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Balanço de massa e energia Balanço de massa com reação química. AULA 5 Estequiometria das reações químicas. • Reagente limitante e em excesso. • Conversão fracional e extensão da reação. • Reações múltiplas, rendimento e seletividade. • Balanços em processo reativos. • A química da combustão. 1 Felder, R.M.; Rousseau, R.W. ‐ Princípios Elementares dos Processos Químicos. LTC Editora. 3ªed. 2005.Capítulo 4 Fundamentos de balanços de massa. Referencia Himmelblau, David M.; Riggs, James B. Engenharia Química Princípios e Cálculos - 7ª Ed. 2006. Editora Ltc 2 Introdução A diferença fundamental dos balanços nos processos com reação, daqueles vistos até aqui, é o aparecimento de um novo termo na equação de balanço de componente: ENTRA = SAI + REAGE relativo ao desaparecimento ou aparecimento dos componentes em função da reação química. A equação estequiométrica da reação química impõe restrições sobre as quantidades relativas dos reagentes e produtos nas correntes de entrada e de saída Se A → B, por exemplo, você não pode começar com 1 mol de A puro e acabar com 2 mol de B. 3 Conceitos Estequiometria é a teoria das proporções nas quais as espécies químicas se combinam. A equação estequiométrica de uma reação química é uma declaração da quantidade relativa de moléculas ou moles de reagentes e produtos que tomam parte na reação. Por exemplo, a equação estequiométrica: 2 SO2 + 1 O2 → 2 SO3 2 moleculas SO2 2 Mols SO2 2 lbmols SO2 1 molecula O2 1 Mol O2 1 lbmol O2 2 moleculas SO3 2 Mols SO3 2 lbmols SO3 Os números que precedem as formulas para cada espécie são chamados de coeficientes estequiométricos dos componentes da reação. 4 Uma equação estequiométrica valida deve estar balanceada; isto é, o número de átomos de cada espécie atômica deve ser o mesmo em ambos os lados da equação, já que os átomos não podem ser criados nem destruídos. 2 SO2 + 1 O2 → 2 SO3 5 Balanco estequiometrico entrada Balanco estequiometrico saida S: O: A razão estequiométrica de duas espécies moleculares participantes em uma reação química é a razão entre os seus coeficientes estequiométricos na equação da reação balanceada. Esta razão pode ser usada como um fator de conversão para calcular a quantidade de um reagente (ou produto) específico que é consumido (ou produzido), dada uma quantidade de outro reagente ou produto que participe na reação. Para a reação: 2 SO2 + O2 → 2 SO3 A proporção estequiométrica do SO2 e O2 é: n mole SO2/ n mole O2 = 2/1 presentes na alimentação do reator. Por exemplo: 200 mol de SO2 e 100 mol de O2. 6 Para a reação: 2 SO2 + O2→2 SO3 Se, por exemplo, você sabe que são produzidos 1 600 kg/h de SO3 qual a quantidade de oxigênio requerido Considere a reação: C4H8 + 6 O2 → 4 CO2 + 4 H2O 1. A equação estequiométrica está balanceada? 2. Qual é o coeficiente estequiométrico do CO2? 3. Qual é a razão estequiométrica de H2O para O2 ? (inclua as unidades). 4. Quantos lb‐mol O2 reagem para formar 400 lb‐mol de CO2? (use uma equação dimensional). 5. Cem moles/min de C4H8 alimentam um reator, e 50% reagem. A que taxa se forma a água? 7 Reagente limitante e em excesso. Diz‐se que dois reagentes, A e B, estão em proporção estequiométrica quando a razão (moles de A presentes) / (moles de B presentes) é igual à razão estequiométrica obtida da equação da reação balanceada. Para que os reagentes na reação: 2 SO2 + O2 → 2 SO3 estejam em proporção estequiométrica, devem existir 2 moles SO2 para cada mol O2 de forma tal que nSO2/nO2 = 2:1 presentes na alimentação do reator. Se 200 mol de SO2 e 100 mol de O2 estão presentes do inicio da reação e esta prossegue até se completar , o SO2 e o O2 desaparecem juntos. 8 Agora, se você começa o processo com 100 mol O2 e menos do que 200 mol SO2 (quer dizer, se o SO2 está presente em quantidade menor que sua proporção estequiométrica), o SO2 desaparece antes do O2. Um reagente é limitante se estiver presente em menor quantidade do que a estabelecida pela proporção estequiométrica, em relação a todos os outros. Uma forma prática de se determinar o reagente limitante é fazer a razão alimentação/coeficiente estequiométrico para todos os reagentes. O que apresentar menor razão, é o reagente limitante. 9 Exemplo para a reação: 2 SO2 + O2 → 2 SO3 Suponhamos que se alimentam a um reator 200 moles de SO2 e 200 moles de O2. Determine qual é o reagente limitante . Determinando a relação: moles alimentados /coeficiente estequiométrico fica Então, o SO2 é o reagente limitante 10 Excesso fracional e porcentagem em excesso. Suponha que (nA)alim é o número de moles do reagente em excesso, A, presente na alimentação de um reator, e que (nA)esteq é o requisito estequiométrico de A, ou a quantidade necessaria para reagir completamente com o reagente limitante. Então (nA)alim ‐ (nA)esteq é a quantidade pela qual o A na alimentação excede a quantidade necessária para reagir completamente se a reação é completa. O excesso fracional deste reagente é a razão entre o excesso e o requisito estequiométrico: Percentagem em excesso de A 100 vezes o excesso fracional. 11 Exemplo: Consideremos por exemplo a reação: H2 + Br2 → 2 HBr Suponha que 25 mol de H2/h e 20 mol de Br2/h são alimentados ao reator. O regente limitante é o Br2. Para o H2 estar em proporção estequiométrica, deveria ser alimentado a razão de 20 mol H2/h. Logo: (25‐20)/20 x 100 = 25% em excesso de H2 12 Conversão fracional: As reações químicas não acontecem instantaneamente. Ao contrário , frequentemente desenvolvem‐se muito lentamente. Nestes casos, não é prático projetar o reator para a conversão completa do reagente limitante. Então o efluente do reator sai ainda com algum conteúdo de reagente não consumido e é submetido a um processo de separação para remover os reagentes não consumidos da corrente de produto. O reagente separado é então reciclado de volta para a alimentação (se for economicamente viável, para isso, deve‐se fazer os cálculos da viabilidade econômica). 13 A conversão fracional de um reagente é a razão entre o número de mols que reage e o número de mols alimentado do reagente: Conversão fracional: A fração não convertida é, então, 1‐f. Se 100 mol de A são alimentados e 90 moles reagem, a conversão será de 0,9 (a percentagem de conversão é 90%) e a fração não reagida é 0,10. A fração de A não convertida será 1‐XA=1‐0,9 = 0,10. 14 Reações múltiplas, rendimento e seletividade. Na maior parte das reações químicas os reagentes são combinados com objetivos de produzir um determinado produto em uma única reação química. Infelizmente, os reagentes podem combinar‐se em mais de uma forma e o produto formado pode por a sua vez, reagir para transformar‐se em algum outro produto menos desejável. Os resultados destas reações paralelas é uma perda econômica: obtém‐se menos produto desejado para uma dada quantidade de reagente, ou uma maior quantidade de reagente precisa ser fornecido ao reator para obter uma quantidade especifica de produto. 15 Reações múltiplas, rendimento e seletividade. Os termos rendimento e seletividade são usados para descrever o grau em que a reação desejada predomina sobre as reações competitivas. As demais reações e consequentemente demais produtos, são indesejáveis. Rendimento (baseado no consumo de reagente) 16 Quanto maiores os valores de rendimento e seletividade, maior será a produçãodo produto desejado. Seletividade apresenta outras definições, como, por exemplo: quantidade de um produto formado pela quantidade de todos os produtos formados (desejados e indesejados). Rendimento e seletividade 17 Por exemplo, o etileno pode ser produzido pela desidrogenação do etano (desejado): C2H6 → C2H4 + H2 Uma vez que H2 é produzido, pode reagir com etano para produzir metano (indesejado): C2H6 + H2 → 2 CH4 Além disso, o etileno pode reagir com etano para produzir propileno e metano (indesejados): C2H4 + C2H6 → C3H6 + CH4 18 Reações múltiplas, rendimento e seletividade. Exemplo Acrilonitrila (C3H3N) é produzida pela reação de propileno, amônia e oxigênio: C3H6 + NH3 + O2 → C3H3N + H2O A composição molar na corrente de alimentação no reator contém 10% de propileno, 12% de amônia e 78% de ar. a) Qual é o reagente limitante? b) Quais os reagentes em excesso? Qual a porcentagem em excesso? c) Calcule os kmol de C3H3N produzidos por kmol de NH3 alimentado para uma conversão de 30% do reagente limitante. A química da combustão. A combustão é um processo industrial em que um combustível, normalmente um derivado de petróleo, é queimado com um comburente, normalmente ar (em excesso em relação ao combustível), gerando uma mistura gasosa conhecida como gás de combustão ou gás de chaminé (pois é eliminado pelas chaminés). O combustível industrial é normalmente formado por uma mistura de hidrocarbonetos, uma vez que são oriundos do petróleo, com possíveis contaminações de derivados sulfurados. 19 Independentemente de possíveis mecanismos de reação, pode‐se escrever as equações a seguir: A química da combustão. Assim, o gás de combustão será constituído normalmente de CO2 e H2O (produtos das reações), O2 (reagente em excesso), N2 (inerte proveniente do ar). Quando o combustível é contaminado com compostos sulfurados, os gases de combustão conterão também SO2. O CO poderá aparecer nos gases de combustão, se a combustão ocorrer com baixo excesso de ar (combustão incompleta). 20 Combustíveis principais: ‐ Carvão (C, S, etc.) ‐ Óleo combustível (hidrocarbonetos pesados, S). ‐ Gases combustíveis (gás natural, GLP (gás liquefeito de petróleo)). ‐ Gás de cozinha (propano e butano) e principalmente CH4. Se houver a formação de CO2, a partir de um hidrocarboneto (CxHy) dizemos combustão (oxidação) completa. Se CO for formado, dizemos em combustão parcial ou incompleta do hidrocarboneto. 21 Por razões econômicas óbvias, o ar atmosférico é fonte de oxigênio. Sua composição molar é de 79% de N2 e 21% de O2. A composição mássica é de 23,2% de O2 e 76,8% de N2. Em relação ao 79 % N2 e 21% O2 deveria ser 76,7% e 23,3%. A diferença está dada devido a presença de outros gases. O peso molecular médio do ar é 28,84 u.m.a.≈ 29 O gás de combustão é normalmente analisado em equipamentos industriais, como os fornos de processos e as caldeiras (para geração de vapor de água), para o controle do processo de combustão. Esta análise normalmente é feita em um equipamento conhecido como aparelho de Orsat. 22 Como o gás de combustão é previamente resfriado até a temperatura ambiente, para permitir a condensação da maior parte do vapor de água, a análise é dita ser em base seca (dry‐basis). Composição em base úmida (wet‐basis) é usada para indicar as frações molares de um gás contendo água. Composição em base seca (dry‐basis), significa que a fração molar do mesmo gás é sem água. Exemplo: 33,3% CO molar, 33,3% N2 e 33,3% H2O (base úmida). 50% CO molar, 50% N2 (base seca). Para se saber a composição em base úmida, basta conhecer a composição em base seca e a umidade da mistura em que está sendo analisada (medida normalmente através de um outro equipamento chamado psicrômetro). 23 De base úmida a base seca. Um gás de chaminé contém 60,0% molar N2; 15,0% CO2; 10,0% O2 e o resto é água. Calcule a composição molar do gás em base seca. 24 25 Exemplo: De base seca a base úmida. Uma análise de Orsat (uma técnica para análise de gás de chaminé) fornece a seguinte composição em base seca: N2 = 65,0% CO2 = 14,0% CO = 11,0% O2 = 10,0% Uma medição da umidade mostra que a fração molar de água no gás de chaminé é 0,07. Calcule a composição do gás de chaminé em base úmida. Base de cálculo: 100 mol de gás seco: Solução O gás na base assumida contem então: 100 mol gás seco (0,65) = 65,0 mol N2 100 mol gás seco (0,14) = 14,0 mol CO2 100 mol gás seco (0,11) = 11,0 mol CO 100 mol gás seco (0,10) = 10,0 mol O2 107,5 mol gás úmido 26 Se a fração molar de H2O no gás é 0,07, então 0,93 é gás seco. Calcular quanto mol de H2O há por mol de gás seco. As frações molares para cada componente no gás de chaminé podem agora ser facilmente calculadas: 7,53 / 107,5 = 0,070 mol H2O/ mol gás úmido 65,0 / 107,5 = 0,605 mol N2 / mol gás úmido 14,0 / 107,5 = 0,130 mol CO2 / mol gás úmido 11,0 / 107,5 = 0,102 mol CO/ mol gás úmido 10,0 / 107,5 = 0,0930 mol O2 / mol gás úmido Ar teórico e ar em excesso Se dois reagentes participarem de uma reação, onde um é consideravelmente mais caro que o outro, uma prática habitual é alimentarmos o mais barato em excesso com relação ao outro. Nos processos de combustão, o reagente mais barato é o ar, daí sempre preferencialmente se trabalhar com ar em excesso. Oxigênio teórico: Os moles (em batelada) ou vazões molares (contínuo) de O2 necessários para a combustão completa de todo o combustível fornecido ao reator, assumindo‐se que todo o carbono no combustível é oxidado a CO2 e todo o hidrogênio é oxidado a H2O. 27 Ar teórico: A quantidade de ar que contém o oxigênio teórico. Ar em excesso: A quantidade de ar alimentado que excede a quantidade teórica. Conhecendo‐se a estequiometria de reação completa, determina‐se o O2 teórico. Se 50% de excesso de ar for alimentado no reator, então: (mol ar)alimentado = 1,5 (mol ar)teórico 28 Exemplo : Ar teórico e ar em excesso Cem 100 mol/h de butano (C4H10) e 5000 mol/h de ar são alimentados a um reator de combustão. Calcule a percentagem de ar em excesso. 29 Procedimento para realização de balanço de massa em reatores de combustão Para a realização de balanços de massa em reatores de combustão, o procedimento o mesmo. Lembre‐se que: 1) Quando desenhar o fluxograma não esquecer de incluir o N2 na entrada e na saída. 2) Na saída não se esqueça do combustível e do O2 não reagido. 3) Além dos produtos de combustão (CO, CO2, H2O). 30 4) Se é dada uma porcentagem em excesso de ar, o O2 realmente alimentado pode ser calculado multiplicando‐se o O2 teórico (determinado a partir da vazão de combustível e estequiometria da reação) por (1 + fração de excesso de ar). O N2 alimentado pode então ser calculado como: 3,76 x O2 alimentado. Observação: em ar: mol N2/mol O2= 0,79/0,21 = 3,76 O ar total com 4,76 x O2 alimentado. Observação: em ar: mol ar/mol O2= 1/0,21 = 4,76 Procedimento para realização de balanço de massa em reatores de combustão 31 Exemplo : Combustão de etano. O etano é queimado com 50% excesso de ar. A percentagem de conversão do etano é 90%; do etano queimado, 25% reagem para formar CO e o resto forma CO2. Calcule a composição molar do gás de chaminé em base seca e a razão molar da água para o gás de chaminé seco. 32
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