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RESUMO - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

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Introdução ao Direito 
Fundamentos do ordenamento jurídico em termos metafísicos 
 Recorrer aos elementos metafísicos, elementos que não podem ser apreendidos pelos 
sentidos, situados como estão além do mundo físico, é uma das possíveis formas de se explicar 
os fundamentos do ordenamento jurídico, apontando-lhe as origens, os elementos 
diferenciadores em relação a outros sistemas normativos e a razão de sua obrigatoriedade. 
 Recorrer aos elementos metafísicos é o mesmo que recorrer, basicamente, às 
correntes naturalistas, que recorrem ao direito natural.1 2 
As correntes jusnaturalistas ao longo da história e seu elemento comum 
 Para Kelsen o jusnaturalismo emana da natureza, da razão humana ou da vontade de 
Deus3, por esse motivo sustenta que há um ordenamento das relações humanas mais elevado, 
valido e justo, diferente do direito positivo. A origem e a natureza do jusnaturalismo depende 
da visão de cada pensador da matéria, que varia, paradoxalmente4, com o tempo e o lugar da 
discussão5. 
 No Egito antigo, e demais estados teocráticos da antiguidade6, ainda não se era claro o 
um ordenamento diferente do Direito positivo. O Faraó representava a vontade divina como 
também era um Deus: o justo é aquilo que ele ordena, não há lei, pois é o rei quem estabelece 
o justo segundo suas circunstâncias7. Mesmo assim o faraó não poderia ser completamente 
arbitrário, como contrariando a tudo e a todos e desrespeitando o que aos seus súditos. Nessa 
época, o homem tinha medo do desconhecido e assim recorria às explicações no misticismo, 
na religião; Nesse sentido o soberano poderia sofrer castigos divinos caso abusasse de seu 
poder8. 
 Surge na Antiguidade Clássica um padrão a ser seguido pelo Direito positivo, o de que 
onde há filosofia há o direito natural9. Foi na Grécia antiga que se associou a ideia de direito à 
leis inseridas em uma ordem geral10, decorrentes da natureza ou aprovados pelos Deuses11. 
Em Sofócles encontra-se a primeira referência a um direito natural, referindo-se às 
ordens eternas dos Deuses. Antígona descumpre uma ordem do rei por considerá-la injusta, e 
enterra seu irmão Polinice, argumentando que uma autoridade política não poderia sobrepor-
se à lei divina, que cumprira ao sepultar o irmão. No argumento de Antígona haveria a 
primeira afirmação de um “justo por natureza, que se opõe ao Justo por lei; uma primeira 
versão do jusnaturalismo. 
 Na Grécia acontece a derivação dos Deuses do Olimpo pelo homem, a justiça fica 
tendo origem divina e fundamenta as leis humanas. 
 Na concepção de Heráclito há uma dependência entre a lei divina, eterna e natural, e 
as leis dos homem. Em que a lei divina é fonte eterna na qual a lei dos homens de alimentam. 
Contudo, se contradiz quando diz que para Deus não há justiça nem injustiça, que essas 
definições são atribuições dos homens; a justiça somente é cabível dos homens e Deus não 
interfere nela. 
 Os Romanos os primeiros a teorizar sobre o direito, quando utilizaram a 
‘jurisprudência’, a qual referia-se à à arte de criar e aplicar o seu direito. Admitiam a ideia de 
uma lei natural advinda da natureza e da razão que ordena e rege o universo; portanto, 
universal e imutável. 
Introdução ao Direito 
Acreditavam numa lei eterna impressa nos corações dos homens por meio da razão, 
que faz com que sejam iguais em toda parte e em qualquer tempo. 
Para Cícero as leis escritas, o direito, viriam de uma outra lei, não escrita, a própria lei 
da natureza, com validade universal e única capaz de impor aos homens o princípio da razão. 
Por via dessa lei natural, o homem, cidadão de qualquer parte da terra, poderá distinguir uma 
conduta má de uma conduta boa e assim, diferenciar o justo do injusto. 
 Em Roma, era, então, um direito natural é imutável, enquanto o direito fundado na lei 
pode ser alterado por efeito de outra lei ou por costumes. 
 Já na Idade Média, em que a Igreja católica influenciava, o ideal de direito era 
fundamentado na Razão divina12. O direito positivo feito pelos rei era cumprido sempre que 
não contrariava as leis divinas, sendo a legitimação do rei feita pelo Papa13. 
Afirma-se a existência de uma justiça imanente revelada por Deus e pelo Evangelho e 
que seria o princípio ordenador de todo o universo. 
Segundo Del Vecchio, a doutrina cristã não tinha significado político, jurídico ou moral, 
contudo seus efeitos foram marcantes: aproximou o Direito da Teologia, uma vez que o 
mundo é governado por Deus e por isso o direito emana de uma ordem divina e o Estado 
como instituição divina; contudo a vontade divina faz se conhecer pela revelação, ou seja, 
antes de demonstrada ela deve ser acreditada ou aceita pela fé14. 
Escolástica – São Tomás de Aquino 
Lei natural – lei da consciência; lei escrita no coração dos homens por obra de Deus, 
O direito para Aquino tinha de ser eterno porque o que é contingente não pode ser 
objeto de análise racional. Define a lei (lex) como a regra ou medida dos atos que orienta a 
ação (ou inação). A lei promove uma ordenação da razão para o bem comum. Essa concepção 
cria a exigência de: objetividade, sem a qual a lei não poderia ser ensinada e compreendida e, 
assim, deixaria de orientara ação; e promoção do bem comum, sem a qual é irracional e 
incompreensível e, assim, igualmente deixa de orientar a ação. 
Ao afirmar a objetividade do direito, Santo Tomás nega uma concepção voluntarista 
de direito, pois para ele a vontade é sempre subjetiva. A lei apenas publica as relações entre 
as pessoas e as coisas que a razão revela. 
Concebe 4 categorias de leis, todas elas unidas num só contexto – a razão divina 
o Lex aeterna – razão divina: a inteligência infinita de Deus. O plano racionam 
que ordena todo o universo. 
o Lex naturalis: a participação do homem na sabedoria divina, mediante a razão 
que lhe for conferida pela graça de Deus. Aquilo que o homem é levado a 
fazer pela sua natureza racional. 
o Lex humanas: é o ordenamento da razão para o bem comum, ditado e 
promulgado por quem tenha a incumbência de tomar conta da sociedade. Lei 
feita pelo homem, de acordo com a lei natural, promulgada pelo chefe da 
comunidade para o bem comum. 
o Lex divina: revelada por Deus aos homens nas sagradas Escrituras. 
Uma ordem justa, para Santo Tomás, era aquela em que essas leis estariam em 
harmonia umas com as outras: a lei positiva poderia ser racionalmente deduzida da lei 
natural, fragmento de ordem eterna do universo que corresponde à lei eterna, produzida e 
revelada por Deus. 
A lei natural é para Aquino um comando racional e uma fração da ordem imposta por 
eus, governador do universo. Como um comando divino é naturalmente racional, assim como 
os seres humanos, a lei natural está presente no ser humano. 
Introdução ao Direito 
Já a lei humana deriva da natural por obra do legislador por conclusão ou por 
determinação. 
o Per conclusionem - quando a lei positiva deriva daquela natural por conclusão lógica. 
Exemplo: A norma positiva impeditiva do falso testemunho deduz-se da lei natural 
segundo a qual é preciso dizer a verdade. Ou, a norma que proíbe o homicídio deriva 
da lei natural que prescreve o respeito à vida humana. 
o Per determinationem – quando a lei natural é muito geral e genérica correspondendo 
ao direito positivo determinar o modo correto segundo o qual esta lei deva ser 
aplicada. Neste caso, Santo Tomás admite que a validade da lei depende do ato do 
legislador. Exemplo: a lei natural estabelece que os delitos devem ser punidos, mas a 
determinação da medida e do modo de punição são determinados pela lei humana. 
Por isso, São Tomás afirma ter a lei humana vigor apenas por força do legislador que a 
institui. Logo, certas disposições derivam dos princípios gerais da lei da natureza, a modo de 
conclusões. 
São Tomás já demonstra a necessidade de investigação social como basedo direito 
natural. 
Sobre a justiça, Santo Tomás desenvolve a concepção aristotélica, destacando que a 
justiça está orientada para a finalidade de promover o bem da comunidade. Mesmo quando 
um homem se orienta pela justiça em função de um bem que pode trazer a si, como virtude 
orientada para o outro, essa ação justa promove o bem comum. Daí por que Aquino afirma 
ser a justiça uma virtude universal, que orienta todas as virtudes individuais para o bem 
comum. 
A justiça universal é também denominada por Santo Tomás justiça legal. Seu objeto 
imediato é o bem comum, e seu objeto mediato, o bem de cada pessoa, inatingível sem a 
convivência universal. 
 
No Iluminismo com a apresentação do antropocentrismo fez com que o ideal de 
direito passasse a ser o homem, sua razão ou dignidade. Do homem decorreriam as normas do 
direito positivo. Século XVII e XVIII o Direito natural escolástico passa a perder seu caráter 
religioso, saí daí um novo direito natural desencadeado por Hugo Grócio, o qual direito que 
fixa-se no relativismo15. 
 Entretanto, mesmo entre autores medievais, que defendem uma existência de uma lei 
natural invariável, é possível aceitar uma certa variabilidade; é o caso de S. Tomás de Aquino: a 
lei natural é imutável em seus princípios primários e sua mudança só poderá acontecer de 
duas maneiras: 
I - Por meio da adição, tanto pela lei divina como pelas leis humana. 
II - Para que seja feita uma observância dos preceito primários, feito naquelas causas 
especiais quando em certos princípios secundários há certas conclusões 
particulares16. 
São nesses casos particulares de S. Tomás que autores positivistas invocam 
argumentos para demonstrar a inexistência de um padrão de justiça17. 
Hugo Grócio 
Hugo Grócio é considerado o fundador do jusnaturalismo moderno. 
Rejeita o voluntarismo teológico e reafirma o jusnaturalismo em sua versão 
racionalista ao tratar o direito natural como um ditado da razão, independente da vontade e 
da existência de Deus e válido para todos os povos. 
Sustentava a imutabilidade do direito natural ao compará-lo dom os axiomas 
matemáticos. Para ele, nem Deus poderia modificar as normas advindas da conformidade ou 
Introdução ao Direito 
não conformidade dos atos humanos com a natureza, como não poderia fazer com que dois e 
dois não fossem quatro. 
Além de tornar puro o jusnaturalismo de elementos teológicos, Grócio modifica os 
sentidos do direito e da justiça e alarga as fontes possíveis do direito. 
O direito para ele vinha de uma dupla fonte: o necta ratio (reta razão) e o appetitus 
societatis (o desejo de uma sociedade ordenada). 
Sobre o appetitus societatis diria: “Entre as coisas que são próprias dos homens está o 
desejo de sociedade, isto é, de uma comunidade, não de uma comunidade qualquer, mas 
tranquila e ordenada, segundo a condição do seu entendimento com os que pertencem à sua 
espécie”. 
Há um direito mais amplo e que será a regra dos atos morais (atos praticados pelos 
homens) que obriga ao que é reto. É um direito em sentido mais estrito. 
Nesse sentido há duas espécies: o natural e o voluntário. Este é chamado de 
constituído ou legislativo. 
Voluntário – divino e humano. 
Voluntário – humano – pode ser tríplice: civil-estatal, civil amplo (interestatal) e o civil 
restrito. 
 
No século XX diversos autores passaram a defender explicitamente a existência de um 
direito natural variável: 
Arnaldo Vasconcelos: os tipos de Direito Natural concebido pelos jusfilosofos 
demonstra compromisso social de ordem histórica e sociológica18. 
Depois Registra-se o descredito do Jusnaturalismo, devido a sua indiferença para com 
o tempo e o espaço: 
José de Oliveira Ascensão: há uma tendência que deve ser acentuada e que 
reconduz o direito natural à historicidade, ligação estreita fu fundamento do 
direito e uma dada situação histórica19. 
 Ronald Dworkin: se reporta a princípios cuja origem se encontra na 
compreensão do que é apropriado, desenvolvida pelos membros da profissão e o público, ao 
longo do tempo. A continuidade do seu poder depende da manutenção desse pensamento20. 
 A Ideia de um Direito Natural eterno e imutável pode ser considerada decorrente de 
uma concepção de que o universo teria sido criado tal como é hoje, também eterno e 
imutável. O natural estava associado à invariância. Atualmente, o universo e o que nele está 
inserido é visto como algo dinâmico. É da natureza a mudança21. 
 *22 Não é o propósito desta tese, contudo, aprofundar e exaurir o exame das 
particularidades de cada corrente ou vertente do jusnaturalismo.22 
 É importante destacar que apesar da evolução apontada e dos conceitos antigo e 
moderno de Direito natural serem distintos23, o jusnaturalismo caracteriza-se pelo recurso à 
existência de normas não positivadas, que serviam de modelo e fundamento ao direito 
positivo24. Em suma, pode se dizer que o direito é dependente de certa forma do que o direito 
deve ser25, existindo um padrão (exclusa a origem e natureza) a partir do qual a ordem jurídica 
positiva vigente pode ser julgada. 
 Portanto, faz desnecessário, para caracterizar uma corrente como jusnaturalista, que o 
modelo do que o ‘direito deve ser’ seja eterno, imutável e invariável, existindo como realidade 
Introdução ao Direito 
independente do homem26. Basta que apenas trate de um modelo normativo pressuposto, 
idealizado e distinto do direito posto. 
Justiça e jusnaturalismo 
 O direito natural consiste me um conjunto de normas ideal na visão de mundo pelo 
homem, o que corresponde à própria ideia de justiça, atribuído a uma origem que se tem 
modificado ao longo da história. 
 Entretanto, discute-se quem será o juiz dessa concordância ou aproximação? Se, para o 
jusnaturalismo, o que o direito é depende, de certa maneira, daquilo que o direito deve ser, 
pergunta-se: daquilo que o direito deve ser para quem? A quem cabe dizer o conteúdo do 
direito natural, a fim de, com ele, justificar a observância – ou a inobservância – do direito 
positivo? Esse o principal problema, que expõe as correntes jusnaturalistas a duras críticas. 
Principais críticas formuladas ao jusnaturalismo 
 Defeito das correntes jusnaturalistas: 
I - Gera insegurança e incerteza. 
II - São acientíficas. 
III - Ao mesmo tempo que permite a desobediência a uma ordem jurídica ditatorial, 
permitem a um ditador desobedecer a uma ordem democrática, que seja para ele 
supostamente contrária ao direito natural27. 
Esses defeitos são apontados por não ser possível determinar, objetivamente, o 
conteúdo dessa ordem suprapositiva pragmática ou ideal do direito natural. 
 O equívoco no jusnaturalismo parece ser o mesmo que acontece em discussões sobre 
as formas de governo. Platão defende que o melhor governo seria aquele liderado por 
sábios28, contudo sua proposta tangencia o principal problema o de quem será considerado 
sábio e a quem caberá a determinação dos sábios incumbidos de governar. A afirmação de que 
o ordenamento positivo deve fundar-se em um modelo ideal de direito, do qual depende sua 
correção, tangencia a questão: quem determinará se o direito positivo está, ou não, conforme 
esse modelo ideal? 
Dizer que o fundamento do direito positivo reside no direito natural desloca o 
problema, o que muitas vezes não contribui para tornar adequado (diria o leitor: para quem?) 
o ordenamento jurídico. A lei humana teria, portanto, que se compatibilizar com a da igreja29. 
Mesmo com o parâmetro sendo a “natureza”, o padrão não seria a opinião dos cientistas, pois, 
segundo Radbruch, o direito natural eterno e invariável (descoberto e não criado pelo homem) 
é um equívovo; a mesma época e povo apresentam opiniões diferentes sobre a meta e 
configuração da ordem jurídica, as quais pareciam igualmente ‘naturais’ aos seus defensores e 
entre as mesmas na qual a ciência nãotem a capacidade de decidir com validade. Em suma, o 
padrão não seria a opinião dos cientistas por não poder dá-las com validade geral devido às 
opiniões divergentes de meta e configuração da ordem jurídica de um mesmo povo em uma 
mesma época30. 
Muitas vezes, se afastar a ordem positiva em face de uma ordem ideal, mais justa, para 
ser classificado como bom, dependerá da qualidade dessa ordem positiva, dessa ordem ideal e 
do autor desses julgamentos31. Além disso, a ideia de um ordenamento jurídico de validade 
Introdução ao Direito 
universal e eterna é apontada como um grande equívoco, a justiça muda ao longo da história e 
de acordo com a sociedade. 
Hegel: a respeito da busca por um ideal ou modelo de perfeição diz que exigir de um 
código a perfeição e não admitir um acréscimos são erros no desconhecimento da natureza 
dos objetos infinitos33. 
 Tobias Barreto: as regras de uma sociedade não são dadas pela natureza, 
independente da ação humana. Colocando-se, portanto, contra uma ideia de direito natural 
imutável, eterno e independente do homem34, todas as normas naturalistas são efeitos, são 
inventos culturais35. Sua crítica não atinge a todas as correntes jusnaturalistas, apenas aquelas 
que veem o direito natural como ente abstrato, imutável e eterno, dado ao homem e não 
construído por ele39. “direito que deve ser e sentimento de justiça prevalecente em cada época 
não precisam necessariamente ser eternos e invariáveis, nem deixam de ser, pelo fato de não 
estarem positivados, também decorrentes do elemento cultural43. Basta que sejam diferentes 
do direito positivo e lhe sirvam de modelo. A crítica de Tobias Barreto não consegue afastar as 
considerações valorativas do âmbito do Direito e de sua ciência. Não consegue, por outras 
palavras, afastar a ideia de que o que o direito deve ser tem sim influência sobre o que o direito 
é47. Envolvem juízos de valor, de certo e errado. 
 Conquanto esse direito ideal possa exercer influência sobre o direito positivo, tanto no 
plano da elaboração, como no plano da interpretação, da observância e da aplicação de suas 
disposições; vale ressaltar que eles – o direito posto e o que lhe serve de modelo - não se 
confundem. 
 Nelson Saldanha: o Direito Natural não existe como um sistema a mais, ou como um 
outro Direito, duplicado em relação ao positivo, mas sim “como uma construção provinda de 
um pensamento, insatisfeito com a imperfeição das normas positivas ou convicto das bases 
racionais e ‘universais’ que elas devem ter. Cada uma das grandes formulações do 
jusnaturalismo corresponde a uma visão dessas bases, ou daquela imperfeição.” 
 A crítica positivista é que para os jusnaturalistas se o projeto não tem essas 
características, ele não existe em absoluto, devendo ser ignorado. 
Por que a questão relativa ao direito natural insiste em reaparecer? 
 Por mais contundentes que sejam as críticas positivistas, de forma recorrente se 
assiste “à ressurreição desse cadáver do direito natural que nunca se termina de enterrar nem 
de exumar” 55. 
 Arnaldo Vasconcelos: sem serventia de ordem prática, deixaria este direito natural de 
interessar e, dentro em pouco, ninguém lhe lembraria a existência passada. Em termos 
semelhantes, diz Brian Bix “enquanto algumas correntes se extinguiram em uma questão de 
décadas, a teoria do direito, ainda permanece vibrante, passou por transformações 
importantes, adaptanto-se às críticas que lhes eram desferidas e às novas circunstâncias.”57 
O homem é animal que se distingue dos demais pelo fato de diferenciar o real do 
possível. Tem a aptidão de conhecer o direito que existe e de imaginar o direito que poderia 
existir. Essa sua característica, decorrente de sua natureza de ser racional, confere-lhe a 
faculdade de julgar58. Dessa forma, é impossível suprimir do homem a capacidade de, diante 
de uma ordem jurídica, imaginar-lhe um conteúdo diferente; ou de considerar que o que o 
direito é depende de certa forma do que o direito deve ser59, pois o valor dado por cada um ao 
Introdução ao Direito 
direito que é depende da adequação deste direito que é à ideia que cada um tem do direito 
que deve ser. 
Não se pode negar que, quanto maior a adequação entre o direito real, posto, e o 
direito ideal, desejável, maior será o empenho para cumprir e fazer com que se cumpra o 
primeiro60. E, quanto menor for essa adequação, maior será o estímulo para se descumprir ou, 
na melhor das hipóteses, tentar alterar o direito existente. 
 Como toda obra humana, o Direito é examinado à luz de seus fins. Quando o direito 
posto não realiza os fins cuja realização as pessoas esperam, distancia-se daquilo que essas 
pessoas consideram que ele deve ser. Essa distância não só faz com que as pessoas não se 
sintam impelidas a cumprir as prescrições jurídicas, mas, em grau extremo, faz com que 
deixem mesmo de reconhecer aquele objeto como Direito. 
Por mais subjetiva que possa ser a ideia de justiça, pode-se dizer que cada indivíduo 
alimenta uma e espera sua realização pelo Direito. Dessa forma o homem passa a ter cada vez 
mais elementos de convicção para descumprir os seus preceitos ou pugnar por sua 
modificação. 
Codificação Napoleônica 
Iluminismo – Século das Luzes (século XVIII) – e a influência na França 
No Iluminismo a base das Ideias eram embasadas na razão. Foi de tal movimento que 
se nasceu uma exigência à ideia de sistema. 
O movimento iluminista teve maior força na França, uma vez que os sistemas feudais e 
o absolutistas já estava perdendo suas forças. A evolução desses ideais resultou na Revolução 
Francesa, que se estende até a Era Napoleônica. O mundo passou a ser um antes e outro a 
partir da Revolução francesa. 
Na França tinha-se a monarquia absoluta, o clero e o 3º estado; Um Estado de 
privilégios, no qual a monarquia comandava e era apoiada pelo alto clero. O 3º estado, 
formado pelos pobres, camponeses, proletariado... e a Burguesia não tinham direitos políticos. 
 O Estado girava em torno do Rei, segundo afirmou o Rei Luís XIV “o estado sou 
eu”. Luís XVI herdou um poder de Luís XV extremamente acabado (com pouco dinheiro), 
mesmo com a França sendo o país que mais exportava tecido. A monarquia francesa era 
corrupta e as festas dilapidaram o erário. Nas vésperas da revolução Paris estava cercada por 
mendigos. A miséria era tanta que na Tomada da Bastilha o próprio exército se aliou ao povo. 
 De fato, os iluministas não viram a revolução, contudo eles trouxeram as ideias: 
o Enciclopedistas: enciclopédia de Cultura, arte e ciência; como Locke e Kant, afastando 
a supremacia da igreja. 
o Materialistas – como Marx 
o Fisiocratas 
o Voltaire, Montesquieu, Diderot, Adam Smith, Rousseau (o contrato social)... 
Introdução ao Direito 
Montesquieu, contudo, não queria que a monarquia acabasse, ele queria uma 
tripartição de poderes e que o rei não governasse sozinho. 
Buscava-se na França o respeito à dignidade do homem, o antropocentrismo. 
 Foi nesse sentido que o 3º Estado se arquitetou em uma revolução. O povo como 
massa de manobra para os Burgueses. Foi, no entanto, a própria igreja, o baixo clero, a 
difusora das primeiras ideias; O baixo clero vivia como a massa da população. 
Em resposta aos cofres problemáticos da França o Rei contrata um Ministro das 
finanças, Necker. Para resolver o problema financeiro, ele começa a manobrar o tesouro 
público. Com a demissão do Ministro, o povo reage, rei tenta recolocar o ministro, mas já era 
tarde. O Povo se reúne e toma a Bastilha, um prisão, dando o início à Revolução Francesa 
Anos de Terror: Facção de burgueses no Poder. 
Napoleão Bonaparte – 18 de Brumário 
Napoleão tinha formação jurídica com especialização no direito Romano. 
Napoleão queria unificar juridicamente a França, para unificação territorial. Como 
Consul Napoleãoinstitui uma comissão com os melhores juristas da França. A Assembleia 
Nacional Constituinte formula uma síntese do direito revolucionário de uma forma acessível à 
todos. 
Assim, a codificação constituía a consumação de um movimento doutrinal, partido do 
costume francês e enriquecido pelo jusracionalismo setentista, uma positivação da razão. 
Resultado de um processo legislativo conduzido pelos órgãos representativos da França. Dava 
uma maior segurança jurídica. 
Código Legislativo conferido de caráter oficial pelo Estado. 
O Código Civil apresentava o direito do povo: no qual o povo poderia ele mesmo 
exercer seu direito. Seu conteúdo abordava, além dos princípios jusnaturalistas, os costumes, 
as leis romanas, as ordens régias e as leis esparsas. Fez a cisão entre o estado e a igreja, um 
Estado Laico. 
Tal Código foi considerado a primeira Lei, porque o povo não tinha direito. 
A diferença de um código para uma lei ordinária: Lei ordinária explicita puramente uma 
matéria, o código reúne lei dispersas. 
Por definição do próprio Napoleão, a partir da promulgação valeria apenas o código. 
Define seu código como perfeito, sendo reducionista (busca-se o direito somente na lei). 
A codificação era discutida pela assembleia constituinte, votada por ela e sancionada 
por Napoleão. 
Começa-se daí o positivismo jurídico, partindo da imposição do estado sobre a norma. 
Introdução ao Direito 
o 1804 – Código Civil 
o 1806 – Código de Processo Civil 
o 1807 – Código Comercial 
o 1810 – Código Penal 
o Código de Instrução Penal 
Surge a Escola da Exegese, puramente para interpretar o código de Napoleão. Foi 
reducionista, também, uma vez que considerava apenas o código napoleônico. Essa Escola 
procura suprir as lacunas do Código napoleônico, Código que atendeu a filosofia das luzes, 
base no jus racionalismo. Defendia que era um código novo, sem que se tenha que voltar ao 
passado. Um artigo era explicado a partir do outro; muitas vezes, nessa combinação de artigos, 
formava-se na base das disposições legais teorias novas. Pregava que só o legislador diz o 
direito em nome da nação soberana. 
o Estatismo: o legislador sozinho cria o direito; um Estado-Deus e a soberania da 
nação. 
o Racionalismo: positivismo legal; Leis interpretadas racionalmente; Não adoção 
do direito comparado pelo jurista; influenciado por Kant, Comte e Saint-Simon. 
 Miguel Reale: A Exegese sustenta na lei positiva do código s eencontra a possibilidade 
de uma solução para todos os eventuais casos ou ocorrências da vida social. Tudo está em 
saber interpretar o Direito. A função do jurista era de extrair e desenvolver o sentido pleno dos 
textos, para apreender-lhes o significado, ordenar as conclusões parciais e, por fim, atingir as 
grandes sistematizações.” 
 Hespanha: à doutrina apenas restava um papel, o de proceder a uma interpretação 
submissa da lei, atendo-se o mais possível à vontade do legislador histórico. Quanto as 
lacunas, a prudência devia ser ainda maior, devendo o jurista tentar modelar para o caso 
concreto uma solução que pudesse ter sido a do legislador histórico se o tivesse previsto. 
Direito alemão: Napoleão implanta esse modelo na parte alemã onde ele havia 
conquistado. Por sua vez, a Alemanha imperial começa a discutir, então, esse modelo, fazendo 
surgir a Escola Histórica. Se defronta com a escola da exegese, ao jusnaturalismo. Era uma 
Escola positivista baseada no costume, ‘o direito nasce do espírito do povo’. Quando não se 
resolvia com o direito costumeiro, resolvia-se com o direito romano. 
Reale e Hespanha: o monopólio legislativo do direito nas mãos do Estado gera um 
certo artificialismo que distancia as pessoas do direito oficial, que passa a lhes parecer, 
conforme dito acima, distante das convicções sociais de justiça. 
Entretanto, nessa Codificação, quando tinha uma lacuna o juiz não podia deixar de 
julgar, se o juiz tinha dúvida ele recorria ao legislador. Isso enfraqueceu o judiciário, a única 
fonte da lei era ela mesma. Tornou o legislativo, positivismo legal, o detentor do monopólio da 
manifestação do direito. Assim, a Escola histórica (alemã) fez a contraposição com a perfeição 
da lei, diz que a perfeição engessa o direito. 
Savigny, alemão, dizia que essa codificação fossilizavam, engessava, o direito; o direito 
se forma no espirito do povo, sem precisar de precisar do direito abstrato (direito natural). No 
Introdução ao Direito 
costume a própria sociedade o sanciona. Identificou o direito com o espírito do povo – 
“volksgest”, ou seja, o fenômeno jurídico se basearia na consciência jurídica do povo, 
portanto, não seria alicerçado em ideias abstratas ou tão pouco em conceitos advindos da 
razão. O direito para ele se formaria lenta e gradualmente, como criação das forças sociais, 
assim como outros processos culturais, como a arte, a religião, os costumes, a política e 
estaria, por isso mesmo ligado aos fatos históricos. Não teria padrões universais tão decantado 
pelos jusnaturalistas. 
 Savigny dizia que o direito positivo emana do espírito geral que anima a todos os 
membros de uma nação, em que cada direito é a síntese de forças, crenças, sentimentos e 
atividades do seu povo: sua unidade não é produto casual, pois responde à sua própria 
história. 
Após a codificação Napoleônica, o costume é diferenciado pela lei. A lei é posta pelo 
estado por meio do legislativo, e que, por mais que seja bem feita, não seria perfeita. O 
costume nasce no espirito do povo e o estado o ratifica, quando por meio do legislativo edita 
uma lei, ou seja, o costume só é jurídico quando o estado o ratifica. 
Fundamentos – Ruiz Moreno – distinção: 
a. Comparação do direito com a linguagem; 
b. O espirito ou consciência do povo como origem do direito; 
c. Costume como a fonte mais importante do direito 
Gustavo Hugo diz que o desenvolvimento e a formação do direito seriam semelhantes 
ao da Linguagem. O povo faz nascer a língua e os gramáticos só surgem com o objetivo de 
apuras técnica e esteticamente a língua. Assim, seria também com o direito que teria as suas 
regras advindas da vivência popular; os juristas a partir daí, teriam a seu cargo dar a ele a sua 
formação, não a criação. 
Puchta afirma que o costume era a forma ideal da manifestação do direito, superior à 
lei. Para ele, o costume era expressão mais legítima da vontade do povo, porque o cria 
diretamente. 
Ideia de Código 
Código Teodósio e justiniano: Eram reproduções, compilações, pré-romanas; o Teodósio 
tornou o cristianismo como religião oficial romana; 
 Na Idade média os códigos designavam apenas as codificações romanas. 
 O Termo código ressurge na Alexandria, Itália, em consequência dos desejos dos 
Estados Gerais. 
 Tentativa Prussiana de montar um código sob influências do jusnaturalismo, que foi 
suprimida na Guerra dos 7 anos (França X Áustria). Contudo, retomada em 1794 na edição da 
Legislação com 19 000 artigos. Ducados na Bavária, por influência da Prússia, criam um código 
penal, civil e de Processo Civil. E em seguida a Áustria adquire o Código Penal, e anos depois, 
um código Civil. 
Introdução ao Direito 
 
Normativismo Jurídico 
Quando desenvolveu a Teoria pura do Direito a ciência jurídica se encontrava sob 
diversas influências de outros ramos, que buscavam incluir o direito em seus domínios. Em 
contraposição, Kelsen fora o primeiro a provar o direito como uma ciência; chamou de ‘Teoria 
Pura do Direito’ por excluir do campo investigações que entendia ser de outas disciplinas. 
Os fatos e valores seriam objetos da sociologia e da filosofia do Direito, 
respectivamente, impondo o direito como uma ciência autônoma. Sua teoria expressa o 
direito na norma jurídica; coloca a normacomo objeto da ciência do direito. 
Em Aristóteles o conceito de ciência era de um conjunto de verdades relativas a um 
objeto formal, que se ligavam metodologicamente por meio das causas e princípios. Kelsen irá 
estabelecer um paralelo entre a natureza e a sociedade, em seguida, fará a distinção entre as 
ciências explicativas e normativas (ser e o dever ser). 
Kant procede com a dualidade entre o ser e o dever ser, entre realidade e valor. 
O mundo do ser é o mundo em que tudo se explica as natureza por causalidade; é o 
juízo da realidade. O mundo do dever ser é o mundo da cultura, que é o mundo da finalidade 
(uma vez que para tudo se visa um fim, leis são finais); quando se viola um enunciado (lei) lhe 
será imputado uma penalidade; de um juízo de valor. Só se passa do mundo do ser para o 
dever ser através do valor. 
 Ciências explicativas Ciências normativas 
Ciências Naturais O direito 
Tratam do ser, a realidade como ela é; Tratam do ser como deve ser a realidade 
como deve acontecer; 
Leis são as leis naturais e possuem relação de 
causalidade; 
Leis são normas de conduta e possuem 
imputação de uma obrigatoriedade; 
Finalidade é teórica Finalidade é pratica (análise da ação humana 
dotada de vontade). 
Em suma, em Kelsen o direito é norma, e norma que põe é o Estado. A única ciência 
que está no mundo do Dever Ser é a ciência do Direito, e todas as demais estão no mundo do 
Ser (ciências naturais e ciências sociais causais). 
O direito seria uma teoria do conhecimento relativa à moral e a qualquer outra 
disciplina, visando torná-lo num saber objetivo e exato. 
A teoria de Kelsen refere-se exclusivamente ao direito positivo, tal como estudo da 
norma jurídica. Adotou uma ideologia que exclui os juízos de valor e rejeita a ideia do direito 
natural e combatendo a metafísica; sendo chamado de reducionista nesse ponto, ao avaliar 
apenas os elementos jurídicos. Sua teoria pretende expressar como o direito é, e não como 
deve ser. A ordem valorativa estão fora da ciência do direito. 
Introdução ao Direito 
Afirma a cientificidade do direito pela sua intencionalidade, método e objetivo. A 
norma jurídica se apresenta como uma interpretação e sentido de dever ser. O direito como 
um sistema de normas que regulam a conduta humana (a norma torna-se um mandamento 
que vincula-se à conduta de outrem). A norma positiva e responsável por conferir uma 
coloração jurídica aos fatos, tornam-se fatos jurídicos. 
Só pode impor uma norma quem está autorizado por outra norma externa e superior, 
dentro de limites de competência. Caso contrário, tratar-se-á de arbítrio. Um dever ser 
decorre sempre de outro dever ser. 
O fundamento de validade de norma constitucional é forma, decorrente da forma de 
criação; pelo ato de fixação a norma entra em validade, admitindo-se a sua existência. 
Contudo, é objetivamente válida quando possui eficácia. A observância e a aplicação do direito 
são a medida de eficácia de ordem jurídica. 
Sua teoria é nomológica (estudo das leis que regem os fenômenos naturais), vez que 
entende o Direito como estrutura de normas que comporta qualquer conteúdo fático ou 
axiológico. Sendo a-valorativo, definiu justiça como a aplicação da norma jurídica ao caso 
concreto. Conceituou fato jurídico como aquele perceptível por meio da norma jurídica. 
 
A estrutura normativa é posta por Kelsen de forma hierarquizada. Assim como em uma 
pirâmide ao contrário, as normas apoiam-se umas nas outras e todas em uma norma 
fundamental (o vértice da pirâmide). 
Norma Fundamental 
É algo valido, mesmo que não esteja escrita (é um direito); pode ser um direito natural, 
desde que seja válido. Segundo Kelsen, é um conceito de validade. Para ele, qualquer 
ordenamento tem que partir de um princípio básico, o qual tem que fornecer, mesmo em um 
regime de exceção, que há algo válido. 
Deve ser localizada a partir de determinada ordem jurídica e das normas positivas, 
exclusivamente. 
Por exemplo, um contrato faz lei entre as partes. O contrato seria, portanto a primeira 
lei, a primeira norma (um conceito dogmático); no entanto, essa norma está sujeita a uma 
norma fundamental, que pode ser a lei 8666, a lei dos contratos e licitações com a 
administração. 
A norma é apenas um enunciado no campo do dever ser; os juristas discutem a 
interpretação dogmática. 
Críticas à ‘Teoria Pura do Direito’ 
As principais críticas à ‘Teoria Pura do Direito’ referem-se à obscuridade do conceito 
de norma fundamental ou hipotética e a pretensão de isolar o fenômeno jurídico dos demais 
fenômenos sociais. 
Estrutura das normas jurídicas 
A visão moderna da estrutura lógica da norma jurídica tem seu antecedente na 
distinção de Kant entre imperativo categórico, próprio dos preceitos morais, no qual a conduta 
Introdução ao Direito 
é necessária e obrigatória (Ex.: deves honrar teus pais), e imperativo hipotético, aquele relativo 
às normas jurídicas que se impõe de acordo com as condições especificadas na própria norma, 
como meio para se alcançar alguma coisa que se pretende (Ex.: se um pai deseja emancipar 
seu filho, deve assinar uma escritura pública). 
 
Hans Kelsen 
A primeira distinção que se impõe entre: normas organizacionais (2º) e normas de 
conduta (1º). Há regras cujo objetivo imediato é disciplinar o comportamento dos indivíduos, 
ou grupos e entidades sociais em geram, que são chamadas de normas primárias; enquanto 
outras possuem um caráter instrumental, visando à estrutura e funcionamento de órgãos, para 
assegurar uma convivência juridicamente ordenada, que são chamadas de normas 
secundárias. 
Kelsen teve duas fases, na qual em cada uma ele delimita normas primárias e 
secundárias de maneiras diferentes. Em uma primeira fase, as regras de primeiro grau 
estariam em um segundo plano, são aquelas que enunciam uma sanção, caso violada a 
disposição; já as de segundo grau são aquelas enunciam um comportamento, dado um fato 
deve ser feita a prestação. Já em um segundo momento, as de primeiro grau são aquelas que 
enunciam um determinado comportamento, enquanto as de segundo graus são as que 
imputam uma sanção caso a fuga do comportamento. 
Kelsen também distinguiu proposição normativa de norma. A primeira é um juízo 
hipotético; proposição jurídica é a linguagem que descreve a norma. E a segunda é um juízo, 
mandamento, imperativo. 
Carlos Cossio 
Concebeu a norma jurídica como um Juízo Disjuntivo que reúne a “endonorma” e a 
“perinorma”: 
I - Endonorma: corresponde ao juízo que impõe uma prestação ao sujeito que se 
encontra em determinada situação; ação (em Kelsen, norma primária). 
II - Perinorma: impõe a sanção ao infrator, ou seja, sujeito que não cumpriu com a 
prestação a que estava obrigado (em Kelsen, norma secundária). 
A diferença entre as estruturas de Kelsen e Cossio está que, em kelsen, as normas 
primarias e secundárias se justapõesm; já em Cossio endonorma e perinorma estão unidas 
pela conjunção ‘ou’. 
 
Estrutura trivalente da norma jurídica 
Há no modelo normativo a previsão de um fato, que é base necessária à formulação da 
hipótese, da qual resultará uma consequência. Essa consequência tem por finalidade realizar 
algo de valioso ou impedir a ocorrência de valores negativos. Essa ligação entre o fato e o valor 
se dá pela ligação de ambos com a obrigação expressa na norma, ou seja, termos lógicos de 
dever ser. Desse modo, é expresso na forma da regra jurídica que são inseparáveis a base 
fática, o fato, e seus objetivos axiológicos, o valor. 
Em suma, toda experiência jurídica pressupõe três elementos: fato, valor e norma; 
elementos de fato, ordenado valorativamente em um processo normativo. 
Introdução ao Direito 
I - Valor: como intuição pré-mordial; elemento da moral, refere-se à finalidade da 
norma e revela ponto de vista sobrejustiça; 
II - Norma: como uma forma de se caracterizar o valioso no plano da conduta 
social; é imposto pelo Estado aos indivíduos; 
III - Fato: como condição de conduta que é a base empírica, a ligação e 
intersubjetiva coincidindo a análise histórica com a validade jurídica 
fenomenologicamente observada; é o acontecimento social do direito positivo, 
envolve interesse do homem e da sociedade e por isso é objeto do 
ordenamento. 
Assim, onde estiver a experiência jurídica a palavra direito será em sentido tríplice. 
O fenômeno jurídico é uma realidade em fato, valor e norma, que por sua vez é 
produto histórico-cultural, dirigido à realização do bem-comum. 
Norma Jurídica 
Kelsen afirma que os comportamentos humanos só são conhecidos mediatamente 
pelos cientistas do direito, ou seja, enquanto regulado por normas. Os comportamentos são 
fenômenos empíricos perceptíveis pelos sentidos, e que manifestam um significado: todo 
significado objetivo é constituído por uma norma. 
Normas são esquemas doadores de significado. 
Para Kelsen, os fatores subjetivos devem ser abstraídos pelos juristas e tão somente 
levados em conta se e quando a própria norma faz. A função da ciência jurídica é o de 
descrever o significado objetivo que a norma confere ao comportamento. Para ele, o critério 
usado na ciência jurídica para efetuar a descrição se localiza sempre em alguma outra norma, 
da qual a primeira depende. O jurista deve caminhas de norma em norma, até chegar a uma 
última, que é a norma fundamental. 
Assim, define o direito como conjunto de normas cujo significado sistemático é 
oferecido pela ciência jurídica. 
A norma tem um caráter de orientação; um imperativo, no sentido que manifesta o 
poder de uma vontade mais forte. Logo, um imperativo direcionado ao agir humano. 
I - Proposição: como dever ser; um imperativo condicional; disciplina o 
comportamento porque prevê uma sanção. 
II - Prescrição: ato de vontade impositiva que estabelece uma disciplina para a 
conduta; imposição de vontade institucionalizada. 
III - Comunicação: troca de mensagens (proposições) entre seres humanos, que 
determina relações entre os comunicadores: hierarquia; 
Ao dispor sobre fatos e consagrar valores, a norma é o ponto de partida operacional da 
Dogmática jurídica e ponto importante na elaboração do direito; sistematiza e descreve a 
ordem jurídica. 
Norma é a conduta exigida ou modelo imposto de organização sociais. 
A diferença entre norma e lei está que a lei é apenas uma forma de expressão das 
normas, que se manifesta também pelo direito costumeiro e jurisprudência. 
Introdução ao Direito 
Segundo Kelsen, a norma é sempre redutível a um juízo ou proposição hipotética, na 
qual se prevê o fato ao qual se liga uma consequência. Logo, toda regra de direito contém a 
previsão genérica de um fato, com a indicação de uma sanção. 
As normas organizam a sociedade, cujo objeto é a ação humana (obriga ou permite), 
ela elucida o mundo do dever ser e define direitos e deveres. 
Kelsen A norma é o próprio direito, resultado de um ato de vontade. 
Paulo Nader A norma é a conduta exigida ou modelo imposto de organização social. 
Miguel Reale A norma é uma proposição de conduta seguida de maneira objetiva e 
obrigatória 
Instituto jurídico 
É uma reunião de normas, que rege um tipo de organização social ou interesse que se 
identifica pelo fim. É uma parte da ordem jurídica. 
Diversos institutos afins formam um ramo, e o conjunto destes, a ordem jurídica. 
Características da Norma Jurídica 
I - Bilateralidade: o direito vincula-se sempre a duas ou mais pessoas, duas 
partes, uma com poder, sendo o direito subjetivo na qual um sujeito ativo age 
pela vontade da ordem jurídica; e a outra com dever, sendo um dever jurídico 
na qual um sujeito passivo garante algo a alguém. 
II - Imperatividade: é um mínimo de exigência que garante a segurança e a justiça. 
III - Coercibilidade: É o uso da coação em estado de potência, composta por 
elementos psicológicos, a intimidação; e elementos materiais, os quais 
exercem força, que são acionados quando o possuidor do dever não cumpre 
espontaneamente. Essa característica define-se na reserva de força a serviço 
do direito 
IV - Generalidade: é preceito de ordem geral, que obriga a todos em igual situação 
jurídica (da qual se deduz o princípio da isonomia). 
V - Abstratividade: é a qualidade de atingir o maior número possível de situações, 
uma vez que a vida social é mais rica que a imaginação do homem e cria 
sempre acontecimentos novos e de formas imprevisíveis. 
Imperatividade das normas 
Imperatividade é uma expressão axiológica (valor) do “querer social” que resulta da 
objetividade inerente aos valores. 
Em Kelsen e Duguit o direito não estabelece aquilo que deve ser obedecido ou 
cumprido, apenas traça os rumos que poderão ser seguidos segundo inclinação ou vontade 
dos obrigados. A obrigatoriedade jurídica será um tipo lógico específico, não implicando num 
comando dirigido à vontade. 
Para os romanos o direito é uma vontade da coletividade, constante e permanente, de 
dar cada um o seu direito, por meio de um processo axiológico (de valores) de ações e 
preferências. 
A imperatividade é uma característica que garante efetivamente a ordem social e, se 
caso contrário, não estabeleceria segurança nem justiça. É um mínimo de exigência. 
Introdução ao Direito 
A norma é um imperativo atributivo que fornece modelos de conduta em vista do 
autor da coação da coletividade. 
A imperatividade é de natureza social, deixando os indivíduos larga margem de ação 
livres, quando, por omissão ou negligência, não houverem estabelecidos as consequências do 
ato. A imperatividade só se compreende no sistema das regras que concretizam os valores ou 
estimativas dominantes. 
 
Tipos de normas 
Existem normas que regem o comportamento social, as normas de organização 
(direcionadas a direção de órgãos), as programáticas e as atributivas. 
Há dois tipos de normas: 
I - Primeiro grau/primárias: consubstanciam hipóteses comportamentais dos 
indivíduos ou grupos sociais. 
II - Segundo grau/secundárias: as de caráter instrumental, som relação à 
estrutura e funcionamento dos órgãos. 
Classificação da norma 
I - Quanto ao sistema que pertencem: nacionais, estrangeiras e de direito 
uniforme (mediante tratados). 
II - Quanto à fonte: Legislativas (emanadas do legislativo), consuetudinárias 
(constante, uniformes, não-escritas, valoradas, elaboradas espontaneamente 
pela sociedade como regra) e jurisprudenciais (criadas pelos tribunais). 
III - Quanto aos âmbitos de validez: gerais (nacionais – federais) ou locais (federais, 
ou estaduais, ou municipais); prazo indeterminado ou prazo determinado; 
materialidade de validez, direito público ou privado; pessoal de validez, 
genéricas (todos de mesma situação jurídica) ou individualizadas (um ou vários 
membros de mesma classe, individualmente determinada). 
IV - Quanto à hierarquia: Constitucionais, ordinárias, regulamentares e 
individualizadas. 
Definição de Código: código é uma lei ordinária que reúne em seu 
conteúdo vários assuntos; consubstancia normas gerais e indicam o 
sistema jurídico adotado. A lei ordinária pura trata de uma matéria 
específica. (Ex: O código civil trata de contratos em vários âmbitos, seja 
matrimonial, privado...; a Lei 8666 trata de contratos com a 
administração pública.) Os códigos estão acima das outras leis 
ordinárias, embora não haja hierarquia do ponto de vista do processo 
legislativo. 
V - Quanto à sanção: 
Perfeitas: quando prevê a nulidade do ato, na sua violação. 
Mais que perfeitas: prevê a nulidade ou a restauração do ato e 
penalidade do ato, na sua violação. 
Menos que perfeitas: prevê apenas penalidade, na sua violação. 
Imperfeitas: não considera nulo ou anulávelo ato e nem comina numa 
penalidade, na sua violação. 
VI - Quanto à qualidade: permissivas (positivas) ou proibitivas (negativas), quanto 
a ação ou omissão. 
Introdução ao Direito 
VII - Quanto às relações de complementação: primárias e secundárias, em que as 
primárias têm seu sentido complementado pelas secundárias. 
VIII - Quanto à vontade das partes: taxativas/cogentes (independente da vontade 
das partes) e dispositivas (diz respeito ao interesse particular e por isso 
permitem a não doção). 
Os graus de imperatividade resultam no aparecimento de várias categorias de normas. 
Às regras existem sempre destinatários. Os tipos são: 
I - Regras cogentes ou ordem pública: regras de conteúdo estável; ampara altos 
interesses sociais, os interesses de ordem pública; é de interesse superior da 
sociedade e do estado; é declarado, ora pelo legislador (como no código civil); 
as vezes o reconhecimento é por uma obrigação absoluta, outra por fruto da 
doutrina ou jurisprudência. 
Exemplo em uma venda de imóveis, onde se precisa ter o título de domínio. 
II - Norma dispositiva: são normas de conduta que queixam aos destinatários o 
direito de dispor de maneira diversa; é de sua natureza estabelecer uma 
alternativa de conduta, de modo que eles mesmo possas disciplinar a relação 
social ou, caso não queriam a alternativa anterior, sujeitar-se a normas de 
conduta. 
Vigência, efetividade, eficácia e legitimidade da Norma Jurídica 
A validade da regra de direito é formal (jurídica), social e ética. A vigência é a validade 
formal; a eficácia, a validade social; e o fundamento, a validade ética. 
Não Basta que uma norma apenas exista, é necessário que ela satisfaça determinados 
pressupostos extrínsecos de validez. A Vigência é a validade formal, o preenchimento técnicos-
formais e a imperatividade imposta aos destinatários. 
As normas devem alcançar uma máxima de Efetividade, utilidade. Deve ser observada 
tanto pelos seus destinatários quanto pelos aplicadores do direito. Para Kelsen, a validade 
pressupõe sua efetividade. 
Eficácia pressupõe efetividade. Quando uma norma possui Eficácia significa ter 
alcançado resultados sociais planejado. 
Além de vigência, a norma deve ter legitimidade. A Legitimidade se liga à fonte da 
norma, em que essa é constituída pelos representantes escolhidos pelo povo ou então por 
este próprio no exercício da democracia direta. 
O Fundamento da norma, que apresenta-se eticamente, liga-se à razão moral 
justificadora da existência da norma. Liga-se à eficácia e legitimidade. 
Hermenêutica 
“Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar, mas não esgota o campo de 
intepretação jurídica por ser apenas instrumento de sua realização ... Contém regras bem 
ordenadas que fixam os critérios e princípios que deverão nortear a interpretação.” – Carlos 
Maximiliano 
Introdução ao Direito 
O Termo ‘hermenêutica’ é de origem grega e deriva de “Hermes”, na mitologia como 
quem traduzia as mensagens dos Deuses (considerado o inventor da linguagem e escrita). 
O estudo da hermenêutica jurídica é o estudo de técnicas e métodos para a correta 
interpretação das leis. É a compreensão que daria sentido a norma; o que significa dizer que há 
sempre um sentido que não está explicitamente demonstrado para que possa ser alcançado 
de forma essencialista. O conhecimento da norma passa pela compreensão da mesma, voltada 
diretamente para a dogmática jurídica. 
A relação sujeito objeto na interpretação jurídica não é uma relação onde a dogmática 
jurídica se apresenta como verdade absoluta, mas uma atividade subjetiva, onde o sujeito tem 
o papel ativo, mesmo se considerado que grande parte da interpretação só pode ser realizada 
a partir de conceitos previamente estabelecidos pela tradição na qual o sujeito está inserido, 
ou jogado, conforme diria Heidegger. 
Heidegger descrevia a hermenêutica como uma filosofia e não uma ciência, deveria ser 
entendida de modo existencial e não metodológico. "Devemos partir de uma pré-
compreensão para chegarmos a uma compreensão mais elaborada (interpretação), pois se 
partíssemos do ´vazio´ não chegaríamos a nada". 
No entanto, fora Savigny quem fundou a hermenêutica jurídica clássica; ele classificou 
o direito como ciência cultural. Em seguida, Kelsen classifica o direito como ciência formal, 
como a matemática; deu formato piramidal ao ordenamento jurídico. 
Hermenêutica e interpretação 
Muitas vezes, hermenêutica e interpretação são usadas como sinônimos, no entanto a 
doutrina de forma geral tenta separá-las, levando em consideração a linguagem do jurista – 
ciência dogmática do direito. 
Hermenêutica é a teoria científica da interpretação, que busca construir um sistema 
que propicie a fixação do sentido e alcance das normas. 
Já a interpretação é um trabalho prático elaborado pelo operador do direito que busca 
fixar o sentido e alcance das normas ou “expressões do direito”. Assim, utilixa os princípios 
descobertos e fixados pela hermenêutica 
Linguagem 
In claris cessat interpretatio: a regra é clara e não precisa de interpretação; no entanto 
a maioria dos doutrinadores afirmam que a interpretação é sempre necessária, ainda que as 
normas sejam claras. 
Mens legis: busca-se o sentido que está prescrito pela lei, ou o sentido querido pelo 
legislador. 
Elementos da interpretação 
Introdução ao Direito 
I - Revelar seu sentido: descobrir a finalidade da norma; 
II - Fixar alcance: delimitar seu campo de incidência, são os fatos sociais e as 
circunstâncias de aplicação; 
III - Normas jurídicas: todas as normas são passíveis de interpretação 
Espécies de interpretação 
I - Autêntica: emana do próprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance ela 
declara; 
II - Judicial: jurisprudência; 
III - Administrativa: elaborada pela administração por seus órgãos, pareceres, 
despachos...; 
IV - Doutrinárias: pelos doutrinadores e juristas, em obras e pareceres. 
Quanto à natureza 
I - Literal ou gramatical: baseia-se na letra da norma; parte do exame do 
significado e do alcance das palavras. 
II - Lógico-sistemática: busca descobrir o sentido e alcance da norma; 
compreendê-la como parte de um todo em conexão com as demais que com 
ela se articula. 
III - Histórica: indaga o meio e o momento de elaboração da norma; causas 
pretéritas da solução do legislador. 
IV - Teológica: busca a finalidade da norma tutela ou serve; ratio legis (razão da 
lei). 
Quanto aos efeitos 
I - Extensiva: O intérprete entende que o sentido e alcance são mais amplos que 
o que indica os seus termos; 
II - Restritiva: o intérprete restringe ou limita a incidência da norma, concluindo 
que o legislador escreveu mais do que se pretendia dizer; 
III - Declarativa ou especificadora: quando se limita ou especifica pensamento 
expresso na norma, sem necessidade de estendê-la a casos não previstos ou 
restringi-la mediante exclusão de casos inadmissíveis; 
IV - Estrita: normas se aplicam no sentido exato; 
Dogmática e Zetética 
A hermenêutica jurídica está voltada diretamente para a dogmática jurídica. Quanto 
ao conceito jurídico, o direito é um dogma. As normas são os dogmas de ação. Mas a norma só 
não basta, sua ambiguidade e vagueza exigem regras de interpretação; dizer não só a norma, 
mas também o que significa. As regras de interpretação são, em suma, dogmas que dizem 
como devem ser entendidas as normas. 
A dogmática, do grego dokéin – ensinar, doutrinar, cumpre uma função informativa ao 
acentuar uma resposta de uma investigação. A Zetética, do grego zetéin – procurar, inquerir, 
Introdução ao Direito 
investigar, cumpre uma função informativo-espreculativa, ao acentuar uma pergunta de uma 
investigação, mantendo aberto à dúvida, as premissase os princípios que ensejam resposta. 
O direito é dogmático, uma vez que se baseia no princípio da aceitação sem discurso 
dos pontos de partida (dogma). No entanto, o direito trabalha com certezas, e sim com 
incertezas dos conflitos na vida social. 
Ao examinar um problema caímos em dois aspectos, o da resposta ou pergunta. Se 
acentuar-se a pergunta (zetética), os conceitos básicos, os princípios ficam abertos à dúvida. 
Se, no entanto, acentua-se a resposta (dogmática), ou seja, pormos de fora o questionamento, 
o problema mantém-se com soluções não aceitáveis, pois o colocaram de modo absoluto. 
Zetética Dogmática 
Desintegra as opiniões, pondo-as em dúvida Ato de opinar e ressalvar algumas opiniões 
Função especulativa infinita Função diretiva finita 
É configurado como ser (o que é?) É configurado como dever ser (decisão e 
orientar uma ação) 
É aberta, e pode não possuir uma resposta É fechada, pois está presa a conceitos fixados 
Premissas aos problemas (premissas podem 
ser postas de fora da dúvida) 
Problemas às premissas 
Constatações Não questiona suas premissas porque foram 
estabelecidas (por ato, poder, vontade...) 
com inquestionáveis 
Como ponto de partida uma evidência Parte de dogmas, premissas evidentes, 
verdade (exigem uma decisão) 
É preciso reconhecer que o fenômeno jurídico, com toda sua complexidade, admite 
tanto enfoque zetético quanto enfoque dogmático, na sua investigação. Isso explica que sejam 
várias as ciências que o tornem por objeto; em umas predomina o enfoque zetético, em outras 
o dogmático. 
Enfoque Zetético 
Nenhuma das disciplinas zetéticas são especificamente jurídicas, são gerais que 
admitem espaço para o fenômeno jurídico. A medida que o espaço é aberto, as disciplinas se 
incorporam ao campo das investigações jurídicas. 
Porém, alguns pressupostos admitidos como verdadeiros podem orientar os quadros 
da pesquisa, é possível distinguir limites zetéticos; assim, algumas investigações podem ser a 
nível da experiência, ou lógica, ou metafísica. Pode também ter um sentido puramente 
especulativo ou pode produzir resultados que venham a ser tomados como base para uma 
eventual aplicação técnica à realidade. 
Em suma, a Zetética jurídica corresponde Às disciplinas que, tendo como objeto não 
apenas o direito, podem tomá-lo como um de sus objetos precípuos. As outras matérias não 
jurídicas que compõem a zetética são tidas como auxiliares da ciência jurídica stricto sensu. 
Essa tem se tornado um saber dogmático, o que não reduz esse saber; apesar de o jurista ser 
especialista em questões dogmáticas, é também especialista nas zététicas (em certa medida). 
Enfoque Dogmático 
São disciplinas dogmáticas, jurídicas, a ciência do direito civil, constitucional, tributário, 
administrativo... As disciplinas tornam-se dogmáticas a medida que considera certas premissas 
resultantes de uma decisão, como vinculantes para o estudo, renunciando-se ao postulado da 
pesquisa independente. 
Introdução ao Direito 
Essa dogmática explica que os juristas, no estudo do direito, procurem sempre 
compreendê-lo e torna-lo aplicável dentro dos marcos da ordem vigente. Ela constitui uma 
espécie de limitação, dentro da qual os juristas podem explorar diferentes combinações para 
determinar os possíveis comportamentos jurídicos. 
No entanto, um jurista não pode excluir a repercussão social, sua eficácia social, os 
valores, a moral... Assim, ele tem que se valer também da pesquisa zetética. 
Dizer que a dogmática não nega seu ponto de partida não é o mesmo que dizer que 
repete puramente o dogma. A dogmática apenas depende deste princípio, mas não se reduz a 
ele. Com a imposição de dogmas e regras de interpretação, a sociedade espera uma vinculação 
do comportamento; ao jurista se obrigar aos dogmas, parte dele, mas dando-lhes um sentido, 
o que lhe permite uma certa manipulação. 
Em suma, a dogmática interpreta sua própria vinculação com o dogma. O ponto de 
partida é o dogma. Por meio de uma norma tenta se eliminar incertezas, exigindo vinculação; a 
dogmática mostra, então, que a nova norma, posta diante da incerteza anterior, fazendo-se 
prever no dogma o que anteriormente não se previa. O processo é que a dogmática aumenta a 
incerteza, mas de modo que sejam compatíveis com as exigências centrais da disciplina 
jurídica, a vinculação. Criar a dúvida é para orientar o homem em sociedade, nos quadros da 
ordem. 
Dogmática e Zetética 
Norma jurídica é resultado da dogmática jurídica, que por sua vez, é resultado de uma 
zetética acrescida dos fatos sociais jurídicos e da valoração. 
Só se faz hermenêutica jurídica em cima dos conceitos dogmáticos. 
Em Kelsen a norma não é um enunciado que limita, apenas estabelece a liberdade de 
fazer ou deixar de fazer. 
Direito como norma 
O jurista conhece o direito de uma forma preponderamente dogmática; ao fazê-lo 
tenta decidir um conflito com o mínimo de perturbação social possível. Na identificação do 
direito o jurista ocupa-se inicialmente com o pensamento dogmático; identifica suas 
premissas. 
Em busca de um critério comum, que servirá de base às tratativas, que o jurista se 
empenha. Esse critério é a premissa do seu pensamento dogmático; que por sua vez, é o 
direito, algo que ele toma como um dado objetivo. O Jurista baseia-se na sociedade jurídica, 
nos critérios gerais, direitos comuns, nas leis já existentes e na constituição do país. Invoca o 
princípio da legalidade. Resolver a investigação, as indagações, dogmáticas é identificar o 
direito objetivamente. Em seguida o direito passa por um processo formal. 
A ciência dogmática está às voltas com a identificação do direito, tendo em vista a 
decibilidade dos conflitos. 
Fontes do Direito 
Introdução ao Direito 
Inicialmente se considerava as fontes em formal e material. Tais processos 
pressupõem uma estrutura de poder. A fonte material seria o estudo sociológico dos motivos 
éticos ou dos fatos econômicos que condicionam o aparecimento e as transformações das 
regras de direito. Já as formais são os órgãos e os processos no qual as normas jurídicas se 
formam 
Por Fonte do direito designa-se os processos ou meios em virtude dos quais as regras 
jurídicas se positivam com legítima força obrigatória (com vigência e eficácia). O direito resulta 
de fôrmas: o legislativo, os costumes, a jurisdição e o ato negocial (poder negocial e autonomia 
da vontade). 
As fontes podem ser diretas (primárias ou imediatas), as quais se incluem a lei e o 
costume, podem ser indiretas (secundárias ou mediatas), as quais se aplica a analogia e os 
princípios gerais do direito, ou podem ser auxiliares, as quais cabe a jurisprudência, a doutrina 
e a equidade. 
No Common law o direito é surge nas circunstâncias sociais e históricas e é 
consolidado em precedentes judiciais, ou seja, segundo decisões baseadas em uso e costumes 
prévios 
No Civil law o direito surge do processo legislativo e é pelos próprios consolidado. 
Lei X Costume 
 Lei Costume 
Origem Certa e pré-determinada, claramente 
marcada no espaço e no tempo. 
Não tem origem certa, nem 
localização; nasce de maneira anônima 
Forma de 
elaboração 
Se origina de um órgão certo e sua 
formação obedece à um formalismo. 
Aparece de forma imprevista, por isso 
não há processos para sua revelação. 
Extensão É genérica, universal. Sua maioria é particular. 
Forma Sempre escrita. É não-escrito; no entanto, há casos de 
consolidação por iniciativa de órgãos 
administrativos. 
Tempo de 
vigência 
Possui tempo determinado, ou então 
é revogada por outra lei. 
Não é passível de determinação. Perde 
sua vigência pelo desuso. 
Sentido Direito racional. Direito espontâneo. 
Efeitos 
práticos 
Está cercada de certezas e garantias; 
indeclináveis às partes. 
É suscetível de se provar o contrário; é 
suscetível deceder ante uma prova 
em contrário. 
Um costume só se torna jurídico após preencher dois requisitos: elementos objetivos, 
a repetição habitual de um comportamento, e elementos subjetivos, a consciência social da 
obrigatoriedade desse comportamento. 
Objetivamente, pode-se dizer que o costume jurídico passa a se referir 
internacionalmente a valores do direito, tanto para realizar um valor positivo, considerado o 
interesse social, como para impedir um valor negativo. 
Costume 
Elementos: 
Introdução ao Direito 
Os elementos externos, materiais ou de fato, se traduzem no uso ou na prática, num 
dever ser uniforme, constante, público e geral. Já os elementos internos, psicológicos, 
consistem na convicção de que a observância da norma costumeira corresponde a uma 
necessidade jurídica, resultando em sua obrigatoriedade. 
As 3 formas de visão 
I - Prater legem: o costume que disciplina matéria que a lei não conhece. Supre a 
lei de omissões. 
II - Secundum legem: neste caso a própria lei reconhece a eficácia do costume. 
III - Contra legem: ocorre em dois casos, um é quando a o costume supre uma lei 
em desuso, ou no costume ab-rogatório, que cria uma nova regra. 
Leis 
As leis podem ser: 
I - Impositivas: de caráter absoluto e de observância obrigatória. 
II - Dispositivas: regras relativas, permissivas ou supletivas. 
Jurisprudência 
É o reconhecimento de uma conduta como obrigatória nos tribunais. É o conjunto de 
reiteradas decisões dos tribunais sobre uma determinada matéria. 
Analogia 
Analogia legis 
Analogia juris 
Princípios gerais do direito 
São princípios que procuram fundamentar todo o sistema jurídico, não tendo uma 
correspondência positiva equivalente. 
Valores 
Os valores e o Mundo do “Dever ser” 
Em geral, os autores admitem apenas duas esferas, a dos objetos naturais e os objetos 
ideais, porque incluem entre esses os valores. 
No entanto, há diferença entre os valores e os objetos ideais. 
Valores Objetos ideais 
A-espaciais e atemporal Valem independente do que ocorre no tempo 
Introdução ao Direito 
(impossibilidade de mensuração) e espaço 
Se concebem em algo existente (valioso), por 
isso não quantificáveis 
Quantificáveis 
Segundo Lotze, valor apenas se vale; seu ser é valer. Ou vemos uma coisa enquanto 
elas são ou enquanto valem, e porque valem devem ser. 
A realidade desdobra-se entre juízo de realidade e juízo de valor; objeto é tudo o que 
pode ser sujeito de um juízo, o do ser e dever ser. Ser e dever ser são explicáveis segundo os 
princípios de causalidade e finalidade. 
 
Ser 
 
Objetos naturais Físicos 
 
Objetos culturais (são enquanto devem ser) 
Psíquicos 
Objetos ideais 
Dever ser Valores 
 Os valores não se confundem com os objetos ideais ou com os culturais, que são 
derivados e complexos. O que significa que a cultura não é vista, como por Radbruch, Rickert 
ou Windelband, como valor; a cultura é antes elemento integrante, inconcebível sem a 
correlação dialética entre ser e dever ser. Sem uma cultura a natureza não teria significado e 
os valores não seriam possível, uma vez que essa é referencia eterna do que é natural ao 
mundo dos valores. 
Características do Valor 
O valor é sempre bipolar; o que se é possível no mundo dos objetos ideais, só é 
essencial nos valores. A bipolaridade significa que a um valor se contrapõe um desvalor: 
valores negativos e valores positivos. A vida jurídica se desenvolve na tensão de valores 
positivos e de valores negativos; o direito tutela os valores positivos e impede que aconteça os 
valores negativos. 
A característica de implicação define-se no fato de nenhum valor se realiza sem influir 
na realização dos demais. O mundo da cultura é sempre um mundo solidário, por dependência 
mútua de seus fatores, não de coexistência pacífica dos interesses. Um valor se contrapõe, 
transcende e pressupõe um fato. 
Outra característica é a necessidade de sentido ou referibilidade. O valor implica 
sempre em uma tomada de posição do homem e por isso uma necessidade de sentido. O que 
vale, vale de algo e para alguém. Os valores apresentam um sentido apontado para um fim, 
que são determinantes de conduta. 
Valor envolve uma orientação, e assim caracteriza-se por preferibilidade, a teoria do 
valore tem como consequência lógica uma teoria dos fins: fim é um valor enquanto 
racionalmente reconhecido como motivo de conduta. 
A fisionomia de uma época depende da forma como seus valores se ordenam e 
distribuem, por isso caracteriza-se por uma possibilidade de ordenação, hierarquia. 
Introdução ao Direito 
Os valores são, também, históricos e inexauríveis (inesgotáveis). 
Os valores representam o mundo do dever ser, das normas ideais quando define 
comportamentos e em realizações de civilização e cultura. Do ser não se passa para o dever 
ser, mas do contrário pode haver. 
O valor pode revelar-se sem algo em que se apoie e sem uma ou mais consciências às 
quais se refira. 
Os valores são objetivos, uma vez que quando mostrada a tendência pela sociedade, 
em um momento histórico, procura-se um fim; e que eles se impõem às nossas experiências 
subjetivas. 
Os valores e o Direito 
A medida que se toma uma posição em função de um fato, esse assume uma 
dimensão valorativa, que resulta de sua referibilidade de valores. Diante do fato, as atitudes 
de profissionais do direito e de profissionais de outras áreas não podem ser confundidas. A 
categoria dos juristas é de dever se, que não se confunde a de outras áreas (psicologia, 
medicina, sociologia); o direito só compreende o ser referido ao dever ser. A ação do jurista 
será uma tomada de posição segundo valores. 
Teoria sobre o Valor 
Os objetos podem ser naturais, ideais ou valores. 
A primeira corrente a ser aprendida é subjetivista e reúne várias teorias psicológicas da 
valoração. Como a Hedonista, em que valioso é o que nos agrada, causando-nos prazer; ou a 
de tipo Voluntarista, a qual liga o problema do valor à satisfação de um desejo, um propósito, 
base sentimental-volitiva. 
Essas correntes não se opõem, mas se completam; prevalece-se o entendimento que 
valioso é o que nos causa prazer, lembra o nosso desejo. Os valores seriam uma ordem de 
preferências psicologicamente explicável: a grandeza do valor é proporcional a sua 
preferibilidade. Os valores subsistem mesmo depois de cessados os desejos, ou quando os 
desejos não logram ser satisfeitos. 
Como correntes objetivistas, destacam-se a sociológica, a ontológica e a histórico-
cultural. 
Interpretação sociológica dos valores 
Essas assumem uma atitude crítica perante as conclusões das doutrinas psicológicas. 
Cem que coloca o problema a luz das exigências da psicologia social, ao invés da individual. 
Assim, assumem os valores como fatos da sociedade como crenças ou desejos sociais, como 
propõe Gabriel Tarde, ou produtos de uma consciência coletiva, como propõe Durkheim. 
Introdução ao Direito 
A sociologia dos valores funda-se na sociedade como um todo, que não se reduz aos 
indivíduos que a formam. Com Durkheim uma teoria se uma consciência coletiva irredutível e 
superior a consciência dos indivíduos componentes. O elemento distintivo do fato social seria 
dado pela consciência coletiva. Em seguida, viu a consciência coletiva como um repertório de 
valores; concluindo que os valores obrigam e enlaçam nossa vontade, porque representa as 
tendências prevalecentes no todo coletivo, exercendo coação ou pressão sobre as consciências 
individuais. 
Segundo ele, valor provém da relação das coisas com diferentes aspectos do ideal; mas 
ideal não e fuga para um além misterioso; ele está na natureza, é da natureza. Jamais do 
desejável se resulta a obrigaçãomoral, esse dever e valor (obrigatório e desejável) tornam-se 
aspectos de uma realidade a medida que se forma uma consciência coletiva com referência Às 
individuais. 
Desse modo, acentua-se o direito, para Davy e Bouglé, como símbolo visível da 
solidariedade social. Davy procura mostrar como na história da sociedade surgem valores que 
se impõem de modo objetivo e ideal. Até mesmo a personalidade teria sido colocada por uma 
consciência coletiva. E Bouglé apresenta uma tese sobre a evolução sociológica dos valores, e 
mostra que determinadas posições espirituais não surgiram na consciência histórica repentina, 
mas marcam o amadurecimento de um processo multissecular. 
O homem muitas vezes não direciona suas ações ao que quer, às vezes ele contraria 
suas tendências naturais ou espontâneas. O valor seria a inclinação imediata de nosso ser. Os 
valores podem levar o homem a vencer aquilo que seria sua tendência natural; o mundo 
valioso é o do superamento ético. 
Davy se contrapõe ao idealismo de valores inatos inscritos no direito natural, os 
valores se revelam na civilização humana. 
Para Durkheim, os fenômenos podem ser explicados segundo esquemas de valores 
genérico ou constantes, uma vez que há uma funcionalidade entre os delitos e as causas 
sociais (econômicas, ou psicológicas, ou racial ou demográfica). 
A opinião da maioria não traduz a certeza ou verdade no modo das estimativas. 
Poderá ser indício de verdade ou de validade. O que se acontece com frequência é apena 
indício, que pode ser contrariado no decorrer da história. 
Ontologismo Axiológico 
 Max Scheler critica o formalismo de Kant, criando uma ética material de valores; 
fundou bases de uma ética, de conteúdo estimativo ou axiológico. Nicolai Hartmann 
desenvolve a ideia de Scheler com um ontologismo rigoroso; se volta ao campo dos valores à 
posição platônica. Ambos os pensadores entendem que os valores não dependem de nossos 
desejos, nem são projeções inclinações psíquicas ou do fato social, mas algo que se põe antes 
do conhecimento ou da conduta humana (podendo, também, ser a razão dessa conduta). Os 
valores apresentam um ideal de si por si, com uma consciência própria de modo que seriam 
descoberto através da história, e não constituídos por ele na história. 
Introdução ao Direito 
A história seria a descoberta incessante desse mundo ideal ou modelo. Os valores 
seriam objetos ideai ou a eles correspondentes em sai irrealidade, anteriores a qualquer 
processo histórico, porque eternos. A história seria a tentativa de se atingir esse mundo 
transcendente por meio de intuições, as únicas vias de acesso até às realidades estimativas. 
Segundo Scheler e Hertmann, é graças à intuição que podemos entrar no mundo dos 
valores. Os valores que podem ser captados por um contato direto do espírito, quer 
emocionalmente (Scheler), quer emocionalmente e por meio de sua essência (Hartmann). 
Hartmann acentua a diferença do mundo dos valores e do histórico, diz que só 
podemos captar os valores na singularidade, porque eles não se comunicam uns com os 
outros, nem tornam possível qualquer progresso. Os valores são um mundo subsistente e 
cerrado em si mesmo. 
Contudo, essa separação entre valor e história, ficando está vazia de sentido. 
Teoria histórico-cultural dos valores 
Não desconhecem as contribuições da psicologia nem da sociologia nesta matéria, mas 
procuram resolver as dificuldades de ordem lógica e filosófica encontradas na crítica da 
posição puramente empírica. 
As doutrina histórico-culturais se unificam na convicção de que se é impossível 
compreender o problema do valor fora do âmbito da história, local de realização dos valores e 
projeção do espírito da natureza. 
O homem é o único ser capaz de inovar ou instaurar algo de novo no processo dos 
fenômenos naturais, fazendo nascer um mundo imagem de seu tempo vivido. Por Louis Lavelle 
o ato, no qual o eu assume o seu ser próprio, é o ato que funda o valor em si mesmo e de 
todos os objetos a que se aplica, de todos os fins que se quer atingir. É na relação do eu com o 
todo que reside a origem do valor. 
‘Nada se cria, tudo se transforma’, que a história se repete. A natureza se repete e só o 
homem inova e se transcende. É essa atividade inovadora, essa de gerar as próprias razões, 
que se chama de espírito. 
Por meio das leis natural, instrumentos ideais, o homem fez surgir o mundo histórico, 
o mundo cultural; só podendo fazê-lo por ser livre com poder de síntese, permitindo poder 
construir formas e estruturas novas reunindo unidades, de sentidos inesgotáveis, os elementos 
particulares e dispersos da experiência. 
Assim, o espírito humano se projeta sobre a natureza, conferindo-lhe dimensão nova, 
ou valores. O valor é projeção do espírito universal, enquanto se projeta como consciência 
histórica (que traduz a interação de consciências individuais). 
Mas o que move o espírito nesse projetar-se histórico é divergente nas doutrinas. Ora 
são tendências éticas, ora anseios de liberdade, e ora necessidades econômicas no sentido do 
progressivo domínio sobre a natureza. 
Introdução ao Direito 
O elemento de força, domínio e supremacia dos valores resulta na consciência do 
espírito por si mesmo; os valores obrigam porque representam o homem mesmo, como 
autoconsciência espiritual. 
Essa projeção do espírito n história é o que Hegel denominava ‘espírito objetivo’. 
Os valores não são objetos ideais (estáticos que se desenvolvem de maneira reflexa), 
eles se inserem em nossas experiências históricas, imanando-se dela. Entre valor e realidade a 
um nexo de polaridade e implicação. Assim, o valor não se reduz ao real, sua essência é de 
superar a realidade e essa jamais se esgota. 
Os valores não são apenas fatores éticos, eles também constituem essa experiência, 
que consideramos historicismo axiológico. 
A cultura e o valor da pessoa humana 
Objetividade e historicidade dos valores 
Os valores se manifestam na história. Não são uma realidade ideal, como um modelo 
definitivo, são algo que o homem realiza em sua própria experiência e que vai assumindo 
diversas e exemplares experiências, através do tempo. 
No plano da História, os valores possuem objetividade, porque jamais se esgotará a 
possibilidade dos valores; sempre aberto para um gênio inventivo e criador. Trata-se de uma 
objetividade relativa, uma vez que não existem de si por si, mas em relação aos homens. Mas 
não lhe falta imperatividade ética; segundo Brightman, não há valores que possam ser 
apreciados plenamente sem se levar em conta todos os demais, a experiência pessoal e a 
coletiva. 
O homem revela-se como pessoa ou unidade espiritual, fonte, base de toda a 
axiologia, e todo o processo cultural. 
Os sociólogos evidenciam como nascem os valores, nascem de uma consciência 
individual e social. 
O homem é o valor fundamental, que vale por si mesmo por se o único capaz de 
valores. 
Quando o homem, perante fatos, toma uma posição, estima o mesmo fato e situa em 
uma totalidade de significados, surge assim o fenômeno da compreensão: o ato de valorar 
como componente essencial do ato de conhecer. O problema dos valores é problema de 
compreensão e não de explicação. 
A pessoa como valor fonte 
O ser do homem é o seu dever ser. O homem representa algo que é um acréscimo À 
natureza, a sua capacidade de síntese, como instaurador de novos conhecimentos, como 
Introdução ao Direito 
constituição de novas formas de vida. O poder nomotético do espírito consiste em sua 
faculdade de outorgar sentidos aos atos e às coisas, que começa pela linguagem. 
O homem constitui um segundo mundo, o da cultura. O homem, valendo-se dos 
conhecimentos obtidos na ordem do ser compreendeu e integrou

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