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Manual de Psicologia Hospitalar - O mapa da doença - Simonetti

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Simonetti, A. Manual de Psicologia Hospitalar – O mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. Pg 115-129.
Capítulo: A terapêutica
A estratégia terapêutica da psicologia hospitalar é levar o paciente rumo à palavra.
Estratégia: plano de ação; direção de tratamento.
Tecnica: própria ação.
Estratégia e técnicas não são estanques, mas brotam da relação entre psicólogo e paciente.
Estratégias básicas:
Escutar
Escutar
Escutar
Fazer falar: falando simboliza-se o sofrimento e dissolve-se a angústia. A fala que faz a passagem da doença para o adoecimento. O adoecimento traz consigo a ideia da subjetividade. “Doenças não falam, doentes sim”. 
Associação livre: para fazer falar. O paciente é convidado a falar livremente e o psicólogo também deve escutar livremente, sem valorizações a priori de temas relacionados à doença. 
Entrevista: para que o paciente fale.
Fazer silêncio: é como um vácuo que precisa ser preenchido pelas palavras, fazendo com que o paciente fale. Certas horas não admitem palavras.
Mudança: o psicólogo não é modificador de comportamentos. É um facilitador do trabalho de elaboração psíquica, trabalho esse que pode ou não levar a uma mudança. Na psicologia hospitalar a mudança vem como resultado e não como objetivo.
Doença
Negação
Revolta
Enfrentamento
Depressão
Órbita em torno da doença (posições em que paciente se encontra).
Negação: em geral a negação é uma posição inicial, passageira. É uma defesa que surge porque algo ataca o sujeito. Trabalhar com defesas é ajudar o paciente a transcendê-las e não rompê-las e expor o sujeito à angústia com o qual ele não tem como lidar em determinado momento. Em geral a negação se desvanece quando o paciente fala livremente. 
Revolta: o objetivo é torná-la desnecessária pela ventilação dos sentimentos reprimidos. Quando se esta no registro da revolta, “o psicólogo deve focalizar a verdade da pessoa e não apenas o errado da situação. (...) Existe sempre uma verdade no comportamento do paciente que o leva a um ato errado; há sempre uma intenção positiva embutida em um comportamento negativo”. A revolta diminui a angustia e facilita a elaboração psíquica, mas também pode desencadear um processo de explosão de violência. Com a possibilidade de transformar gritos em fala, o paciente não mais precisa gritar para ser escutado.
Depressão: fase esperada diante de uma doença. Quando deixa de ser fase e torna-se “estado”, deve-se considerar o uso de antidepressivos. “Quando quiser estimular o paciente deprimido seja contagiante com sua vitalidade, não seja professoral”. Na depressão o sujeito retira energia psíquica dos objetos externos e volta-a para o interior no intuito de elaborar perdas (reais ou imaginarias). O papel do psicólogo é assessorar e dar suporte ao paciente, ressaltando os mínimos sinais dessa elaboração. Deve-se ficar atento para o risco de suicídio. Para pacientes terminais cita-se Kubler-Ross: há dois tipos de depressão, reativa e preparatória. A reativa reage contra as perdas provocadas pela doença. A preparatória leva em consideração as perdas que estão por vir, fazendo um desinvestimento nos objetos externos e uma tentativa progressiva de desligamento do mundo. “No pesar preparatório há pouca ou nenhuma necessidade de palavras, em geral um toque carinhoso de mão, um afago nos cabelos ou apenas um silencioso sentar-se ao lado é suficiente”.
Enfrentamento realista: alternância entre as posições de luta e luto em relação a doença. Ponto de chegada após longo processo, mas que ainda requer a ajuda do psicólogo para ouvir a realidade dura que ele ainda esta digerindo. É uma posição de fluidez, tanto de emoções quanto de ideias e, portanto, não requer coerência absoluta: o que o paciente disse e sentia ontem pode não ser o mesmo de hoje. A verdade que o paciente atinge é a primeira e pode ser substituída por varias outras. 
Esperança: uma esperança qualquer deve sempre ser mantida.
Bater papo: favorece uma transferência positiva.
A palavra pertence a quem escuta: psicólogo deve sempre estar atento à linguagem e a necessidade desta ser compreendida pelo outro. É o ouvinte que confere sentido à mensagem.
Transferência: “O que o paciente viveu sob transferência ele jamais esquecerá” (Freud). A doenca impõe uma tendência de regressão. A positiva não estabelece dificuldades, ao contrario a transferência negativa seja com o psicólogo ou com outros membros da equipe de saúde. A interpretação sob transferência consiste em criar condições para que o próprio paciente se dê conta de suas repetições e do caráter regressivo de seus relacionamentos.
Situação vital desencadeante: algum acontecimento de difícil assimilação por parte do paciente que leva ao desenvolvimento de uma doença (divórcio, desemprego, etc). essa relação entre evento e adoecimento so ocorre com o tempo e com o amadurecimento da elaboração psicológica.
Ganho secundário: cabe ao psicólogo não reforçar tais ganhos e orientar familiares e equipe.

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