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Tendências Pedagógicas na prática escolar_Luckesi 1.Pedagogia Liberal Manifestação própria da sociedade capitalista, cujo sistema estabeleceu a sociedade de classes ou defendeu a liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabelecendo a propriedade privada como forma de organização. Sustenta a idéia de que a escola tem a função de preparar os indivíduos para desempenharem papéis sociais. O cotidiano do aluno não é considerado. Iniciou-se com a pedagogia tradicional e evoluiu para a pedagogia renovada ou “escola nova”, embora ambas convivam; Papel da escola Conteúdos métodos Rel. Professor/aluno Pressupostos Prática escolar 1.1.Tradicional A escola tem compromisso com a cultura e não com problemas sociais. O caminho para o saber é o mesmo para todos os alunos, os “menos capazes” devem lutar para superar as dificuldades; Separados da realidade social e experiências do aluno. São conhecimentos acumulados pelas gerações adultas (enciclopédicos) e repassados ao aluno como “verdades absolutas” Exposição verbal da matéria ou demonstração. O professor segue alguns passos: 1.definição do trabalho, recordação da matéria anterior, despertar o interesse, 2.realce dos pontos-chave, demonstração 3.combinação do conhecimento novo com o anterior: associação e abstração, 4. Generalização (do particular ao geral) 5. Exercícios. Ênfase nos exercícios, repetição de conceitos, memorização. Autoridade do professor, que impede comunicação dos alunos no decorrer da aula. O professor transmite os conteúdos como verdades a serem absorvidas e a disciplina imposta é um meio eficaz para assegurar a atenção e o silêncio; Idéia de que o ensino consiste em repassar conhecimentos para a criança e idéia de que a capacidade de assimilação da criança é similar e apenas menos desenvolvida que a do adulto. Aprendizagem receptiva e mecânica, avaliação mediante verificações de curto prazo, esforço negativo com punições, notas baixas, e as vezes positivo, com emulações e classificações. Essa pedagogia é viva e atuante em nossas escolas. Incluem-se as escolas leigas e religiosas. 1.2Renovada progressivista A escola deve retratar a vida. Adequar a s necessidades individuais ao meio social. A escola deve promover experiências que permitam ao aluno educar-se; Dá-se muito valor aos processos mentais e habilidades cognitivas. “aprender a aprender”. É mais importante o processo de aquisição do saber que o saber. Desafios cognitivos e situações problemáticas são experiências que formam os conteúdos. Idéia de “aprender fazendo”. Valorização das tentativas, da pesquisa e da descoberta. (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet partem sempre de atividades que adequadas as etapas do desenvolvimento do aluno ) importância do trabalho em grupo. Passos básicos do método ativo: 1.colocar o aluno em situação de experiência 2. Problema desafiante com estímulo a reflexão 3.informações e instruções a disposição do aluno permitindo que pesquise soluções 4.soluções provisórias com a menor ajuda do professor 5. Oportunidade de colocar à prova as soluções a fim de determinar sua utilidade para a vida. O papel do professor é o de auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo do aluno e intervir apenas para dar forma ao raciocínio dele. A disciplina surge da tomada de consciência dos limites da vida grupal. Assim, aluno disciplinado é aquele participante, solidário, repeitador das normas do grupo. Instaura-se a “vivência democrática” entre professor / aluno. Aprender é uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem estimulada pelo meio. A avaliação é fluida e tenta ser eficaz a medida em que esforços e êxitos são valorizados pelo professor, explicitament6e reconhecidos. Os princípios vem sendo difundidos em larga escala. Sua aplicação no entanto, é reduzida porque se choca com o tradicional. Alguns métodos são adotados em escolas particulares, como o Método Montessori, o método de centro de interesses de Decroly, o método dos projetos de Dewey. Na educação pré-escolar, tem larga aceitação o ensino baseado na psicologia genética de Piaget. Pertencem a esta vertente as escolas experimentais, escolas comunitárias e a escola secundária moderna, difundida por Lauro de Oliveira Lima. 1.3Renovada não-diretiva A escola está mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Tendência ao papel de formadora de atitudes, (Rogers : favorecer clima de autodesenvolvimento é mais importante) A transmissão de conteúdos é secundária, pois a ênfase aqui está nos processos de desenvolvimento das relações e da comunicação. O estudante busca o conhecimento, mas este é dispensável. Rogers explicita algumas características do professor-facilitador: aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento da pessoa do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, usando técnicas de sensibilidade onde os sentimentos de cada um possam ser expostos sem ameaças. Pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada no aluno. O professor é um especialista em relações humanas e “ausentar-se” é a melhor forma de respeito e aceitação plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibidora da aprendizagem. A motivação é um ato interno que resulta do desejo de adequação pessoal na busca por auto-realização. Valorização do “eu”, o aluno precisa sentir-se capaz de agir em termos de metas pessoais. O que não está envolvido com o “eu” não é retido nem transferido. Privilegia-se a auto-avaliação; O inspirador da pedagogia não-diretiva é Carl Rogers, mais psicólogo clínico que educador. Suas idéias influenciam principalmente educadores envolvidos com aconselhamento. Pode-se citar também a escola de Summer Hill do educador inglês A. Neill. 1.4Tecnicista À escola compete organizar o processo de aquisição de habilidades atitudes e conhecimentos específicos úteis ao indivíduo para integrar-se na máquina do sistema social global. A escola articula-se com o sistema produtivo capitalista, seu interesse é produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho. São leis, princípios científicos, informações, conteúdos decorrentes das ciências mensuráveis e observáveis, eliminando-se a subjetividade. Material: livros didáticos, manuais, dispositivos audiovisuais, módulos etc. A tecnologia educacional é a aplicação sistemática de princípios científicos comportamentais e tecnológicos e problemas educacionais em função de resultados efetivos, utilizando uma metodologia e abordagem sistêmica abrangente. Possui 3 componentes básicos: OBJETIVOS INSTRUCIONAIS OPERACIONALIZADOS EM COMPORTAMENTOS OBSERVÁVEIS E MENSURÁVEIS - PROCEDIMENTOS INSTRUCIONAIS E AVALIAÇÃO. As etapas básicas do processo ensino e aprendizagem são: ESTABELECIMENTO DE COMPORTAMENTOS TERMINAIS, ATRAVÉS DE OBJETIVOS INSTRUCIONAIS – ANÁLISE DAS TAREFAS A FIM DE ORDENAREM-SE OS PASSOS DA INSTRUÇÃO – EXECUTAR O PROGRAMA, REFORÇANDO GRADUALMENTE AS RESPOSTAS CORRETAS EM RELAÇÃO AOS OBJETIVOS. Relações estruturadas e objetivas, papéis bem definidos. O professor administra as condições de transmissão da matéria, o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas um elo entre a verdade cientifica e o aluno. O aluno é responsivo, não participa da elaboração do programa educacional. O aluno deve sair da situação de aprendizagem diferente de como entrou. Enfoque diretivo do ensino. A influência da tecnologia tecnicista remonta à 2ª metade dos anos 50. Entretanto foi introduzida mais efetivamente nos anos 60 com o objetivo de adequar o sistema educacional à orientação político-econômica do regime militar. Inserir a escola nos modelos de racionalização do sistema de produção capitalista. Skinner, Gagné, Bloon e Mager contribuíram para os estudos da aprendizagem. 2.Pedagogia Progressista Partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidadessociopoliticas da educação. Não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista , instrumento de luta de professores por novas práticas sociais; 2.1Libertadora Educação não-formal, é crítica, pois questiona a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens para transformá-la; professores e educadores vêm adotando pressupostos desta pedagogia; “temas geradores” extraídos de problematizações da vida prática dos educando; se necessários os textos de leitura, serão redigidos pelos próprios alunos com orientação do professor; caráter essencialmente político; “grupo de discussão” é a forma de trabalho educativo. O professor é um “animador”, deve descer ao nível dos alunos, caminhar junto, intervir o mínimo necessário e fornecer apenas informação mais sistematizada se necessário; Passos: CODIFICAÇÃO-DECODIFICAÇÃO-PROBLEMATIZAÇÃO DA SITUAÇÃO; AVALIAÇÃO FEITA EM GARUPOS E AUTOAVALIAÇÃO; Diálogo. Relação horizontal. Educador e educando são sujeitos. Total identificação com o povo. “educação problematizadora”, é sinônimo de educação libertadora; SITUAÇÃO PROBLEMA – ANÁLISE CRÍTICA – ABSTRAÇÃO – REPRESENTAÇÕES DA REALIDADE CONCRETA – RAZÃO DE SER DOS FATOS “Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, situação real vivida pelo educando”. Idéias aplicadas por Paulo Freire no Chile e na África; Influencia nos movimentos e sindicatos; “educação popular” Publicações; Educação de adultos; 2.2Libertária A escola exerce papel libertário e autogestionário, introduzindo modificações institucionais que contaminam o sistema. São mecanismos institucionais de mudança: associações, assembléias, conselhos, eleições etc. O aluno leva para lá o que aprendeu. Resume objetivos pedagógicos e políticos. Matérias são colocadas à disposição e “não exigidas”. Conhecimento é a descoberta de respostas às exigências e necessidades da vida real. Os conteúdos resultam de necessidades e interesses manifestados pelo grupo; Vivência grupal. Na “autogestão” os alunos buscarão bases satisfatórias para a sua própria instituição. Não-diretividade. O professor é orientador, catalisador, que se mistura ao grupo para uma reflexão em comum. É um conselheiro ou instrutor-monitor. Nenhuma forma de poder ou autoridade; Somente o vivido, o experimentável é utilizável e incorporado. Aprendizagem informal, via grupo; Negação de toda forma de repressão; Lobrot, Vasquez e Oury, Ferrer e Guardia, Celestin Freinet e Maurício Tragtenberg são precussores desta escola. 2.3Crítico-social dos conteúdos Garantir a todos um bom ensino, apropriação dos conteúdos escolares básicos, que tenham ressonância na vida dos alunos. Valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares. Papel transformador da escola, garantindo a todos um bom ensino ou apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos; Conteúdos vivos, concretos, indissociáveis das realidades sociais. Tarefa primordial é a difusão dos conteúdos; estes são os conteúdos universais , incorporados pela humanidade, mas permanentemente reavaliados frente a realidades sociais. O objetivo é privilegiar a aquisição do saber, os métodos são portanto subordinados aos conteúdos. Os métodos devem favorecer a correspondência entre conteúdos e interesse dos alunos. Métodos não partem de um saber de fora ou artificial, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontada com a experiência trazida de fora. Unidade entre teoria e prática, indo da ação à compreensão e da compreensão à ação até a síntese. O professor exerce papel de mediador. Mas o aluno participa, na busca pela verdade, ao confrontá-la com os modelos e conteúdos expressos pelo professor. O professor deve fazer um esforço no sentido de orientar, abrir perspectivas a partir dos conteúdos, buscando no entanto um envolvimento com o estilo de vida dos alunos, propondo conteúdos e modelos compatíveis com suas experiências vividas, para que o aluno participe ativamente. Por esforço próprio, o aluno se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados pelo professor. Aprender é desenvolver a capacidade de processar informações e lidar com os estímulos do ambiente. Interação conteúdos-realidades sociais. Tendo em vista a democratização da sociedade brasileira, o atendimento aos interesses das camadas populares, a transformação estrutural da sociedade brasileira”. Bibliografia: Filosofia da Educação, Luckesy Quadro montado pela Profª Elizabeth Freitas.
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