A Federação Brasileira e suas Características

Prévia do material em texto

CONSTITUCIONAL
FEDERAÇÃO
Divisão Espacial do Poder
- A Federação
A origem da Federação Remonta ao Constitucionalismo dos Estados Unidos. Com efeito, os chamados “pais da pátria” dos Estados Unidos criaram um modelo de organização espacial do poder em uma nação nacional, sem a possibilidade da separação das unidades políticas. A questão ocorreu após a vitória dos americanos contra os britânicos na guerra da independência. A união precária dos treze estados contra o inimigo comum deveria ser mantida por força de uma constituição. Os treze estados aceitaram a constituição nacional desde que fossem mantidas amplas autonomias regionais.
Em 1789 entrou em vigor a constituição americana guardando a soberania para a união e a autonomia para os estados-membros da federação.
O Brasil surgiu como estado unitário pela Constituição do Império em 1824. Somente com a proclamação da república é que foi adotado o modelo americano de uma constituição federativa e presidencialista.
A Federação é, portanto, a união de unidades políticas autônomas pertencentes a um estado nacional soberano.
 As competências da União, dos Estados-membros e dos municípios são determinadas pela Constituição Federal.
Características da Federação:
É uma união indissolúvel dos entes federativos não sendo admitida a secessão;
O fundamento jurídico da federação é a constituição e não um tratado;
O indivíduo é cidadão do estado nacional (união) e não somente do Estado-membro;
A União possui soberania e representa o estado nacional nas relações internacionais, A União possui personalidade jurídica de Direito Internacional Público;
- Formas da Federação
Existem duas formas consideradas para a união de estados em federação:
Federação por agregação: quando vários entes soberanos se unem de forma definitiva, aceitando um governo central e mantendo certo grau de soberania.
OBS: A confederação ocorre por meio da união de estados soberanos no sentido de atender a interesses comuns dos estados. Os estados mantém as suas soberanias e podem, a qualquer momento, se desligarem. O fundamento jurídico da confederação é a dieta.
Ex. de federação por agregação: são os EUA.
Federação por desagregação: quando um estado soberano descentraliza o seu poder para as unidades que a compõem. As unidades passam a ter autonomia, enquanto a soberania é exclusiva da União.
Ex.: Brasil.
A federação brasileira também é classificada como de 3º grau, pelo fato da Constituição de 1988 considerar os municípios como entes federativos.
- Intervenção
É uma exceção à autonomia que os entes federativos possuem. A primeira vista, pode ser considerada um “atentado” à Federação, mas ao contrário, é uma forma de manter a integridade da Federação.
A CF/88 confirma o Princípio Federativo e a hipótese negativa de intervenção ao declarar: “A União não intervirá nos estados-membros e no Distrito Federal, a não ser que...”.
A União só pode intervir nos estados e no Distrito Federal.
Os estados-membros podem intervir nos município.
A União NÃO pode intervir nos municípios por falta de previsão constitucional.
A autoridade que realiza a intervenção é o Presidente da República por meio de decreto executivo. Por força de simetria, a autoridade estadual que realiza a intervenção é o Governador do Estado.
Na organização administrativa interna, para garantir a Federação, a intervenção é permitida.
Nas relações internacionais, a não-intervenção nos assuntos internos de outro Estado estrangeiro é o princípio fundamental do Estado Brasileiro.
- O Estado-membro
Surgiu com a Constituição de 1891 em substituição às antigas províncias.
O estado- membro, como indicado, é parte integrante do Estado nacional e é dotado de autonomia. Possui personalidade jurídica de direito público interno, mas não possui personalidade internacional.
A autonomia do estado se expressa da seguinte forma:
Auto-organização – capacidade de estabelecer sua própria estrutura por meio da Constituição Estadual. Conforme determinação da CF/88, um ano após a sua promulgação, os estados deverão (como de fato ocorreu) aprovar as suas Constituições.
Autogoverno – significa a capacidade de estabelecer o funcionamento dos poderes do estado como: o executivo que, no caso brasileiro funciona nos moldes da união; o legislativo que é unicameral (na União é bicameral) e o Judiciário estadual.
Autolegislação – capacidade de legislar sobre as questões regionais conforme as competências legislativas determinadas pela CF/88.
Autoadministração – a administração pública estadual é responsável pelo oferecimento dos serviços públicos, pela gestão financeira patrimonial dos recursos, pela segurança, dentre outras funções.
A natureza jurídica do estão-membro é de ente federativo autônomo.
- Os Municípios
A Constituição de 88 foi a única a tratar o município como ente federativo. Tal situação levou o autor José Antônio Silva a classificar a nossa federação como de 3º grau. 
É inegável que o município possui autonomia (Art. 18, CF), sendo irrelevante a opinião contrária fundamentada no fato de o município não possuir poder judiciário. Tal opinião é retirada pelo art. 1º e 18 da CF/88 e considerada como uma particularidade da nossa federação.
A autonomia do município é exarada em todo o seu território que pode ser divididos em distritos. O distrito sede do município é a cidade ou 1º distrito. A sede do distrito é a vila.
Sob a vigência das constituições passadas, o município era regido por lei estadual (Lei Orgânica dos Municípios). Sob a vigência da atual Constituição passou a ter natureza de ente federativo.
Características do Município: 
Auto-organização: O município é regido por Lei orgânica própria que estabelece a sua estrutura básica;
Autolegislação: em decorrências das competências determinadas pelas constituições federal e estadual, a câmara dos vereadores legisla sobre os relevantes assuntos locais;
Autogoverno: com exceção do judiciário, os poderes executivos e legislativos funcionam em simetria com os poderes dos demais entes, sendo o legislativo unicameral.
Autodeterminação: o executivo é o responsável pela gestão financeira, pela manutenção do patrimônio e o oferecimento de serviços públicos.
- Distrito Federal
No período imperial, a corte era localizada na cidade do Rio de Janeiro, então denominada município neutro.
Com a proclamação da república, o município do RJ foi declarado distrito federal nos mesmos moldes de Washington D.C. nos EUA.
O Distrito Federal não está vinculado a nenhum estado-membro para não receber nenhuma pressão política.
 A Constituição de 1891 determinou que seria bem da união um quadrilátero de aproximadamente 14.000 km² de terra, localizado no planalto central brasileiro para ali ser construída a futura capital do país.
A previsão da construção em 1891 só se concretizou em 1960 com a inauguração de Brasília no governo J.K.
Com a transferência da capital, o RJ se transformou no estado da Guanabara. Em 1975, por força da Lei da Fusão, a Guanabara foi incorporada ao estado do Rio de Janeiro, desaparecendo o antigo GB para renascer como capital fluminense, o Rio de Janeiro.
Constituição de 1988:
Brasília é a capital da República;
Brasília é parte integrante do Distrito Federal que é composto por regiões administrativas, sendo vedado a sua divisão em municípios.
O DF possui natureza jurídica de ente federativo e acumula as competências dos estados-membros e dos municípios;
O DF possui auto-organização (Lei Orgânica do DF); autogoverno (executivo, câmara distrital e judiciário mantido pela União);
A União é responsável pelo funcionamento e manutenção do judiciário, do MP, da Defensoria Pública, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do DF.
- Territórios
Nas constituições anteriores a atual, os territórios eram autarquias federais. As áreas dos territórios compreendiam em regiões sem desenvolvimento e, por isso, estavam vinculados à União.
O território não possuiqualquer tipo de autonomia dependendo exclusivamente da União e sua existência. Por isso, a sua natureza jurídica é de autarquia federal.
Atualmente, não existem territórios no Brasil. Os que haviam antes da CF/88 foram transformadas em estados-membros como Amapá e Roraima. O antigo território de Fernando de Noronha foi integrado ao estado de Pernambuco. 
No entanto, havendo manifestação da população interessada (por meio de plebiscito) e aprovação por lei complementar, uma área pode se transformar em território.
- Região Metropolitana
São áreas de grande adensamento populacional, englobando vários municípios que possuem problemas estruturais em comum, como por exemplo: saneamento, infraestrutura, trânsito, dentro outras. 
Para que haja um esforço comum em tentar solucionar esses problemas, os Estados-membros, por lei, podem instituir as Regiões Metropolitanas. 
Os municípios que as compõem permanecem autônomos, mas a cooperação entre eles passa a ser objetivo no sentido de atuarem juntos.
A Região Metropolitana é resultado do fenômeno urbanístico chamado conurbação, onde centros urbanos se encontram sem obedecerem a limites físicos entre os municípios. A Região Metropolitana não é um ente federativo.