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PROCESSO PENAL LIBERDADE PROVISÓRIA Antigamente, a prisão era a regra e a liberdade provisória era a exceção. A liberdade provisória era uma benesse do poder público, da autoridade judiciária, era uma faculdade do juiz. Atualmente, desde a CF/88 a situação mudou, basta conferir o Art. 5º, LXVI, CF. LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; Natureza Jurídica – Direito subjetivo público do acusado. Não sendo mais uma faculdade. Sendo assim, agora o juiz é obrigado. (“Espécie de caução no processo civil”) Se a prisão em flagrante é uma pré-cautela, a liberdade provisória é uma contra-cautela. Ou seja, em virtude dos malefícios da prisão, deixo o sujeito em liberdade provisória. Na liberdade provisória o sujeito não está em liberdade plena, e sim vinculado a deveres processuais, obrigando-se comparecer a determinados atos do processo. A liberdade provisória é substitutiva (sucedâneo) da prisão em flagrante (e não da prisão preventiva). Pode acontecer de ser concedida liberdade provisória direta, após o flagrante. V. Art. 310, inciso III, CPP. A liberdade provisória pode ser concedida com ou sem fiança. Fiança é garantia patrimonial. Sem fiança (Art. 310, p. ú., CPP) – porém com vinculação. Concede a liberdade provisória, sem arbitramento de fiança, mas obrigado a comparecer a todas as audiências. V. Art. 350, CPP. Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). OBS: Há entendimento, inclusive no âmbito da defensoria pública, que o art. mencionado é inconstitucional, pois fere o Princípio Constitucional da Isonomia. Com fiança – com garantia patrimonial – (Art. 321, CPP). V. Arts. 327 e 328, CPP. OBS: V. Arts. 323 e 324, CPP – casos em que não cabe fiança. BREVE ESTUDO DA FIANÇA: Quem pode arbitrar a fiança: Delegado - Art. 322, CPP; Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Juiz. Quando cabe a fiança: O código apenas fala nos casos que não cabe, portanto, há de ser interpretado a contrariu sensu, ou seja, todas as outras hipóteses não proibidas pelo código. Finalidade da fiança (geralmente em dinheiro, mas pode ser qualquer garantia patrimonial) - Estimular o acusado a comparecer aos atos processuais. OBS: Art. 337, CPP. Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Caso o acusado seja absolvido, a fiança será devolvida corrigida. Se condenado, perde-se a fiança em favor da União. Valor – atualmente tem sido bastante elevado. Melhor critério é do Art. 336, CPP. Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). QUEBRAMENTO, CASSAÇÃO E PERDIMENTO DA FIANÇA: Quebramento (Art. 328, CPP) – acontece quando o sujeito deixa de cumprir uma das obrigações. Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. Consequências: Volta a ser preso e perde metade da fiança (Art. 343, CPP). Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Cassação (Art. 338 e 339, CPP) – acontece quando depois de arbitrada, percebe-se que era incabível por um erro. Ou quando o juiz pede um reforço na fiança. Ex.: Falha na interpretação do delito, v. g., o crime foi de injúria racial, porém era de racismo. Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em qualquer fase do processo. Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito. Perdimento da fiança (Art. 344, CPP) – ocorre quando o réu está afiançado e não se apresenta para cumprir a pena. Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Vedação à liberdade provisória - Há leis que tentam impedir a liberdade provisória, porém é inconstitucional, pois é um direito subjetivo constitucional, sendo defesa a lei ordinária vedar um direito constitucional.
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