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Aula 01

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1 
 
 
 
 2 
AULA 1: TRABALHO DOCENTE 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
O TRABALHO DOCENTE EM DEBATE 4 
NÚMEROS NO BRASIL 5 
A NATUREZA DO TRABALHO DOCENTE 5 
UM TRABALHO INTERATIVO 6 
O TRABALHO DOCENTE E AS NOVAS DEMANDAS SOCIAIS 7 
O TRABALHO DOCENTE E AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES/UNIVERSITÁRIAS 10 
NOVO CONJUNTO DE DEMANDAS SOCIAIS E DESAFIOS 11 
O TRABALHO DOCENTE E AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES/UNIVERSITÁRIAS 11 
ATIVIDADE PROPOSTA 13 
APRENDA MAIS 14 
REFERÊNCIAS 15 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 17 
CHAVES DE RESPOSTA 20 
ATIVIDADE PROPOSTA 20 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 22 
 
 
 
 
 3 
Introdução 
Cada vez mais nos deparamos com a denúncia de uma educação no âmbito 
universitário desvinculada da vida, abstrata, passiva. Entre os problemas 
apontados pela literatura estão a rotina sem inspiração nem objetivos e a 
improvisação dispersiva, confusa, e sem ordem. 
 
É possível que muitos desses fatores estejam, de alguma forma, relacionados 
com a ideia da ausência de necessidade de formação profissional para a 
atuação nesse nível de ensino, que é o único para o qual não se exige uma 
formação pedagógica dos professores. 
 
Para superar essa situação, buscaremos provocar reflexões sobre o trabalho 
docente e, em especial, sobre a prática docente no ensino superior ao 
abordar questões como a especificidade da função docente e os aspectos que 
interferem e/ou condicionam a sua profissionalidade; a gênese histórica e a 
constituição do campo da Didática no Brasil; as diferentes abordagens 
pedagógicas: fundamentos, características e implicações para o processo de 
ensino aprendizagem; as relações na sala de aula usada como espaço 
multidimensional, de circulação de diferentes saberes e conhecimentos, de 
interação e diálogo, de diferentes práticas, de múltiplas narrativas e 
linguagens. 
 
Nesse sentido, consideramos que é importante começar olhando para o 
interior da profissão docente, suas especificidades e seus desafios. Dessa 
forma, abordaremos os seguintes tópicos: (1) O contexto do trabalho docente 
no ensino superior; (2) A natureza do trabalho docente e sua complexidade; 
(3) As demandas sociais da contemporaneidade para o trabalho do professor. 
 
Objetivo: 
Refletir sobre o trabalho docente, no contexto do ensino superior, no 
Brasil, articulando questões relacionadas com as características e a 
complexidade da função docente, bem como com as implicações das 
demandas sociais contemporâneas para a sua atuação. 
 
 4 
Conteúdo 
O trabalho docente em debate 
Vamos conhecer a natureza do trabalho docente, suas especificidades e sua 
complexidade nos dias atuais. 
 
No que se refere às exigências normativas, o trabalho docente é um trabalho 
como muitos outros. Ele é regulamentado, remunerado, inserido em 
organizações e convenções, os profissionais possuem uma certificação para 
exercer a profissão etc. 
 
Em nossas sociedades, o magistério é visto como uma ocupação secundária 
em relação tanto ao trabalho material e produtivo, como às atividades de 
produção do conhecimento. 
 
Entretanto, para Tardif e Lessard (2005), longe de ser uma ocupação 
secundária ou periférica, o trabalho docente constitui uma das chaves para a 
compreensão das transformações sociais. 
 
Para os autores, os professores constituem hoje uma das principais peças da 
economia das sociedades contemporâneas, tanto por causa do número de 
agentes vinculados ao sistema educacional, como pela função que 
desempenham. 
 
 
Atenção 
 Tardif e Lessard (1991) afirmam que “os professores ocupam uma 
posição estratégica no interior das relações complexas que unem 
as sociedades contemporâneas aos saberes que elas produzem e 
mobilizam com diversos fins”. 
 
 
 5 
Números no Brasil 
No Brasil, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, levantados por 
Gatti (2009), havia, em 2006, 2.803.761 professores atuando em todos os 
níveis de ensino, sendo que desses, 471.032 (16,8%) eram professores do 
ensino superior. 
 
Entretanto, apesar da considerável oferta de trabalho, dados do INEP (2003) 
mostram que o magistério não é atrativo em termos de mercado e condições 
de trabalho, sobretudo para os níveis iniciais da escolarização (educação 
infantil, ensino fundamental e médio). 
 
As razões do desinteresse têm sido amplamente tratadas pela literatura 
especializada e pela mídia. Salários muito baixos, precárias condições de 
trabalho, formação inadequada são alguns dos muitos fatores apontados de 
forma recorrente. 
 
 
Atenção 
 O magistério, hoje, além de ser um trabalho desprestigiado 
perante a sociedade, é apontado como um ofício de grande 
complexidade, em virtude, tanto das novas demandas sociais 
que se apresentam, como de sua própria natureza (TEDESCO e 
FANFANI, 2004, TARDIF e LESSARD, 2005, DUBET, 2002). 
 
A natureza do trabalho docente 
O trabalho docente tem um traço que o distingue de muitos outros e 
determina sua natureza: seu objeto é o outro – um ser humano como o 
próprio trabalhador. É um tipo de trabalho que coloca em relação direta o 
trabalhador e um outro ser humano, caracterizando-se como um trabalho 
interativo. 
 
 
 6 
Segundo Tardif e Lessard (2005, p. 31), “ensinar é trabalhar com seres 
humanos, sobre seres humanos, para seres humanos” e essa impregnação do 
trabalho pelo “objeto humano” está no centro do processo ensino-
aprendizagem e, portanto, do trabalho do professor. 
 
A presença de um “objeto humano” modifica profundamente a própria 
natureza do trabalho e a atividade do trabalhador. Nesse caso, mais do que 
em outros tipos de atividades profissionais, o processo do trabalho transforma 
dialeticamente não apenas o objeto, mas igualmente o trabalhador. 
 
Um trabalho interativo 
Para Tardif e Lessard (2005) e Dubet (2002), a relação face a face com o 
outro faz com que o tema da profissão docente se torne sempre 
problemático. 
 
Como um trabalho interativo, a docência está centrada, antes de tudo, nas 
relações entre as pessoas, com todas as sutilezas que caracterizam as 
relações humanas. 
 
O trabalho de docência envolve: 
 
 Negociações; 
 Controle; 
 Persuasão; 
 Cuidado; 
 
De acordo com Tedesco e Fanfani (2004), levanta questões de poder e 
conflitos de valores, visto que “os valores que circulam na escola, na família e 
nos meios de comunicação de massa nem sempre são coincidentes ou 
complementares e, com frequência, podem ser contraditórios”. 
 
 
 7 
Suscita, também, questões que se inserem na dimensão da afetividade e da 
ética, que são inerentes à interação humana, à relação com o outro. 
 
Em sua opinião, o que caracteriza um bom professor? 
 
Para ser um bom professor não basta o domínio de competências técnico-
científicas, nem um compromisso ético genérico, é preciso o compromisso 
ético-moral com o outro. 
 
Por ser um trabalho interativo, a docência comporta diversos elementos 
“informais”, indeterminados, imprevistos. 
 
Ensinar é agir dentro de um ambiente complexo e, por isso, impossível de 
controlar inteiramente. 
 
É ainda um tipo de trabalho no qual as pessoas podem opor resistência aos 
trabalhadores e às ações que lhes são impostas, implicando fortes mediações 
linguísticas e simbólicas entre os agentes e exigindo dos trabalhadores 
competências reflexivas de alto nível e capacidades profissionais para gerir 
melhor a contingência das interações humanas na medida em que vão se 
realizando (TARDIF e LESSARD, 2005), o que torna a docência um trabalho 
de grande complexidade. 
 
O trabalho docente e as novas demandassociais 
Para a complexidade do trabalho docente contribuem ainda elementos que se 
referem aos desafios postos pelas transformações sociais. 
 
Podemos citar como transformações: 
 
 O impacto dos meios de informação e comunicação; 
 As novas configurações familiares; 
 
 8 
 A incorporação da mulher ao mercado de trabalho; 
 As mudanças nos modelos de autoridade; 
 A banalização da violência; 
 As tensões entre diferença e igualdade e consequente debate acerca 
da inclusão social. 
 
Essas modificações refletem, de forma significativa, no cotidiano das 
instituições educativas e no trabalho docente. 
 
Tedesco e Fanfani (2004) assinalam que as transformações sociais 
“produziram mudanças profundas no sistema de instituições responsáveis 
pela socialização infantil e juvenil”, entre as quais se encontram a escola 
básica e a universidade, que estão submetidas a um novo conjunto de 
demandas sociais e desafios, tais como: 
 
Transferência de atribuições 
Algumas responsabilidades na educação que antes eram da família 
foram transferidas para a escola e para os professores. De acordo com 
Tedesco e Fanfani (2004), “em alguns casos, chega-se a pedir à escola 
o que as famílias já não estão em condições de dar: contenção afetiva, 
orientação ético-moral, orientação vocacional...”. 
 
Relação com os estudos 
Os estudantes das novas gerações têm outra maneira de se relacionar 
com os estudos. Referindo-se a esse “novo aluno”, Dubet (1988) 
assinala que se trata de um agente confrontado com uma grande 
diversidade de orientações, isto é, com certos antagonismos, e que é 
obrigado a construir por si mesmo o sentido da experiência. Para o 
autor, a grande dificuldade está em se motivar, em conseguir dar 
sentido aos estudos. 
 
 
 9 
Assim, de acordo com Tedesco e Fanfani (2000), impõe-se aos “novos 
professores” a exigência de que, além das competências e habilidades 
que tradicionalmente davam conta dos processos de aprendizagem, 
sejam eles mesmos experts na cultura das novas gerações, na medida 
em que a transmissão da cultura escolar deverá levar em conta não só 
as etapas biopsicológicas do desenvolvimento do estudante, mas 
também as diversas culturas e relações com a cultura que caracteriza 
os destinatários da ação pedagógica. 
 
Velocidade de transformações 
A aceleração das mudanças sociais na ciência, na tecnologia e na 
produção social obriga os docentes a buscar uma atualização 
permanente, para que a formação que oferecem esteja à altura das 
novas exigências. 
 
A mídia eletrônica de massa está centralmente implicada como 
contexto socializador para as novas gerações e coloca a necessidade 
de se analisar pedagogias exteriores à instituição escolar. 
 
Green e Bigum (1995) defendem a necessidade de se pensar o novo 
estudante à luz dessa aceleração das mudanças tecnológicas, o que 
implica desconstruir certezas e, especialmente, considerar um 
complexo de forças que atuam sobre a construção da identidade dos 
jovens nos dias de hoje. 
 
A disseminação do acesso à internet traz o desafio do plágio nos 
trabalhos acadêmicos. Não que ele já não existisse anteriormente, mas 
é recorrente na fala dos professores do ensino superior a constatação 
do aumento dessa estratégia estudantil, o que obriga professores a 
desenvolver estratégias de enfrentamento do problema. 
 
 
 10 
Todas essas razões nos levam a reafirmar que o trabalho docente é hoje, 
mais que antes, um trabalho de grande complexidade e necessita ser 
estudado no contexto das demandas sociais a ele impostas, nos dias atuais. 
 
O trabalho docente e as instituições escolares/universitárias 
É preciso estudar o trabalho do professor no contexto onde ele se realiza, ou 
seja, nas instituições de ensino, dada a importância dessas instituições para o 
processo de socialização dos indivíduos e para a constituição dos sujeitos. 
 
Nessa perspectiva, consideramos que as instituições educativas constituem 
espaços privilegiados onde a docência se realiza e onde professores e 
estudantes vão construindo suas subjetividades, seus modos de ser e sentir o 
mundo ou, no dizer de Linhares (2000), vão construindo a “experiência de si”. 
 
A esse respeito, Bourdieu (2004) assinala que indivíduos submetidos a 
determinados tipos de escolas, em uma mesma época, partilham gostos, 
modelos, imagens, regras, linguagens, questões, frutos da interiorização dos 
esquemas de pensamento a que foram submetidos no processo de 
escolarização. 
 
 
Atenção 
 Para Bourdieu (2004), “pode-se supor que cada sujeito deve ao 
tipo de aprendizagem escolar que recebeu um conjunto de 
esquemas fundamentais, profundamente interiorizados, que 
servem de princípio de seleção no tocante às aquisições 
ulteriores de esquemas, de modo que o sistema dos esquemas 
segundo os quais se organiza o pensamento deste sujeito deriva 
sua especificidade não apenas da natureza dos esquemas 
constitutivos e do nível de consciência com que estes são 
utilizados e do nível de consciência em que operam”. 
 
 11 
Dessa forma, nas instituições escolares, o estudante aprende: 
 
 Os conhecimentos que ali são trabalhados; 
 Os métodos de trabalho; 
 Os processos de pensamento; 
 Os valores; 
 O modos de ser, de agir e de pensar 
 
Novo conjunto de demandas sociais e desafios 
A fim de compreender melhor a importância do trabalho do professor para 
que ocorra o processo de socialização dos indivíduos e a constituição dos 
sujeitos. 
 
 
Galeria de vídeos 
 Vejamos um trecho do filme Escritores da Liberdade. 
 
Percebeu como estudantes e professores constroem suas subjetividades 
juntos? 
 
O trabalho docente e as instituições escolares/universitárias 
Para que o estudante internalize o que é aprendido por ele nas instituições 
escolares, é necessária a articulação entre o cognitivo, o social e o afetivo. 
Nesse sentido, vamos conhecer os conceitos de dois autores: 
 
Libâneo (2002) 
Destaca que o professor é alguém que precisa “conhecer e 
compreender motivações, interesses, necessidades de alunos 
diferentes entre si, ajudá-los na capacidade de comunicação com o 
mundo do outro, ter sensibilidade para situar a relação docente no 
 
 12 
contexto físico, social e cultural do aluno”, o que se torna mais difícil 
num contexto de extrema diversidade. 
 
Para o autor, ajudar as pessoas a constituir suas subjetividades, nesse 
contexto, é enfrentar a diferença e a diversidade cultural. “Como lidar 
didaticamente com a diversidade cultural e com a diferença na escola e 
na sala de aula?” 
 
Para ele, esse não é um desafio novo, mas uma tarefa que se tornou 
mais complexa nos tempos atuais. “Trata-se de enfrentar uma 
poderosa contradição. Por um lado, o justo é uma educação igual para 
todos. Por outro lado, também é justo um ensino que contemple a 
diversidade dos alunos”. 
 
Linhares (2000) 
Em que pese a importância das instituições escolares para a 
constituição das formas de ser dos agentes que aí se inserem, o autor 
aponta que “temos estudado muito pouco como subjetividades e 
sujeitos de estudantes e professores vão sendo fabricados e, por sua 
vez, vão fabricando escolas (e podemos acrescentar: universidades) e 
contribuindo para conservar ou modificar seus entornos, suas 
comunidades, suas cidades e, conjugando-se com outras relações 
sociais, ir intervindo nas sociedades e na história.” 
 
Considerando todo esse contexto de complexidade e desafios e no qual o 
trabalho docente está inserido é que, a partir das próximas aulas, vamos 
propor reflexões e colocar em discussãoo que estamos entendendo por 
Didática, suas diferentes dimensões e seus diversos estruturantes no âmbito 
do ensino superior. 
 
 
 
 13 
 
Atenção 
 Antes de você seguir em frente, procure realizar as tarefas que 
sugerimos nos itens APRENDA MAIS e ATIVIDADES. São tarefas 
que, certamente, lhe ajudarão não só a compreender muitas das 
ideias aqui colocadas, como também oferecerão novos subsídios 
para que você construa conhecimentos sobre as temáticas em 
pauta. 
 
Atividade proposta 
Vamos fazer uma atividade! 
 
Leia e analise de forma crítica o artigo Precisamos formar sábios e, durante a 
leitura, faça suas anotações para facilitar suas respostas aos itens formulados 
a seguir. 
 
 Faça um breve registro acerca das principais ideias apontadas pela 
entrevistada, indicando aquelas com as quais você concorda e aquelas 
das quais você discorda. Justifique sua resposta. 
 
 Responda a seguinte questão: que desafios e/ou que demandas 
estariam sendo colocados/as para o professor, tendo presente o 
comentário feito pela entrevistada e que reproduzimos a seguir: 
 
Um debate frequente de nossos dias é acerca de como 
as universidades podem contribuir com as necessidades 
mais imediatas da sociedade. Algumas delas são 
necessidades econômicas, e os estudantes vão às 
universidades de forma a serem treinados e qualificados 
para futuros empregos. Outras são descobertas e 
inovações e outros tipos de intervenções que podem ter 
 
 14 
um efeito imediato no mundo, como a cura de uma 
doença. Mas as universidades têm outros propósitos, 
que são de longo prazo e que são mais difíceis de 
mensurar, mas que são extremamente importantes para 
todos nós. No encontro que tive com os reitores 
brasileiros, ouvi uma frase que resume esse 
pensamento: “a sociedade nos pede soluções para 
problemas práticos”. Mas a universidade não deve se 
preocupar apenas com o bem estar imediato dos seres 
humanos, precisa fazer também com que eles sejam 
sábios. As universidades têm esse propósito humano, 
histórico, antropológico, que nos faz transcender o 
momento presente. Não nos preocupamos apenas se 
nossos alunos terão emprego amanhã. Precisamos 
garantir que eles tenham conhecimento. (Drew Gilpin 
Faust, reitora da Harvard University, Em reportagem 
publicada em 25/03/2011). 
 
Aprenda mais 
Para ampliar sua compreensão a respeito do que estudamos nesta aula, você 
pode ler os seguintes artigos, todos disponíveis em http://www.scielo.br 
 
 BOSI, Antônio de Pádua. A precarização do trabalho docente nas 
instituições de ensino superior do Brasil nesses últimos 25 anos. 
Educação e Sociedade. Dez 2007, vol. 28, n. 101, p.1503-1523. 
ISSN 0101-7330. 
 
 CHIROQUE CHUNG, Sigfredo. Desafíos y perspectivas en la 
investigación sobre el magisterio. Em Educação e Sociedade. Ago 
2007, vol. 28, n. 99, p.483-498. ISSN 0101-7330. 
 OLIVEIRA, Dalila Andrade. Política educacional e a re-estruturação do 
trabalho docente: reflexões sobre o contexto Latino-americano. Em 
 
 15 
Educação e Sociedade. Ago 2007, vol. 28, n. 99, p.355-375. ISSN 
0101-7330. 
 
 TARDIF, Maurice and RAYMOND, Danielle. Saberes, tempo e 
aprendizagem do trabalho no magistério. Em Educação e Sociedade. 
Dez. 2000, vol. 21, n. 73, p.209-244. ISSN 0101-7330. 
 
 TENTI FANFANI, Emilio. Consideraciones sociologicas sobre 
profesionalización docente. Em Educação e Sociedade. Ago 2007, 
vol. 28, n. 99, p.335-353. ISSN 0101-7330. 
 
 
Referências 
BOURDIEU, P. Sistemas de ensino e sistemas de pensamento. In: 
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Ed. Perspectiva, 
2004. 
 
BRASIL, INEP. Estatística dos professores no Brasil. Brasília, out. 2003. 
Disponível 
em:<www.sbfisica.org.br/arquivos/estatísticas_professores_INEP_2003> 
 
DUBET, F. Le Déclin de L’institution. Paris: Éditions du Seuil, 2002. 
 
GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. S. (coord.). Professores do Brasil: impasses 
e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. 
 
GREEN, B. e BIGUN, C. Alienígenas na Sala de Aula. In: Silva, T.T. da 
(org.) Alienígenas na sala de aula. Rio de Janeiro: Vozes, 1995, pp. 208 - 243. 
 
LIBÂNEO, J. C. Didática: velhos e novos temas. Edição do autor, maio de 
2002. 
 
 16 
Disponível em: http://gtdidatica.sites.uol.com.br/textos/libaneo.pdf 
 
LINHARES, C. F. Múltiplos sujeitos da educação: a produção de sujeitos e 
subjetividades de professores e estudantes. In: CANDAU, V. M. (org.). 
Ensinar e aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. Encontro Nacional de 
Didática e Prática de Ensino (ENDIPE). Rio de Janeiro: DP&A, 2000. 
 
TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente hoje: elementos para um 
quadro de análise. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. 
 
TEDESCO, Juan Carlos e FANFANI, Emílio Tenti. Nuevos maestros para 
nuevos estudiantes. In: PREAL. Maestros en América Latina: nuevas 
perspectivas sobre su formación y desempeño. Santiago: Editorial San 
Marino, 2004. 
 
 
 
 
 17 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Marque a resposta correta, a partir da seguinte afirmativa: “Para ser 
professor universitário basta dominar os conteúdo específicos de sua 
disciplina e ter carisma”. Podemos dizer que tal afirmativa, pelo menos no 
Brasil, é bastante comum e que ocupa o imaginário social com muita 
frequência. Por sua vez, é possível dizer que tal afirmativa é: 
 
a) Verdadeira, porque o domínio dos conteúdos específicos de sua(s) 
disciplina(s) é o requisito mais importante para ser professor 
universitário. 
b) Falsa, porque o domínio dos saberes didático-pedagógicos é o requisito 
mais importante para ser professor universitário. 
c) Verdadeira, porque o professor universitário pode dispensar os saberes 
didático-pedagógicos e pautar seu trabalho pelas relações afetivas que 
estabelece. 
d) Falsa, porque saber um conteúdo específico não é a mesma coisa de 
saber promover o processo de ensino-aprendizagem desse conteúdo. 
 
 
 
 
 18 
Questão 2 
Para os autores com os quais trabalhamos nesta aula, a principal 
característica do trabalho docente é a relação face a face com o outro. O 
objeto do trabalho docente é outro ser humano, tal qual o trabalhador. Entre 
as consequências dessa particularidade, podemos afirmar que esse trabalho: 
 
a) Envolve questões de poder, conflitos e valores, o que torna o exercício 
da profissão docente mais complexo. 
b) Levanta questões que se inserem principalmente na dimensão afetiva, 
o que facilita e simplifica o trabalho. 
c) Lida com um objeto passivo, que não oferece resistência aos 
trabalhadores, facilitando o clima para a realização do trabalho. 
d) Está centrado na relação entre as pessoas, o que torna o trabalho 
sempre agradável, facilitando a mediação entre os estudantes e o 
conhecimento. 
 
 
Questão 3 
Marque V (verdadeiro) ou F (falso), de acordo com a afirmativa “com relação 
às transformações sociais na contemporaneidade podemos afirmar que”. 
 
( ) Elas produzem mudanças e desafiam as instituições de ensino e o 
trabalho do professor porque exigem que se dê conta de tarefas que 
outrora eram das famílias. 
( ) Elas não afetam o trabalho das instituições de ensino, visto que essas 
são instituições singulares e preservadas do meio social. 
( ) Elas afetam o trabalho do professor, exigindo deles uma formação 
permanente no que se refere à cultura das novas gerações e aos 
avanços tecnológicos. 
 
 
 
 
 
 19 
Questão 4 
Para Bourdieu, a escola é importante porque: 
 
a) O professor é naturalmente uma figura modelar, estruturando a 
subjetividadedo estudante. 
b) Os estudantes entram em contato com diferentes culturas. 
c) O estudante aprende não só os conhecimentos trabalhados, mas 
também métodos de trabalho, processos de pensamento, valores, 
modos de ser, de agir e de pensar. 
d) É um espaço de circulação de diferentes culturas. 
 
 
Questão 5 
O professor Libâneo (2008) afirma que o professor precisa “conhecer e 
compreender motivações, interesses, necessidades de alunos diferentes entre 
si, ajudá-los na capacidade de comunicação com o mundo do outro, ter 
sensibilidade para situar a relação docente no contexto físico, social e cultural 
do aluno”. Nesse sentido, para este autor é necessário que o professor saiba: 
 
a) Superar a ideia de que o mais importante é uma educação igual para 
todos, reforçando a centralidade das diferenças culturais. 
b) Enfrentar e lidar com as a diferenças culturais, sem deixar de lado a 
busca por uma educação igual para todos. 
c) Reconhecer as diferenças culturais para propor mecanismos que 
permitam superá-las em direção a uma educação igual para todos. 
d) Dar prioridade às diferenças culturais, minimizando a ideia de avançar 
no sentido de uma educação igual para todos. 
 
 
 
 
 
 
 20 
Atividade proposta 
Em relação às principais ideias contidas no artigo/na entrevista é possível 
destacar que a entrevistada valoriza: 
 
 A parceria entre Harvard e as instituições universitárias brasileiras, 
afirmando que elas têm muito o que aprender com essa troca; 
 
 O nível dos pesquisadores e dos estudantes universitários brasileiros; 
 
 O fato de Harvard ir ao encontro (durante o processo seletivo) dos 
estudantes (dentro e fora dos Estados Unidos) que manifestam 
interesse de lá ingressar para que eles conheçam bem tudo o que a 
instituição pode lhes oferecer; 
 
 O fato do processo seletivo para ingresso na Universidade de Harvard 
estar baseado (1) em exames de qualificação, como o SAT; (2) na 
avaliação de ensaios que os candidatos enviam (os ensaios servem 
para avaliar a escrita e as ideias de cada jovem); (3) na análise do 
histórico escolar do aluno, para verificar como ele evoluiu ao longo do 
ensino médio; e (4) na análise das atividades extracurriculares desses 
alunos; 
 
 O fato de Harvard entender que é importante ter alunos que 
expressem capacidade liderança, caráter e diversidade de interesses. A 
Universidade ressalta que “a convivência no campus é algo muito 
valorizado e saber que cada estudante vai contribuir de forma 
enriquecedora é uma força que nos motiva na hora de selecionar 
nossos estudantes”; 
 
 
 21 
 Harvard ter uma longa tradição de excelência, uma vez que se 
preocupa em atrair os melhores talentos. E que isso seja parte de seu 
sucesso e excelência; 
 
 O sucesso de Harvard estar relacionado à “ajuda generosa de famílias, 
apoiadores e ex-alunos, pessoas que continuam a contribuir com 
Harvard mesmo depois de terem deixado a universidade”; 
 
 A relevância do caráter multinacional do campus, com pessoas de 
diversos países e culturas, contribuindo para a inovação e a excelência. 
Isso ajudaria no processo de descoberta e aprendizagem; 
 
 O fato de que para Harvard, “a universidade não deve se preocupar 
apenas com o bem estar imediato dos seres humanos, precisa fazer 
também com que eles sejam sábios. As universidades têm esse 
propósito humano, histórico, antropológico, que nos faz transcender o 
momento presente. Não nos preocupamos apenas se nossos alunos 
terão emprego amanhã. Precisamos garantir que eles tenham 
conhecimento”; 
 
 A necessidade das universidades poderem dar respostas aos grandes 
problemas das sociedades e do planeta – as pesquisas e a educação (o 
conhecimento) que as universidades oferecem podem causar impactos 
no tange a essas respostas; 
 
 O simbolismo e o significado de uma reitora mulher contribuindo para 
a valorização do papel da mulher na sociedade. 
 
Uma vez que foi sugerido que você também se posicione quanto às principais 
ideias, apontando aquelas com as quais concorda e/ou aquelas das quais 
discorda, é importante que você construa suas próprias argumentações. 
 
 
 22 
Nesse caso, não há certo ou errado, nem mesmo um gabarito fixo. Aqui o 
importante que você utilize sua capacidade de análise crítica. Ou seja, você 
deverá dizer por que concorda ou porque discorda das ideias apresentadas 
pela entrevistada e que foram aqui sistematizadas. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 – D 
Justificativa: O professor universitário precisa enfrentar vários desafios: desde 
a constante desmotivação dos alunos, que muitas vezes não se interessam 
pelos chamados conteúdos específicos até novas demandas, como por 
exemplo, saber articular tais conteúdos específicos com a complexidade do 
contexto que marca a nossa contemporaneidade. O domínio de um 
determinado conteúdo e o do respectivo saber fazer (saberes profissionais 
diversos) não se transformam automaticamente em saber didático que 
permita ao professor exercer bem o seu papel no ensino. Isso significa dizer 
que aqueles que escolhem exercer a atividade docente precisam adquirir, 
desenvolver e construir esses conhecimentos e habilidades específicas. Diante 
dessas considerações a afirmativa apresentada do enunciado dessa questão é 
falsa pela própria justificativa apresentada na quarta alternativa. 
 
Questão 2 – A 
Justificativa: Ter o outro e, consequentemente, a relação com esse outro no 
centro de seu trabalho e de sua prática vai exigir do professor lidar com 
questões de poder em função dos papéis e lugares que cada um dos sujeitos 
envolvidos nessa relação ocupa: trabalhar construindo relações mais 
democráticas e simétricas é algo que vai exigir muito preparo por parte do 
professor. Lidar com questões de poder e complexo e exige complexas 
habilidades. Além disso, saber lidar com as diferenças é outro desafio 
relevante. As diferenças podem gerar conflitos de diferentes dimensões 
inclusive no que se refere aos valores. Administrar isso impõe desafios e 
exige conhecimentos plurais. 
 
 23 
Questão 3 – V, F, V 
Justificativa: Várias observações feitas no próprio texto desta aula sustentam 
e justificam as alternativas verdadeiras, como por exemplo: 
 
[...] Tedesco e Fanfani (2004) assinalam que “esses 
processos produziram mudanças profundas no sistema de 
instituições responsáveis pela socialização infantil e juvenil”, 
entre as quais se encontram a escola básica e a universidade, 
que estão submetidas a um novo conjunto de demandas 
sociais. 
 
 “Em alguns casos, chega-se a pedir à escola o que as 
famílias já não estão em condições de dar: contenção afetiva, 
orientação ético-moral, orientação vocacional...” (TEDESCO e 
FANFANI, 2004, p. 70). 
 
[...] Referindo-se a esse “novo aluno”, Dubet (1988) assinala 
que se trata de um agente confrontado com uma grande 
diversidade de orientações, isto é, com certos antagonismos, 
e que é obrigado a construir por si mesmo o sentido da 
experiência. Para o autor, a grande dificuldade está em se 
motivar, em conseguir dar sentido aos estudos. 
 
Assim, de acordo com Tedesco e Fanfani (2000), impõe-se aos “novos 
professores” a exigência de que, além das competências e habilidades que 
tradicionalmente davam conta dos processos de aprendizagem, sejam eles 
mesmos experts na cultura das novas gerações, na medida em que a 
transmissão da cultura escolar deverá levar em conta não só as etapas 
biopsicológicas do desenvolvimento do estudante, mas também as diversas 
culturas e relações com a cultura que caracteriza os destinatários da ação 
pedagógica.24 
Questão 4 – C 
Justificativa: Embora a demais afirmativas estejam corretas, a terceira 
alternativa é a correta porque está diretamente relacionada ao pensamento 
de Bourdieu (o enunciado faz referência a autor) expresso nesta aula. 
 
Questão 5 – B 
Justificativa: a segunda alternativa está correta, pois se fundamenta no 
trecho extraído da própria aula a saber: 
 
Para o autor, ajudar as pessoas a constituir suas 
subjetividades, nesse contexto, é enfrentar a diferença e a 
diversidade cultural. “Como lidar didaticamente com a 
diversidade cultural e com a diferença na escola e na sala de 
aula?” 
 
Para ele, esse não é um desafio novo, mas uma tarefa que se 
tornou mais complexa nos tempos atuais. “Trata-se de 
enfrentar uma poderosa contradição. Por um lado, o justo é 
uma educação igual para todos. Por outro lado, também é 
justo um ensino que contemple a diversidade dos alunos”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualizado em 16 mai. 2014

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