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Análise Textual Matéria Completa (10 aulas) 1º Semestre

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Análise Textual 
Aula 1: Língua, Linguagem e Variação Linguística. 
Muitos momentos de nossas vidas envolvem situações em que estamos ora com pessoas muito íntimas, ora pessoas 
com quem temos pouca intimidade ou até com pessoas desconhecidas, não é mesmo? 
A convivência com pessoas desconhecidas exige de nós postura diferente da que temos com familiares, concorda? 
Isso, consequentemente, gera uma forma de falar diferenciada. 
Enfim, as situações comunicativas são enquadradas na formalidade ou na informalidade. Então, a necessidade de 
adquirirmos uma linguagem mais elaborada, utilizando a norma culta, se dá porque às vezes precisamos usar uma 
linguagem mais formal. 
Entretanto, isso não quer dizer que há perda dos aspectos informais da língua, ou seja, continuaremos sempre a 
falar com pessoas de nossa intimidade da mesma forma. Adquirir outros modos de falar, apenas “alarga nossa 
capacidade de comunicação”. 
 
Por que nos comunicamos? 
Já parou para pensar que tudo para nós, seres humanos, tem de ter uma explicação? 
Isso chama a atenção para uma coisa que fazemos constantemente, mas não nos damos conta: procuramos sempre 
dar um sentido aos fatos, interpretar situações, interpretar o mundo e a vida. 
 
“Não é possível não comunicar... não existe comportamento que não seja comunicação.” (Paul Watzalawick). 
 
Buscamos dar sentido aos fatos quando: 
Comunicamos nossa maneira de pensar: "Prefiro ficar com todos os defeitos que as pessoas dizem que tenho, do 
que fingir ser alguém que não sou.” 
Defendemos idealogias: “Em vez de pensar ‘quero fazer’, pense ‘consigo fazer’. Em vez de pensar ‘quero ser’, pense 
‘posso ser’. Pensar ‘quero’ é força de vontade, mas pensar ‘posso’ é força da convicção.” Katsumi Tokuhisa. 
Expressamos nossos sentimentos: Eu + Você = Beijos, risadas, abraços, carinhos e amor. 
Difundimos ideias: “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam 
escutar a música.” Friedrich Nietzcsche. 
 
Mesmo quando buscamos dar sentido aos fatos, ponderamos a nossa maneira de falar, com base nas situações em 
que somos colocados(as). Veja os exemplos: 
 Informalidade: “E ai, brother? Bora pegar onda?” 
 Formalidade: Muitíssimo bom dia! Gostaria de convidar-lhe a adentrar ao oceano para iniciarmos a prática 
da modalidade esportiva denominada surfe. 
 
Percebeu a diferença nas falas do surfista? 
Tanto no contexto formal quanto no informal, sabemos, intuitivamente, nos comportar de forma adequada, usando 
uma linguagem apropriada a cada situação. 
Adaptar a linguagem para situações formais ou informais fazem parte de nossa realidade, embora muitas vezes não 
identifiquemos isso. 
A língua é um produto social e cultural constituído por signos linguísticos, caracterizado por um código, e a 
linguagem é o veículo de expressão. 
Como vimos anteriormente, a língua também varia de acordo com o contexto de comunicação, já que não falamos 
sempre do mesmo modo. Sendo necessário, portanto, distinguir informalidade da linguagem vulgar ou popular. 
 
Você sabia que o Português também é a língua oficial de outros países? 
O Português é a língua oficial de Brasil, Portugal, Moçambique, Angola e outros países. Porém, possui algumas 
variações, de acordo com a região em que é falado, formando o que chamamos de dialetos regionais ou geográficos. 
Assim como a dança, a música, as imagens, os gráficos e os gestos, as línguas são diferentes formas de expressão ou 
linguagens. Uma vez que o texto é um produto social, existe uma relação intrínseca entre ele, a cultura, o momento 
histórico e a ideologia em que é formado. 
Exemplo de dialetos regionais ou geográficos: A fala chiada do Carioca, as terminações em "n" do Mineiro, a fala 
cantada do Baiano e muitas outras características são geográficas e estão ligadas também à comunidade em que são 
faladas, dentre outros aspectos em que o indivíduo se insere e que influenciam no seu comportamento, sotaque e 
na sua forma de falar. 
 
Você sabe a diferença entre língua e linguagem? 
A interpretação dos fatos e o significado que precisamos atribuir às coisas estão relacionados à capacidade humana, 
exclusivamente humana, que nos permite comunicar o que estamos pensando, os nossos anseios, desejos etc. 
Os animais se comportam sempre da mesma forma em determinadas situações, não criam coisa alguma. Já os seres 
humanos, dotados de linguagem, sempre podem criar uma comunicação diferente. 
 
Reconhecida por Lei, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) não se resume simplesmente à transposição da Língua 
Portuguesa em gestos, pois, assim como diversas línguas, a LIBRAS conta com diversos níveis linguísticos e itens 
lexicais conhecidos por sinais. 
Isso quer dizer que para se comunicar em LIBRAS não basta apenas conhecer sinais, é necessário conhecer também a 
gramática para combinar frases e estabelecer comunicação, que neste caso se dará através das combinações de 
configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação. 
Por isso, a LIBRAS se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de ideias e pertencente à comunidade 
surda brasileira, levando em consideração também as diferenças regionais como em todas as línguas. 
 
Mas afinal qual é a diferença entre linguagem e língua? 
Podemos dizer que linguagem é uma faculdade (capacidade) que permite exercitar a comunicação, latente ou em 
ação. 
Já a língua refere-se a um conjunto de palavras e expressões usado por um povo, por uma nação, munido de regras 
próprias (sua gramática). 
 
Linguagem, língua... mas e na prática? 
A atividade de comunicação que fazemos todos os dias, aparentemente sem muito esforço, não é tão simples assim. 
Antes da fala sair de sua boca, você pensa, elabora o que quer comunicar, depois procura palavras e construções 
adequadas na língua para que essa fala possa ser entendida pelos outros. 
A linguagem é uma capacidade humana e a língua uma espécie de “contrato” entre as pessoas em uma sociedade e 
é por ser uma capacidade humana que os analfabetos conseguem se comunicar, mesmo sem saber ler e escrever. 
Isso quer dizer que, para haver comunicação, basta o indivíduo “acionar” a capacidade mental (linguagem) e 
articular o código social (língua). 
 
Você sabia que a variação padrão, ou norma culta, é a forma de se comunicar das pessoas que têm mais prestígio 
social, das que possuem um nível maior de escolaridade? 
É a forma de comunicação das pessoas que são mais respeitadas na sociedade. Daí a maioria não querer ter a 
mesma forma de falar das pessoas que têm pouco prestígio social. 
A língua nos possibilita organizar frases, textos, utilizando os elementos que conhecemos dessa língua. Porém, a 
norma social não permite que sejam feitas todas as combinações possíveis; ela impõe limites. Em outras palavras, 
tudo se pode, mas nem tudo se deve. 
 
Resumindo... 
Estudamos nesta aula a linguagem com finalidades comunicativas ― como informar, expressar ideias, opiniões ou 
simplesmente manter o contato com o interlocutor ―, e vimos que existe uma relação entre a linguagem, suas 
funções e o contexto em que se realiza, formando o objetivo, o veículo, o público alvo e a situação social. 
 
 
 
 
 
 
 
Análise Textual – Aula 2. 
 
Objetivo desta Aula: 
1) Analisar a variação da linguagem de acordo com os contextos; 
2) Identificar a textualidade a partir dos conceitos coesão, coerência e hipertexto. 
 
Aula 2: Adequação vocabular, variação linguística, texto e hipertexto 
 
Na aula anterior falamos sobre os contextos formais e informais na linguagem e nesta aula vamos tratar da forma 
como construímos os textos de acordo com cada situação. 
Por que precisamos falar sobre isso? 
Devemosestudar este assunto simplesmente porque não nos expressamos de uma forma única, não é mesmo? Se 
precisamos nos adequar a cada situação, consequentemente nosso discurso também deve se adequar. 
No vídeo anterior, você assistiu a uma entrevista que surpreendeu pela total inadequação entre o que é perguntado 
e o que é respondido. E, para evitar situações como essa, devemos dominar o conteúdo que será trabalhado nesta 
aula. 
 
Percebeu que a língua não é a mesma em todas as situações? 
Como vimos, a língua varia de acordo com a situação, com a idade do falante, com a formalidade ou informalidade 
do encontro, com as pessoas envolvidas etc. 
Enfim, possuímos diversos contextos em que a língua se acomoda. Esse fenômeno é chamado de Variação 
Linguística. Entretanto, mesmo que haja variação, sempre será necessário que os elementos da língua estejam 
ordenados e relacionados de forma a haver textualidade. 
Temos um texto toda vez que apresentamos uma ideia completa, mesmo que isso seja feito através de uma única 
palavra. 
Percebemos com isso que um texto não é uma questão de quantidade de palavras, mas, sim, de comunicação, da 
capacidade de passar uma mensagem que possa ser entendida pelo interlocutor ou pelo leitor. 
 
Vamos falar agora de Coesão: 
Fala-se de coesão (junção) quando temos palavras, expressões, isto é, conexões colocadas estrategicamente ao lado 
de outras para produzirem a sequência da mensagem com sentido. 
Há diferentes tipos de coesão, que são responsáveis pela chamada “tessitura do texto”. (Não é incomum 
encontramos a forma tecitura. Porém, como este termo ainda não está registrado no Vocabulário Ortográfico da 
Língua Portuguesa (VOLP), utilizaremos a forma tessitura.) 
Veja um exemplo: 
“Pai, depois da aula, vou à casa do Roberto pegar o meu casaco, porque hoje ele me avisou que o deixei lá. “ 
A palavra porque estabelece uma noção de causa. No texto, ela explicará o motivo da filha ir à casa do colega. 
Já as palavras ele, o e lá, ligam as duas partes do texto por se tratarem de referentes. Assim, a palavra ele se refere a 
Roberto, o se refere a casaco e lá se refere a casa. 
 
Aprofundando o assunto: 
Texto é um entrelaçamento de enunciados oracionais e não oracionais organizados de acordo com a lógica do autor. 
[Enunciado é a expressão de uma ideia, um sentimento, uma informação ou qualquer outro tipo de manifestação 
feita por meio de palavras. O ato de expressar-se é chamado de enunciação. 
Ao expressarmos nossas ideias, podemos organizá-las em torno de um verbo, criando um enunciado oracional. 
Já o enunciado não oracional é a expressão que se realiza sem o auxílio do verbo. 
Suponhamos que alguém esteja em uma situação de grande aflição, necessitando de auxílio imediato. Essa pessoa 
pode manifestar seu pedido de duas formas: 
• com um enunciado oracional (“Eu preciso de socorro!”); ou 
• com um enunciado não oracional (“Socorro!”) 
Ambos comunicam com bastante eficiência a intenção do emissor, certo? 
Observe, porém, que, no primeiro exemplo, o pedido se organizou em torno do verbo “precisar”; enquanto, no 
segundo, não há verbo.] 
Mas esse entrelaçamento não deve ser feito de qualquer jeito, pois um texto, para possibilitar o entendimento, deve 
ser claro, concorda? 
Essa qualidade está relacionada diretamente aos elementos coesivos, responsáveis por promover a ligação entre as 
partes. 
Veja agora os dois tipos básicos de coesão (clique nas palavras em destaque nas caixas para ver os exemplos de 
emprego): 
 
Coesão: 
Coesão referencial: a informação é retomada. 
Lexical -> Permite o entrelaçamento do texto pela substituição/omissão de palavras (podemos destacar o uso de 
sinônimos e hiperônimos). 
Gramatical -> Permite o entrelaçamento do texto pelo emprego de pronome, conjunções e numerais, dentre outros. 
Coesão sequencial: a informação progride. 
Temporal -> Permite a progressão da informação pela ordenação linear dos elementos, pela utilização de partículas 
temporais e pela correlação dos tempos verbais. 
Por conexão -> Auxilia na compreensão do texto como um todo. Pode ser vista por meio dos operadores do tipo 
lógico e operadores discursivos, dentre outros. 
 
Vamos testar o seu aprendizado? 
Relacione as frases das personalidades ao tipo de coesão que corresponde a cada uma delas. Os elementos 
destacados te ajudarão. 
 
“A gente não faz amigos, reconhece-os.” (Vinícius de Moraes) - Coesão referencial gramatical por pronome. 
“Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades.” 
(Fernando Pessoa) - Coesão sequencial temporal. 
“(...) Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não.” (Manuel 
Bandeira) - Coesão sequencial por conexão. 
“A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces.” (Aristóteles) - Coesão através de conjunção 
adversativa. 
 
Agora vamos tratar da coerência textual: 
Você já ouviu alguém dizer que as informações de um texto estavam incoerentes? Ou até mesmo que uma pessoa 
era incoerente? 
Pois é, isso acontece quando não conseguimos estabelecer coerência entre as partes de um texto. Deste modo, cada 
uma dessas partes acaba apresentando informações que são opostas, contraditórias, gerando incompreensão. 
Como acabamos de ver, uma das formas de se garantir que um grupo de palavras seja denominado texto é a 
presença de recursos linguísticos e semânticos (como a coesão e a coerência). 
Entretanto, nossa leitura vai além, já que temos necessidade de recorrer ao nosso conhecimento (experiência de 
vida, senso comum, formação acadêmica etc.) para que um texto faça sentido, signifique alguma coisa. 
Já não basta mais garantirmos que as palavras sejam reconhecidas e que a sequência de palavras esteja encadeada 
de forma coesa e coerente. É preciso recorrer a outros recursos para se ler um texto. Esse é o caso, por exemplo, do 
recurso de Hipertexto! 
 
 Você sabe o que é Hipertexto? 
Você pode até achar que não sabe, mas já viu muito desse conceito até este ponto da disciplina. 
Quando linkamos duas coisas estamos fazendo uma ponte, não é mesmo? 
Ou melhor, é mais do que uma ponte, trata-se de uma associação. 
Durante a leitura, mesmo sem perceber, costumamos fazer muitas associações. 
 
Veja um exemplo. 
Você consegue interpretar o significado desta placa? 
Você pode até não ter pensado de que se trata de uma sinalização que indica passagem de nível sem barreira, mas 
certamente identificou que se trata de uma placa de sinalização de trânsito, não é mesmo? 
Isso foi possível, pois você fez uma associação com as placas de trânsito que já viu nas ruas. O formato e a cor foram 
linkados imediatamente com as informações que você já tinha. 
 
Percebeu que até agora, você seguiu uma sequência para conhecer o que é hipertexto? 
É justamente disso que estamos tratando, pois o hipertexto pode ser entendido como uma espécie de conexão em 
que as informações podem ser lidas em diferentes sequências. 
O leitor segue vários caminhos para desvendar/desdobrar a mensagem, assim como você está fazendo para 
conhecer esse conceito. 
No mundo contemporâneo, por exemplo, os hipertextos se tornaram uma forma de interatividade, fundamental 
para que possamos compreender e organizar a enorme quantidade de informações a que somos expostos 
diariamente. 
Após analisar tantos exemplos, é possível dizer que o hipertexto é um dispositivo cognitivo, no sentido de que no 
instante da leitura podemos fazer associações, passando a outras fontes de informação (como os gráficos e caixas de 
destaque). 
O hipertexto traz para a leitura: Velocidade, Intertextualidade, Dinamismo, acessibilidade, Organização Multilinear, 
Transitoriedade, Estrutura em Rede, Interatividade, Precisão. 
O hipertexto,portanto, se constrói a partir da associação de uma imagem ou informações relacionadas a um texto 
considerado pelo receptor da mensagem. 
Deste modo, mais do que um texto tradicional, construído a partir de palavras impressas, o hipertexto exige a 
participação do leitor. 
 
Chegamos ao final da aula 2... 
Concluímos que tanto a coesão quanto a coerência são aspectos fundamentais que constituem um texto, pois, do 
contrário, sem a existência deles, a unidade necessária não será mantida e não teremos o texto propriamente dito. 
É graças à coesão, por exemplo, que conseguimos compreender um texto com mais facilidade. Se, quando lermos, 
identificarmos os chamados elos coesivos, que nos remetem a formar a sequência de ideias e as mensagens que vão 
construindo o sentido do texto, conseguiremos entender a mensagem com muita mais clareza e rapidez. 
Outro aspecto importante visto nesta aula é o entendimento do conceito de hipertexto, elemento cada vez mais 
comum nos textos e bastante presente como forma de hiperlink. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Análise Textual – Aula 3. 
 
Aula 3: Textualidade - coesão sequencial. Articulações sintáticas e relações semânticas. 
Objetivo desta aula: 
1) Analisar os processos que constituem um texto; 
2) Identificar as relações sintático-semânticas em segmentos do texto na tarefa de identificação da mensagem 
(disjunção, explicação, relação causal, conclusão, comparação etc.). 
 
Na aula passada falamos de texto, dos mecanismos que garantem um amontoado de frases ser efetivamente um 
texto etc. Agora temos mais conhecimento para tratar da textualidade (o mesmo que tessitura do texto), termo que 
utilizamos na aula anterior para identificar as conexões e a coerência. 
Nessa aula, para aprofundar o assunto, trabalharemos mais aspectos relacionados à coesão como fonte de auxílio à 
coerência textual. 
Também vimos a noção de hipertexto, lembra-se? 
Agora será importante lermos/interpretarmos o conteúdo de determinado texto que envolva outros mecanismos, 
além da linguagem verbal, para a comunicação da mensagem. 
 
Para começar, vamos relembrar um pouco do que já foi estudado sobre coesão e 
coerência: 
 
A coesão é um dos requisitos imprescindíveis à construção de todo e qualquer texto. Há, portanto, alguns elementos 
que funcionam como principais agentes nesse processo, para fazer com que a mensagem aconteça de forma clara e 
precisa. 
O texto a seguir carece de tais elementos. Por isso, sua tarefa agora é completar os espaços para compor o sentido 
do texto, arrastando esses elementos para os seus devidos lugares: 
 
Muito suor, pouca descoberta. 
O trabalho do arqueólogo tem emoções, sim. - Porém - não pense em Indiana Jones, bandidos e tesouros. É verdade 
 que os arqueólogos passam um bom tempo em lugares excitantes, como pirâmides e ruínas. - Mas - as emoções 
acontecem mesmo é nos laboratórios, - Quando - eles identificam a importância das coisas que acharam nos sítios 
arqueológicos. - Logo - , é preciso persistência para encarar a profissão, - Visto Que - os resultados demoram, e 
muita gente passa a vida estudando sem fazer grandes descobertas. No Brasil, é necessário fazer pós-graduação, - Já 
Que - não há faculdade de Arqueologia. - Portanto - , é preciso gostar de viver sem rotina, - Porque - o arqueólogo 
passa meses no laboratório e outros em campo. O prêmio é fazer descobertas que mudam a história. 
 
Você reparou que neste exercício em dois momentos podíamos usar o MAS ou o PORÉM ? 
Os dois podem ser utilizados nas frases em questão, pois são conjunções adversativas, isto é, expressam ideias 
contrárias, de oposição. 
No caso do PORTANTO e do LOGO isso também aconteceu, pois ambos são conclusivos. 
E, por mostrar a causa, as conjunções VISTO QUE, JÁ QUE e PORQUE poderiam ocupar as mesmas lacunas. 
Já o QUANDO , que apresenta a ideia de tempo, só poderia ser utilizado naquela sentença. 
 
Coesão sequencial e a relação com o sentido: 
Quando falamos que um texto se caracteriza por apresentar uma ideia completa, queremos dizer que as 
informações estão conectadas umas às outras coerentemente, ou seja, estabelece-se relações lógicas entre as ideias 
contidas no texto. 
A coesão sequencial que garante a textualidade é facilitada pela utilização de conectivos, como preposições e 
conjunções. Veja agora novos exemplos de coesão sequencial, clicando nas caixas abaixo: 
Adição: Também, e, ainda, não só, mas também, além disso. Ex: Fiz Análise Textual e Metodologia Científica. (sendo 
’e’ o elemento que estabelece conexão entre as duas informações). 
Proporção: À medida que, quanto mais, ao passo que, à proporção que. Ex: Quanto mais estudava, mais ganhava 
dinheiro. (sendo ’quanto mais’ o elemento que estabelece conexão entre as duas informações). 
Conformidade: Como, segundo, conforme, consoante. Ex: Segundo a orientação do professor, começaremos o 
estágio em breve. (sendo ’segundo’ o elemento que estabelece conexão entre as duas informações). 
Condição: Se, caso, desde que, contanto que. Ex: Você pode ter um bom emprego, desde que se dedique à 
faculdade. (sendo ’desde que’ o elemento que estabelece conexão entre as duas informações). 
Finalidade: Para que, a fim de que, com o objetivo de, com o intuito de. Ex: Com o intuito de conseguir a vaga na 
faculdade, ela estudava oito horas todos os dias. (sendo ’com o intuito de’ o elemento que estabelece conexão entre 
as duas informações). 
 
Lembra-se de que falamos de incoerência na aula passada? 
A junção de informações de forma inadequada é um dos principais motivos da falta de coerência nos textos. 
Veja um novo exemplo: 
O clima esteve muito adequado neste período; porém, a colheita foi excelente. 
Ao lermos esse texto pensamos logo: 
“Porém foi excelente? Como assim? Isso não é óbvio? Já que o clima foi favorável, logicamente a colheita foi boa. A 
surpresa seria ter um clima ruim e mesmo assim uma colheita boa ou um clima ótimo e a colheita ruim.” 
O porém nos traz a ideia da adversidade, não é mesmo? Então, jamais poderia ser utilizado para juntar essas 
informações. Por causa da presença dele, temos uma mensagem incoerente. 
Não existe uma forma única de fazer a conexão das ideias. Entretanto, dentre as várias possibilidades, é provável 
que haja junções inadequadas como mostrou o exemplo com o erro. 
Assim, deduzimos que nem todas as conexões são possíveis para formar uma ideia completa, coerente. Isso nos leva 
a perceber que essas junções, que podemos chamar de articulações sintáticas, devem ser utilizadas para encontrar o 
sentido adequado. 
Chegamos, então, a uma importante informação: são as articulações sintáticas que estabelecem as relações 
semânticas. 
 
Os elementos articuladores fazem parte do que chamamos de articulações sintáticas, função responsável pelo 
estabelecimento das relações semânticas. 
Semântica: estudo das significações das palavras. Relações semânticas: relações que se estabelecem entre as 
palavras e formam o sentido de um texto. 
Ao ler um texto, necessitamos estabelecer relações sintático-semânticas (causa, consequência, comparação, 
disjunção etc.). Isso porque essas relações estabelecem sentido no que se quer comunicar e a arrumação das 
informações obedece ao estabelecimento do sentido. 
O que isso quer dizer exatamente? 
Quer dizer que as palavras, as expressões com as quais ligamos as ideias, estabelecem significados, conduzem o 
sentido das mensagens. Sendo assim, não se pode utilizar um elemento qualquer para conectar as informações. 
É importante, portanto, que tenhamos em mente de forma clara os tipos de relações que podemos estabelecer 
entre as informações. 
 
Veja agora um trecho do discurso proferido pela escritora Zélia Gattai ao tomar posse no Quadro de Membros 
Efetivos daAcademia Brasileira de Letras, em 21 de maio de 2002, ocupando a cadeira 23, que era do escritor Jorge 
Amado, com que foi casada por 56 anos. 
“Meu pai emocionava-se ao nos narrar suas próprias histórias. Digo suas próprias histórias porque acredito que ele 
as inventava à medida que nos ia contando. Ele próprio se empolgava e isso eu percebia, nos momentos mais 
emocionantes, ao notar arrepios em seu pescoço. Embora falasse correntemente o português, papai só contava 
histórias em italiano, matava dois coelhos com um tiro só: divertia os filhos e ensinava-lhes a sua língua natal. 
Com mamãe a coisa já era diferente: embora também tivesse grande imaginação, preferia nos contar trechos de 
romances que lia e filmes que assistia às quintas-feiras, na sessão das senhoras e senhoritas. Embora tivesse tido 
pouco estudo, pois as condições financeiras da família não lhe permitiram frequentar sala de aula por mais de 
alguns meses, mamãe lia correntemente e nas leituras em voz alta dava ênfase, empolgando a quem a ouvisse”. 
 
No texto, vimos que há um encadeamento de ideias que promove a textualidade, que lhe dão sentido. Isso ocorre 
porque são estabelecidas relações sintático-semânticas adequadas. 
MAS ATENÇÃO! 
Para identificar as relações sintático-semânticas estabelecidas pelos articuladores, é necessário observar o sentido 
que pode ser depreendido do texto. 
Memorizar a classificação de cada articulador não é suficiente para compreender a sua função. 
Observe, por exemplo, que no texto de Zélia Gattai o articulador PORQUE introduz uma explicação, ao passo que o 
articulador sintático POIS tanto introduz uma ideia de explicação quanto de causalidade. 
 
Você já ouviu a música Boa sorte? 
Preste bastante atenção na primeira parte da letra, interpretada por Vanessa da Mata. 
Percebeu como há um esforço para tentarmos estabelecer as relações entre as partes? 
Uma das tentativas para transformar a letra dessa música em um texto coeso seria a seguinte: 
Se é só isso, então não tem mais jeito. Por isso, acabou. Desejo-lhe boa sorte. 
Não tem mais o que dizer, pois o que eu sinto não mudará. O que eu falaria, então, seriam apenas palavras, nada 
representariam. 
Tudo o que você quer me dar é demais para mim. Tornou-se pesado, não me traz paz. 
Tudo o que você quer de mim é irreal e são expectativas desleais. 
Viu? Quando utilizamos elos coesivos facilitamos a compreensão de nossos interlocutores. 
 
Coesão e coerência nos processos seletivos: 
Nos processos seletivos é muito comum pedirem aos candidatos para escreverem redações, não é mesmo? A coesão 
e a coerência são os principais pontos analisados na hora da avaliação do texto. 
A partir de agora você verá dicas para escrever um texto coeso e coerente e tirar de letra essa etapa do processo 
seletivo. Vamos lá! 
1. Conectivos: As relações sintático-semânticas permitem a conexão entre as orações e, por serem tão importantes, 
é bastante válido que você aprenda algumas dessas conjunções e as suas influências. 
Assim, quando você se tornar bem íntimo delas, terá mais segurança na hora de aplicá-las e, com certeza, seu texto 
será mais claro e coerente, já que você conseguirá estabelecer com mais facilidade as conexões em seu texto. 
2. Estruturas sintáticas: Ao revisar seu texto verifique se os verbos que você utilizou estão sendo aplicados de 
maneira adequada e se estão dizendo realmente aquilo que você pretendia, isto é, veja se existe um verbo mais 
específico, que não dê margem para o seu leitor interpretar de forma equivocada. 
Ao fazer essa revisão é bom checar se os complementos verbais que você utilizou estão de acordo e também as 
preposições, para evitar problemas de regência, por exemplo. 
3. Períodos Longos: Quando escrevemos períodos muito longos as chances de cometermos erros aumentam 
consideravelmente. Portanto, opte por escrever períodos mais curtos e objetivos. Você perceberá que essa tática 
auxilia inclusive na pontuação correta de seu texto. Veja um exemplo: 
"Em 1988 o time foi profissionalizado por ocasião do título de Campeão da Segunda Divisão Estadual, na época da 
administração de Luiz Gonçalves Lima, Luiz Negrinho, usando o uniforme composto por camisa com listras 
horizontais verdes e brancas, calção verde e meias verdes, para comemorar o título e para homenagear o membro-
fundador, já falecido, que foi presidente do time por muito tempo, e que, mesmo morto, deveria estar pulando de 
alegria, por ter dedicado toda a sua vida para conquistar o direito de jogar entre os melhores, de jogar com as 
estrelas que tanto admirava e ver seu time brilhar na televisão aos domingos." 
Observando esse longo período, que apresenta informações bem variadas, verificamos como esse tipo de 
construção pode prejudicar o entendimento. 
4. Fatores de Coerência: Seguem alguns fatores que auxiliam na formação de textos coesos, que você sempre deve 
observar na hora de escrever: 
• O conhecimento de mundo e a preocupação em compartilhar esse conhecimento com os interlocutores; 
• O domínio das regras da língua, possibilitando a combinação dos elementos linguísticos que serão compreendidos 
pelos interlocutores que também dominam essas regras; 
• Os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação e a 
função comunicativa do texto. A coerência diz respeito à intenção comunicativa do emissor, mas sempre 
interagindo, de maneira cooperativa, com o seu interlocutor. 
 
Luci Elaine de Jesus, em seu artigo “Análise Linguística, como desatar esse nó?”, diz que, embora a coesão não seja 
condição suficiente para que enunciados se constituam em textos, são os elementos coesivos que dão a eles maior 
legibilidade e evidenciam as relações entre seus diversos componentes. 
Provamos isso ao analisar o exemplo da música “Boa sorte”. Notamos como os elos coesivos, apesar de não serem 
essenciais, ajudam na compreensão do texto. 
Porém, a coerência em textos didáticos, expositivos, jornalísticos, por exemplo, pela necessidade de serem sempre 
claros, já dependem da utilização explícita de elementos coesores. 
Vimos, nesta aula, portanto, que a coesão não garante a coerência, embora influencie o seu estabelecimento. Assim, 
percebemos que coerência e coesão se completam no processo de produção e compreensão do texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Análise Textual – Aula 4. 
 
Aula 4 – Tipo e Fatores de Coerência. 
1) Reconhecer os tipos de articulação semântica para a construção das mensagens; 
2) Estabelecer relações entre segmentos do texto, identificando repetições ou substituições que contribuam para a 
continuidade do texto no processo de leitura. 
 
Na aula anterior, vimos os tipos de ligação sintática e as relações de sentido que podem ser estabelecidas por elas. 
Nesta aula, vamos dar continuidade a esse estudo, tratando dos aspectos fundamentais de constituição do texto: a 
coesão e a coerência. 
Vamos verificar também que a coerência tem a ver com a harmonia das informações, ou seja, que as informações 
devem ser organizadas de um modo que façam sentido para quem lê. 
A coerência, como você já sabe, é a ligação de cada uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não haja 
contradições ou erros que gerem incompreensão, mal-entendido ou até mesmo falha na comunicação. 
A coerência diz respeito à intenção comunicativa do emissor, interagindo, de maneira cooperativa, com o seu 
interlocutor. 
Podemos organizar, de acordo com Ingedore Koch, a coerência em quatro tipos: 
Coerência Semântica - Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência. A 
incoerência aparece quando esses sentidos não combinam ou quando são contraditórios. É estabelecida entre os 
significados dos elementos do texto através de uma relação logicamentepossível. 
Coerência Sintática - Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, 
pronomes etc. Trata da adequação entre os elementos que compõem a frase, o que inclui também atenção às regras 
de concordância e de regência. 
Coerência Estilística - Vem da utilização de linguagem adequada às possíveis variações do contexto. Na maioria das 
vezes, esse tipo de coerência não chega a perturbar a interpretabilidade de um texto. É uma noção relacionada à 
mistura de registros linguísticos (formal x informal, por exemplo). É desejável que quem escreve ou lê se mantenha 
em um estilo relativamente uniforme. 
Coerência Pragmática - Podemos dizer que esse tipo de coerência é verificado através do conhecimento que 
possuímos da realidade sociocultural, que inclui também um comportamento adequado às conversações. Refere-se 
ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os atos de 
fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao 
do seu ouvinte, de forma a manter a expectativa de conteúdo de acordo com a situação em que o texto é usado. 
 
Mas como distinguir cada tipo? 
Um texto pode ser incoerente em determinada situação se seu autor não consegue estabelecer um sentido ou uma 
ideia através da articulação de suas frases e parágrafos e por meio de recursos linguísticos (pontuação, vocabulário 
etc.). 
Como vimos na última aula, pode-se concluir, por esse motivo, que um texto coerente é aquele que é capaz de 
estabelecer sentido. Por isso, a coerência é entendida como um princípio de interpretabilidade. 
Agora veremos exemplos de cada tipo de incoerência. É só seguir em frente. 
Incoerência Semântica - A casa que desejo comprar é bastante jovem. Essa frase é incoerente quando levamos em 
consideração o significado da palavra jovem. Embora tenha o sentido de coisa nova, o vocábulo jovem só é 
empregado para caracterizar seres humanos; e não seres inanimados, como é o caso de casa. Para essa 
caracterização, a palavra nova seria mais apropriada, concorda? 
Incoerência Sintática - As pessoas que têm condições procuram o ensino particular, onde há métodos, equipamentos 
e até professores melhores. Apesar de haver comunicabilidade, já que possível compreender a informação, a 
coerência desse período está inadequada. Ela poderia ser restabelecida se fosse feita uma alteração: a troca do 
pronome relativo onde, específico de lugar, para no qual ou em que (ensino particular, no qual/em que há métodos). 
Incoerência Estilística - O ilustre advogado observou que sua petição não prosperaria, haja vista seu cliente ter 
enfiado o pé na jaca. Imagine iniciar uma fala, em um contexto formal, com palavras mais “sofisticadas” e depois 
misturar com uma forma de linguagem bem popular, usando gírias. Esta incoerência poderia parecer inclusive uma 
brincadeira, modificando o sentido que o autor da frase desejava. 
Incoerência Pragmática - Veja esta conversa entre amigos: 
― Maria, sabe dizer se o ônibus para o Centro passa aqui? 
― Eu entendo, João. Hoje faz um ano que minha avó faleceu. 
 Note que Maria, na verdade, não responde a pergunta feita por João, pois não estabeleceu uma sequência na 
conversa. Ela propôs outro assunto, irrelevante para a pergunta feita. Assim, percebemos que na sequência de falas 
deste exemplo não há coerência. 
 
Para resumirmos a questão do que é estabelecido como texto, e que caracteriza a textualidade, vamos recorrer a 
uma explicação de Koch e Travaglia, especialistas no assunto: 
“Ter textualidade ou textura é o que faz de uma sequência linguística um texto e não uma sequência ou um 
amontoado aleatório de frases ou palavras. A sequência é percebida como texto quando aquele que a recebe é 
capaz de percebê-la como uma unidade significativa global. Portanto, tendo em vista o conceito que se tem de 
coerência, podemos dizer que é ela que dá origem à textualidade.” 
 
Fios da coerência textual 
Agora que você já reconhece a coerência ou a falta dela e que o contexto literário ultrapassa o uso comum das 
palavras, vamos nos dedicar um pouco aos fios que constroem a coerência. 
Você sabia que a palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento de fios”? Assim, da 
mesma forma que um tecido não é apenas um emaranhado de fios, o texto é não um mero amontoado de frases. 
Segundo Melo, o “texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e transmissão de ideias, 
conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de 
trânsito, uma foto, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.” (MELO, 2003) 
Por isso, deve haver uma organização, uma unidade de sentido para que o texto seja considerado texto e cumpra 
sua função: estabelecer contato com seu interlocutor, a fim de informar, influenciar, questionar, sensibilizar, 
convencer, divertir, enganar, seduzir. É disso que trata a coerência textual. 
Se os fios embolam ou se rompem, quebra-se a coerência, ou seja, o texto não faz sentido. 
Então, vamos analisar a seguir os fatores que impedem que os fios do texto embaracem ou se rompam. 
 
A coerência se estabelece por uma série de fatores que afetam os possíveis sentidos de um texto. 
Portanto, ao considerarmos que a coerência é o princípio de interpretabilidade (instrumento que tanto o emissor 
quanto o receptor usam para conseguir encaixar as "peças" do texto e dar um sentido completo a ele), podemos 
observar os seguintes fatores. 
O Conhecimento linguístico consiste no domínio das regras que norteiam a língua, isso vai possibilitar as várias 
combinações dos elementos linguísticos. 
 
Conhecimento Linguístico: 
Veja como imediatamente estranhamos sentenças que não seguem as regras da língua: 
‘Jantar comeu ontem gostoso’. “O português é comumente considerado uma língua acusativa, cuja ordem direta, 
não marcada, é sujeito-verbo-objeto (SVO ou SV(O))” (cf. Andrade, 1987; Chaves, 1989). Levando em consideração 
essa conclusão, podemos afirmar que a alteração da ordem dos elementos que compõe a frase neste exemplo 
impediu a compreensão da mensagem. 
‘Bateu-me com tanta força, que, apesar disso, não pude deixar de cair’. Nessa frase, o que gerou a falta de coerência 
foi o uso inadequado do “apesar disso”. Quando o utilizamos, nosso interlocutor percebe que sua função é indicar 
uma contradição, mas, nesse caso, cair é uma consequência da pancada e não algo surpreendente. A mensagem 
coerente seria, então, “Bateu-me com tanta força que não pude deixar de cair.”, quando o usamos o “que” como 
uma conjunção explicativa. 
 
Conhecimento de Mundo: 
É o conhecimento proveniente de nossas experiências com o mundo, resultante da interação sociocultural. Através 
dessa interação, armazenamos conhecimento, constituindo os modelos cognitivos. 
É uma espécie de arquivo que guardamos em nossa memória, como se fosse um dicionário, relacionado ao mundo e 
à cultura a que temos acesso. 
Por exemplo, ao chegar a um funeral, sei o comportamento que devo ter, como cumprimentar as pessoas, qual traje 
usar etc. Em um funeral, portanto, é aceitável dizer “é com muito pesar que trago meus sentimentos”, e não é 
aceitável dizer “é com muito prazer que trago meus sentimentos”. 
 
Conhecimento Partilhado: 
Conhecimento compartilhado entre as pessoas, entre quem estabelece uma interação. Essa interação se torna 
possível graças à experiência comum dos envolvidos. 
Por exemplo, as regras comunicadas em reuniões de condomínio passam a ser conhecidas por aquele grupo de 
condôminos. 
 
Inferência: 
São as reflexões que fazemos a partir de alguma ideia, a partir de determinado texto. Incluem as deduções, 
conclusões que construímos juntamente com quem contaou escreve uma história, um fato etc. 
Por exemplo, quando alguém diz que foi ao médico ver um problema nos olhos, podemos deduzir que está falando 
de um oftalmologista. 
 
Contextualização: 
São os elementos que “ancoram” o texto em uma situação comunicativa determinada, como a data, o local, a 
assinatura, elementos gráficos, timbre, título, autor. 
Em documentos, por exemplo, o carimbo, a data, a assinatura são muito importantes. Já entre os fatores gráficos, a 
disposição do conteúdo, as ilustrações e as fotos também contribuem para contextualizar o texto. 
 
Situacionalidade: 
Conhecimento de onde a história se situa, com todos os elementos necessários. Fator que atua nas duas direções, 
tanto da situação para o texto quanto do texto para a situação. 
Um texto coerente em uma situação pode não ser em outra, como nos casos dos textos literários que analisamos. 
A situacionalidade se aplica, por exemplo, nos e-mails que apresentam siglas referentes a jargões empresariais 
(como PSC – “para seu conhecimento”), em que o destinatário do e-mail que não conhecer essa sigla não conseguirá 
compreender a mensagem. 
 
Informatividade: 
É o nível de informação contida no texto, que dependerá da intenção do produtor de construir um texto mais ou 
menos hermético (neste caso, significa que o discurso poderá ou não ser difícil de compreender; obscuro, 
enigmático, dependendo da intenção do autor). 
Diz respeito ao grau de previsibilidade da informação que vem no texto, que será menos informativo, se contiver 
apenas informação previsível ou redundante. 
Já se contiver informação inesperada ou imprevisível, o texto terá um grau máximo de informatividade (o grau 
máximo de informatividade é comum na literatura e na linguagem metafórica em geral. Mas também são frequentes 
tanto em textos poéticos como em textos publicitários ou manchetes jornalísticas), podendo, à primeira vista, 
parecer até incoerente por exigir do receptor um grande esforço de decodificação. 
 
Focalização: 
Constitui-se no próprio foco do texto, no assunto a ser tratado. Isso evita que um texto com tema da globalização 
passe a falar mal dos países globalizados. 
O titulo do texto é, em grande parte dos casos, responsável pela focalização. 
Também pode ser analisado como a concentração dos usuários (produtor e receptor) em apenas uma parte de seu 
conhecimento. 
Uma reportagem sobre um crime será lida de maneiras diferentes por um advogado, um psicólogo, um sociólogo e 
um policial, por exemplo. Assim, como o mesmo crime seria descrito de maneiras diferentes por esses profissionais. 
 
Intertextualidade: 
É uma interação entre textos (essa relação pode ser explícita - quando apresenta a fonte do texto original - ou 
implícita - quando é necessário que o receptor tenha conhecimento suficiente do assunto para recuperar o texto 
original), sendo um mecanismo importante para o entendimento de determinadas mensagens. 
Ocorre quando um texto faz alusão a outros textos, exigindo do leitor uma busca de informações fora do universo do 
texto em questão. 
Isso é comum tanto para a fala coloquial, em que se retomam conversas anteriores, quanto para os noticiários dos 
jornais, por exemplo, que exigem o conhecimento de notícias já divulgadas como ponto de partida. 
Na prática corporativa, é imprescindível o conhecimento de seu produto, de sua empresa, concorda? 
Sendo assim, é importante a leitura de textos como leis, estatutos, manuais etc., que possam levar a uma completa 
compreensão de um texto específico, posteriormente. 
Fora isso, ainda temos que estar sempre informados e atualizados em um sentido geral, possuindo um 
conhecimento de mundo razoável para compreender satisfatoriamente vários contextos dentro da empresa. 
 
Intencionalidade e Aceitabilidade: 
O primeiro fator diz respeito à intenção do emissor e o segundo refere-se à atitude do receptor de aceitar a 
manifestação linguística como um texto coeso e coerente. 
 
---X---X---X 
Podemos afirmar que o objetivo de quem se propõe a ler uma mensagem é entendê-la, por isso é importante 
refletirmos sobre a construção de alguns textos e, também, a respeito do fechamento deles. Assim, ao concluirmos, 
formamos um pensamento completo sobre o que foi proposto – se entendemos bem a mensagem, claro. 
A proposta é, a partir do fechamento, fazermos as conexões necessárias para o entendimento, e, no caso em 
questão, deduzirmos se a afirmação do autor de “história infame” e “história indigna” ser aceitável, ou seja, estar 
correta. 
Como leitores, precisamos refletir sobre as informações do texto e aquelas que não estão no texto, mas igualmente 
relevantes para o entendimento do assunto. Só assim poderemos considerar o texto coerente ou não. 
 
Resumo: 
Coerência 
 Harmonia nas partes de uma informação objetivando que a mensagem faça sentido, que tenha uma sequência lógica na linguagem 
escrita ou falada, respeitando a ideia de continuidade. É uma das ferramentas que o emissor de uma mensagem utiliza para se fazer 
entender, não deixando margem de dúvida ou falha em sua comunicação com o interlocutor. 
Tipos de Coerência: 
 Semântica: relação entre os significados e/ou sentidos do texto, buscando com que seus elementos não se contradigam; 
 Sintática: Atenção às regras de estrutura do texto (Conectivos, Pronomes, ...); 
 Estilística: Atenção à uniformidade do registro linguístico, evitando utilizar de contextos formais e informais em um mesmo texto; 
 Pragmática: Atrelada aos conhecimentos socioculturais, que há entendimento entre os indivíduos na troca das informações. O diálogo 
tem como característica progredir de forma cadenciada e colaborativa. 
Fatores que afetam os possíveis sentidos de um texto: 
 Conhecimento linguístico: Domínio das regras que possibilitam a compreensão da mensagem. 
 Conhecimento de mundo: Apanhado de informações obtidas na relação com culturas diversas na atmosfera que se tem acesso. 
 Conhecimento partilhado: É o conhecimento que garante a interação de indivíduos que estão a estabelecer a mesma experiência. 
 Inferência: Marcado por reflexões, deduções, conclusões e que nos levam a ter um determinado entendimento. Uso do “conotativo”. 
 Contextualização: Marcado por elementos que ligam a mensagem aos seus aspectos de identificação. 
 Situacionalidade: São os elementos próprios ao contexto e que somente serão compreendidos naquela ocasião por indivíduos com o 
interesse em comum. 
 Informatividade: É característico em textos que requerem do leitor um entendimento mais intrínseco, ou seja que, que leva o leitor ao 
ganho de informação, sem que a mensagem se torne previsível ou redundante. O receptor é capaz de absorver informações sem que o 
texto esteja expondo todo o seu significado. 
 Focalização: É característico da atenção ao andamento de um texto, sem que este fuja do assunto principal, ou seja, do contexto. 
 Intertextualidade: É a menção de textos ou passagens com o intuito de facilitar o entendimento da mensagem. Normalmente, são textos 
ou imagens conhecidas e que são inseridos em outro contexto. 
 Intencionalidade e aceitabilidade: É característico na ocasião em que o emissor de um texto tem a intensão de transmitir uma ideia e o 
receptor a interpreta mesmo sem que ambos se utilizem de uma linguagem reconhecida por ambos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Análise Textual – Aula 5. 
 
Aula 5: Tipologia textual e gêneros textuais – parte 1. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
1) Utilizar o processo de leitura e entendimento de mensagens em diferentes textos; 
2) Identificar as diferentes organizações discursivas em diversos tipos de texto; 
3) Reconhecer as características discursivas de diferentes textos; 
4) Avaliar a informação do texto através de habilidadesespecíficas. 
Agora que temos a noção de texto e também já reconhecemos as formas como ele é constituído, vamos estudar 
seus diferentes modos de organização. 
Vamos começar com um vídeo: “Soneto da Fidelidade” Tom Jobim e Vinicius de Moraes. 
Você assistiu a uma sobreposição de duas "formas" de significar: música e poesia. 
Será que uma tem a ver com a outra? Será que é a mesma coisa em termos de organização textual? 
Este é o assunto desta aula. 
 
Propriedade de uma Progressão Geométrica: 
É fundamental que concordemos com a visão atual sobre a leitura, como processo cognitivo, o que isso significa? 
Atente para o texto a seguir: 
“Enquanto o Brasil real não assumir, com a devida lucidez e honestidade, sua trajetória indígena e indigenista-
antindígena secularmente, na política oficial, este país, pluricultural, pluriétnico, plurinacional, não estará em paz 
com sua consciência, ignorará sua identidade e carregará a maldição de ser oficialmente etnocida, genocida, 
suicida.” 
(D. Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia). 
 
Entendendo o cenário... 
Sabemos que há várias formas de nos comunicarmos através de textos, de discursos não é mesmo? 
Podemos contar fatos, documentá-los, expressar nossa opinião, expor nossas ideias... Enfim, podemos afirmar, com 
isso, que a intenção daquilo que queremos dizer é que comanda o tipo de texto que construímos. 
Vamos fazer, então, um passeio por alguns textos e suas características. 
Os textos oficiais e comerciais visam estabelecer uma comunicação formal e documentada em ambientes de 
trabalho. Os tipos mais comuns são memorandos, ofícios, avisos, requerimentos, pareceres, ordem de serviço e 
cartas comerciais. 
Os textos literários desvelam a arte da palavra ao recriar a realidade a partir do olhar do artista. Encontramos 
exemplos em fábulas, lendas, romances e poemas. 
Você viu até agora uma série de tipos de texto que são utilizados em diversas situações. Os textos acadêmicos e 
científicos, entretanto, possuem características específicas: 
-> Focalizam com especial atenção a linguagem, a exatidão e a autenticidade dos dados e raciocínios apresentados. 
-> Exigem um rigor na utilização dos métodos e técnicas na sua elaboração. 
-> São classificados a partir do nível de aprofundamento de seus conteúdos e seus objetivos (resumos, resenhas, 
relatórios, artigos científicos, monografias, dissertações e teses). 
 
Conceituando gêneros textuais e tipologia textual: um pingo de teoria. 
Os gêneros textuais podem ser encarados como as diversas formas que um texto assume para cumprir determinados 
objetivos, ou seja, para informar. Sendo assim, podemos admitir que diferentes formas de textos fazem parte de 
nosso cotidiano, levando em conta que a comunicação atende a vários propósitos. Os gêneros textuais são 
praticamente infinitos, visto que são textos orais e escritos produzidos por falantes de uma língua em um 
determinado momento, em um determinado contexto. 
O tipo de texto, por sua vez, é limitado, pois se refere à estrutura composicional da língua. De forma geral, temos 
cinco tipos textuais (narração, argumentação, exposição, descrição e injunção), que aprofundaremos ainda nesta 
aula. 
Não esqueça que em um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma forma que um único 
gênero pode conter mais de um tipo textual. 
Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por diante. 
Vamos agora analisar os tipos textuais e ver alguns exemplos: 
Narração - A narração conta um fato, que pode ser ou não inventado. Esse tipo de texto compõe-se de personagens, 
tempo e lugar. Normalmente, os verbos utilizados estão no tempo passado. 
Argumentação - A argumentação é um tipo de texto através do qual o emissor da mensagem tenta convencer o 
ouvinte/leitor. O texto argumentativo defende uma ideia específica. 
Ex: A charge apresenta um argumento (“A preguiça é a mãe de todos os vícios”) para desenvolver outro argumento 
no qual desloca a ideia inicial (preguiça + vícios), objetivando defender uma tese contrária. 
Exposição - A exposição é um tipo de texto que apresenta uma ideia, uma reflexão, um conhecimento, uma 
explicação sobre um objeto (pessoa, fato, circunstância). Como traz informações específicas sobre um tema, 
também é chamada de texto informativo. 
Ex 1: Caligrafia (do grego κάλλος kalli “beleza” + γραφή graphẽ “escrita”) é um tipo de arte visual, muitas vezes 
chamada de a “arte da escrita bela”. 
Uma definição contemporânea da prática caligráfica é “a arte de dar forma aos sinais de uma maneira expressiva, 
harmoniosa e habilidosa”. A história da escrita é uma evolução estética enquadrada dentro das competências 
técnicas, velocidade de transmissão(ões) e as limitações materiais das diferentes pessoas, épocas e lugares. Um 
estilo de escrita é definido como sistema de escrita, caligrafia. 
Ex 2: A música “Meu bem querer”, composta por Djavan, apresenta uma exposição sobre o tema do amor. 
Na primeira parte da música, a letra informa ao ouvinte/leitor como o eu lírico define o amor que sente. Já na 
segunda parte, a composição esclarece ao ouvinte/leitor como se sente o sujeito amoroso. 
 
Descrição - A descrição apresenta um objeto do discurso (pessoa, coisa, circunstância, fato etc.), realçando suas 
características e pode ser objetiva ou subjetiva. 
No primeiro caso, destacam-se características concretas do objeto, aproximando-o o mais possível da realidade. No 
segundo, o observador apresenta o objeto segundo a emoção que o envolve. 
Ex 1: “A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia um laranjal onde 
noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de buxo, úmido e sombrio, com suas camélias e seus bancos de 
azulejo. Ao meio da fachada que dava para o pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa 
escada, do outro lado do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada. A parte de trás da casa era virada ao 
poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa a várzea verde e viam-se 
ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos. Nas vertentes cavadas em socalco crescia a 
vinha. À direita, entre a várzea e os montes, crescia a mata carregada de murmúrios e perfumes e que os Outonos 
tornavam doirada.” 
(ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. “O Jantar do Bispo”. In:______. Contos exemplares. Porto: Figueirinhas, 1997. 
A escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen descreve, de forma objetiva, uma casa. Vemos que são 
usados diversos adjetivos que ajudam o leitor a visualizar o objeto descrito. 
Ex 2: “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios 
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da 
jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que 
a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande 
nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras 
águas.” 
ALENCAR, José de. Obra Completa. Vol. III. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959. 
O autor romântico José de Alencar apresenta a personagem principal ao leitor, destacando seus aspectos 
fundamentais relacionados à natureza. Nesse caso, temos uma descrição subjetiva. 
 
Injunção - A injunção é uma tipologia textual que se caracteriza por determinar, indicar, orientar como se realiza 
uma ação. 
Ex: Provérbios, ditados populares e normas de conduta possuem função pedagógica. Por esse motivo, muitos deles 
caracterizam-se como injunção. 
 
Como vimos, os gênerostextuais adaptam-se às circunstâncias da comunicação, bem como aos interesses do 
emissor e do receptor da mensagem. 
 Por esse motivo, não há um limite para as classificações de gêneros, visto que os textos podem ser produzidos por 
falantes diversos e com objetivos específicos, de forma oral ou escrita. 
 Os gêneros textuais, portanto, são ações discursivas que se constituem para representar o mundo, as experiências 
vivenciadas, os conhecimentos, os desejos etc. 
Veja alguns exemplos de gêneros textuais: 
1 - Poesia: Linguagem com fins estéticos. 
POEMINHA DO CONTRA - Mario Quintana. 
Todos estes que aí estão 
Atravancando meu caminho, 
Eles passarão... 
Eu passarinho! 
2 - Notícia: O objetivo principal é a informação. 
"Multas sobem até 88%" 
3 - Email: Comunicação rápida. 
4 - Publicidade: Uso da linguagem para convencimento. 
5 - Carta: Mensagem individualizada. 
6 - Charge: Associação entre texto e imagem. 
 
No início desta aula, apresentamos um vídeo no qual o poema “Soneto da Fidelidade”, de Vinícius de Moraes, foi 
inserido na música de “Eu sei que vou te amar”, composta por Vinícius e por Tom Jobim. 
Entendemos, assim, que é possível identificar mais de um gênero textual em um só texto. Trata-se da transmutação 
de gêneros. Por exemplo, uma conversa pode se transformar em um telefonema, bilhete, carta ou e-mail. 
No exemplo a seguir, verificamos que a poesia de Carlos Drummond de Andrade foi elaborada a partir de uma 
notícia de jornal. Veja: 
POEMA DO JORNAL - Carlos Drummond de Andrade 
O fato ainda não acabou de acontecer 
e já a mão nervosa do repórter 
o transforma em notícia. 
O marido está matando a mulher. 
A mulher ensanguentada grita. 
Ladrões arrombam o cofre. 
A polícia dissolve o meeting. 
A pena escreve. 
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica. 
 
Agora você verá alguns dos gêneros textuais relacionados aos exemplos a seguir: 
Exemplo 1 -> UM DIA - Arnaldo Antunes 
1) sujar o pé de areia pra depois lavar na água 
2) esperar o vaga-lume piscar outra vez 
3) ouvir a onda mais distante por trás da mais próxima 
4) não esperar nada acontecer 
5) se chover, tomar chuva 
6) caminhar 
7) sentir o sabor do que comer 
8) ser gentil com qualquer pessoa 
9) barbear-se no final da tarde 
10) ao se deitar para dormir, dormir 
No poema Um dia, nota-se uma mistura de poesia com lista, pois os versos são numerados. 
Exemplo 2 -> “Encontrar o infinito dos seus olhos me fez... – Ferreira Gullar”. Percebeu que o símbolo do infinito 
compõe uma poesia? 
Exemplo 3 -> “Bebeu e está dirigindo? Me desculpe a intimidade, mas a viúva é bonita?” O texto de humor constitui 
a campanha publicitária em outdoor. 
Exemplo 4 -> Aula de biologia celular: O que era mesmo o complexo de golgi? 
Ameba no divã diz - ... E quando eu era criança, meus amigos me chamavam de ameba. 
Psiquiatra diz - Faz muito tempo que você tem esse complexo? 
O exemplo em questão compõe uma Tirinha com texto científico. 
Exemplo 5 -> “Laranja assume: Tem dias que eu acordo um bagaço. / Limão desabafa: Já passei muito aperto na 
minha vida.” O texto publicitário usa a estrutura de manchetes de revistas. 
 
Ainda que o tema (assunto) possa ser semelhante, a espécie de texto usada para abordá-la varia conforme a 
finalidade comunicacional. Daí a importância da noção de gênero textual, já que o gênero é uma forma de contrato 
estabelecido entre aquele que escreve e aquele que lê,. Se ambos não "cumprirem as cláusulas do contrato", o 
entendimento do texto será prejudicado, mesmo quando o tema é semelhante. 
O propósito do texto poético poderia ser a contemplação á beleza da construção da ideia, e o acionamento de 
conhecimento prévio significa perceber que um texto, por mais explícitas que estejam as informações, necessita que 
o leitor acione seu conhecimento de mundo para deduzir, inferir o que o autor deseja comunicar. Já a notícia de 
jornal forçosamente necessita ser mais explícita, pois este tipo de texto não está comprometido com a beleza das 
construções, das ideias, e sim com a fidelidade das informações. Nos dois textos, o leitor sabe o que acontece em 
alguns lugares quando acontece uma chuva forte, daí o texto da poesia não precisar ser explícito. O autor sabe que 
pode contar com o leitor para conectar algumas informações de mundo. 
 
Vamos examinar outros textos: 
Você deverá ler dois textos diferentes que tratam do mesmo assunto: doença. 
Esses textos, como você já deve imaginar, são distintos em sua finalidade e em sua estrutura (modo de organizar o 
texto). Obviamente, portanto, são gêneros textuais diferentes. 
Depois de lê-los, responda à pergunta. 
 
Interpretando o texto... 
A habilidade de indicar função, objetivo do texto, reconhecimento de sistema de notação, referência, estritura, 
recursos linguísticos etc. seria umas das primeiras habilidades utilizadas no processo de interpretação, pois, uma vez 
que a acionamos, identificamos o propósito do texto e que atitude tomar em relação a ele. Vamos ver como isso 
aconteceu nos textos que você acabou de ler? 
No momento em que identificamos que se trata de uma bula de remédio, devido à sua organização, sabemos que o 
texto pretende nos instruir sobre o que é, para que serve e como tomar o medicamento. 
Ao identificar o objetivo do texto, este pretende nos informar sobre a hepatite, com informações gerais, e nos 
convencer de que a vacina é indispensável, caso desejemos ficar imunes à doença. 
Como o primeiro, se trata também de um texto de instrução, mas algumas características nos fazem reconhecer que 
o texto sobre a hepatite não é bula de remédio. 
No momento em que reconhecemos que um texto é uma bula de remédio e o outro não, identificamos os objetivos 
dos textos, combinamos as informações explícitas, excluímos algumas possibilidades e categorizamos os textos de 
acordo com o nosso conhecimento de mundo. 
 
Retomando nosso percurso teórico... 
Sabemos que é possível passarmos uma mensagem através de diferentes formas. Através da música, por exemplo, 
podemos passar várias mensagens, inclusive para criticarmos algo. Podemos dizer que é a crítica com beleza. Beleza 
de construções, de encadeamento de ideias, mas conservando o tom de discordância. Essas discordâncias, 
questionamentos, indagações, posicionamentos fazem parte da especificidade dos textos 
dissertativos/argumentativos. 
A música de Cazuza expressa o descontentamento com seu país. Entretanto, notamos que ele não apresenta um 
texto tradicional que expresse explicitamente isso. Podemos dizer que o texto traz uma argumentação em torno de 
determinado assunto, construída através de organização linguística específica. 
Selecionamos outro texto que, igualmente à música de Cazuza, expressa uma crítica, e como tal, percebemos a 
argumentação que autor faz para construir seus argumentos e defender sua ideia: criticar determinado programa. É 
muito comum, nesses textos, o autor utilizar estratégias discursivas para convencer o leitor de que seu ponto de 
vista está correto. Isto é feito através dos argumentos que utiliza, da maneira como escreve determinadas ideias, as 
palavras e construções que articula... Enfim, estratégias que contribuem para tornar mais convincente ou não as 
ideias defendidas pelo autor. 
 
Retomando nosso percurso teórico... 
É importante, na apresentação de diversos tipos de texto, que possamos perceber que eles têm objetivos, sendo 
esses os objetivos que determinam a organização das informações, a seleção do vocabulário, das construções. Logo, 
é fundamental que, antes mesmo da construção de determinado texto, identifiquemos o objetivo da mensagem. 
 
Vamos elaborar um esquema daquilo que apresentamos até agora? 
Texto: Existem diferentes tipos de textos e diversas organizaçõesdas informações. As organizações textuais variam 
porque o propósito da comunicação varia. 
Processo de Leitura: Processo interativo compreendendo texto e leitor. 
 -> O autor do texto tem que levar em conta a situação e a quem a mensagem será dirigida. Não basta dominar o 
tema ou usar palavras eruditas. 
 
Em que categoria a piada se enquadra? 
Como explicar sem ofender... 
"Um homem de 85 anos estava fazendo seu check-up anual. O médico perguntou como ele estaa se sentindo. 
 - Nunca me senti tão bem. Minha nova esposa tem 18 anos e está grávida, esperando um filho meu! Qual a sua 
opinião a respeito? 
 - Deixe-me contar-lhe uma estória. eu conheço um cara que era um caçador fanático. Nunca perdeu uma estação de 
caça. Mas, um dia, por engano, colocou seu guarda-chuva na mochila em vez da arma. Quando estava na floresta, 
um urso repentinamente apareceu em sua frente. Ele sacou o guarda-chuva da mochila, apontou para o urso e esta 
caiu morto. 
 - HA!HA!HA! Ista é impossível. Algum outro caçador deve ter atirado no urso! 
 - EXATAMENTE!" 
O texto da piada, apesar de também ser uma narrativa, não pretende, essencialmente, dar informações. Pretende 
divertir, por isso tem uma construção característica, com ideias não explícitas, para que o sentido seja alcançado 
pelo leitores ou pelos ouvintes. 
 
Síntese da Aula: 
Podemos concluir, portanto, que as mensagens, os textos, se organizam devido a exigências sociais que 
compreendem, além de organizações gramaticais, a produção desses textos em situações específicas, com 
propósitos específicos e com determinado público também. 
Nesse sentido, a importância de se conhecer a “linguagem formal”, a “norma culta”, além das necessidades de 
comunicação na informalidade, é essencial para que o indivíduo exerça realmente seu papel de cidadão, pois poderá 
estar em contato com as diferentes situações. 
Na informalidade digamos que ninguém precisa nos ensinar, a própria interação com o meio se encarrega disso. 
Porém, as situações formais exigem de nós outro comportamento, não é verdade? E exigem também outro tipo de 
linguagem. Essa, nós temos de adquirir nas instituições de ensino, pois o meio social não é capaz de nos ensinar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Análise Textual – Aula 6. 
Aula 6: Tipologia textual e gêneros textuais - parte 2 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
1) Reconhecer diferentes organizações discursivas em diferentes tipos de texto; 
2) Identificar as características discursivas de diversos textos; 
3) Recuperar a informação do texto através de habilidades específicas. 
4) Praticar as habilidades de fala com diferentes tipos de texto. 
 
Reconhecemos o conteúdo como um conto, uma narrativa, porque localizamos personagens, fatos, local e tempo. 
Esses elementos nos remetem a um contexto tal que podemos refazer mentalmente o cenário da história e 
construirmos o entendimento ou não do que estamos lendo. 
O entendimento não será bom se não pudermos refazer mentalmente essa história, Outro aspecto, até curioso, é o 
fato de podermos contar esta história em qualquer época. O tempo de ocorrência já estará inscrito na narrativa, não 
é preciso se recorrer a um tempo real. 
Você deve estar se perguntando se não se pode construir contos com fatos reais. Sim, claro que isso é possível! 
Porém o conto, como tem a função fundamental de contar uma história que poderá ser situada num tempo 
específico, vai criar uma realidade. Por isso é possível o leitor poder contar a história em qualquer época, porque ela 
tem contexto próprio. 
 
O texto “Almoço de Domingo”, por ser uma crônica, conta fatos do cotidiano, fatos reais: necessita que o tempo, as 
personagens e o local sejam esclarecidos, porque não traz um contexto pronto. Logo, precisa do contexto da 
situação, exatamente por lidar com fatos do cotidiano. As crônicas também apresentam outro aspecto, como o de 
analisar, comentar, argumentar, criticar determinadas situações. Assim, um grande propósito do texto da crônica é 
aproveitar o fato para fazer comentários e até apresentar aspectos divertidos da situação. 
 
Podemos observar que, na crônica de Rubem Braga, não há um contexto que possa esclarecer o leitor sobre a 
situação retratada. Assim, o autor apresenta os personagens e os fatos de maneira que sejam facilmente 
identificados. 
Os elementos do texto são apresentados de forma clara, a fim de que o leitor não tenha dificuldades em 
contextualizar a situação apresentada. 
O texto apresenta uma situação cotidiana. A narrativa é informal e a linguagem utilizada é coloquial. 
 
Na aula anterior, tratamos de alguns textos argumentativos. Textos desse tipo têm um objetivo principal: convencer 
o outro de que seu ponto de vista está correto. Isto pode ser feito de várias maneiras. Porém, existe um ambiente de 
extrema formalidade em que o autor do texto precisa convencer, persuadir o outro a pensar como ele, pois, assim, 
ele ganhará a causa. Esse é o ambiente jurídico. 
 
Como vimos, os gêneros textuais surgem em decorrência da necessidade que o homem tem de se comunicar de 
acordo com as circunstâncias em que se encontra. Assim, ele não pode levar apenas em consideração a modalidade 
linguística, deve adequar o seu texto ao receptor, ao conteúdo de sua mensagem, ao objetivo que pretende alcançar 
e mesmo ao veículo que servirá de canal de comunicação. 
Se o meio é a música, ao elaborar a mensagem, o autor empregará recursos como ritmo, rima, refrão, entre outros, 
para transmitir suas idéias ou sentimentos. 
 
Na publicidade, por exemplo, observam-se vários tipo de suporte para divulgar um produto ou serviço: a televisão, o 
outdoor, o busdoor, o rádio, o cinema, a revista, o jornal e a internet, entre outros. 
Para tornar-se mais eficiente, o gênero se adapta ao veículo procurando aproveitar os recursos que cada um 
fornece; como o som, a imagem ou a velocidade de transmissão, por exemplo. 
 
No caso do outdoor, observamos o emprego de imagem e/ou frases de efeito que possam atrais a atenção do 
receptor. A ambiguidade e o humor são elementos muito frequentes usados nesse tipo de mídia. 
 
A propaganda tem por objetivo influenciar o receptor da mensagem a adquirir um produto ou um serviço, mas 
também pode procurar mudar uma atitude. São bons exemplos as campanhas de antitabagismo, consumo 
consciente de recursos naturais, direção responsável, controle de poluição do meio ambiente, entre outras. 
Na propaganda do Ministério da Saúde contra o hábito de fumar, podemos perceber a intenção de convencer o 
receptor a parar de fumar. Para atingir o seu objetivo, o emissor empregou a ambiguidade, ou duplo sentido, da 
palavra “droga”, pois estamos acostumados a associar o seu significado às drogas ilícitas, e não às substâncias 
químicas. Ao enfatizar o significado com o qual não estamos habituados, o emissor pretendeu provocar uma 
sensação de estranhamento diante da mensagem e, consequentemente, captou a atenção do receptor. 
 
A rapidez na transmissão de conteúdos propiciada pela internet deu origem a gêneros adaptados à especificidade do 
espaço cibernético. O e-mail é um bom exemplo de um novo gênero e de suporte, pois podemos enviar uma 
mensagem via e-mail ou enviar um e-mail. Qual é a diferença? 
É simples: o correio eletrônico é o meio pelo qual enviamos mensagens e também dá nome ao tipo de mensagem 
que se envia. Para Luiz Marcuschi, um estudioso de gêneros textuais, o e-mail é muito semelhante à carta, no 
entanto pode levar, em anexo ou em seu corpo, outros textos de gêneros variados como notícias, currículos, ofícios, 
receitas e fotos. 
 
 
 
 
 
Análise Textual – Aula 7. 
 
Aula 07: Estrutura do Parágrafo 
1) Definir os diversos tipos de parágrafo e suas devidas aplicações;2) Aprender a fazer paráfrase 
3) Usar as técnicas de resumo em textos. 
 
Às vezes, na hora de escrever, você fica com dúvidas, não é mesmo? Isso é mais comum do que você imagina. Pior é 
quando a dúvida nem nos alerta sobre a possibilidade de estarmos escrevendo algo errado e só nos damos conta 
quando alguém nos corrige. 
Essa aula, vai te auxiliar nessa questão, pois fará uma revisão sobre crase, regência, pronomes de tratamento, 
colocação pronominal e pontuação. Assuntos que sempre geram dúvidas e nos confundem na hora da escrita. 
Você pode pensar que terá apenas mais uma aula de gramática, mas o conteúdo será voltado para a adequação 
desses tópicos aos contextos empresariais que serão muito úteis na sua vida profissional ― a partir de práticas de 
leitura e produção textual. 
 
Você sabe o que é parágrafo? 
Parágrafos são as estruturas formadas por unidades autossuficientes de um discurso que compõem um texto, 
apresentando basicamente uma ideia, pensamento ou ponto principal que o unifica. 
Essas unidades são chamadas de tópico frasal (para Othon Garcia, tópico frasal designa um ou dois períodos curtos 
iniciais que contêm a ideia-núcleo do parágrafo em texto dissertativo, descritivo ou narrativo. O tópico frasal é uma 
maneira prática e eficiente de estruturar o parágrafo, pois já de início expõe a ideia que se quer passar, a qual é 
comprovada e reforçada pelos períodos subsequentes.), que é acompanhado por detalhes que o complementam. 
A organização do texto em parágrafos permite que o leitor detecte as ideias principais do texto e acompanhe como 
foram desenvolvidas em seus diferentes estágios. 
Parágrafo - Do grego paragraphos, que quer dizer “escrever ao lado” ou “escrito ao lado”. 
Othon Garcia, famoso linguista brasileiro, afirma que “o parágrafo é uma unidade de texto composta por um ou mais 
de um período, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, 
intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”. 
(GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna: aprendendo a escrever, aprendendo a pensar. 20. ed. São Paulo: 
Fundação Getúlio Vargas, 2001.) 
 
Curto ou longo? 
A extensão do parágrafo é variada. Existem parágrafos de duas linhas e também aqueles que ocupam uma página 
inteira. 
Já que há essa variação, o que nos faz escrever um parágrafo curto ou estendê-lo um pouco mais? 
A ideia central que o parágrafo apresenta pode ser um critério para determinar se este será curto ou mais extenso. O 
que vai determinar a extensão do parágrafo, portanto, é a unidade temática, quanto o autor quer desenvolvê-la e o 
perfil dos leitores. Veja: 
Parágrafos Longos - Geralmente, parágrafos longos são utilizados para manter uma continuidade do raciocínio. 
Em geral, obras científicas e acadêmicas possuem parágrafos mais longos por duas razões: 
1.As explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações; 
2.Os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los. 
Parágrafos Curtos – Já os parágrafos curtos, seguindo esta lógica, são adequados para pequenos textos, e, 
geralmente, são escritos por quem tem pouca prática na escrita ou pensando-se nos leitores que possuem pouca 
prática de leitura. 
Você já deve ter reparado que as notícias de jornal, por exemplo, possuem parágrafos curtos, distribuídos em 
colunas estreitas. Ou que os textos escritos para serem lidos por meio da internet seguem esse padrão. 
Esses textos possuem essa característica por causa do perfil dos leitores. 
 
Tipos de tópicos mais comuns: 
Veja os tipos mais comuns de tópicos frasais que auxiliam na hora de iniciar um parágrafo: 
Declaração Inicial: O autor declara uma opinião por meio de uma frase afirmativa ou negativa. Serve para vários 
tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos argumentativos. Ex: A violência foi banalizada pelos meios 
de comunicação. 
Definição: Trata-se de um bom recurso didático. Define-se algo quando se delimita o seu significado dentro de um 
campo semântico. Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos 
dissertativos/informativos. Exemplo: O jornal é um meio de comunicação periódico constituído por notícias, 
reportagens, crônicas, entrevistas, anúncios e outro tipo de informação de interesse público. 
Divisão: O parágrafo pode se iniciar dividindo o assunto, indicando como será tratado em seu desenvolvimento. 
Serve para vários tipos de texto. Exemplo: As informações tomam dois caminhos para atingir o receptor: o jornal 
impresso e a televisão. 
Interrogação: O autor quer aguçar a curiosidade do leitor acerca do tratamento dado a um determinado tema, 
mediante uma pergunta. Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos argumentativos. 
Exemplo: O crescente uso da internet provocará o fim do jornal impresso? 
Alusão/Citação: O autor faz referência a um fato histórico, às palavras de outra pessoa, usa um exemplo, uma lenda 
ou, até mesmo, uma piada, com o objetivo de prender a atenção do leitor. Serve para vários tipos de texto. Exemplo: 
Conta a tradição que comer manga e, em seguida, tomar leite tem como resultado morte certa. 
 
Coesão sequencial e a relação com o sentido: 
O parágrafo não se limita ao tópico, não é mesmo? 
E o texto que se segue ao tópico no espaço do parágrafo chama-se desenvolvimento. Que, de fato, é o 
desenvolvimento da ideia introduzida no tópico. 
A seguir, apresentamos alguns deles para que você se inspire na elaboração de seus textos e para que fique mais 
atento, sendo capaz de produzir inferências, deduções, quando estiver lendo e produzindo sentidos com suas 
leituras. 
Explanação da declaração inicial: O autor esclarece a afirmação ou negação que fez no tópico. Exemplo: A violência 
foi banalizada pelos meios de comunicação. Somos bombardeados todo o tempo por relatos de agressões, via 
televisão, rádio e jornais. Parece até que o objetivo é tornar normal a barbaridade, repetindo os feitos dos bandidos 
vezes sem conta, até a exaustão. 
Enumeração de detalhes: Trata-se de um tipo de desenvolvimento muito específico, pois é bastante comum em 
parágrafos descritivos. Nesse sentido, há uma preocupação em apresentar detalhes da afirmação que foi feita, de 
maneira mais genérica, no tópico. Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Sendo assim, os 
jornais só falam de sangue e tragédia. A televisão, por sua vez, prioriza as mazelas como forma de manter a 
audiência. Até a internet, embora seja um meio jovem, não se diferencia dos seus antecessores, pois é ela também 
meio de prática de crimes de pedofilia, por exemplo. 
Comparação: Há quem faça distinção entre ANALOGIA e CONTRASTE, distinguindo as formas de comparação. Assim, 
a analogia seria uma comparação entre semelhantes, enquanto o contraste se configuraria pela aproximação de 
termos acentuando suas diferenças. Para facilitar, trataremos apenas de Analogia. Exemplo: A violência foi 
banalizada pelos meios de comunicação. Nos primórdios, as marcações nas rochas feitas pelos povos primitivos 
indicavam caminhos, perigos, símbolos de sentido restrito etc. Atualmente, a mídia ultrapassou esses limites físicos e 
permite uma pluralidade de significados que, sem controle ou censura, podem ferir a sociedade. 
Causa e consequência: Esse desenvolvimento apresenta uma relação de causas para a declaração feita no tópico ou 
dela decorrentes. Em outros casos, pode apresentar as consequências ou até mesmo as causas e consequências 
juntas. Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Tal uso resulta em uma série de distorções, 
como a apresentação de cenas chocantes em horários inadequados na televisão, por exemplo. Isso gera nos 
telespectadores uma espécie de senso comum que aceita a violência como algo natural. 
 
Agora que já estudamos bastante

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