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____________________________ 
1
Rita de Cassia Fernandes da Costa- Pedagoga, especialista nos Novos Saberes e Fazeres da Educação 
Básica e Docência do Ensino Superior. È professora em Sociologia e Coordenadora Pedagógica de 
Educação Infantil. 
 
RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO 
DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL DE ESTUDANTES 
AFRO-DESCENDENTES. 
 
Rita de Cassia Fernandes da Costa² (UFAL) 
rita.costaf@hotmail.com 
 
 
RESUMO: O presente trabalho foi realizado em uma Escola Publica e vem analisar o 
papel da Escola na formação da identidade dos alunos afro-descendentes focando o 
preconceito como fonte principal a ser refletida, uma vez que se percebe a 
discriminação por parte dos colegas e professores presentes, porém, de forma silenciada 
dentro das Escolas. Os aspectos desse artigo têm como objetivo oportunizar espaços de 
estudo e sensibilizar os profissionais de educação, na construção de uma educação 
inclusiva, tendo-se como parâmetros a desconstrução das visões preconceituosas e 
estereotipadas da cultura negra. Ao analisar o papel da escola na construção da 
identidade étnico-racial dos estudantes afro-descendentes observa-se que os estudantes 
negros e negras ao construir para si algo que o destaque dentro da instituição de ensino 
muitas vezes são colocados em situações de críticas contundentes ou são ignorados nas 
relações estabelecidas na escola e nos demais grupos sociais. Este artigo vem investigar 
o processo educativo escolar tendo como horizonte a possibilidade de promover a 
educação das relações étnico-raciais na escola e na sociedade com as alterações da 
LDB, tendo em vista a Lei n.10.639/2003. 
PALAVRAS-CHAVE: escola, identidade e racismo. 
 
INTRODUÇÃO 
 O Estado brasileiro, nas últimas décadas, tem contemplado o Ensino 
Fundamental como uma das prioridades de desenvolvimento. Isso pode ser percebido 
2 
 
 
através de sua legislação que no decorrer das duas últimas décadas tem expressado em 
diferentes documentos essa indicação: na promulgação da Constituição Federal de 1988 
(Art. 208, Inciso IV), na aprovação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(Lei n. 9.394/96) e no Referencial Curricular Nacional do Ensino Fundamental (RCNEF 
– BRASIL. Outro ponto importante a ser destacado foi a implantação do Fundo 
Nacional de Educação Fundamental – FUNDEF1 – em 1998, que contribuiu de forma 
decisiva para a ampliação da Educação Fundamental como um importante mecanismo 
de redistribuição de recursos. 
De fato, o Ensino Fundamental tem ganhado realce nas recentes políticas de 
educação. A pesquisa apresentada neste artigo tem como objetivo, repensar o papel da 
escola na formação de sujeitos comprometidos com a diversidade e com a promoção de 
relações étnico-raciais igualitárias a partir do Ensino Fundamental. Percebe-se através 
de dados de pesquisas que a discussão da diversidade precisa ser trabalhada caso a 
escola queira exercer esse papel (RIBEIRO, 2000;). O preconceito étnico-racial é 
fortemente reproduzido dentro das escolas e precisa, portanto, ser discutido entre os 
atores da escola. A escola nesse sentido torna-se um importante espaço de luta contra o 
racismo o que é tarefa de todos os que nela convivem, independente do seu 
pertencimento étnico-racial, crença, religião, ou qualquer outra posição social. 
Este artigo também toma como base a aprovação e a implementação da Lei 
10.639 de 09/01/2003, que dimensiona o ensino de História da África e Cultura Afro-
brasileira no currículo escolar, tornando-o obrigatório na educação básica; respaldados 
pelo Parecer do CNE/CP003 (BRASIL, 2004), que iniciou amplas discussões sobre a 
identidade da cultura afro-brasileira, como o combate a discriminação racial no espaço 
escolar em seus diferentes níveis de ensino. 
Este trabalho foi realizado em uma Escola pública, tendo como alvo os 
profissionais de educação e alunos. É um relato de uma experiência de debate, reflexão 
e sensibilização no espaço escolar sobre as questões raciais. 
 
1
 A partir da implantação do FUNDEF em 1998 o Ensino Fundamental foi ampliado, com isso crianças, 
jovens e adultos ficaram às margens desse investimento,o que resultou numa demanda de 
aproximadamente 50 milhões jovens e adultos que não tinham o ensino fundamental completo,através 
dessa limitação foi implantado FUNDEB que veio preencher essa lacuna com diretrizes que 
democratiza,incentiva e assegura a Educação Básica. 
3 
 
 
Neste sentido, foram realizadas oficinas e discussões sobre o tema envolvendo 
os sujeitos da escola para evidenciar a reflexão sobre o valor da igualdade, colocando 
em debate as formas de discriminação e as práticas dos educadores que buscam realizar 
a tarefa de ensinar e trabalhar com responsabilidade os valores étnico-raciais na escola 
para assegurar os valores humanos e assim contribuir para uma sociedade mais 
igualitária sem preconceito no seio dos estudantes e de todos os que compõem o espaço 
escolar. 
Segundo Cavalleiro (2003), esse aprendizado não é resultado de processo 
individual. A autora nos convida a dar os primeiros passos para que o Brasil rompa o 
silêncio em torno do racismo e comece a lutar para eliminá-lo de vez do sistema 
educacional. A partir disso, é possível pensar na construção de uma escola que 
contemple a discussão sobre as questões raciais e influencie positivamente no processo 
de construção de identidade étnico-racial desses estudantes. Preocupados com essa 
realidade, procurou-se trabalhar junto a professores e alunos. 
 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
A Lei nº. 10.639, de nove de janeiro de 2003, sancionada pelo presidente da 
República, Luiz Inácio Lula da Silva, torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura 
Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. O Conselho 
Nacional de Educação (CNE) estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana, dispostas no Parecer do Conselho, CNE/CP 003/2004 e CNE/CP 
Resolução. 1/2004. 
Esses documentos garantem que o tema das relações étnico-raciais seja tratado 
em todos os sistemas de ensino, incluindo aí a rede particular de ensino, a partir de uma 
abordagem que promova o valor da diversidade em nosso país (CAVALLERO E 
SANTOS, 2005). Em um país como o Brasil, que ainda conserva uma herança 
escravocrata enorme, as desigualdades enraizadas pelas políticas econômicas e públicas, 
4 
 
 
principalmente na área social, revestem-se de uma importância que não podem ser 
desconsideradas. 
A partir destes fatos, o esforço de consolidação das iniciativas que visam a 
elevação da qualidade de vida das populações, essencialmente dos segmentos 
marginalizados, seja por motivos culturais, econômicos ou étnicos, infelizmente ao 
longo dos tempos não têm produzido os resultados esperados. Isso também vem 
ocorrendo na educação. Dados recentes mostram que as condições sócio-econômicas, 
culturais e étnicos continuam colocando barreiras para que a qualidade de vida garantida 
pelas leis brasileiras não atinja de fato a todos os brasileiros. 
Diversos autores (CAVALLERO, 2001; ORTIZ, 2003; MOURA & PEREIRA, 
2005; SILVA, 2001) preocuparam-se com a relação entre racismo e educação, 
desenvolvendo pesquisas nessa linha. Gusmão (1999) realizou um estudo com crianças 
pobres de periferia urbana ou do meio rural, etinha como objetivo verificar de que 
forma estigmas e estereótipos se fixam na vida do negro. Para tal, foram analisados 
desenhos nos quais foi possível observar como se estrutura o mundo simbólico e de que 
forma as crianças olham o mundo e são olhadas por ele. No universo investigado, 
incluiu-se também o sistema educacional. 
Por meio dos desenhos, foi possível observar qual a compreensão tida pelos 
dois mundos: brancos/negros. O branco foi representado como vinculado ao que é 
civilizado, urbano, bem apresentado, sorridente, enquanto o negro seria o inverso: o 
meio rural, ligado ao trabalho físico, desprovido de dinheiro e de possibilidades. A 
imagem do negro é mutilada de atribuições positivas, é representada pelas crianças 
como um mundo triste, marcado pela violência e pela distância real e simbólica entre 
brancos/negros. 
CAVALLERO (2006) registra que o preconceito às vezes começa em casa 
onde as relações – mais próximas – estabelecidas reproduzem através de práticas e 
discursos a idéia de diferença a partir de uma construção negativa do outro. Tais 
atitudes mostram que os indivíduos parecem ter seus lugares bastante delimitados no 
imaginário coletivo, transbordando para o convívio social. 
Observa-se na atividade proposta nesta pesquisa – e que será mais bem 
aprofundada no tópico seguinte – que alguns estudantes mostraram-se hostis frente a 
5 
 
 
essa postulação, demonstrando a sua indignação contra conteúdos discriminatórios. 
Mas, haveria ainda os que se "adaptam" ao discurso do opressor, percebendo-se como 
alheios, sem humanidade, impossibilitados de protestar contra sua condição por se 
sentirem conformados pela imposição dos padrões dominantes de diretores e alguns 
professores. 
Deste modo a educação étnico-racial tem por objetivo divulgar, produzir, e 
trabalhar na escola e na comunidade conhecimentos, atitudes, posturas e valores que 
tratem da pluralidade racial preparando os seus alunos no sentido de respeitar e aceitar 
as diferenças. Dentro destes princípios, algumas reflexões parecem necessárias quando 
se tenta compreender a trajetória das políticas públicas no Brasil, na promoção da 
eqüidade social e a superação dos desequilíbrios, à garantia de direitos fundamentais da 
cidadania. 
O Brasil, a partir da sua história de colonização, nunca obteve uma identidade 
autêntica, uma pluralidade de identidades construídas por diferentes grupos sociais em 
diferentes momentos históricos (ORTIZ, 2003). Nesse sentido, é um desafio 
desenvolver na escola, novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das 
múltiplas identidades que integram a identidade do povo brasileiro (MOURA 2005). 
 
Ainda existindo estas dificuldades, podem-se perceber nas escolas algumas 
mudanças básicas, nos currículos e nos relacionamentos escolares e em sala de aula. 
Percebe-se que desde a educação infantil aos cursos superiores, a educação, enquanto 
espaço de socialização e de instrução e de aquisição de conhecimentos, vem sendo cada 
vez mais democratizada e universalizada (PEREIRA, 2005). 
No entanto, mesmo existindo estas mudanças, principalmente da postura da 
escola em relação às etnias raciais, apesar de importância e diversidade dos trabalhos 
sobre relações étnicas raciais e educação, ainda faltam muitos aspectos a serem 
desenvolvidos. 
Diante da complexidade da realidade brasileira e da forma pela qual o racismo 
se expressa na escola, à inclusão clara, transparente e global ainda continua distante da 
realidade. Sendo assim, fica claro que todos os esforços devem ser feitos para viabilizar 
6 
 
 
uma educação que de fato seja um marco no tratamento das questões da infância e da 
adolescência e das diversas variáveis étnico-raciais. 
As diretrizes que refletem esses esforços podem ser percebidas nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs). Nestes documentos do Ministério da Educação e 
Desporto/Secretaria da Educação Fundamental (BRASIL, 1998), a escola deverá 
contribuir para que princípios constitucionais de igualdade sejam viabilizados, 
principalmente no que se refere às questões da diversidade cultural. 
Nesse sentido, Ribeiro (2002, p. 150) afirma: 
"Crianças brasileiras de todas as origens étnico-racias têm direito 
ao conhecimento da beleza, riqueza e dignidade das culturas 
negro-africanas. Jovens e adultos têm o mesmo direito. Nas 
universidades brasileiras, procure nos departamentos as disciplinas 
que informam sobre a África. Que silêncio lamentável é esse, que 
torna invisível parte tão importante da construção histórica e social 
de nosso povo, e de nós mesmos?” 
 
Já foi revelado, é fato que o preconceito racial e a discriminação se proliferam 
nas escolas, através de mecanismos ou funcionamento do ritual pedagógico entendido 
como a materialização da prática pedagógica, exclui dos currículos escolares a história 
de luta dos negros na sociedade brasileira. Sobre tal aspecto, (CAVALLERO, 2000) 
afirma: 
"É flagrante a ausência de um questionamento crítico por parte das 
profissionais da escola sobre a presença de crianças negras no 
cotidiano escolar. Esse fato, além de confirmar o despreparo das 
educadoras para relacionarem com os alunos negros evidencia, 
também, seu desinteresse em incluí-los positivamente na vida 
escolar. Interagem com eles diariamente, mas não se preocupam 
em conhecer suas especificidades e necessidades" (CAVALLERO, 
2000, p. 35). 
Não se pode negar, as conseqüências destas atitudes racistas nas vidas de 
milhões de crianças e jovens brasileiros. Entende-se que a Lei 10.639 de 9 de janeiro de 
2003 que altera a LDB 9.394/96, "para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a 
obrigatoriedade da temática História e Cultura afro-brasileira" e para influenciar a 
elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
raciais e para o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana (CNE, 2004), foi, 
7 
 
 
sem dúvida alguma, um grande avanço, no entanto, quase nada foi realizado para 
materializar estas propostas, as condições materiais das escolas, a formação dos 
professores ainda continuam insuficientes para oferecer educação de qualidade para 
todos, assim como o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos 
descendentes de africanos (BRASIL, 1998). 
Os problemas e deficiências podem ser vistos, ainda nas questões curriculares. 
Neste sentido, o que mais ocorrem são as questões defendidas por Moura (2005), 
segundo o qual, as escolas adotam um currículo que encobre e/ou mascara os principais 
objetivos do ensino e aprendizagem. Segundo essa autora, o currículo adotado é 
invisível, ele promove a transmissão de valores, de princípios de conduta e das normas 
de convívio, dos padrões sócio-culturais inerentes à vida comunitária, no entanto o faz 
de maneira informal e não explícita, permitindo sempre uma afirmação positiva da 
identidade de um determinado grupo social em detrimento de outros. 
É importante incorporar nos currículos do Ensino Fundamental, práticas e 
metodologias que possibilitem a construção de um sentimento de identificação, que 
regaste a história dos negros, sua herança africana e sua importância na formação do 
Brasil. 
METODOLOGIA: 
Este estudo organizou-se em três momentos: I- Acompanhamento do processo de 
ensino com vista a constatar problemas de discriminação nas salas de aulas posto que 
seja trabalhadas aulas sobre as relações étnicas- raciais na educação enfocando a história 
da população negra como marco na Cultura Brasileira e na Educação. II- Análise dos 
documentos Lei n. 10.639/2003, LDB, DCN para a educação das relações étnico-raciais 
e para o Ensino de História e CulturaAfro-Brasileira e Africana. III- A base teórica e 
metodológica que esta pesquisa utilizou assenta-se no pensamento dialético dos autores 
estudados com vista a efetuar a análise de contextos com a possibilidade de mesclar 
elementos para dar conta dos artefatos que possivelmente serão evidenciados no 
processo da pesquisa. 
 Para a realização desta pesquisa no primeiro momento apresentamos o tema a ser 
trabalhado na Escola, entrevistamos os professores os quis relataram diversas formas de 
8 
 
 
preconceito atribuídas aos estudantes afro-descendentes nas salas de aula em todas as 
modalidades de ensino. Ao ouvirmos os estudantes, as histórias contadas por eles 
demonstra uma realidade fortemente marcada pelo preconceito étnico racial implantado 
na vida social e vivenciado dentro da Escola. Esse fato evidenciou a ausência do 
reconhecimento da identidade da cor negra no alunado que não se identifica como negro 
ou negra mesmo tendo esta cor de pele, a partir disso discutiu-se o referencial teórico 
ser estudado e colheu-se dados escrito pelos alunos os quais mostraram os seguintes 
problemas atribuídos ao negro dentro e fora da Escola : 
 I - Discriminação Racial. 
II - Ausência de conteúdos no espaço escolar sobre a história e a cultura do povo 
negro. 
III - Uso de material pedagógico contendo imagem estereotipada do negro. 
 IV - A falta de reconhecimento e contribuições do povo negro. 
A partir desses dados percebu-se a necessidade de se implantar na Escola estudos 
pedagógicos voltados à desconstrução de atitudes preconceituosas e discriminatórias, 
como base teórica utilizamos as obras de Eliane Cavalleiro Consideramos a Lei n. 
10.639/2003 como instrumentos necessários para dar início à socialização da nossa 
pesquisa. 
No segundo momento foi realizada palestras explicando a obrigatoriedade da 
implementação da lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003, LDB, DCN para a educação das 
relações étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 
Através da matriz africana, os professores salientaram que jovens e crianças reproduzam 
e recriam nas suas experiências cotidianas, na vida familiar e nas celebrações grupais e 
que a importância dos valores passados de geração em geração continuam presentes na 
sociedade brasileira em especial a pertinência africana. Durante a realização do projeto 
trabalhamos as mais diversificadas atividades pedagógicas, desde trabalhos com 
produção de textos a leituras de documentos como “O trato pedagógico da questão 
racial no cotidiano escolar, p 69”, os autores acima citados, apresentações dos 
estudantes com a História e Cultura da África e exposição dos trabalhos. 
 No terceiro momento foi realizado um evento com várias danças africanas, 
comidas típicas da cultura negra destacando os estudantes negros e negras como um ser 
de direitos, belezas e igualdade, homenagearam a celebridades negras entre elas 
9 
 
 
destacou-se a figura de Nelson Mandela como líder de luta contra o racismo e a favor da 
paz mundial. Esse estudo nos convidou a refletir sobre a imagem que o próprio 
estudante afro-descendente tem de si e dos outros, fez-se necessário questionarmos que 
o aluno se reflete nas organizações das atividades nas instituições especialmente nas 
variadas formas de avaliação. Concluímos que a educação diante disso tudo, precisa se 
inserir no contexto das salas de aula e partir da idéia do aluno enquanto um ser social 
dotado de cultura que o define. E para tanto é preciso reconhecer a importância da 
afirmação da identidade étnico-racial dentro da escola levando em conta os valores 
culturais dos alunos e respeitando a história de seu grupo étnico/social. 
ANALISE DO MATERIAL 
Este artigo vem investigar a construção da identidade dos estudantes afro 
descendentes na Escola e a forma como o processo educativo vem trabalhando as 
relações étnico-raciais. 
O resultado dessa pesquisa reflete a discussão da diversidade, os resultados aqui 
apresentados mostram que as tarefas do educador e da educadora são várias, entre elas, 
é necessário: entender e refletir sobre os mecanismos de dominação – cultural, 
econômica, social e política; educar o “olhar” para as diferenças étnico-raciais e 
culturais; não discriminar nenhuma cultura, entender as diferenças e aprender a respeitá-
las (reconhecer e valorizar as suas contribuições). 
O estudo realizado neste material considera que o educador precisa estar 
preparado para lidar com as diferenças, mudando o paradigma, ou seja, repensar as sua 
práticas pedagógica, valores, conteúdos, entre outros, a partir da realidade social, 
cultural e étnico-racial. Precisa conquistar cada vez mais conhecimento. Para justificar a 
desigualdade, reconhecer que todos os alunos são diferentes. Criar situações positivas e 
proveitosas afetivas. Ressaltar a igualdade. Compreender a diversidade como riqueza do 
nosso país e perceber que ela está presente na sala de aula. Melhorar o nosso cotidiano – 
combatendo os preconceitos e a discriminação promovendo a inclusão. Todo educando 
tem um lugar na escola. Quais as condições necessárias para que a aprendizagem dos 
estudantes brancos e/ou negros aconteça, reconhecendo o seu lugar no grupo (sua etnia, 
sua história etc.) O docente precisa olhar para o seu aluno com respeito e segurança para 
a partir desse olhar oferecer segurança ao educando 
10 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Faz-se necessário que as escolas e seus profissionais promovam um amplo 
movimento, tendo como horizonte a discussão e redimensionamento dos currículos, dos 
materiais pedagógicos com relação às etnias e a comunidade negra incluindo ainda nas 
manifestações escolares, nas discussões a comunidade negra e as diversidades culturais 
e, principalmente, as questões referentes aos mesmos deveres e direitos garantidos pelo 
Constituição Federal de 1988. Professores e demais profissionais educacionais que 
circundam a pré-escola, com o intuito de educar na diversidade, devem oferecer 
oportunidade para que as crianças façam sua interpretação do mundo. 
Por isso, as salas de aula de Ensino Fundamental devem ser de fato um 
ambiente prazeroso, onde são oferecidos estudos, trabalhados e todos os tipos de 
materiais para que, através da observação, comparação, classificação e reflexão, os 
estudantes possam descobrir a importância da cultura, das manifestações artísticas, das 
crenças, rituais afro-brasileiras, procurando se apropriar delas, e assim, construir 
conhecimentos históricos importantes para a própria luta social. 
Tendo em vista, a população brasileira e sua evidente pluralidade, não se pode 
mais permitir que tantas crianças e jovens neguem sua identidade porque não conhecem 
sua história. A Escola brasileira precisa conhecer e vivenciar a diversidade de seus 
alunos, e principalmente permitir que a Escola seja um instrumento de alfabetização, 
mas também um instrumento de crescimento cultural, de descoberta de experiências 
étnicas- raciais. 
É primordial, portanto, que na primeira etapa a educação básica, definida pela 
Lei de Diretrizes e Bases (LDB n. 9.394/96), que os educadores proporcionem aos 
estudantes atividades que desenvolvam suas potencialidades no aspecto cognitivo, 
afetivo, psicomotor e social. Vale destacar nesse processo a necessidade emergente e 
urgente de diretrizes para uma sólida formação do profissional da educação tendo como 
enfoque, as relações étnico-raciaiais. 
REFERÊNCIAS 
11 
 
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto/secretaria de Educação Fundamental. 
Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. 
BRASIL Ministério da Educação /Secretaria da Educação Continuada, Alfabetizaçãoe 
Diversidade; Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico – Raciais. 
Brasília: SECAD, 2006. 
BRASIL Ministério da Educação - Gênero e diversidade na Escola: Formação de 
professoras/es em Gênero, Sexualidade,Orientação Sexual e Relações Étinico-
Raciais.In Caderno de atividades.Rio de Janeiro:CEPESC,2009. 
CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: Educação e Poder; 
racismo, preconceito e discriminação na Educação Infantil. São Paulo, Summus, 2000. 
CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e anti –racismo na educação- repensando nossa 
Escola. – org, São Paulo: Summus, 2001. 
 
GUSMÃO, N.M. Linguagem, cultura e alteridade: imagens do outro. In:Cadernos de 
pesquisa, Fundação Carlos Chagas n.107, julho, 1999. 
MOURA, Glória. O Direito à Diferença. In. Superando o Racismo na escola. 2º edição 
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MEC/SEC, 2005. 
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo, Brasiliense, 2003. 
PEREIRA, Amauri Mendes. Escola - espaço privilegiado para a construção da cultura 
de consciência negra. In: ROMÃO, Jeruse (Org.) História da Educação do Negro e 
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RIBEIRO, Romilda Iyakemi. Até quando educaremos exclusivamente para a 
branquitude? Redes-de-significado na construção da identidade e da cidadania. In: 
POTO, M R S, CATANI, A M, PRUDENTE, C L e GILIOLI, R S. Negro, educação e 
multiculturalismo: Editor Panorama, 2002. 
12 
 
 
SILVA, M. A "Formação de educadores/as para o combate ao racismo: mais uma tarefa 
essencial" In: Cavalleiro (org.) Racismo e anti-racismo na educação. São Paulo: 
Summus, 2001.

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