito de sistema, Saussure propõe o estudo da língua em suas relações 
internas, observando-se a organização das unidades que compõem esse sistema e dos princípios e regulamentos 
que o regem. 
A obra de Saussure influenciou linguistas como Leonard Bloomfield, nos EUA, Louis Hjelmslev, na Escandinávia, e 
Antoine Meillet e Émile Benveniste que, na França, continuaram o trabalho de Saussure. 
 
1.A diacronia: 
 
 1) É estática. 
 2) Interessa-se pelo sistema. 
 3) Trata de fatos sucessivos. 
 4) Descreve um determinado estado de uma língua. 
 5) Estuda o modo como a língua funciona. 
 
2. A sincronia: 
 
 1) Pode ser prospectiva e retrospectiva. 
 2) Descreve um determinado estado de uma mesma língua. 
 3) Leva em conta o tempo. 
 4) Preocupa-se com a evolução. 
 5) Trata de fatos sucessivos. 
 
3. Em relação à sincronia é INCORRETO afirmar que ela estuda: 
 
 1) Os fatos que atuam na língua de maneira sistemática e geral. 
 2) A língua sob a perspectiva daqueles que só conhecem essa última como uma realidade sistemática e 
funcional. 
 3) O modo como a língua funciona. 
 4) O processo de evolução da língua. 
 5) Um determinado estado de uma mesma língua. 
 
4. 
Leia as afirmativas a seguir. 
I. A diacronia estuda os fatos linguísticos em suas transformações através dos tempos. 
II. A sincronia descreve estados de língua e suas relações internas. 
III. A sincronia estuda as relações entre fenômenos existentes ao mesmo tempo. 
 
 1) As alternativas I e II estão corretas. 
 2) Todas as alternativas estão corretas. 
 3) As alternativas I e III estão corretas. 
 4) Somente I está correta. 
 5) Somente III está correta. 
 
 
Aula 6: O Gerativismo: A Faculdade da Linguagem 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Conhecer o contexto histórico no qual se insere o Gerativismo; 
2. conhecer o conceito de Faculdade da Linguagem; 
3. definir Gramática Universal (GU); 
4. distinguir princípios e parâmetros; 
5. comparar Empirismo e Racionalismo; 
6. estabelecer a relação entre o Behaviorismo e o Gerativismo, no que tange ao processo de aquisição da 
linguagem. 
Olá! Depois de estudar as dicotomias de Ferdinand de Saussure, precursor do Estruturalismo, vamos conhecer 
outra corrente de estudos da Linguística: o Gerativismo. 
Assim como o Estruturalismo, a Teoria Gerativa concebe a língua como uma estrutura, mas a vê como uma 
estrutura mental, inata. Os aspectos biológicos que envolvem a linguagem passam a ser o foco da investigação. 
Imagine que você encontrou um filhote de macaco na rua e resolveu criá-lo como se fosse um bebê. 
Ele, aos poucos, se adaptou ao novo lar: consegue, sem problemas, segurar a mamadeira para mamar, dorme no 
berço como qualquer outra criança, adora ficar no seu colo... 
O tempo foi passando e o macaco foi crescendo. Qual você acha que foram as primeiras palavras que ele falou?- papai 
-mamãe 
Pois é... Ele não falou nenhuma dessas palavras! Afinal, macacos não falam! Se o macaco fosse uma criança 
normal, nesse momento da sua vida ele começaria a produzir algumas palavras, não é mesmo? No entanto, isso 
jamais acontecerá com o seu macaco. Por quê? 
Vamos entender o porquê com o Gerativismo! 
O gerativismo 
A corrente da Linguística que teve início no final da década de 50, a partir das pesquisas de Noam Chomsky, 
também é conhecida como Linguística Gerativa, Teoria Gerativa, ou ainda Gramática Gerativa. Essa corrente tem 
como nome principal o linguista Noam Chomsky. 
Para conhecer um pouco mais sobre a vida de Chomsky, leia o artigo Dentro da cabeça de Chomsky, disponível 
em: 
http://super.abril.com.br/superarquivo/2003/conteudo_279478.shtml. 
Os gerativistas buscaram descrever e explicar, abstratamente, o que é e como funciona a linguagem humana. Por 
isso, propuseram-se a elaborar um modelo teórico formal, inspirado na matemática. 
Devido à sua formação (matemática, psicologia, filosofia e linguística), Chomsky, no Gerativismo, parte do 
pressuposto de que é possível descrever, algebricamente, a língua humana, a partir de esquemas abstratos. 
Por isso, pode-se dizer que a base filosófica da teoria é o RACIONALISMO, que vê no pensamento, na razão, a 
fonte principal do conhecimento humano. 
Os racionalistas defendem a ideia de que a fonte principal do conhecimento humano é a mente, uma vez que os 
seres humanos recebem um número de faculdades específicas, cujo papel fundamental é permitir a aquisição do 
conhecimento. Vale ressaltar que, no Empirismo, tal método matemático não é aceito e a experiência é o ponto 
de partida do conhecimento. 
Gerativismo: a faculdade da linguagem 
A partir da década de 50, Chomsky inaugura uma nova fase nos estudos da linguagem que, até então, seguiam 
uma tradição behaviorista. 
Segundo a visão behaviorista, o ser humano adquire a linguagem por imitação, ou seja, tudo é aprendido por 
condicionamento. Um dos principais defensores do BEHAVIORISMO foi o psicólogo americano B.F. Skinner (1904-
1990), responsável pela descrição de mecanismos de controle das ações humanas por estímulo e resposta. 
Segundo Chomsky, a linguagem é uma capacidade inata, está inscrita no DNA do ser humano. Por isso, na situação 
apresentada no início da aula, o macaco, ainda que seja criado apenas entre humanos, jamais desenvolverá a 
linguagem, que nele não é inata. 
Pelo fato de ser uma capacidade humana inata, ou seja, de fazer parte da constituição cerebral de todos os seres 
humanos sem patologias, as línguas devem apresentar características universais. 
Confira através da imagem como os gerativistas conhecem o cérebro. 
Os gerativistas adotam uma visão modularista da mente/cérebro. 
Na abordagem modularista, mente/cérebro são entendidos como um sistema complexo, com uma estrutura 
altamente diferenciada e com “faculdades” separadas, como, por exemplo, a faculdade da linguagem e a 
faculdade dos conceitos. 
Segundo Chomsky, da mesma maneira como sistemas complexos ou “órgãos do corpo” – como o córtex visual e o 
sistema circulatório – têm suas propriedades exclusivas e são estudados separadamente, com suas teorias 
próprias, também os diferentes sistemas cognitivos ou “faculdades” da mente – como a faculdade da visão e a 
faculdade da linguagem – devem ser estudadas separadamente. (cf. Chomsky, N.,1986) Knowledge of language: its 
nature, origin and use. New York: Praeger.) 
Gramática universal – princípios e parâmetros 
O modelo gerativista proposto por Noam Chomsky, considera que os seres humanos nascem dotados de uma 
FACULDADE DA LINGUAGEM. Componente da mente/cérebro especificamente dedicado a língua e que marca a 
diferença fundamental entre os homens e os outros seres do planeta. O que fornece ao homem essa capacidade 
inata para falar é a faculdade da linguagem, geneticamente transmitida, biologicamente determinada e , 
portanto, inerente a toda a espécie humana. 
Desse modo, não importa que uma criança seja falante de inglês, espanhol, russo ou português: todas possuem a 
mesma faculdade da linguagem, já que todo o ser humano está predisposto a adquirir sua língua natural (língua 
que o ser humano adquire a partir do ambiente linguístico que o cerca), a menos que possua uma patologia. 
Chomsky considera que a mente humana é composta por sistemas cognitivos, organizados em módulos, assim, a 
faculdade da linguagem estaria em um desses módulos. Seguindo a tese da modularidade da mente, tem-se a 
HIPÓTESE DO INATISMO, segundo a qual há uma estrutura mental inata ou estado inicial que possibilida aos seres 
humanos adquirirem sua língua natural. 
Essa estrutura mental inata é chamada na teoria gerativista de GRAMÁTICA UNIVERSAL (GU). 
A GU é o estado inicial da faculdade da linguagem. Há, na GU, princípios e parâmetros. Os princípios são comuns a 
todas as línguas, apresentam caráter universal e são responsáveis em explicar a organização das línguas naturais. 
Já os parâmetros são específicos de uma língua e reconhecidos a partir dos dados linguísticos do ambiente do 
individuo em fase de aquisição da linguagem. Apresentam-se de modo binário, ou seja, com valor positivo (+) ou 
negativo (-). O valor (+) indica que aquele parâmetro está presente na língua; já o valor negativo (-) sinaliza a 
ausência daquela característica. 
Entendendo os princípios e parâmetros... 
Principio: “todas as sentenças, independentemente da língua, tem sujeito.” 
Parâmetro do sujeito nulo: “uma língua admite ou não sujeito nulo nas sentenças finitas.” 
Tendo como base o português e o inglês, vamos perceber que, em inglês, esse sujeito tem que ser produzido, o 
mesmo não acontecendo em português. Observe: 
Português: o/chove. Inglês: it rains. Português: eu vi o menino ontem. Português: o/vi o menino ontem. Inglês: i 
saw the boy yesterday. Inglês: o/ saw the boy yesterday. 
Nós, como falantes nativos do português, sabemos perfeitamente que podemos produzir enunciados como os 
apresentados em (1), (3) e (4). Isso acontece porque, na nossa língua, o sujeito pode ou não ser nulo nas 
sentenças finitas. O falante tem a opção de escolher. 
O símbolo (o/)significa a existência de uma categoria vazia, ou seja, a posição de sujeito não está ocupada por um 
elemento morfologicamente realizado, mas existe e não pode ser preenchida por nenhum outro elemento. 
Por outro lado, o indivíduo que for exposto ao inglês sabe que, em todas as sentenças, o sujeito deve sempre ser 
produzido, até mesmo com verbos como ‘chover’, a partícula expletiva ‘it’ deve estar presente para ‘ocupar’ a 
posição. O asterisco (*), no ex (6), indica que a sentença é agramatical, ou seja, não faz parte da língua. Quando 
estudamos inglês como segunda língua precisamos ficar atentos ao preenchimento da posição do sujeito. 
Pode-se dizer que o “parâmetro do sujeito nulo” é positivo (+) em português, já que é possível ter o sujeito 
realizado ou não, e negativo (-) para o inglês, pois não é possível a ocorrência de sentenças sem o sujeito 
realizado morfologicamente. 
Atenção- lembre-se: tudo acontece intuitivamente, ou seja, o falante do inglês, por exemplo naturalmente 
percebe que há ‘algo errado’ quando ouve uma sentença como a apresentada em (6). 
Relembrando... 
Vimos que nascemos com um sistema único de princípios inatos, enraizado na nossa mente/cérebro, dedicado 
exclusivamente a linguagem: a GU. A GU é o estado inicial da faculdade da linguagem e é constituída de 
princípios universais e parâmetros específicos de cada lingua. Sendo assim, podemos dizer que todas as línguas 
humanas possuem propriedades comuns, já que todos nós nascemos com o mesmo aparato genético. Então, 
porque falamos línguas diferentes? 
No processo de aquisição de umalingua, o individuo vai, gradativamente, fixando os valores dos parâmetros a 
partir do contato com os dados linguísticos da sua lingua nativa. 
A medida que os valores desses parâmetros são fixados pelo individuo durante a aquisição, uma gramática é 
construída, ou seja, a gramática particular de sua lingua. 
O termo ‘gramática’ é polissêmico, ou seja, apresenta várias concepções. Quando o usamos aqui, estamos nos 
referindo aos conhecimentos que um falante tem sua lingua materna, aos mecanismos de funcionamento de uma 
lingua. Não estamos nos referindo á gramática normativa ou a tradicional. 
 
1.Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere ao conceito de Gramática Universal: 
 1) É composta de princípios e de parâmetros. 
 2) É a estrutura linguística herdada geneticamente por cada membro da espécie humana. 
 3) Trabalha com um padrão de correção linguística, que deve ser seguido por todos. 
 4) É um sistema de todas as regras necessárias para se poder falar. 
 5) É o estágio inicial de um falante que está adquirindo uma língua. 
 
2. A citação abaixo refere-se a um aspecto da Teoria Gerativa. Assinale-o. 
“Sabemos que o corpo humano é composto por órgãos diferentes que desempenham funções diferentes, cada um deles com 
funcionamento específico – ou seja, o coração bate para fazer circular o sangue, mas os rins não batem para filtrar a água do 
corpo; adicionalmente o tipo de tecido que compõe o fígado é muito diferente do tipo de tecido que compõe o estômago, por 
exemplo.” (Mioto, Silva & Lopes, 1999, p.25) 
 1) Modularidade da mente. 
 2) Gramática Universal. 
 3) Gramática Particular. 
 4) Parâmetros. 
 5) Princípios. 
 
3. Tendo como base a Teoria de Princípios e Parâmetros, analise os exemplos abaixo e, em seguida, assinale a 
alternativaINCORRETA: 
I- It rains. – inglês [ - ] 
II- Chove. – português [ + ] 
III- Moro no Rio. – português [ + ] 
IV- I live in Rio – inglês [ - ] 
V- Eu moro no Rio – português [ + ] 
 
 1) Em português, o parâmetro do sujeito nulo é positivo, ou seja, o falante pode produzir sentenças com o 
sujeito realizado ou não. 
 2) Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso produzir sentenças com o sujeito realizado. 
 3) O falante do português pode escolher enunciados como os apresentados em (II), (III) e (V), pois todos fazem 
parte da língua. 
 4) Em inglês, produzir apenas “Live in Rio” em lugar de “I live in Rio” não faria sentido, pois é preciso 
preencher a posição do sujeito. 
 5) O falante do inglês, assim como o falante do português, pode escolher: preencher ou não a posição do 
sujeito. 
 
4. Segundo o Gerativismo, o ser humano já nasce com um dispositivo para a aquisição de uma língua. Isso significa dizer que: 
 
 1) Todos os indivíduos nascem com uma disposição para desenvolver uma língua. 
 2) O aparato genético varia de cultura para cultura; por isso, as línguas são diferentes. 
 3) Os animais também apresentam o mesmo aparato genético, pois também desenvolvem linguagem. 
 4) A análise do dispositivo genético já nos permite saber a língua a ser desenvolvida pelo indivíduo. 
 5) O dispositivo varia de pessoa para pessoa, pois somos todos diferentes. 
5. Sobre o conceito de Princípios e Parâmetros, assinale a alternativa INCORRETA: 
 
 1) São os componentes da Gramática Universal. 
 2) “Todas as línguas do mundo possuem funções sintáticas como sujeito e predicado”. Isso é um princípio. 
 3) Os princípios são comuns a todas as línguas, apresentam caráter universal. 
 4) Os parâmetros são responsáveis em explicar a organização das línguas naturais por serem gerais. 
 5) Os parâmetros são reconhecidos a partir dos dados linguísticos do ambiente do indivíduo em fase de 
aquisição de linguagem. 
 
Aula 7: O Gerativismo: A Aquisição da Linguagem 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Conhecer o processo de aquisição da linguagem, segundo o Gerativismo; 
2. identificar as etapas no processo de aquisição da linguagem; 
3. comparar algumas teorias de aquisição da linguagem, a saber: inatismo, behaviorismo e cognitivismo; 
4. distinguir competência e desempenho; 
5. conhecer os conceitos de gramatical e agramatical para o Gerativismo; 
6. reconhecer o objeto de estudos da Linguística para Chomsky. 
 
Aquisição da linguagem 
Quem tem filhos ou convive com crianças sabe que “num piscar de olhos”, as crianças já começam a falar. 
Sabemos que há etapas a serem seguidas, mas temos a certeza de que esse processo acontece de forma bem 
rápida. 
“na realidade, a faculdade da linguagem nada tem de trivial. O vocabulário médio de um adulto em sua língua 
nativa, por exemplo, alcança em torno de 50mil palavras, codificadas por cerca de 40 unidades distintivas de sons 
de fala (fonemas). Veja que tanto o vocabulário numeroso quanto o pequeno inventário de fonemas deveriam ser 
desfavoráveis á existência da linguagem no homem: temos poucos códigos para distinguir muitos itens. Apesar 
disso, após o curto período de aquisição de linguagem, entre dois e três anos de idade, nos integramos a uma 
comunidade linguística e, sem nenhum esforço, usamos essa língua com mais naturalidade do que um estrangeiro 
que passou anos tentando aprende-la depois de adulto.” Aniela improta frança. Flagrante da linguagem no 
cérebro; 
Pelo que vimos, segundo o Gerativismo, já nascemos com uma capacidade inata para desenvolver uma língua, 
No entanto porque não saímos da barriga da nossa mãe falando? 
Se já nascemos com as nossas pernas completamente formadas, por que não saímos da barriga da nossa mãe 
andando? 
Se temos um sistema visual, porque não distinguimos todas as cores logo após o parto? 
Assim como o sistema motor e o sistema visual, o nosso sistema linguístico também passa por um processo de 
maturação. Podemos perceber que as crianças também vivenciam etapas até conseguirem andar sozinhas, sem a 
ajuda de adultos ou sem o apoio em objetos. Com a linguagem não é diferente. 
Então, vamos entender como se dá a aquisição da linguagem? 
O processo de aquisição da linguagem é algo muito interessante. 
O fato de as crianças, já por volta dos três anos, serem capazes de fazer uso da língua de modo tão eficiente nos 
leva a pensar como as línguas são adquiridas. Muito cedo, qualquer criança surpreende os adultos com a sua 
capacidade de produzir e compreender os enunciados da sua língua. 
Podemos dizer que a criança? 
“não repete simplesmente o que lhe dizem: com as regras que depreendeu das frases ouvidas, forma inúmeras 
outras, inclusive nunca ouvidas. Quer dizer, desde as primeiras etapas a criança ‘cria’ suas frases. Essa 
criatividade é justamente a traço característico da gramática que a criança internaliza. A ‘graça’ da linguagem 
infantil não está nos erros que comete, mas nas suas engenhosas tentativas (com muitas criações individuais) de 
utilizar o código fornecido pelos adultos.” 
Certamente, vcs já devem ter ouvido algumas crianças produzirem estruturas assim ou bem parecidas. Então, o 
que podemos pensar? 
As crianças percebem como a língua a qual foram expostas funciona e captam aquilo que é regular em seu sistema 
linguistico. A partir daí, criam seus enunciados. Nesse processo de criação, aparecem elementos que, embora 
sejam construídos obedecendo as regras de funcionamento da língua, não foram as formas consagradas pelos seus 
usuários. Assim, o adulto entende o que a criança quis dizer e acha graça da forma produzida. 
Tomemos como exemplo o verbo “vassourar”. Se temos, em portugues, o substantivo “pincel” e o verbo 
“pincelar”, poderíamos perfeitamente ter o verbo “vassourar”, já que temos o substantivo “vassoura”. No 
entanto, o uso consagrou a forma “varrer”, embora “vassourar”apresente um processo de formação produtivo na 
língua. 
De fato, enunciados assim nos levam a crer que há um componente genético inato, específico para desenvolver 
uma língua, como vimos na aula passada. Esses e outros exemplos confirmam a ideia de que o cérebro humano 
não nasce como um “quadro em branco”, uma “tabula rasa”, como afirmam os behavioristas. 
Por conta da questão do inatismo, Chomsky (1981) considera mais apropriado falar em “crescimento da 
linguagem” e não em “aprendizado” ou “aquisição”. Afinal de contas, apenas adquirimos algo que não temos. 
Como vimos na aula passada, a criança não nasce com uma capacidade para desenvolver a língua X ou a Y. a 
predisposição biológica do ser humano vai permitir que ele desenvolva uma língua a partir dos dados linguísticos 
do ambiente que o cerca. 
A exposição a esses dados faz com que o indivíduo acione um certo valor de parâmetro para que a criança 
componha a gramática de sua língua particular. Vale destacar que a exposição a esses dados linguísticos acontece 
de modo natural: na fala, espontânea de adultos, há anunciados truncados, hesitações, falhas em geral e apesar 
disso, a criança consegue perceber o que é regular ou não na sua língua. 
As etapas do processo de aquisição da linguagem 
Em relação ao processo de aquisição da linguagem, as pesquisas mostram que a criança vai internalizando o 
sistema gramatical de maneira gradual, por etapas. Independentemente da língua a que a criança está exposta, 
em fase de aquisição da linguagem, adquire primeiro as palavras de conteúdo (“formais”: substantivos, adjetivos, 
verbos), só depois as palavras gramaticais (“estruturais”: pronomes, preposições etc.). tudo acontece aos poucos. 
A criança desenvolve a capacidade de nomear e faz uso de substantivos. Em seguida, começa a fazer uso de 
elementos mais abstratos como verbos e adjetivos. Ela começa, então, a produzir estruturas sintáticas simples até 
chegar as estruturas mais complexas. Aproximadamente, aos 5 ou 6 anos, a criança já é, como diz Chomsky, um 
“adulto linguístico”. Essa uniformidade no processo de aquisição é , para os gerativistas, um indicativo de uma 
faculdade da linguagem, comum a especie humana. 
Com base nas informações anteriores, podemos dizer que as crianças não nascem com a gramática da sua língua 
pronta para ser usada. Veja o exemplo! 
Se um bebê, filho de pais americanos for criado por pais japoneses, desenvolverá o japonês, da mesma forma, se 
for criado por pais brasileiros, desenvolverá o português. 
Você deve estar se perguntando... 
E se a criança não for exposta a uma língua durante a infância? E o caso das chamadas “crianças selvagens”? 
 Faça a leitura a seguir e tire suas dúvidas. 
E o Mogli, o menino-lobo? 
 
Vimos que a explicação behaviorista da aquisição da linguagem não consegue explicar o fato de os sistemas 
linguísticos terem como uma de suas características essenciais a produtividade e a criatividade. Assim, podemos 
dizer que o processo de aquisição não depende da imitação. 
Sabemos que todo indivíduo, exceto aquele com alguma complicação patológica, irá desenvolver uma língua. Isso 
independe de sua condição social. No entanto, é preciso estar exposto a um sistema linguístico. 
 
Há, na literatura, uma série de relatos de casos de crianças que, em virtude de motivos de natureza diversa, 
tiveram o acesso aos dados de um sistema linguístico negado. Por isso, não desenvolveram sua língua natural no 
período da infância, como, normalmente, acontece. 
A história de Mogli 
 
Personagem da Disney inspirado no livro de Rudyard Kipling, menino criado por lobos, ilustra casos reais como o 
da menina Genie e é um dos casos mais conhecidos na literatura. Genie fora afastada de qualquer exposição à 
língua dos 20 (vinte) meses aos 13 (treze) anos e 7 (sete) meses de vida, quando inserida novamente no convívio 
social, 
teve o desenvolvimento da linguagem bastante diferenciado do de crianças normais, ou seja, daquelas crianças 
que adquirem linguagem durante o período normal de aquisição de linguagem. 
 
Se por um lado Genie apresentou uma rápida aquisição do vocabulário, mostrando uma habilidade semântica 
superior àquela alcançada por crianças normais em igual período de tempo, por outro lado apresentou uma pobre 
elaboração morfológica e um reduzido emprego de estruturas sintáticas complexas em sua fala, mostrando uma 
habilidade sintática bastante defasada em relação às crianças normais. 
A partir dessas observações e da análise de testes neuropsicológicos aplicados a Genie, que revelaram seu 
amadurecimento conceptual e sensorial-motor, pode-se concluir que o conhecimento cognitivo apresentado por 
Genie não foi suficiente para sua aquisição sintática e morfológica. 
O caso de Genie confirma a ideia de que a mente é modular e a linguagem, por constituir um módulo 
independente dos demais, tem seus princípios próprios. Por ela ser exclusiva da espécie humana, parte comum do 
pacote genético de todos os seres humanos, com pouca variação entre eles e crucial para as relações sociais, a 
linguagem é acessível ao estudo cientifico e de singular importância para a compreensão da espécie humana. 
A partir do caso de Genie, vcs devem estar pensando o quanto a experiência é importante no processo de 
aquisição da linguagem. Cada teoria acaba atribuindo um valor diferente á experiência. Vale ressaltar que há 
diferentes teorias que buscam explicar o processo de auisição da linguagem pela criança. 
BEHAVIORISMO 
B.F.SKINNER 
Para B.F. Skinner, behaviorista, todo comportamento/aprendizado linguístico é ou não resultado de um processo 
de reforço e privação. Segundo a proposta bahaviorista, “a criança vê a mamadeira (estimulo) e diz ‘papá’. Se ela 
conseguir que lhe deem a mamadeira, seu comportamento será reforçado positivamente ‘aprenderá’ que quando 
quiser comida deve dizer ‘papá’”. 
COGNTIVISMO 
JEAN PIAGET 
O cognitivismo vincula a linguagem á cognição. Essa proposta foi desenvolvida por Jean Piaget. Segundo ele, 
desde o seu nascimento a criança constrói o conhecimento a partir do contato com o meio. 
Pode-se perceber que a teoria atribui um grande valor á experiência, mas não chega a ter base empirista, pois, de 
acordo com Piaget, a criança é responsável por construir o conhecimento com base na experiência com o mundo 
físico, ou seja, o conhecimento está na ação sobre o ambiente. 
“o conhecimento linguístico de uma criança em um determinado momento reflete as estruturas cognitivas antes e 
que determinam esse conhecimento.(...) a linguagem é vista como porta para cognição.” 
INATISMO 
NOAM CHOMSKY 
Chomsky, com sua hipótese inatista, assume que há um componente inato para a aquisição da linguagem e 
independente da cognição. 
Para ele, a experiência funciona apenas como um gatilho (do inglês, trigger) para acionar uma capacidade que é 
inata. 
Tendo como objetivo resaltar o lado biológico do Gerativismo proposto por Chomsky, estudos sob essa perspectiva 
procuram verificar o modo como a linguagem está representada no cérebro. O foco desses estudos pode ser o 
processo de aquisição ou de perda da linguagem. 
Assim, com o estudo sobre a aquisição da linguagem busca-se explicar a relação que se estabelece entre a 
capacidade inata da criança para o desenvolvimento linguístico da gramática universal (GU) e a experiência 
linguística a qual ela é exposta na formação gramática particular de sua língua. 
A partir do estudo sobre as patologias da linguagem, busca-se avaliar teorias linguísticas sobre indivíduos normais 
e chegar a organização da linguagem, objetivando entender mais a respeito da representação da linguagem na 
mente/cérebro. 
A fim de entender como funciona a linguagem, tendo o cérebro humano como base, surgiram os estudos

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