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Política Educacional no Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
EDU 144 – ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
PROFESSOR JOSÉ HENRIQUE DE OLIVEIRA
JUNIMAR J. A. OLIVEIRA – 66408
ARTHUR PRADO – 80106
Texto: FRIGOTTO, Gaudêncio. Os circuitos da história e o balanço da educação no Brasil na primeira década do século XXI
A política macroeconômica se mostrou fiel aos interesses da classe detentora do capital e, por outro, no investimento na melhoria de vida de uma fração de classe (trabalhadora) que, embora majoritária, não consegue construir desde baixo as suas próprias formas de organização. Tal opção política por executar o programa de combate à desigualdade dentro da ordem confeccionou nova via ideológica, com união de bandeiras que pareciam não combinar.
Continuidade, no entanto, não significa que um mesmo projeto estrutural seja conduzido da mesma forma. As forças que protagonizaram o chamado ajuste estrutural na década de 1990, particularmente durante os oito anos do Governo Fernando Henrique Cardoso, representam o núcleo dominante da minoria prepotente, o qual, por seus vínculos orgânicos com o grande capital e quadros de intelectuais altamente preparados, definiram o movimento de pêndulo, entre a construção de uma nação autônoma e soberana e um projeto modernizador e de capitalismo dependente.
As reformas neoliberais, ao longo do Governo Fernando Henrique, aprofundaram a opção pela modernização e dependência mediante um projeto ortodoxo de caráter monetarista e financista/rentista. Em nome do ajuste, privatizaram a nação, desapropriaram o seu, desmontaram a face social do Estado e ampliaram a sua face que se constituía como garantia do capital. Seu fundamento é o liberalismo conservador redutor da sociedade a um conjunto de consumidores. Por isso, o indivíduo não mais está referido à sociedade, mas ao mercado. A educação não mais é direito social e subjetivo, mas um serviço mercantil.
No primeiro caso, trata-se do encastelamento no plano de uma pureza teórica abstrata e moralista para a qual tudo é reformismo, o que conduz a uma posição imobilista. No segundo caso, está o comissário centrado em suas fatias de poder, exercendo uma atitude pragmática, utilitarista e oportunista, capaz de subordinar os interessas da sociedade aos seus.
Três mecanismos articulados estão em ampla expansão nas secretarias estaduais e municipais de educação. O primeiro mecanismo chega ao chão da escola calcado na ideia de que a esfera pública é ineficiente e que, portanto, há que serem estabelecidas parcerias entre o público e o privado, mesmo mediante disfarce, quando o privado permanece encoberto pelo eufemismo que engloba organizações sociais ou o chamado terceiro setor. A esses institutos privados ou ONGs cabe selecionar o conhecimento, condensá-lo em apostilas ou manuais, orientar a forma de ensinar, definir os métodos de ensino, os critérios e processos de avaliação e controle dos alunos e dos professores.
O segundo mecanismo, decorrente do anterior, talvez o mais proclamado pela mídia, notadamente pelas revistas semanais, é justamente o de se atacar a natureza da formação docente realizada nas universidades públicas, com o argumento de que os cursos de pedagogia e de licenciatura se ocupam muito com a teoria e com análises econômicas sociais inúteis e não ensinam o professor as técnicas do “bem ensinar”.
O terceiro mecanismo, trata-se das ações de desmontar a carreira e organização docentes mediante políticas de prêmio às escolas que, de acordo com os critérios oficiais, alcançam melhor desempenho, remunerando os professores de acordo com sua produtividade em termos do quantitativo de alunos aprovados. Os institutos ou organizações privadas, para assessorar ou atuar diretamente nas escolas, têm a incumbência de avaliar professores e alunos de acordo com os conteúdos, métodos e processos prescritos. O que se busca, para uma concepção mercantil de educação, é, pois, utilizar na escola os métodos do mercado.
Torna-se importante destacar que mesmo mantendo a conjuntura dependente do governo FHC, não se pode afirmar que as ações do bloco no poder do governo Lula são meras continuidades do governo anterior. O período de governo Lula, no plano social e também educacional, mostra-se como um processo de continuidade e descontinuidade. 
A continuidade a que se refere o autor não impõe na análise o entendimento de que o projeto societário tenha sido conduzido da mesma maneira. Isso porque no governo FHC foi preponderante a defesa dos interesses do núcleo dominante que aprofundou a dependência do país ao capital financeiro e monetário retraindo o caráter social do Estado e simplificando as ações sociais a meros serviços mercantis.
É fato que a política educacional implementada com Lula acaba ainda se orientando pelas legislações educacionais do período anterior, o que não podia ser diferente, inclusive no tocante às propostas do PNE. Entretanto, algumas ações postas em prática, em especial com o IDEB, acabaram por implementar, efetivamente, ações concretas para resolver a questão histórica da qualidade da educação escolar brasileira.
Assim as políticas neoliberais na área educacional impuseram mudanças significativas no ensino ofertado pelas escolas públicas. De acordo com Frigotto (2002), uma marca importante desse processo é a privatização do pensamento pedagógico. O principal mote desse processo constitui-se nas parcerias com o setor privado em que a ideologia da solidariedade passa a impulsionar o âmbito organizativo e institucional da educação escolar pública

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